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ÓRTESES E PRÓTESES

Envelhecimento e sociedade – v. 5
Universidade Nove de Julho – UNINOVE
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CEP: 01504-001 – Liberdade – São Paulo, SP – Brasil
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Aline Marina Alves Fruhauf
Juliana Barbosa Goulardins
Pamella Ramona Moraes de Souza
Vanessa dos Santos Grandinetti

PRÓTESES E ÓRTESES

Envelhecimento e sociedade – v. 5
Fernanda Ishida Corrêa
Andrezza Sossai Rodrigues de Carvalho
(Organizadoras)

São Paulo
2019
© 2019 UNINOVE
Todos os direitos reservados. A reprodução desta publicação, no todo ou em parte,
constitui violação do copyright (Lei nº 9.610/98). Nenhuma parte desta publicação
pode ser reproduzida por qualquer meio, sem a prévia autorização da UNINOVE.

Conselho Editorial: Eduardo Storópoli


Maria Cristina Barbosa Storópoli
Nadir da Silva Basílio
Cristiane dos Santos Monteiro
João Carlos Ferrari Corrêa
Cinthya Cosme Gutierrez Duran
Renata Mahfuz Daud Gallotti

Os conceitos emitidos neste livro são de inteira responsabilidade dos autores

Capa e Editoração eletrônica: Big Time Serviços Editoriais


Revisão: Antonio Marcos Cavalheiro
Sumário

Sobre a Coleção Envelhecimento e Sociedade............................................. 9


Apresentação................................................................................................ 10

Capítulo 1
CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS E CINEMÁTICAS
DO MOVIMENTO HUMANO, 11
Vanessa dos Santos Grandinetti
Introdução.....................................................................................................11
Objetivos........................................................................................................11
Características do movimento humano......................................................11
Exercícios.......................................................................................................17
Bibliografia................................................................................................... 18

Capítulo 2
PRÓTESES E ÓRTESES, 20
Aline M. A. Fruhauf
Introdução.................................................................................................... 20
Objetivos....................................................................................................... 20
Órteses........................................................................................................... 20
Órteses para membros superiores.............................................................. 22
Órteses para ombro....................................................................................... 22
Tipoias............................................................................................................ 22
Órtese para cotovelo...................................................................................... 23
Tala bráqui-antebraquial................................................................................ 23
Órteses para punho-mão e dedos.................................................................. 23
Órtese de posicionamento para punho e dedos.............................................. 23
Órtese articulada de punho............................................................................. 24
Órtese para dedo em gatilho.......................................................................... 24
Órteses para membros inferiores............................................................... 25
Órteses para os pés........................................................................................ 25
Palmilhas........................................................................................................ 25
Órtese para desnivelamento de membro inferior........................................... 26
Órteses para antepé....................................................................................... 26
Anéis de discos protetores............................................................................. 26
Corretor de hálux valgo................................................................................. 26
Órteses para tornozelo e pé........................................................................... 26
Mola de Codivila............................................................................................ 26
Órteses Suropodálicas................................................................................... 27
Rígidas........................................................................................................... 27
Articuladas..................................................................................................... 27
Reação ao Solo............................................................................................... 28
Tira antiequino .............................................................................................. 28
Órteses para joelho-tornozelo-pé.................................................................. 29
Órtese de reciprocação (RGO)....................................................................... 29
Tutor com articulação.................................................................................... 29
Próteses......................................................................................................... 30
Próteses híbridas............................................................................................31
Prótese mioelétrica..........................................................................................31
Exoesqueleto...................................................................................................31
Próteses passivas............................................................................................31
Próteses funcionais........................................................................................ 32
Dispositivos auxiliares de locomoção......................................................... 33
Bengalas......................................................................................................... 33
Muletas........................................................................................................... 35
Andadores...................................................................................................... 36
Exercícios...................................................................................................... 43
Bibliografia................................................................................................... 45

Capítulo 3
AVALIAÇÃO E PARÂMETROS PARA PRESCRIÇÃO E
INDICAÇÃO DE PRÓTESES E ÓRTESES, 47
Juliana Barbosa Goulardins
Introdução.................................................................................................... 47
Objetivos....................................................................................................... 48
Órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção................................... 48
Avaliação, prescrição e indicação de órteses, próteses e
meios auxiliares de locomoção...................................................................... 50
Órteses........................................................................................................... 50
Imobilização................................................................................................... 52
Próteses.......................................................................................................... 59
Meios auxiliares de locomoção...................................................................... 67
Exercícios...................................................................................................... 76
Bibliografia................................................................................................... 77
Capítulo 4
PROGRAMAS PÚBLICOS E PRIVADOS NACIONAIS
DE CONCESSÃO DE PRÓTESES E ÓRTESES, 80
Pamella Ramona Moraes de Souza
Introdução.................................................................................................... 80
Objetivos....................................................................................................... 81
Programas de concessão de órteses e próteses.......................................... 81
Normalização brasileira de superação das barreiras arquitetônicas
e parâmetros internacionais.......................................................................... 83
Os direitos das pessoas com deficiência / relatório mundial
de deficiência da ONU................................................................................... 84
Legislação vigente......................................................................................... 87
Análise de lei.................................................................................................. 88
Exercícios...................................................................................................... 90
Bibliografia................................................................................................... 92

Autores.......................................................................................................... 95
Coleção Envelhecimento e Sociedade......................................................... 98
8 - Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Agradecimentos

À Universidade Nove de Julho pelo apoio e


oportunidade de trabalho, estudo e pesquisa a
todos alunos, professores e pesquisadores des-
ta Instituição!
Aos alunos de fisioterapia e pacientes neuroló-
gicos por nos inspirarem no desenvolvimento
dos capítulos.
À Editora da UNINOVE, pela promoção da edi-
ção deste livro.
A todos que direta ou indiretamente colaboraram
para a execução deste, Nosso muito obrigada!
9 - Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Sobre a Coleção Envelhecimento e Sociedade


A coleção a seguir foi estruturada de maneira que o leitor reforce
o seu conhecimento acerca do desenvolvimento e organização do indi-
víduo e da sociedade. Para tal, cada capítulo elaborado visa abranger de
maneira clara e objetiva esses pontos.
O primeiro volume descreve sobre a anatomia e fisiologia dos sis-
temas que formam o corpo humano, bem como as alterações possíveis
durante o envelhecimento, propiciando que o leitor associe os aspectos
normais e as mudanças em decorrência da idade.
O segundo e o terceiro volumes abordam conceitos antropológi-
cos e sociais, bem como as políticas públicas essenciais ao idoso e à re-
abilitação durante o envelhecimento.
Os demais volumes (quarto, quinto e sexto) estão direcionados à
abordagem da atuação do Fisioterapeuta nas principais doenças neuro-
lógicas do adulto, os recursos auxiliares disponíveis e o conhecimento
dos aspectos da dor.

Andrezza Sossai Rodrigues de Carvalho


10 - Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Apresentação
A principal função do Fisioterapeuta é tornar o paciente o mais
independente possível, com melhor qualidade de vida e de capacidade
para retornar à sociedade e participar de forma ativa dela. Diante dis-
so, a indicação de órteses e próteses adequadas fazem-se necessárias
pois, por meio delas, o paciente poderá ter maior facilidade para reto-
mar suas funções.
A prótese é uma grande auxiliar para pessoas que sofreram am-
putações. Ela propicia uma adaptação a um novo modo de vida e pode
aumentar a autoestima, fatos de extrema importância para a pessoa que
sofreu o processo de retirada de um membro ou parte dele.
Já as órteses têm a finalidade de proporcionar o melhor alinha-
mento de um membro, buscando sempre a posição funcional adequada.
A órtese é um adjunto no processo de reabilitação, se cuidadosamente
elaborada e apropriadamente ajustada favorece o tratamento terapêutico.
Assim, para uma adequada pescrição das órteses e próteses, o co-
nhecimento biomecânico faz-se de extrema importância. Estes são os
tópicos abordados neste livro! Boa leitura!!!

Fernanda Ishida Corrêa


11 - Capítulo 1 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Capítulo 1
CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS E
CINEMÁTICAS DO MOVIMENTO HUMANO

Vanessa dos Santos Grandinetti

Introdução
O movimento humano é o meio pelo qual o indivíduo interage com
o ambiente ao caminhar, durante uma atividade física ou durante o pro-
cesso de reabilitação. É caracterizado por mudança de lugar, posição ou
postura em relação a um ponto no ambiente. Conceitos de Cinesiologia
e Biomecânica são empregados de maneira fundamental para estudar o
movimento humano. Neste capítulo são descritas características do mo-
vimento humano, bem como suas alterações mediante o processo de en-
velhecimento fisiológico.

Objetivos
• Conceituar e classificar o movimento humano;
• Demonstrar as implicações das alterações do movimento hu-
mano no processo de envelhecimento fisiológico.

Características do movimento humano


O corpo humano pode ser definido como um complexo sistema de
segmentos articulados em equilíbrio estático ou dinâmico, em que o mo-
vimento é gerado por forças internas e externas. A contração muscular é
capaz de produzir uma força e gerar o movimento, bem como as forças
dos tendões, ligamentos, ossos e cartilagem articular que também estão
intimamente ligadas com a execução dos movimentos, caracterizando a
12 - Capítulo 1 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

força interna. As forças externas são a inércia, a gravidade e a fricção,


representando as interações físicas entre o corpo e o ambiente, gerando
o movimento do corpo pelo espaço.
O movimento pode ser classificado como linear ou angular:
¾¾ O movimento linear, também denominado como movimento
de translação, consiste em uma trajetória com uma linha mais
ou menos reta de um ponto de partida a um ponto de chegada.
Todos os pontos do objeto percorrem a mesma distância, na
mesma direção, ao mesmo tempo. O movimento do tipo linear
pode ser retilíneo, quando ocorre em linha reta, ou curvilíneo,
quando ocorre em linha trajetória curva;
¾¾ O movimento angular corresponde ao movimento de um obje-
to a um ponto fixo, e também pode ser denominado de movi-
mento de rotação. Todos os pontos do objeto movem-se num
mesmo ângulo, na mesma direção, ao mesmo tempo, mas não
percorrem a mesma distância.
Frequentemente, os movimentos do corpo humano apresentam o
tipo linear e o tipo angular ao mesmo tempo.
13 - Capítulo 1 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Figura 1 – Movimento linear | Fonte: 123rf.

O movimento articular é descrito como um osso movendo-se


sobre outro, gerando movimentos como flexão, extensão, abdução
ou rotação. Quando realizados de forma voluntária, são chamados de
clássico, fisiológico ou osteocinemático. Quando realizados ativamente,
a contração muscular é capaz de mover as articulações por meio da
amplitude de movimento (ADM).

Figura 2 – Movimento articular osteocinemático (flexão de joelho) | Fonte:123rf.


14 - Capítulo 1 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Outra maneira de acontecer o movimento articular é analisar o que


acontece no interior da articulação, denominado de movimento artroci-
nemático. Esse tipo de movimento descreve como as superfícies articula-
res movem-se uma sobre a outra durante o movimento osteocinemático.
Entende-se que o movimento osteocinemático é considerado um movi-
mento articular e o movimento artrocinemático é um movimento da su-
perfície da articulação.
O tipo de movimento artrocinemático depende do formato das
superfícies articulares dos ossos. A maioria das articulações têm uma
extremidade articular côncava e a outra convexa. Todas as superfícies arti-
culares são esferóideas ou selares, originando articulações esferóideas ou
articulações selares. As articulações esferóideas têm dois ossos formando
uma relação convexo-côncava, quando a superfície do osso proximal é
convexa e do osso distal é côncava. Normalmente a extremidade de um
osso é maior que a extremidade do outro, permitindo maior amplitude
de movimento sobre a superfície articular menor, reduzindo o tamanho
da articulação. As articulações selares têm uma superfície côncava em
uma direção e convexa em outra.
Os movimentos artrocinemáticos são do tipo rolamento,
deslizamento e rotação. A maioria das articulações apresenta uma
combinação dos 3 movimentos. Durante o rolamento, novos pontos
entram em contato durante todo o movimento. O deslizamento é um
movimento linear de uma superfície em relação à outra. A rotação é o
giro de uma superfície articular móvel em relação à outra superfície fixa.
O mesmo ponto em cada superfície permanece em contato com o outro.
15 - Capítulo 1 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Figura 3 – Movimento artocinemático da articulação acromioclavicular | Fonte:123rf.

As superfícies articulares das articulações esferóideas ou selares


são congruentes em uma posição e incongruentes em outra. Quando a
articulação é congruente, as superfícies têm contato máximo uma com a
outra, são firmemente comprimidas e difíceis de separar. Normalmente
acontece no extremo da ADM, onde os ligamentos e a cápsula estão dis-
tendidos. Esse mecanismo é denominado posição de ajustamento íntimo.
Quando a articulação é incongruente, os ligamentos e a cápsula encon-
tram-se frouxos e essa posição é chamada de posição de ajustamento
frouxo. Essa posição permite o rolamento, a rotação e o deslizamento,
necessários para o movimento normal da articulação.
16 - Capítulo 1 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

O movimento adequado é imprescindível no envelhecimento por


conta da adaptação do idoso ao seu corpo envelhecido que reflete em
sua autonomia e independência. Durante a vida ocorrem alterações fi-
siológicas que comprometem a cinemática e a cinética do idoso geran-
do diminuição dos movimentos articulares, resultando em deficiência
nas atividades de vida diária (AVDs) e na marcha, principalmente após
os 70 anos de idade.
Um programa de exercícios terapêuticos é capaz de minimizar
os efeitos deletérios do envelhecimento, tornando o idoso independen-
te em suas AVDs.
17 - Capítulo 1 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Exercícios
1) Para produzir um movimento, o corpo humano necessita de forças
internas e externas. A força interna produzida pelo tecido contrátil é:
a) Tensão dos tendões;
b) Tensão dos ligamentos;
c) Deslizamento da cartilagem articular;
d) Contração muscular;
e) Deslizamento ósseo.
Resposta correta ao final do capítulo.

2) Dois idosos praticam atividade física diariamente pela manhã num


clube do bairro. O indivíduo A realiza o seguinte trajeto: sobe 2 quartei-
rões de sua rua, vira à direita, anda mais dois quarteirões e chega ao clu-
be. O indivíduo B desce 3 quarteirões de sua rua para chegar ao clube.
Analisando o tipo de movimento que eles realizam, é correto afirmar que:
a) A e B realizam movimento linear;
b) A e B realizam movimento angular;
c) A realiza rolamento;
d) B realiza rolamento;
e) A realiza deslizamento.
Resposta correta ao final do capítulo.

3) No movimento osteocinemático ocorre:


a) Rolamento;
b) Deslizamento;
c) Rotação;
d) Movimento de um osso sobre o outro;
e) Distensão dos ligamentos.
Resposta correta ao final do capítulo.
18 - Capítulo 1 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

4) O movimento inadequado no idoso compromete sua independência e


autonomia, principalmente:
a) Aos 55 anos de idade nas mulheres e 60 anos de idade nos homens;
b) Aos 60 anos de idade em ambos os gêneros;
c) Aos 70 anos de idade em ambos os gêneros;
d) Aos 70 anos de idade nas mulheres e 80 nos homens;
e) Aos 80 anos de idade em ambos os gêneros.
Resposta correta ao final do capítulo.

5) Os efeitos deletérios do envelhecimento podem ser prevenidos com:


a) Repouso diário;
b) AVDs no período da manhã;
c) AVDs no período da tarde;
d) AVDs no período da noite;
e) Exercícios terapêuticos.
Resposta correta ao final do capítulo.

Bibliografia
AMADIO A. C. et al. Introdução à análise do movimento humano – des-
crição e aplicação dos métodos biomecânicos de medição. Rev. Bras.
Fisiot, São Carlos, 3(2): 41-54, 1999.

BARELA A. M. F.; DUARTE M. Utilização da plataforma de força para


aquisição de dados cinéticosdurante a marcha humana. Brazilian Journal
of Motor Behavior, 6(1): 56-61, 2011.

FASOLO, A. A. Avaliação cinesiológica de baixo custo aplicada à re-


abilitação da locomoção. Unesp, 2006.

GARDNER, P. J. Envelhecimento saudável: uma revisão das pesqui-


sas em Língua Inglesa. Movimento, Porto Alegre, 12(2): 69-92, 2006.

HOUGLUM, P. A; BERTOTI, D. B. Cinesiologia clínica de Brunnstrom.


6. ed. São Paulo: Manole, 2014.
19 - Capítulo 1 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

LIPPERT, L. S. Cinesiologia clínica para fisioterapeutas. 3. ed. Rio de


Janeiro: Guanabara-Koogan, 2000.

MIRANDA, E. Bases de anatomia e cinesiologia. 6. ed. Rio de Janeiro:


Sprint, 2006.

NEUMANN, D. A. Cinesiologia do aparelho muculoesquelético: funda-


mentos para reabilitação. Rio de Janeiro: Elsevier Health Sciences, 2010.

QUEVEDO, A. A. F, Avaliação cinesiológica de baixo custo aplicada à


reabilitação da locomoção. Motriz, Rio Claro, 5(1): 28-35, 1999

SANTOS, S.; DANTAS L.; OLIVEIRA J. A. Desenvolvimento motor


de crianças, idosos e de pessoas com transtornos da coordenação. Rev.
Paul.Educ.Fís., São Paulo, 18: 33-44, 2004.
Gabarito
1. d | 2. b | 3. d | 4. c | 5. e
20 - Capítulo 2 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Capítulo 2
PRÓTESES E ÓRTESES

Aline M. A. Fruhauf

Introdução
As órteses e próteses são dispositivos ortéticos com a finalidade
de auxiliar no tratamento dos indivíduos que necessitam de acessórios
externos para estarem em determinados decúbitos ou desempenhando
funções, podendo também contribuir com a participação social. Aplica-
se em todos os contextos (ortopédicos, neurológicos ou reumatológicos)
e em todas as idades.

Objetivos
Espera-se que ao final deste capítulo o aluno possa obter conheci-
mento da importância da terapêutica ortética na fisioterapia neurológica
adulto, diferenciando os principais modelos e suas respectivas indicações.

Órteses
Órteses são instrumentos externos utilizados para corrigir e/ou
melhorar biomecanicamente determinados segmentos do corpo (par-
cial ou totalmente), colaborando assim para sua efetiva função. Devem
viabilizar estabilidade, mobilidade ou manipulação dependendo sempre
do objetivo terapêutico proposto (EDELSTEIN; BRUCKNER, 2006).
¾¾ Indicações (CARVALHO, 2006):
✓✓ Imobilizar articulações ou estruturas ósseas;
✓✓ Restringir movimentos indesejáveis (movimentos involuntários);
21 - Capítulo 2 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

✓✓ Auxiliar na motricidade;
✓✓ Reduzir descarga de peso corporal;
✓✓ Prevenir deformidades e contraturas;
✓✓ Promover o equilíbrio biomecânico;
✓✓ Reduzir a dor.

O sucesso do tratamento dependerá muito dos cuidados gerais


oferecidos a usuário:
Posicionamento X Condições Arquitetônicas (ergonomia)
Faz-se necessário o conhecimento das propriedades biológicas
dos tecidos (grau de resistência elástica, condições plásticas e
adaptativas) e físicas dos materiais (braço de alavanca, tração,
cargas deformativas, capacitância e biocompatibilidade).

Pode-se utilizar vários materiais para a fabricação de uma órtese.


A escolha dos mesmos para confecção deve levar em consideração a du-
rabilidade, o peso, a flexibilidade, o tipo de paciente que vai utilizar e
o preço. Estipula-se por ideal que uma órtese tenha um design simples,
seja discreta, confortável, funcional e com valor acessível.
¾¾ Materiais utilizados (BRASIL, 2013):
✓✓ Metais (ferro, aço cromado, aço inox, alumínio, duralumínio
e titânio);
✓✓ Termoplásticos/polimétricos (polivinil carbonato (PVC), poli-
propileno, polietileno, polimetacrilato de metila, resinas acríli-
cas, fibra de vídro e carbono);
✓✓ Couro, espumas de poliuretano ou látex, celuloide, borracha,
cortiça, silicone, tecidos sintéticos, lona e velcro.
22 - Capítulo 2 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Por serem dispositivos de uso constante e de custo relativamente


alto, as órteses requerem cuidados como:
✓✓ Limpeza com solventes não alérgenos, para remover resíduos
da pele, suor e poeira;
✓✓ Lubrificação das articulações metálicas, evitando corrosão, ru-
ídos e limitação funcional;
✓✓ Manutenção preventiva, substituindo ou reparando componen-
tes desgastados pelo uso, evitando quebras.

Órteses para membros superiores


A seguir serão descritos alguns tipos de órteses para membros su-
periores, mais utilizadas em pacientes neurológicos adultos.

Órteses para ombro


Tipoias

A maioria das órteses utilizadas para o ombro são conhecidas como


tipoias. Podem incluir ombro, cotovelo, punho e mão ou inclusão somen-
te do ombro através de uma manga em brim presa em tirantes em região
torácica ou manga neoprene. São indicadas nos casos de luxação do om-
bro, fraturas de colo de úmero, lesões em manguito rotador, bursites, pós-
-operatório de cirurgias de ombro, perda de movimentação do ombro por
lesões neurológicas como no AVE ou lesão do plexo braquial. Atua atra-
23 - Capítulo 2 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

vés de um mecanismo de tração feito no braço e de uma contração no ante-


braço mantendo a cabeça umeral estabilizada (ACAR; KARATAS, 2010).

Figura 1 – Tipoia para ombro | Fonte: 123rf – ayphoto.

Órtese para cotovelo


Tala bráqui-antebraquial

Consiste em uma tala de posicionamento ventral. Comumente é


utilizada em pacientes com espasticidade flexora de cotovelo, para ma-
nutenção do ganho obtido após alongamentos terapêuticos, cirúrgicos
ou bloqueios químicos da musculatura flexora. Sua utilização é indica-
tiva preferencialmente em atividades funcionais que requerem extensão
do braço (uma vez que facilita esse posicionamento) ou para uso notur-
no (MOURA et al., 2009).

Órteses para punho-mão e dedos


Órtese de posicionamento para punho e dedos

Trata-se de uma órtese utilizada para estabilizar as articulações do


punho e dedos em posição funcional (punhos em posição neutra, dedos
em extensão e polegar em oponência). Previne deformidades e promo-
24 - Capítulo 2 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

ve analgesia. É indicada para pacientes com sequelas neurológicas de


origem central ou periféricas ou em lesões traumáticas da extremidade
do membro superior (ELUI et al., 2001).

Figura 2 – Órtese de posicionamento para punho e dedos | Fonte: 123rf. –


Bela Hoche.

Órtese articulada de punho

Consiste em duas peças plásticas (uma em antebraço e outra no


dorso da mão) unidas por uma roldana (articulação) que permite a fle-
xão e extensão do punho. Quando o paciente realiza a extensão do pu-
nho, ocorre uma flexão dos dedos, facilitando o mecanismo de pinça, e
quando flexiona o punho, os dedos se estendem, liberando o objeto. São
indicadas para pacientes com sequelas neurológicas centrais ou perifé-
rica com défice funcional da mão (VILADOT, 1992).
Órtese para dedo em gatilho

Trata-se de uma órtese confeccionada em material termoplástico


de baixa temperatura, tipo calha, que impede a flexão da articulação en-
volvida no mecanismo de gatilho. Pode ser utilizada em qualquer dedo.
Proporciona repouso articular, posicionamento funcional e controle da
dor (TEIXEIRA et al., 2003).
25 - Capítulo 2 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Órteses para membros inferiores


A seguir serão descritos alguns tipos de órteses para membros in-
feriores, mais utilizadas em pacientes neurológicos adultos.

Órteses para os pés


Palmilhas

As palmilhas são suportes removíveis, colocados dentro dos cal-


çados para tratar diversas alterações dos pés. São preferencialmente
feitas sobre moldes ou compradas prontas. A eficácia de uma palmilha
depende de um diagnóstico preciso da condição dos pés (pedigrafia, ba-
ropodometria, podograma ou podoscópio), da escolha do material e da
moldagem (ASTUS, 2005).
Geralmente pacientes neurológicos podem apresentar sequela na
extremidade do membro inferior caracterizando-se em um pé equino su-
pinado. A marcha com o pé supinado pode ser ocasionada por anteversão
aumentada do colo femoral ou por rotação interna da tíbia. Essas condi-
ções geralmente acarretam em maior número de quedas. O uso do tipo
de palmilha plana, com cunha pronadora, favorecerá o paciente a pla-
nação do pé, propiciando uma marcha mais fisiológica (ASTUS, 2005).

Figura 3 – Palminha ortopédica | Fonte: 123rf – stanga.


26 - Capítulo 2 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Órtese para desnivelamento de membro inferior

Existem também órteses confeccionadas para correção do desnive-


lamento do tamanho do membro inferior, afim de promover adaptações
em calçados, como por exemplo em sequelas de poliomielite.

Órteses para antepé


São dispositivos destinados a compensar o desalinhamento dos
dedos ou proteger os pontos de hiperpressão devido às deformidades. O
principal objetivo é o alívio da dor (HENNESSEY, 2007)
Anéis de discos protetores

Discos redondos ou ovais com orifício no centro para proteção de


calosidades ou cisalhamento entre os dedos.
Corretor de hálux valgo

Atua através de três pontos de pressão: uma força para dentro na


altura do cuboide através de uma cinta proximal, uma força para den-
tro no 1º dedo por uma placa rígida e uma força para fora da cabeça do
1º metatarso.

Órteses para tornozelo e pé


Mola de Codivila

Consiste em uma haste metálica posterior, unida a uma braça-


deira proximal, colocada a 3 cm abaixo do colo da fíbula e distalmen-
te acoplada ao estribo que se une ao calçado. Indicada para paralisia
do músculo tibial anterior sem quadro de espasticidade presente em
tríceps sural.
27 - Capítulo 2 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Órteses Suropodálicas
Rígidas

São órteses utilizadas para imobilização do tornozelo e pé em qua-


dros de paralisia do músculo tibial anterior, devido ou não a causas de
espasticidade em musculatura planteflexora. Pode ser um item pré-fabri-
cado, disponível em diversos tamanhos, ou confeccionadas sobre molde
gessado. Permitem contato total com a região posterior da perna e sola
do pé, distribuindo o peso efetivamente sobre uma base de suporte fixa.
Estas órteses são mais leves e quando confeccionadas em molde
gessado, permitem ajustes, tais como: uso de tiras laterais em pés com
tendência à inversão ou eversão e acolchoamentos com correção de varo
ou valgo através de cunhas laterais ou mediais colocadas ao nível de tor-
nozelo em região de maléolos (MOURA et al., 2009).

Figura 4 – Órtese suropodálica rígida | Fonte: 123rf – Teerawat Kamnardsiri.

Articuladas

As órteses suropodálicas articuladas para dorsiflexão, são consti-


tuídas por duas placas termoplásticas (uma para o pé e outra para a parte
posterior da perna), conectadas por uma articulação que permite a dorsi-
28 - Capítulo 2 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

flexão do tornozelo (auxiliando na ação do músculo tibial anterior) mas


limita a flexão plantar a um ângulo pré-determinado (geralmente neu-
tro). Apesar de permitirem movimentos no plano sagital, a estabilidade
médio-lateral deste tipo de órtese, é muito similar à encontrada na suro-
podálica do tipo rígida (BRASIL, 2013).
Reação ao Solo

Já as órteses articuladas de reação ao solo bloqueiam a dorsiflexão


com o objetivo de impedir o avanço exagerado da tíbia durante a fase de
apoio da marcha e forçam a extensão do joelho. Este aparelho, especifi-
camente, é contraindicado na presença de deformidade rígida em flexão
do joelho (BRASIL, 2013).

Figura 5 – Órtese de reação ao solo | Fonte: Banco de Imagens UNINOVE.

Tira antiequino

Trata-se de uma tira elástica pressuposta na perna através de uma


braçadeira em tecido fechada em velcro e distalmente presa ao cadarço
do calçado ou ao pé. Auxilia na marcha de pacientes com déficit dosi-
flexor do tornozelo.
29 - Capítulo 2 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Figura 6 – Tira antiequino. | Fonte: 123rf – Laurentiu Iordache.

Órteses para joelho-tornozelo-pé


Órtese de reciprocação (RGO)

Órtese longa com cinto pélvico, dotada de um mecanismo de re-


cipocração nas articulações dos quadris. À medida que o paciente fle-
te o quadril, o quadril contralateral automaticamente entra em extensão
através do mecanismo de recipocração. Tal mecanismo é composto por
duas articulações especiais, acopladas através de dois cabos de aço, que
passam atrás do cinto pélvico. Com o uso desta órtese, a qualidade de
marcha é melhor, veloz e com um menor gasto energético.
Tutor com articulação
Utilizadas em casos de rigidez articular ou hiperextensão de joelho.
Seus dois componentes se localizam anterior e posteriormente à região
da coxa e outro anterior da perna de ambos, conectados a um cursor
metálico regulável para ganho de flexão.
30 - Capítulo 2 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Figura 7 – Tutor com articulação. | Fonte: 123rf – Andrew Mayovskyy.

Próteses
Dispositivo permanente ou transitório que substitui total ou par-
cialmente um membro, órgão ou tecido.
Tipos:
• Interna ou Implantada (ex. prótese articular, prótese não con-
vencional para substituição de estrutura óssea por retirada de
tumor, substituição de válvula cardíaca, implante dentário,
dentre outros);
• Externa ou não implantada (Ex: prótese para região de ampu-
tação do membro);
• Estética, quando mantém apenas a forma estrutural e não pro-
move função (Ex. prótese ocular e mamária).
31 - Capítulo 2 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Os materiais utilizados para as próteses são caracterizados por três


critérios essenciais: biocompatibilidade (boa tolerância pelo organis-
mo humano), resistência a corrosão e precisão nas propriedades mecâ-
nicas. Podem ser utilizados para o corpo da prótese (metais, cerâmicas
ou polímeros).

Próteses híbridas
Prótese mioelétrica

As próteses mioelétrica combinam dois tipos de controle na mes-


ma prótese. A primeira necessita de uma ação muscular (energia inter-
na através de sinais mioelétricos), para que se acione automaticamente
a mecânica externa (dispositivo mecânico/elétrico da prótese do qual é
gerador do movimento) (BLOHMKE, 1997).

Exoesqueleto
Trata-se de uma Interface Cérebro-Máquina (BMI – Brain-Machine
Interface) que permite o usuário se movimentar a partir do pensamen-
to que é transmitido e decodificado para um computador. O indivíduo
não precisa mover nenhum músculo, basta imaginar o movimento, e
por isso é aplicável até mesmo em deficientes tetraplégicos ou com es-
clerose lateral amiotrófica. Ao pensar, por exemplo, em mexer o braço
direito, uma cadeira de rodas automatizada poderia se mover para a di-
reita ou mesmo uma prótese de um braço poderia se mover nesta dire-
ção (NICOLELIS, 2014).

Próteses passivas
As próteses estéticas ou passivas pertencem ao grupo de próteses
não funcionais. Elas restabelecem o aspecto externo, sem proporcio-
nar funções ativas, porém exigem grande verossimilhança com o te-
32 - Capítulo 2 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

cido real para confecção, incluindo conforto e peso reduzido para uso
(BLOHMKE, 1997).

Figura 8 – Prótese passiva de membro superior | Fonte: 123rf – Andrew Mayovskyy.

Próteses funcionais
Próteses funcionais são acionadas pelo próprio paciente, median-
te o movimento do segmento residual (coto) através da tração de tiran-
tes. Para coordenar as diferentes funções, o paciente necessita de um
intenso programa de treinamento, a fim de adquirir de forma gradativa
a adaptação sensorial e o respectivo controle dos diferentes movimen-
tos da prótese (BLOHMKE, 1997).
Ainda de acordo com BLOHMKE (1997), o encaixe das próteses
deve satisfazer os seguintes requisitos básicos:
a) Envolvimento preciso do coto: o volume interno do encaixe deve
acolher todo o coto, incluindo os tecidos moles, não permitindo o surgi-
mento de folgas. Quanto maior a superfície de contato do coto com as
paredes do encaixe, melhor é a suspensão da prótese;
b) Adaptação somestésica: diminuir as alterações hipersensitivas do coto,
como no caso da síndrome do membro fantasma;
c) Atenção à vascularização local: ao confeccionar o encaixe é importan-
te evitar garroteamento na região proximal do coto do qual possa inibir
33 - Capítulo 2 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

o retorno venoso, circulação sanguínea e linfática. Isto pode ocorrer, por


exemplo, quando não existe contato na parte distal do encaixe, e quan-
do a parte proximal é mais justa para segurá-lo;
d) Maior descarga distal possível: a descarga de peso distal tem impor-
tância muito grande para o usuário da prótese, já que transmite a sensa-
ção de distribuição de peso sobre o solo. Se maior for a descarga distal,
menor é será a pressão sobre as regiões proximais do coto.

Dispositivos auxiliares de locomoção


Auxiliares de marcha ou de locomoção referem-se a aparelhos
e utensílios que visam facilitar diversas condições impostas por se-
quelas (BRASIL, 2013). As funções desses dispositivos variam con-
forme a modalidade e modo de utilização, contribuindo de maneira
geral para: promover mobilidade e proporcionar a maior independên-
cia possível para as pessoas com deficiência, suporte postural, fornecer
equilíbrio e/ou estabilidade, facilitar transferências, otimizar desempe-
nho funcional e promover conforto e analgesia. A seguir serão descri-
tos alguns tipos desses dispositivos:

Bengalas
São utensílios que podem ser confeccionados em madeira (bai-
xo custo, porém mais pesadas e de comprimento fixo) ou em alumínio
(mais caras, porém leves e resistentes e com mecanismo regulatório
de comprimento). A principal função das bengalas é aumentar a base
de apoio, melhorando assim o equilíbrio. Sua utilização se afere sempre
na mão oposta ao membro afetado (SAAD, 2007).
Tipos:
1. Comum – Tem ponto de sustentação anterior ao cabo e aumen-
ta o estresse na articulação do punho;
34 - Capítulo 2 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

2. Empunhadura funcional – Permite uma melhor pega, sem so-


brecarga articular do punho;

Figura 9 – Bengala tradicional com autorrregulagem | Fonte: 123rf – Vereshchagin


Dmitry.

3. Com recuo – A pressão é exercida sobre o centro da bengala,


aliviando assim a sobrecarga na extremidade do membro
superior;
4. Empunhadura em C – Promove também maior sobrecarga
na articulação do punho;
5. Três pontos – Ou apoio tripé confere três pontos de contato
com o solo, permitindo uma maior base de suporte em rela-
ção as demais bengalas;
6. Quatro pontos – Proporciona suporte ao solo de forma am-
pla e efetiva, com maior estabilidade;
35 - Capítulo 2 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Figura 10 – Bengala de quatro pontos com autorregulagem | Fonte: 123rf – Vereshchagin


Dmitry.

Muletas
As muletas conferem estabilidade látero-lateral, sendo esta es-
tabilidade maior do que as oferecidas pelas bengalas. São mais utili-
zadas para descarga de peso gradual ou sua redução em cerca de 50
– 100%. São usadas sempre aos pares e otimizam a propulsão duran-
te a marcha (SAAD, 2007).
Tipos:
1. Axilares – Indicadas para pacientes que requeiram grande descar-
ga de peso corporal e que tenham pouca estabilidade de tronco.
36 - Capítulo 2 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

2. Canadenses – Com braçadeiras acima e abaixo do cotovelo para


compensar fraqueza de extensores de cotovelo. Exigem bom equi-
líbrio de tronco, membros superiores fortes e boa coordenação.

Figura 11 – Muletas canadenses | Fonte: 123rf – Vereshchagin Dmitry.

Andadores
Os andadores são dispositivos que objetivam aumentar a estabi-
lidade ântero-posterior e látero-lateral de indivíduos que necessitam de
máximo auxílio durante a marcha (SAAD, 2007).
Tipos:
1. Fixo – Maior estabilidade latero-lateral, não exige dissociação
de cinturas.
37 - Capítulo 2 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Figura 12 – Andador fixo | Fonte: 123rf – Vereshchagin Dmitry.

2. Articulado – Menor estabilidade latero-lateral. Necessita da


dissociação de cinturas e de um treino de marcha apropriado.

Figura 13 – Andador articulado | Fonte: 123rf – Hennadii Huchek.


38 - Capítulo 2 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

3. Andador com duas rodas – Permite deslocamento linear anterior


durante a deambulação.

Figura 14 – Andador com duas rodas | Fonte: 123rf – stocksolutions.

4. Andador com quatro rodas – É mais instável e aumenta o


componente rotacional. Devido ao mecanismo de acionamento de
freios, não é indicado para pacientes com distúrbios cognitivos.
Permite deslocamentos em 360º e trajetos com velocidade.

Figura 15 – Andador com quatro rodas | Fonte: 123rf – Katarzyna BiaÅ‚ asiewicz.
39 - Capítulo 2 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

 Cadeira de rodas (COOPER, 1998)


Trata-se de uma cadeira montada sobre rodas que é utilizada por
indivíduos com dificuldade de locomoção, podendo ser movida manual
ou eletronicamente pelo ocupante ou empurrada por alguém. A imagem
a seguir descreve as especificações deste dispositivo:
1. Cadeira de rodas do tipo convencional

As cadeiras de rodas que não possuem ARO de propulsão, não


permitem que o usuário a dirija com uma única mão.

2. Cadeira de rodas elétrica


A cadeira de rodas motorizada é indicada somente a pessoas que
apresentarem total incapacidade de deambulação (incluindo indivídu-
os que não podem também locomover-se de forma independente em
uma cadeira de rodas convencional), ausência de controle de tronco,
entretanto, devem possuir cognição, audição e visão suficientemente
preservados.
40 - Capítulo 2 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Figura 16 – Cadeira de rodas motorizada | Fonte: 123rf – David Seaford.

3. Cadeira de rodas adaptada


Cadeira de rodas adaptada, são aquelas que necessitam de adequa-
ção postural para indivíduos com ausência ou menor controle de tron-
co, cognitivo e/ou visão rebaixada. Tem por objetivo promover maior
estabilidade dos segmentos proximais a fím de não gerar danos para as
propriedades viscoelástica dos tecidos e funções dos órgãos, pelo longo
período de posicionamento dos mesmos na cadeira.
Algumas das estruturas que são adaptadas (moldadas), são o ta-
manho e densidade do assento e encosto, presença de passantes (tiras/
cintos), apoio para os pés e cunhas reguláveis.
41 - Capítulo 2 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Figura 17 – Cadeira de rodas adaptada | Fonte: 123rf – jarenwicklund.

4. Cadeira de rodas de praia


Esse tipo de cadeira favorece a passagem por solos irregulares ou
líquidos. São comumente utilizados para uso em praias, o que permi-
te a oportunidade do indivíduo ao lazer, ambiente e participação social.
42 - Capítulo 2 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Figura 18 – Cadeira de rodas de praia | Fonte: 123rf – federicofoto.


43 - Capítulo 2 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Exercícios
1) Em relação às características das órteses termoplásticas de membros
inferiores, assinale a alternativa correta:
a) São mais flexíveis, menos rígidas, possuem menor resistência à cor-
rosão e boa conformabilidade;
b) São mais rígidas, possuem maior resistência à corrosão e boa
conformabilidade;
c) São viscoelásticas e possuem menor resistência à corrosão;
d) São mais rígidas e possuem maior resistência à corrosão;
e) São mais flexíveis, menos rígidas, possuem menor resistência à cor-
rosão e menor conformabilidade.
Resposta correta ao final do capítulo.

2) Após iniciar um tratamento com órtese, o terapeuta deve fazer uma


verificação detalhada do dispositivo. Este processo é muito importante,
portanto analise as alternativas a seguir e assinale a incorreta:
a) Avaliar se o tamanho da órtese está adequado para o usuário;
b) O terapeuta não precisa investigar as propriedades físicas dos mate-
riais ortéticos, mas deve conhecer os modelos de dispositivos disponí-
veis no mercado;
c) Checar se a órtese está imobilizando alguma parte do corpo
desnecessariamente;
d) Identificar se há pontos de pressão e/ou se o aparelho causa dores e
irritações na pele;
e) Investigar se a órtese está dificultando alguma função.
Resposta correta ao final do capítulo.
44 - Capítulo 2 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

3) Paciente, A.R, 42 anos, após sofrer um acidente vascular cerebral


(AVC) há dois anos, evoluiu cronicamente com sequelas neurológicas
(hemiparesia à esquerda) de predomínio crural, necessitando de enca-
minhamento para tratamento fisioterapêutico.
Na avaliação fisioterapêutica, apresentou comprometimento
do pé esquerdo (pé quino) devido fraqueza muscular do
músculo tibial anterior por moderada hipertonia em região
de trícpes sural. Durante a marcha, foi observado também
relativo déficit para a dorsiflexão plantar. Com base no caso,
qual seria o tipo de órtese ideal para o comprometimento
da paciente?
a) Órtese suropodálica rígida;
b) Órtese surpodálica articulada;
c) Mola de codivila;
d) Órtese de reciprocação;
e) Palmilha.
Resposta correta ao final do capítulo.

4) O procedimento correto de utilização de uma bengala é:


a) No membro comprometido;
b) Bilateralmente;
c) Contralateral ao membro comprometido;
d) Anteriormente ao membro comprometido;
e) Posteriormente ao membro comprometido.
Resposta correta ao final do capítulo.

5) Paciente A.J, 27 anos, após ter sofrido lesão por arma de fogo em re-
gião torácica alta obteve diagnóstico de lesão medular do tipo tetraplegia.
O mesmo foi encaminhado após alguns meses para tratamento fisiote-
rapêutico com prescrição e adequação de cadeira de rodas. Apresenta
motricidade em extensão do cotovelo e dedos, em flexores profundos
dos dedos e ausência de controle de tronco. Mediantes as informações,
45 - Capítulo 2 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

assinale qual tipo de dispositivo auxiliar de locomoção esse paciente


necessitará:
a) Cadeira de rodas convencional com prescrição para adaptação em
tronco;
b) Prótese mioelétrica;
c) Cadeira de rodas motorizada com prescrição para adaptação em tronco;
d) Prótese funcional;
e) Andador com duas rodas dianteiras.
Resposta correta ao final do capítulo.

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VILADOT, R.; COHI, O.; CLAVELL, S. Ortesis y protesis del aparato


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Gabarito
1. d | 2. b | 3. b | 4. c | 5. c
47 - Capítulo 3 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Capítulo 3
AVALIAÇÃO E PARÂMETROS PARA
PRESCRIÇÃO E INDICAÇÃO DE
PRÓTESES E ÓRTESES

Juliana Barbosa Goulardins

Introdução
O aumento da expectativa de vida populacional no Brasil eviden-
cia também o número de pessoas que envelhecem apresentando perda
da capacidade funcional e aumento da dependência nas atividades do
dia a dia. A tecnologia assistiva se constitui como suporte para que os
idosos mantenham a independência e funcionalidade. Entre esses recur-
sos, as órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção são os mais
empregados pela fisioterapia no processo de reabilitação. As órteses de-
vem ser concebidas de acordo com as necessidades individuais de cada
paciente, de forma a apoiar, proteger, imobilizar, reestabelecer ou faci-
litar padrões coordenados de movimentos, preservando o estado fisioló-
gico dos músculos e prevenindo deformidades. A prescrição de próteses
deve equilibrar a necessidade individual de estabilidade, segurança, mo-
bilidade, durabilidade e estética, considerando condições clínicas, idade,
nível de atividade física, peso e estatura, atividade profissional e fatores
ambientais que influam na conservação do equipamento. A indicação e
a escolha adequada dos meios auxiliares de locomoção deve considerar
a funcionalidade dos membros superiores, inclusive de punho e mãos.
Itens como segurança, design, custo, aparência atrativa, conforto, fácil
aplicação e remoção, manutenção e higiene devem ser considerados em
48 - Capítulo 3 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

todos os recursos de tecnologia assistiva ao longo de processo de enve-


lhecimento. Em particular, serão apresentados os parâmetros para ava-
liação, prescrição e indicação de órteses, próteses e meios auxiliares de
locomoção em idosos.

Objetivos
• Apresentar os principais parâmetros para avaliação, pres-
crição e indicação de órteses, próteses e meios auxiliares de
locomoção em idosos.

Órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção


O processo de envelhecimento é definido como sendo gradual
universal e irreversível, provocando uma perda funcional progressiva
no organismo. É caracterizado por diversas alterações orgânicas, por
exemplo, a redução do equilíbrio e da mobilidade, das capacidades fisio-
lógicas (respiratória e circulatória) e modificações psicológicas (maior
vulnerabilidade à depressão). Desse modo, idosos comumente apresen-
tam mobilidade reduzida, além de estarem também vulneráveis a doen-
ças que levam a deficiências.
Segundo o Manual de Instruções Técnicas de Acessibilidade para
apoio ao projeto arquitetônico da Secretaria Municipal da Pessoa com
Deficiência e Mobilidade Reduzida, da Prefeitura de São Paulo, pesso-
as com deficiência ou mobilidade reduzida são aquelas que se deslocam,
em geral, com ajuda de equipamentos auxiliares, como muletas, benga-
las, andadores, cadeiras de rodas ou cães-guia.
No processo de reabilitação diferentes recursos e intervenções po-
dem ser utilizados visando à independência do sujeito, entre esses recur-
sos destaca-se a Tecnologia Assistiva, que tem como objetivo aumentar
habilidades funcionais e promover vida independente e inclusão. Esses
recursos permitem ao fisioterapeuta estimular a função e reduzir o im-
49 - Capítulo 3 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

pacto de uma deficiência ou da mobilidade reduzida que podem acom-


panhar o processo de envelhecimento na realização de atividades de
modo independente.
Dentre os recursos de Tecnologia Assistiva, as órteses, próteses e
meios auxiliares de locomoção (OPM’s) são os recursos mais empre-
gados pela fisioterapia no processo de reabilitação. Em especial, a indi-
cação e a prescrição adequada desses equipamentos atuam inclusive na
melhora da acessibilidade.
A norma técnica NBR 9050 da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) define acessibilidade como a “possibilidade e con-
dição de alcance, percepção e entendimento para a utilização com se-
gurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamento
urbano e elementos”.
O conceito de um desses grupos de dispositivos e recursos serão
abordados no quadro 1 abaixo:
Quadro 1 – Definições de órteses, próteses e meios
auxiliares de locomoção

Fonte: Autores.
50 - Capítulo 3 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Avaliação, prescrição e indicação de órteses, próteses e


meios auxiliares de locomoção
Alguns conhecimentos são fundamentais aos processos de avalia-
ção, prescrição e indicação de próteses, órteses e meios auxiliares de lo-
comoção em idosos, tais como: anatomia geral dos órgãos e sistemas, em
especial, as alterações que ocorrem no processo de envelhecimento, dis-
positivos de tecnologia assistiva e acessibilidade para a pessoa idosa, bio-
mecânica geral e aplicada ao processo de envelhecimento, entre outros.
Durante os processos de avaliação, prescrição, indicação e
confecção de OPM’s, o fisioterapeuta deve observar e garantir aspectos
importantes, que serão descritos a seguir, especificamente em cada
grupo de dispositivos.

Órteses
Órteses bem moldadas e modeladas devem ser concebidas de
acordo com as necessidades individuais de cada paciente, de forma
a apoiar, proteger, imobilizar, reestabelecer ou facilitar padrões
coordenados de movimentos, preservando o estado fisiológico dos
músculos e prevenindo deformidades. Vale ressaltar que para aqueles
profissionais que trabalharem na rede pública de saúde, os processos de
prescrição e produção devem preconizar técnicas e insumos que respeitem
os descritivos da tabela de OPM’s do SUS.
Conhecimentos sobre anatomia, cinesiologia, biomecânica do sis-
tema músculo-esquelético e fisiopatologia específica são essenciais para
a compreensão das adaptações das órteses sobre o corpo, ou seja, para
realizar as indicações e prescrições corretas. A falta desses conhecimen-
tos pode prejudicar o paciente.
É preciso definir como será a fixação do segmento corporal e qual
material será utilizado, procurando fazer as adaptações necessárias para
51 - Capítulo 3 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

o paciente e tentando usar um design que vá de encontro ao objetivo do


paciente. Dessa forma, o fisioterapeuta deve avaliar se as órteses:
• Mantém a anatomia fisiológica, considerando a presença ou
ausência de algum desvio irredutível;
• Garantem os eixos de movimentos adequados;
• Permitem uma função equilibrada dos músculos não afetados;
• Promovem, quando possível, padrões mais funcionais (ex.
preensões, marcha etc);
• Permitem a máxima mobilidade com ótimo padrão de
estabilidade;
• Aliviam ou não comprimem pontos de saliências ósseas e de-
mais áreas que não se possa manter pressão, como tendões e
ulcerações;
• Garantem o alongamento suave e prolongado de articulações
e músculos que devem ser levados e mantidos em seu limite
plástico, permitindo a neoformação dos tecidos;
• Não levam a posicionamentos extremos, que promovem rup-
turas/lesões teciduais que alimentam a cascata inflamatória e
podem ser prejudiciais à funcionalidade daquele membro;
• Não causam dor, tenham acomodação confortável, mantendo
o posicionamento preconizado.
O uso de uma órtese pode ser temporário ou definitivo. O uso tem-
porário caracteriza-se por um tempo determinado (curto, médio ou longo
prazo), mas que seguramente será finito. Quando se trata de uma órte-
se temporária, é importante saber dimensionar o uso dentro do contexto
de “começo, meio e fim”. O fim, que seria a retirada da órtese, pode ser
lento e ocorrer diariamente, ou ainda em dias alternados, ou em perío-
dos alternados. Já o uso definitivo é aquele que ocorrerá por tempo in-
52 - Capítulo 3 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

determinado, ou seja, provavelmente acompanhará o paciente por toda


sua vida, considerando a etiologia e a incapacidade do paciente.

As órteses são indicadas para:


• Imobilizar, estabilizar ou proteger estruturas
reparadas
• Manter ou aumentar a amplitude de movimento
• Colaborar para o movimento quando não há força
muscular suficiente
• Realizar a ação da força muscular
• Ser base para a inserção em aparelhos de autoajuda
• Suportar ou sustentar ou proporcionar descarga de
peso
• Prevenir ou corrigir deformidade articular
• Auxiliar ou restaurar uma função
• Proporcionar marcha / auxiliar na locomoção
• Reduzir ou abolir dor consolidação de fraturas

Além disso, as órteses podem ter duas propostas básicas: a imo-


bilização e a mobilização.

Imobilização
A imobilização deve ser prescrita para:
• Reduzir a inflamação após um trauma;
• Reduzir um processo inflamatório (ex. artrite, tendinite);
• Controlar um quadro álgico;
• Substituir músculos ausentes, fracos ou desequilibrados (sus-
tentando o peso corporal em pacientes com déficit de força
muscular ou paralisia de uma ou mais extremidades);
53 - Capítulo 3 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

• Prevenir deformidades (ex. lesões do sistema nervoso central)


e auxiliar nas decisões cirúrgicas (uso da órtese temporária),
possibilitando repouso aos tecidos com lesão ou inflamação,
em articulações e espasmos musculares.
As órteses para mobilização são prescritas quando é necessário
mobilizar os tecidos pela aplicação de uma força, por exemplo, a for-
mação de cicatrizes hipertróficas ou retráteis pode ser tratada pelo posi-
cionamento prolongado em seu comprimento máximo associado ao uso
de uma pressão.
Considerando essas propostas, encontramos quatro tipos de órte-
ses: estáticas, dinâmicas, estáticas seriadas e estáticas progressivas.
 As órteses estáticas: mantém os tecidos em uma posição úni-
ca, são aplicadas diretamente ao corpo, podem ser usadas de
forma contínua quando estabilizam tecidos em cicatrização e po-
dem ser retiradas para prática de exercícios, são indicadas para
manter o alinhamento articular, o que previne o desenvolvimen-
to de retrações, contraturas e deformidades, em doenças como
a artrite reumatóide, queimaduras, lesões nervosas, Dupuytren
pós-operatório, fraturas em fase de consolidação (fechadas) e/
ou cicatrização (abertas), entre outras;
 As órteses dinâmicas são utilizadas para aplicar uma força a
fim de mover uma articulação, tendo uma tala base e forquilhas
que direcionam a tração dinâmica para exercer a força em um
ângulo adequado, são indicadas para neuropatia periférica, al-
terações musculares e quadros de pós-operatório de cirurgias
da mão;
 As órteses estáticas seriadas são moldadas para manter o
tecido em seu comprimento máximo, utilizadas para ganho
de movimento. Assim que se obtém esse ganho, a órtese é
54 - Capítulo 3 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

remodelada, ou outra órtese é confeccionada, acomodando o


tecido na nova posição de alongamento;
 As órteses estáticas progressivas são similares à órtese dinâmica
quanto à construção da tala base e da forquilha, diferindo a forma
de aplicação de força, que não é dinâmica. A força é aplicada
através de um componente inelástico (ex. velcro), ajustado em
pequenos aumentos conforme a contratura é reduzida.
É importante salientar que as órteses de forma geral não são
indicadas quando há deformidade articular fixa. Outras contraindica-
ções são a restrição de articulações funcionais, a piora da postura ou
da marcha, o aparecimento ou piora da dor, o desenvolvimento de
escaras ou o desconforto emocional. Alguns efeitos negativos do uso
das órteses também devem ser considerados, são eles: a dependência
física e psicológica.

Pontos importantes:
✓✓Não existe órtese para uma única doença;
✓✓A órtese deve ser adaptada para o paciente;
✓✓Quando a órtese não cumpre o seu objetivo ela
deve ser suspensa;
✓✓A órtese para ser indicada deve ser precedida de
uma avaliação funcional e psicossocial.

A indicação do tipo de órtese a ser usada vai variar de acordo


com: a doença, as articulações e os segmentos envolvidos e a função
desejada. As tabelas a seguir descrevem as principais órteses, suas
respectivas funções e indicações de acordo com os segmentos corporais
(Tabelas 1, 2, 3 e 4):
55 - Capítulo 3 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Tabela 1 – Principais órteses de Membros Superiores

Principais órteses Funções Indicações


Órtese de dedo Estabilização Artrite reumatoide,
do movimento queimadura, síndrome
das articulações do túnel do carpo, etc.
metacarpofalangeana e
interfalangeana
Órtese de mão Controle da oponência do Neuropatia do mediano
polegar
Órtese de punho Controle da oponência Prevenção de mão em
e mão com barra e extensão do punho e garra e simiesca
lumbrical metacarpo falangiana
Órtese de punho Controle da flexão do Neuropatia do radial,
e mão com barra punho LER/DORT
palmar e antebraço
Órtese de punho, Mantém a posição neutra Espasticidade
mão e dedos do segmento
Órtese de cotovelo Imobilização ou para Fraturas, queimaduras,
ganho de amplitude, reparação nervosa,
instabilidades, limitação contraturas,
da ADM e dor em partes transferência tendínea,
moles processos degenerativos
e tendinites
Tipoia Evitar o balanço Paralisia flácida, P.O. de
desordenado do braço e ombro
indicada para repouso
Órtese ombro/ Posicionamento da AVE, luxações, bursites,
úmero subluxação de ombro, artrites ou outras
alívio da dor e rigidez instabilidades do ombro
Órtese de Proteção Fraturas de úmero
Sarmiento (exceto na fase aguda) e
para pseudoartrose
Órtese abdutora Corretiva (a posição Queimaduras na região
de ombro (pode correta nesse caso é de 60° axilar e contraturas
ser abdutora com de abdução, 30° de flexão,
almofada de apoio com posição neutra de
ou com tala asa de cotovelo e punho)
avião)
LER/DORT – Lesão por esforço repetitivo/doença ocupacional relacionada ao trabalho;
P.O. – pós-operatório; AVE – acidente vascular encefálico | Fonte: Autor
56 - Capítulo 3 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Tabela 2 – Principais órteses cervicais

Principais
Funções Indicações
órteses
Colar cervical de Feedback sensorial Torcicolos por espasmos
espuma (não bloqueia musculares e lesões
totalmente as ADMs de tecidos moles
cervicais) (contraindicado para lesões
ligamentares)
Colar Imobilização cervical Comprometimentos
Philadelphia (limita mais os cervicais importantes e
movimentos de flexo- primeiros socorros (ex.:
extensão) instabilidade de C4, P.O.,
TRM)
Colar Minerva Imobilização cervical Coadjuvante no
(permite maior tratamento das fraturas,
limitação da flexo- luxações, traumatismos e
extensão e inclinações) cervicalgias. Também pode
ser utilizado no P.O. de
coluna cervical
Colar de Thomas Imobilização cervical Torcicolo, traumatismo,
(limita apenas a artrose, artrite e afecções
flexo-extensão, da coluna cervical
principalmente a
flexão)
Halo craniano Imobilização cervical É indicado para TRM alto
(maior estabilidade
limitando flexo-
extensão, inclinações e
rotações)
SOMI (Sternal Imobilização cervical Lesões cervicais altas
Occipital (restringe todos os
Mandibular movimentos cervicais)
Imobilizer)
P.O. – pós-operatório; TRM – trauma raquimedular | Fonte: Autor.
57 - Capítulo 3 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Tabela 3 – Principais órteses de tronco

Principais órteses Função Indicação


CDT1 – Correção de deformidade Pectus carinatum
Compressor de tórax
Dinâmico de
Tórax
CDT2 – Correção de deformidade Pectus escarvatum
Compressor de tórax
Dinâmico de
Tórax
Colete de Correção postural Escoliose alta (T7-T8),
Milwaukee cifoescoliose e cifose
Colete tipo Jewett Estabilização, com Fraturas torácicas e
controle da inclinação cifose
lateral e da flexão de
tronco
Colete de Knight Imobilização da coluna Fraturas dos corpos
Taylor tóraco-lombar. Pode vertebrais, hérnias de
ser utilizado acoplado disco e tratamentos pós-
a uma órtese longa, operatórios
visando ortostatismo e
deambulação
Cinta de Putty ou Controle da extensão Lombalgias severas,
colete de Williams lombar, liberando lombociatalgias
a flexão do tronco. traumáticas,
Auxilia na redução da artroses severas,
hiperlordose lombar não espondilolisteses, P.O.
estruturada de coluna
Colete Bivalvado Sustentação do Fraturas por
corpo. Controle compressão, hérnias
da movimentação. discais, pós-operatório
Realinhamento da coluna e em alguns casos de
osteoporose
P.O. – pós-operatório | Fonte: Autor.
58 - Capítulo 3 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Tabela 4 – Principais órteses de Membros Inferiores


Principais
Função Indicação
órteses
Brace ou split Proteção e repouso articular Inflamações dos tecidos
de joelho moles, P.O. e pós-traumas
Órtese de Estabilidade articular do Lesões medulares altas,
quadril joelho quadril, joelho, tornozelo e neuropatias periféricas,
tornozelo e pé pé, aprimorar a independência lesões cerebrais, distrofias
(HKAFO) da marcha, prevenir futuras musculares, miopatias,
deformidades, estimular o instabilidade ligamentar
ortostatismo e a marcha
Órtese de Melhorar a qualidade da Lesão medular
Reciprocação marcha do paciente com
(RGO) paralisia flácida grave nos
membros inferiores, com
menor gasto energético e
maior velocidade
Órtese Estabilidade das articulações Hemiparesia, paraparesia,
de joelho do joelho e tornozelo,e, entre outras sequelas
tornozelo e pé indiretamente, auxilia na neuromotoras
(KAFO) estabilidade do quadril e
tronco. Também é indicada
para a realização de treino
de ortostatismo e auxilia na
prevenção de deformidades
de joelho e tornozelo
Órteses de É uma órtese de apoio, Doenças neurológicas que
tornozelo pé mantendo posição neutra cursam com espasticidade
(AFO) de 90° na articulação do e/ou fraqueza muscular
tornozelo, pode ou não ser (AVE, TRM, etc.)
articulada
AFO Órtese de apoio, com menor Pés equinos decorrentes
semirrígido estabilidade de tornozelo por de AVE, lesão de nervo
ou mola de não ter apoio nos maléolos fibular, fraqueza de tibial
Codevilla anterior, etc.
Palmilhas Eliminar dor, elevar o Esporão de calcâneo,
arco plantar e corrigir a fascite plantar, síndrome
distribuição de cargas tibial posterior, neuroma de
Norton e pé diabético
P.O. – pós-operatório; AVE – acidente vascular encefálico; TRM – trauma
raquimedular | Fonte: Autor.
59 - Capítulo 3 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Importante
Órteses de membros inferiores reduzem o número de articula-
ções a serem controladas durante a marcha, imobilizando e res-
tringindo o movimento numa certa direção, ao mesmo tempo em
que reduzem as forças de sustentação do peso.
Para indicar uma órtese para marcha é preciso avaliar a velo-
cidade da mesma, frequência cardíaca, consumo de oxigênio,
força muscular e estado geral do paciente (idade, nível de seden-
tarismo, hipertensão descontrolada, diabetes, etc).

Próteses
A indicação de próteses na população idosa se torna cada vez mais
necessária à medida que o número de idosos com amputação de mem-
bros inferiores por causas não traumáticas vem aumentando, não apenas
pelo já mencionado envelhecimento populacional, mas pela alta preva-
lência de doenças vasculares periféricas. Entre os distúrbios vasculares
que levam à amputação destacam-se aterosclerose, embolismo e úlcera
varicosa; essas condições são particularmente mais frequentes em ho-
mens com diabetes melitus, com histórico familiar de aterosclerose, além
de estar associada aos fatores de risco como a obesidade e o estresse.
Estudos recentes têm demonstrado que a principal causa de amputação
em idosos foi o pé diabético (60,7%).
A reabilitação e cuidados dos idosos amputados é complexa. A fal-
ta de condicionamento físico pode estar presente como uma condição
pré-existente ou como resultado da hospitalização e cirurgia. Além dis-
so, o repouso prolongado e a imobilização podem exacerbar a falta de
condicionamento ou resultar em novos problemas, tais como contratu-
ras ou ruptura da pele. Por isso, é importante lembrar que quanto mais
60 - Capítulo 3 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

proximal a amputação, mais energia é exigida dos sistemas cardiovas-


cular e pulmonar para a marcha protética.
Assim, a prescrição de próteses para membros inferiores deve equi-
librar a necessidade individual de estabilidade, segurança, mobilidade,
durabilidade e estética.

Na avaliação do tipo de prótese sempre devem ser considerados:


• Condições clínicas;
• Idade;
• Nível de atividade física;
• Peso e estatura;
• Atividade profissional;
• Fatores ambientais que podem influenciar na conserva-
ção do equipamento.

Um amputado de membro inferior que consiga andar com andador


ou muletas, geralmente possui equilíbrio necessário, força e reserva car-
diovascular para andar com uma prótese. No exame físico, o fisioterapeuta
deve medir e registrar os atributos físicos do paciente, como as amplitu-
des de movimento ativos e passivos de todas as articulações dos membros,
tanto do amputado quanto do membro preservado. Contraturas em flexão
do joelho e quadril comprometem o alinhamento e o aspecto protéticos.
A inspeção do coto de amputação é fundamental no processo de
prescrição protética. A cicatriz cirúrgica deve ser examinada, observan-
do se está aderida ou sem aderência e de que forma se apresenta, se é
terminal, anterior, posterior, fechada ou aberta. O neuroma pode estar
presente através, de formigamentos ou pontadas na extremidade do coto.
O fisioterapeuta também deve estar atento ao aprendizado do pa-
ciente ao uso da prótese. O profissional deve orientar as noções de utili-
61 - Capítulo 3 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

zação da prótese, principalmente com relação à manutenção dos cuidados


higiênicos com os componentes colocados em contato com a pele e cui-
dados de conservações gerais indispensáveis à manutenção de todos os
componentes. O paciente deve permanecer em programa de treinamento
até que confie e se sinta seguro para descarregar seu peso sobre a próte-
se, caminhe em velocidades e terrenos variados, consiga usá-la em suas
atividades cotidianas, sejam elas domiciliares ou comunitárias, e esteja
apto a levantar-se do solo em caso de quedas, utilizando ou não dispo-
sitivos auxiliares de marcha.
O uso da prótese não deve causar dor, deve ser confortável e ofe-
recer uma boa estabilidade. A liberação para levar a prótese para casa
ocorrerá apenas quando o paciente demonstrar ser capaz de caminhar de
forma segura e independente com ou sem dispositivos auxiliares e estar
apto aos cuidados de observação do coto.
Nem todos os pacientes amputados podem ser protetizados, aque-
les muito fragilizados, física ou clinicamente, com doenças cardíacas
graves, renais ou pulmonares graves, diabéticos descompensados, que
cansam com muita facilidade, obesos mórbidos constituem o grupo de
contraindicações relativas, pois até podem ser protetizados com grandes
restrições (necessidade de avaliar riscos-benefícios), uma vez que espe-
cialmente os amputados de membros inferiores, precisam de um trei-
namento que exige maior esforço físico e gasto energético, que poderá
agravar o quadro clínico. Pacientes com comprometimento psiquiátri-
co importante, alterações cognitivas, com dificuldades intelectuais para
assimilar as técnicas do treinamento não podem ser protetizados, pois
não obterão êxito, e a insistência dos familiares que queiram que a pes-
soa consiga, só vai reforçar a limitação e prejudicar ainda mais o qua-
dro clínico ou psiquiátrico. (ARAÚJO, 2009).
62 - Capítulo 3 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Parâmetros de prescrição de próteses:


• O nível de amputação é que define qual prótese vai ser
usada;
• O coto deve ter qualidade de amputação, proteção óssea,
nervosa, muscular e vascular;
• Quanto maior o coto melhor a funcionalidade da prótese;
• O coto deve ser previamente preparado para favorecer
o processo de protetização;
• O enfaixamento do coto é fundamental para modelar,
proteger e prevenir edemas no coto.

A amputação normalmente ocorre no nível dos tecidos que po-


dem apresentar cicatrização satisfatória e remoção completa da parte
doente ou anormal. Os procedimentos cirúrgicos visam à preservação
do comprimento máximo possível, compatível com as condições clíni-
cas do paciente.
No membro superior podem ocorrer os diferentes níveis de lesões:
amputação interescapulotorácica, desarticulação de ombro, amputação
de braço (transumeral), desarticulação de cotovelo, amputação de an-
trebraço (transradial), desarticulação radiocárpica, amputação do carpo,
amputação transmetacarpiana, amputação de dedos (interfalangeanas).
Já no membro inferior podem ocorrer: hemipelvectomia, desarticulação
do quadril, amputação da coxa (transfemural), desarticulação do joelho,
amputação da perna (transtibial), desarticulação do tornozelo, ampu-
tação parcial do pé. No pé, os possíveis níveis de amputação incluem:
amputação de Syme (desarticulação do tornozelo com ressecção bima-
leolar), amputação de Chopart (desarticulação entre o retropé e o médio
pé), amputação de Lisfranc (desarticulação do tarso-metatarso), e am-
putação transmetatársica (diáfise do metatarso).
63 - Capítulo 3 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

A correta prescrição de próteses para amputação dos membros


inferiores deve conter uma sequência lógica que considere o nível de
amputação e o sistema de construção, e descreva detalhadamente o
tipo de encaixe, o mecanismo de suspensão, os componentes apropria-
dos para as articulações e o tipo de pé.
Quanto ao sistema de construção, as próteses de membros infe-
riores podem ser divididas em dois tipos de equipamentos: convencio-
nais e modulares. As próteses convencionais, também conhecidas como
exoesqueléticas, podem ser indicadas para todos os níveis de ampu-
tação abaixo do nível do joelho (acima desse nível não são utilizadas
em razão do peso, que dificulta a deambulação) e geralmente são fei-
tas em resina ou componentes em plástico e madeira. As próteses mo-
dulares, também chamadas de endoesqueléticas, recebem esse nome
por serem constituídas de vários módulos ajustáveis entre si, são mais
leves e estéticas (feitas de espuma cosmética, aço, titânio, alumínio e
fibra de carbono), podendo ser indicadas para todos os níveis de am-
putação do membro inferior.
O encaixe da prótese é a interface entre o coto e o membro artifi-
cial. A tabela a seguir compreende os principais tipos de encaixe, suas
respectivas características e indicações para as amputações de mem-
bros inferiores.
64 - Capítulo 3 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Tabela 5 – Principais tipos de encaixe

Tipo de Encaixe Característica Indicação


PTB (Patella A borda superior do encaixe Amputações
Tendon Bearing) cobre anteriormente a metade transtibiais
inferior da patela e lateralmente (mais utilizado
a borda do encaixe e termina um na transtibial
pouco acima da linha articular medial)
do joelho

A descarga de peso é realizada


no tendão patelar e em tecidos
moles

Suspensão é realizada por uma


correia supra-condiliana
PTS (Prótese Engloba toda a patela, tem as Amputação
Tibiale bordas laterais elevadas; descarga transtibial de
upracondylienne) de peso no tendão patelar e em terço proximal
tecidos moles; a suspensão é e pacientes
feita acima da patela e côndilos amputados que
femorais requerendo uma boa apresentem
modelagem do soquete; encaixe também
interno flexível instabilidade no
joelho, por lesão
Pode ter adaptação de correia do LCA e dos
supracondiliana, porém na colaterais
grande maioria dos casos não há
necessidade
KBM (Kondylen A patela permanece totalmente Amputações
Bettung Münster) livre e o bordo possui duas abaixo do nível
orelhas que envolvem os do joelho
côndilos medial e lateral. O
encaixe exerce pressão acima do
côndilo medial, e a diminuição
da medida médio-lateral garante
uma boa suspensão da prótese,
sem a necessidade de uma
correia. Descarga de peso é feita
sobre o tendão patelar
65 - Capítulo 3 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Cartucho em O encaixe para desarticulação Desarticulação


polifórmio de joelho é confeccionado em de joelho
com suspensão duas partes, sendo a interna
supracondilar uma interface em material
macio que promova proteção
e conforto ao coto e a externa,
rígida, confeccionada em
termoplásticos ou resina plástica
com reforços de fibra
Encaixe Encaixe-padrão, no qual grande Amputações
quadrilátero parte da descarga de peso é feita transfemurais
sobre a tuberosidade isquiática,
sendo que o contra-apoio é
realizado por uma pressão na
parte frontal (lado oposto)
Encaixe de Tem a forma mais alongada Amputações
contenção na direção ântero-posterior, transfemurais
isquiática (CAT- assim como um estreitamento
CAM) na direção médio-lateral.
O tecido irrigado na região
frontal é aliviado e todas
as partes moles assumem
a função de transmissão de
carga hidrostática. A região
dorsomedial e a tuberosidade
isquiática estão contidas no
encaixe, isto é, não ocorre um
apoio sobre o ísquio
Cesto Pélvico Envolve as cristas ilíacas. Desarticulação
Deve ser confeccionado em de Quadril
material que apresente rigidez
na parte distal (onde é montado
o adaptador que se ligará aos
demais componentes da prótese)
e flexível na região proximal,
para proporcionar conforto ao
usuário
Fonte: Autor.
66 - Capítulo 3 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

A análise dos mecanismos de suspensão relaciona-se, particular-


mente, aos tipos de joelhos, que são indicados para as amputações transfe-
morais, desarticulações do joelho, e desarticulação de quadril: (1) joelhos
mecânicos: controlados nas fases de apoio e de balanço por fricção e/ou
elásticos com travamento automático na extensão; (2) joelhos pneumáti-
cos: controlados nas fases de apoio e de balanço por diferença de pressão
do ar; (3) joelhos hidráulicos: controlados nas fases de apoio e de balan-
ço por um sistema hidráulico; (4) joelhos computadorizados: controlados
por microprocessadores nas fases de apoio e de balanço, oferecendo esta-
bilidade, confiança e funcionalidade.
Quanto aos tipos de pés, os modelos encontrados são:
• Pé articular: tem flexão plantar livre e dorsiflexão bloqueada.
Permite uma marcha normal e funcional. Por ser pesado não é
indicado para atividades físicas;
• Pé dinâmico: permite a impulsão e a flexão plantar por uma
mola que amortece mais o impacto e permite melhor impulsão;
• Pé Sach: possui amortecedores de borracha, mas não tem ar-
ticulação no tornozelo;
• Pé Greissinger: é multiaxial sendo por isso mais instável.
Permite os movimentos de eversão e inversão e dorsiflexão e
flexão plantar;
• Pé Flexfoot: é uma lâmina de fibra de carbono. É uma grande
mola que conecta o cartucho de encaixe com o pé. Indicado
para a prática de atividades físicas.
A protetização do membro superior é menos comum, pois essas
amputações limitam muito o movimento gerando uma significativa perda
de funcionalidade do membro amputado, geralmente levando à mudança
da dominância lateral das mãos. A busca pelas próteses de membros
superiores na maioria dos casos têm funções estéticas.
67 - Capítulo 3 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Meios auxiliares de locomoção


A prescrição de dispositivos auxiliares de locomoção deve estar
condicionada ao contexto da reabilitação. O idoso deve receber treina-
mento, orientações e acompanhamento do uso do dispositivo de forma
a garantir a segurança e efetividade do equipamento prescrito.
Como o próprio nome diz, estes dispositivos têm objetivo exclusi-
vo de auxiliar na função locomotora, fornecendo apoio adequado e segu-
rança na mobilidade. Englobam as bengalas, as muletas, os andadores
e as cadeiras de rodas. Portanto, são indicados quando o paciente apre-
senta déficits na função locomotora, devido à dor, fadiga, déficit de equilí-
brio, instabilidade articular, fraqueza muscular e/ou sobrecarga estrutural.
As bengalas reduzem em até 20% a sobrecarga nos membros inferio-
res, aumentam a base de apoio, melhoram o equilíbrio, ajudam na compen-
sação de déficits de força, mantém o padrão recíproco da marcha e reduzem
o desvio lateral do centro de gravidade. Devem ser prescritas para uso ao
caminhar, como um elemento de equilíbrio e não apoio. Podem ter um ou
quatro apoios. Ambas são indicadas para indivíduos com marcha sem res-
trições de sustentação de peso nos membros inferiores, mas que tenham dé-
ficits de força muscular e/ou alterações de equilíbrio, particularmente nos
casos onde há alterações funcionais decorrentes da senilidade e/ou de dis-
funções neurológicas, que necessitem apenas de apoio unilateral. Porém,
a bengala de um apoio (convencional) é mais instável, por isso o compro-
metimento funcional do paciente deve ser menor. Em comparação com a
bengala convencional, a bengala de 4 apoios é mais estável, permite maior
base de sustentação e diminui o risco de deslizamentos laterais do disposi-
tivo, por isso, é indicada para indivíduos que necessitam de uma maior es-
tabilidade e com maior comprometimento do equilíbrio. Independente do
tipo de apoio, a altura ideal da bengala deve considerar a altura do indiví-
duo, sendo medida a partir do trocânter maior do fêmur até o solo, com o
68 - Capítulo 3 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

paciente na posição ortostática e o cotovelo deve estar em uma semiflexão


de 30°. A bengala deve usada do lado contrário a lesão. Devendo ficar per-
to do corpo, não ultrapassando o hálux. (BRASIL, 2014).
As muletas são dispositivos que auxiliam a locomoção do paciente
quando este precisa de apoio para um ou ambos os membros inferiores.
O uso das muletas proporciona ao paciente o alívio completo ou parcial
da sustentação do peso sobre os membros inferiores e pelve, utilizando
apoio de punhos e mãos. Existem dois tipos de muletas, as axilares e as
canadenses (de antebraço).
As muletas axilares permitem a marcha sem apoio nos membros in-
feriores, mas exigem força nos membros superiores. Não se deve colocar
o peso corporal sobre as axilas, o que pode causar compressão nervosa
ou vascular. São indicadas em casos de lesões traumáticas e incapacida-
des físicas diversas, particularmente no pós-operatório de cirurgias de
membros inferiores ou ainda na fase aguda de entorses, contusões, lu-
xações, etc, nos períodos em que a descarga de peso deve ser restrita ou
controlada, total ou parcialmente. A posição e medidas adequadas de-
vem considerar que as muletas fiquem a pelo menos 3 cm de distância
da axila e o cotovelo permaneça flexionado em cerca de 30º.
As muletas canadenses auxiliam na reeducação da marcha e am-
pliam a base de apoio, auxiliando em casos de distúrbios de equilíbrio.
Possuem braçadeiras acima e abaixo do cotovelo, com isso, compensam
a fraqueza de extensores do cotovelo (tríceps braquial). O paciente ne-
cessita de coordenação e bom equilíbrio de tronco para utilizar esse tipo
de muletas. O apoio do antebraço deve estar cerca de três dedos abai-
xo do cotovelo, e a força deve ser depositada nos punhos. É importante
ressaltar que a muleta deve ficar a uma distância de 15 a 20 cm da barra
lateral da perna, para que haja o equilíbrio de forças.
Os andadores fornecem auxílio em alterações do equilíbrio e de
locomoção, oferecendo apoio, em casos de: redução da força e resistên-
69 - Capítulo 3 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

cia muscular de membros inferiores ou generalizadas, alterações da co-


ordenação motora, capacidade limitada para suportar o peso sobre os
membros inferiores. Assim, são indicados para pacientes com maior dé-
ficit de equilíbrio dinâmico, déficit de coordenação, entre outros. A re-
gulagem da altura deve considerar a distância entre o trocanter maior
do fêmur e o solo com o paciente na posição ortostática e semiflexão de
cotovelo de 30°. Existem vários tipos de andadores que devem ser pres-
critos de acordo com as necessidades funcionais de cada paciente, de
acordo com a tabela a seguir:
Tabela 6 – Tipos de andadores x necessidades funcionais
Tipo de Andador Necessidade funcional do paciente
Andador com 4 rodas Auxílio para realizar a marcha, mas que
apresentam boa coordenação motora e déficit
parcial de mobilidade e equilíbrio
Andador com 4 rodas Pacientes que além de alterações de equilíbrio,
e assento têm força muscular reduzida e, ainda, outras
dificuldades funcionais

Assento: auxilia pacientes com redução da


mobilidade de quadril e joelho e/ou da força nos
membros inferiores a sentar e levantar com mais
facilidade. Auxilia redução de gasto energético,
nos casos de fadiga, durante a marcha
Andador com 4 rodas, Pacientes que, apesar de apresentarem alterações
assento e cesta de equilíbrio, não têm restrições significativas de
funcionalidade, sendo capazes de realizar suas
atividades diárias com maior autonomia

Assento: possibilita permanecer por mais tempo


sentado no andador de forma confortável, auxilia
redução de gasto energético nos casos de fadiga

Cesta: estimula a autonomia, possibilita


transportar objetos sem perder o apoio das mãos,
auxiliando na realização de atividades diárias
70 - Capítulo 3 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Andador articulado Auxilia pacientes com redução da força


muscular dos membros superiores, pois não
é preciso impulsionar o andador (para cima),
podendo manter um braço apoiado enquanto o
outro leva o andador para frente. Assim, sempre
há um ponto de contato com o solo durante a
marcha, beneficiando pessoas que apresentem
maior comprometimento do equilíbrio
Andador fixo com Auxilia pacientes com redução da força e
rodas frontais coordenação dos membros superiores (facilitam
impulsionar o andador para frente), ao mesmo
tempo em que as ponteiras traseiras permitem
o apoio do peso do corpo ao andador, quando
necessário

É necessário ter bom controle dos membros


superiores e inferiores durante a marcha
para que o andador não seja projetado
demasiadamente para frente
Andador fixo rígido Auxilia pacientes com força suficiente nos
membros superiores para impulsionar o
andador (para cima e para frente), durante a
marcha. Quando impulsionar o andador para
frente, o paciente precisará ter equilíbrio
suficiente para manter-se em pé, pois não
haverá nenhum contato do andador com o solo
neste instante da marcha
Fonte: Autor.

O fluxograma a seguir serve como apoio para a indicação e pres-


crição dos meios auxiliares de locomoção (marcha), levando em consi-
deração as demandas funcionais do indivíduo.
71 - Capítulo 3 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Fluxograma 1 – Prescrição de dispositivos auxiliares de marcha

Fonte: Adaptado de Van Hook FW et al. Ambulatory devices for chronic gait disorders
in the elderly. Am Fam Physician, 2003;67(8):1717-24.

As cadeiras de rodas são meios auxiliares de locomoção indicados


para pessoas com perda de autonomia e/ou alteração grave para marcha.
Na seleção da cadeira de rodas devem ser feitas as seguintes considerações:
necessidades e objetivos do paciente; ambientes domésticos, de trabalho
e outros na comunidade; estado físico e mental e evolução prevista das
deficiências; recursos financeiros e da comunidade; visões a respeito da
aparência e aceitabilidade social; interface do sistema da cadeira de rodas
com outras tecnologias assistivas.
A prescrição de cadeiras de rodas deve considerar as medidas a
seguir: (1) distância assento à região occipital, (2) largura do quadril,
(3) profundidade do assento, (4) distância do pé ao joelho, (5) tama-
nho do pé, (6) distância do assento ao ombro, (7) largura dos ombros,
(8) distância do assento à axila direita, (9) distância do assento à axila
esquerda, (10) largura do tronco, (11) distância do cotovelo até a ex-
72 - Capítulo 3 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

tremidade distal da mão, (12) largura da cabeça e (13) altura do apoio


de braço.
De acordo com cada necessidade de cada paciente, existem dife-
renciados tipos de cadeiras de rodas, a tabela a seguir descreve os princi-
pais modelos de cadeiras de rodas para adultos e idosos, suas respectivas
características e indicações.
Tabela 7 – Principais modelos de cadeiras de rodas para adultos e idosos

Modelo Características da cadeira Indicações


X Simples Alumínio, X simples, sem Pacientes menos ativos
regulagem de mancal, não que não permanecem
Sem mancal permite alinhamento do na cadeira de rodas por
eixo ombro-roda traseira períodos prolongados
nem tilt e não necessitam de
ajuste no mancal não
Suporte de peso: até 90kg serão encaminhados para
adequação postural
X Simples Alumínio, X simples, Pacientes que
regulagem de mancal propulsionam a cadeira
Regulagem somente na horizontal de rodas de forma
de mancal na para alinhamento do eixo independente e necessitam
horizontal ombro-roda traseira, travas de regulagem no centro
nos apoios de braços de gravidade podem
ser encaminhados para
Suporte de peso: até 90kg adequação postural
X Duplo Alumínio, X duplo, sem Pacientes menos ativos
regulagem de mancal, não que não permanecem
Sem mancal permite alinhamento do na cadeira de rodas por
eixo ombro-roda traseira períodos prolongados não
nem tilt, apoio de braço serão encaminhados para
tipo AB adequação postural

Suporte de peso: até 90kg


e/ou até 100kg
73 - Capítulo 3 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

X Duplo Alumínio, duplo X, Pacientes ativos que


regulagem de mancal propulsionam a cadeira
Regulagem somente na vertical de rodas, de forma
de mancal para tilt, não permite independente, e necessitam
somente na alinhamento do eixo de tilt posterior de até 10º
vertical ombro-roda traseira, apoio podem ser encaminhados
de braço tipo AB para adequação postural

Suporte de peso: até 100kg


X Duplo Alumínio, duplo X, mancal Pacientes que
com regulagem horizontal propulsionam a cadeira
Regulagem e vertical, travas nos apoios de rodas de forma
de mancal de braços, rodas traseiras independente e necessitam
na vertical e com pneu antifuro de 24’ de tilt posterior e de ajuste
horizontal para melhor alinhamento
Suporte de peso: até 120kg do eixo ombro-roda
traseira de até 10º podem
ser encaminhados para
adequação postural
X Duplo Alumínio, duplo X, sem Pacientes com peso
regulagem de mancal, não até 120kg podem ser
Reforçado permite alinhamento do encaminhados para
eixo ombro-roda traseira adequação postural
nem tilt. Suporte de peso:
até 120kg
Para Aço, duplo X, sem Pacientes com peso
pacientes regulagem de mancal, não até 160kg podem ser
obesos permite alinhamento do encaminhados para
eixo ombro-roda traseira adequação postural
nem tilt. Suporte de peso:
até 160kg
Hemiplégica Alumínio, dobrável em X, Pacientes com hemiplegia
aro duplo, rodas traseiras e e cognitivo preservado,
dianteiras não removíveis, sem contraindicação
sem regulagem de mancal. cardiológica e boa
Suporte de peso: até 100kg funcionalidade em membro
e/ou até 120kg não afetado podem ser
encaminhados para
adequação postural
74 - Capítulo 3 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

X Duplo Alumínio, duplo X, mancal Pacientes com propulsão


com duas posições de semidependente
Com mancal regulagem horizontal, garfo (tetraplégicos incompletos
regulável adaptado para diferentes e paraplégicos altos),
tamanhos de rodas que necessitem de tilt
dianteiras posterior e de ajuste para
melhor alinhamento do
Suporte de peso: até 125kg eixo ombro-roda traseira,
lesões de ombro, podem
ser encaminhados para
adequação postural
Reclinável Alumínio, duplo X, encosto Pacientes graves, com
reclinável de 90º a 180º, doenças progressivas,
mancal com regulagem limitação para flexão
vertical para tilt, e para de quadril > 25º, cifose
maior estabilidade da torácica estruturada e
cadeira de rodas, apoio de hipotensão postural.Além
cabeça regulável e apoio do reclino, necessitam
de pé elevável. Suporte de de tilt, podendo ser
peso: até 90kg, até 100kg e encaminhados para
até 120kg adequação postural
Monobloco/ Aço, monobloco, dobrável Pacientes graves que
“carrinho” em “L”, tilt de 15º a 30º, necessitam de tilt posterior
apoio de cabeça regulável, não serão encaminhados
cinto torácico e abdutor para adequação postural
removível

Suporte de peso: até 80kg


Fonte: Adaptado de Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho
e da Educação na Saúde. Confecção e manutenção de órteses, próteses e meios
auxiliares de locomoção: confecção e manutenção de próteses de membros inferiores,
órteses suropodálicas e adequação postural em cadeira de rodas / Ministério da Saúde,
Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Brasília: Ministério da
Saúde, 2013, p. 206-207.

Conhecimentos específicos se fazem necessários para a avaliação,


indicação, prescrição e confecção de órteses. Para que se possa prescre-
ver, confeccionar e avaliar o real benefício de órteses, próteses e meios
auxiliares de locomoção para determinado paciente, é necessário que se
tenha conhecimento da anatomia funcional do segmento, dos aspectos
75 - Capítulo 3 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

clínicos da patologia e do material/características de confecção do re-


curso. Particularmente no idoso, se faz necessário o conhecimento de
outros aspectos relacionados ao processo de envelhecimento (fisiológi-
cos, cognitivos, emocionais, funcionais, etc) e ao ambiente (fatores fí-
sicos, sociais ou atitudinais que facilitem ou limitem a funcionalidade)
deve ser analisado no processo de concessão de OPM’s. Itens como se-
gurança, design, custo, aparência atrativa, conforto, fácil aplicação e re-
moção, manutenção e higiene devem ser considerados.
A avaliação da capacidade funcional na gerontologia é importan-
te indicativo da qualidade de vida do idoso, sendo o desempenho nas
atividades da vida diária o parâmetro amplamente aceito e reconheci-
do, pois permite aos profissionais e, em particular, ao fisioterapeuta uma
visão mais precisa quanto à severidade da doença e das suas sequelas.
76 - Capítulo 3 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Exercícios
1) Alguns conhecimentos são fundamentais aos processos de avaliação, pres-
crição e indicação de próteses, órteses e meios auxiliares de locomoção em
idosos. Quais dos conceitos abaixo NÃO faz parte desses conhecimentos:
a) Anatomia geral dos órgãos e sistemas, em especial, as alterações que
ocorrem no processo de envelhecimento;
b) Dispositivos de tecnologia assistiva e acessibilidade para a pessoa idosa;
c) Biomecânica geral e aplicada ao processo de envelhecimento;
d) Eletrofisiologia e suas aplicações no envelhecimento.
Resposta correta ao final do capítulo.

2) Sobre os recursos de Tecnologia Assistiva, assinale a alternativa


CORRETA:
a) Órteses são dispositivos permanentes ou transitórios que substituem
total ou parcialmente um membro, órgão ou tecido;
b) Meios auxiliares de locomoção envolvem todos os dispositivos aplica-
dos externamente ao segmento corporal, que visam proporcionar melhora
funcional devido a algum tipo de disfunção ou necessidade de suporte;
c) Próteses são dispositivos de apoio suplementar durante a deambulação;
d) Muletas, bengalas e andadores são exemplos de meios auxiliares de
locomoção.
Resposta correta ao final do capítulo.

3) Quais dos itens abaixo o fisioterapeuta deve considerar na prescrição


de órteses:
a) Mantém posicionamentos extremos para melhorar o alongamento;
b) Garantem os eixos de movimentos adequados;
c) Comprimem pontos de saliências ósseas e demais áreas de ulcerações;
d) Permitem a mínima mobilidade com ótimo padrão de estabilidade.
Resposta correta ao final do capítulo.
77 - Capítulo 3 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

4) Na avaliação do tipo de prótese, NÃO precisam ser considerados:


a) Condições clínicas, idade e nível de atividade física;
b) Peso, altura e atividade profissional;
c) Fatores ambientais que influam na conservação do equipamento;
d) Medicamentos, exames de neuroimagem, quadro clínico do
paciente.
Resposta correta ao final do capítulo.

5) Quanto à prescrição de meios auxiliares de locomoção, assinale a


alternativa CORRETA:
a) Se os membros superiores são necessários para equilíbrio ou alívio
da carga é indicado o uso de bengalas;
b) Se os membros superiores são necessários para equilíbrio e as mãos
e os punhos são funcionais, o uso de muletas canadenses com braçadei-
ra pode ser indicado;
c) Se os membros superiores são necessários para equilíbrio e as mãos
e os punhos não são funcionais, o uso de andador com ou sem rodas
pode ser indicado;
d) Se os membros superiores são necessários para equilíbrio e as mãos e
os punhos são funcionais, o uso de andadores com apoio braquial pode
ser indicado.
Resposta correta ao final do capítulo.

Bibliografia
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Gabarito
1. d | 2. d | 3. b | 4. d | 5. b
80 - Capítulo 4 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Capítulo 4
PROGRAMAS PÚBLICOS E PRIVADOS
NACIONAIS DE CONCESSÃO DE
PRÓTESES E ÓRTESES

Pamella Ramona Moraes de Souza

Introdução
Segundo a Organização das Nações Unidas, há em média 600 mi-
lhões de pessoas com algum tipo de deficiência no mundo. No Brasil,
estimam-se que há aproximadamente 46 milhões. E se levarmos em
consideração apenas deficiência motora permanente, quase 14 mil bra-
sileiros apresentam-se nessa realidade. Números bastante expressivos,
uma vez que o nosso país apresenta uma grave desigualdade social,
além dos empecilhos de inserção social plena dos deficientes, reper-
cutindo principalmente na restrição de alguns direitos fundamentais,
como acessibilidade.
A criação do Sistema Único de Sáude (SUS) propiciou avanços
significativos em relação à atenção à saúde das pessoas com deficiência,
que foi assegurada constitucionalmente pela existência de normas, como
o artigo 23, inciso II da Constituição. Além disso, desde 9 de setembro de
1993, foi incluído no Sistema de Informações Ambulatoriais do Sistema
Único de Saúde – SIASUS, a concessão de órteses e, próteses e mate-
riais especiais, bem como a adaptação e treinamento desses pacientes.
Além dessas informações, este capítulo aborda pontos extrema-
mente relevantes, como epidemiologia sobre deficientes físicos, legisla-
ção que os protegem, normalização brasileira de superação das barreiras
81 - Capítulo 4 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

arquitetônicas e parâmetros internacionais e, principalmente, programas


públicos e privados nacionais de concessão de órteses e próteses.

Objetivos
Ao final do capítulo, espera-se que o leitor seja capaz de compre-
ender o processo de concessão de órteses, próteses, e meios auxiliares
de locomoção pelo Sistema Único de Saúde (SUS), bem como saber da
importância de torná-los independentes, a fim de favorecer a sua real in-
clusão social através dos seus direitos.

Programas de concessão de órteses e próteses


Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), censo de 2010, apontam que aproximadamente 46 milhões de
pessoas afirmam possuir algum tipo de deficiência. E quando esse le-
vantamento é direcionado para deficiência motora permanente, totali-
zamos 13.273.969 brasileiros. Números preocupantes, uma vez que, ao
considerar o censo populacional do ano de 2000, que além de pesqui-
sar os brasileiros que possuíam algum tipo de deficiência, esse levanta-
mento também indicou a relação entre deficiência, desigualdade social
e pobreza. O que nos faz pensar/refletir sobre o acesso dessa população
menos favorecida a próteses e órteses necessárias para atender as suas
limitações.
A criação do Sistema Único de Saúde (SUS) propiciou avanços sig-
nificativos na saúde populacional, sendo incluídos também cidadãos com
deficiência, dando acesso, tratamento, reabilitação, exames periódicos
e concessão de equipamentos sensoriais e de locomoção gratuitamente.
Para a aquisição dos equipamentos necessários, os pacientes de-
vem procurar centros de referência ou hospitais com a devida especia-
lização em suas regiões ligadas ao SUS para obter informações sobre
os serviços especializados do município que disponibilizam órteses,
82 - Capítulo 4 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

próteses e meios auxiliares de locomoção. Vale salientar, que para re-


ceber os equipamentos, é necessário estar vinculado a um serviço es-
pecífico de reabilitação do SUS, onde passará por todo processo de
adaptação e terapias necessárias sua reabilitação junto aos equipamen-
tos funcionais.
Além do SUS, há programas privados de concessão de órteses e
próteses.
Empresas filantrópicas, que prestam serviços à sociedade sem a fina-
lidade de obtenção de lucro, são alternativas que os municípios encontram
para a falta de recursos de tecnologia assistida aos empréstimos realizados
por intermédio do serviço social e a assistência, como por exemplo, a
Associação de Assistência à Criança Deficiente – AACD, que realiza
trabalhos assistenciais à pacientes com deficiências.

Para saber mais


Concessão de órteses e próteses no SUS/SP
http://www.brasil.gov.br/noticias/saude/2012/04/orteses-e-proteses

Além disso, é importante saber que há uma autorização estabelecida


pela RS nº 79 de 02/09/93 do Conselho Nacional de Saúde, que resolve:
2 – A concessão das órteses e próteses ambulatoriais, bem
como a adaptação e treinamento do paciente será realiza-
da, obrigatoriamente, pelas unidades públicas de saúde
designadas pela Comissão Bipartite. Excepcionalmente,
a referida comissão poderá designar instituições da rede
complementar preferencialmente entidades universitárias
e filantrópicas para realizar estas atividades.
3 – Caberá ao gestor estadual/municipal, de conformidade
com o Ministério da Saúde, definir critérios e estabelecer
fluxos para concessão e fornecimento de órteses e próteses,
objetivando as necessidades do usuário.
83 - Capítulo 4 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

O mais importante é que a utilização de próteses e órteses tem a


finalidade de proporcionar melhora funcional e na qualidade de vida dos
pacientes, tendo como o principal objetivo torná-los independentes, a
fim de favorecer a sua real inclusão social.

Normalização brasileira de superação das barreiras


arquitetônicas e parâmetros internacionais
Tendo como referência os padrões internacionais, em 1940 surgiu
a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), órgão responsável
pela normalização técnica no país, fornecendo a base para a competiti-
vidade e desenvolvimento que se faz necessário em todos os setores da
indústria, empresas e instituições governamentais. A ABNT/NBR 9050
foi desenvolvida em 2004, garantindo a acessibilidade urbanística e ar-
quitetônica a todas as pessoas (BRASIL, 2004b).

Figura 1: Símbolo Nacional de Acesso | Fonte: NBR 9050, Normas da ABNT, 2015, p. 39.

Além da ABNT/NBR 9050, o Decreto nº 5.296/04, define acessi-


bilidade como:
Condição para utilização, com segurança e autonomia, total
ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urba-
nos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispo-
sitivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por
pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida.

Dentre as normalizações propostas pelo Decreto nº 5.296/04, há a


implementação da acessibilidade arquitetônica e urbanística nos servi-
84 - Capítulo 4 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

ços de transportes coletivos, estratégias de acesso à informação e à co-


municação e a criação do Comitê de Ajudas Técnicas.
A carência de acessibilidade gera deficientes potencialmente in-
capazes de desempenhar suas tarefas, que irá repercutir diretamente na
sua inclusão social. Portanto, estratégias criadas para que todas essas
dificuldades se anulem são definidas como ajudas técnicas que tem por
objetivo reduzir as limitações e tornar o indivíduo independente para
desempenhar suas tarefas.
Investir em acessibilidade é fundamental para garantir o direito
de ir e vir com autonomia, independência e segurança, possibilitando
maior qualidade de vida, estendendo as oportunidades de acesso a to-
dos os cidadãos.

Os direitos das pessoas com deficiência / relatório mundial


de deficiência da ONU
As normas internacionais de Direitos da Pessoa com Deficiência,
RS nº 3.447 aprovada pela Assembléia Geral da Organização das Nações
Unidas (ONU) em 09 de dezembro de 1975, apela à ação nacional e in-
ternacional para assegurar que ela seja utilizada como base comum de
referência para a proteção dos direitos das pessoas com deficiência,
Declaração de Sundberg.
O documento da Unesco intitulado Declaração de Sundberg, é bem
antigo, de 1981, mas foi fundamental para que a Década das Nações
Unidas das Pessoas com Deficiência (1983-1992) pudesse deslanchar
no mundo inteiro.

Para saber mais


Nada sobre nós, sem nós: da integração à inclusão
https://www.sinprodf.org.br/wp-content/uploads/2012/01/nada-
-sobre-n%C3%93s-sem-n%C3%93s1.pdf
85 - Capítulo 4 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

No Brasil, a Constituição Federal de 1988 marcou como dever da


União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, o reconheci-
mento de direitos humanos básicos como o direito à saúde, educação,
segurança, e também da garantia dos direitos das pessoas com deficiên-
cia, e que é dever destes, legislarem concorrentemente sobre a proteção
e integração social das pessoas com deficiências.
A Lei nº 7.853/89 dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de
deficiência, sua integração social e sobre a Coordenadoria Nacional para
Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE), institui a tutela
jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, discipli-
na a atuação do Ministério Público, define crimes, e dá outras providên-
cias. Regulamentada pelo Decreto nº 3.298/99, que também estabeleceu
o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência
(CONADE), como órgão superior de deliberação coletiva com a atri-
buição principal de “zelar pela efetiva implantação da Política Nacional
para integração da pessoa portadora de deficiência”.
Conforme a Lei nº 10.098 de 19 de Dezembro de 2000, que estabele-
ce normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das
pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá ou-
tras providências. Cujo capítulo I, Disposições Gerais, cita como Artigo 1.
Art.1º Esta Lei estabelece normas gerais e critérios básicos
para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras
de deficiência ou com mobilidade reduzida, mediante a
supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços
públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma
de edifícios e nos meios de transporte e de comunicação.

Para saber mais


Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L10098.htm
86 - Capítulo 4 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Embora os direitos das pessoas com deficiência sejam muito bem


pautados na lei e muitos países já tenham começado a realizar ações para
melhorar as vidas das pessoas com deficiência, ainda há muito a ser feito.
A fim de proporcionar evidências a favor de políticas e programas
inovadores capazes de melhorar a vida das pessoas com deficiência e fa-
cilitar a implementação dos compromissos, o Relatório Mundial sobre
a Deficiência é um importante documento produzido pela Organização
Mundial da Saúde (OMS) e Banco Mundial na Convenção da ONU.
O relatório reúne as melhores informações sobre o assunto e tem
como objetivo “Prover aos governos e à sociedade civil uma análise
abrangente sobre a importância da deficiência e as respostas oferecidas,
baseada nas melhores evidências disponíveis e recomendar ações em
âmbito nacional e internacional.”
Além disso, o documento aponta que experiências diversas de-
monstram que pessoas com o mesmo tipo de incapacidade funcional
podem sofrer diferentes desvantagens dependendo dos recursos dispo-
níveis e do meio onde vivem. E que embora muitos países já tenham
começado a realizar ações para melhorar as vidas dessas pessoas, ainda
há muito a ser feito.
A mudança neste cenário requer o envolvimento multissetorial:
Saúde, Educação, proteção social, trabalho, transporte, habitação e di-
ferentes atores: governos, organizações da sociedade civil, multiprofis-
sionais, o setor privado, os indivíduos com deficiência e suas famílias,
o público em geral, o setor privado e a mídia.
Nove recomendações aos países finalizam o relatório, objetivando
contribuir para o estabelecimento de uma sociedade inclusiva na qual as
pessoas com deficiência possam prosperar, a saber:
• Recomendação 1: permitir o acesso a todos os sistemas e ser-
viços regulares;
87 - Capítulo 4 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

• Recomendação 2: investir em programas e serviços específi-


cos para pessoas com deficiência;
• Recomendação 3: adotar uma estratégia e planos de ação na-
cionais sobre a deficiência;
• Recomendação 4: envolver as pessoas com deficiência;
• Recomendação 5: melhorar a capacidade dos recursos humanos;
• Recomendação 6: oferecer financiamento adequado e melho-
rar a acessibilidade econômica;
• Recomendação 7: aumentar a conscientização pública e o en-
tendimento das deficiências;
• Recomendação 8: aumentar a base de dados sobre deficiência;
• Recomendação 9: fortalecer e apoiar a pesquisa sobre deficiência.

Para saber mais


Relatório mundial sobre a deficiência
http://www.pessoacomdeficiencia.sp.gov.br/usr/share/
documents/RELATORIO_MUNDIAL_COMPLETO.pdf

Legislação vigente
O Decreto nº 3.298 de 20 de dezembro de 1999, que regulamenta a
Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Política Nacional
para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência:
Art. 18. Incluem-se na assistência integral à saúde e reabi-
litação da pessoa portadora de deficiência a concessão de
órteses, próteses, bolsas coletoras e materiais auxiliares,
dado que tais equipamentos complementam o atendimento,
aumentando as possibilidades de independência e inclusão
da pessoa portadora de deficiência.

Considerando a autorização estabelecida pela RS nº 79 de 02/09/93


do Conselho Nacional de Saúde, resolve:
88 - Capítulo 4 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

1 – Incluir no Sistema de Informações Ambulatoriais


do Sistema Único de Saúde SIA/SUS a concessão dos
equipamentos de órteses, próteses e bolsas de colostomia
constantes do Anexo Único.
2 – A concessão das órteses e próteses ambulatoriais, bem
como a adaptação e treinamento do paciente será realiza-
da, obrigatoriamente, pelas unidades públicas de saúde
designadas pela Comissão Bipartite. Excepcionalmente,
a referida comissão poderá designar instituições da rede
complementar preferencialmente entidades universitárias
e filantrópicas para realizar estas atividades.
3 – Caberá ao gestor estadual/municipal, de conformidade
com o Ministério da Saúde, definir critérios e estabelecer
fluxos para concessão e fornecimento de órteses e próteses,
objetivando as necessidades do usuário.
4 – O fornecimento de equipamentos deve se restringir aos
usuários do Sistema Único de Saúde que estejam sendo
atendidos pelos serviços públicos e/ou conveniados dentro
da área de abrangência de cada regional de saúde.
5 – Fica estabelecido que a partir da competência setem-
bro/93, o Recurso para Cobertura Ambulatorial – RCA será
acrescido de 2,5 %, destinado ao pagamento das órteses e
próteses fornecidas aos usuários.

Análise de lei
O não cumprimento da lei representa ofensa à Constituição Federal
(em especial aos artigos 1º, inciso III, 5º caput, 196 e 198, inciso II),
que estabelece como fundamento do país democrático em que vivemos
a dignidade da pessoa humana e dispõe ser a saúde um direito de todos
e um dever do Estado, que tem a obrigação de proporcionar um atendi-
mento integral. Fere também a Lei que criou o SUS – Sistema Único de
Saúde (Lei Nº 8080/90) que garante o acesso aos serviços de saúde de
maneira eficaz e sem qualquer discriminação.
89 - Capítulo 4 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Baseado na Constituição Federal de 1988, todo cidadão brasilei-


ro tem direitos que abrange desde a atenção primária à quaternária, com
garantia da concessão de próteses, órteses, assistência e reabilitação.
Dessa forma, objetiva-se oferecer melhores condições de vida e inser-
ção social desse cidadão.
90 - Capítulo 4 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Exercícios
1) A criação do Sistema Único de Saúde propiciou avanços significativos:
a) Apenas na vida de deficientes físicos;
b) Na saúde apenas de crianças;
c) Na saúde populacional, sendo incluídos também cidadãos com
deficiência;
d) Apenas na saúde da população idosa;
e) Na saúde da população classe média alta.
Resposta correta ao final do capítulo.

2) Para a aquisição gratuita dos equipamentos necessários, os pacien-


tes devem procurar:
a) Hospitais particulares que trabalham com caridade;
b) Centros de referência ou hospitais com a devida especialização em
suas regiões ligadas ao SUS;
c) Apenas as Unidades de Pronto Atendimento (UPA);
d) Somente através dos telefones disponibilizados pelo SUS;
e) Somente por e-mails disponibilizados pelo SUS.
Resposta correta ao final do capítulo.

3) Marque a alternativa correta.


De acordo com normalização brasileira de superação das barreiras ar-
quitetônicas, ABNT/NBR 9050, é correto afirmar que:
a) Esta norma estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem ob-
servados quando do projeto, construção, instalação e adaptação de edi-
ficações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos às condições de
acessibilidade;
b) Esta norma estabelece parcialmente critérios e parâmetros técnicos a
serem observados ao construir apenas edificações e prioriza principal-
mente idosos;
91 - Capítulo 4 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

c) Norma não obrigatória, onde o proprietário/estabelecimento fica livre


de punições caso não a cumpra;
d) Aplicada somente em hospitais e transportes públicos;
e) Esta norma estabelece critérios e parâmetros técnicos observados em
espaços urbanos que levam em consideração a acessibilidade de cida-
dãos que possuam membros amputados.
Resposta correta ao final do capítulo.

4) Qual o órgão superior de deliberação coletiva que tem como atribui-


ção principal zelar pela efetiva implantação da Política Nacional para
integração da pessoa portadora de deficiência?
a) OMS – Organização Mundial da Saúde;
b) CORDE – Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa
Portadora de Deficiência;
c) SUS – Sistema Único de Sáude;
d) CONADE – Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de
Deficiência;
e) ONU – Organização das Nações Unidas.
Resposta correta ao final do capítulo.

5) O Relatório Mundial sobre a Deficiência da ONU tem como


objetivo:
a) Prover aos deficientes físicos uma análise abrangente sobre as suas li-
mitações, baseada nas melhores evidências médicas e incentivá-los pela
luta dos seus direitos;
b) Alertar os presidentes com uma análise abrangente sobre a importân-
cia da deficiência e recomendar ações em âmbito nacional;
c) Prover aos governos e à sociedade civil uma análise abrangente so-
bre a importância da deficiência e as respostas oferecidas, baseada nas
melhores evidências disponíveis e recomendar ações em âmbito nacio-
nal e internacional;
92 - Capítulo 4 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

d) Orientar apenas à sociedade civil com uma análise abrangente das limi-
tações dos deficientes e orientá-los para que facilitem sua acessibilidade;
e) Realizar palestras sobre as limitações dos deficientes físicos e orien-
tá-los sobre os programas públicos e privados nacionais de concessão
de órteses e próteses.
Resposta correta ao final do capítulo.

Bibliografia
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assistência à saúde e a articulação interfederativa, e dá outras providên-
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condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, da orga-
93 - Capítulo 4 | Envelhecimento e Sociedade – v. 5

nização e funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras pro-


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Participativa Departamento de Articulação Interfederativa. Caderno de
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plena com responsabilidade pela saúde do cidadão. Diário Oficial da
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SOUZA, R. R. de. O sistema público de saúde brasileiro. Brasília:


Editora MS, 2002.
Gabarito
1. c | 2. b | 3. a | 4. d | 5. c
95 - Envelhecimento e Sociedade – v. 5

AUTORES

Aline Marina Alves Fruhauf


Doutoranda do Curso de Ciências da Reabilitação pela Universidade
Nove de Julho (UNINOVE) com período sanduíche no Laboratory
of Neuropsychophysiology, Escola de Psicologia, Universidade
do Minho (Portugal). Mestrado em Ciências da Reabilitação com
Bolsa FAPESP (2014/181286-6). Especialização em Docência
para Ensino Profissionalizante (2015) pela Universidade Nove de
Julho (UNINOVE). Especialização em Neuropediatria (2017) pela
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Possui Graduação
em Fisioterapia (2013). Adicionalmente atuou profissionalmente
como Fisioterapeuta na Associação Apoio ao Deficiente Físico do
Estado de São Paulo (APOIO), nas respectivas áreas de Neurologia
Adulto, Neuropediatria e Ortopedia. Dispõe de experiência clínica
e científica em Fisioterapia Neurofuncional Adulto e Infantil, atu-
ando principalmente nas seguintes linhas: Processo de Avaliação e
Intervenção Terapêutica das Disfunções do Sistema Neuromuscular
no Adulto; Avaliação e Intervenção Terapêutica em Neuropediatria;
Análise do Movimento Humano (Cinemática e Cinética- Avaliação
Tridimensional da Marcha Humana, Estabilometria, Eletromiografia
(EMG) e Baropodometria), Mapeamento Eletrofisiológico Cerebral
(Eletroencefalograma – EEG), Neuromodulação (Estimulação
Transcraniana por Corrente Contínua/ tDCS), Estimulação Elétrica
Funcional (FES) e Intervenção Precoce.

Andrezza Sossai Rodrigues de Carvalho


Ingressou na Universidade Nove de Julho (UNINOVE), como docente,
desde 2008 até a data atual. Desempenhou também a função de super-
visora do Estágio em Neurologia Adulto na Clínica Integrada de Saúde
desta instituição. É Fisioterapeuta, formada na Universidade Santa Cecília
em 2004. Especialista em Doenças Neuromusculares pela UNIFESP, for-
96 - Envelhecimento e Sociedade – v. 5

mada em 2005, local onde também concluiu o Mestrado em Ciências,


no ano de 2007.

Fernanda Ishida Corrêa


Professora do programa de Mestrado e Doutorado em Ciências da rea-
bilitação da Universidade Nove de Julho e Professora do curso de gra-
duação em Fisioterapia. Graduada em Fisioterapia pela Universidade do
estado de São Paulo – UNESP. Mestrado e Doutorado em engenharia
Biomédica pela Universidade do vale do Paraíba – UNIVAP.

Juliana Barbosa Goulardins


Docente da Graduação em Fisioterapia da Universidade Nove de Julho
(UNINOVE). Pós-doutorado em Biofotônica pela Universidade Nove de
Julho (UNINOVE). Doutora em Ciências pela Escola de Educação Física
e Esporte da USP. Mestre em Ciências pelo Departamento de Pediatria da
Faculdade de Medicina da USP. Pesquisadora colaboradora no Western
Australian Developmental Coordination Disorder Research Group
MoveGrowEngage. Especialização em Fisioterapia Neurofuncional pela
Irmandade Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Fisioterapeuta, gra-
duada pela UNESP (Presidente Prudente). Fisioterapeuta da Divisão de
Fisioterapia do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade
de Medicina da Universidade de São Paulo.

Pamella Ramona Moraes de Souza


Pós-doutoranda em Medicina pela Universidade Nove de Julho
(UNINOVE), atuando na linha de pesquisa de doenças cardiovasculares,
com ênfase em Hipertensão Arterial e Insuficiência Cardíaca: Influência
da disfunção dos mecanismos regulatórios da pressão arterial à curto pra-
zo nas adaptações cardíacas e músculo-esqueléticas. Doutora em Ciências
pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP),
departamento de Fisiopatologia Experimental. Bacharel em Fisioterapia
pela Faculdade Christus – Fortaleza (CE).
97 - Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Vanessa dos Santos Grandinetti


Docente nos cursos de Medicina e Fisioterapia na Universidade Nove
de Julho (UNINOVE). Pós-Graduação Stricto Sensu – Doutorado em
Biofotônica Aplicada às Ciências da Saúde pela Universidade Nove de
Julho (2018). Pós-Graduação Stricto Sensu – Mestrado em Biofotônica
Aplicada às Ciências da Saúde pela Universidade Nove de Julho (2014).
Pós-Graduação Lato-Sensu em Fisioterapia Aplicada á Ortopedia e
Traumatologia pela UniABC (2000). Graduação em Fisioterapia pela
Faculdade do Clube Náutico Mogiano (1998).
98 - Envelhecimento e Sociedade – v. 5

Coleção Envelhecimento e Sociedade


Fernanda Ishida Corrêa; Andrezza Sossai Rodrigues de Carvalho
(Organizadoras)

v. 1 – Anatomia e fisiologia do envelhecimento humano


Andrezza Sossai Rodrigues de Carvalho; Débora Bachin Carvalho;
Jessica Julioti Urbano; Luciana Rodrigues Barcala; Nadhia Helena Costa
Souza; Patrícia Lira dos Santos; Vanessa dos Santos Grandinetti

v. 2 – Saúde e doença no processo de envelhecimento


Beatriz Guimarães Ribeiro; Nadhia Helena Costa Souza; Natalie Souza
de Andrade; Patrícia Lira dos Santos

v. 3 – Aspectos antropológicos e sociológicos em saúde


Andreia Martinelli de Siqueira Araújo; Ivan Peres Costa; Jacira Souza
Ribeiro; Raquel Agnelli Mesquita Ferrari

v. 4 – Tecnologia e qualidade de vida


Aline Marina Alves Fruhauf; Fernanda Ishida Corrêa; Gláucio Carneiro
Costa; Juliana Barbosa Goulardins; Letizzia Dall’Agnol; Luciana
Rodrigues Barcala; Soraia Micaela Silva

v. 5 – Próteses e órteses
Aline Marina Alves Fruhauf; Juliana Barbosa Goulardins; Pamella
Ramona Moraes de Souza; Vanessa dos Santos Grandinetti

v. 6 – Avaliação e manejo da dor


Letizzia Dall’Agnol
Livro composto com as fontes Times New Roman 12/18 no corpo
de texto e 12/18 nos títulos, impresso em papel offset 90g/m2,
em junho de 2019.

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