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RELATÓRIO DE TUTORIA

GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ


UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE MEDICINA – CAMPUS MARABÁ

RELATÓRIO DE TUTORIA

Módulo: ASE 22 – Distúrbios Sensoriais, Motores e Locomoção.


PROBLEMA: 01.
Abertura: 09/03/2022. Fechamento: 16/03/2022.
Tutor: Larissa Navarro.
Coordenador (a): Wellington Nascimento
Secretário (a): Douglas Rodrigues
Integrantes do Grupo: Andrei Quadros, Douglas Rodrigues, José Malcher Neto, João Guilherme Borges,
Lucas Henrique Lima, Otávio Queiroz, Pedro Paulo Fialho, Rodrigo Lima Mendes, Wellington Nascimento,
Wennyo Camilo Silva.

ABERTURA DO PROBLEMA

A. Termos técnicos ou desconhecidos.


- Sem termos desconhecidos

B. Questões-problema, palavras-chave ou pontos de atenção

- Lombalgia com irradiação para a região anterior; - Dor intensa ao sentar;


- Idade e sexo; - Dificuldade de deambular e postura encurvada;
- Acidente de barco; - Questionamento familiar;
- Lançamento vertical para cima; - Paresia e parestesia.
- Queda sentada;

C. Descritores da Árvore Temática


- Desordens do sistema locomotor - Biomecânica da marcha
- Anatomofisiologia e histologia - Principais doenças articulares
- Biomecânica da postura, locomoção e preensão - Principais síndromes do aparelho locomotor

D. Hipóteses / Possíveis explicações para o(s) problema(s) / Conhecimentos prévios


- Há vértebras mais vulneráveis? - Lesões no aparelho locomotor causam alteração
- Houve influência endócrina associada à queda de postura;
de estrogênio; - Pode haver compressão de raízes nervosas em
- As lesões afetam os discos colunares; vértebras cervicais.

E. Objetivos Propostos
1. Descrever a anatomia e fisiologia do sistema locomotor com ênfase na coluna vertebral;
2. Estudar a biomecânica da postura, do equilíbrio e da marcha no ser humano;
3. Abordar os fatores de risco relacionados aos traumas do aparelho locomotor com ênfase na coluna
vertebral;
4. Compreender os principais tipos de fraturas do aparelho locomotor e a cinética do trauma.
FECHAMENTO DO PROBLEMA

F. Objetivos Resolvidos
1. DESCREVER A ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA LOCOMOTOR COM
ÊNFASE NA COLUNA VERTEBRAL;

ANATOMIA SISTEMA MUSCULAR

Tecido muscular estriado esquelético:


O tecido muscular estriado esquelético
constitui a maior parte da musculatura do corpo
dos vertebrados. Essa musculatura recobre
totalmente o esqueleto e está presa aos ossos, daí
ser chamada de esquelética. Esse tipo de tecido
apresenta contração voluntária. Cada uma delas é
uma célula dotada de muitos núcleos, chamado
miócitos multinucleados.
A célula muscular estriada apresenta, no
seu citoplasma, pacotes de finíssimas fibras
contráteis, as miofibrilas, dispostas
longitudinalmente. Cada miofibrila corresponde a
um conjunto de dois tipos principais de proteínas:
as miosinas, espessas, e as actinas, finas. Essas
proteínas estão organizadas de tal modo que
originam bandas transversais, claras e escuras,
características das células musculares estriadas,
tanto as esqueléticas como as cardíacas.
Na contração muscular, os miofilamentos
SISTEMA ESQUELÉTICO não diminuem de tamanho, mas os sarcômeros
Funções: ficam mais curtos e toda a célula muscular se
 Suporte contrai. O encurtamento dos sarcômeros ocorre
 Proteção. em função do deslizamento dos miofilamentos
 Assistência ao movimento. finos sobre os grossos, havendo maior
 Homeostasia mineral (liberação e sobreposição entre eles: a banda I diminui de
armazenamento). tamanho, pois os filamentos de actina deslizam
 Produção das células sanguíneas. sobre os de miosina, penetram na banda A e
hematopoese. reduzem a largura da banda H. A membrana
 Armazenamento de triglicerídeos. plasmática da célula muscular estriada esquelética
costuma ser chamada sarcolema.

2. ESTUDAR A BIOMECÂNICA DA POSTURA, DO EQUILÍBRIO E DA MARCHA


NO SER HUMANO;
POSTURA:
Conceito: é uma atitude indefinível, pois varia de indivíduo para indivíduo, estando condicionada a diversos
fatores, como hereditariedade, profissão, proporcionalidade dos segmentos do corpo, tônus muscular.
Biomecânica: está relacionada com o tônus muscular, o qual regula a disposição postural dos segmentos
corporais e impede que se desarranjem. Os agentes do tônus são os fusos neuromusculares, cuja atividade
mantém-se em permanência pelos moto-neurônios-gama. Com um alongamento correspondente a três
gramas, os fusos desencadeiam o reflexo miotático, que leva à contração do músculo estriado. Os
Corpúsculos de Golgi originam o reflexo miotático inverso, que inibe o músculo alongado e facilita o seu
antagonista.
Os principais ajustes posturais são:
 Estáticos locais;  Reflexo de extensor cruzado; e
 Reflexos locais;  Reflexo miotático.
Os reflexos são uma série de reações corretoras de natureza inata, que atuam com a
finalidade de manter a postura do organismo, localizada por uma posição definida, no espaço, pela
ação da gravidade. São divididas em três grupos:
 Reações estáticas locais: origem específica no próprio músculo;
 Reações estáticas segmentares: origem na atividade aferente, iniciada nos músculos do mesmo
segmento, do lado oposto;
 Reações estáticas gerais: originadas na atividade aferente a partir dos receptores labirínticos e dos
músculos do pescoço.
Essas reações são classificadas como proprioceptivas.
Na manutenção da postura corporal existe um processo de seleção dos músculos, que pode envolver
o córtex motor, as regiões do tronco cerebral e as ramificações nervosas na coluna vertebral. Pode-se dizer
que a manutenção da postura corporal é influenciada por vários fatores, principalmente o tato, o sentido
labiríntico e a percepção cinestésica, que são coordenados pelo cerebelo.
No caso da postura em pé, por exemplo, ela é um equilíbrio dinâmico e altamente complexo, que
depende da contração simultânea e sequencial de vários músculos.

MARCHA:
Conceito: caracterizada por uma sequência de múltiplos eventos rápidos e complexos, tem grande relevância
no estudo e no tratamento de patologias do aparelho locomotor.
Biomecânica: é dividido em duas fases:
 Fase de apoio: o ciclo da marcha começa quando o pé anterior toca o solo. Nesse momento, os
MMII sustentam todo o peso ou a maior parte dele. Ao fim da fase de apoio, há um impulso e depois a perna
balança para a frente e entra em contato com o solo novamente. O período de apoio é dividido em quatro
fases: (1) contato inicial, (2) carga, (3) apoio médio e (4) apoio terminal. A atividade funcional durante a fase
de apoio é sustentar o peso. Períodos de apoio unipodal alternam-se com períodos de apoio duplo.
 Fase de balanço: também é dividida em quatro partes: (1) pré-balanço, (2) balanço inicial, (3)
balanço médio e (4) balanço terminal. A atividade funcional durante a fase de balanço é avançar o membro.
Vale lembrar que durante a marcha, sempre há pelo menos um pé em contato com o solo, e há dois
períodos de apoio duplo. Quando não há mais um momento de contato dos dois pés com o solo, a pessoa
deixou de caminhar e passou a correr.

CONCEITOS BÁSICOS:
 Cadencia: número de passos dados em unidade de tempo (passos/minuto).
 Passo: espaço entre o contato inicial de um pé e o contato inicial do pé contralateral no solo (em
tempo ou comprimento).
 Passada: contato inicial de um pé no solo e o novo contato inicial do mesmo pé. Corresponde a dois
passos.
3. ABORDAR OS FATORES DE RISCO RELACIONADOS AOS TRAUMAS DO
APARELHO LOCOMOTOR COM ÊNFASE NA COLUNA VERTEBRAL;
As lesões ocorrem, principalmente, no sexo masculino, na proporção de 4:1, na faixa etária entre 15
a 40 anos. Acidentes automobilísticos, queda de altura, acidente por mergulho em água rasa e ferimentos por
arma de fogo têm sido as principais causas de traumatismo raquimedular. O dano à medula espinhal varia de
uma concussão transitória, da qual o paciente recupera-se completamente (contusão, laceração e compressão
da substância da medula) até uma transecção completa da mesma, tornando o paciente paralisado abaixo do
nível da lesão traumática.

4. COMPREENDER OS PRINCIPAIS TIPOS DE FRATURAS DO APARELHO


LOCOMOTOR E A CINÉTICA DO TRAUMA.

TIPOS DE FRATURAS:
Tipo de fragmento:
 Fraturas simples: dois fragmentos fraturários;
 Fraturas cominutivas: três ou mais fragmentos;
Fraturas segmentares: duas linhas de fratura, separando o fragmento intermediário do fragmento proximal
e distal. Tipos de traço:
 Fraturas simples: apresentam traço único com apenas dois fragmentos ósseos;
 Fraturas em cunha: apresentam, pelo menos, um terceiro fragmento, porém com contato entre os
dois principais;
 Fraturas complexas: são aquelas em que não há contato entre os dois fragmentos principais.

Extensão do traço:
 Fraturas completas: separação total dos fragmentos;
 Fraturas incompletas: separação parcial.
Exemplos de fraturas incompletas:
 Fraturas lineares (ou fissuras): quando o traço de fratura se estende apenas por uma parte do osso;

 Fraturas em galho verde: comuns em crianças pequenas, quando uma força angulatória produz
uma falha no lado convexo da curva e apenas uma angulação no lado côncavo da fratura, tal como ocorre
quando rompemos um galho verde de uma árvore jovem;
 Fraturas impactadas metafisárias: quando há uma ruptura da fina camada de osso cortical que
rodeia o osso esponjoso metafisário, também mais comuns em criança.
As fraturas completas podem ser não desviadas, quando os fragmentos mantêm o alinhamento, ou
desviadas, quando há um desalinhamento desses fragmentos, necessitando redução da fratura. As fraturas
desviadas podem ser: anguladas, cavalgadas, rodadas, com desvio lateral, com diástase (aumento da distância
entre os fragmentos).
Acometimento das partes moles:
 Fraturas fechadas: sem comunicação com o meio externo
 Fraturas expostas: também chamadas de abertas, comunicando-se com o meio externo. As fraturas
expostas são as fraturas com maior índice de complicação, especialmente a infecção óssea (osteomielite).
Acometimento das articulações:
 Fraturas extra-articulares: o traço da fratura não acomete a articulação
 Fraturas intra-articular: o traço da fratura atinge a articulação; a qual exige redução (correção do
desvio da fratura) perfeita pois a consolidação da fratura com degrau articular levará ao desgaste da
articulação – artrose.
Porção do osso acometida:
 Diafisárias;  Epifisárias;
 Metafisárias;  Intra-articulares.
Fraturas patológicas: aquela que ocorre em um osso enfraquecido por uma patologia prévia (ex.:
osteoporose, mieloma múltiplo). Estas fraturas podem ocorrer após pequenos traumas, muitas vezes nem
lembrados pelo paciente.
Fraturas por estresse: ou fratura por fadiga, é aquela que ocorre, não por um trauma agudo, mas por
pequenos traumas repetidos.

FRATURAS PAROLÓGICAS
Na C2: Pode ser em odontoide ou no corpo (fratura do enforcado) e pode ser classificada em tipos I, II e III;
Outros locais comuns de fratura na coluna: C1, C5, C6 e região toracolombar.
Manejo: as estáveis possuem manejo mais conservador, enquanto que as instáveis precisam de
procedimento cirúrgico.

CINÉTICA DO TRAUMA
Após os primeiros cuidados e estando o paciente adequadamente ventilado e hemodinamicamente
estável, serão realizados os exames radiográficos da região supostamente comprometida. O trauma
raquimedular pode ser dividido em agudo ou crônico e também em primário ou secundário. Tanto o primário
quanto o secundário podem ter fases agudas e crônicas. A lesão primária é ocasionada pela transferência da
energia cinética para a substância da medula espinal, do rompimento dos axônios, de danos das células
nervosas e da ruptura dos vasos sanguíneos. Durante as 8 primeiras horas após o trauma ocorrem hemorragia
e necrose na substância central da medula. Após isto temos a migração de células gliais e edema no local da
lesão, com a cicatrização desta.
A lesão secundária resulta da isquemia causada pela redução do fluxo sanguíneo para o segmento
danificado. Essa redução pode ser causada por alteração do canal vertebral, hemorragia ou edema
significantes. A cicatriz formada no local da lesão pelas células gliais leva à lesão crônica, pois ela não só
inibe o crescimento axonal fisicamente, como libera as substâncias que inibem o seu crescimento. O
prognóstico de um trauma raquimedular geralmente só pode ser definido após as primeiras 24 horas, quando
termina o chamado “choque medular”, período de arreflexia, paralisia motora e perda da sensibilidade. Esse
choque medular pode ser definido como uma interrupção fisiológica da condução nervosa pela medula, que é
demonstrada fisicamente pela ausência do reflexo bulbocavernoso, que é testado fazendo um estímulo na
glande ou no clitóris e checando se há ou não contração do esfíncter anal. Quando a contração ocorrer, é
sinal que o paciente já está fora do choque medular.

REFERÊNCIAS
BARROS FILHO, Tarcísio Eloy Pessoa de; CARMARGO, Olavo Pires de. Ortopedia e traumatologia
para graduação. Rio de Janeiro: Revinter, 2010. ISBN 978-85-372-0302-6.

MOORE, Keith L et al. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Koogan, 2014. ISBN
978-85-277-2584-2.

SOUSA, E.P.D., et al. Principais complicações do Traumatismo Raquimedular nos pacientes internados na
unidade de neurocirurgia do Hospital de Base do Distrito Federal. Com. Ciências Saúde. v. 24, n.4, p.321-
330, 2014.

TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. 12ª. edição. Guanabara Koogan.


Rio de Janeiro, 2010.

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