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Gertrudes Alberto
Índice Gertrudes Alberto Pág
Universidade Save
Universidade Save
Maxixe
Maxixe
2022
2022
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INTRODUÇÃO......................................................................................................................3
2.1. Causas..............................................................................................................................8
2.3.Intervenção......................................................................................................................10
Conclusão..............................................................................................................................12
Referências Bibliográficas....................................................................................................13
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INTRODUÇÃO
Nos primeiros anos de escolarização, algumas crianças demonstram certa dificuldade motora
que as impede de realizar uma série de tarefas do dia-a-dia, por isso, são freqüentemente
chamadas de “descoordenadas” ou desajeitadas, o que muitas vezes leva à identificação das
crianças como portadoras do Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC). O TDC
é caracterizado por um desempenho motor abaixo do padrão normal quando comparado com
outras crianças da mesma idade e inteligência. O presente trabalho está organizado em duas
partes. A primeira representa o enquadramento teórico que baliza este estudo, fazendo
menção ao conceito de NEE, crianças com NEE e a escola inclusiva. Na segunda parte, faz-se
a descrição das características de uma aluna com problemas de transtorno do desenvolvimento
da coordenação e às várias formas de intervenção e integração. E finalmente são enumeradas
as considerações finais e a bibliografia. Este trabalho foi elaborado e executado de acordo
com as normas do método de investigação qualitativa, pois, nas Ciências da Educação é
comum encontrarmos estudos de caso de natureza qualitativa.
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O conceito de NEE surge pela primeira vez, em 1978, com o relatório “Warnock”. Este
refere-se ao ensino ministrado em classes especiais ou unidades de ensino para crianças com
determinados tipos de deficiência, abarcando também a noção de qualquer forma adicional de
ajuda desde o nascimento até à maturidade para superar a dificuldade educacional, o que não
acontecia antes da implementação deste documento. Este relatório fica conhecido com o nome
de “Warnock” em reconhecimento a Helen Mary Warnock que presidiu uma investigação
durante quatro anos numa escola de educação especial inglesa. Esta investigadora estudou e
analisou grupos de crianças com deficiência e outras sem deficiência chegando à conclusão de
que para se ter dificuldades de aprendizagem não está implícito ser deficiente, pois as crianças
sem deficiência podem apresentar problemas e distúrbios na aprendizagem.
deficientes ou não. O relatório refere que a educação não começa na escola, mas sim logo que
a criança nasce, principalmente se esta é portadora de alguma deficiência.
A Declaração de Salamanca veio então alargar o termo NEE que constava no relatório
“Warnock Report”. A orientação do documento remete ao princípio da inclusão e ao
reconhecimento da necessidade de atuar com o objetivo de conseguir uma “Escola para
Todos”. As escolas têm de adaptar-se a todas as crianças independentemente, das suas
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condições físicas, sociais, linguísticas ou outras. Assim sendo, o conceito de NEE inclui
“crianças com deficiência ou sobredotados, crianças da rua ou crianças que trabalham,
crianças de populações remotas ou nómadas, crianças de minorias linguísticas, étnicas ou
culturais e crianças de áreas ou grupos desfavorecidos ou marginais.”(Declaração de
Salamanca, 1994, p.6)
O princípio em que se baseia a escola inclusiva é o de que todos os alunos devem aprender
juntos,“sempre que possível, independentemente das dificuldades e das diferenças que
apresentem.”(Declaração de Salamanca, 1994, p.11). As escolas inclusivas devem reconhecer
e responder às diversas necessidades dos seus alunos, adaptando-se aos diversos estilos e
ritmos de aprendizagem de modo a assegurar uma educação de qualidade, utilizando
currículos adequados, modificações organizacionais, estratégias pedagógicas, uso de recursos
e cooperação com a comunidade.
Tendo em conta os objetivos do presente trabalho, foi identificada uma criança com NEE
pertencente a uma turma da 1ª classe, da Escola Primária do 1º e 2º Graus de Nhamua, cidade
de Inhambane. A seguir será apresentada a caracterização da aluna para permitir estabelecer
quais as necessidades educativas da aluna.
Trata-se de uma criança dos seus 6 anos de idade, residente no bairro Nhamua. Ela vive com
o pai e a madrasta e uma irmã mais nova. No entanto, a mãe biológica separou-se com o pai
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há alguns anos atrás. A aluna manteve durante o 1º e 2º trimestre lectivo um ritmo de trabalho
lento, persistindo bastante lacunas ao nível de aprendizagem. De acordo com observações do
comportamento em sala de aulas desde o início do presente ano lectivo, pode-se fazer uma
avaliação de algumas potencialidades e dificuldades:
como a capacidade de exercer controle sobre múltiplas relações que se estabelecem entre os
elementos que compõem o sistema motor.
O TDC foi incluído no Manual de Diagnóstico e Estatística de Distúrbios Mentais – DSM III
em 1987 e aprovado pela comunidade internacional em 1994, no acordo de consenso
realizado no Canadá. Anteriormente a este consenso, crianças diagnosticadas com TDC
recebiam inúmeras terminologias, como dispraxia do desenvolvimento, síndrome
psicomotora, síndrome da criança desajeitada e somatodispraxia, o que dificultava os estudos
do transtorno e a comunicação entre os profissionais de diversas áreas (OKUDA, 2015; JOIA,
2014).
2.1. Causas
A etiologia do TDC ainda é desconhecida, porém, pesquisas indicam evidência de causas
neurobiológicas, em que indivíduos com este transtorno apresentam disfunções ou alteração
de maturação nas áreas corticais relacionadas a aprendizagem, aspectos cognitivos e
automatização motoras; bem como mal funcionamento de áreas do cérebro responsáveis pelo
planejamento, sequencialização da ação motora e preparação do movimento (BHOYROO et
al., 2018; OKUDA, 2015).
Conforme afirmam pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais, o TDC não está
relacionado à falta de prática ou experiência em atividades que envolvam coordenação
motora, porém pode estar coligado à prematuridade (IDEIA, 2019). Muitos pesquisadores
oriundos de um amplo espectro de campos de conhecimento e atuação profissional,
abrangendo desde a Educação Física até a Medicina e a Psicologia, têm destacado e
investigado problemas motores em crianças. Muitas discussões foram levadas a cabo para
perceber as origens ou causas das dificuldades motoras que algumas crianças enfrentam no
contexto escolar.
Esse problema é reconhecido na bibliografia médica e está classificado nos seus dois
principais sistemas de referência. A versão do DSM V apresenta os seguintes critérios
diagnósticos para o TDC (APA, 2014, p. 74):
Após a identificação do TDC, o terapeuta ocupacional, deve avaliar quais áreas de ocupação
estão mais comprometidas, a fim de propor a intervenção mais adequada. As intervenções
direcionadas as crianças e adolescentes com TDC, devem favorecer o desenvolvimento físico,
mental e social, uma vez que, as mesmas podem apresentar além de baixo desempenho motor,
níveis menores de auto competência, autoestima e realização em atividades acadêmicas
(FERREIRA et al., 2019; OKUDA, 2015).
tem dificuldade para fazer atividades que requerem o uso coordenado dos dois lados
do corpo (ex.: recortar com tesoura, escrever, cortar, comer usando garfo e faca,
agarrar bola e andar de bicicleta);
mais lenta nas atividades escolares que exigem desempenho motor, como copiar do
quadro, usar régua, fazer o dever de casa;
2.3. Intervenção
A literatura aponta que as abordagens interventivas podem ser variadas, e voltadas tanto para
o processo, estimulação do Sistema Nervoso Central, como para o produto, habilidade que
precisa ser aprendida/treinada. Conforme Monteiro afirma (2013), as abordagens de processo
relacionam-se à ideia “de que os problemas motores são ocasionados por déficits na
integridade do sistema nervoso central” (p.11), como por exemplo, a Abordagem de
Integração Sensorial, o Tratamento Orientado para o processo e o Treino Percepto- Motor; já
as abordagens de produto estão baseadas “na ciência do movimento humano e enfatizam o
uso de estratégias de resolução de problemas para aquisição de habilidades funcionais” (p.11),
como por exemplo, a Abordagem Motora Cognitiva e Intervenção Específica para Tarefa.
Para a aquisição do grafismo (escrita) são necessários “movimentos de alto grau de destreza
motora como movimentos de pinça tridigital, pinça polpa-polpa, oposição do polegar e
movimentação de punho, além de graduação de força e pressão dos objetos e sincronização
dos movimentos” (OKUDA et al., 2011, p. 882). Conforme os achados de Brina et al. (2018),
crianças e adolescentes com TDC e dificuldade de escrita não apresentaram baixo
desempenho relacionados a lentidão ou velocidade da escrita, mas na baixa legibilidade da
caligrafia. Soares e Marco (2014, p. 2004) ressaltam: a importância do desenvolvimento das
habilidades motoras e dos aspectos referentes à sua aplicação nas tarefas escolares, visto que
deficiências em determinados campos do desenvolvimento podem gerar atrasos e influenciar
no avanço em tarefas de outras áreas relacionadas à aprendizagem em geral. O
acompanhamento da aptidão motora de escolares constitui atitude preventiva de
comprometimento ou agravos que se estenderão para vida adulta e outros contextos da vida
diária (domicilio e brincadeiras) (SILVA; BELTRAME, 2013; ROSA NETO et al., 2013;
ROSA NETO et al., 2010; TONIOLLO; CAPELLINI, 2010).
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Conclusão
Talvez pode-se concluir que a dificuldade/necessidade educacional revelada pela aluna possa
ser, se não totalmente superada, pelo menos atenuada ao longo prazo. O sucesso desta criança
só será possível caso continue a beneficiar de apoio pedagógico individualizado. Assim, a
identificação e a intervenção centrada nos alunos com Necessidades Educativas Especiais,
num contexto de educação inclusiva, não deve centralizar-se, exclusivamente na deficiência
do aluno. Para que haja inclusão dos alunos com Necessidades Educativas Especiais, a escola
tem de encontrar respostas concretas e precisas para estes alunos, independentemente, das
suas potencialidades e competências que possam vir a ser desenvolvidas. É importante realçar
o papel dos pais, familiares e educadores, que despendem todos os dias de tempo, dedicação,
carinho, amor e afeto para que as crianças com NEE aprendam, evoluam e se sintam
integradas na escola e na sociedade em geral.
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Referências Bibliográficas
CORREIA, Luís de Miranda, Alunos com Necessidades Educativas Especiais nas Classes
Regulares, Porto, Porto Editora, 2003.
SANCHÉZ. A Educação Inclusiva: Um meio de construir escolas para todos no século XXI.
CAPELLINI, S. A.; COPPEDE, A. C.; VALLE, T. R. Função motora fina de escolares com
dislexia, distúrbio e dificuldades de aprendizagem. Pró-Fono R. Atual. Cient., Barueri, v. 22,
n. 3, p. 201-208, set. 2010.