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Estado da população

 A composição por idade e sexo ocupa um lugar de destaque entre as


variáveis estatísticas que descrevem uma população.

 A inspecção da pirâmide etária de uma população permite analisar a sua


história demográfica, planificação em outras áreas como educação, mão-
de-obra, etc.. Por outro lado, é quase impossível fazer qualquer análise
demográfica mais aprofundada de uma população sem conhecer a sua
estrutura etária.

 Todas as técnicas de análise, como a obtenção de fecundidade,


mortalidade, a construção de tábuas de vida ou projecções de população ou
da força de trabalho, necessitam da variável idade.

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Estado da população
Mas nem sempre a idade das pessoas pode ser estabelecida facilmente.
Uma criança que faz o seu 3º aniversário amanhã, que idade tem hoje?
Na demografia costuma-se usar a idade em anos completos, de modo
que a resposta devia ser: 2 anos. Entretanto, na prática muitas vezes as
idades são arredondadas, e neste caso a resposta seria: 3 anos.
Existem culturas onde as regras de contagem são diferentes. Por
exemplo, na tradição chinesa, o critério é o número de anos do
calendário, incluindo o ano actual, sobre o qual a vida da pessoa se
estende. Portanto, atribui-se a idade de 1 ano aos recém-nascidos e
aumenta-se estas idades não no aniversário da criança, mas no dia do
ano novo chinês. Assim, uma criança nascida poucos dias antes do ano
novo chinês logo terá a idade de 2 anos.

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Estado da população
Outra questão é que em muitas culturas tribais de África ou nas áreas
indígenas da América Latina, o conceito idade não tem um conteúdo
claramente definido.

Um método às vezes utilizado é a estimação da idade das pessoas pelo


entrevistador, baseado na sua aparência física. Mas estas estimativas
são grosseiras e também podem ser muito enganadoras se forem
posteriormente usadas para analisar das mesmas características da
população com a idade.

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Estado da população
Um dos recursos utilizados é o chamado “Calendário Histórico”, um
roteiro dos eventos importantes mais prováveis de serem lembrados pela
comunidade e que podem servir para classificar os eventos demográficos
relevantes como tendo acontecido antes ou depois de um determinado item
no calendário.
Embora o método do “calendário histórico” tenha sido utilizado com
sucesso em diversas partes do mundo, o principal problema da sua aplicação
é a dificuldade de se encontrar uma série de eventos históricos com
relevância para serem lembrados em todo o território nacional. Um outro
problema é que os entrevistadores precisam ser muito bem treinados e
motivados para aplicar o método correctamente, pois caso contrário a
tendência natural é adivinhar as idades e posteriormente encaixar os eventos
correspondentes no calendário.

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Apresentação da População por idade e sexo
Na demografia é habitual utilizar grupos etários quinquenais ou
decenais (de 5 ou 10 em 10 anos). Certos grupos, como os menores de
5 anos, são particularmente significativos pelas elevadas taxas que os
afectam, e pelas dificuldades e erros na recolha de informação. Por
isso pode-se subdividir o quinquénio 0-4 em grupos anuais (0, 1, 2, 3 e
4) ou um grupo de 0 anos e um de 1-4 anos. Para análises específicas
podem se usar outras divisões, por exemplo nas estatísticas
educacionais, é comum fazer a divisão 0-4, 5, 6, 7, ..., 14, 15-19, e 20
+.
O uso de grupos quinquenais diminui o grau de detalhe da
informação, preservando os aspectos relevantes da distribuição etária.
Outra vantagem é que esta apresentação dos dados é menos sujeita a
erros de declaração de idade.
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Pirâmide etária
Por isso recorre-se a uma representação gráfica ou a números índices.
O formato gráfico normal para apresentar uma população por idade e
sexo é a chamada Pirâmide Etária, que é um diagrama constituído por
rectângulos sobrepostos ao longo de uma escala vertical, cuja
espessura representa a amplitude da faixa etária e cuja área indica a
população correspondente por sexo e idade.
Normalmente as faixas etárias são de cinco em cinco anos, podendo
variar dependendo da disponibilidade.

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Pirâmide etária de Moçambique, 2007

80 e mai s
H ome ns
M ul he r e s
70 a 74

60 a 64

50 a 54

40 a 44

30 a 34

20 a 24

10 a 14

0a4

10 5 0 5 10

Percentagem

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Pirâmide etária
Os dados do sexo masculino são postos do lado esquerdo e do sexo
feminino do lado direito.

A escala horizontal pode ser dada em termos de números absolutos ou em


percentuais.

Se a escala é dada em percentagem é necessário indicar se estes percentuais


foram calculadas em relação à população total ou em relação a cada um dos
sexos. Quando se calculam os percentuais em relação a cada um dos sexos,
perde-se a comparabilidade entre os sexos.

Para evitar problemas de comparabilidade entre diferentes pirâmides


recomenda-se que o comprimento da maior faixa de idade e sexo seja de
aproximadamente 3/4 da altura.
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Pirâmide etária
Em resumo são os seguintes os cuidados na construção da Pirâmide
Etária:
 A relação entre o comprimento da maior faixa de idade e sexo e a altura da
pirâmide deve ser aproximadamente de 3/4;
 Agrupar as idade em grupos etários (quinquenais ou decenais);
 Os dados devem ser apresentados em forma percentual, em relação ao total da
população, de modo a permitir a comparação entre sexos;
 Deve ter escala da representação dos rectângulos;
 Do lado esquerdo colocam-se os homens e do lado direito as mulheres;
 O grupo terminal é aberto e os efectivos de 85+ devem ser divididos pelos
restantes grupos etários e distribuídos pela área correspondente.
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Indicadores da estrutura por idade e sexo

Outros indicados para analisar a estrutura por idade e sexo da


população:
 I) Índice de Masculinidade ou Razão de sexo: expressa o nº de homens
presentes por cada 100 mulheres e pode referir-se tanto à população como um
todo (razão agregada) ou quanto a uma determinada faixa etária (razão
específica).

População Masculina
 RS = ------------------------------- x 100
População Feminina
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Indicadores da estrutura por idade e sexo
ii) Idade Mediana: é aquela idade que divide a população em duas partes
iguais, uma com idade inferiores e outra com idades superiores à mediana.
 IMed = Li + [I x (N/2 - Fant)]
f
 Onde:
IMed - idade mediana
Li - limite inferior do grupo etário que contém a idade mediana
I - amplitude do grupo de idade (= 5)
N/2 – Metade da população (50%)
Fant - frequência acumulada até ao grupo etário anterior ao que contém a
idade mediana
f - frequência simples do grupo etário que contém a idade mediana

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Indicadores da estrutura etária

Pop. 60 +
 iii) Índice de Vitalidade; Iv = ------------------ x 100
Pop(0-14)

Pop(0-14)
 iv) Razão de Dependência para Jovens; Rdj = ------------------ x 100
Pop(15-59)

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Indicadores da estrutura etária

Pop. 60 +
 v) Razão de Dependência para Velhos; Rdv = ----------------- x 100
Pop(15-59)

Pop(0-14) + Pop. 60 +
 vi) Razão de Dependência Total; Rd = --------------------------- x 100
Pop(15-59)

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Indicadores da estrutura etária
Pop(0-14)
 vii) Índice de Juventude; (Ij) = -------------- x 100
Pop total

Pop. 60 +
 viii) Índice de envelhecimento; (Ie)= -------------- x 100
Pop total

Pop(15-59)
 ix) Percentagem da População activa = ----------------- x 100
Pop total

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Pirâmide etária
A estrutura etária de uma população é o resultado dos processos de
mortalidade, fecundidade e migração que formaram esta população no
passado. Mediante séries de pirâmides escalonadas sucessivamente no
percurso do tempo, é possível reconstituir a evolução de cada geração
à medida que ela nasce e vai envelhecendo.
De forma global de uma pirâmide etária e o grau de envelhecimento
da população são muito menos afectadas pela mortalidade do que pela
fecundidade.
Dependendo do comportamento da fecundidade, surgem vários tipos
de pirâmides etárias:

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Pirâmide Jovem

Geralmente caracteriza populações dos países subdesenvolvidos, com


uma fecundidade elevada. Tem uma base larga, devido ao grande nº de
crianças, e o vértice pontiagudo, por causa do pequeno nº de velhos.
Contrariamente ao que se afirma frequentemente, esta característica
não se deve ao facto de que poucas pessoas sobrevivem até à velhice,
mas porque a geração da qual os idosos fazem parte nasceu numa
época em que a população era muito menor do que a actual, o nº de
nascimentos também era menor em relação ao actual.

A idade mediana é baixa devido ao grande número de crianças.


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Pirâmide velha

Este tipo de pirâmide caracteriza alguns dos países desenvolvidos,


onde a fecundidade há muito tempo é baixa, como a Suíça. A base é
proporcionalmente pequena, com poucas crianças menores de 1 ano
(ou 0-4 anos), devido à baixa natalidade. O vértice é convexo e
relativamente largo, devido ao grande nº de pessoas em idades
avançadas. Os flancos são quase verticais até à idade de 50 ou 60 anos.
A idade mediana é alta.

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Pirâmide Regressiva

Tem um vértice pontiagudo, a sua base é estreita e tem grande volume


de pessoas nas idades intermédias. É observado em países que estão
num processo de rápida transição de uma fecundidade elevada para
uma fecundidade bastante baixa, com uma redução do nº absoluto de
nascimentos.
Além destes tipos, encontram-se diversas outras variantes, como por
exemplo, a Pirâmide de Rejuvenescimento, que é uma pirâmide velha
na qual se operou uma inversão da tendência de natalidade, traduzida
numa base larga enquanto que o resto da pirâmide continua velha.

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Distribuição Geográfica da população
Um aspecto importante em estudos da população é determinar as áreas
espaciais onde a população se localiza. Esta distribuição espacial da
população é de extrema importância para a planificação da saúde pública
(demanda dos serviços de saúde) e para outros serviços públicos.

Densidade

 A densidade populacional é a relação entre o tamanho da população (nº de


pessoas) e a superfície por ela ocupada. Habitualmente calcula-se a
densidade por grandes áreas administrativas (províncias). Mas é também
necessário conhecer a densidade a outros níveis geográficos, como distritos,
postos administrativos, localidades, etc., porque dentro de cada área a
distribuição da população é sempre desigual.
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Densidade populacional

Nº de pessoas
Densidade populacional = ---------------------
Área

Expressa-se em Habitantes/Km2

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População Rural e Urbana
Não existem critérios universais rígidos que permitam definir o que se
considera população rural e urbana. Os conceitos variam de país para país, e
até dentro do mesmo país podem variar de época para época, de acordo com
o desenvolvimento socioeconómico.

Os critérios para a definição de urbano e rural são:


 a) Organização Administrativa, segundo o qual será urbana toda a população que
vive em aglomerações populacionais com determinada categoria administrativa, que
têm alguma forma de poder local (ex: as capitais de províncias).

 b) Número de Habitantes: considera urbana a população que reside em


centros populacionais cuja população excede um determinado número de
habitantes, ou as vezes uma densidade mínima (ex: acima de 100.000
habitantes).
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Os critérios para a definição de urbano e rural

 c) Função Económica: qualifica como população urbana aquela que reside


numa aglomeração onde maior parte da sua população economicamente activa
(PEA) dedica-se a actividades não agrícolas.
 d) Existência de Infraestruturas Socioeconómicas: uma aglomeração
classifica-se como urbana desde que possua determinadas características em
termos de infraestruturas como: serviços (saúde, educação, administração,
água, luz, etc.), comércio, transportes, construção, etc.
 e) Papel Histórico, desempenhado pelo centro populacional e perspectivas de
desenvolvimento dos sectores secundário e terciário.

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As Mudanças na Composição da População e as
Implicações nos Cuidados de Saúde
A morbilidade e a mortalidade variam de acordo com as características
socioeconómicas, biológicas, culturais e religiosas, como: sexo, idade, etc.
Assim, sabe-se, por exemplo, que a mortalidade é menor entre os casados
que entre os solteiros. O nível de instrução afecta a saúde da pessoa e da sua
família: uma pessoa mais instruída conhece as vantagens da adopção de
hábitos de higiene e nutricionais.
O nível de rendimento económico determina o tipo de alimentação,
habitação, acesso aos serviços de saúde, etc,
Para um bom desempenho da sua actividade, o médico deve tomar em
consideração as características biológicas, sociais, económicas, culturais e
religiosas da população, porque estas afectam as condições da sua saúde.

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