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Histofisiologia Neuromuscular

A histologia é a ciência que estuda os tecidos biológicos, desde a sua formação (origem),
estrutura (tipos diferenciados de células) e funcionamento. A palavra vem do grego
“hydton”, que significa tecido e “logos”, que significa estudos. Para que professores de
Educação Física e técnicos, clínicos possuam um plano adequado para um programa que
vise aumentar o desempenho, força muscular, flexibilidade, endurance, devem possuir
um bom conhecimento do sistema muscular e seu funcionamento geral. Devem conhecer
a estrutura, tanto microscópica quanto macroscópica, para que assim compreendam a
função.
As células musculares, o tecido nervoso, o sangue e vários tipos de tecidos conjuntivos
constituem o músculo esquelético. é formado por milhares de fibras contrateis
individuais mantidas por uma bainha de tecidos conjuntivos. Alguns tecidos são formados
por células que possuem a mesma estrutura; outros são formados por células que têm
diferentes formas e funções, mas que juntas colaboram na realização de uma função
geral maior. Os músculos são envolvidos por uma membrana de tecido conjuntivo
denominado epimísio. No seu interior, existem feixes – ou fascículos – musculares,
envolvidos por outra camada de tecido conjuntivo, o perimísio. Em cada feixe, há fibras
musculares envolvidas, individualmente, pelo endomísio. Fibras que são formadas por
miofibrilas, envoltas pelo sarcolema, sua membrana celular. Cada músculo é separado
dos demais por uma fáscia, que o envolve e é denominada epimísio. O músculo é formado
por um conjunto de fibras musculares. Cada fibra possui o comprimento do músculo que
ela constitui. Estas estão agrupadas em forma de feixe, denominado fascículo, que é
revestido pelo perimísio. Cada fibra muscular individual, que forma o fascículo, por sua
vez, é revestida pelo endomísio. Todas essas fáscias que organizam o músculo em feixes,
fibras e o separa dos demais são tecidos conjuntivos.

A rede intramuscular de tecidos conjuntivos torna-se contínua com o denso tecido


conjuntivo dos tendões em cada extremidade de um músculo. Os tecidos conjuntivos se
prolongam para as extremidades, formando os tendões. Esses tendões estão rigidamente
unidos ao involucro mais externo do osso, o periósteo, conectando os músculos
esqueléticos ao esqueleto ósseo. Os tendões são muito mais rígidos do que os músculos e
possuem fibras “sem vida”, inativas metabolicamente em comparação ao tecido
muscular.

A membrana da fibra muscular ou célula muscular é o sarcolema. O seu citoplasma é


chamado sarcoplasma o qual contém proteínas celulares, organelas e miofibrilas. As
miofibrilas são compostas por dois filamentos proteicos e contráteis: a miosina e a
actina. Na molécula de actina existem duas outras proteínas a troponina e a
tropomiosina, importantes na contração muscular.

As numerosas miofibrilas podem ser subdivididas em segmentos denominados sarcômeros,


os quais se dividem entre si pela linha Z, uma fina camada de proteínas estruturais. A
porção escura da estrutura sarcomérica corresponde aos filamentos de miosina e é
denominada banda A. A porção clara, denominada banda I, é constituída pelos filamentos
de actina. A zona central do sarcômero, zona H, não apresenta sobreposição dos
filamentos. A disposição dos miofilamentos é que faculta ao músculo esquelético sua
aparência estriada. No sarcoplasma muscular existe uma rede de canais membranosos
que correm em paralelo e envolvem cada miofibrila, denominada retículo
sarcoplasmático. Os retículos armazenam o cálcio que é essencial à contração muscular.
Os túbulos passam por duas porções alargadas do retículo sarcoplasmático denominadas
cisternas terminais. Esses dois conjuntos de canais membranosos possuem função na
contração muscular.

Publicado em Neuromuscular

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Tags: actina e miosina, célula muscular, histofisiologia
neuromuscular, miofibrila, neuromuscular, sarcolema, tecido conjuntivo

Controle Motor
24 SET

Publicado por momentofisioex


O controle motor pode ser voluntário ou involuntário. Porém, há uma classificação
intermediária entre esses movimentos: o controle automático. As diferenças estão
fundamentalmente na região hierárquica superior de controle.
Movimento Voluntário
O movimento voluntário executa um comando de forma consciente e controlável. Para
isso, o movimento precisa ser organizado inicialmente ao nível de córtex sensório-motor.
O córtex motor, mais especificamente, organiza o comando do movimento e envia este
comando para um nível central inferior, numa sequência bem definida: córtex pré-motor,
controle motor, gânglios da base, tronco encefálico, medula, músculo e cerebelo. O
cerebelo faz um ajuste fino e informa ao córtex pré-motor para corrigir o movimento. o
potencial de ação chega ao músculo via motoneurônio, iniciando a contração. O evento
da contração muscular antecede o movimento, ou seja, antes do movimento
propriamente dito começar, já há ativação muscular, realizado pelo encurtamento dos
sarcômeros. Há uma necessidade de geração de tensão suficiente para movimentar carga
ou vencer resistência.

Aqueles gestos que já estão aprendidos e são amplamente treinados, executados e


repetidos como caminhar, escrever, falar, não tem mais a necessidade de pensamento
preciso e estudado, pois eles já são realizados de forma automática. Para movimentos
novos e para gestos que não são habitualmente repetidos, a organização motora é
totalmente voluntária, necessariamente.
Movimento Involuntário
O movimento involuntário, diferente dos outros, não necessita de controle cortical, pois
ocorre ao nível medular. São movimentos reflexos, divididos em três tipos: reflexo
miotático, reflexo miotático inverso e reflexo de retirada.
O reflexo miotático baseia-se nas informações fornecidas pelo órgão sensorial
denominado fuso muscular. O fuso é formado por células musculares bastante
diferenciadas que não possuem sarcômeros na região central, apenas as extremidades são
contráteis. As extremidades do fuso muscular são inervadas pelo motoneurônio gama,
enquanto as fibras musculares extrafusais ou regulares são inervadas pelo motoneurônio
alfa. A fibra fusomotora serve para modular o comprimento da fibra intrafusal,
mantendo-a como um sensor ativo em qualquer estado de comprimento muscular.
Quando há encurtamento muscular mesmo na ausência de contração ativa, ou seja,
devido ao encurtamento passivo por aproximação de origem e inserção musculares, há
ativação motora gama por via reflexa, a fim de evitar a deformação das fibras
intrafusais, que estão em paralelo às fibras extrafusais, mantendo sua função sensorial. O
reflexo miotático é o único reflexo monossináptico humano, ou seja, a conexão entre as
raízes sensitiva e motora se faz diretamente no interior do H medular, sem mediação por
interneurônios. O reflexo miotático é exigido em situações de recepção (amortecimento)
de projéteis, por exemplo, quando a força de impacto causada pelo contato do objeto
gera o estiramento muscular, que ativa a circuitária nervosa, causando a contração do
tecido muscular estirado.
O reflexo miotático inverso baseia-se na ativação do Órgão Tendinoso de Golgi, que é
um sensor responsivo à contração muscular. O OTG é uma estrutura de terminação
nervosa livre, encapsulada, localizada na junção músculo-tendinosa e que está em série
em relação ao tecido muscular. De acordo com sua disposição anatômica, o OTG não é
capaz de informar a respeito da variação de comprimento muscular, no caso, se o
músculo encurta, ele sofre tração; se o músculo alonga, ele também sofre tração. Os
OTGs são designados como sensores de força, ou seja, estruturas responsáveis por
informar ao SNC a magnitude do estado contrátil do músculo em cujo tendão está
inserido. O estímulo que causa a ativação do OTG é a tensão transmitida ao osso pelo
encurtamento dos sarcômeros; ele é insensível a variações no comprimento muscular.
Exemplos para esse tipo de reflexo pode ser o da queda de braço. Nesse caso, quando
certo grau de tensão muscular é atingido, os músculos agonistas relaxam e os
antagonistas contraem, provocando a queda do braço do indivíduo derrotado.

O estímulo para o reflexo de retirada é nocioceptivo (agressão), que desencadeia


potenciais de ação nas terminações livres (terminais nervosos de fibras do tipo C,
amielínicas). O impulso segue em direção à medula, penetrando no H medular através da
região dorsal; dentro da medula espinhal, ocorre uma sinapse com interneurônio
excitatório, que estimula o motoneurônio do músculo flexor (causando contração do
segmento agredido), e uma sinapse com interneurônio inibitório, que se conecta ao
motoneurônio do músculo extensor (impedindo a contração ou causando relaxamento).
Simultaneamente, o potencial de ação cruza a linha média medular através de uma fibra
que parte da raiz sensorial e realiza o processo inverso do outro lado, gerando contração
dos extensores e relaxamento dos flexores.

Movimento Automático
À medida que o treinamento motor transcorre, forma-se um padrão de movimento. Num
dado momento do desenvolvimento, cuja determinação precisa é bastante difícil, o
exercício funcional continuado faz com que a via seja simplificada, e o centro de
comando de controle motor migra do córtex sensório-motor para o tronco cerebral. O
córtex sensório-motor continua sendo fundamental para dar início ao movimento que,
afinal, é voluntário; assim que ele é iniciado, no entanto, a regência do movimento passa
para a responsabilidade do tronco cerebral, de forma que se realizam ações como dirigir,
mastigar, escrever, falar, entre outras, sem a necessidade consciente de manutenção do
gesto. Em outras palavras, o movimento passa a ser automatizado, que é um estágio
intermediário entre os movimentos voluntários e involuntários. Da mesma forma que o
gesto motor é estruturado e automatizado, as características individuais, bem como erros
eventuais, também o são, e o padrão motor memorizado é definido ao nível
neuromuscular a ponto de ser extremamente difícil a sua alteração ou correção. Este
padrão motor definido, ou seja, toda a sequência de ativação neuromuscular tantas vezes
repetida a ponto de se tornar próxima ao definitivo, é chamada engrama.
Muito embora seja bastante difícil modificar padrões motores estabelecidos, ainda há a
possibilidade de correções em graus variados. Com isto, atividades como a marcha, a
escrita e a fala, entre outras, são de fato peculiares a cada indivíduo. Situações
patológicas como o AVC podem fazer com que o indivíduo perca o padrão motor
adquirido, em função da lesão de determinada região do córtex motor. Os tecidos
periféricos nessa situação em relação à área atingida podem assumir o controle dos
movimentos anteriormente organizados pela área agora necrosada, possibilitando ao
indivíduo afetado o reaprendizado dos gestos inicialmente estruturados. Diante deste
quadro, onde o indivíduo reaprende a execução de gestos motores, há a substituição do
padrão anteriormente armazenado.
Caso pretenda-se modificar um engrama em condições fisiológicas, o tempo gasto nesta
alteração tende a ser infinitamente maior do que o tempo empregado na aprendizagem,
quando o engrama foi assumido. Assim, do ponto-de-vista prático, o período investido em
fundamentação técnica é imprescindível para a estruturação do padrão correto. Se as
correções forem adiadas por muito tempo, o engrama pode vir a formar-se, englobando o
erro não corrigido a tempo. O trabalho de correção posterior, por sua vez, é muito mais
difícil e penoso do que a correção imediata, em tempo hábil. Na dinâmica da formação
do engrama, indivíduos com maior experiência motora ou repertório, apresentam uma
capacidade de improvisação infinitamente superior a indivíduos restritos às ações
cotidianas. Este fato decorre da capacidade de transferência da vivência motora entre
várias situações. Por exemplo: um atleta do handebol pode ter, em princípio, muito mais
facilidade em adaptar-se aos gestos do vôlei. Existem inúmeras situações que requerem
engramas acessórios; tais ações não são aprendidas através de exercícios pura e
simplesmente técnicos, necessitando de estímulos de outra natureza, normalmente
associados à bagagem de movimentos que o indivíduo traz desde o início da sua
formação.

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