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2º ANO
CÓDIGO
CRÉDITOS (SNATCA) 6
NÚMERO DE TEMAS 9
i
UnISCED CURSO: LICENCIATURA EM ENSINO DE PORTUGUÊS; 2º Ano Módulo: Fonética e Fonologia do
Português
ii
UnISCED CURSO: LICENCIATURA EM ENSINO DE PORTUGUÊS; 2º Ano Módulo: Fonética e Fonologia do
Português
Agradecimentos
A Universidade aberta ISCED (UnISCED) e a autora do presente manual agradecem a
colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual:
Revisão Científica e
Linguística 2018
Ano de Publicação 2022
Ultima revisão UnISCED – BEIRA
Local de Publicação
iii
UnISCED CURSO: LICENCIATURA EM ENSINO DE PORTUGUÊS; 2º Ano Módulo: Fonética e Fonologia do
Português
Índice
Visão geral…………………………………………………………………………………………………………………………….7
Benvindo ao Módulo de Fonética e Fonologia do Português…………………………………………………7
Objectivos do Módulo……………………………………………………………………………………………………………7
Quem deveria estudar este módulo?.........................................................................................7
Como está estruturado este módulo?.......................................................................................8
Ícones de actividade………………………………………………………………………………………………………………9
Habilidades de estudo…………………………………………………………………………………………………………..9
Precisa de apoio?.....................................................................................................................11
Tarefas (avaliação e auto-avaliação)……………………………………………………………………………………11
Avaliação…………………………………………………………………………………………………………………………….12
Introdução,Objectivos específicos……………………………………………………………………………………….32
iv
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Português
v
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Português
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Português
Visão geral
Objectivos do Módulo
▪ Um índice completo.
Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo, resumindo os
aspectos-chave que você precisa conhecer para melhor estudar.
Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção ção antes
de começar o seu estudo, como componente de habilidades de estudos.
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Português
Este módulo está estruturado em temas. Cada tema, por sua vez
comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente
unidades, cada unidade temática se caracteriza por conter uma
introdução, objectivos, conteúdos.
No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são
incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação, só
depois é que aparecem os exercícios de avaliação.
Os exercícios de avaliação têm as seguintes características: puros
exercícios teóricos/práticos e actividades práticas.
Outros recursos
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Português
Comentários e sugestões
Ícones de actividade
Habilidades de estudo
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Português
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Português
Precisa de apoio?
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão,
o material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas
dúvidas como falta de clareza, alguns erros de concordância,
prováveis erros ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade,
página trocada ou invertidas, etc.). Nestes casos, contacte os
serviços de atendimento e apoio ao estudante do seu Centro de
Recursos (CR), via telefone, sms, E-mail, se tiver tempo, escreva
mesmo uma carta participando a preocupação.
Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes
(Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua
aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da
comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC
se torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor,
estudante – CR, etc.
As sessões presenciais são um momento em que você caro
estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff
do seu CR, com tutores ou com parte da equipa central da
UnISCED indigetada para acompanhar as sua sessões presenciais.
Neste período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de
natureza pedagógica e/ou administrativa.
O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de
30% do tempo de estudos a distância, é muita importância, na
medida em que permite lhe situar, em termos do grau de
aprendizagem com relação aos outros colegas. Desta maneira
ficará a saber se precisa de apoio ou precisa de apoiar aos
colegas. Desenvolver hábito de debater assuntos relacionados
com os conteúdos programáticos, constantes nos diferentes
temas e unidade temática, no módulo.
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Avaliação
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Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade intelectual de outras pessoas,
sem prévia autorização.
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Introdução
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Português
Observou – se também neste século, o estudo dos factos empíricos como a força expiratória,
a colocação dos órgãos do aparelho fonador/características acústicas das ondas sonoras
através de uso de instrumentos que se foram sofisticando.
Sumário
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Português
1. O que é Panini?
2. Por que razão no texto não se fala da idade média?
3. Defina fonética.
4. Em que ano/século a fonética obteve estatuto científico?
5. Mencione as vertentes da fonética?
6. Escolha uma das vertentes da fonética e fale acerca dela.
Respostas:
TO – AV Exercícios de AVALIAÇÃO
Questões de reflexão
1. O que é Panini?
2. Por que razão no texto não se fala da idade média?
3. Defina fonética.
4. Mencione as vertentes da fonética?
5. Escolha uma das vertentes da fonética e fale acerca dela.
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Introdução
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Fonte:https://www.google.com/search?q=Imagens+do+aparelhor+fonador&t
bm=isch&source.
c) Supraglotais; que representam todos órgãos que estão acima da glote, casos
de órgãos faringe (cavidade faríngea), o tracto oral (cavidade oral) e o tracto
nasal (cavidade nasal). A ressonância, essencial na produção dos sons, depende
das cavidades supraglotais, onde se situam os articuladores ou órgãos do
aparelho fonador.
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✓ Respiração
✓ Fonação
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Fonte: https://www.google.com/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images
Fonte: https://www.google.com/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images
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✓ Articulação
Fonte: https://www.google.com/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images
É na
21 região de
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Português
tracto oral que ocorrem movimentos articulatórios mais cruciais que são descritos a
seguir.
• Palato duro – é azona superior do tracto vocal, rija que se localiza depois dos
alvéolos dentários superiores. O palato duro, também é conhecido por céu da boca;
• Palato mole, véu palatino – localiza – se na zona superior do tracto vocal, atrás
do palato duro.
- Coroa – que é a zona frontal da língua, formada por ponta ou ápex – ponta da
coroa; lâmina – que é a zona achatada imediatamente a seguir à ponta.
- Dorso – que é a parte mais extensa da língua, situada entre a lâmina e a raiz.
- Raiz- que é a parte da língua situada na zona posterior do tracto vocal, junto à
faringe.
Sumário
Ainda nesta unidade temática, viu - se figuras que ilustram o aparelho fonador,
bem como a laringe e as cordas vocais em estados de adbução e adução.
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Português
Questoes de reflexão
1.O que é aparelho fonador humano?
2.Mencione pelo menos uma função do aparelho fonador.
3.Em que zona/lugar do aparelho fonador se situam as cordas vocais?
4. Diga as três cavidades inerentes ao aparelho fonador humano.
5. Mencione pelo menos cinco órgãos do aparelho fonador humano.
6. Quando é que uma corrente de ar é considerada egressiva?
Acrónimo:
A. IPA, do Inglês.
B. IPA, do Espanhol.
C. IPA, do Francês.
D. IPA, do Japonês.
10. A nasalização não acontece quando um determinado som oral passa a ser nasal por
influência de um som nasal seu vizinho, enquanto que a desnasalização acontece
quando um som nasal vocálico perde a sua nasalidade. Ex:. de nasalização “lana > lãa
> lã”. Ex:. de desnasalização “bona > bõa > boa”.
RESPOSTAS
1- A
2–A
3–D
4–C
5–A
6 – Falso
7 – Verdade
8 – Verdade
9 – Verdadeiro
10 – Falso
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Português
Introdução
O AFI constitui até hoje uma ferramenta básica para qualquer estudo dos sons
da linguagem, quer como sistema de notação propriamente dito, quer como
sistema de referência.
O silêncio na transcrição fonética pode ser representado por uma barra oblíqua
(/), se for curto, ou por duas barras (//) se for longo.
[bɐ'nɐnɐ]
['patu]
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Neste módulo vai – se usar o acento, antes da sílaba onde predomina a vogal acentuada, tal
como o fazem Faria et al (1996).
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Tipos de Frase
representação
Ortografia As alunas de ginástica apanharam as bolas
Transcrição fonética [ɐʃ ɐ'lunɐʃ dɨ ʒi'naʃtikɐ ɐpɐ'ɲarɐ̃w̃ ɐʃ 'bᴐlɐʃ]
larga
Transcrição fonética [ɐzɐ'lunɐʒdʒi'naʃtikɐpɐ'ɲarɐ̃w̃ɐʒ'bɔlɐʃ]
estreita ou fina
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Grafemas compostos
< á, à, Á, À > [a] Armário, à
< é, É > [ɛ] Café
< í, Í > [i] Saída
< ó, Ó > [ɔ] Órbita
< ú, Ú > [u] Saúde
< â, Â > [ ɐ] Âmago
< ê, Ê > [e] Inglês
< ô, Ô > [ o] Bisavô
< ç, Ç > [ s] Palhaço
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Dígrafos
< ch, Ch, CH > [ ʃ ] Chapéu
< lh, LH> [ʎ] Gargalhada
< nh, NH> [ɲ] Galinha
< qu, Qu, QU> [ k] Quintal
< rr, RR> [R] Garrafa
< ss, SS> [s] Assador
Sumário
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Exercícios de AVALIAÇÃO
Questões de reflexão
1. Em que ano foi produzido o AFI?
2. Mencione os tipos de transcrição fonética estudados.
3. Escreva o símbolo fonético correspondente a cada som inicial de cada palavra, em
função da sua produção no PE:
a)Selo; b) Raúl; c) Jardim; d) Hino; e) Canto; f) Chá
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4.No português europeu, existem dois (2) tipos de transcrição fonética, a saber:
A. transcrição fonética larga e transcrição fonética rigorosa.
B. transcrição fonética básica e transcrição fonética estreita ou fina.
C. transcrição fonética larga e transcrição fonética estreita ou fina.
D. transcrição fonética rigorosa e transcrição fonética lenta.
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Perguntas de Verdaddeiro/Falso
RESPOSTAS
2 -C
3 -A
4 -D
5 -C
6 Falso
7 Falso
8 Falso
9 Verdade
10 Verdade
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Introdução
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Para além das vogais, esta língua dispõe ainda das semivogais [j] e [w]
que articulatoriamente se assemelham às vogais [ i] e [u].
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Modo Oclusiva
Oral Nasal Fricativa Lateral Vibrante
Ponto e voz.
Vozeada b m
Bilabial Não - p
vozeadaNão –
vozeada
Vozeada v
Labiodental Não – vozeada f
Vozeada d z
Dental Não – vozeada t s
Vozeada n l R
Alveolar Não – vozeada
Vozeada ɲ Ʒ ʎ
Palatal Não – vozeada ʃ
Vozeada g
Velar Não – vozeada k
Uvular Vozeada R
Não –vozeada
Sumário
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
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4. Segundo parâmetros de classificação das consoantes, diferencie o som [f] do som [v]
5. Por que razão a vogal [o] é classificada como arredondada?
Exercícios de AVALIAÇÃO
Questões de reflexão
1. Classifique os sons seguintes:
a) [k]; b) [z]; c) [s]; d) [b]
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Português
RESPOSTAS
1–B
2–A
3–B
4 – Verdade
5 -Falso
6 – Verdade
7 – Verdade
8 -Verdade
9 - Verdade
10 - Falso
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Português
Introdução
MATEUS, FALÉ E FREITAS (2005: 30) definem a fonologia como sendo uma das áreas da
gramática que tem correspondência no saber intuitivo e mental que os falantes possuem da
sua língua.
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Português
Surge em 1968 a obra de Chomsky e Halle (The Sound Pattern of English) “ Sons
Padrão do Inglês - SPE” que constituiu modelo para a elaboração de numerosos
trabalhos que fazem parte da teoria generativa. Esta orientação chama – se
fonologia generativa clássica/standard.
(a) As aplicações desta vertente da fonologia nas línguas particulares não têm
como objectivo discutir quais os elementos/segmentos que fazem parte do
sistema fonológico de uma língua, uma vez que as vogais, semivogais e
consoantes podem ser determinadas por métodos estruturalistas;
(b) Considerava a formulação das regras como objectivo central da análise e o som
como domínio próprio de aplicação destas regras;
(c) Não tratava sobre aspectos prosódicos: tom, acento, duração e constituintes
mais vastos como a sílaba.
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Português
- Fonologia lexical, que propõe a integração dos processos fonológicos num modelo
da gramática;
(a) Acento;
(c) Nasalização
Os processos acima envolvem mais que um segmento, e não podiam ser explicados
no modelo da teoria generativa clássica porque esta tinha um modelo linear cujo
domínio era o segmento. Em contraposição a fonologia autossegmental é uma
teoria multilinear cujos domínios de aplicação se encontram distribuídos em vários
níveis autónomos.
Ex: acento, sílaba, segmento e os traços, estes podem englobar mais do que um segmento.
Acento – as formas verbais casa e casar. O acento de palavra faz com que toda a sílaba se
torne proeminente, simultaneamente, o facto de uma sílaba ser acentuada, reflecte nas
sílabas não acentuadas. E a mesma vogal pronuncia – se de modo distinto quando está em
sílaba acentuada casa [a] ou em sílaba não acentuada casar [ɐ].
Harmonização vocálica – durmo e dormir. O som [u] que ocorre na raíz de durmo resulta da
influência da vogal [i] do infinitivo.
Nasalização – irmão e irmanar. A expansão de um traço nasal sobre uma vogal, é o que
acontece na vogal e semivogal da 1ª palavra, enquanto na 2ª palavra a nasalidade incide sobre
a consoante nasal [n].
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Português
(acentuada e não acentuada) e dos segmentos (altos e baixos) traços prosódicos (tom,
acento, duração).
Geometria de traços - Tem a ver com a actuação conjunta de certos traços fonológicos no
funcionamento de processos fonológicos como a assimilação entre segmentos ou
modificações de altura das vogais.
Figuras de destaque: Clements (1985) apresenta uma proposta inicial sobre este modelo de
fonologia pós – SPE.
(ii) Os ovos
Figuras de destaque: Liberman e Prince (1977) produziram a primeira obra em que abordava
sobre a acentuação de palavra em fonologia métrica.
Quando alguém fala, produz um contínuo sonoro cuja interpretação não pode ser feita pelo
ouvinte sem o conhecimento da língua utilizada. Por isso, um falante de uma dada língua, não
é capaz de distinguir a sucessão de sons que formam uma palavra em língua que desconhece.
Esse contínuo sonoro possui determinadas propriedades que são estudadas na fonética e que
estão presentes em todas as línguas do mundo. O estudo dessas propriedades não explica, no
entanto, como se pode reconhecer o funcionamento dos sons de uma língua particular, que
sequências constituem palavras, que propriedades fonéticas são usadas com valor
informativo.
Parafraseando MATEUS (1996: 171) o estudo da fonologia corresponde concretamente a este
desafio, como é que um falante-ouvinte consegue reconhecer, uma infinitude de sons
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Português
Francês Português
i y u i ə u
e ø o e o
Ɛ œ ɔ Ɛ ɐ ɔ
a a
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Português
As representações dos fonemas são os fones, que são representados entre parênteses rectos,
[ ].
Nas palavras calo e caldo que se pronunciam ['kalu] e ['kaƚdu], observa - se duas pronúncias
do /l/. Porém, essas duas pronúncias não correspondem a dois fonemas distintos porque
nunca podemos opor esses dois sons num par mínimo. Na realidade, os sons correspondentes
ao /l/ em início de palavra ou entre vogais (['kalu]) - ou seja, no início da sílaba - e em fim de
palavra ou antes de uma consoante (['kaƚdu]) - ou seja, no fim da sílaba - são dois fones do
mesmo fonema, dois alofones que se denominam variantes contextuais. Neste caso, as
variantes dependem da posição do fonema na palavra; como os dois sons nunca ocorrem na
mesma posição - estão distribuídos em diferentes contextos - diz-se que se encontram em
distribuição complementar.
Existem
47
ainda
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Português
Consoantes iniciais
Consoantes finais
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Português
A pronúncia de /s/ em posição final merece uma referência especial: se a palavra anteceder uma
pausa, o fonema realiza-se como [ʃ]; se for seguida de outra palavra, a sua realização será [z] se
anteceder uma vogal. Exemplo: más aves [máz áveʃ] e /ӡ/ ou [ʃ] conforme a consoante que se
seguir for sonora ou não sonora. Exemplo: más bolas ['maӡ 'bɔlaʃ] más passas ['maʃ 'pasaʃ]).
Vogais orais
As vogais acima indicadas são orais e todas são acentuadas ou tónicas. O Português europeu
possui ainda uma outra vogal que só ocorre como não acentuada: a vogal [i] que se pode
identificar no par mínimo pelar [pi'lar] / pular [pu'lar]. Adiante que esta vogal está em
distribuição complementar com as vogais /e/ e /Ɛ/ acentuadas (['pƐlu] / ['pelu] / [pə'lar]). O [i]
é portanto um alofone dos fonemas /e/ e /Ɛ/.
Vogais nasais
Para exemplificar melhor como os fonemas podem apresentar variantes no português europeu
e brasileiro, nos casos abaixo estão presentes as representações fonéticas da mesma frase nas
variedades de Lisboa (adiante PE) e do Rio de Janeiro (adiante PB), com distinção de registos
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Português
(pausado e rápido):
"A Maria faltou ao teste de psicologia"
(1) [ɐ mɐ'riɐ faƚto aw 'tɛʃtɨ dɨ psikulu'ӡiɐ] (pausado PE)
(2) [ɐ mɐ'riɐ faƚ'to aw 'tɛʃt d psikulu'ӡiɐ] (rápido PE)
(3) [ɐ mɐ'riɐ faw'tow aw 'tɛʃtʃi dӡi pisikolo'ӡiɐ] (pausado PB)
(4) [ɐ mɐ'riɐ fawtó aw 'tɛʃtʃi dӡi pisikolo'ӡiɐ] (rápido PB).
A seguir analisam – se pormenorizadamente as diferenças:
Vogais
a) A vogal átona [ɨ] só ocorre no registo pausado e silabado de PE (cf. (1)); a mesma
vogal é suprimida no registo rápido (cf. (2)) e ocorre como [i] no PB (cf. (3) e (4));
b) A vogal correspondente à grafia <o>, quando átona, manifesta-se como [u] em
PE (cf. (1) e (2)) e como [o] no PB (cf. (3) e (4));
c) a vogal ortografada a quando átona apresenta-se como [å] em PE e como [a]
em PB, excepto em posição final;
d) o ditongo [ow] reduz-se à vogal [o] em PE e no registo rápido de PB (cf. (1),
(2) e (4)), e apenas se manifesta na pronúncia pausada de PB (cf. (3));
Consoantes
e) A consoante correspondente à grafia <l> na palavra faltou é velarizada, [ƚ], em PE (cf. (1) e
(2)), e semivogal [w] em PB (cf. (3) e (4));
f) As consoantes [t] e [d] seguidas de [i] tornam-se respectivamente [tʃi] e [dӡi] em PB (cf. (4));
g) O grupo de consoantes [ps] que não constitui em português um 'grupo próprio'
(denominação tradicional atribuída a outros grupos como [br], consoante oclusiva seguida
de líquida), manifesta, em PB, a inserção de um [i] designado vogal epentética (cf. (3) e (4));
h) O <s> gráfico ocorre como [ʃ] antes de uma consoante não-sonora (e em final de palavra) em
PE e PB .
As constatações acima feitas merecem algumas considerações.
(a) As vogais átonas que distinguem as duas variedades da língua em português europeu ([ɨ] / [i],
[ɐ] /[i], [o], [a] no português brasileiro podem considerar-se alofones dos mesmos fonemas.
Contudo, esta simples verificação não nos permite explicar que se trata nos três casos de
processos relacionados que caracterizam as duas variedades. O mesmo sucede com sequência
[t] antes de [ɨ] (PE) e o seu alofone [tʃ] antes de [i] em (PB). Para os relacionarmos entre si
teríamos de partir de um único fonema, comum às duas variedades, e ver o que sucedeu nos
vários casos. O mesmo processo devia ser seguido para a explicação da supressão das vogais [ɨ]
e [u] átonas em PE e da inserção de [i] em [pisikoloӡía].
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Português
Finalmente, a diferença existente entre dois ou mais fonemas da língua pode desaparecer em
certos contextos, isto é, pode ser neutralizada. As palavras bola ['bola] e bula ['bulå]
distinguem-se pelos dois fonemas do português /o/e /u/. Em posição átona, contudo, esta
diferença neutraliza-se em português europeu e só encontramos [u] (bolinha / bulinha [bu'liɲɐ].
Quanto ao arquifonema é uma classe de fonemas que perderam a sua capacidade de distinguir
vocábulos.
Nas palavras mata e nata, as consoantes m e o n são fonemas porque distinguem vocábulos. O
fonema é uma classe de sons. Por exemplo, o <r> inicial de <rato> pode soar como um h
aspirado, como na palavra inglesa have (ter); pode soar como uma consoante gutural ou velar,
semelhante ao ruído que se faz quando se limpa a garganta para escarrar; pode soar com a
língua batendo nos alvéolos, como fazem os paulistas, etc. Todas essas pronúncias possíveis do
<r> inicial são simbolizadas assim: /r/. Esse símbolo representa todas as pronúncias possíveis do
<r>, mesmo as que não descrevemos aqui. O símbolo /r/ representa, portanto, não um som,
mas uma classe de sons, que tem a função de distinguir vocábulos. O /r/ inicial é fonema porque
distingue os vocábulos rato e pato, por exemplo (o /p/ também é um fonema, porque distingue
pato de mato, por exemplo).
No entanto, há casos, em que dois fonemas diferentes perdem sua função de distinguir
vocábulos. Por exemplo: o r simples entre vogais é um fonema, porque distingue o vocábulo
caro de carro. Mas, em final de sílaba ou de vocábulo, os dois r, o simples e o múltiplo, deixam
de ter função distintiva e podem ser pronunciados um pelo outro. Por exemplo, podemos
pronunciar o r de mar seja como uma consoante batida ou flap (r simples) seja como uma velar
ou alveolar (r múltiplo). Deste modo, considera - se que houve uma neutralização, isto é, os dois
r se neutralizaram, perderam sua função distintiva. Temos então o arquifonema, isto é, uma
classe de fonemas (assim como o fonema é uma classe de sons, o arquifonema é uma classe de
fonemas), que é representado por uma letra maiúscula entre barras: /R/. Da mesma forma, o m
e o n, em final de sílaba ou antes de pausa, não distinguem palavras: o m de quem, por exemplo,
soa palatal antes de vogal: quem é soa quenhé (por isso não há diferença fônica entre os sons.
No caso de palavras acima, considera – se que existe um segmento abstracto que reúne os três
fonemas, denominado arquifonema. O arquifonema representa – se em letra maiúscula /S/ e
constitui uma neutralização entre fonemas, isto é, o desaparecimento da diferença distintiva
entre fonemas, que se pode representar do modo seguinte:
Arquifonema /S/
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Português
Ditongo – são assim denominados quando suas vogais estão sequencialmente juntas na mesma
sílaba.
Um método fonológico mais adequado para identificar se nas palavras acima existem sons
vocálicos que constituem ditongos é a divisão silábica delas. Deste modo, podemos dividi- las
assim: peixe = pei – xe; saudade = sau – da – de e paixão = pai - xão. Depois da divisão silábica
das palavras acima, constatamos que existem sequência de vogais a negrito que se realizam na
mesma silaba, estas são os ditongos pertencentes ao português europeu.
Deste modo, toda vez que uma vogal está sozinha na sílaba, ela classifica-se como vogal, mas
quando ela está junto a outra vogal ela pode ficar em menos evidência, mais “fraca” ou
“escondida”, estas são as chamadas semivogais.
Ex: Na palavra “apaixonado”, a sílaba -pai- contém duas vogais. A mais aberta ou “forte” é a
letra A, enquanto que a letra I é mais fechada e “fraca”. Neste caso, diz-se que é a junção da
vogal A + a semivogal I.
No exemplo acima, nota – se que a vogal [u] se semivocaliza passando à [w], que apresenta os
traços seguintes: [- intensidade]; [- energia]; [-acentuada], etc. Em contrapartida, a vogal
seguinte [a] mantem a sua qualidade/traços: [+ intensidade]; [+ energia]; [+acentuada],
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Português
Na palavra acima, observa – se que a vogal [i] se semivocaliza passando à [j], que apresenta os
traços seguintes: [- intensidade]; [- energia]; [-acentuada],etc.
Na palavra acima, observa – se que a vogal antecede [o] mantem constantemente a sua
qualidade ou seja não altera, que são: [+ intensidade]; [+ energia]; [+acentuada]
Para compreendermos o que é um ditongo oral ou um ditongo nasal, precisamos entender que
há vogais que são pronunciadas somente pela boca, chamadas de vogais orais (a, é, ê, i, ó, ô, u),
e há vogais que são pronunciadas também pelo nariz, chamadas de vogais nasais.
Ditongo oral: quando há uma junção de duas vogais orais na mesma sílaba.
Ex: cai-xa
➢ Ditongo nasal: quando há uma junção de duas vogais nasais ou de uma vogal nasal e
uma oral na mesma sílaba.
Ex: sa-bão
➢ Tritongos
Um tritongo ocorre quando há o encontro de uma semivogal, de uma vogal e de outra semivogal
na mesma sílaba, havendo assim uma sequência de sons vocálicos.
A sequência de sons vocálicos numa palavra é chamada de encontro vocálico. Os sons vocálicos
podem ser representados por uma vogal, por uma semivogal e pelas consoantes m e n. Nunca
ocorre, contudo, o encontro de duas vogais numa mesma sílaba.
Assim, a sequência de sons vocálicos dos tritongos segue sempre a mesma ordem: semivogal +
vogal + semivogal.
Exemplo de palavras onde contém tritongos: Paraguai = pa-ra-guai; iguais = i-guais); quais =
quais; quaisquer = quais-quer; saguão = sa-guão; averiguei = a-ve-ri-guei; enxaguou = en-xa-
guou.
Tal como os ditongos, os tritongos são classificados em orais e nasais. Nos tritongos orais o som
passa apenas pela boca. Nos tritongos nasais o som passa pela boca e pelo nariz.
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Português
Sendo caracterizado como uma sequência de três sons vocálicos, é essencial que se consiga
distinguir os três sons para identificar o ditongo.
Dessa forma, palavras como queijo, queixa, toquei, não formam tritongo porque não há a
presença de três sons vocálicos. Qu é considerado um dígrafo consonantal quando a junção das
duas letras forma um único som consonantal, não sendo a vogal u pronunciada. Isso ocorre
quando seguido das vogais e ou i.
Após a identificação distinta dos três sons, é necessário ainda verificar se permanecem na
mesma sílaba na divisão silábica.
Assim, palavras como meia, ceia, teia, saia, papaia, não formam tritongo porque os três sons
vocálicos não se encontram na mesma sílaba: mei-a; cei-a; tei-a; sai-a; pa-pai-a.
➢ Hiatos
Veja a diferença entre sai e saí. Em sai temos um ditongo, com as duas vogais na mesma sílaba,
enquanto em saí temos um hiato, pois as duas vogais estão em sílabas diferentes (sa-í). Além
dos exemplos acima, existem outros: hiato = hi-a-to; enjoo = en-jo-o; álcool = ál-co-ol; baú =ba-
ú e joelho=jo-e-lho.
Sumário
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Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Exercícios de AVALIAÇÃO
Questões de reflexão
1. Defina alofones.
2. O que é ditongo?Exemplifique.
3. Mencione os tipos de ditongos aprendidos.
4. Explique o termo “hiatos”, e produza uma palavra onde hiatos.
5. Defina tritongos, e sustente através de um exemplo claro.
Soluções:
1. a) V; b) F; c) F; d) V; e) V
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Português
A. em 1965 da obra de Chomsky e Halle (The Sound Pattern of English) “ Sons Padrão do
Inglês - SPE” que constituiu modelo para a elaboração de numerosos trabalhos que
fazem parte da teoria generativa.
B. em 1966 da obra de Chomsky e Halle (The Sound Pattern of English) “ Sons Padrão do
Inglês - SPE” que constituiu modelo para a elaboração de numerosos trabalhos que
fazem parte da teoria generativa.
C. em 1967 da obra de Chomsky e Halle (The Sound Pattern of English) “ Sons Padrão do
Inglês - SPE” que constituiu modelo para a elaboração de numerosos trabalhos que
fazem parte da teoria generativa.
D. em 1968 da obra de Chomsky e Halle (The Sound Pattern of English) “ Sons Padrão do
Inglês - SPE” que constituiu modelo para a elaboração de numerosos trabalhos que
fazem parte da teoria generativa.
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Português
5. Chama-se arquifonema à:
A. classe de fonemas que perderam a sua capacidade de distinguir vocábulos.
B. classe de morfemas que perderam a sua capacidade de distinguir vocábulos.
C. classe de fones que perderam a sua capacidade de distinguir vocábulos.
D. classe de fonemas e morfemas que perderam a sua capacidade de distinguir
vocábulos.
7. Uma das desvantagens da Fonologia Generativa Clássica, não discutia quais eram os
elementos ou segmentos que faziam parte do sistema fonológico de uma língua.
8. A fonologia métrica ou prosódica, tratam de aspectos prosódicos da língua e propõem
hipóteses acerca do seu funcionamento.
9. Fonologia Métrica e Fonologia Prosódica tem procurado através de diferentes modelos captar
relações de proeminência do acento nas sequências fónicas, construindo árvores e grelhas
métricas que têm como objectivo principal a atribuição do acento de palavra tanto principal
como secundário.
RESPOSTAS
1 -D
2–B
3–C
4–D
5–A
6 -Falso
7 – Verdade
8 – Verdade
9– Verdade
10- Falso
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Português
Introdução
Caro estudante, nesta parte pertencente a fonologia, abordar – se – à acerca dos processos fonológicos,
os lexicais( vocalismo átono e nasalização e teoria autossegmental) e pós - lexicais.
Mais adiante, veremos que as vogais são imunes a esta redução sempre que se encontram em
determinados contextos, facto que permite afirmar que, neste caso trata – se de excepções
regulares. A par destas excepções existem outras que só se podem explicar se entendermos que
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Português
Para conseguir em generalização relativa ao processo das vogais átonas em português partimos de
uma comparação entre palavras organizadas por pares que apresentam o mesmo radical
fonológico. A vogal desse radical pode ter diferentes realizações fonéticas conforme a posição onde
estiver na palavra, ou tónica ou átona, como se exemplifica no diagrama seguinte correspondente
a belo/beleza.
(1) /bɛl+/
[bɛl]o [bᵼl]eza
Em (2) e (3), observa – se que as sete vogais tónicas [i, e, ɛ, a, ɔ, o,u] correspondem somente
à quatro átonas [ i, ɨ, ɐ, u] tendo as diferenciações entre as vogais /e, ɛ/ e / o, ɔ, u/ sido
neutralizadas, ou seja, nestes dois casos as respectivas vogais sofreram uma neutralização
deixando de se distinguir. Nota – se também que as vogais tόnicas [i] e [u] não sofrem
alteração ou mudança quando não acentuadas.
Tendo em atenção que as vogais tónicas são as que apresentam maior diversidade, considera
– se que elas correspondem às vogais fonológicas, que as átonas resultam da aplicação de
regras fonológicas. Para formular essas regras temos que explicitar as modificações
observadas nos grupos (2) e (3) tomando como base para essas modificações as vogais
fonológicas /a, e, ɛ, o, ɔ, i, u/.
4
Pelo facto de não se encontrar a vogal aberta “ɔ” acentuada, optou – se em colocar o acento
antes dela.
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Português
Verifica – sem em (4) que a vogal /a/, [+ baixa] se eleva passando a [ɐ] [- baixa]; /e, ɛ,/ e
/o,ɔ/, [-altas] elevam – se tornando – se, respectivamente, [ᵼɨ e [u], [+ altas].
Além disso, as vogais /e, ɛ/ que são [- recuadas] tornam – se [ɨ] que é [+ recuada].
Estes casos servem para mostrar que o vocalismo átono do português está sujeito a um
processo de elevação e recuo que se representa em (5) simplificadamente.
+ alta i ɨ u
- alta e o
- baixa ɐ
+ baixa ɛ ɔ
a
- recuada + recuada
Também a partir destes traços podemos representar as regras gerais que se aplicam no
português
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Português
europeu sobre as vogais fonológicas para derivar as realizações fonéticas das átonas. A
representação destas vogais pode fazer – se a partir da configuração geométrica dos segmentos,
procurando reunir na mesma árvore de traços as vogais /e, ɛ, o, ɔ, a/. As vogais /i/ e /u/ não
figuram porque não sofre modificação.
Para que a configuração possa representar a elevação e recuo das vogais, tem que integrar o nό
Altura. Além disso, para que ela inclua estas cinco vogais, é preciso apontar o ponto de
articulação com os nόs Labial e Dorsal e os respectivos traços terminais [arredondado] e [
recuado]. A árvore de traços e, (6) integra as indicações principais.
Raíz
Vocálico
P.A.V Altura
Labial Dorsal
[arr] [rec]
A vogal /a/ fica excluída da representação, além disso, ela tem um comportamento particular,
uma vez que não se torna [+ alta] tal como as outras vogais, mas somente [-baixa], [ɐ]. De outro
lado, [ɨ] e [u] resultantes de /e, ɛ/ e de /o, ɔ/ são foneticamente mais reduzidas, e por isso mais
facilmente eliminadas em relação à [ɐ] na fala coloquial do português europeu. Assim, a
alteração /a/ → [ɐ] tem uma origem particular que exigiria uma representação adequada.
Vocálico Vocálico
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Português
O lado esquerdo da regra identifica as vogais que sofrem alteração. Do lado direito temos a
especificação da realização dessas vogais: todas são [+recuadas] e [+ altas]. O traço
[arredondado] mantém – se como o valor inicial. Assim, obtemos as realizações fonéticas
seguintes [ɨ], [ - arredondado, + recuado] e [u], [+ arredondado, + recuado], ambas [+ altas]. A
seta entre as representações serve para relaciona – las.
Nem todas vogais átonas apresentam modificações de elevação e recuo ora indicadas. Algumas
mantêm os traços das vogais tόnicas que, identificam – se com as fonológicas. A manutenção
desses traços pode dever – se ao contexto segmental, facto que permite designar estas
excepções como regulares visto que ocorrem sempre que se encontram nesse contexto ou
ainda, pode resultar de uma marcação que apresentam os itens lexicais das palavras que estão
integradas. A seguir, apresentam os casos de excepções regulares.
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Nos exemplos acima, as vogais estão integradas em ditongos decrescentes este é o contexto
segmental que não permite as elevações delas. Para o caso de [boiar] existe uma variação
entre a vogal média [ɔ ] para baixa [o] mas não acontece a elevação para [u] como se esperava.
A vogal [ɨ] nunca acontece um inicio absoluto de palavra a não ser quando seguida de [ʃ] ou
[ʒ], caso em que normalmente é elidida ou eliminada/suprimida.
(11) Casos em que as vogais integram palavras terminadas por sufixos chamados z-
avaliativos (-zinho, -zito, - zão) e – mente.
belamente [ɛ]
secamente [e]
pobremente [ɔ]
As palavras formadas pelo sufixos avaliativos embora não recebem a aplicação da regra geral do
vocalismo átono e as vogais tónicas das palavras primitivas embora passem á átonas nas
derivadas mantém a sua qualidade.
As palavras incluídas em (11) são as que a gramática tradicional consideram terem ‘acento
secundário’. Na verdade, estes sufixos tanto os dos nomes como os dos advérbios funcionam
como palavras que se adicionam à palavra primitiva e formam como uma nova palavra que se
comporta como um composto.
Observa – se que as formas do plural das palavras que se juntam estes sufixos exibem a flexão
do plural da palavra primitiva, seguida de sufixo que também se adiciona o /s/ do plural. (Ex:
cãezinhos, animaizitos).
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No exemplo abaixo, estão incluídas palavras que mantêm as vogais átonas sem elevação e nem
recuo e que não podem ser explicadas nem pelo contexto segmental onde estão integradas,
nem pela formação excepcional do derivado. As vogais a negrito são as átonas não reduzidas.
baptismo [a]
Aqui estão incluídas palavras que mantêm as vogais átonas sem elevação e nem recuo e que
não podem ser explicadas nem tanto pelo contexto segmental onde estão inseridas como pela
formação excepcional do derivado. As vogais sublinhadas são as átonas não reduzidas.
posto/imposto oportuno/inoportuno
Partindo da hipótese de que estamos diante da mesma forma subjacente do prefixo, notamos
que, quando está antes da consoante, a sua realização fonética é [ĩ]; quando está antes da vogal
realiza – se como [in] sem vogal nasalizada.
(14) (15)
O processo de nasalização dos prefixos com a forma fonética [ĩ] e das palavras integradas em
(14) é um processo de espraiamento, projecção ou expansão do segmento [+ nasal] sobre a
vogal anterior. O exemplo a seguir representa o dito:
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X X
│ │
[ + nasal] → [+ nasal]
Ao lado esquerdo da seta estão dois segmentos com Raiz, porém um segmento com posição no
esqueleto representa – se X. O segmento ligado ao esqueleto é uma vogal (porque tem traço [-
cons]) e o que não tem posição é [+ nasal]. Do lado direito da seta o segmento nasal projectou
– se sobre a vogal, desaparecendo a respectiva Raiz.
Para o caso da representação do segmento nasal como consoante, tal como acontece nos dados
do exemplo (15) é caso diferente ele 'cria' uma ligação ao esqueleto, ao mesmo tempo que a
Raiz passa a ser consonântica – neste caso, é sempre um [n], as consoantes mais frequentes, ou
seja, as não marcadas, são as coronais anteriores, e o [n] é a coronal nasal anterior em
português.
X X X
Coronal
[+ anterior]
Nesta representação da consoante nasal, do lado esquerdo da seta, temos uma vogal (Raíz[-
cons]) ligada ao esqueleto, seguida de um segmento nasal que não tem posição no esqueleto.
Portanto, do lado direito da seta, temos duas posições no esqueleto: a mesma vogal que não se
alterou e uma Raiz [+nasal] com ponto de articulação Coronal [+ anterior], o que significa que
se criou uma consoante porque só as consoantes possuem ponto de articulação Coronal. Deste
modo, trata – se da realização fonética da consoante [n] numa palavra como (irmanar) que tem
o mesmo radical que a correspondente com a vogal nasalizada (ex:irmã).
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Português
Os processos que não admitem excepções ou que apresentam uma variação dependente do
registo de fala são denominados processos pόs – lexicais e a sua actuação situa – se num nível
superficial da língua. Os processos pόs – lexicais existentes no português europeu são os
seguintes:
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Ocorre também o processo de apócope quando existe truncação: cine por cinema; prof por
professor.
3. Processos fonológicos por alteração de segmentos: é a mudança sofrida por alguns fonemas
em resultado da influência de outros fonemas que lhe estão próximos.
a) Assimilação – este processo acontece quando um som se torna igual ou assemelha-se a outro
que lhe é vizinho.
Exemplos: nostru > nosso - o /s/ assimilou o /t/ [chama-se assimilação progressiva porque
ocorre da esquerda para a direita]
ipse > esse [chama-se assimilação regressiva porque ocorre da direita para a esquerda]
Assimilação parcial:
Exemplo: chamam-lo > chamam-no - o /m/ tornou o /l/ também som nasal.
b)Dissimilação - que acontece quando um som se diferencia ou diferencia de outro igual ou com
o qual se assemelha:
c)Nasalização - que acontece quando uma vogal oral adquire nasalidade por influência de outro
som nasal seu vizinho:
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iam > já
a+a>à
A palatalização do /s/ em fim de sílaba ou palavra é a realização desta consoante como uma
palatal que é pronunciada como [-vozeada], [ ʃ ] se for seguida de pausa ou de uma consoante
[-vozeada], e como [+ vozeada] [Ʒ] se a consoante seguinte for [+ vozeada]. Trata – se neste
caso, de uma assimilação do valor do traço [vozeado] da consoante seguinte , seja no interior
de palavra, seja no encontro entre duas palavras. Exemplo:
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l) Redução vocálica - acontece quando ocorre enfraquecimento de uma vogal em posição átona:
Observa – se que, se uma palavra for terminada em /l/ e estiver seguida de uma outra começada
por vogal, o /l/ realiza – se como /l/ e não é velarizado visto que passa a estar no início da sílaba
seguinte. Exemplo: sal amargo [sɐł] e [ɐmargu] → [sa.lɐ.mar.gu].
Sumário
Questões de reflexão
3.Defina a crase e produza uma palavra onde está envolvida este processo.
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Português
6. A nasalização não acontece quando um determinado som oral passa a ser nasal por
influência de um som nasal seu vizinho, enquanto que a desnasalização acontece
quando um som nasal vocálico perde a sua nasalidade. Ex:. de nasalização “lana > lãa >
lã”. Ex:. de desnasalização “bona > bõa > boa”.
7. Crase acontece quando duas vogais se fundem numa só. Ex: a+a=à.
9. Processos pós- lexicais são os que não admitem excepções ou que apresentam uma
variação dependente do registo de fala.
10. A nasalização acontece quando um determinado som oral passa a ser nasal por
influência de um som nasal seu vizinho, enquanto que a desnasalização acontece
quando um som nasal vocálico perde a sua nasalidade. Ex:. de nasalização “lana > lãa >
lã”. Ex:. de desnasalização “bona > bõa > boa”.
RESPOSTAS
1– A
2– D
3– A
4– C
5 -Verdade
6– Falso
7.Verdade
8 -Verdade
9- Verdade
10- Verdade
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Português
Introdução
Nesta unidade temática abordar – se – à acerca da prosódia dos aspectos básicos da diferença
entre os níveis segmental e prosódico e os constituintes prosódicos pertencentes ao português
europeu.
Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:
Compreender a vantagem da fonologia autossegmental na análise dos
aspectos prosόdicos da língua;
- Entender a importância da análise dos aspectos prosόdicos e da sua
Objectivos projecção sobre os sons;
Específicos - Compreender a vantagem da teoria autossegmental na análise dos
aspectos prosódicos de uma língua.
Em BECHARA (1969), a prosódia, incluída na parte dedicada à Fonética, está definida como “a
parte da fonética que trata da correcta acentuação e entoação dos fonemas, [sendo a sua]
preocupação maior o conhecimento da sílaba predominante, chamada tónica”.
CUNHA (1970) tal como de CUNHA e CINTRA (1984) a palavra prosódia é utilizada somente como
sinónimo de correcta pronúncia: “Atente-se na exacta pronúncia das seguintes palavras, para
evitar uma sílaba da, que é a denominação que se dá ao erro de prosódia”(p. 57).
No Dicionário de Termos Linguísticos a prosódia é definida como o “estudo da natureza e
funcionamento das variações de tom, intensidade e duração na cadeia falada”.
Estas propriedades são inerentes ao som e estão relacionadas com as características acústicas
das ondas sonoras.
O tom (ou pitch) tem como correlato acústico a frequência da onda sonora, ou seja, o número
de vezes que um ciclo completo de vibração das partículas se repete durante um segundo.
Quanto maior o número de ciclos de vibração das partículas, maior é a altura do som e, portanto,
mais “alto” é o tom. A frequência fundamental relaciona-se de um ponto de vista articulatório,
com as cordas vocais: quanto mais delgadas, maior número de vibrações, maior altura do som.
Uma sequência de segmentos com os respectivos tons cria a entoação dessa sequência, quer se
trate de uma palavra ou de um grupo de palavras.
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Português
A intensidade do som decorre da amplitude da onda sonora (o valor da distância entre a pressão
zero e a pressão máxima da onda). Quanto maior for a amplitude de vibração das partículas,
maior é a quantidade de energia transportada por estas e maior é a sensação auditiva de
intensidade do som. A proeminência do som que chamamos “acento” decorre desta
intensidade.
De um ponto de vista fonológico, pode dizer-se, genericamente, que as línguas utilizam essas
propriedades com objectivos diversos:
h) para marcar os limites das unidades (o acento pode indicar o fim ou o início da palavra; a curva
de entoação pode igualmente marcar os limites de unidades prosódicas);
i) (ii) para criar oposições distintivas (nas línguas tonais como, p.ex. o chinês, o tom de uma
sílaba, por contraste com os tons das que a rodeiam, pode opor significados entre duas
palavras cujos segmentos são iguais tendo, assim, uma função distintiva; da mesma forma, a
duração de uma sílaba pode ter valor distintivo como p. ex. em latim ou em inglês);
j) (iii) para distinguir significados globais de construções frásicas (a entoação é usada
frequentemente para diferenciar uma interrogação de uma afirmação, por exemplo; neste
caso pode dizer-se que a entoação tem valor distintivo).
Os aspectos focados são características prosódicas das línguas, algumas delas idiossincráticas,
que conhecemos intuitivamente e de uma forma genérica. Mas as afirmações sobre estas
características, por si sós e mesmo exemplificadas, não constituem uma descrição rigorosa e
objectiva nem possibilitam análises comparativas intra e inter linguísticas. Ou seja, estas
generalizações não assentam num modelo de unidades prosódicas que permita o
estabelecimento de padrões prosódicos das línguas.
Foi neste contexto que surgiu a fonologia prosódica, uma teoria que estuda o modo como o
fluxo da fala é organizado num conjunto finito de unidades fonológicas. A fonologia prosódica
é também uma teoria das interacções, ou seja, das relações de interface entre a fonologia e as
outras componentes da gramática, mediadas pela prosódia.
Em 1986, Marina Nespor e Irene Vogel publicaram uma obra denominada Fonologia Prosódica
que veio esclarecer e organizar os problemas postos pela importância que assumem os traços
prosódicos no funcionamento das línguas. Reconhecendo que esses traços agrupam os
segmentos nos níveis fonológico, morfológico, sintáctico e semântico com referência às
características rítmicas e de significado das línguas, propuseram a existência de constituintes
prosódicos hierarquicamente relacionados que permitem estabelecer padrões prosódicos das
línguas, compará-las e objectivamente analisá-las. A motivação para os constituintes
prosódicos e a forma de os detectar decorre de:
(a) existirem regras da gramática que necessitam de referir-se a esses constituintes na sua
formulação ou que os têm como domínio de aplicação;
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Sílaba (σ)
Sumário
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Questoes de reflexão
1. Defina prosódia.
2. Enuncie pelo menos três traços prosódicos que estudou.
3. Escolha um dos traços prosódicos e comente em torno dele.
4. Mencione dois traços prosódicos que concorrem para a construção do ritmo das
línguas.
5. Qual é o papel do tom nas línguas?
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Português
5. Uma das razões por que as línguas usam as propriedades prosódicas para distinguir
significados globais de construções frásicas (a entoação é usada frequentemente para
diferenciar uma interrogação de uma afirmação, por exemplo; neste caso pode dizer-se
que a entoação tem valor distintivo).
6. O tom (ou pitch) tem como correlato acústico a frequência da onda sonora, ou seja, o
número de vezes que um ciclo completo de vibração das partículas se repete durante
um segundo.
7. O constituinte que originou nas gramáticas antigas em estreita ligação com a prosódia
é a sílaba.
8. A fonologia prosódica, uma teoria que estuda o modo como o fluxo da fala é
organizado num conjunto finito de unidades fonológicas.
9. Uma das razões por que as línguas usam as propriedades prosódicas para distinguir
significados globais de construções frásicas (a entoação é usada frequentemente para
diferenciar uma interrogação de uma afirmação, por exemplo; neste caso pode dizer-se
que a entoação tem valor distintivo).
10. Um dos traços prosódicos eleitos é a duração, que se refere ao tempo de articulação de
um som, sílaba ou enunciado, e tem uma importância fundamental no ritmo de cada
língua.
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Português
RESPOSTAS
1-A
2 – Verdade
3 – Falso
4- Verdade
5 -Verdade
6 – Verdade
7 – Verdade
8- Verdade
9- Verdade
10- Verdade
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Português
Introdução
Nesta unidade temática iremos abordar acerca da descrição da estrutura interna da sílaba em
modelo de 'Ataque – Rima' e descrição de estrutura de diferentes constituintes silábicos no
português
7.1. A Sílaba
Numa palavra como calo não encontramos apenas os fonemas que a constituem e que
podemos identificar por oposição a outras palavras (cabo, talo, colo, etc.). Um falante do
Português sabe que pode dividir essa palavra em duas partes (ca-lo), as suas duas sílabas. A
sílaba é uma construção perceptual, isto é, criada no espírito do ouvinte. Argumentos para
considerar a existência da sílaba:
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Português
da primeira sílaba de a-bre, núcleo e rima coincidem. Em Português os núcleos silábicos são
sempre vogais, mas existem muitas línguas em que certas consoantes podem ocupar esse lugar,
como o [l] silábico da segunda sílaba na palavra inglesa bottle [´bowtl], o [r] silábico do sérvio
krv [´krv] ('sangue') ou o [;] silábico do inglês button [´b√tn]. Normalmente, essas
consoantes são apenas /l/ e /r/ (as líquidas) e as nasais; contudo, palavras como psst
mostram que, em certas circunstâncias, até uma fricativa como [s] pode ocupar o centro
silábico.
As glides nunca podem funcionar sozinhas como núcleos de sílabas e esse é o aspecto que
principalmente as distingue das vogais. No entanto, ao formarem ditongos com as vogais,
as glides integram-se no núcleo, como nos exemplos seguintes:
(1) fiéis [έj] judeu [éw]
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Português
- Ataque
MATEUS, FALÉ E FREITAS (2005:248) afirmam que “ o constituinte Ataque pode não estar
segmentalmente preenchido”. Existem dois tipos de Ataques: Ataque ramificado e Ataque não
ramificado, este último que se divide em simples e vazio.
Ataque
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Português
simples vazio
A R
Nu
X X
p έ
Os Ataques não ramificados vazios, à imagem do que se observa com os simples podem ocorrer
tanto no início como no interior de palavra. O exemplo a seguir, ilustra:
__á.guia co.to.vi._a
__é.gua co._e.lho
Tanto a palavra pé [pέ] como a palavra é [έ] apresentam Ataques não ramificados. A distinção
reside no facto de [pέ] ter um Ataque não ramificado simples, associado a uma consoante,
enquanto [έ] apresenta um Ataque não ramificado segmentalmente vazio (Ataque vazio), que é
representado a seguir:
A R
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UnISCED CURSO: LICENCIATURA EM ENSINO DE PORTUGUÊS; 2º Ano Módulo: Fonética e Fonologia do
Português
Nu
X X
p έ
No português existem ainda Ataques ramificados, também conhecidos por Ataques complexos
que são formados por duas consoantes. Estes Ataques são constituídos por uma sequência de
obstruinte + líquida, e também por uma sequência de fricativa + líquida. Os exemplos abaixo
demonstram:
[br]na.co
[kr]i.na
des.[gr]a.ça.do
(b) oclusiva + lateral /l/ [kl]i.ma
en.[gl]o.bar
a.[tl]e.ta
[pl]u.ma
No modelo que se está trabalhar, um Ataque projecta duas posições de esqueleto, às quais estão
associadas as duas consoantes que o constituem. A seguir, representa – se o Ataque da sílaba
inicial da palavra crina [krinɐ]:
A R
Nu
X X X
K r í nɐ
- Rima
De acordo com MATEUS, FALÉ E FREITAS (2005:248) “ A Rima é o único constituinte não
terminal, dominador dos constituintes terminais Núcleo e Coda. Deste modo, a Rima pode
apresentar uma estrutura não ramificada (Rima não ramificada) com presença somente do
Núcleo ou
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Português
pode ramificar em Núcleo e Coda (Rima ramificada).” Os exemplos abaixo ilustram palavras que
possuem sílabas com Rimas ramificadas:
σ σ
A R A R
Nu Nu Cd
X X X X X
p á p á ʃ
- Núcleo
(12) Núcleo
m[á]s m[áw].s
d[á] b[ó]j
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Português
M[á]r.te c[έw]
Como se pode verificar no exemplo acima, um Núcleo não ramificado ocorre em Rima
ramificadas (más) e em rimas não ramificadas (dá) do mesmo modo, um Núcleo ramificado
coexiste com Rimas ramificadas (maus) e com Rimas não ramificadas (boi) são apresentadas as
estruturas dos dois tipos de Núcleos possíveis em português.
ơ σ
A R A R
Nu X N
X X X X
d á s έ w
- Coda
A coda domina as consoantes que ocorrem à direita do Núcleo. Há línguas, como as do grupo
Bantu, que não apresentam constituintes silábicos ramificados, logo, não apresentam
consoantes em Coda,ou seja, a Rima não ramifica. No português, como em muitas línguas,
a Coda tem uma estrutura simplificada e impõe fortes restrições ao inventário gramatical
que lhe está associado:
(14) Codas
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Português
No exemplo (a) , estão ilustradas a ocorrência de alofones [ʃ,ʒ] do segmento fonológico /s/
em Coda, no caso de (b) surgem situações de produção do alofone [ɫ] do segmento
fonológico /l/ em Coda, finalmente, no exemplo (c) demonstra a possibilidade de produção
de /r/ em Coda. Esta descrição permite a generalização seguinte: a Coda em português não
ramifica e domina um elenco de consoantes reduzido, sendo todas coronais. A seguir
representa – se a sílaba inicial da palavra musgo.
(15) Coda σ
A R
Nu Cd
X X X
m ú ʒ gu
Contrariamente ao que a ortografia sugere (campo; lenda; constante), o português não apresenta
consoantes nasais em Coda. Assume-se que, no nível fonológico, as vogais nasais [ɐ̃, ẽ, ĩ,õ, ũ ] são
representadas da forma seguinte:
A R
Nu
X X
f i [+nasal]
Como se pode notar na representação acima, não existem consoantes nasais em posição de Coda
em língua portuguesa, a nasalidade da vogal é representada pelo autossegmento nasal associado
ao nó Núcleo e sem posição de esqueleto atribuída.
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Português
Sumário
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Questões de reflexão
1. Quantos tipos de Ataques existem na estrutura silábica do português?
2. Produza duas palavras onde o Ataque é composto somente por uma consoante nasal e
destaque a consoante.
3. Produza duas palavras onde o Ataque é composto somente por uma consoante lateral e
destaque a consoante.
4. Produza duas palavras onde o Ataque é formado por uma consoante fricativa, não de
esquecendo de destacar a consoante em alusão.
5. Produza duas palavras onde o Ataque é formado por uma consoante vibrante, e
seguidamente destaque a consoante em referência.
Exercícios de AVALIAÇÃO
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Português
C. apresentar uma estrutura não ramificada (Rima não ramificada) sem a presença do
Núcleo ou pode ramificar em Núcleo e Coda (Rima ramificada).
D. apresentar uma estrutura não ramificada (Rima não ramificada) com presença
somente do Núcleo ou pode ramificar em Núcleo e Coda (Rima ramificada).
3. Na estrutura silábica do português existem dois tipos de Ataques, que são: Ataques
não ramificado e Ataque ramificado.
4. Na estrutura silábica do português existem dois tipos de Ataques, que são: Ataques não
ramificado e Ataque ramificado.
5. Duas palavras onde o Ataque é composto somente por uma consoante nasal, exemplo:
neblina e navio.
6. Duas palavras onde o Ataque é composto somente por uma consoante lateral,
exemplo: lombo e amarelo.
7. Duas palavras onde o Ataque é formado por uma consoante fricativa, exemplo:
felicidade e fogueira.
8. Duas palavras onde o Ataque é formado por uma consoante vibrante, exemplo:
rapidez e artista.
9. A coda domina as consoantes que ocorrem à direita do Núcleo.
10. Contrariamente ao que a ortografia sugere (campo; lenda; constante), o português não
apresenta consoantes nasais em Coda.
RESPOSTAS
1–D
2–A
3 – Verdadeiro
4- Verdade
5- Verdade
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UnISCED CURSO: LICENCIATURA EM ENSINO DE PORTUGUÊS; 2º Ano Módulo: Fonética e Fonologia do
Português
6- Verdade
7- Verdade
8- Verdade
9- Verdade
10- Verdade
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Português
Introdução
Nesta unidade temática abordar – se – à acerca das palavras prosódicas, as suas caracteristcas
,bem como a distinção entre ela e as palavras morfológicas.
A palavra prosódica é um constituinte prosódico acima da sílaba que também contribui para o
ritmo da fala. Este constituinte prosódico é caracterizado por certos aspectos que o relacionam
com a ‘palavra’, termo muito genérico que se integra em vários domínios da gramática. Na
morfologia, por exemplo, a palavra morfológica é a sequência em que se concretizam certas
categorias morfológicas como o número ou a flexão verbal, e tem uma estrutura interna que
inclui um radical e, frequentemente, sufixos. Por seu lado, a palavra prosódica integra traços
prosódicos como o acento e pode não coincidir com a palavra morfológica.
Parafraseando MATEUS, FALÉ E FREITAS (2005: 292) as palavras prosódicas são caracterizadas
pelos seguintes aspectos:
Uma palavra prosódica tem um único acento principal. Sendo assim, a palavra guarda-chuva é
uma palavra morfológica por ser um composto, mas são duas palavras prosódicas porque têm
dois acentos. O mesmo se pode dizer de palavras com prefixos acentuados como pré- ou pós-.
Vejam-se mais exemplos (símbolo da palavra prosódica é []).
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Português
3.Tal como a palavra morfológica pode conter duas prosódicas, também a palavra prosódica
pode ser constituída por duas ou mais palavras morfológicas, o que sucede quando há ênclise
ou próclise, ou seja, numa sequência de duas palavras como disse-lhe, em que a segunda palavra
é um pronome átono enclítico;
-Seguido de palavra morfológica como em o menino, em que o artigo está em posição proclítica,
isto é, subordinado ao acento da palavra seguinte:
- Quando o pronome integra a palavra, no caso de mesóclise, como em dir-lhe-emos, far- te-ei;
4.No interior de uma palavra prosódica formada por uma forma verbal terminada em , como
disse, seguida de um pronome enclítico iniciado por uma vogal (por exemplo disse-a), o
pronome integra-se na palavra prosódica e a vogal que termina a forma verbal realiza-se como
a semivogal [j].
A seguir nota – se as realizações de disse em fala coloquial: disse-a em contraste com disse
bem ou disse assim .
Essa vogal final da forma do verbo realiza-se como uma semivogal e forma um ditongo
‘crescente’ com a vogal seguinte , ou seja, a palavra prosódica realiza-se foneticamente, mesmo
acontece no interior de formas verbais, em casos de mesóclise (por exemplo dir-lhe-emos
realiza-se como ).
Como se vê nos exemplos, o bloqueio da supressão da vogal final em formas como disse, (ou
bate, ame, fale, diz-me) é consequência da formação de uma só palavra prosódica, e não se dá
em outras circunstâncias de sândi externo (isto é, no encontro entre o fim de uma palavra e o
início de
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Português
outra). Veja-se o que se passa quando se trata de duas palavras prosódicas como disse assim ou
diz-me amanhã. Nestes casos, a vogal é normalmente suprimida com uma consequente
ressilabificação (por exemplo, disse assim , disse agora , diz-me amanhã ).
Sumário
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Questões de reflexão
1. Defina palavras prosódicas.
2. Defina palavras morfológicas .
3. Apresente pelo menos uma característica da palavras prosódicas.
4. Distinga palavras prosódicas de palavras morfológicas.
5. Apresente duas palavras, sendo uma morfológica, e outra prosódica.
Exercícios de AVALIAÇÃO
Respostas: a) V; b) V; c) V; d) F; e) F
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Português
2. a) V; b) V; c) V; d) F; e) F
2. Uma palavra prosódica tem um único acento principal. Sendo assim, a palavra
guarda-chuva é:
A. uma palavra fonológica por ser um composto, mas são duas palavras prosódicas
porque têm dois acentos.
B. uma palavra sintáctica por ser um composto, mas são duas palavras prosódicas porque
têm dois acentos.
C. uma palavra morfológica por ser um composto, mas apenas uma palavra prosódica
porque têm um acento.
D. uma palavra morfológica por ser um composto, mas são duas palavras prosódicas
porque têm dois acentos.
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Português
4.A palavra prosódica integra traços prosódicos como o acento e pode não coincidir com a
palavra morfológica.
RESPOSTAS
1–A
2–D
3 – Verdade
4 – Verdade
5 - Verdade
6 -Falso
7 – Falso
8 - Verdade
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Português
Introdução
Nesta unidade temática abordar – se – à acerca da fonologia e ortografia, concretamente a
relação existente entre o som e a forma ou escrita, os contextos de ocorrência de letras
maiúsculas e mi núsculas e o emprego dos acentos em palavras do português europeu.
A ortografia está relacionada com a origem da palavra; por isso, encontramos, muitas vezes,
dificuldades na grafia de certos vocábulos. O conhecimento aprofundado da língua por parte de
qualquer falante é a maneira realmente válida que possibilita a correcta grafia das palavras, bem
como o hábito de ler e de consultar o dicionário frequentemente.
Como forma de eliminar alguns problemas relacionados com a ortografia, veremos o uso de
certas letras que, normalmente, oferecem dificuldades na escrita.
O alfabeto agora é formado por 26 letras, são elas: o “K”, “W” e “Y”. Serão usadas em siglas,
símbolos, nomes pró-prios, palavras estrageiras e seus derivados.
- As palavras de origem árabe, africana ou ameríndia. Ex.: canjica, cafajeste, canjerê, pajé etc.
Ex.: laranjal derivada de laranja, enrijecer derivada de rijo, anjinho derivada de anjo, granjear
derivada de granja.
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Português
- As formas dos verbos que têm o infinitivo em - jar. Ex.: deseja, desejei, despeje, arranja,
arranjei, viaja, viajei, etc.
- Algumas formas dos verbos terminados em -ger e -gir, os quais mudam o g em ‘’j’’ antes
de a e o.
- O final dos substantivos -agem, -igem, -ugem. Ex.: coragem, vertigem, ferrugem. Há algumas
excepções: pajem, lambujem.
E depois da silaba EN: enxada, enxame, enxertar, enxurrada, enxofre, enxoval etc. Há algumas
excepções: caucho e derivadas como recauchutagem, recauchutar etc.
Se, intervocálico, representam os sons simples do R e S iniciais: Ex.: carro, ferro, missão,
pêssego.
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Português
Quando, numa mesma palavra composta, sem interpo-sição do hífen, a primeira terminar por
vogai e a se-gunda for iniciada por R ou S.
Ex.: prerrogativa, prorrogação, sacrossanto, pres-sentir etc. Algumas palavras com SC.
Consciência, acrescentar, néscio, prescindir, nascer,
9.1.4. Emprego do S
Grafam-se com S as seguintes palavras: ás, três, rês, mês, trás, gás, gasoso, aliás, anis, através,
convés, freguês, obus, país, retrós, revés, Inês, Isabel, Luís, Luisa, Queirós, Resende, Sousa,
Teresa, Teresinha.
Nas formas dos verbos ‘’Pôr’’ e ‘’Querer’’ (e seus compostos). Ex.: pus, pôs, pusesse, quis,
quiseste, quisesse, compus, compusesse, compusera.
Ex.: avisar (aviso), analisar (análise), alisar (liso), pes-quisar (pesquisa), paralisar (paralisia) etc.
9.1.5. Emprego do X
Ex.: excepção, excepto, exceder, excelente, excelso, ex-cêntrico, excessivo, excitar, inexcedível
etc.
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Português
Ex.: caixa, baixo, faixa, feixe, frouxo, ameixa, rouxi-nol, seixo etc.
Em geral, depois da sílaba inicial -en (como já vimos): enxada, enxame, enxamear, enxaqueca,
enxárcia, enxerga, enxergar, enxerido, enxerto, enxofre, enxotar, enxoval, enxovalhar, enxovia,
enxugar, enxuto, enxurrada.
9.1.6. Emprego do Z
O sufixo -izar, de origem grega, nos verbos e nas palavras que têm o mesmo radical.
Escrevem-se com Z
acidez, amizade, armazém, azeitona, azia, baliza, doze, cartaz, cruz, foz, gaze, gravidez, jazida,
luz, nariz, raiz, talvez, vazio, veloz, vez, xadrez etc.
Sufixos - ês e - ez
Ex.: montes (monte), cortês (corte), burguês (burgo), montanhês (montanha), francês (França),
chinês (China).
Ex.: aridez (árido), palidez (pálido), acidez (ácido), rapidez (rápido), mudez (mudo).
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Português
Ex.: defesa (defender), presa (prender), despesa (despender), represa (prender), empresa
(em-preender), surpresa (surpreender).
Ex.: burguesa (de burguês), camponesa (de campo-nês), francesa (de francês), milanesa (de
mila-nês), freguesa (defreguês), finesa (defines).
– nas seguintes palavras femininas: framboesa, indefesa, lesa, mesa, sobremesa, obesa,
Teresa e turquesa.
Ex.: beleza (de belo), franqueza (de franco), pobreza (de pobre), leveza (de leve), dezena.
Escreve-se - isar (com s) quando o radical dos nomes correspondentes termina em -s. Se o
radical não terminar em -s, grafa-se - izar (com z).
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Ex.: José, Tiradentes, Brasil, Amazônia, Campinas, Deus, Jesus Cristo, Maria Santíssima, Tupã,
Minerva, Via-Láctea, Marte, Cruzeiro do Sul etc.
Ex.: Idade Média, Renascença, Centenário da Independência do Brasil, a Páscoa, o Natal, o Dia
das Mães etc.
5 – nomes de altos conceitos religiosos ou políticos. Ex.: Igreja, Nação, Estado, Pátria, União,
República etc.
9 – nomes dos pontos cardeais, quando designam regiões. Ex.: Os povos do Oriente, o falar
do Norte.
1 – nomes de meses, de festas pagas ou populares, nomes gentílicos, nomes próprios tornados
comuns. Ex.: maio, bacanais, carnaval, ingleses, ave-maria, um havana etc.
2 – os nomes a que se referem os itens 4 e 5, quando empregados em sentido geral. Ex.: São
Pedro foi o primeiro papa. Todos amam sua pátria.
Ex.: “Qual deles: o hortelão ou o advogado?” (Machado de Assis); “Chegam os magos do Oriente,
com suas dádivas: ouro, incenso, mirra.” (Manuel Bandeira)
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Português
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Português
Sumário
Como forma de atingir os objectivos indicados, neste tema abordou acerca da relação
existente entre a fonologia e a ortografia, concretamente a relação existente entre a letra ou
som e a forma ou escrita, bem como de contextos de emprego de letras maiúsculas e
minúsculas e os acentos, em determinadas palavras do português europeu.
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Questões de reflexão
1. O que é a ortografia?
2. Qual é a relação entre a fonologia e a ortografia?
3. De exemplo de duas palavras que se escrevem com ‘J’ e outras duas que se escrevem com
’g’.
4. Dê exemplo de uma palavra que se escreve com “x’’ e outra que se escreve com “ch”.
5. Produza uma palavra onde ocorre as consoantes dobradas “ss” e outra onde ocorre “rr”.
Exercícios de AVALIAÇÃO
Respostas: 1.a) V; b) V; c) F; d) V; e) F.
1. O que é a ortografia?
2. Qual é a relação entre a fonologia e a ortografia?
3. De exemplo de duas palavras que se escrevem com ‘J’ e outras duas que se escrevem com
’g’.
4. Dê exemplo de uma palavra que se escreve com “x’’ e outra que se escreve com “ch”.
5. Produza uma palavra onde ocorre as consoantes dobradas “ss” e outra onde ocorre “rr”.
6. Assinale com (V) para verdadeiro e (F) para falso.
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Português
6.a) V; b) V; c) F; d) V; e) F.
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Português
BIBLIOGRAFIA
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Português
https://www.google.com/search?q=Imagens+do+aparelhor+fonador&tbm=isch&source.
https://www.google.com/search?q=Imagens+do+aparelhor+fonador&tbm=isch&source.
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