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RELATÓRIO DE TUTORIA

GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ


UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE MEDICINA – CAMPUS MARABÁ

RELATÓRIO DE TUTORIA

ABERTURA DO PROBLEMA

A. Termos técnicos ou desconhecidos.


- Sem termos desconhecidos

B. Questões-problema, palavras-chave ou pontos de atenção

- Lombalgia com irradiação para a região anterior; - Dor intensa ao sentar;


- Idade e sexo; - Dificuldade de deambular e postura encurvada;
- Acidente de barco; - Questionamento familiar;
- Lançamento vertical para cima; - Paresia e parestesia.
- Queda sentada;

C. Descritores da Árvore Temática


- Desordens do sistema locomotor - Biomecânica da marcha
- Anatomofisiologia e histologia - Principais doenças articulares
- Biomecânica da postura, locomoção e preensão - Principais síndromes do aparelho locomotor

D. Hipóteses / Possíveis explicações para o(s) problema(s) / Conhecimentos prévios


- Há vértebras mais vulneráveis? - Lesões no aparelho locomotor causam alteração
- Houve influência endócrina associada à queda de postura;
de estrogênio; - Pode haver compressão de raízes nervosas em
- As lesões afetam os discos colunares; vértebras cervicais.

E. Objetivos Propostos
1. Descrever a anatomia e fisiologia do sistema locomotor com ênfase na coluna vertebral;
2. Estudar a biomecânica da postura, do equilíbrio e da marcha no ser humano;
3. Abordar os fatores de risco relacionados aos traumas do aparelho locomotor com ênfase na coluna
vertebral;
4. Compreender os principais tipos de fraturas do aparelho locomotor e a cinética do trauma.

FECHAMENTO DO PROBLEMA

F. Objetivos Resolvidos
1. DESCREVER A ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA LOCOMOTOR COM
ÊNFASE NA COLUNA VERTEBRAL;
ANATOMIA SISTEMA MUSCULAR

Tecido muscular estriado esquelético:


O tecido muscular estriado esquelético
constitui a maior parte da musculatura do corpo
dos vertebrados. Essa musculatura recobre
totalmente o esqueleto e está presa aos ossos, daí
ser chamada de esquelética. Esse tipo de tecido
apresenta contração voluntária. Cada uma delas é
uma célula dotada de muitos núcleos, chamado
miócitos multinucleados.
A célula muscular estriada apresenta, no
seu citoplasma, pacotes de finíssimas fibras
contráteis, as miofibrilas, dispostas
longitudinalmente. Cada miofibrila corresponde a
um conjunto de dois tipos principais de proteínas:
as miosinas, espessas, e as actinas, finas. Essas
proteínas estão organizadas de tal modo que
originam bandas transversais, claras e escuras,
características das células musculares estriadas,
tanto as esqueléticas como as cardíacas.
Na contração muscular, os miofilamentos
SISTEMA ESQUELÉTICO não diminuem de tamanho, mas os sarcômeros
Funções: ficam mais curtos e toda a célula muscular se
 Suporte contrai. O encurtamento dos sarcômeros ocorre
 Proteção. em função do deslizamento dos miofilamentos
 Assistência ao movimento. finos sobre os grossos, havendo maior
 Homeostasia mineral (liberação e sobreposição entre eles: a banda I diminui de
armazenamento). tamanho, pois os filamentos de actina deslizam
 Produção das células sanguíneas. sobre os de miosina, penetram na banda A e
hematopoese. reduzem a largura da banda H. A membrana
 Armazenamento de triglicerídeos. plasmática da célula muscular estriada esquelética
costuma ser chamada sarcolema.

2. ESTUDAR A BIOMECÂNICA DA POSTURA, DO EQUILÍBRIO E DA MARCHA


NO SER HUMANO;
POSTURA:
Conceito: é uma atitude indefinível, pois varia de indivíduo para indivíduo, estando condicionada a diversos
fatores, como hereditariedade, profissão, proporcionalidade dos segmentos do corpo, tônus muscular.
Biomecânica: está relacionada com o tônus muscular, o qual regula a disposição postural dos segmentos
corporais e impede que se desarranjem. Os agentes do tônus são os fusos neuromusculares, cuja atividade
mantém-se em permanência pelos moto-neurônios-gama. Com um alongamento correspondente a três
gramas, os fusos desencadeiam o reflexo miotático, que leva à contração do músculo estriado. Os
Corpúsculos de Golgi originam o reflexo miotático inverso, que inibe o músculo alongado e facilita o seu
antagonista.
Os principais ajustes posturais são:
 Estáticos locais;  Reflexo de extensor cruzado; e
 Reflexos locais;  Reflexo miotático.
Os reflexos são uma série de reações corretoras de natureza inata, que atuam com a
finalidade de manter a postura do organismo, localizada por uma posição definida, no espaço, pela
ação da gravidade. São divididas em três grupos:
 Reações estáticas locais: origem específica no próprio músculo;
 Reações estáticas segmentares: origem na atividade aferente, iniciada nos músculos do mesmo
segmento, do lado oposto;
 Reações estáticas gerais: originadas na atividade aferente a partir dos receptores labirínticos e dos
músculos do pescoço.
Essas reações são classificadas como proprioceptivas.
Na manutenção da postura corporal existe um processo de seleção dos músculos, que pode envolver
o córtex motor, as regiões do tronco cerebral e as ramificações nervosas na coluna vertebral. Pode-se dizer
que a manutenção da postura corporal é influenciada por vários fatores, principalmente o tato, o sentido
labiríntico e a percepção cinestésica, que são coordenados pelo cerebelo.
No caso da postura em pé, por exemplo, ela é um equilíbrio dinâmico e altamente complexo, que
depende da contração simultânea e sequencial de vários músculos.

MARCHA:
Conceito: caracterizada por uma sequência de múltiplos eventos rápidos e complexos, tem grande relevância
no estudo e no tratamento de patologias do aparelho locomotor.
Biomecânica: é dividido em duas fases:
 Fase de apoio: o ciclo da marcha começa quando o pé anterior toca o solo. Nesse momento, os
MMII sustentam todo o peso ou a maior parte dele. Ao fim da fase de apoio, há um impulso e depois a perna
balança para a frente e entra em contato com o solo novamente. O período de apoio é dividido em quatro
fases: (1) contato inicial, (2) carga, (3) apoio médio e (4) apoio terminal. A atividade funcional durante a fase
de apoio é sustentar o peso. Períodos de apoio unipodal alternam-se com períodos de apoio duplo.
 Fase de balanço: também é dividida em quatro partes: (1) pré-balanço, (2) balanço inicial, (3)
balanço médio e (4) balanço terminal. A atividade funcional durante a fase de balanço é avançar o membro.
Vale lembrar que durante a marcha, sempre há pelo menos um pé em contato com o solo, e há dois
períodos de apoio duplo. Quando não há mais um momento de contato dos dois pés com o solo, a pessoa
deixou de caminhar e passou a correr.

CONCEITOS BÁSICOS:
 Cadencia: número de passos dados em unidade de tempo (passos/minuto).
 Passo: espaço entre o contato inicial de um pé e o contato inicial do pé contralateral no solo (em
tempo ou comprimento).
 Passada: contato inicial de um pé no solo e o novo contato inicial do mesmo pé. Corresponde a dois
passos.

3. ABORDAR OS FATORES DE RISCO RELACIONADOS AOS TRAUMAS DO


APARELHO LOCOMOTOR COM ÊNFASE NA COLUNA VERTEBRAL;
As lesões ocorrem, principalmente, no sexo masculino, na proporção de 4:1, na faixa etária entre 15
a 40 anos. Acidentes automobilísticos, queda de altura, acidente por mergulho em água rasa e ferimentos por
arma de fogo têm sido as principais causas de traumatismo raquimedular. O dano à medula espinhal varia de
uma concussão transitória, da qual o paciente recupera-se completamente (contusão, laceração e compressão
da substância da medula) até uma transecção completa da mesma, tornando o paciente paralisado abaixo do
nível da lesão traumática.

4. COMPREENDER OS PRINCIPAIS TIPOS DE FRATURAS DO APARELHO


LOCOMOTOR E A CINÉTICA DO TRAUMA.

TIPOS DE FRATURAS:
Tipo de fragmento:
 Fraturas simples: dois fragmentos fraturários;
 Fraturas cominutivas: três ou mais fragmentos;
Fraturas segmentares: duas linhas de fratura, separando o fragmento intermediário do fragmento proximal
e distal. Tipos de traço:
 Fraturas simples: apresentam traço único com apenas dois fragmentos ósseos;
 Fraturas em cunha: apresentam, pelo menos, um terceiro fragmento, porém com contato entre os
dois principais;
 Fraturas complexas: são aquelas em que não há contato entre os dois fragmentos principais.

Extensão do traço:
 Fraturas completas: separação total dos fragmentos;
 Fraturas incompletas: separação parcial.
Exemplos de fraturas incompletas:
 Fraturas lineares (ou fissuras): quando o traço de fratura se estende apenas por uma parte do osso;

 Fraturas em galho verde: comuns em crianças pequenas, quando uma força angulatória produz
uma falha no lado convexo da curva e apenas uma angulação no lado côncavo da fratura, tal como ocorre
quando rompemos um galho verde de uma árvore jovem;

 Fraturas impactadas metafisárias: quando há uma ruptura da fina camada de osso cortical que
rodeia o osso esponjoso metafisário, também mais comuns em criança.
As fraturas completas podem ser não desviadas, quando os fragmentos mantêm o alinhamento, ou
desviadas, quando há um desalinhamento desses fragmentos, necessitando redução da fratura. As fraturas
desviadas podem ser: anguladas, cavalgadas, rodadas, com desvio lateral, com diástase (aumento da distância
entre os fragmentos).
Acometimento das partes moles:
 Fraturas fechadas: sem comunicação com o meio externo
 Fraturas expostas: também chamadas de abertas, comunicando-se com o meio externo. As fraturas
expostas são as fraturas com maior índice de complicação, especialmente a infecção óssea (osteomielite).
Acometimento das articulações:
 Fraturas extra-articulares: o traço da fratura não acomete a articulação
 Fraturas intra-articular: o traço da fratura atinge a articulação; a qual exige redução (correção do
desvio da fratura) perfeita pois a consolidação da fratura com degrau articular levará ao desgaste da
articulação – artrose.
Porção do osso acometida:
 Diafisárias;  Epifisárias;
 Metafisárias;  Intra-articulares.
Fraturas patológicas: aquela que ocorre em um osso enfraquecido por uma patologia prévia (ex.:
osteoporose, mieloma múltiplo). Estas fraturas podem ocorrer após pequenos traumas, muitas vezes nem
lembrados pelo paciente.
Fraturas por estresse: ou fratura por fadiga, é aquela que ocorre, não por um trauma agudo, mas por
pequenos traumas repetidos.

FRATURAS PAROLÓGICAS
Na C2: Pode ser em odontoide ou no corpo (fratura do enforcado) e pode ser classificada em tipos I, II e III;
Outros locais comuns de fratura na coluna: C1, C5, C6 e região toracolombar.
Manejo: as estáveis possuem manejo mais conservador, enquanto que as instáveis precisam de
procedimento cirúrgico.

CINÉTICA DO TRAUMA
Após os primeiros cuidados e estando o paciente adequadamente ventilado e hemodinamicamente
estável, serão realizados os exames radiográficos da região supostamente comprometida. O trauma
raquimedular pode ser dividido em agudo ou crônico e também em primário ou secundário. Tanto o primário
quanto o secundário podem ter fases agudas e crônicas. A lesão primária é ocasionada pela transferência da
energia cinética para a substância da medula espinal, do rompimento dos axônios, de danos das células
nervosas e da ruptura dos vasos sanguíneos. Durante as 8 primeiras horas após o trauma ocorrem hemorragia
e necrose na substância central da medula. Após isto temos a migração de células gliais e edema no local da
lesão, com a cicatrização desta.
A lesão secundária resulta da isquemia causada pela redução do fluxo sanguíneo para o segmento
danificado. Essa redução pode ser causada por alteração do canal vertebral, hemorragia ou edema
significantes. A cicatriz formada no local da lesão pelas células gliais leva à lesão crônica, pois ela não só
inibe o crescimento axonal fisicamente, como libera as substâncias que inibem o seu crescimento. O
prognóstico de um trauma raquimedular geralmente só pode ser definido após as primeiras 24 horas, quando
termina o chamado “choque medular”, período de arreflexia, paralisia motora e perda da sensibilidade. Esse
choque medular pode ser definido como uma interrupção fisiológica da condução nervosa pela medula, que é
demonstrada fisicamente pela ausência do reflexo bulbocavernoso, que é testado fazendo um estímulo na
glande ou no clitóris e checando se há ou não contração do esfíncter anal. Quando a contração ocorrer, é
sinal que o paciente já está fora do choque medular.

REFERÊNCIAS
BARROS FILHO, Tarcísio Eloy Pessoa de; CARMARGO, Olavo Pires de. Ortopedia e traumatologia
para graduação. Rio de Janeiro: Revinter, 2010. ISBN 978-85-372-0302-6.

MOORE, Keith L et al. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Koogan, 2014. ISBN
978-85-277-2584-2.
SOUSA, E.P.D., et al. Principais complicações do Traumatismo Raquimedular nos pacientes internados na
unidade de neurocirurgia do Hospital de Base do Distrito Federal. Com. Ciências Saúde. v. 24, n.4, p.321-
330, 2014.

TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. 12ª. edição. Guanabara Koogan.


Rio de Janeiro, 2010.

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