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E INCLUSIVA
PROFª. ME. ADRIENE SANTANNA
Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior
“
A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma
ação integrada de suas atividades educacionais, visando à
geração, sistematização e disseminação do conhecimento,
para formar profissionais empreendedores que promovam
a transformação e o desenvolvimento social, econômico e
cultural da comunidade em que está inserida.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma
sem autorização. Todos os gráficos, tabelas e elementos são creditados à autoria, sal-
vo quando indicada a referência, sendo de inteira responsabilidade da autoria a emis-
são de conceitos.
EDUCAÇÃO ESPECIAL
E INCLUSIVA
PROFª. ME. ADRIENE SANTANNA
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
Olá cursista!
Veremos que não basta termos professores regentes engajados para que a inclusão
se efetive. É preciso contarmos com o trabalho de outros profissionais, por exemplo,
do professor especializado. O trabalho desenvolvido no Atendimento Educacional
Especializado pelo professor especializado – em parceria com o professor regente –
é essencial para a concretização da proposta da educação inclusiva. Por meio desse
trabalho é possível identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessi-
bilidade buscando eliminar os obstáculos para a plena participação dos estudantes,
tendo em vista suas necessidades específicas.
AULA 1
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
ESPECIAL: A PRODUÇÃO DO
CAMPO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
Olá cursista!
Nossa primeira aula abordará questões fundamentais para a compreensão das ativi-
dades no campo da educação especial sob a perspectiva inclusiva. Compreenderemos
também os principais aspectos fundantes deste campo com estudantes público-alvo
da educação especial (PAEE), isto é, estudantes com deficiência, transtornos globais
do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.
Você já parou para pensar que ouvimos sempre falar sobre inclusão, educação
especial, Atendimento Educacional Especializado, dentre outros termos e, em muitos
momentos, temos dificuldade de explicá-los? Fique tranquilo/a! Neste livro discuti-
remos cada um desses assuntos para que você possa compreender e compartilhar
esse conhecimento.
Você sabe dizer o que é educação especial? E o que quer dizer educação especial
na perspectiva inclusiva?
Muitas vezes, ouvimos os termos “educação especial” e “educação Inclusiva” como
sinônimos. Entretanto, é importante saber que cada um desses termos possui signi-
ficados diferentes, embora estejam imbricados na realidade das escolas comuns de
todo o Brasil desde as últimas décadas do século XX.
A educação especial, compreendida de forma ampla como educação destinada
às pessoas com deficiência, tem uma trajetória histórica que não pode ser ignorada.
Não foi da noite para o dia que a presença de estudantes com deficiência se fez nas
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9394/96 também conhecida como LDB,
refletiu e concretizou as discussões sobre a educação para todos, especificando, no
capítulo V, os princípios e diretrizes que regem até os dias atuais a educação especial.
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei,
a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na
rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.
(BRASIL, 1996).
Essa educação destinada ao PAEE passa, portanto, a não ser considerada como um
ensino à parte, reservado às instituições filantrópicas, assistenciais e públicas com
caráter educacional. Enquanto modalidade de ensino transversal, que perpassa todo
o sistema educacional, a educação especial é compreendida pela Política Nacional de
Educação Especial na Perspectiva Inclusiva (2008) como sendo:
Anote isso
Em legislações sobre educação especial que tratam sobre o atendimento
educacional em classes e escolas comuns, você encontrará constantemente
o termo “preferencialmente”, a exemplo: o atendimento deverá ocorrer “pre-
ferencialmente” em classes e escolas regulares/comuns. A orientação da
política de inclusão brasileira é de incluir o maior número de estudantes nas
escolas regulares e comuns, possibilitando a maior convivência com os pares.
Entretanto, salienta que há possibilidade de usufruir de serviços de apoio em
instituições especializadas “[…] sempre que, em função das condições espe-
cíficas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de
ensino regular” (BRASIL, 1996).
AULA 2
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA
EDUCAÇÃO ESPECIAL
Olá cursista!
que “em cada época da humanidade, a deficiência foi entendida de maneiras diferentes,
dependendo das crenças, valores e culturas vigentes. Esse entendimento, em muitos
casos, perdura até hoje”. Assim, considerando o exposto, podemos iniciar o nosso
percurso sobre a história da educação especial.
O período da pré-história da Educação Especial – compreendido como o momento
que inexistia educação e, até mesmo, preocupação com as pessoas vistas como dife-
rentes – deixou ínfimos relatos e registros da presença e participação das pessoas
com deficiência na sociedade. Este fato já demonstra o lugar que esse grupo ocupava
em uma determinada comunidade, ou melhor, o lugar que ele não ocupava. Os poucos
relatos existentes apresentam que grande parte das sociedades optava por eliminar,
menosprezar e segregar pessoas com deficiência, enquanto que, outra parte, mesmo
que minoritária, aceitava e tolerava esse grupo (SHIMAZAKI; MORI, 2012).
Na Antiguidade, o período compreendido entre a descoberta e uso da escrita em
4.000 a.C., até o declínio do Império Romano Ocidental em 476 d. C, é marcado pelo
paradigma da exclusão. O sujeito identificado aos olhos da época como inútil ou inapto,
era visto como alguém que poderia comprometer dada população, exigindo esforços
e cuidados que deveriam ser utilizados na promoção da subsistência e sobrevivência
de outros sujeitos do grupo. Tal fato traduzia-se no abandono de crianças nascidas
com alguma diferença/deficiência ou adultos debilitados. Também há registros na
Grécia Antiga de que crianças com deficiência eram mortas pelos próprios pais logo
após o nascimento.
começassem a surgir.
Entretanto, a intensa associação entre doença e deficiência, com um especial foco na
deficiência intelectual, permaneceu ao longo da trajetória das pessoas com deficiência.
Por isso, não é incomum encontrarmos na história recente relatos de pessoas com
deficiência internadas em asilos, hospitais e hospícios. Trata-se de um marco nessa
trajetória o vínculo da deficiência como um estado de doença, tendo em vista que a
classificação das limitações se dava unicamente pela condição biológica.
Você pode estar se perguntando: mas não havia religiosos, filósofos, médicos etc.,
interessados em estudar as deficiências/pessoas com deficiência?
É importante lembrar que nem todas as pessoas com deficiência foram colocadas
em instituições ou ignoradas pelas famílias e pela sociedade. Podemos exemplificar
com o caso de Antônio Francisco Lisboa (1770-1827), conhecido como “O Aleijadinho”
que, mesmo com toda limitação física, esculpiu, entalhou e arquitetou igrejas históricas
em cidades mineiras como Ouro Preto e Congonhas.
E sim, havia pessoas que se debruçaram para compreender a deficiência e realizar
estudos que buscavam caracterizar e tratar a deficiência. O frade Pedro Ponce de León
(1509-1584), a partir do trabalho realizado com crianças surdas, escreveu o livro Doctrina
para los surdos-mudos, passando a ser considerado como precursor da educação dos
surdos. Outros exemplos são os médicos Jean-Marc Gaspard Itard (1774-1838) que
trabalhou com uma criança surda e muda de 12 anos que fora abandonada ainda bebê
em uma floresta no sul da França; e Philippe Pinel (1745-1836), considerado o pai da
psiquiatria por buscar identificar e tratar doenças mentais (SHIMAZAKI; MORI, 2012).
O segundo momento da história da educação especial se iniciou com os trabalhos
de instituições filantrópicas com pessoas com deficiência, caracterizando, portanto,
este momento como fase das instituições ou segregação institucional. Entre os séculos
XVIII e XIX a busca pelo controle social e pela cura das diferenças individuais, levou
parte da sociedade a defender a assistência às pessoas com deficiência, em especial,
em instituições longe dos olhos da população.
Instituições específicas para o atendimento desse público foram criadas, mas marca-
das pelo caráter assistencial e filantrópico. Nelas a educação e o desenvolvimento das
pessoas com deficiência inexistiam ou encontravam-se em segundo plano. O objetivo
era retirar as crianças do convívio social e inseri-las em situação de isolamento social
a fim de serem protegidas, tratadas ou instruídas.
Somente a partir da segunda metade do século XX, em especial, 1980 que a educa-
ção especial ganha mais espaço nas discussões sobre políticas públicas educacionais,
tendo contornos mais definidos a partir da década de 2000. Entretanto, o Estado até
agora se escora nas instituições especiais quando a questão é a oferta de serviços
especializados como psicologia, fisioterapia, fonoaudiologia, serviço de assistência
social, dentre outros.
Para entendermos a terceira fase da educação especial que consiste na presença
do paradigma da inclusão, é importante iniciarmos os estudos das políticas públicas
educacionais das últimas décadas. Na próxima aula faremos esse estudo e contextu-
alizaremos de que forma o Estado brasileiro tem tomado para si a responsabilidade
pelo atendimento educacional de pessoas com deficiência.
Nesta aula abordamos a história e a institucionalização da educação especial, assim
como elencamos as diferentes formas com que as pessoas com deficiência foram com-
preendidas ao longo dos séculos. Observamos que em diferentes tempos da história
humana, a concepção de indivíduo com deficiência se modificou, passando de sujeitos
excluídos da sociedade até o momento em que se tornam sujeitos da educação.
No mundo ocidental, essas construções educativas observadas em torno das pes-
soas com deficiência evidenciam as longas jornadas de exclusão, de discriminação e
de capacitismo por elas enfrentadas. Ainda hoje, é possível encontrar ideias e práticas
excludentes na sociedade brasileira. É muito comum saber de casos de pessoas com
deficiência acorrentadas em suas casas, ignoradas pela família e deixadas em insti-
tuições. Existem escolas que, infelizmente, continuam impedindo que crianças com
deficiência aprendam conteúdos curriculares e que se desenvolvam, seja pela ausência
de acessibilidade ou pelo desconhecimento do processo de inclusão.
Faz-se necessário que, enquanto profissionais da educação, saibamos reconhecer
as dificuldades e as falhas do sistema educacional, para então, alterarmos essa rea-
lidade, sem, contudo, incorrer nas mesmas ações realizadas por gerações passadas.
AULA 3
POLÍTICAS PÚBLICAS E
MARCOS REGULATÓRIOS DA
EDUCAÇÃO ESPECIAL
Olá cursista!
TÍTULO X
Da Educação de Excepcionais
Art. 88. A educação de excepcionais, deve, no que fôr possível,
enquadrar-se no sistema geral de educação, a fim de integrá-los na
comunidade.
Art. 89. Tôda iniciativa privada considerada eficiente pelos conselhos
estaduais de educação, e relativa à educação de excepcionais, rece-
berá dos poderes públicos tratamento especial mediante bôlsas de
estudo, empréstimos e subvenções (BRASIL, 1961).
Conforme apresenta Baptista (2019), esta lei contribuiu para a criação e ampliação
de classes especiais nas escolas regulares e, ao mesmo tempo, gerou dificuldades que
reverberam até os dias atuais. Ainda hoje, vemos estudantes que não possuem defici-
ência, mas sim dificuldades de aprendizagem, serem direcionados às escolas especiais
por uma dificuldade de diagnosticarmos, dentro de uma perspectiva biopsicossocial,
as pessoas com deficiência.
Esse cenário nos alerta para qual público que tem sido atendido nas instituições
especializadas e nas classes especiais, uma vez que dificuldades de aprendizagem e, até
mesmo, crianças que possuem algum transtorno de aprendizagem específica (dislexia,
discalculia, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade) são encaminhadas para
Isabel Maior aponta que o cenário político brasileiro se alterou a partir da mobilização
das pessoas com deficiência, das famílias, de profissionais dedicados ao atendimento
da população com deficiência e de associações da sociedade civil, pois trouxeram
como pauta do debate político as demandas e as garantias necessárias às pessoas.
Essa realidade traduziu-se na participação desse grupo – que defendia os direitos das
pessoas com deficiência – nas diversas áreas contempladas pela Constituição de 1988.
Diante disso, podemos nos questionar: o que esse movimento/grupo buscava con-
quistar para as pessoas com deficiência? Os movimentos organizados das/para as
pessoas com deficiência buscaram assegurar avanços nas condições de vida dessa
população, assim como desvincular os estigmas que geram a exclusão, tendo foco nas
potencialidades dos sujeitos, caracterizando-os como pessoas ativas na sociedade.
No âmbito da educação, esse movimento contribuiu para que o Estado, em sua ini-
ciativa de universalização do ensino, se responsabilizasse pela oferta do Atendimento
Educacional Especializado (AEE). O AEE passa a ser mais uma ferramenta para a
garantia da permanência e da participação dos estudantes com deficiência na educa-
ção, sobretudo, nas escolas comuns. É nesse momento e com essa Lei que a trajetória
da inclusão das crianças com deficiência começa a ganhar contornos mais definidos.
Aliado à conquista que a Constituição de 1988 significou para as pessoas com defici-
ência, a Declaração de Salamanca (1994) – trabalhada também na aula 1 – promoveu
discussões que fortaleceram as lutas travadas em defesa da garantia de igualdade
de oportunidades entre a população com e sem deficiência. A Declaração de Sala-
manca trouxe avanços para a sociedade brasileira, difundindo o conceito de inclusão
no contexto das escolas regulares. Conforme consta neste documento, a inclusão na
educação parte da ideia de que
No mesmo ano, em 1994, o Brasil lança sua primeira Política Nacional de Educação
Especial, fundamentada nos princípios postulados na Lei de Diretrizes e Bases (1971),
no Estatuto da Criança e do Adolescente (1991) no Plano Decenal de Educação para
Todos (1993) e na Constituição Federal (1988) (BRASIL, 1994). Embora a discussão da
perspectiva inclusiva já estivesse sido iniciada no Brasil, os documentos legais utilizados
não traziam a tônica da perspectiva inclusiva, embora já trouxessem a necessidade de
adoção de estratégias para inserir, para integrar as crianças com necessidades educa-
cionais especiais nas escolas regulares. Nesse documento, o que podemos observar é
que “[…] o princípio da integração foi apresentado nesse momento como organizador
da política para a área […]” (GARCIA; MICHELS, 2020, p. 107). A proposta da inclusão
como diretriz educacional ganha espaço na agenda educacional a partir da década de
2000, sobretudo com A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva inclu-
siva, em 2008.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96 representou um avanço
para o campo da educação especial, uma vez que o Estado ao designar um capítulo
e das liberdades fundamentais das pessoas com deficiência, visando à sua inclusão e
cidadania […]” (BRASIL, 2015).
No campo da educação esta legislação traz alguns elementos importantes para
garantia de acesso e permanência das pessoas com deficiência. Entre os vários dis-
positivos podemos destacar a oferta de um sistema educacional inclusivo em todos
os níveis e modalidades; projeto pedagógico inclusivo que garanta o Atendimento
Educacional Especializado; a adoção de medidas individualizadas e coletivas para
promoção do desenvolvimento escolar e acadêmico do estudante; adoção de práticas
pedagógicas inclusivas; oferta do ensino de Libras, Braille e de tecnologias assistivas; a
dilação de tempo para realização das atividades escolares e acadêmicas, assim como
em processos seletivos; a impossibilidade de cobrança de valores adicionais por esco-
las particulares na matrícula e para a permanência dos estudantes com deficiência;
disponibilização de avaliações em formatos acessíveis e que considerem, em seus
critérios, as singularidades linguísticas da pessoa com deficiência.
Como pudemos observar, a legislação e os documentos orientadores das políticas
educacionais direcionadas às pessoas com deficiência tem nos evidenciado a preo-
cupação de instituições, grupos e sujeitos com as necessidades da população com
deficiência. Embora encontremos contradições e retrocessos também é possível obser-
var avanços. É visando transformar nossa realidade que a educação inclusiva busca
alternativas para que educação formal se concretize a todas as pessoas. Entretanto,
o nosso papel é participar desse debate e cobrar que tais legislações e documentos
norteadores se efetivem na prática escolar e acadêmica.
Durante esta aula, abordamos as legislações e políticas que orientaram e continuam
conduzindo o processo de escolarização das pessoas com deficiência. A história recente
revela as mudanças significativas promovidas pelo processo de inclusão educacional
das pessoas com deficiência, modificando nossa forma de entender os sujeitos e os
papéis que desempenham nos espaços públicos.
A educação formal não se absteve de repensar e trazer para o seu interior um refe-
rencial filosófico e político que desse conta de fundamentar uma educação orientada
à aprendizagem, ao desenvolvimento, à construção de autonomia e à igualdade de
oportunidades para esse público.
Entretanto, quando observamos a realidade educacional brasileira constatamos a
necessidade de educar a sociedade para a convivência com as diferenças humanas,
compreendendo-as como parte de nossa constituição. Somente conseguiremos atuar
nesse sentido se ouvirmos as pessoas com deficiência e, participarmos, junto a elas,
de ações que concretizem os seus direitos em todas as áreas da vida, em especial, na
educação, uma vez que ela tem capacidade de transformar a realidade.
AULA 4
INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO: A
ESCOLA, A FAMÍLIA E O ALUNO.
Olá cursista!
“Toda vez que eu olho pra ele eu penso que se não fosse por ele eu não estaria aqui
hoje. Eu era muito errado na vida. Quando ele nasceu me ajeitei. Acho que ele me ajeitou
(Felipe)” (CUNHA, et al, 2017, p. 118).
Nesses relatos observamos que o nascimento de uma criança com deficiência não
é situação fácil da família lidar. Pais e familiares não nasceram preparados para lidar
com essa situação e, por isso, precisaram aprender ao mesmo tempo que estão lidando
com suas emoções e com as barreiras e os impedimentos enfrentados diariamente
pela criança.
As crianças, antes de serem taxadas como “deficientes”, precisam ser vistas como
pessoas. Em outras palavras, são sujeitos que têm emoções, desejos, sonhos e vivên-
cias, e que estão presentes no mundo assim como todas as outras crianças. Não é
necessário reforçar uma das características – dentre tantas outras – de uma criança
com deficiência. Os pais, e as próprias crianças, percebem as diferenças em relação
às pessoas sem deficiência, assim como preveem dificuldades que serão enfrentadas
por toda existência da criança.
Vale ressaltar que a criança com deficiência é muito mais que “sua deficiência”, seus
impedimentos e limitações. É importante observar que as crianças com deficiência têm
habilidades e competências a serem exploradas e também para serem desenvolvidas.
Não podemos esquecer dos nossos potenciais e nem dos outros, sobretudo, quando
atuamos na educação. E como podemos contribuir para a formação da criança com
dificuldade/impedimento acentuado e que não tem diagnóstico?
Essas orientações são iniciais e para situações em que pais desconhecem que
seus filhos têm algum tipo de dificuldade ou deficiência. Mas, e em casos de pais
superprotetores?
Uma das principais finalidades da educação inclusiva é promover a autonomia do
sujeito, possibilitando que ele crie estratégias para viver em sociedade com a maior
liberdade possível e participe das atividades da vida social. A superproteção de pais
e também de professores pode, em certa medida, comprometer o desenvolvimento
autônomo do aluno. Entretanto, antes de julgar é importante buscar conhecer a reali-
dade familiar.
A superproteção de pais pode ser motivada por vários fatores, dentre eles, a crença
na incapacidade da criança e/ou que ela pode sofrer e, por isso, precisa ser protegida
da sociedade. Nessas duas situações a superproteção não é benéfica.
O professor também pode partilhar dessa pedagogia da negação no livro “A Educação
Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar: o Atendimento Educacional Especializado
para alunos com deficiência intelectual, ” organizado pelo Ministério da Educação, traz
um tópico interessante sobre a pedagogia da negação. Segundo os autores,
Em outras aulas esse tema aparecerá novamente e podemos verificar como essas
suas instituições (escola e família) poderão contribuir para a aprendizagem e o desen-
volvimento integral dos estudantes.
Vamos adentrar no universo da inclusão educacional?
AULA 5
ATENDIMENTO EDUCACIONAL
ESPECIALIZADO E SEU
PÚBLICO-ALVO
Olá cursista!
Bons estudos!
Anote isto
Você sabia que instituições educacionais não podem negar o AEE aos alunos
que apresentam algum tipo de deficiência, mas que não têm laudo? Isso porque
o Atendimento Educacional Especializado voltado ao público PAEE é um aten-
dimento pedagógico e não clínico, e a ausência do laudo não pode ser utilizado
como instrumento de cerceamento ao direito à educação (BRASIL, 2014).
Conforme consta no documento da PNEEPI (2008. p. 11, grifo nosso) são considera-
dos público-alvo da educação especial as pessoas com deficiência (PCD), transtornos
globais do desenvolvimento (TGD) e altas habilidades/superdotação (AHS).
Anote isto
Vale um alerta para este momento: não são os pais ou médicos que ditam
as ações pedagógicas para o estudante público-alvo da educação especial.
Nós, profissionais da educação, diante do quadro apresentado por familiares
e profissionais da saúde (médicos, psicólogos, terapeutas ocupacionais etc.),
devemos construir os recursos e os serviços necessários para atender as
necessidades do estudante do AEE. São os professores regentes e especiali-
zados que conhecem as necessidades educativas e são eles quem conhecem
os conteúdos e o processo de ensino-aprendizagem escolar.
Nesta aula, estudamos o AEE dentro da política de educação inclusiva. Vimos, tam-
bém, que há um público específico para esse serviço e que a presença de estudantes
sem deficiência não está condizente com a política e a legislação que regulamentam
esse serviço.
O trabalho realizado na SRM visa quebrar as barreiras enfrentadas pelos estudantes
PAEE e, ao professor especializado recai a responsabilidade por conduzir esse traba-
lho fundamentando-se nos conhecimentos dos cursos de formação para o AEE. As
atividades desenvolvidas no AEE não atendem as necessidades dos estudantes que
não compõem o PAEE, bem como compromete o desenvolvimento dos alunos com
deficiência e com outras condições.
Vimos também a importância de verificar se as dificuldades enfrentadas pelos
estudantes PAEE são de responsabilidade do AEE ou de profissionais da saúde ou da
assistência social, por exemplo. Nem todos estudantes com deficiência vão precisar
ou mesmo desejar participar do AEE.
O caminho que percorremos nesta aula nos apresentou a complexidade do trabalho
do professor especializado, assim como nos evidenciou a importância de conhecer de
que forma o AEE deve estar articulado na escola, pois a responsabilidade pelo processo
de inclusão dos estudantes é de todos os membros das instituições educacionais.
AULA 6
O PAPEL DO PROFESSOR
ESPECIALIZADO E SALA DE
RECURSO MULTIFUNCIONAL
Olá cursista!
Bons estudos!
Como se vê, o fato da escola contar com estudantes cegos diferencia-se o tipo de
SRM a ser implantada na escola. Aos materiais e equipamentos presentes na SRM tipo
I são agregados recursos específicos para pessoas com cegueira, passando a ser sala
do tipo II. Confira abaixo os materiais disponíveis em cada SRM.
01 Reglete de Mesa
01 Punção
01 Soroban
01 Guia de Assinatura
01 Calculadora Sonora
AULA 7
TECNOLOGIAS ASSISTIVAS NA
EDUCAÇÃO
Olá cursista!
Nesta aula vamos adentrar no universo das tecnologias assistivas e suas contribui-
ções para a aprendizagem e o desenvolvimento dos estudantes com deficiência. Serão
apresentadas 11 categorias de tecnologias assistivas para que você se familiarize com
elas e aprenda como elas podem ser aplicadas no contexto educacional. Ao mesmo
tempo, você poderá verificar que as tecnologias assistivas podem proporcionar auto-
nomia e independência para seu usuário.
Por fim, faremos uma breve reflexão sobre a utilização das tecnologias assistivas no
contexto educacional e o papel do professor especializado como mediador do recurso
com o estudante.
Vamos iniciar os estudos?
E quais recursos e tecnologias podemos dizer que fazem parte da TA? O Decreto nº
3.298 de 1999 no art. 19º discrimina algumas delas:
tradução de libras.
Sistemas de controle de ambiente: pessoas com
limitações ou dificuldades físicas podem utilizar um
controle remoto para acender as luzes, ligar ventila-
dores, fechar portas, fazer chamadas telefônicas.
Prótese e órtese: são peças e recursos que podem
substituir segmentos do corpo ausentes ou serem
Figura 10-Digitador
utilizados junto à parte do corpo. Tem objetivo de
Fonte: https://flic.kr/p/7UAgP3
melhorar o desempenho de uma atividade, dando
melhor estabilidade ao usuário com deficiência.
Projetos arquitetônicos para acessibilidade: essa
categoria não se refere a equipamentos tecnológicos,
mas é a aplicação no cotidiano de conhecimentos rela-
tivos às demandas de cada tipo de deficiência, com
objetivo de que sejam construídos ambientes acessí-
veis. Assim, essa categoria trabalha com acessibilidade
Figura 11-Homem usuário de prótese cami-
em edificações, mobiliário, espaços e equipamentos. nhando na esteira.
Fonte: https://flic.kr/p/G6SZVS
Figura 17-Celular com aplica- Figura 18-Celular com Figura 19-Carro adaptado para usuários Figura 20- Plataforma em carro
tivo para GPS adaptado. aplicativo de mensagem de cadeira de roda adaptado para usuário de cadeira
Fonte: https://flic.kr/p/7dCdp4 Fonte: https://flic. Fonte: https://flic.kr/p/7UAqJy de rodas
kr/p/7dCcNg Fonte: https://flic.kr/p/7UAquw
Agora que você já conhece algumas tecnologias assistivas, vamos verificar como
podemos utilizá-las nas atividades educacionais. Destacamos que esses recursos
também vão aparecer em outras aulas, sobretudo, aplicados ao contexto do AEE.
Assim, para que o trabalho no AEE atinja seus objetivos, promovendo aprendizagem,
desenvolvimento intelectual além de autonomia e independência por meio da utilização
das TA, os professores especializados deverão contar com formação especializada
que lhes dê segurança e conhecimento para identificar e saber utilizar os recursos
tecnológicos de acessibilidade, assim como os que possibilitem ensinar os alunos
com deficiência a utilizá-las.
Nos dias atuais, a pessoa com deficiência que utiliza esses recursos consegue
desempenhar de forma autônoma as atividades escolares/acadêmicas, as do trabalho
e da vida pessoal. Há inúmeros softwares pensados para contribuir com a independên-
cia desse público, mas, para isso, a barreira tecnológica deve ser quebrada, tanto nos
professores que vão ensiná-los como na própria pessoa.
Estudamos nesta aula como as tecnologias assistivas podem e devem ser incorpo-
radas nas práticas educacionais, uma vez que auxiliam na realização das atividades
diárias dos estudantes, em especial, enquanto encontram-se nas escolas. Entretanto,
vimos também que essas mesmas tecnologias podem ser disponibilizadas aos alunos
para utilizarem em ambientes externos.
Outro ponto trabalhado nesta aula foram as 11 categorias de tecnologia assistiva.
Pudemos observar que algumas delas não podem ser compreendidas dentro do con-
ceito comumente associado à tecnologia. A tecnologia assistiva vai além de equipa-
mentos, pois também se refere a serviços ofertados às pessoas com deficiência.
As 11 categorias trabalhadas nos permitem pensar que há diversidade de recursos
destinados à educação e à reabilitação das pessoas com deficiência. Entretanto, o
acesso a esses recursos é precário, pois por serem produzidos na sua grande maioria
fora do Brasil têm custos altíssimos dificultando e, até mesmo, impedindo que pessoas
da classe trabalhadora os adquiram com facilidade.
Por isso, é importante que os estudantes acessem esses equipamentos na escola,
além de terem acesso a recursos de acessibilidade elaborados pela equipe escolar. E
vale destacar que nem todos os alunos precisarão utilizar tecnologias de alto custo
para aprenderem, pois com adaptações simples ou com os recursos que são disponí-
veis na escola, poderão ser criadas tecnologias que atendam às mesmas demandas.
Assim, é importante que o professor do AEE tenha conhecimento de tecnologias
assistivas capazes de auxiliar os estudantes com deficiência para então poder ensi-
ná-los a usufruírem de todos os benefícios que proporcionam.
AULA 8
ATENDIMENTO EDUCACIONAL
ESPECIALIZADO PARA ALUNOS
COM DEFICIÊNCIA VISUAL:
BAIXA VISÃO
Olá cursista!
Nesta primeira aula direcionada ao AEE para pessoas com deficiência visual teremos
como foco a baixa visão. Optamos por dividir os estudos relacionados à deficiência
visual em duas aulas, pois a baixa visão e a cegueira, embora se constituam como
parte da deficiência visual, possuem peculiaridades tanto no que diz respeito às ações
pedagógicas, quanto nas barreiras enfrentadas na vida cotidiana.
Assim, iniciaremos nosso estudo a partir de reflexões sobre a deficiência visual e sua
implicação no ambiente escolar. Em seguida, avançaremos para a definição de baixa
visão e por fim, entraremos especificamente no Atendimento Educacional Especializado
para pessoas com baixa visão.
Vamos iniciar? Bons estudos a todos e todas!
Anote isso
O professor tem um papel importante para detectar possíveis problemas
visuais de seus alunos, uma vez que a dinâmica escolar estimula o uso agu-
çado da visão, evidenciando qualquer dificuldade que os alunos possuem.
Por isso é importante estar atento e manter diálogo constante e aberto com
os familiares a fim de orientá-los sobre como proceder.
Anos atrás, a deficiência visual conhecida como baixa visão tinha outros nomes:
ambioplia, visão reduzida e visão subnormal. Diferentemente da dificuldade visual que
muitos de nós temos e que são corrigidas pela utilização de óculos (miopia, astigma-
tismo, hipermetropia e estrabismo), a baixa visão é uma deficiência específica que,
mesmo com a utilização de óculos ou outros recursos ópticos, as alterações na capa-
cidade ou na acuidade visual não são corrigidas.
É importante diferenciar a dificuldade de enxergar do que é a deficiência visual,
especificamente, a baixa visão. O comprometimento das funções visuais das pessoas
com baixa visão pode se dar de diferentes maneiras, desde a redução da acuidade e
do campo visual até a percepção da luminosidade.
Essa deficiência compromete significativamente o desempenho escolar, a execução
de tarefas e a realização de atividades de vida diária. Há diversos fatores que produzem
variações na condição visual dessas pessoas, por exemplo, a luminosidade do ambiente
seja artificial ou natural; o clima, isto é, se o dia está ensolarado ou nublado; o estado
emocional, pois situações de conflito ou que gerem ansiedade ou tensão podem oca-
sionar limitação visual, dentre outros fatores.
Você já pode ter passado pela situação abaixo e pensado: o que está acontecendo
com esse menino/a? Ontem enxergou minha letra e não teve problema nenhum, mas
hoje ele está pedindo que eu a aumente ou o/a troque de lugar! Agora você já sabe que
pessoas com baixa visão podem ter oscilação na capacidade visual, e que diversos
fatores podem influenciar. Portanto, quando você estiver com um aluno com baixa visão
não fique confuso, ou o julgue como distraído ou desinteressado, certo?
A pessoa com baixa visão tem diminuição no acesso às informações visuais vindas
do ambiente, as quais são importantes para que ela consiga compreender o mundo
exterior, restringindo, assim, sua participação em atividades cotidianas (BRASIL, 2007).
Por isso, quando nos deparamos com uma pessoa com deficiência visual, seja ela com
baixa visão ou com cegueira é importante estimular o comportamento exploratório e
auxiliá-la na construção de vivências plurais, a fim de que sua compreensão sobre o
mundo seja ampliada para além das percepções visuais.
Conforme aponta Sá (2014), quanto mais as funções visuais das pessoas com baixa
visão forem ativadas com uso de auxílios ópticos ou não ópticos – adaptações dos
materiais pedagógicos ou uso de uma tecnologia assistiva –, melhor será seu desem-
penho visual, uma vez que haverá uma melhora na qualidade e no conforto visual.
E o que faz com que pessoas tenham baixa visão? As enfermidades que acometem as
pessoas com cegueira podem também gerar também a baixa visão. Muitas vezes o limiar
entre o desenvolvimento da baixa visão e da cegueira é o acesso aos recursos médicos,
assim como a gravidade da enfermidade. É importante conhecer de que forma pessoas
com baixa visão enxergam para que sejam pensadas alternativas pedagógicas e recur-
sos ópticos e não ópticos a serem dispensados a elas. Veja a seguir alguns exemplos:
Como se pode ver uma pessoa com baixa visão pode enxergar de diferentes formas
e, por isso, conhecer a acuidade e capacidade visual dos estudantes é fundamental para
pensar em estratégias pedagógicas que vão atender as demandas dos alunos. Sem ter
esse conhecimento podemos cometer falhas que dificultam o acesso ao conhecimento.
Como vimos na aula anterior, a baixa visão consiste em uma perda severa da capa-
cidade de enxergar, e mesmo com a utilização de lentes corretivas ou com a realização
de tratamentos clínicos não há a correção, causando dificuldades na realização de
atividades cotidianas.
No âmbito educacional, as crianças, jovens e adultos com baixa visão enfrentam
dificuldades em participar de atividades escolares ou acadêmicas, seja na leitura e na
produção de textos ou na participação em atividades culturais, dentre outras. Essas
dificuldades podem ser mitigadas pelo uso de recursos ópticos e não ópticos, de adap-
tações curriculares e acesso a materiais didáticos acessíveis.
Os recursos ópticos podem ser utilizados por pessoas com baixa visão tanto para
perto quanto para longe. Tais recursos contam com lentes ou com conjuntos de lentes
que possibilitam ampliar a visão dos objetos ou imagens. Quem define a necessidade
e/ou tipo de recurso óptico a ser utilizado pelo estudante é exclusivamente seu oftal-
mologista, pois em alguns casos a utilização indevida pode atrapalhar o tratamento
médico e comprometer a visão.
Para utilizar esses recursos o professor especializado e da sala regular necessitam
construir estratégias que favoreçam a utilização dos auxílios ópticos. Imagine se
colocarmos um estudante com baixa visão na última carteira e acreditamos que por
ter uma lupa, todo o texto da lousa será visto perfeitamente. Temos certeza que não
haveria nenhuma palavra registrada em seu caderno. Agora, imagine colocar outro aluno
com baixa visão e com fotofobia em uma carteira com luminosidade natural intensa.
ônibus – diferentes recursos podem ser utilizados como telelupa, também conhecida
como telescópio, lunetas e telessistemas (SIERRA; SIERRA, 2012). Abaixo você encon-
trará fotografias de alguns recursos citados acima.
Agora você já conhece diferentes recursos que auxiliam estudantes com baixa visão
a ter melhor desempenho da funcionalidade visual e, consequentemente, contribuem
para a realização das atividades pedagógicas, bem como auxiliam nas atividades de
vida diária. A seguir, vamos conhecer alguns recursos não ópticos que podem ser uti-
lizados concomitante, ou não por esses alunos.
Figura 30-Lápis com traços mais escuros apropriado para pessoas com
baixa visão
Fonte: https://cutt.ly/0ftvdmL
grande e é muito comum sentirem dores de cabeça ou náuseas. Por isso, é necessário
ampliar o tempo de realização de atividades, além de criar intervalos durante as tarefas.
Nesta aula, conhecemos o conceito de pessoa com deficiência visual, no qual estão
embutidas a cegueira e a baixa visão. Vimos também que se trata de condições dife-
rentes e que compreender cada uma delas auxilia no desenvolvimento de um trabalho
acessível às pessoas cegas ou com baixa visão.
Agora, diante dessas informações, conseguimos pensar nas estratégias peda-
gógicas, nos recursos de acessibilidade e nas atividades a serem desenvolvidas no
Atendimento Educacional Especializado.
O tema da deficiência visual foi proposto em duas aulas, pois as discussões que
permeiam essa temática precisam ser compreendidas mais profundamente, já que
ainda há muitos mitos sobre a capacidade de aprender das pessoas cegas e com
baixa visão. Há, também, estereótipos que precisam ser quebrados, como o caso de
que cegos preferem disciplinas da área das humanas, ou que gostam não possuem
autonomia e, por isso, precisam sempre de ajuda. Esses são alguns dos estereótipos
que precisamos desconstruir da nossa prática docente.
Por fim, é importante reforçar o papel do professor regente (da sala de aula regular)
e do professor especializado (da sala de AEE). Ambos são fundamentais no desen-
volvimento do estudante e no conhecimento das dificuldades que ele apresenta. São
esses professores que, ao repensarem suas estratégias pedagógicas vão contribuir
para que os alunos com deficiência visual percebam o que lhes agrada, as estratégias
que facilitam a aprendizagem. Como se vê, o nosso papel é essencial para o processo
de escolarização das crianças com deficiência.
AULA 9
ATENDIMENTO EDUCACIONAL
ESPECIALIZADO PARA ALUNOS
COM DEFICIÊNCIA VISUAL:
CEGUEIRA
Nas aulas sobre a história da educação especial, mencionamos que desde o século
XIX até meados do século XX, as crianças com deficiência visual foram atendidas por
9.2 Cegueira
O professor, em sala de aula, necessita estar atento aos sinais das crianças ou
adultos que sugiram alguma dificuldade visual ou, até mesmo, um comprometimento
visual mais severo. Muitas vezes é no período escolar por meio das colocações feitas
pelos professores que a família ou a pessoa descobre que sua capacidade visual está
comprometida, seja por uma dificuldade visual, sanada pela utilização de óculos ou
por uma enfermidade mais severa que exija intervenção médica.
não pode ser alcançado por quem é cego, pois no imaginário social há a ideia de que
a aprendizagem da pessoa cega se dá exclusivamente no concreto e no tátil. Veremos
a seguir que essa concepção não é acertada.
As pessoas com cegueira congênita, diferentemente das crianças videntes ou cegas
adventícias, não receberam uma variedade de estímulos visuais, interações e comuni-
cações estabelecidas em seu ambiente, como pelo jogo de imitação tão fundamental a
nossa aprendizagem. Tais estímulos visuais contribuem para a compreensão do espaço
em que os sujeitos estão inseridos. Sem isso, a formação das relações espaciais, bem
como a construção de conceitos fica comprometida. Esse comprometimento só ocorre
se não forem exploradas as potencialidades de seus outros sentidos.
É muito comum que crianças e também adultos pouco estimulados ao longo da
vida desenvolvam alguns comportamentos estereotipados, como movimentos rítmicos
com o corpo, movimentos repetitivos como as mãos, inclinação da cabeça e o hábito
de apertar os olhos. Há ainda, crianças que evitam ou não conseguem falar, outras que
desenvolvem tiques, além de outros comportamentos que fogem aos padrões visuais
socialmente aceitos. Esses comportamentos estão, na maioria das vezes, associados
a situações em que a criança fica excitada, isolada ou entediada (AMIRALIAN, 1997).
No campo da fala há crianças que desenvolvem ecolalia. Crianças com ecolalia
falam na terceira pessoa e repetem o que lhes é dito, seja uma frase ou uma ideia, pois
necessitam preencher o espaço que seria ocupado pela interação social (DOMINGUES
et. al, 2010).
Outro fenômeno muito comum entre cegos congênitos é o verbalismo. De acordo
com Domingues et. al (2010, p. 31) verbalismo consiste na “[...] tendência de usar pala-
vras, expressões ou termos descontextualizados, sem nexo e desprovidos de sentido
e significado”. A ausência de experiências concretas capazes de criar ligação entre as
palavras e seus conceitos, produz um significado vazio a respeito de alguma ideia ou
informação presente em um determinado diálogo.
Vale ressaltar que embora o desenvolvimento das crianças cegas congênitas ocorra
de forma diferente das crianças videntes, o processo de desenvolvimento das funções
cognitivas, motoras e psicológicas se constitui da mesma maneira, desde que ela seja
estimulada a interagir com o mundo e a viver experiências significativas.
Assim, crianças com cegueira congênita constroem as imagens visuais e as repre-
sentações mentais na interação com o mundo por meio do tato, da audição, do paladar
e do olfato. Por isso, é fundamental que a família e a escola iniciem desde o nascimento
O AEE para alunos com cegueira prevê o ensino do Sistema Braille, do soroban, das
técnicas de orientação e mobilidade para a realidade escolar, das atividades de vida
autônoma, do uso de tecnologias de comunicação e informação e a aprendizagem de
letra cursiva. Também é no AEE que são disponibilizados materiais didáticos pedagó-
gicos acessíveis para uso na sala de recurso e na sala de aula regular, os áudios livros,
textos em Braille ou digitais, materiais táteis.
Vamos abordar, a seguir, os principais serviços do AEE para estudantes com cegueira.
O Braille consiste em um sistema de escrita criado pelo francês Louis Braille (1809-
1852), em 1825, com o objetivo de propiciar às pessoas cegas formas de leitura e
escrita. O sistema braille não é uma língua, mas sim um código de escrita, no qual cada
símbolo (letra ou símbolo, seja matemático, químico ou musical etc.) é representado
por uma ou mais célula, na qual estão dispostos os 6 pontos. É a partir da combinação
dos pontos que vão se formando palavras.
A aprendizagem do sistema braille para crianças cegas começa de forma lúdica,
por meio de brincadeiras com letras e palavras, assim como ocorre com as crianças
videntes. Iniciar o processo de ensino e aprendizagem desde os primeiros momentos
da infância, utilizando materiais concretos e adaptados possibilitará a incorporação
do sistema braille de forma espontânea.
Logo na educação infantil é possível trabalhar com o sistema braille através de
representação das células braille em grande escala, com objetos com etiquetas em
9.5.1 Soroban
Figura 34-Soroban
Fonte: https://cutt.ly/sftvcWx
Sabemos que pessoas cegas alfabetizadas no sistema braille utilizam desses códi-
gos para se comunicar através da leitura e da escrita. Entretanto, quando precisam
assinar um documento lhes é exigida uma assinatura e, de preferência, em letra cursiva.
Em nossa sociedade saber assinar é valorizado tanto pelas vias legais quanto em
nossas relações interpessoais. É muito comum que pessoas que não são alfabetizadas
saibam assinar, mas é ainda mais comum que pessoas cegas não conheçam o traçado
de seus nomes, mesmo em alguns casos, sendo formadas no ensino médio ou superior.
Um dos trabalhos do professor do AEE é ensinar a criança cega a assinar e utilizar
a guia de assinatura.
A Atividade de Vida Autônoma (AVA), também conhecida como Atividade de Vida Diá-
ria, consiste em ensinar às pessoas com deficiência visual as habilidades necessárias
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 78
EDUCAÇÃO ESPECIAL
E INCLUSIVA
PROFª. ME. ADRIENE SANTANNA
AULA 10
ATENDIMENTO EDUCACIONAL
ESPECIALIZADO PARA ALUNOS
COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
Olá cursista!
• CID -10 – F.70 – Retardo Mental. Pode ser de grau leve a profundo, tendo em
vista os comprometimentos referentes ao comportamento e a necessidade de tra-
tamento e vigilância (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE/2007).
• CID – 11 – 6A00 – Transtornos do desenvolvimento intelectual. É classificado
como desordem do desenvolvimento intelectual de grau leve a profundo, provisório
ou como distúrbio de desenvolvimento intelectual não especificado (ORGANIZA-
ÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE/2018).
Vale ressaltar que a aprendizagem não ocorre somente no AEE. Ela é realizada
também na sala de aula comum e, portanto, o professor regente também é um agente
promotor do desenvolvimento do aluno com deficiência. É na sala de aula regular que
o estudante se relaciona com os pares e aprende os conteúdos curriculares, dentro de
seu tempo e possibilidades.
E qual é o papel do professor do AEE com estudantes com deficiência intelectual?
Como vimos em aulas passadas, o professor do AEE é o responsável por construir
e articular com os demais professores da classe comum o plano de Atendimento
Educacional Especializado, identificando recursos e serviços que contribuem para a
aprendizagem do aluno. Além disso, ele tem como atribuição orientar os professores
regentes, contribuindo para a criação e implementação de estratégias pedagógicas
acessíveis, tendo em vista as necessidades educativas do estudante e os conteúdos
que são trabalhados em sala de aula.
Para isso, é importante que o estudante com deficiência intelectual seja visto como
sujeito capaz de aprender e se desenvolver, pois acreditar na educabilidade das pessoas
é condição imprescindível para trabalhar na educação especial e inclusiva.
Recurso Contribuição
Estimula a criatividade;
Computador: edição de texto e Favorece a pesquisa, a criação e o
imagem, uso da internet para compartilhamento de conhecimento;
pesquisa e acesso a redes socais; Estimula a aprendizagem da escrita e da leitura;
utilização de softwares e jogos ** Os jogos especializados podem contribuir de
especializados. diferentes maneiras, a depender da escolha por
parte docente e das necessidades do aluno.
AULA 11
ATENDIMENTO EDUCACIONAL
ESPECIALIZADO PARA ALUNOS
COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA E
SURDEZ
Portanto, pessoa surda é aquela que para se comunicar utiliza a Língua Brasileira de
Sinais (Libras), interage com o mundo por meio visual, assim como se entende como
membro de comunidade linguística e cultural específica. Já a deficiência auditiva é
compreendida pela perspectiva biológica, ou seja, pela perda da capacidade auditiva.
As pessoas com deficiência auditiva são, em grande parte, oralizadas e se comunicam
pela língua portuguesa vocal, além de realizarem leitura labial ou utilizarem aparelho
amplificador para compensar a sua perda.
Em razão dessa diferenciação, o trabalho desenvolvido no AEE e nas salas de aula
comum são realizados de forma distinta.
Na aula sobre a história da educação especial, mencionamos que as pessoas com
deficiência passaram por processos de exclusão que, até hoje, reverberam na forma
como a sociedade as enxergam. O caso das pessoas surdas e com deficiência auditiva
o processo não foi diferente. Para as pessoas surdas que se manifestavam por uma
língua visual-motora, o processo de escolarização ganhou contornos acentuados de
exclusão, principalmente quanto à utilização das línguas de sinais.
As pessoas com surdez foram obrigadas, por muito tempo, a se comunicarem pela
vocalização e, em consequência disso, grandes barreiras comunicacionais foram cria-
das, pois havia surdos que não conseguiam estabelecer comunicação efetiva. Muitos
desses surdos eram vistos como deficientes intelectuais, loucos e agressivos. Hoje, por
meio da Lei nº 10.436/2002, a Língua Brasileira de Sinais é reconhecida nacionalmente
como uma língua e, aos falantes dessa língua são assegurados o direito de comunicar-se
por ela, além de contarem nas instituições escolares com o trabalho de acessibilidade
comunicacional dos tradutores e intérpretes de língua de sinais (TILS) (BRASIL, 2000).
Anote isso
Diferentemente do Sistema de escrita Braille, que pode ser utilizado em qual-
quer país, a língua de sinais é específica a cada nação. No Brasil, a língua de
sinais utilizada pela comunidade surda recebe o nome de Língua Brasileira
de Sinais mais conhecida como Libras. Da mesma forma que no português,
a Libras tem variações linguísticas. Dependendo da classe social, do gênero
do falante, da região do país etc., é possível encontrar sinais diferentes para
comunicar a mesma informação. Vamos a um exemplo de variação linguística
regional ou regionalismo.
No português, por exemplo, utilizamos diferentes palavras para mandioca,
como aipim, castelinha, uaipi, mandioca-doce, mandioca-mansa, maniva,
maniveira. Na Libras, o sinal utilizado para, por exemplo, a cidade do Rio de
Janeiro é sinalizado de forma diferente em Minas Gerais e no estado do Rio
de Janeiro.
Quer saber mais sobre o assunto? Acesse o artigo “As variantes da língua bra-
sileira de sinais – libras”, de Vanessa Lima Vidal Machado e Markus Johannes
Weininger pelo link http://www.repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/38106/1/2018_
art_vlvmachadojweininger.pdf
Como vimos, as pessoas com deficiência auditiva são aquelas que se comunicam
pela língua portuguesa escrita e vocal e, geralmente, utilizam aparelhos auditivos ou
implante coclear. Temos crianças com deficiência auditiva com perda leve, moderada,
severa e profunda, chegando até mesmo a não ouvir som algum. E como trabalhamos
com essas crianças no AEE?
Primeiramente, é importante lembrarmos as atribuições dos professores do AEE.
Esses profissionais são responsáveis por criar o plano de desenvolvimento individuali-
zado (PDI), articulando com os professores estratégias pedagógicas inclusivas capazes
de atender as demandas dos estudantes com deficiência e surdez. Além disso, cabe a
eles criar estratégias pedagógicas específicas para o AEE, trabalhando aspectos que vão
desde o ensino de Libras (para aquelas pessoas com deficiência auditiva que optarem
por aprender outra língua), até aspectos relacionados à aprendizagem do português.
Vale lembrar que o trabalho com o português no AEE não é o mesmo dos conteúdos
trabalhados na sala de aula regular, ou seja, as atividades no AEE com o português não
devem ser encaradas como reforço escolar.
Também, pudemos estudar como se constitui o serviço do AEE para cada tipo de
condição, sendo possível observar que as atividades desenvolvidas nas SRM têm orga-
nização, objetivos e estratégias pedagógicas diferentes para cada público.
Nesse sentido evidenciamos o quão importante é conhecer as características e as
necessidades dos nossos alunos, tendo em vista promover situações de aprendizagem
significativas e propulsoras do desenvolvimento dos estudantes.
Ao final, estudamos a respeito do profissional tradutor e intérprete de Libras-por-
tuguês e como os documentos legais definem suas atribuições. Ao trazermos essas
atribuições para o contexto educacional observamos o quanto seu trabalho se diferen-
cia dos demais profissionais e, portanto, não se deve delegar a responsabilidade pela
aprendizagem a esse profissional.
AULA 12
ATENDIMENTO EDUCACIONAL
ESPECIALIZADO PARA ALUNOS
COM SURDOCEGUEIRA
Olá cursista!
Nesta aula, você aprenderá a respeito de uma deficiência ainda pouco conhecida na
realidade das escolas comuns inclusivas, a surdocegueira. Também estudaremos as
formas de comunicação e aprendizagem da pessoa surdocega, além de conhecermos
o trabalho do profissional guia-intérprete.
A surdocegueira caracteriza-se por uma deficiência específica e não como a junção
da deficiência visual com a auditiva. Em outras palavras, não dizemos que um sujeito
surdocego tem duas deficiências, mas sim que sua condição é única, ou seja, a condi-
ção de pessoa com surdocegueira.
Por ser tratar de uma condição singular, a forma de aprender das pessoas com sur-
docegueira também é específica, apresentando características de aprendizagem que
as diferem substancialmente das pessoas com deficiência auditiva ou visual.
Agora você já sabe de algumas informações sobre a surdocegueira. Vamos aproveitar
e aprofundar nossos conhecimentos?
Bons estudos!
Segundo Bosco, Mesquita e Maia (2010, p. 8), a surdocegueira também pode ser
classificada em quatro categorias:
Nasceu com
audição normal
Atraso na fala. e posteriormente
Nasceu surdo Usa aparelho de apresentou uma
Comunicação profundo. Usa amplificação sonora perda auditiva leve.
Língua de Sinais. individual (A.A.S.I) Atualmente requer
todo o tempo. o uso de AASI, a
perda auditiva tem
se incrementado.
Problemas de
Os sintomas
visão noturna
de Retinose
Problemas de visão aos 20 anos.
Perda Visual Pigmentar
noturna na infância. Retinose Pigmentar
aparecem antes
diagnosticada aos
dos 10 anos.
20 anos.
Além dos três tipos já conhecidos de síndrome de Usher, há estudos que apontam a
existência do tipo 4 – que afeta aproximadamente 10% dos surdocegos com Usher – e
do tipo 5 (COSTA; CAMBRUZZI; 2012; CAMBRUZZI, 2013).
Dependendo do tipo de síndrome de Usher desenvolvida pela pessoa, que inicialmente
tinha deficiência auditiva ou visual, a comunicação e a interação para a aprendizagem
e seu desenvolvimento se dará de forma diferente.
Uma das primeiras ações a ser realizada no AEE para pessoas surdocegas consiste
no estabelecimento de estratégias de comunicação. As formas de comunicação esta-
belecidas com e pela pessoa surdocega dependem de sua possibilidade de aquisição
da linguagem, isto é, se a surdocegueira é pós-linguísticas/adquirida ou pré-linguística.
Considerando o tipo de estágio linguístico da pessoa surdocega não se pode descartar
nenhum tipo de comunicação adotada por ela, seja aquela construída no seio familiar
No que diz respeito à comunicação por meio das mãos é importante que o professor
planeje suas atividades didático-pedagógicas tendo em vista que o principal meio de
comunicação da pessoa surda se dá pelas mãos. Por isso, a realização de atividades
que estimulem o tato, o controle e funcionalidade dos movimentos é primordial.
Figura 45-Comunicação por libras tátil entre a pessoa com surdocegueira e o guia-intérprete.
Fonte: https://cutt.ly/xftbQ1i
O AEE com pessoas surdocegas deve ocorrer desde os primeiros meses, estimulando
a articulação entre o sujeito e o mundo. Estimular sua interação e comunicação com
seus pares e o espaço que está inserido consiste num diferencial capaz de favorecer
seu desenvolvimento e aprendizagem.
Por fim, destacamos o trabalho do profissional guia-intérprete na mediação da
comunicação entre surdocegos e pares, assim como na mobilidade e conhecimento
do ambiente.
AULA 13
ATENDIMENTO EDUCACIONAL
ESPECIALIZADO PARA ALUNO
COM DEFICIÊNCIA FÍSICA
Olá cursista!
As deficiências físicas mais comuns nas escolas são: encefalopatia crônica não
evolutiva da infância, comumente conhecida como paralisia cerebral ou PC, a distrofia
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 113
EDUCAÇÃO ESPECIAL
E INCLUSIVA
PROFª. ME. ADRIENE SANTANNA
muscular, a amputação, espinha bífida, entre outras (LIMA, 2012). Abordaremos, bre-
vemente, algumas características dessas condições:
Paralisia Cerebral – caracteriza-se por ser uma lesão encefálica não progressiva
e sem vinculação hereditária, uma vez que sua causa está associada a problemas
durante os períodos pré-natal (rubéola, toxoplasmose, ingestão de drogas lícitas
e ilícitas, desnutrição, hipertensão etc), perinatal (traumas obstétricos, fórceps
inadequado, falta de oxigenação no cérebro) e pós-natal (meningite, intoxicações,
ataques apneicos, hipoglicemia, desnutrição). A paralisia cerebral, diferentemente
do que se imagina, não é uma deficiência intelectual. A criança que desenvolveu
essa deficiência física pode ou não ter/desenvolver deficiência intelectual.
Distrofia muscular - uma das principais características da distrofia muscular é
a perda progressiva de musculatura esquelética. As principais consequências
enfrentadas pelas pessoas com distrofia são: quedas constantes, andar vacilante,
dificuldades para levantar e para subir escadas. Esse quadro, por ser progressivo,
tende a se agravar, gerando problemas posturais, deformações, insuficiência res-
piratória, problemas cardíacos, entre outros.
Amputação – pode ser congênita ou adquirida. A amputação congênita está
relacionada à má formação do bebê durante a gestão. A adquirida é decorrente
de tumores, acidades, infecções etc.
Espinha bífida – caracteriza-se por um conjunto de malformações congênitas na
coluna vertebral, devido a uma fenda na coluna. Com isso, a pessoa com espinha
bífida pode perder a sensibilidade abaixo do nível da lesão, convive com problemas
ortopédicos, incontinência urinária e/ou fecal, além de poder desenvolver escoliose,
lordose e cifose.
Ressaltamos que, diante dos vários fatores que causam essa limitação, assim como os
níveis de comprometimento das pessoas com deficiência física, as informações aqui
apresentadas precisam ser avaliadas caso a caso, tendo em mente que cada sujeito é
único e, por conta da interação com o seu meio, pode apresentar limitações diferentes.
O professor da classe regular e do Atendimento Educacional Especializado (AEE)
se deparara com dificuldades do ambiente sensorial, cognitivas, sociais e perceptivas
as quais devem ser trabalhadas com o aluno. O trabalho colaborativo entre professor
regular e do AEE tem a potencialidade de traçar as propostas pedagógicas mais ade-
quadas para aquele estudante.
Vamos conhecer funções relevantes para a aprendizagem escolar que exigem olhar
especial da equipe docente.
Funções motoras: são as principais limitações conhecidas pelos docentes e apre-
sentadas no cotidiano das pessoas com deficiência física. Para compreender como se
dará o trabalho pedagógico é importante avaliar as habilidades motoras (coordenação
motora fina e grossa), os movimentos, o equilíbrio e a postura corporal (controle do
tronco e da cabeça) e a locomoção.
Funções sensoperceptivas: é sabido que as práticas motoras são vinculadas aos
sistemas sensorial, tátil, cinestésico, vestibular e visual. Quando há problemas com
as funções sensoperceptivas originadas por experiências pouco estimuladoras e/ou
pelo mau funcionamento dos órgãos do sistema nervoso e pelos órgãos dos sentidos,
é comum encontrarmos crianças com dificuldades em reconhecer cores, texturas,
objetos, posição espacial, além de encontrar obstáculos na coordenação e integração
viso motora, entre outras.
Funções proprioceptivas: estão vinculadas ao reconhecimento do corpo no espaço,
possibilitando o reconhecimento de cada parte do corpo, da força de seus músculos,
da posição corporal em determinado espaço. Quando articuladas ao tato possibilitam a
correção corporal, a transferência do peso de uma parte para outra, o controle motor etc.
Funções cognitivas: as barreiras enfrentadas pela pessoa com deficiência física,
sobretudo, quando seu ambiente não atende a suas demandas, proporcionando expe-
riências significativas, causam dificuldades de abstração, concentração, memória,
organização, seriação e resolução de situações problemas.
Categorias Habilidades/Práticas
Locomoção/
Dirigir-se a algum lugar, agachar, sentar.
Mobilidade
Prancha de comunicação
Mouse estacionário de esfera
Almofadas especiais
Para que os professores do estudante com deficiência física - seja ele da sala de
recurso multifuncional (SRM) ou da sala de aula regular - realizem seu trabalho peda-
gógico é imperativo que tenham informações significativas sobre a condição daquele
aluno. Tendo em vista a elaboração de atividades e serviços que melhor contemplem
as demandas deste aluno, faz-se necessário conhecer as barreiras enfrentadas e as
limitações motoras do mesmo saber se a deficiência é congênita ou adquirida, quais
são suas características, quais possibilidades de respostas motoras e sensoriais podem
ser esperadas.
Diante disso, evidenciou-se ser necessário, mais uma vez, realizar um trabalho cola-
borativo e articulado com diferentes agentes envolvidos com a pessoa com deficiência.
AULA 14
ATENDIMENTO EDUCACIONAL
ESPECIALIZADO PARA ALUNOS
COM TRANSTORNOS GLOBAIS
DO DESENVOLVIMENTO
Olá cursista!
Síndrome de Asperger
Como dissemos anteriormente, o trabalho realizado com pessoas com TGD articula
aspectos da saúde e da educação, influenciando-se reciprocamente. Com a divulgação
da quinta atualização do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais
Importante para
Características Idade de
o diagnóstico
principais manifestação
diferencial
Prejuízo no desenvolvi-
mento da interação social
e da comunicação. Pode
haver atraso ou ausência Prejuízo no funciona-
do desenvolvimento da mento ou atrasos em
Autismo
linguagem. Naqueles que pelo menos 1 das 3
a possuem pode haver Antes dos 3 anos áreas: Interação so-
uso estereotipado e repe- de idade. cial; Linguagem para
titivo ou uma linguagem comunicação social;
idiossincrática. Repertó- Jogos simbólicos ou
rio restrito de interesses imaginativos.
e atividades. Interesse
por rotinas e rituais não
funcionais.
Importante para
Características Idade de
o diagnóstico
principais manifestação
diferencial
Desenvolvimento de
múltiplos déficits especí-
ficos após um período de
funcionamento normal
nos primeiros meses de Prejuízo severo do
vida. Desaceleração do desenvolvimento da
crescimento do períme- linguagem expressiva
tro cefálico. Perda das ou receptiva. Prejuí-
Síndrome de Rett
habilidades voluntárias Primeiras mani- zos funcionais do de-
das mãos adquiridas festações após senvolvimento dos 6
anteriormente, e posterior os primeiros 6 a meses aos primeiros
desenvolvimento de mo- 12 meses de vida. anos de vida. Presen-
vimentos estereotipados ça de crises convul-
semelhantes a lavar ou sivas. Desaceleração
torcer as mãos. O inte- do crescimento do
resse social diminui após perímetro cefálico.
os primeiros anos de
manifestação do quadro,
embora possa se desen-
volver mais tarde.
Importante para
Características Idade de
o diagnóstico
principais manifestação
diferencial
Diferentemente do
Autismo podem não
Tem início mais existir atrasos clinica-
tardio do que o mente significativos
Transtorno de Prejuízo persistente na Autismo ou é per- no desenvolvimento
Asperger interação social. Desen- cebido mais tarde cognitivo, na lingua-
volvimento de padrões (entre 3 e 5 anos). gem, nas habilida-
restritos e repetitivos de Atrasos motores des de autoajuda
comportamento, interes- ou falta de destre- apropriadas à idade,
ses e atividades. za motora podem no comportamento
ser percebidos adaptativo, à exceção
antes dos 6 anos. da interação social, e
na curiosidade pelo
ambiente na infância.
Importante para
Características Idade de
o diagnóstico
principais manifestação
diferencial
Regressão pronunciada
em múltiplas áreas do
funcionamento, após um
desenvolvimento normal
constituído de comunica-
ção verbal e não-verbal,
relacionamentos sociais,
jogos e comportamento O transtorno não é
adaptativo apropriado melhor explicado pelo
Transtorno
para a idade. As perdas Autismo ou Esqui-
Desintegrativo da
clinicamente significati- zofrenia. Excluídos
Infância Após 2 anos e
vas das habilidades já ad- transtornos meta-
antes dos 10
quiridas em pelo menos bólicos e condições
anos de idade.
duas áreas: linguagem neurológicas. Muito
expressiva ou receptiva, raro e muito menos
habilidades sociais ou comum do que o
comportamento adapta- Autismo.
tivo, controle intestinal ou
vesical, jogos ou habilida-
des motoras. Apresentam
déficits sociais e comuni-
cativos e aspectos com-
portamentais geralmente
observados no Autismo.
Importante para
Características Idade de
o diagnóstico
principais manifestação
diferencial
Anote isso
As pessoas que apresentam os transtornos globais do desenvolvimento,
segundo a Lei nº12.764/2012, para efeito legal são consideradas pessoas
com deficiência. Isso quer dizer que os mesmos direitos assegurados às
pessoas com deficiência intelectual, mental, auditiva, surdez, visual e física
também são garantidos às pessoas com transtorno do espectro autista, como
por exemplo, a reserva de vagas (cotas) em instituições públicas federais de
ensino superior e médio.
AULA 15
ATENDIMENTO EDUCACIONAL
ESPECIALIZADO PARA ALUNOS
COM ALTAS HABILIDADES/
SUPERDOTAÇÃO
Olá cursista!
Anote isso
Em 2005 foram criados em todos os estados brasileiros os NAAHS – Núcleos
de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação com objetivo de ofertar
serviços de apoio pedagógico especializado aos sistemas de ensino no aten-
dimento às demandas de estudantes com altas habilidades/superdotação.
Saiba mais sobre os NAAHS. Conheça o trabalho e os locais onde estão
localizados os NAAHS. Acesse: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=-
com_docman&view=download&alias=9967-naahs-secadi&Itemid=30192
Primeiramente, é importante entender que o AEE para pessoas com altas habilida-
des/superdotação tem o caráter suplementar, ou seja, visa oferecer oportunidades de
o aluno avançar no conhecimento que já possuí. É muito comum que pessoas com
altas habilidades/superdotação se sintam desmotivadas quando não são estimuladas
e desafiadas a aprender o que ainda não sabem. É nesse sentido que os trabalhos do
AEE e da sala comum devem se direcionar. É necessário criar atividades que desafiam
a criatividade e estimulem o aluno a construir conhecimentos nas diferentes áreas do
currículo. Além disso, é importante criar situações que favoreçam o estabelecimento
de vínculos interpessoais com os alunos – é muito comum nos depararmos com
dificuldade de relacionamento entre alunos com altas habilidades/superdotação e
estudantes vistos como “comuns”.
Delpretto, Giffoni e Zardo, (2010, p. 23), apontam que o objetivo do AEE para o público
em questão deve ser orientado a:
AULA 16
INCLUSÃO NO ENSINO SUPERIOR
A presença de pessoas como deficiência no ensino superior não é recente, mas nos
últimos anos esse número tem aumentado significativamente. Ao mesmo tempo, as
discussões sobre acessibilidade e inclusão desse público tem ganhado espaço nas
políticas educacionais e nas pesquisas relacionadas ao atendimento das demandas
educativas dos universitários.
Pessoas que até então se encontravam excluídas do ensino universitário passaram
a usufruir de políticas públicas de distribuição de renda e de promoção da igualdade,
inclusão e justiça social. Com isso, puderam vislumbrar a educação superior como
possibilidade real tanto de entrada quanto de permanência e conclusão do curso.
A cada ano, sobretudo, com as políticas de ações afirmativas para o público-alvo da
educação especial (PAEE), o número de estudantes que ingressa no ensino superior
cresce significativamente. No gráfico a seguir, podemos acompanhar o crescimento
do número de matrículas de pessoas com deficiência em IES públicas e particular.
Gráfico 1 - Evolução do número de matrículas em cursos de graduação de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento ou altas habilidades/
superdotação – 2009-2017
Fonte: Brasil (2018, p. 48)
Com o ingresso desse público foram exigidas das instituições de ensino superior
(IES) o estabelecimento de procedimentos e práticas inclusivas. Os estudantes com
deficiência passaram a cobrar a aplicação na educação superior dos conhecimentos
teóricos e práticos ensinados aos alunos de graduação, em especial, nos cursos de
formação de professores.
Estudamos anteriormente que a partir da década
de 1990 e, em especial, da Política Nacional de Edu-
cação Especial na Perspectiva Inclusiva, em 2008, o
paradigma da inclusão tem sido amplamente deba-
tido na educação básica. Entretanto, é recente a dis-
cussão sobre o papel dos professores universitários
nas formações ofertadas pelas IES. Figura 51-Estudantes conversando em língua de sinais
Fonte: https://cutt.ly/Uftnjeq
E o que se pode fazer diante dessa situação? Como as IES têm trabalhado para
incluir os estudantes que apresentam algum tipo de impedimento ou que têm altas
habilidades e superdotação?
O que se tem visto nas instituições públicas e privadas é a construção de setores
especializados para atuar diretamente com os estudantes com deficiência. Podemos
encontrar coordenadorias, núcleos ou comissões de acessibilidade que refletem sobre
a inclusão dos estudantes PAEE e fornecem orientação especializada para os docentes
dos estudantes.
Entretanto, como se dá isso? Quais são os direitos dos estudantes que saem do
ensino médio e decidem cursar uma graduação?
Como dissemos, o debate sobre a inclusão dos estudantes PAEE no ensino superior
é recente, assim como a presença em maior número. Os estudantes que adentram as
IES são aqueles que passaram por um grande funil, uma vez que a educação básica
seleciona, mesmo que não explicitamente, aqueles que devem dar ou não continui-
dade nos estudos. Isso se dá, na grande parte das vezes, pela crença na incapacidade
do estudante e pela ausência de políticas e práticas adequadas às necessidades dos
alunos PAEE.
No âmbito das instituições públicas federal, de 2005 até 2009, o Ministério da Edu-
cação lançou editais de fomento para criação de núcleos de acessibilidade para aten-
dimento das demandas de acessibilidade e inclusão das universidades. Esses editais
fizeram parte do Programa Incluir.
Esse programa foi um marco para a educação especial e para as pessoas com defi-
ciência, pois possibilitou que as instituições federais de ensino lançassem seus olhares
para um grupo que, até então, deveria se adaptar às regras e condições de acessibilidade
das universidades. Além disso, esse programa serviu de referência para instituições
públicas estaduais de ensino superior e universidades e faculdades privadas.
Em 2011, com o Decreto nº 7611, que tratava da educação especial e Atendimento
Educacional Especializado trouxe, pela primeira vez, a obrigatoriedade das instituições
federais de ensino a criarem seus núcleos de acessibilidade. Além disso, esse docu-
mento legal pontuou, em seu art. 5º, qual era o objetivo desses setores: “Os núcleos de
acessibilidade nas instituições federais de educação superior visam eliminar barreiras
físicas, de comunicação e de informação que restringem a participação e o desenvol-
vimento acadêmico e social de estudantes com deficiência” (BRASIL, 2011).
Essa definição de objetivo nos permite inferir que os trabalhos desenvolvidos pelas
IES por meio dos núcleos não são distintos dos objetivos da inclusão da educação
básica. Ao contrário, esse entendimento só reforça a necessidade de que, para asse-
gurar o direito à educação faz-se necessário romper barreiras de diversas ordens e,
para isso, diferentes agentes devem ser envolvidos.
A partir dessa obrigatoriedade, diversos núcleos de acessibilidade foram criados nas
instituições federais de ensino, inspirando outras instituições a fazerem o mesmo. Ao
mesmo tempo, possibilitou a criação de um debate institucional nas IES a necessidade
de se constituírem como um espaço inclusivo, capaz de contemplar a diversidade
humana em todas as suas dimensões.
Em 2013, o Ministério da Educação lançou “Documento Orientador do Programa
Incluir – acessibilidade na educação superior”, o qual até os dias de hoje, orienta e
regulamenta o trabalho realizado nos setores especializados de acessibilidade e inclu-
são. A respeito da inclusão das pessoas com deficiência e a atuação dos núcleos de
acessibilidade o documento postula que
como sujeito de direito e, portanto, devem contar com políticas públicas voltadas ao
atendimento de suas necessidades educacionais especiais.
Outro marco importante para as pessoas com deficiência consistiu na aprovação da
Lei Brasileira de Inclusão (LBI), nº 13.146/2015, na qual são apresentados os direitos
que devem ser assegurados a público no trabalho, na saúde, na educação, no trans-
porte entre outros.
Especificamente no âmbito educacional do ensino superior, a LBI, em seu art. 28º,
define que os sistemas públicos e privados de ensino deverão desenvolver:
[…]
V – adoção de medidas individualizadas e coletivas em ambientes
que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social dos estu-
dantes com deficiência, favorecendo o acesso, a permanência, a
participação e a aprendizagem em instituições de ensino;
[...]
X – adoção de práticas pedagógicas inclusivas pelos programas de
formação inicial e continuada de professores e oferta de formação
continuada para o atendimento educacional especializado;
XI – formação e disponibilização de professores para o atendimento
educacional especializado, de tradutores e intérpretes da Libras, de
guias intérpretes e de profissionais de apoio;
[…]
XIII – acesso à educação superior e à educação profissional e tecno-
lógica em igualdade de oportunidades e condições com as demais
pessoas;
XIV – inclusão em conteúdos curriculares, em cursos de nível superior
e de educação profissional técnica e tecnológica, de temas relacio-
nados à pessoa com deficiência nos respectivos campos de conhe-
cimento; […] (BRASIL, 2015).
O destaque dado aos incisos acima não indica que somente essas determinações
devem ser cumpridas pelas IES pública e privadas. Ao contrário, há outros direitos
assegurados às pessoas com deficiência que se estendem da educação infantil ao
ensino fundamental, como o acompanhamento por profissionais de apoio ou a pre-
sença de profissional de tradução e interpretação de Libras-português aos estudantes
que necessitarem e, também, sem que haja qualquer custo a mais para o estudante.
Assim, como podemos observar, a LBI determina o desenvolvimento de práticas e
políticas que assegurem aos estudantes do ensino superior as condições de partici-
par ativamente do processo acadêmico. Também vemos que garantir igualdade de
oportunidades para aprendizagem e desenvolvimento intelectual é uma das diversas
atribuições do ensino superior, pois, assim como na educação básica, não basta
promover a inserção do estudante nas instituições educacionais. É necessário criar
estratégias para que eles possam permanecer e participar plenamente das atividades
acadêmicas, não somente naquelas realizadas dentro da sala de aula, como também
nos diferentes espaços universitários.
Outro marco importante para a educação das pessoas com deficiência foi a inclu-
são desse público na política de ação afirmativa para ingresso nas universidades e
institutos federais, a qual era foi definida pela Lei nº 12.7711/2012. A partir da Lei nº
13.409/2016, a redação da Lei de cotas de 2012 ficou:
cursos das áreas da saúde, exatas e biológica, pois não contaram durante a formação
com disciplinas a respeito do ensino para estudantes com deficiência.
Esses docentes, quando se deparam com essa nova realidade, não encontram em
suas bagagens acadêmicas quaisquer informações que lhes permitam dar o primeiro
passo. Alguns ignoram esse desafio, atribuindo a responsabilidade da formação do
estudante aos os núcleos/setores de acessibilidade; enquanto outros docentes bus-
cam encontrar estratégias que favoreçam a aprendizagem de todos os estudantes,
seja com ou sem deficiência.
Outro questionamento importante dos professores refere-se ao direito e ao suporte
que a universidade dá aos alunos. Vejamos, a seguir, quais os principais apoios que
estudantes e docentes têm garantidos por lei, tanto em instituições de ensino públicas
quanto particulares.
Assim, vemos que os direitos assegurados aos estudantes com deficiência da edu-
cação básica também contemplam aos estudantes do ensino superior. O que muda, em
CONCLUSÃO
Prezado/a cursista,
ELEMENTOS COMPLEMENTARES
LIVRO
Fonte: https://cutt.ly/dftnbu2
LIVRO
Fonte: https://cutt.ly/CftnUCc
FILME
Título: Colegas
Ano: 2013
Sinopse: O longa “Colegas” é uma comédia divertida que
narra a história de três jovens adultos com síndrome
de Down. Os personagens Stalone (Ariel Goldenberg),
Aninha (Rita Pokk) e Márcio (Breno Viola) iniciam uma
grande aventura com objetivo de realizar alguns sonhos.
O filme é uma oportunidade para conhecemos a perso-
nalidade e a sensibilidade das pessoas com deficiência.
Fonte: https://cutt.ly/YftnTYX
FILME
Título: Intocáveis
Ano: 2011
Sinopse: Baseado no livro autobibliográfico A Second
Wind: A Memoir de Philippe Pozzo di Borgo, o drama “Into-
cáveis” narra fatos reais vivenciados por Philippe (Fran-
çois Cluzet). Philippe é um milionário aristocrata francês
que contrata Driss (Omar Sy) um senegalês morador da
periferia de Paris para ser seu acompanhante. Mesmo
percebendo a falta de preparo de seu enfermeiro, Phili-
ppe permanece com o profissional, estabelecendo uma
relação de amizade que marca a vida dos dois.
Fonte: https://cutt.ly/dftnW7I
FILME
Título: Inclusão
Ano: 2010
Sinopse: O curta Inclusão, de duração de
05min53s, produzido pelo desenhista indus-
trial Rogério Weikersheimer, em 2010, é
fruto de seu trabalho final do curso de Curta
Metragem de Animação - Voyage - realizado
pela então Escola Melies - Escola de Cinema,
3D e Animação.
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=RC8WyoltPNM&t=25s
Ao representar a procura da bola por um
grupo que a aceitasse, isto é, que a aceitasse como pertencente a esse grupo, Weike-
rsheimer apresentou nossa constante busca pela aceitação e pertencimento social,
além de como a diferença pode ser representada. Do mesmo modo, de forma clara e
objetiva, a personagem bola apresentou os obstáculos e a consequência (exclusão) de
grupos quanto a sua diferença.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=RC8WyoltPNM
WEB
Síndrome de Usher Brasil é um portal voltado para pessoas com Síndrome de Usher
e seus familiares, profissionais e amigos. O site conta com artigos, orientações, servi-
ços e auxílios técnicos sobre esta síndrome, a qual se é um dos principais geradores
da surdocegueira.
<https://www.sindromedeusherbrasil.com.br/>
WEB
WEB
WEB
Saiba mais sobre Transtornos do Espectro Autista acessando Autismo: Guia Prático,
de Ana Maria S. Ros de Mello.
http://www.autismo.org.br/site/images/Downloads/7guia%20pratico.pdf
WEB
Para saber mais sobre educação inclusiva acesse o texto Educação inclusiva na
educação infantil de Relma Urel Carbone Carneiro
https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/124965/ISSN1809-0249-2012-
08-12-81-95.pdf;sequence=1
REFERÊNCIAS
BATTISTEL, Amara Lúcia Holanda Tavares. Deficiência Física. In: SILUK, Ana
Cláudia Pavão. Atendimento Educacional Especializado: contribuições para
a prática pedagógica – Santa Maria: UFSM, 2014. p. 76-111
BRASÍLIA. Câmara dos Deputados. Projeto de Lei s/n de 2019. Institui o Dia
Nacional da Pessoa Surdocega, e dá outras providências. Disponível em:
https://tinyurl.com/y2f6gqsj. Acesso em: 07 jul. 2020. Texto Original.
GOMES, Adriana Leite Lima Verde; FIGUEIREDO, Jean-Robert Poulin, Rita Veira.
A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar: o Atendimento Edu-
cacional Especializado para alunos com deficiência intelectual / Adriana Leite
Lima Verde Gomes. - Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação
Especial; Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2010
NASCIMENTO, Fátima Ali Abdalah Abdel Cader; MAIA, Shirley Rodrigues. Edu-
cação infantil saberes e práticas da inclusão: dificuldades de comunicação
e sinalização; surdocegueira/múltipla deficiência sensorial. Brasília: MEC,
Secretaria de Educação Especial, 2006.
SÁ, Elizabet Dias. Cegueira e baixa visão. In: SILUK, Ana Cláudia Pavão. Aten-
dimento Educacional Especializado: contribuições para a prática pedagógica.
– Santa Maria: UFSM, 2014. p.204-235.