Você está na página 1de 76

E-Book

ASPECTOS
MORFOFUNCIONAIS
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

SUMÁRIO

UNIDADE I .................................................................................................................... 3
INTRODUÇÃO A ANATOMIA E SISTEMAS ESQUELÉTICOS, ARTICULAR E MUSCULAR .. 4
1.1 NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL, POSIÇÕES E PLANOS ANATÔMICOS .... 4
1.2 SISTEMA ESQUELÉTICO .................................................................................... 7
1.3 SISTEMA ARTICULAR .......................................................................................15
1.4 SISTEMA MUSCULAR ...................................................................................... 20
1.5 PATOLOGIAS ASSOCIADAS AOS SISTEMAS ESQUELÉTICO, ARTICULAR E
MUSCULAR .......................................................................................................... 23
UNIDADE II ................................................................................................................. 26
SISTEMA CARDIORESPIRATÓRIO ............................................................................. 27
2.1 SISTEMA CARDIOVASCULAR ........................................................................... 27
2.2 SISTEMA CIRCULATÓRIO ................................................................................ 30
2.3 SISTEMA RESPIRATÓRIO ................................................................................ 32
2.4 PATOLOGIAS ASSOCIADAS AOS SISTEMAS CARDIOVASCULAR, CIRCULATÓRIO E
RESPIRATÓRIO I ................................................................................................... 37
2.5 PATOLOGIAS ASSOCIADAS AOS SISTEMAS CARDIOVASCULAR, CIRCULATÓRIO E
RESPIRATÓRIO II .................................................................................................. 38
UNIDADE III ................................................................................................................ 41
SISTEMA DIGESTÓRIO E URINÁRIO .......................................................................... 42
3.1 SISTEMA DIGESTÓRIO ..................................................................................... 42
3.2 GLÂNDULAS ANEXAS AO SISTEMA DIGESTÓRIO ............................................. 44
3.3 SISTEMA URINÁRIO .........................................................................................51
3.4 PATOLOGIAS ASSOCIADAS AOS SISTEMAS DIGESTÓRIO ................................. 55
3.5 PATOLOGIAS ASSOCIADAS AOS SISTEMAS URINÁRIO ..................................... 56
UNIDADE IV ................................................................................................................ 59
SISTEMA GENITAL E NERVOSO ............................................................................... 60
4.1 SISTEMA GENITAL MASCULINO E FEMININO ................................................... 60
4.2 SISTEMA NERVOSO CENTRAL E PERIFÉRICO ................................................. 65
4.3 TIPOS DE CÉLULAS DO SISTEMA NERVOSO .................................................... 70
4.4 PATOLOGIAS ASSOCIADAS AOS SISTEMAS GENITAL MASCULINO E FEMININO 71
4.5 PATOLOGIA ASSOCIADA AO SISTEMA NERVOSO – PARKINSON ....................... 72
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 74

2
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

UNIDADE I

3
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

INTRODUÇÃO A ANATOMIA E SISTEMAS ESQUELÉTICOS, ARTICULAR


E MUSCULAR
1.1 NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL, POSIÇÕES E PLANOS
ANATÔMICOS
Definição de Anatomia e Fisiologia
Os dois ramos da ciência — anatomia e fisiologia — proporcionam a base para
compreensão das funções e partes do corpo humano. Anatomia (cortar de alto a baixo) é
a ciência das estruturas e de suas relações. Enquanto a anatomia lida com estruturas do
corpo, a fisiologia é a ciência das funções do corpo — como as partes do corpo atuam.
(Fig.1)

Como a estrutura e função estão intimamente relacionadas, você aprenderá


sobre o corpo humano estudando simultaneamente sua anatomia e fisiologia. A
estrutura de uma parte do corpo permite a execução de determinadas funções.
Por exemplo, os ossos do crânio são firmemente unidos para formar um invólucro
rígido que protege o encéfalo. Os ossos dos dedos são unidos mais frouxamente para
permitir uma variedade de movimentos. As paredes dos sacos alveolares, pulmão, está
diretamente relacionada com a função dessas estruturas, permitindo o movimento
rápido do oxigênio inalado para o sangue.

Níveis de organização Celular


Os níveis de organização estrutural seguem orientação de uma dimensão do mais
simples (átomos) ao mais complexo (organismo), onde é possível nós identificarmos seis

4
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

níveis de organização: o químico, o celular, o tecidual, o orgânico, o sistêmico e do


organismo. (Fig. 2)

- Nível químico: este nível básico inclui os átomos, os menores componentes do


elemento químico, participam das reações químicas, de dois ou mais átomos ligados
entre si. Certos átomos, como carbono (C), hidrogênio (H), oxigênio (O), nitrogênio (N),
fósforo (P), cálcio (Ca) e enxofre (S), são essenciais para a manutenção da vida.
- Nível celular: as moléculas se combinam para formar as células, as unidades
funcionais e estruturais básicas de um organismo. Entre os inúmeros tipos de células no
corpo humano, estão as células musculares, as células nervosas e as células epiteliais.
- Nível Tecidual: tecidos são grupos de células materiais que em torno delas
atuam em conjunto para executar uma determinada função específica. Há somente
quatro tipos básicos de tecido no corpo: tecido epitelial, tecido conjuntivo, tecido
muscular e tecido nervoso.
- Nível Orgânico: neste nível, possui diferentes tipos de tecidos que se unem. Os
órgãos são estruturas compostas por vários tecidos; desempenham funções específicas

5
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

e, normalmente, possuem formas reconhecíveis. Exemplos de órgãos: o estômago, a


pele, os ossos, o coração, o fígado, os pulmões e o encéfalo.
- Nível Sistêmico: um sistema consiste em órgãos relacionados que possuem
uma função comum. Um exemplo do nível sistêmico, também chamado de nível
sistêmico orgânico (sistema-órgão), é o sistema digestório, que decompõe e absorve os
alimentos. Seus órgãos incluem a boca, as glândulas salivares, a faringe (garganta), o
esôfago, o estômago, o intestino delgado, o intestino grosso, o fígado, a vesícula biliar e
o pâncreas.
- Nível do Organismo: um organismo, ou qualquer ser vivo, pode ser comparado a
um livro em nossa analogia. Todas as partes do corpo que atuam em conjunto formam o
organismo completo.

Posições Anatômicas
As descrições de qualquer região ou de qualquer parte do corpo assumem que o
mesmo esteja em uma posição específica, chamada de posição anatômica. Nessa
posição, a pessoa está ereta, olhando para o observador, com a cabeça na posição
horizontal e os olhos voltados diretamente para a frente. Os pés estão plantados no solo
e dirigidos para a frente, enquanto os braços estão esticados, em cada lado, com as
palmas voltadas para a frente. (Fig. 3)

6
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

Dois termos descrevem um corpo reclinado. Se o corpo estiver com a face para
baixo, ele está na posição de pronação ou decúbito ventral; se estiver com a face voltada
para cima, está na posição de supinação ou decúbito dorsal.

Planos e Secções Anatômicos


Os planos são superfícies planas imaginárias que passam através do corpo. Plano
sagital é um plano vertical que divide o corpo ou órgão em lados direito e esquerdo. Mais
especificamente, quando esse plano passa através da linha mediana do corpo ou órgão
e o divide em metades, direita e esquerda, é chamado de plano mediano. A linha mediana
é uma linha vertical imaginária que divide o corpo em lados iguais, direito e esquerdo.
(Fig. 4)

Plano frontal ou coronal divide o corpo ou órgão em partes anterior e posterior. O


plano transverso divide o corpo ou órgão em partes superior e inferior. O plano
transverso também pode ser chamado de plano horizontal ou axial.
Os planos sagital, frontal e transverso formam ângulos retos entre si. Um plano
oblíquo, ao contrário, passa através do corpo ou órgão formando um ângulo entre o plano
transverso e o plano sagital ou o plano frontal.

1.2 SISTEMA ESQUELÉTICO


O osso é composto de diversos tecidos diferentes trabalhando em conjunto: osso
ou tecido ósseo, cartilagem, tecidos conjuntivos densos, epitélio, tecido adiposo e
tecido nervoso. Por essa razão, cada osso individual em nosso corpo é considerado um
órgão. O tecido ósseo é um tecido vivo dinâmico e complexo, participando

7
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

continuamente em um processo chamado de remodelagem — a construção de um novo


tecido ósseo e a degeneração do tecido ósseo velho.

Funções do sistema esquelético


O sistema esquelético realiza várias funções básicas:
1. Suporte: o esqueleto atua como um arcabouço estrutural para o corpo,
sustentando os tecidos moles e fornecendo pontos de fixação para os tendões
da maioria dos músculos.
2. Proteção: o esqueleto protege muitos órgãos internos contra lesões. Por
exemplo, os ossos do crânio protegem o encéfalo, a coluna vertebral protege a
medula espinal e a caixa torácica protege o coração e os pulmões.
3. Assistência ao movimento: a maioria dos músculos esqueléticos se fixa aos
ossos, quando os músculos se contraem, tracionam os ossos para produzir
movimento.
4. Homeostasia mineral (liberação e armazenamento): o tecido ósseo armazena
diversos minerais, especialmente cálcio e fósforo, que contribuem para a
resistência dos ossos. O tecido ósseo armazena aproximadamente 99% do
cálcio do corpo. Conforme a exigência, os ossos liberam minerais na corrente
sanguínea para manter o equilíbrio dos minerais essenciais (homeostasia) e
para distribuir minerais a outras partes do corpo.
5. Produção das células sanguíneas: dentro de certos ossos encontra-se um
tecido conjuntivo chamado de medula óssea vermelha, que produz eritrócitos,
leucócitos e plaquetas, um processo chamado de hematopoese. Está presente
nos ossos em desenvolvimento do feto e em alguns ossos de adultos, como o
osso do quadril, as costelas, o esterno, o crânio e extremidades dos ossos do
braço e da coxa.
6. Armazenamento de triglicerídios: a medula óssea amarela consiste,
basicamente, em células adiposas que armazenam triglicerídios. Os
triglicerídios armazenados são uma reserva de energia química em potencial.
No recém-nascido, toda a medula óssea é vermelha e participa da
hematopoese.

8
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

Estrutura do osso
Um osso longo comum é constituído pelas seguintes partes (Fig. 5):

1. A diáfise é a haste ou o corpo do osso — a parte principal cilíndrica longa do


osso.
2. As epífises são as extremidades proximal e distal do osso.
3. As metáfises são as regiões entre a diáfise e as epífises. Quando o crescimento
ósseo longitudinal cessa, por volta dos 18-21 anos de idade, a cartilagem na
lâmina epifisial é substituída por osso e a estrutura óssea resultante é
conhecida como a linha epifisal.
4. A cartilagem articular é uma fina camada de cartilagem hialina que recobre a
parte da epífise na qual o osso forma uma articulação com outro osso. A
cartilagem articular reduz o atrito e absorve choque em articulações
livremente móveis.

9
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

5. O periósteo circunda a superfície externa do osso em quaisquer partes não


cobertas pela cartilagem articular. É composto de uma camada fibrosa
externa, de tecido conjuntivo denso não modelado, e de uma camada
osteogênica interna, que é composta de células. Algumas das células do
periósteo possibilitam o aumento na espessura, mas não no comprimento do
osso. O periósteo também protege o osso, auxilia no reparo de fratura, ajuda na
nutrição do tecido ósseo e serve como um ponto de fixação para ligamentos e
tendões.
6. A cavidade medular é o espaço cilíndrico oco, dentro da diáfise, que contém a
medula óssea amarela adiposa, nos adultos.
7. O endósteo é uma membrana fina que reveste a superfície óssea interna,
orientada para a cavidade medular. Contém uma única camada de células
formadoras de osso e uma pequena quantidade de tecido conjuntivo.

Tipos de ossos
Quase todos os ossos do corpo podem ser classificados em cinco tipos principais
com base na forma: longo, curto, plano, irregular e sesamóide.
1. Os ossos longos têm maior comprimento do que largura, consistem em uma
diáfise e uma quantidade variável de extremidades e são ligeiramente
encurvados para maior resistência. Exemplos são o fêmur (osso da coxa), a
tíbia e a fíbula (ossos da perna), o úmero (osso do braço), a ulna e o rádio (ossos
do antebraço) e as falanges (dedos das mãos e dos pés).
2. Os ossos curtos são um tanto cubóides são quase iguais em comprimento e
largura. Exemplos de ossos curtos são os ossos carpais (do punho) (exceto o
piriforme, que é um osso sesamóide), e os ossos tarsais (do tornozelo) (exceto
o calcâneo, que é um osso irregular).
3. Os ossos planos geralmente são finos e compostos por duas lâminas quase
paralelas de tecido ósseo compacto, incluindo uma camada de tecido ósseo
esponjoso. Os ossos planos proporcionam proteção considerável e fornecem
áreas extensas para fixação muscular. Os ossos planos incluem os ossos do
crânio, que protegem o encéfalo, o esterno e as costelas, que protegem os
órgãos no tórax e as escápulas.
4. Os ossos irregulares possuem formas complexas e não são agrupados em
quaisquer das três categorias anteriores. Esses ossos incluem os ossos da
coluna vertebral, certos ossos da face e o calcâneo.
5. Os ossos sesamóides desenvolvem-se em certos tendões, nos quais há atrito
considerável, tensão e estresse físico, como nas palmas das mãos e plantas
dos pés. Podem variar em número de pessoa para pessoa, nem sempre se
ossifica completamente e, em geral, medem apenas uns poucos milímetros de
diâmetro. Exceções perceptíveis são as duas patelas, os maiores ossos
sesamóides, localizada-se no tendão do músculo quadríceps femoral.

10
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

Sistema Esquelético Axial


O esqueleto humano adulto é composto por 206 ossos especificados, a maioria
contendo pares, cada par com membros do lado esquerdo e direito do corpo. O conjunto
esquelético dos recém-nascidos e crianças têm mais de 206 ossos, isso porque alguns
de seus ossos encontram-se separados e só se fundem ao decorrer da vida. (Fig. 6)

Os ossos do esqueleto adulto estão agrupados em duas divisões principais: o


esqueleto axial e o esqueleto apendicular. Apresenta os 80 ossos do esqueleto axial e
os 126 ossos do esqueleto apendicular.

Ossos do crânio
O crânio é constituído com 22 ossos, repousa na extremidade superior da coluna
vertebral. Os ossos da cabeça são agrupados em duas categorias: os ossos do crânio e
os ossos da face. Os ossos do crânio formam a cavidade do crânio, que envolve e protege
o encéfalo. (Fig.7)

11
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

Os oito ossos do crânio são o frontal, os parietais, os temporais, o occipital, o


esfenóide e o etmóide. Quatorze ossos formam a face: dois ossos nasais, duas maxilas,
dois zigomáticos, a mandíbula, dois lacrimais, dois palatinos, duas conchas nasais
inferiores e o vômer.

Ossos da coluna vertebral


A coluna vertebral forma aproximadamente dois quintos da altura total do corpo
é composta de uma série de ossos, chamados de vértebras. As vértebras são divididas
em: 7 vértebras cervicais, 12 vértebras torácicas, 5 vértebras lombares, 5 vértebras
sacrais e 4 vértebras coccígeas. As vértebras cervicais, torácicas e lombares são
móveis, porém, o sacro e o cóccix são fixos. (Fig. 8)

Os discos intervertebrais são encontrados entre os corpos das vértebras


adjacentes, desde a segunda vértebra cervical até o sacro, e respondem por
aproximadamente 25% da altura da coluna vertebral. Cada disco possui um anel fibroso
externo, composto de fibrocartilagem, chamado de anel fibroso, e uma substância
interna gelatinosa e mole, muito elástica, chamada de núcleo pulposo. Os discos formam
articulações fortes, permitem vários movimentos da coluna vertebral e absorvem
impactos verticais.
Em vista anterior ou posterior, a coluna vertebral do adulto parece reta. Mas
quando vista de perfil, apresenta quatro pequenas curvaturas, chamadas de curvaturas
normais. Em relação à parte ventral do corpo, as curvaturas cervicais e lombares são
convexas (curvam-se anteriormente, também chamadas de cifose), enquanto as

12
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

curvaturas torácicas e sacrais são côncavas (curvam-se posteriormente, também


chamadas de lordose).(Fig.9)

As curvaturas da coluna vertebral aumentam sua resistência, ajudam a manter o


equilíbrio na posição ereta, absorvem os impactos durante o caminhar e ajudam a
proteger as vértebras contra fraturas. A escoliose é um encurtamento da coluna
causado por uma curvatura lateral.

Ossos do Tórax
O termo tórax refere-se a toda região do peito. A parte esquelética do tórax, a
caixa torácica, é uma armação óssea, formada pelo esterno, cartilagens costais,
costelas e corpos das vértebras torácicas. (Fig. 10)

13
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

As cartilagens costais fixam as costelas ao esterno. A caixa envolve e protege os


órgãos da cavidades abdominal superior e torácica, fornece suporte para os ossos dos
membros.

Sistema Esquelético Apendicular


O esqueleto apendicular inclui os ossos que formam os membros superiores e
inferiores, bem como os ossos dos dois cíngulos que fixam os membros ao esqueleto
axial. Os ossos do esqueleto apendicular estão conectados uns aos outros e com os
músculos esqueléticos. (Fig.11)

14
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

O corpo humano possui dois cíngulos do membro superior ou cintura escapular


que unem os ossos dos membros superiores ao esqueleto axial. O cíngulo do membro
inferior ou cintura pélvica consiste em dois ossos do quadril, que unem os ossos dos
membros inferiores ao esqueleto axial.

Membros Superior e Inferior


Cada membro superior possui 30 ossos em três locais — (1) o úmero no braço; (2)
a ulna e o rádio no antebraço; (3) 8 ossos carpais no carpo (punho), 5 ossos metacarpais
no metacarpo (palma da mão) e as 14 falanges (ossos dos dedos) na mão. (Fig. 12)

Cada membro inferior possui 30 ossos em quatro locais — (1) o fêmur, na coxa; (2)
a patela; (3) a tíbia e a fíbula, na perna e (4) os 7 ossos tarsais, no tarso (tornozelo), 5 ossos
metatarsais, no metatarso encontram-se as 14 falanges (ossos dos dedos) no pé.

1.3 SISTEMA ARTICULAR


As articulações do sistema esquelético contribuem para a homeostasia,
mantendo os ossos unidos, permitindo movimento e flexibilidade. Uma articulação, ou
uma juntura, é um ponto de contato entre dois ossos, entre osso e cartilagem ou entre o
osso e os dentes. O estudo científico das articulações é chamado de artrologia (artro- =
articulação; -logia = estudo). O estudo do movimento do corpo humano é chamado de
cinesiologia (cinesi(o)- = movimento).
A classificação estrutural das articulações baseia-se em dois critérios: (1)
presença ou ausência de um espaço entre os ossos da articulação, chamado de cavidade
articular (sinovial), e (2) tipo de tecido conjuntivo que une os ossos. Estruturalmente, as
articulações são classificadas como um dos seguintes tipos:

15
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

• Articulações fibrosas: não existe cavidade articular e os ossos são unidos por
tecido conjuntivo denso não modelado, rico em fibras colágenas.
• Articulações cartilagíneas: não existe cavidade articular e os ossos são unidos
por cartilagem.
• Articulações sinoviais: os ossos que formam a articulação têm uma cavidade
articular (sinovial), são unidos por tecido conjuntivo denso não modelado de
uma cápsula articular, frequentemente, por ligamentos acessórios. (Fig. 13)

A classificação funcional das articulações relaciona-se com o grau de movimento


que permitem. Funcionalmente, as articulações são classificadas como às seguintes:
• sinartrose: uma articulação fixa;
• anfiartrose: uma articulação pouco móvel;
• diartrose: uma articulação com liberdade de movimentos. Todas as diartroses
são articulações sinoviais, que possuem uma variedade de formatos que
permitem diversos tipos de movimentos.

Articulação Fibrosa
As articulações fibrosas não possuem uma cavidade articular (sinovial), e os
ossos da articulação são unidos, muito compactamente, por tecido conjuntivo denso não
modelado. As articulações fibrosas permitem pouco ou nenhum movimento. Os três
tipos de articulações fibrosas incluem as suturas, as sindesmoses e as membranas
interósseas.
• Suturas: sutura é uma articulação fibrosa composta por uma fina camada de
tecido conjuntivo denso não modelado; as suturas ocorrem apenas entre os
ossos do crânio. Um exemplo é a sutura coronal, entre o parietal e os frontais;

16
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

• Sindesmoses: sindesmose é uma articulação fibrosa na qual há uma distância


maior entre as faces das articulações, há mais tecido conjuntivo denso não
modelado do que em uma sutura. Um exemplo de sindesmose é a sindesmose
tibiofibular, na qual o ligamento tibiofibular anterior une a tíbia e a fíbula.
• Membrana Interósseas: membrana interóssea, é uma lâmina substancial de
tecido conjuntivo denso não modelado, que une os ossos longos adjacentes e
permite pouco movimento (anfiartrose). Há duas membranas interósseas
(sindesmoses) principais no corpo humano. Uma ocorre entre o rádio e a ulna,
no antebraço, e a outra ocorre entre a tíbia e a fíbula, na perna.

Articulação Cartilagíneas
Como uma articulação fibrosa, a articulação cartilagínea não possui uma
cavidade articular (sinovial) e permite pouco ou nenhum movimento. Aqui, os ossos da
articulação são firmemente unidos por cartilagem hialina ou por fibrocartilagem. Os
dois tipos de articulações cartilagíneas são as sincondroses e as sínfises.
• Sincondroses: sincondrose é uma articulação cartilagínea na qual o material
de conexão é cartilagem hialina. Um exemplo de sincondrose é a cartilagem
epifisial, que une a epífise e o corpo (diáfise) de um osso em crescimento.
• Sínfises: sínfise (= crescendo junto) é uma articulação cartilagínea em que as
extremidades dos ossos das articulações são recobertas por cartilagem
hialina, porém um disco plano largo de fibrocartilagem une os ossos. Todas as
sínfises ocorrem na linha mediana do corpo. A sínfise púbica entre as faces
anteriores dos ossos do quadril é um exemplo.

Articulação Sinovial
As articulações sinoviais têm certas características que as distinguem das
demais articulações. A característica única de uma articulação sinovial é a presença de
um espaço chamado de cavidade articular (sinovial) entre os ossos da articulação.
Como a cavidade articular permite que uma articulação execute movimentos
com ampla liberdade, todas as articulações sinoviais são classificadas funcionalmente
como diartroses. Os ossos em uma articulação sinovial são recobertos por uma lâmina
de cartilagem hialina, chamada de cartilagem articular.

Cápsula Articular
Uma cápsula articular, semelhante a um manguito, envolve uma articulação
sinovial, circunda a cavidade articular e une os ossos da articulação. A cápsula articular
é composta por duas camadas, uma cápsula fibrosa externa e uma membrana sinovial
interna.
A membrana sinovial, secreta líquido sinovial, um líquido amarelo claro viscoso,
assim chamado por sua similaridade na aparência e na consistência com a clara de ovo
crua. O líquido sinovial consiste em ácido hialurônico, secretado por células semelhantes

17
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

aos fibroblastos, situadas na membrana sinovial, e em líquido intersticial filtrado do


plasma sanguíneo.
Suas funções incluem a redução do atrito por meio da lubrificação da
articulação, a absorção de impactos e o fornecimento de oxigênio e nutrientes para os
condrócitos dentro da cartilagem articular, assim como a remoção de dióxido de
carbono e resíduos produzidos pelos condrócitos.

Tipos de Articulação Sinovial


Articulações Planas - Faces articulares dos ossos em uma articulação plana são
achatadas ou pouco encurvadas. As articulações planas permitem, fundamentalmente,
os movimentos laterais para a frente e para trás entre as faces planas dos ossos.
Exemplos de articulações planares são as articulações intercarpais (entre os ossos
carpais, no punho), articulações intertársicas (entre os ossos tarsais, no tornozelo).
Articulação Gínglimo - Em uma articulação gínglimo, a face convexa de um osso
encaixa-se na face côncava de outro osso. Como o próprio nome sugere, os gínglimos
produzem um movimento angular, de abrir e fechar, como aquele de uma porta com
dobradiças (porta articulada). Exemplos de gínglimos são as articulações do joelho (na
realidade um gínglimo modificado), do cotovelo, talocrural e interfalângicas.
Articulações Trocóideas - Em uma articulação trocóidea, a face pontiaguda ou
arredondada de um osso articula-se como um anel, formado parcialmente por outro osso
e relativamente por um ligamento. Exemplos de articulações trocóideas são as
articulações atlantoaxial, na qual o atlas gira em tomo do áxis e permite que a cabeça se
movimente de um lado para o outro, quando se expressa “negação”.
Articulações Elipsóides - Em uma articulação elipsóide, a projeção oval convexa
de um osso se encaixa na depressão oval de outro osso. Exemplos de articulações
elipsóides são as articulações metatarsofalângicas para o segundo ao quinto dedos e
radiocarpal.
Articulações Selares - Na articulação selar, a face articular de um osso tem o
formato de sela e a face articular do outro osso se encaixa na “sela”, assim como um
cavaleiro sentado faria. Um exemplo de uma articulação selar é a articulação
carpometacarpal, entre o trapézio do carpo e o osso metacarpal do polegar. (Fig. 14)

18
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

Articulações Esferóides - Articulação esférica consiste na face esferóide de um


osso se encaixando na depressão caliciforme de outro osso. Exemplos de articulações
esferóides funcionais são as articulações do ombro e do quadril. Na articulação do
ombro, a cabeça do úmero se encaixa na cavidade glenoidal da escápula. Na articulação
do quadril, a cabeça do fêmur se encaixa no acetábulo do osso do quadril.

Tipos de movimentos nas articulações


Anatomistas, fisioterapeutas e cinesiologistas (profissionais que tratam doenças
por meio de movimentos de diversos tipos) usam uma terminologia específica para
designar os movimentos que ocorrem nas articulações sinoviais. (Fig. 15)

19
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

Esses termos precisos podem indicar a forma do movimento, a direção ou a


relação de uma determinada parte do corpo com outra durante o movimento. Os
movimentos nas articulações sinoviais são agrupados em quatro categorias principais:
(1) deslizamento, (2) movimentos angulares, (3) rotação e (4) movimentos especiais.
Segue abaixo um resumo dos movimentos.

1.4 SISTEMA MUSCULAR


O movimento resulta da alternância entre contração e relaxamento dos
músculos, que constituem 40-50% do peso total do corpo adulto. A força muscular
reflete a função básica do músculo — a transformação de energia química em energia
mecânica para gerar força, realizar trabalho e produzir movimento. Além disso, os
tecidos musculares estabilizam a posição do corpo, regulam o volume dos órgãos,
geram calor e impulsionam líquidos e alimento por vários sistemas do corpo. O estudo
científico dos músculos é conhecido como miologia.

Tipos de tecido muscular


Tecido muscular esquelético - é assim chamado porque a maioria dos músculos
esqueléticos movimentam os ossos do esqueleto. O tecido muscular esquelético é
denominado estriado: faixas escuras e claras alternadas (estriações), ou sarcômeros
(compreende o segmento entre duas linhas Z consecutivas, é a unidade contrátil da fibra
muscular, pois é a menor porção da fibra muscular com capacidade de contração e

20
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

distensão rápidas) são visíveis quando o tecido é examinado ao microscópio. O tecido


muscular esquelético atua, basicamente, de forma voluntária. Sua atividade pode ser
conscientemente controlada pelos neurônios (células nervosas), que são parte da
divisão somática (voluntária) do sistema nervoso.
Tecido muscular cardíaco – é visto somente no coração, que forma a maior parte
da parede do coração. O músculo cardíaco também é estriado, mas sua ação é
involuntária. A contração e o relaxamento alternados do coração não são controlados
conscientemente. Ao contrário, o coração bate porque possui um marca-passo que
inicia cada contração. Esse ritmo intrínseco é chamado de autorrítmicidade, sístole e
diástole (a sístole é a fase de contração do coração, onde o sangue é bombeado para os
vasos sanguíneos, já a diástole é a fase de relaxamento, fazendo com que o sangue entre
no coração).
Tecido muscular liso - localiza-se nas paredes das estruturas internas ocas,
como os vasos sanguíneos, as vias respiratórias e a maioria dos órgãos situados na
cavidade abdominopélvica. (Fig. 16)

O tecido também é encontrado na pele, fixado aos folículos pilosos. Ao


microscópio, esse tecido não apresenta as estriações do tecido muscular cardíaco e
esquelético. Por essa razão, parece não estriado, motivo pelo qual é chamado de liso. A
ação do músculo liso normalmente é involuntária, e certos tecidos musculares lisos,
como os músculos que impulsionam o alimento pelo trato gastrointestinal, apresentam
contração, movimentos peristálticos.

21
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

Funções do Tecido Muscular


Por meio de contrações prolongadas ou alternadas e de relaxamento, o tecido
muscular realiza quatro funções principais: produção dos movimentos do corpo,
estabilização das posições do corpo, armazenamento e movimentação de substâncias
dentro do corpo e geração de calor.
1. Produção dos movimentos do corpo: ações que movimentam todo o corpo,
como caminhar e correr, e movimentos localizados, como pegar um lápis ou
acenar com a cabeça, como consequência das contrações musculares,
contam com o funcionamento integrado dos ossos, articulações e músculos
esqueléticos.
2. Estabilização das posições do corpo: as contrações do músculo esquelético
estabilizam as articulações e ajudam a manter as posições do corpo, como
ficar de pé ou sentar. Os músculos posturais se contraem continuamente
quando se está alerta, por exemplo, contrações prolongadas dos músculos do
pescoço mantém a cabeça na posição ereta.
3. Armazenamento e movimentação de substâncias dentro do corpo: o
armazenamento é realizado por meio de contrações prolongadas das camadas
circulares de músculos lisos, chamadas de esfíncteres, que evitam o efluxo de
conteúdos de um órgão oco. O armazenamento temporário de alimento no
estômago ou de urina na bexiga urinária é possível porque os esfíncteres do
músculo liso fecham as saídas desses órgãos. As contrações do músculo
cardíaco bombeiam o sangue pelos vasos sanguíneos do corpo.
A contração e o relaxamento do músculo liso, nas paredes dos vasos sanguíneos,
ajudam a ajustar seu diâmetro e, assim, regulam a velocidade do fluxo sanguíneo. As
contrações dos músculos lisos também movimentam alimentos e substâncias, como a
bile e as enzimas pelo trato gastrointestinal, impulsionam os gametas (espermatozóides
e ovócitos) pelas vias dos sistemas genitais masculino e feminino e impelem a urina pelo
sistema urinário. As contrações dos músculos esqueléticos promovem o fluxo de linfa e
auxiliam o retorno do sangue para o coração.
Produção de calor: conforme o tecido muscular se contrai, produz calor, um
processo conhecido como termogênese. Grande parte do calor liberado pelo músculo é
usada para manter a temperatura do corpo normal. As contrações involuntárias do
músculo esquelético, conhecidas como calafrios, podem aumentar a intensidade da
produção de calor.

Propriedades do Tecido Muscular


O tecido muscular possui quatro propriedades especiais que permitem ele
trabalhar e contribuir para a homeostasia:
1. Excitabilidade elétrica: uma propriedade tanto das células musculares quanto
dos neurônios, é a capacidade de responder a certos estímulos, produzindo
sinais elétricos chamados de potenciais de ação. Os potenciais de ação se

22
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

propagam ao longo da membrana plasmática da célula graças à presença de


canais iônicos específicos controlados por voltagem. Com relação às células
musculares, dois tipos principais de estímulos desencadeiam os potenciais de
ação: os sinais elétricos rítmicos que se originam no próprio tecido muscular,
como ocorre no marcapasso do coração, e os estímulos químicos, como
neurotransmissores liberados pelos neurônios, hormônios distribuídos pelo
sangue, ou mesmo alterações locais no pH.
2. Contratilidade: é a capacidade do tecido muscular em se contrair
vigorosamente quando estimulado por um potencial de ação. Quando um
músculo se contrai, gera tensão (força de contração), enquanto traciona seus
pontos de fixação.
3. Extensibilidade: é a capacidade do tecido muscular em se estender sem sofrer
lesão. A extensibilidade permite que um músculo se contraia vigorosamente,
mesmo que já esteja esticado.
4. Elasticidade: é a capacidade do tecido muscular em retomar o seu
comprimento e forma original após contração ou extensão.

1.5 PATOLOGIAS ASSOCIADAS AOS SISTEMAS ESQUELÉTICO,


ARTICULAR E MUSCULAR
Patologia Associada ao Sistema Esquelético - Osteoporose
A osteoporose é uma doença sistêmica progressiva, especificada pela
diminuição da massa óssea e a deterioração da microarquitetura, deixando os ossos
enfraquecidos, com isso, aumentando o risco de fraturas. Fisiologicamente o osso é
constantemente depositado por osteoblastos e absorvido nos locais onde os
osteoclastos estão ativos. Normalmente, a não ser nos ossos em crescimento, existe
um equilíbrio entre a degradação e absorção óssea; na osteoporose existe
desproporção entre atividade osteoblástica e osteoclástica, com predominância da
última.
Os riscos que influenciam a manifestação da osteoporose podem ser relativos às
pessoas (individuais) ou do ambiente que ela vive (ambientais). Como em outras
patologias, o diagnóstico da osteoporose é feito pela história clínica, exame físico e
exames subsidiários. A principal forma de tratamento da osteoporose é a prevenção; são
elementos críticos o pico de massa óssea e a prevenção da reabsorção pós-menopausa.
O pico de massa óssea é dependente do aporte calórico, da ingestão de cálcio e vitamina
D, da função menstrual normal e da atividade física; a maioria dos agentes terapêuticos
atuam na reabsorção óssea, como anti-reabsortivos.

Patologia Associada ao Sistema Articular – Artrite Reumatoide


A artrite reumatoide (AR) é uma doença autoimune (DAI) sistêmica comum, cuja
prevalência é estimada em 1% da população mundial. O desenvolvimento das DAIs é

23
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

influenciado por fatores hormonais, ambientais e imunológicos, que atuam em


conjunto sobre indivíduos geneticamente suscetíveis.
A AR é resultante da ação das células T e B autorreativas, que levam à sinovite,
à infiltração celular e a um processo desorganizado de destruição e remodelação
óssea. A membrana sinovial é a principal fonte de citocinas pró-inflamatórias e
proteases e, em conjunto com os osteoclastos e condrócitos, promovem a destruição
articular. Projeções de tecido proliferativo penetram na cavidade articular, invadindo a
cartilagem e o tecido ósseo, formando o pannus, característico da AR.
A AR constitui uma doença inflamatória crônica progressiva, sendo caracterizada
por sinovite com envolvimento preferencial de articulações de mãos e punhos, de
caráter simétrico e aditivo. As articulações mais frequentemente afetadas são as
sinoviais periféricas, como metacarpo e metatarsofalangia, nos tornozelos e punhos. No
entanto, também pode haver comprometimento de joelhos, ombros, cotovelos e
quadris.

Patologia Associada ao Sistema Muscular – Distrofia Muscular


Eletromiografia ou EMG é um teste que mensura a atividade elétrica (potenciais
de ação muscular) nos músculos em contração e em repouso. Normalmente, o músculo
em repouso não produz atividade elétrica; uma leve contração produz um pouco de
atividade elétrica; e uma contração mais vigorosa produz aumento dessa atividade. A
atividade elétrica do músculo é mostrada como ondas em um osciloscópio e ouvida pelo
alto-falante.
A EMG ajuda a determinar se a paralisia ou o enfraquecimento muscular é
decorrente de mau funcionamento do próprio músculo ou da inervação do mesmo. A
EMG também é usada para diagnosticar certos distúrbios musculares, como, por
exemplo, a distrofia muscular.
A distrofia muscular de Duchenne (DMD), é uma doença de herança recessiva,
ligada ao X, que afeta músculos esqueléticos, coração e cérebro, com evolução
progressiva até ao óbito, por volta da segunda década, geralmente provocado por
eventos cardiorrespiratórios. Cerca de 1/3 de todos os novos casos foram
diagnosticados decorrente de mutações. A distrofina é uma grande proteína estrutural
(427 kDa), cuja função é conectar o citoesqueleto interno da fibra esqueléica com as
proteínas de matriz extracelular, estabilizando a contração muscular. Na DMD, a
proteína está ausente ou disfuncionante, resultando, assim, em um desequilíbrio na
integridade da bicamada lipídica da membrana, com influxo de cálcio e necrose
celular.
A doença manifesta-se precocemente na infância com atraso na conduta motora.
A fraqueza motora é mais exuberante nos membros inferiores e se expressa através da
dificuldade de correr, subir escadas, pular, marcha na ponta dos pés e quedas
frequentes. A paresia é progressiva até a perda da marcha, por volta de 11-12 anos.
Ocorre fibrose das fibras musculares cardíacas, resultando em cardiomiopatia dilatada
e distúrbios do ritmo e condução após 10 anos de idade.

24
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

Revisão do Conteúdo
• O nosso corpo se organiza em níveis estruturais, iniciam-se em átomos,
moléculas, células, tecidos, órgãos, sistemas e organismo;
• Para análise das estruturas do corpo, o mesmo deve estar em posição
anatômica, mas também temos a posição de supinação ou decúbito dorsal e
pronação ou decúbito ventral;
• Podemos realizar várias secções as quais recebem nomes diferentes como:
plano ou corte sagital ou mediano, frontal ou coronal, transversal ou horizontal
/ axial e o corte oblíquo;
• O sistema esquelético possui um total de 206 ossos, divididos em dois grandes
grupos, o esqueleto axial e o esqueleto apendicular, onde ambos os esqueletos
estão ligados entre si pela cintura escapular ou cintura pélvica;
• Esqueleto axial: crânio (e face), coluna vertebral e tórax;
• Esqueleto apendicular: membros superiores e membros inferiores;
• Os ossos podem ser classificados em longos, curtos, planos, irregulares e
sesamóide;
• Temos três tipos de articulações: fibrosas, cartilaginosas e as sinoviais que
diferem em estrutura e função;
• Os músculos também são classificados em três: músculo estriado esquelético,
músculo estriado cardíaco e músculo liso.
• As doenças estudadas foram: osteoporose, artrite reumatoide e distrofia
muscular de Duchenne.
Bons Estudos!

25
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

UNIDADE II

26
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

SISTEMA CARDIORESPIRATÓRIO
2.1 SISTEMA CARDIOVASCULAR
Coração
O sangue precisa ser constantemente bombeado ao longo dos vasos sanguíneos
do corpo, de modo que consiga chegar a todas as células e realizar a troca de materiais.
O estudo científico do coração normal e das doenças associadas é a cardiologia.
Apesar de toda a sua força, o coração é relativamente pequeno,
aproximadamente do mesmo tamanho (mas não da mesma forma) de um punho fechado.
O coração repousa sobre o diafragma, próximo da linha mediana da cavidade torácica,
no mediastino, uma região anatômica que se estende do esterno até a coluna vertebral,
da primeira costela até o diafragma e entre os pulmões. (Fig.17)

Visualizamos o coração como um cone, repousando sobre seu lado. O ápice


pontiagudo é formado pela ponta do ventrículo esquerdo (uma câmara inferior do
coração), e repousa no diafragma. Está direcionado para a frente, para baixo e para a
esquerda. A base do coração é sua face posterior, formada pelos átrios (câmaras
superiores) do coração, principalmente pelo átrio esquerdo.

Pericárdio
A membrana que envolve e protege o coração é o pericárdio. O pericárdio limita o
coração à sua posição no mediastino, enquanto permite liberdade suficiente de
movimento para contração vigorosa e rápida. O pericárdio consiste em duas partes
principais: (1) o pericárdio fibroso e (2) o pericárdio seroso. O pericárdio fibroso,
superficial, é um tecido conjuntivo denso não modelado, resistente e inelástico.

27
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

Câmaras e Camadas do Coração


O coração possui quatro câmaras. Duas câmaras receptoras superiores que são
os átrios e duas câmaras de bombeamento inferiores que são os ventrículos. (Fig. 18).

A parede do coração consiste em três camadas: o epicárdio (camada externa), o


miocárdio (camada intermediária) e o endocárdio (camada interna).
Além disso, na superfície do coração encontra-se uma série de depressões
chamadas de sulcos, contendo vasos sanguíneos coronários e uma quantidade variável
de gordura. Cada sulco marca o limite externo entre duas câmaras do coração. (Fig. 19)

28
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

O sulco coronário profundo, circunda a maior parte do coração e marca o limite


externo entre os ventrículos inferiores e os átrios superiores. O sulco interventricular
anterior é um sulco raso na face anterior do coração que marca o limite entre os
ventrículos direito e esquerdo. Esse sulco continua em torno da face posterior do
coração como o sulco interventricular posterior, que marca o limite entre os ventrículos
na face posterior do coração.

Valvas do Coração
Conforme cada câmara do coração se contrai, empurra um volume de sangue para
o ventrículo ou para fora do coração por uma artéria. As valvas se abrem e se fecham em
resposta às alterações de pressão quando o coração se contrai (sístole) e relaxa
(diástole). Cada uma das quatro valvas ajudam a assegurar o fluxo unidirecional do
sangue, abrindo-se para deixar passar o sangue e fechando-se para evitar seu refluxo.

Valvas Atrioventriculares
Como estão localizadas entre um átrio e um ventrículo, as valvas são denominadas
valvas atrioventriculares, bicúspide (átrio e ventrículo direito) e tricúspide (átrio e
ventrículo esquerdo). (Fig. 20)
Figura 20- Cavidade do Coração

Fonte: https://brainly.com.br/tarefa/32596537

Valvas Arteriais (Aórtica e Pulmonar)


As valvas do tronco pulmonar e da aorta são conhecidas como as valvas
semilunares, porque consistem em três válvulas em forma de lua crescente. As valvas
arteriais permitem a ejeção do sangue do coração para as artérias, mas evitam o fluxo
retrógrado do sangue para os ventrículos.

29
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

Quando os ventrículos se contraem, a pressão aumenta dentro das câmaras. As


valvas arteriais se abrem quando a pressão nos ventrículos excede a pressão das
artérias, permitindo a ejeção do sangue nos ventrículos para o tronco pulmonar e para a
aorta.

2.2 SISTEMA CIRCULATÓRIO


Circulação Pulmonar e Sistêmica
Na circulação pós-natal (após o nascimento), o coração, em cada batida, bombeia
o sangue para dois circuitos — a circulação pulmonar e a circulação sistêmica. Os dois
circuitos estão dispostos em série: a saída de um torna-se a entrada do outro, como se
ligássemos duas mangueiras. (Fig. 20)

O lado esquerdo do coração é a bomba para a circulação sistêmica, recebendo


sangue rico em oxigênio, vermelho vivo, dos pulmões. O ventrículo esquerdo ejeta
sangue para a aorta. A partir da aorta, o sangue se divide em correntes separadas,
entrando progressivamente nas artérias sistêmicas menores, que levam o sangue a
todos os órgãos do corpo — exceto os sacos aeríferos (alvéolos) dos pulmões, que são
irrigados pela circulação pulmonar.
Nos tecidos sistêmicos, as artérias dão origem a arteríolas, de diâmetro menor,
que finalmente levam aos extensos leitos dos capilares sistêmicos. A troca de
nutrientes e gases ocorre através das finas paredes dos capilares. O sangue cede O2
(oxigênio) e capta CO: (dióxido de carbono). Na maioria dos casos, o sangue flui por

30
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

apenas um capilar e, em seguida, entra em uma vênula sistêmica. As vênulas levam


sangue desoxigenado (pobre em oxigênio) para longe dos tecidos e se fundem para
formar veias sistêmicas maiores. Finalmente, o sangue flui de volta para o átrio direito.
(Fig. 21)

O lado direito do coração é a bomba para a circulação pulmonar; recebe todo o


sangue desoxigenado, vermelho-escuro, que retorna da circulação sistêmica. O
sangue ejetado do ventrículo direito flui para o tronco pulmonar, que se ramifica nas
artérias pulmonares, levando o sangue para os pulmões direito e esquerdo. Nos
capilares pulmonares, o sangue sede CO2, que é exalado, e capta O2 inalado (hematose).
O sangue recém-oxigenado, em seguida, flui para as veias pulmonares e retoma ao átrio
esquerdo.

Estrutura básica de um vaso


A parede de um vaso sanguíneo consiste em três camadas, ou túnicas, de tecidos
diferentes: um revestimento interno epitelial, uma camada média consistindo em

31
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

músculo liso e tecido conjuntivo elástico e um revestimento externo de tecido


conjuntivo. (Fig. 22)

As três camadas estruturais de um vaso sanguíneo generalizado, da mais interna


para a mais externa, são a túnica íntima, a túnica média e a túnica externa.
Portanto os vasos sanguíneos podem ter diferentes formas, funções e calibres.
(Fig. 23)

2.3 SISTEMA RESPIRATÓRIO


O sistema respiratório contribui para a homeostasia, favorecendo a troca gasosa
— oxigênio e dióxido de carbono — entre o ar atmosférico, o sangue e as células
teciduais. Além disso, também ajuda a ajustar o pH dos líquidos do corpo.
As células do corpo usam oxigênio (O2) continuamente para as reações
metabólicas, que liberam energia a partir das moléculas de nutrientes e para produzir

32
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

ATP. Ao mesmo tempo, essas reações liberam dióxido de carbono (CO2). Como uma
quantidade excessiva de CO2 produz acidez, que é tóxica para as células, o excesso de
CO2 deve ser eliminado rápido e eficientemente. Os sistemas circulatório e respiratório
cooperam para fornecer e eliminar CO2. O sistema respiratório é responsável pela troca
gasosa — captação de O2 e eliminação de CO2 — e o sistema circulatório transporta
sangue, contendo gases, entre os pulmões e as células do corpo.

Anatomia do Sistema Respiratório


O sistema respiratório consiste em nariz, faringe (garganta), laringe (caixa de
voz), traqueia (tubo de vento), brônquios e pulmões. (Fig. 24)

Suas partes são classificadas de acordo com a estrutura ou a função.


Estruturalmente, o sistema respiratório consiste em duas partes: (1) o sistema
respiratório superior inclui nariz, faringe e laringe; (2) o sistema respiratório inferior
inclui traqueia, brônquios, bronquíolos e pulmões.
Funcionalmente, o sistema respiratório também consiste em duas partes: (1) a
parte condutora consiste em uma série de cavidades e tubos interconectados, tanto
para fora quanto dentro dos pulmões. Esses incluem o nariz, faringe, laringe, traquéia,
brônquios, bronquíolos e os bronquíolos terminais; sua função é filtrar, aquecer e
umedecer o ar, conduzindo-o para dentro dos pulmões; (2) a parte respiratória consiste
em tecidos dentro dos pulmões nos quais ocorrem as trocas gasosas. Esses incluem os
bronquíolos respiratórios, os ductos alveolares, os sacos alveolares e os alvéolos; estes
são os principais locais de troca gasosa entre o ar e o sangue.

33
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

Nariz
O nariz é dividido em partes, externa e interna. A parte externa do nariz é a parte
visível na face e consiste em um arcabouço de sustentação de osso e cartilagem hialina,
recoberto com músculo e pele, revestido por uma túnica mucosa. A parte interna do nariz
é uma grande cavidade além do vestíbulo do nariz, na face anterior do crânio, situando-
se inferiormente ao osso nasal e superiormente à boca; é revestida com músculo e
túnica mucosa.
As estruturas interiores da parte externa do nariz possuem três funções: (1)
aquecimento, umedecimento e filtração do ar que entra no nariz; (2) detecção dos
estímulos olfatórios (odor) e (3) modificação das vibrações da fala, à medida que
passam pelas grandes câmaras ocas de ressonância. Ressonância refere- se ao
prolongamento, amplificação ou modificação do som, por meio de vibração.

Faringe
A faringe, ou garganta, é um tubo afunilado medindo aproximadamente 13 cm de
comprimento, que começa nos coanos e se estende até o nível da cartilagem cricóidea,
a cartilagem mais inferior da laringe (caixa de voz). Sua parede é composta de músculos
esqueléticos e é revestida por túnica mucosa. A contração dos músculos esqueléticos
auxilia na deglutição.
A faringe funciona como uma passagem para o ar e o alimento, fornece uma
câmara de ressonância para os sons da fala e aloja as tonsilas, que participam nas
reações imunológicas contra invasores estranhos. A faringe é dividida em três regiões
anatômicas: (1) parte nasal da faringe (nasofaringe); (2) parte oral da faringe (orofaringe)
e (3) parte laríngea da faringe (laringofaringe).

Laringe
A laringe, ou caixa de voz, é uma passagem curta, que conecta-se à parte
mediana do pescoço, anteriormente ao esôfago, é a 4ª até a 6ª vértebra cervical (C4-C6).
A parede da laringe é composta de nove peças de cartilagem. Três ímpares (cartilagem
tireóide-a, epiglote e cartilagem cricóidea) e três em pares (cartilagem aritenóidea,
cuneiforme e corniculada).
A cartilagem tireóidea (pomo-de-Adão), serve como proteção às cordas vocais.
A epiglote é um pedaço folheado grande de cartilagem elástica, recoberta por epitélio.
Durante a deglutição, a faringe e a laringe se elevam. A elevação alarga a faringe para
receber alimento ou líquido; a elevação da laringe faz com que a epiglote se mova para
baixo, formando uma tampa sobre a glote, fechando-a.
A glote consiste em um par de pregas da túnica mucosa, das pregas vocais
(pregas vocais verdadeiras), na laringe há um espaço entre elas, chamado de rima da
glote. (Fig. 25)

34
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

O fechamento da laringe durante a deglutição, direciona líquidos e alimentos


para o esôfago, mantendo-os fora da laringe e das vias respiratórias. Quando pequenas
partículas de poeira, fumaça, alimento ou líquidos passam para a laringe, ocorre o reflexo
da tosse, normalmente, expelindo o material.

Traqueia
A traqueia é uma passagem tubular para o ar, medindo aproximadamente 12 cm
de comprimento e 2,5 cm de diâmetro. Está localizada anteriormente ao esôfago e
estende-se da laringe até a margem superior da quinta vértebra torácica (T5), na qual se
divide em brônquios principais direito e esquerdo.
Dos 16 a 20 anéis horizontais incompletos de cartilagem hialina assemelham-se
à letra C e estão empilhados um em cima do outro. Os sólidos anéis da cartilagem, em
forma de C, fornecem um suporte semirrígido, de forma que a parede da traqueia não
colapsa internamente (em especial durante a inspiração) e não obstrui a via
respiratória.

Brônquios
Na margem superior da quinta vértebra torácica, a traquéia divide-se em
brônquio principal direito, que vai para o pulmão direito, e em brônquio principal
esquerdo, que vai para o pulmão esquerdo. O brônquio principal direito é vertical, mais
curto e largo do que o esquerdo.

35
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

Como resultado, é mais provável que um objeto aspirado entre e se aloje no


brônquio principal direito. Como a traquéia, os brônquios essenciais contêm anéis
incompletos de cartilagem e são supridos por epitélio colunar ciliado
pseudoestratificado. Na parte em que a traqueia divide-se em brônquios principais
direito e esquerdo, há uma crista interna, chamada de carina (quilha de um barco).
Os bronquíolos, por sua vez, ramificam-se repetidamente, e os menores
ramificam-se em tubos ainda menores, chamados de bronquíolos terminais. Essa
ramificação extensa dos brônquios assemelha-se a uma árvore invertida, sendo
comumente chamada de árvore bronquial.

Pulmões
Os pulmões são órgãos coniformes pareados, situados na cavidade torácica. São
separados um do outro pelo coração e por outras estruturas do mediastino, que divide
a cavidade torácica em duas câmaras anatomicamente distintas.
Cada pulmão é envolvido e protegido por uma túnica serosa bilaminada, chamada
de pleura. A lâmina superficial é chamada de pleura parietal, reveste a parede da
cavidade torácica; a lâmina profunda é denominada de pleura visceral, recobre os
próprios pulmões. Entre as pleuras visceral e parietal encontra-se um pequeno espaço,
a cavidade pleural, que contém uma pequena quantidade de líquido lubrificante,
produzido pelas túnicas. Esse líquido pleural reduz o atrito entre as túnicas, permitindo
que deslizem facilmente uma sobre a outra, durante a respiração. (Fig. 26)

36
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

Os pulmões estendem-se desde o diafragma, ligeiramente acima das clavículas,


situam-se contra as costelas anterior e posteriormente. A parte inferior larga do
pulmão, a base, é côncava e se ajusta sobre a área convexa do diafragma. A parte
superior estreita do pulmão é o ápice.

Alvéolos
Em torno da circunferência dos ductos alveolares encontram-se inúmeros
alvéolos e sacos alveolares. O alvéolo nada mais é que uma invaginação revestida por
epitélio pavimentoso simples, sustentada por uma membrana basal elástica fina; o saco
alveolar consiste em dois ou mais alvéolos que compartilham uma abertura comum.

Inalação e Exalação
A respiração para dentro é chamada de inalação (inspiração). Há uma diferença
na pressão, provocada pelas alterações dos volumes pulmonares, que forçam o ar para
dentro dos pulmões quando inalamos (inspiramos), para fora exalamos (expiramos). Para
que ocorra a inalação, os pulmões precisam se expandir, o que aumenta o seu volume,
portanto, reduz a pressão nos pulmões para um nível abaixo da pressão atmosférica.
Respirar para fora, é definido como exalação (expiração), na expiração o volume dos
pulmões diminui.

2.4 PATOLOGIAS ASSOCIADAS AOS SISTEMAS CARDIOVASCULAR,


CIRCULATÓRIO E RESPIRATÓRIO I
Patologia Associada ao Sistema Cardiovascular e Circulatório –
Aterosclerose e Infarto agudo do Miocárdio
As doenças cardiovasculares são alterações patológicas que afetam o coração
e/ou vasos sanguíneos, podemos destacar entre elas a síndrome coronariana aguda
(SCA); insuficiência cardíaca (IC), infarto agudo do miocárdio (IAM), doenças
valvulares/arritmia e hipertensão arterial sistêmica (HAS).
O infarto agudo do miocárdio é uma falta de oxigenação das células cardíacas
(miócitos), um desequilíbrio entre oferta e demanda de nutrientes ao tecido, decorrente
da obstrução do fluxo coronário, que pode ser de modo transitório ou permanente. A
aterosclerose é um dos principais fatores que levam a um infarto, associado também ao
estilo de vida como obesidade, dieta rica em gorduras e colesterol, uso de substâncias
químicas e falta de hábitos saudáveis. (Fig. 27)

37
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

A aterosclerose é o enrijecimento da parede vascular por lesão ou disfunção da


célula endotelial, pode-se levar ao aumento da pressão sistólica e da pressão de pulso,
seguido de uma hipertrofia ventricular, geralmente acomete os vasos e artérias de
grande e médio calibre, sendo considerada uma doença inflamatória crônica. A placa
aterosclerótica é basicamente formada por colesterol e células que podem variar de
tamanho, podendo ter relação direta com a gravidade da lesão.

2.5 PATOLOGIAS ASSOCIADAS AOS SISTEMAS CARDIOVASCULAR,


CIRCULATÓRIO E RESPIRATÓRIO II
Patologia Associada ao Sistema Respiratório – Covid-19
A covid-19 é uma infecção respiratória causada por uma nova cepa do coronavírus
(SARS-CoV-2), de elevada transmissibilidade e de disseminação global. O vírus pode ser
transmitido durante um aperto de mão (seguido do toque nos olhos, nariz ou boca), por
meio da tosse, espirro e gotículas respiratórias contendo o vírus da covid-19, apresenta
manifestações clínicas comuns como febre, tosse e cansaço.
O diagnóstico inicial pode ser feito com análise clínica-epidemiológica, através de
anamnese e exame físico, o diagnóstico laboratorial pode ser realizado por teste de
biologia molecular, sorologia ou testes rápidos. Exames radiológicos também podem ser
utilizados. Os achados tomográficos da pneumonia pela covid-19 são inespecíficos e
semelhantes a outras doenças respiratórias. Com isso, destacam-se as formas padrão
em vidro fosco e a pavimentação em mosaico. (Fig. 28)

38
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

Padrão em vidro fosco: definido como aumento da densidade do parênquima


pulmonar que não obscurece as estruturas brônquicas e vasculares no interior da área
acometida pelo processo patológico, pode estar relacionado ao espessamento do
interstício, preenchimento parcial do espaço aéreo, colapso parcial dos alvéolos,
aumento do volume sanguíneo capilar, ou associação de qualquer um desses. (Fig. 29)

39
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

Pavimentação em mosaico: Refere-se à superposição das opacidades em vidro


fosco, e o espessamento dos septos interlobulares e intralobulares, com sua interface
bem delimitada com o parênquima pulmonar normal adjacente, refletindo o
acometimento alveolar e intersticial. Sua identificação na tomografia é sugestiva de
progressão da doença ou estágio de pico, observados em 53% dos casos, porém, não são
comuns nas fases de resolução.

Revisão do Conteúdo
• Miócito é o nome dado às células cardíacas;
• O coração possui quatro cavidades, duas superiores chamadas de átrios e duas
inferiores chamadas de ventrículos;
• O átrio direito se comunica com o ventrículo direito por meio de uma válvula,
tricúspide;
• O átrio esquerdo se comunica com o ventrículo esquerdo por meio de uma
válvula, bicúspide ou mitral;
• O lado direito corre sangue venoso (rico em gás carbônico) e o lado esquerdo
corre sangue arterial (rico em gás oxigênio), são separados por uma parede
chamada de septo interatrial e interventricular;
• Sístole é o movimento de contração e diástole o movimento de relaxamento
feito pelo coração;
• O sistema circulatório é dividido em circulação sistêmica e circulação
pulmonar;
• Os vasos são divididos em artérias, arteríolas, capilares, vênulas e veias;
• Os vasos sanguíneos possuem três camadas, túnica íntima, média e externa;
• O sistema respiratório pode ser dividido na parte superior que compreende o
nariz, faringe, laringe inferior, traqueia, brônquios, bronquíolos, alvéolos e
pulmões;
• Hematose é o nome dado a troca gasosa que ocorre nos pulmões.
Bons Estudos!

40
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

UNIDADE III

41
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

SISTEMA DIGESTÓRIO E URINÁRIO


3.1 SISTEMA DIGESTÓRIO
Os alimentos que ingerimos contêm uma variedade de nutrientes que são usados
para formar novos tecidos corporais e reparar tecidos danificados. O alimento também
é vital para a vida, porque é nossa única fonte de energia química. Os alimentos
precisam ser decompostos em moléculas menores o suficiente para entrarem nas
células do corpo, um processo conhecido como digestão.
Dois grupos de órgãos compõem o sistema digestório: o trato gastrointestinal
(GI) e os órgãos acessórios da digestão. O trato gastrointestinal (GI), ou canal alimentar,
é um tubo contínuo que se estende da boca até o ânus, passando pelas cavidades
torácica e abdominopélvica. (Fig. 30)

Os órgãos do trato gastrointestinal incluem a boca, grande parte da faringe,


esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso.
O comprimento do trato gastrointestinal é de aproximadamente 5 a 7 metros de
comprimento, em uma pessoa viva. É maior em um cadáver (aproximadamente 7 a 9
metros), porque os músculos ao longo das paredes dos órgãos do trato GI estão no
estado de tonicidade (contração contínua).
Os órgãos acessórios da digestão incluem dentes, língua, glândulas salivares,
fígado, vesícula biliar e pâncreas. Os dentes auxiliam na ruptura mecânica dos
alimentos, a língua auxilia a mastigação e deglutição. No entanto, os outros órgãos
acessórios produzem ou armazenam secreções que fluem para o trato GI pelos ductos;
as secreções auxiliam a decomposição química do alimento.

42
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

O sistema digestório de uma forma geral, realiza seis processos básicos:


1. Ingestão: este processo compreende a introdução de alimentos e líquidos pela
boca (comer).
2. Secreção: todos os dias, as células no interior das paredes do trato GI e dos
órgãos acessórios da digestão secretam um total de aproximadamente 7 litros
de água, ácido, tampões e enzimas no lume (espaço interior) do trato.
3. Mistura e propulsão: a contração e o relaxamento alternados do músculo liso
nas paredes do trato GI misturam o alimento e as secreções, empurrando-os
em direção ao ânus. Essa capacidade do trato GI de misturar e mover material
ao longo de sua extensão é denominada motilidade.
4. Digestão: processos químicos e mecânicos decompõem o alimento ingerido
em partículas menores. Na digestão mecânica, os dentes cortam e trituram o
alimento antes de ser deglutido, em seguida, os músculos lisos do estômago e
intestino delgado misturam vigorosamente o alimento. Como resultado, as
moléculas de alimento são dissolvidas e completamente misturadas com as
enzimas digestivas. Na digestão química, grandes moléculas de carboidrato,
lipídio, proteína e ácido nucleico presentes no alimento, são fragmentadas em
moléculas menores por hidrólise. As enzimas digestivas produzidas pelas
glândulas salivares, língua, estômago, pâncreas e intestino delgado catalisam
essas reações catabólicas. Umas poucas substâncias presentes no alimento
são absorvidas sem digestão química, incluindo vitaminas, íons, colesterol e
água.
5. Absorção: A entrada de líquidos, íons e produtos da digestão secretados e
ingeridos nas células epiteliais que revestem o lúmen do trato GI é chamada de
absorção. As substâncias absorvidas passam para o sangue ou linfa e circulam
por todo o corpo para as células.
6. Defecação: Resíduos, substâncias indigeríveis, bactérias, células
desprendidas do revestimento do trato GI e materiais digeridos que não foram
absorvidos no processo pelo trato digestivo deixam o corpo através do ânus,
em um processo chamado de defecação. O material eliminado é chamado de
fezes.
O peritônio é a maior túnica serosa do corpo; consiste em uma camada de epitélio
pavimentoso simples (mesotélio), com uma camada de sustentação subjacente de
tecido conjuntivo areolar, reveste o tecido muscular liso.

Boca
A boca, também chamada de cavidade oral, é formada pelas bochechas, pelos
palatos mole e duro, e pela língua. As bochechas formam as paredes laterais da cavidade
oral. Os lábios são pregas carnudas que envolvem a abertura da boca.

43
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

O palato é uma parede ou septo que separa a cavidade oral da cavidade nasal,
formando o teto da boca. Essa estrutura importante torna possível mastigar e respirar
ao mesmo tempo. O palato duro — a parte anterior do teto da boca, é formado pelas
maxilas e palatinos, recoberto por uma túnica mucosa, formando uma parte óssea entre
as cavidades oral e nasal.(Fig. 31)

O palato mole, que forma a parte posterior do teto da boca, é uma partição
muscular em forma de arco entre as partes oral e nasal da faringe, revestida por túnica
mucosa.

3.2 GLÂNDULAS ANEXAS AO SISTEMA DIGESTÓRIO


Glândulas Salivares
A glândula salivar é uma glândula que libera uma secreção, chamada de saliva, a
mesma está posicionada na cavidade oral. Comumente, é secretada saliva suficiente
apenas para manter as túnicas mucosas da boca e da faringe úmidas e limpar a boca e os
dentes. No entanto, quando o alimento entra na boca, a secreção da saliva aumenta
para poder lubrificar e dissolver, para poder iniciar a decomposição química do
alimento.

Dentes
Os dentes são órgãos acessórios da digestão, localizados nos alvéolos dos
processos alveolares da mandíbula e maxila. (Fig. 32)

44
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

Os processos alveolares são recobertos pelas gengivas.

Faringe
Quando o alimento é deglutido, passa da boca para a faringe, um tubo funicular
que se estende dos cóanos até o esôfago, posteriormente, até a laringe. A faringe é
dividida em três partes: nasal, oral e a laríngea.
A parte nasal da faringe atua apenas na respiração, mas tanto as partes oral
quanto a laríngea possuem igualmente funções digestivas e respiratórias. Os alimentos
passam da boca para as partes oral e laríngea da faringe; as contrações musculares
dessas áreas ajudam a empurrar o alimento para dentro do esôfago e, em seguida, para
o estômago.

Esôfago
O esôfago é um tubo muscular colapsante, medindo aproximadamente 25 cm de
comprimento, encontra-se posteriormente à traquéia. (Fig. 33)

45
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

O esôfago atravessa o diafragma por uma abertura chamada de hiato esofágico


e termina na parte superior do estômago. Algumas vezes, uma parte do estômago
protrai-se acima do diafragma, através do hiato esofágico. Essa condição é chamada de
hérnia de hiato.

Estômago
O estômago é uma dilatação do trato GI, em forma de J. O estômago conecta o
esôfago ao duodeno, a primeira parte do intestino delgado consegue digerir e absorver,
uma das funções do estômago é atuar como um tonel de mistura e reservatório de
retenção.
No estômago, a digestão do amido continua, a digestão de proteínas e
triglicerídeos começa, o bolo semissólido é convertido em líquido e determinadas
substâncias são absorvidas.
As glândulas gástricas contêm três tipos de células glandulares exócrinas que
secretam seus produtos no lúmen do estômago: secretam muco, fator intrínseco
(necessário para a absorção de vitamina B12) e ácido clorídrico, pepsinogênio, lipase
gástrica e suco gástrico. (Fig. 34)

46
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

Minutos após o alimento entrar no estômago, movimentos peristálticos


ondulados e suaves, chamados de ondas de mistura, passam sobre o estômago a cada 15
a 25 segundos. Essas ondas maceram os alimentos, misturando-os com secreções das
glândulas gástricas, reduzindo-o a uma massa semilíquida, chamada de quimo.

Pâncreas
O quimo passa do estômago para o intestino delgado. A digestão química no
intestino delgado depende das atividades do pâncreas, fígado e vesícula biliar. O
pâncreas, uma glândula retroperitoneal, consiste em uma cabeça, um corpo e uma
cauda, normalmente, está conectado ao duodeno por dois ductos.
Os sucos pancreáticos são secretados pelas células exócrinas em pequenos
ductos que, finalmente, se unem para formar dois ductos maiores, o ducto pancreático
e o ducto pancreático acessório. Todos os dias o pâncreas produz entre 1.200 e 1.500
mL de suco pancreático, um líquido incolor claro, consistindo basicamente em água,
alguns sais, bicarbonato de sódio e diversas enzimas. (Fig. 35)

As enzimas no suco pancreático incluem uma enzima que dissolve o carboidrato,


chamada de amilase pancreática; diversas enzimas que dissolvem proteínas,
chamadas de tripsina, quimotripsina, carboxipeptidase e elastase; a principal enzima
que dissolve triglicerídios nos adultos, chamada de lipase pancreática; e enzimas que
dissolvem ácido nucleico, chamadas de ribonuclease e desoxirribonuclease.

Fígado e Vesícula Biliar


O fígado é a glândula mais pesada do corpo, pesando aproximadamente 1,4 kg no
adulto comum. Dentre todos os órgãos do corpo, é o segundo em tamanho, perdendo
apenas para a pele. A vesícula biliar é um saco piriforme, localizado em uma depressão
na face inferior do fígado.

47
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

O fígado é dividido em dois lobos principais — um grande lobo direito e um


pequeno lobo esquerdo — O fígado está localizado na parte anterior da parede abdominal
pelo ligamento falciforme, composto por uma prega que separa os dois lobos. Os
hepatócitos são as principais células funcionais do fígado e realizam uma ampla gama
de funções endócrinas, secretoras e metabólicas. (Fig. 36)

Além de secretar bile necessária para a absorção das gorduras dietéticas, o fígado
realiza muitas outras funções vitais:
• Metabolismo dos carboidratos: o fígado é especialmente importante na
manutenção e concentração sanguínea normal da glicose. Quando a
concentração sanguínea está baixa, o fígado converte glicogênio em glicose e
liberando-a na corrente sanguínea. O fígado também converte certos
aminoácidos e ácido lático em glicose e converte outros como os açúcares,
frutose e galactose. Quando a concentração sanguínea da glicose está alta,
como ocorre imediatamente após uma refeição, o fígado converte glicose em
glicogênio e em triglicerídeos, para armazenamento.
• Metabolismo dos lipídios: hepatócitos armazenam alguns triglicerídeos;
decompõem ácidos graxos para gerar ATP; sintetizam lipoproteínas, que
transportam ácidos graxos, triglicerídeos e colesterol para dentro e para fora
das células; sintetizam colesterol; e usam colesterol para formar sais biliares;

48
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

• Metabolismo proteico: Os hepatócitos fazem a desaminação (removem o


grupo amino (NH2) dos aminoácidos, de forma que os aminoácidos são usados
para a produção de ATP ou convertidos em carboidratos ou gorduras. A amônia
tóxica resultante (NH3) é convertida em uréia, que é menos tóxica, logo após é
excretada na urina. Os hepatócitos também sintetizam a maioria das proteínas
plasmáticas, como as globulinas alfa e beta, a albumina, a protrombina e o
fibrinogênio.
• Processamento de fármacos e hormônios: o fígado destoxifica substâncias
como o álcool e excreta fármacos como penicilina, eritromicina e sulfonamidas
na bile. Além disso, consegue alterar quimicamente ou excretar hormônios
tireoideanos e hormônios esteróides, como estrogênios e aldosterona.
• Excreção de bilirrubina: a bilirrubina, derivada do heme de eritrócitos
envelhecidos, é absorvida pelo fígado a partir do sangue, e excretada na bile.
Grande parte da bilirrubina presente na bile é metabolizada no intestino
delgado por bactérias e eliminada nas fezes.
• Síntese dos sais biliares: os sais biliares são usados no intestino delgado para
emulsificação e absorção de lipídios.
• Armazenamento: além do glicogênio, o fígado é o principal local de
armazenamento para determinadas vitaminas (A, B12, D, E e K) e minerais (ferro
e cobre), que são liberados pelo fígado quando necessários em outras partes
do corpo.
• Ativação da vitamina D: a pele, o fígado e os rins participam da síntese da
forma ativa da vitamina D.

Intestino Delgado
Seu comprimento fornece uma grande área de superfície para a digestão e
absorção, e essa área é ainda aumentada pelas pregas circulares, vilosidades e
microvilosidades. Mede cerca de 2,5 cm de diâmetro; seu comprimento é de
aproximadamente 3 m em uma pessoa viva, e por volta de 6,5 m no cadáver, em razão da
perda do tônus do músculo liso após a morte.
O intestino delgado é dividido em três regiões. No duodeno, a menor região é
retroperitoneal. O jejuno mede aproximadamente 1 m de comprimento e estende-se até
o fleo. Jejuno significa “vazio”, porque é assim encontrado no morto. A região final e mais
longa do intestino delgado, o íleo, mede cerca de 2 m e une-se ao intestino grosso em um
músculo esfíncter liso chamado de papila ileal.
Todas as fases químicas e mecânicas da digestão, da boca até o intestino
delgado, são direcionadas com vista à transformação do alimento em formas que
possam passar através das células epiteliais absortivas que revestem a túnica mucosa
para os vasos sanguíneos e linfáticos adjacentes.

49
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

Essas formas são monossacarídeos (glicose, frutose e galactose) provenientes


dos carboidratos; aminoácidos simples, dipeptídeos e tripeptídeos provenientes das
proteínas; ácidos graxos, glicerol e monoglicerídeos provenientes dos triglicerídios. A
passagem desses nutrientes digeridos a partir do trato gastrointestinal para o sangue ou
linfa é chamada de absorção.

Intestino Grosso
O intestino grosso é a parte terminal do trato GI. As funções gerais do intestino
grosso são a conclusão da absorção, a produção de certas vitaminas, a formação das
fezes e a expulsão das mesmas do corpo. Estruturalmente, as quatro regiões principais
do intestino grosso são ceco, colo, reto e canal anal. (Fig. 37)

A extremidade aberta do ceco funde-se com um longo tubo, chamado de colo, que
é dividido em partes ascendente, transversa, descendente e sigmóide. Preso ao ceco
encontra-se um tubo contorcido, espiralado, medindo aproximadamente 8 cm de
comprimento, chamado de apêndice vermiforme. A abertura do canal anal para o
exterior é chamada de ânus, protegida por um esfíncter interno por um músculo liso
(involuntário), e um esfíncter externo de músculo esquelético (voluntário).
Quimicamente, as fezes consistem em água, sais inorgânicos, células epiteliais
desprendidas da túnica mucosa do trato gastrointestinal, bactérias, produtos da
decomposição bacteriana, substâncias digeridas não absorvidas, como por exemplo
os alimentos.

50
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

A variação normal da atividade intestinal varia de dois ou três movimentos


intestinais por dia, até três ou quatro movimentos intestinais por semana.
Diarréia é o aumento na frequência, volume e conteúdo de líquido das fezes,
provocado pelo aumento na motilidade e diminuição da absorção pelos intestinos.
Quando o quimo passa rapidamente pelo intestino delgado e as fezes passam
rapidamente pelo intestino grosso, não há tempo suficiente para a absorção. Diarréia
frequente resulta em desidratação e desequilíbrios eletrolíticos. A motilidade excessiva
pode ser provocada por intolerância à lactose, estresse e micróbios que irritam a túnica
mucosa do trato gastrointestinal.
A constipação refere-se à defecação infrequente ou difícil, provocada pela
diminuição na motilidade dos intestinos. Como as fezes permanecem no colo por
períodos prolongados, ocorre absorção excessiva de água e as fezes tornam-se secas e
duras. A constipação pode ser provocada por hábitos deficientes (defecação demorada),
espasmos do cólon, fibra insuficiente na dieta, ingestão inadequada de líquido, falta de
exercício, estresse emocional e determinados fármacos.

3.3 SISTEMA URINÁRIO


O sistema urinário consiste em dois rins, dois ureteres, uma bexiga urinária e
uma uretra. Após os rins filtrarem o plasma sanguíneo, retornam grande parte da água e
solutos para a corrente sanguínea. O restante da água e solutos constituem a urina, que
passa pelos ureteres e é armazenada na bexiga urinária, até ser excretada do corpo pela
uretra. (Fig. 38)

51
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

Os rins realizam o trabalho principal do sistema urinário (filtração, absorção e


excreção). As outras partes do sistema são basicamente vias de passagem e áreas de
armazenamento. As funções dos rins incluem as seguintes:
• Regulação da composição iônica do sangue: os rins ajudam a regular os níveis
sanguíneos de diversos íons, sendo os mais importantes, os íons sódio (Na+),
potássio (K+), cálcio (Ca2*), cloreto (Cl) e fosfato (HP 042-).
• Regulação do pH do sangue: os rins excretam uma quantidade variável de íons
hidrogênio (H*) na urina e conservam íons bicarbonato (HCOR), que são um
importante tampão de pH no sangue. Essas duas atividades ajudam a regular o
pH do sangue.
• Regulação do volume de sangue: os rins ajustam o volume de sangue,
conservando ou eliminando água na urina. Um aumento no volume de sangue
aumenta a pressão arterial; uma redução no volume de sangue diminui a
pressão arterial.
• Regulação da pressão arterial: os rins também ajudam a regular a pressão
arterial, secretando a enzima renina, que ativa a via renina-angiotensina-
aldosterona. O aumento de renina provoca aumento na pressão arterial.
• Manutenção da osmolaridade do sangue: ao regular separadamente a perda
de água e solutos na urina, os rins mantêm uma osmolaridade relativamente
constante do sangue, próxima de 300 miliosmóis por litro (mOsm/litro).
• Produção de hormônios: os rins produzem dois hormônios. O calcitriol, a forma
ativa da vitamina D, ajuda a regular a homeostasia do cálcio, e a eritropoetina,
estimula a produção de eritrócitos.
• Regulação da concentração sanguínea de glicose: como o fígado, os rins
conseguem usar o aminoácido glutamina na gliconeogênese, a síntese de
novas moléculas de glicose. Por conseguinte, liberam glicose no sangue para
ajudar a manter uma concentração sanguínea normal de glicose.
• Excreção de resíduos e substâncias estranhas: Ao formar a urina, os rins
ajudam a excretar resíduos — substâncias que não tem uma função útil no
corpo. Parte dos resíduos excretados na urina resultam de reações
metabólicas no corpo. Esses incluem amônia e uréia, provenientes da
desaminação de aminoácidos; bilirrubina, do catabolismo da hemoglobina;
creatinina, da decomposição do fosfato de creatinina, nas fibras musculares,
e ácido úrico, do catabolismo de ácidos nucleicos. Outros resíduos excretados
na urina são substâncias estranhas da alimentação, como medicamentos e
toxinas ambientais.

Rins
Os rins são órgãos pares, avermelhados, localizados diretamente acima da
cintura, entre o peritônio e a parede posterior do abdome. Os rins estão localizados entre

52
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

os níveis da última vértebra torácica e a 3ª vértebra lombar, uma posição na qual ficam
parcialmente protegidos pelo décimo primeiro e décimo segundo pares de costelas. O
rim direito é ligeiramente mais baixo do que o esquerdo, isso porque, o fígado ocupa um
espaço considerável, no lado direito, acima do rim. (Fig. 39)

Próximo do centro da margem côncava encontra-se uma fissura vertical


profunda, chamada de hilo renal, pela qual o ureter emerge do rim junto com vasos
sanguíneos, vasos linfáticos e nervos. Um corte frontal através dos rins revela duas
regiões distintas: uma área superficial vermelho-clara, chamada de córtex renal, e uma
região interna profunda, marrom-avermelhada, chamada de medula renal. A medula
consiste em diversas estruturas cuneiformes, conhecidas como as pirâmides renais.
As partes do córtex renal que se estendem entre as pirâmides renais são
chamadas de colunas renais. Um lobo renal consiste em uma pirâmide, sua área
sobrejacente do córtex renal até metade de cada coluna adjacente.
Juntos o córtex renal e as pirâmides renais da medula renal constituem o
parênquima (a parte funcional) do rim. No interior do parênquima encontram-se as
unidades funcionais do rim — aproximadamente 1 milhão de estruturas microscópicas,
chamadas de néfrons. A urina formada pelos néfrons drenam para os grandes ductos
papilares que se estendem pelas papilas renais das pirâmides. Os ductos papilares
drenam para estruturas cupuliformes, chamadas de cálices renais maiores e menores.
Cada rim possui entre 8 e 18 cálices menores, e entre 2 e 3 cálices maiores. A
partir dos cálices maiores, a urina drena para uma cavidade grande e simples, chamada
de pelve renal, e, em seguida, drena para fora, através do ureter, até a bexiga urinária.

53
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

Néfron
Cada néfron consiste em duas partes: um corpúsculo renal, no qual o plasma
sanguíneo é filtrado, e um túbulo renal, no qual passa o líquido filtrado. Os dois
componentes de um corpúsculo renal são o glomérulo (rede capilar) e a cápsula
glomerular (de Bowman), uma cavidade epitelial bilaminada que circunda os capilares
glomerulares. (Fig. 40)

O plasma sanguíneo é filtrado na cápsula glomerular, seguidamente, o líquido


filtrado passa para o túbulo renal, possui três seções principais. Na ordem em que o
líquido passa por elas, o túbulo renal consiste em: (1) túbulo contorcido proximal: (2)
alça de Henle e (3) túbulo contorcido distal. Os túbulos contorcidos distais de diversos
néfrons se esvaziam em um único ducto coletor. Os ductos coletores se reúnem e
convergem, formando centenas de grandes ductos papilares, que drenam para os
cálices menores. Os ductos coletores e papilares se estendem do córtex renal,
passando pela medula renal, até a pelve renal.
Para produzir urina, os néfrons e ductos coletores realizam três processos
básicos — filtração glomerular, secreção tubular e reabsorção tubular:

54
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

Filtração glomerular: no primeiro estágio da produção de urina, a água e a maioria


dos solutos no plasma sanguíneo passam através das paredes dos capilares
glomerulares para a cápsula glomerular e, em seguida, para o túbulo renal. Ex.: Plasma
A reabsorção tubular: à medida que o líquido filtrado flui ao longo do túbulo renal
e pelo ducto coletor, as células tubulares reabsorvem aproximadamente 99% da água
filtrada e muitos solutos úteis. A água e os solutos retomam para o sangue à medida que
este flui através dos capilares peritubulares e arteríolas retas. Observe que o termo
reabsorção refere-se ao retomo da água e dos solutos filtrados para a corrente
sanguínea. Ex.: água, íons, glicose e aminoácidos.
A Secreção tubular: à medida que o líquido flui ao longo do túbulo e pelo ducto
coletor, as células do túbulo e do ducto secretam outras substâncias, como resíduos,
fármacos e excesso de íons, no líquido. Observe que a secreção tubular remove uma
substância do sangue. Em outros casos de secreção — assim como a secreção de
hormônios — as células liberam substâncias no líquido intersticial e no sangue. Ex.: Ácido
úrico, uréia e creatinina.

Taxa de Filtração Glomerular


A quantidade de filtrado formado em todos os corpúsculos renais dos dois rins, a
cada minuto, é chamada de taxa de filtração glomerular (TFG). A homeostasia dos
líquidos do corpo necessita que os rins mantenham uma TFG relativamente constante.
Se a TFG for muito alta, substâncias necessárias podem passar tão rapidamente pelos
túbulos renais que algumas podem não ser reabsorvidas, podendo ser eliminadas na
urina. Se a TFG for muito baixa, quase todo o filtrado pode ser reabsorvido e certos
produtos residuais podem não ser adequadamente eliminados.

Hormônio Antidiurético
O hormônio antidiurético (ADH ou vasopressina) é liberado pela neuro-hipófise.
Regula a absorção facultativa de água, aumentando a permeabilidade das células
principais na parte final do túbulo contorcido distal e por todo o ducto coletor. Na
ausência do ADH, as membranas apicais das células principais têm uma absortividade de
água muito baixa.

3.4 PATOLOGIAS ASSOCIADAS AOS SISTEMAS DIGESTÓRIO


Patologia Associada ao Sistema Digestório – Apendicite Aguda
A apendicite aguda é a causa mais comum de abdome agudo na criança,
adolescente e no adulto jovem com um pico de incidência nas 2° e 3° décadas de vida.
Sua incidência reduziu-se nas últimas décadas e as razões desse declínio ainda não
estão esclarecidas, podendo ser atribuídas às mudanças nos hábitos dietéticos e na
flora intestinal, melhora da nutrição, maior ingestão de vitaminas e outros.
A obstrução da luz apendicular é o principal fator iniciante do processo
inflamatório, sendo as causas mais frequentes a hiperplasia do tecido linfóide,

55
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

principalmente nas crianças, fecalitos, corpos estranhos (sementes, fibras, bário,


projétil de arma de fogo), vermes e neoplasias (do apêndice, ceco ou metastática).
A dor abdominal é o sintoma mais importante é o mais frequente da apendicite
aguda, com migração clássica de periumbilical ou epigástrica para localização em fossa
ilíaca direita em 2/3 dos pacientes. Eventualmente podendo referir-se a outros locais
dependendo da posição ocupada pelo apêndice cecal, ocorrendo em 75% das vezes
localização intra-peritoneal retrocecal.
É de diagnóstico acima de tudo clínico e geralmente não necessita de exames
complementares. No entanto, principalmente diante de um quadro clínico duvidoso,
exames laboratoriais e de imagem, sobretudo, ultrassonografia e tomografia
computadorizada são empregados fornecendo suporte secundário ao diagnóstico.

Patologia Associada ao Sistema Digestório – Refluxo


Gastroesofágico
A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), considerada uma das afecções
digestivas de maior prevalência nos países ocidentais, tem sido bastante estudada. É a
afecção crônica decorrente do fluxo retrógrado de parte do conteúdo gastroduodenal
para o esôfago e/ou órgãos adjacentes, acarretando variável espectro de sintomas
(esofágicos ou extra-esofágicos), associados ou não a lesões teciduais.
DRGE é uma afecção de grande importância médico-social pela elevada e
crescente incidência e por determinar sintomas de intensidade variável, que se
manifestam por tempo prolongado, podendo prejudicar consideravelmente a qualidade
de vida do paciente.
As manifestações clínicas consideradas típicas da DRGE são pirose e
regurgitação. Apesar desses sintomas sugerirem a presença da afecção, vale salientar
que outras doenças (como úlcera péptica, gastrite e eventualmente neoplasias) podem
cursar com um deles.
O tratamento visa o alívio dos sintomas, a cicatrização das lesões e a prevenção
de recidivas e complicações. Do ponto de vista prático, objetiva-se reduzir o potencial
agressivo do conteúdo gástrico, minimizando a agressão representada pelo ácido
clorídrico do suco gástrico. Pode-se classificar a abordagem terapêutica em medidas
comportamentais e farmacológicas, que deverão ser implementadas simultaneamente.

3.5 PATOLOGIAS ASSOCIADAS AOS SISTEMAS URINÁRIO


Patologia Associada ao Sistema Urinário – Infecção do trato urinário
A infecção sintomática do trato urinário (ITU), situa-se entre as mais frequentes
infecções bacterianas do ser humano. A infecção urinária pode comprometer somente
o trato urinário baixo, o que especifica o diagnóstico de cistite, ou afetar
simultaneamente o trato urinário inferior e o superior; neste caso, utiliza-se a
terminologia infecção urinária alta, também denominada pielonefrite. A infecção
urinária baixa ou cistite pode ser sintomática ou não.

56
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

Os agentes etiológicos, mais frequentemente envolvidos com ITU adquirida na


comunidade, são, em ordem de frequência: a Escherichia coli, e Staphylococcus
saprophyticus, espécies de Proteus e de Klebsiella e o Enterococcus faecalis. A E. coli,
sozinha, responsabiliza-se por 70% a 85% das infecções do trato urinário adquiridas na
comunidade, e por 50% a 60% em pacientes idosos admitidos em instituições.
A infecção do trato urinário baixo (cistite), quando sintomática, exterioriza-se
clinicamente pela presença habitual de disúria, urgência miccional, polaciúria, nictúria
e dor suprapúbica. Febre, neste caso, não é comum. Na anamnese, a ocorrência prévia
de quadros semelhantes, diagnosticados como cistite, deve ser valorizada. O aspecto da
urina pode também trazer informações valiosas: urina turva (pela presença de piúria)
e/ou avermelhada (pela presença de sangue), causada por cálculo e/ou pelo próprio
processo inflamatório.

Patologia Associada ao Sistema Urinário – Doença Renal Crônica


A doença renal crônica (DRC) é definida como anormalidades da estrutura ou
função renal, presentes por um período igual ou superior a três meses, com implicações
para a saúde, sendo adotadas para o seu estadiamento a taxa de filtração glomerular
(TFG) e a albuminúria.
O envelhecimento populacional, juntamente com a crescente incidência de
diabetes, hipertensão arterial e outras doenças e agravos não transmissíveis, tem
contribuído para o aumento mundial da prevalência da DRC e da doença renal terminal
(DRT).
Entre as intervenções terapêuticas, as que são mais recorrentes na literatura
envolvem o controle de hipertensão arterial, diabetes e dislipidemia, alterações
alimentares, redução de peso e abstinência do fumo.
Existem diferentes modelos de atendimento ao paciente com DRC. A abordagem
orientada na doença é um deles, demonstrando uma relação causal direta entre sinais e
sintomas observados e processos fisiopatológicos subjacentes. Apresenta como
vantagem uma estrutura sistemática para orientar e padronizar a gestão, a avaliação de
resultados e de desempenho em pacientes com processos de doenças claramente
definidos.

Revisão do Conteúdo
• O sistema digestório tem como uma das funções transformar os alimentos em
energia química, para que o corpo se transforme em energia mecânica.
• Dois grupos de órgãos compõem o sistema digestório: o trato gastrointestinal
(GI) e os órgãos acessórios da digestão.
• O trato gastrointestinal (GI), ou canal alimentar, é um tubo contínuo que se
estende da boca até o ânus, passando pelas cavidades torácica e
abdominopélvica.

57
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

• Os órgãos do trato gastrointestinal incluem a boca, grande parte da faringe,


esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso.
• Os órgãos acessórios da digestão incluem dentes, língua, glândulas salivares,
fígado, vesícula biliar e pâncreas.
• Os dentes auxiliam a ruptura mecânica do alimento, a língua auxilia a
mastigação e a deglutição.
• O sistema digestório, de uma forma geral, realiza seis processos básicos:
Ingestão, Secreção, Mistura e Propulsão, Digestão, Absorção e Defecação.
• Diarréia é o aumento na frequência, volume e conteúdo de líquido das fezes,
provocado pelo aumento na motilidade e diminuição da absorção pelos
intestinos.
• Constipação refere-se à defecação infrequente ou difícil, provocada pela
diminuição na motilidade dos intestinos
• O sistema urinário consiste em dois rins, dois ureteres, uma bexiga urinária e
uma uretra.
• Os rins realizam o trabalho principal do sistema urinário (filtração, absorção e
excreção).
• Os néfrons são as unidades funcionais dos rins.
• Cada néfron consiste em duas partes: um corpúsculo renal, no qual o plasma
sanguíneo é filtrado, e um túbulo renal, no qual passa o líquido filtrado.
• Os dois componentes de um corpúsculo renal são o glomérulo (rede capilar) e a
cápsula glomerular (de Bowman), uma cavidade epitelial bilaminada que
circunda os capilares glomerulares.
• A taxa de filtração glomerular (TFG), é a quantidade de filtrado formado em
todos os corpúsculos renais dos dois rins, a cada minuto.
• O hormônio antidiurético (ADH ou vasopressina) regula a absorção facultativa
de água, aumentando a permeabilidade de água nas células principais na parte
final do túbulo contorcido distal e por todo o ducto coletor.
Bons Estudos!

58
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

UNIDADE IV

59
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

SISTEMA GENITAL E NERVOSO


A reprodução sexual é o processo pelo qual os organismos geram a prole,
produzindo células germinativas, chamadas de gametas. Após o gameta masculino
(espermatozóide) unir-se com o gameta feminino (ovócito secundário) – em um evento
chamado de fertilização, onde a célula gerada a partir dessa união possui um conjunto
de cromossomos de cada um dos pais.

4.1 SISTEMA GENITAL MASCULINO E FEMININO


Os órgãos do sistema genital masculino são os testículos, um sistema de ductos
(incluindo epidídimo, ducto deferente, ductos ejaculatórios e uretra), as glândulas
sexuais acessórias (glândulas seminais, próstata e glândula bulbouretral) e diversas
estruturas de sustentação, incluindo o escroto e o pênis. (Fig. 41)

Os testículos (gônadas masculinas) produzem espermatozóides e secretam


hormônios. O sistema de ductos transporta e armazena espermatozóides, auxilia na
sua maturação e os transporta até o exterior. O sêmen contém espermatozóides mais
as secreções fornecidas pelas glândulas sexuais acessórias. As estruturas de
sustentação têm várias funções. O pênis transporta espermatozóides para o trato
genital feminino e o escroto aloja os testículos.

60
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

Escroto
O escroto, é a estrutura de sustentação para os testículos, consiste em pele
frouxa e tecido subcutâneo subjacente que pende da raiz (a parte fixa) do pênis. Em
resposta às baixas temperaturas, os músculos cremaster e dartos se contraem. A
contração dos músculos cremasteres aproxima mais os testículos do corpo, do qual
podem absorver calor. A contração do músculo dartos retesa o escroto (dando-lhe uma
aparência enrugada), o que reduz a perda de calor. A exposição ao calor inverte essas
ações.

Testículos
Os testículos são glândulas ovais pares, situadas no escroto, medindo
aproximadamente 5 cm de comprimento e 2,5 cm de diâmetro. Cada um dos 200-300
lóbulos contém de um a três túbulos espiralados, os túbulos seminíferos contorcidos,
nos quais os espermatozóides são produzidos. O processo pelo qual os túbulos
seminíferos dos testículos produzem espermatozóides é chamado de
espermatogênese.
Os túbulos seminíferos contêm dois tipos de células: células espermatogênicas,
as células produtoras de espermatozóides, e as células de Sertoli, que possuem diversas
funções de suporte à espermatogênese.

Espermatozóide
As principais partes de um espermatozóide são a cabeça e a cauda. Contém um
núcleo com 23 cromossomos muito condensados. Recobrindo os dois terços anteriores
do núcleo encontra-se o acrossomo, uma vesícula semelhante a uma cápsula,
preenchida com enzimas que ajudam o espermatozóide a penetrar um oócito
secundário, realizando a fertilização.
Entre as enzimas estão as hialuronidases e as proteases. A cauda do
espermatozóide é subdividida em quatro partes: colo, parte intermediária, parte
principal e extremidade final. (Fig. 42)

61
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

Glândulas
Glândulas (vesículas) seminais pares, através dos ductos da glândula seminal
secretam um líquido viscoso alcalino, que contém frutose (um açúcar monossacarídeo),
prostaglandinas e proteínas de coagulação, que são diferentes daquelas encontradas
no sangue.
A próstata é uma glândula simples, anelada, do tamanho aproximado de uma bola
de golfe. A próstata secreta um líquido leitoso, ligeiramente acidífero (pH de
aproximadamente 6,5), que contém diversas substâncias importantes: (1) o ácido
cítrico, (2) diversas enzimas proteolíticas, como o antígeno prostático específico (PSA),
o pepsinogênio, a lisozima, a amilase e a hialuronidase, (3) a função da fosfatase ácida
secretada pela próstata é desconhecida e (4) a plasmina seminal, no líquido prostático,
é um antibiótico que destrói bactérias.
As glândulas bulbouretrais ou glândulas de Cowper pares, têm o tamanho
aproximado de uma ervilha. Durante a excitação sexual, as glândulas bulbouretrais
secretam um líquido alcalino na uretra, que protege os espermatozóides da passagem,
neutralizando os ácidos da urina presentes na uretra.

62
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

Sêmen
Sêmen é uma mistura de espermatozóides e um líquido seminal, um líquido que
consiste nas secreções dos túbulos seminíferos, glândulas seminais, próstata e
glândulas bulbouretrais.

Pênis
O pênis contém a uretra, sendo uma via de passagem para a ejaculação do sêmen
e a excreção da urina. O pênis possui um formato cilíndrico e consiste em corpo, glande
e raiz.
O corpo do pênis é composto de três massas cilíndricas de tecido, cada uma
envolvida por um tecido fibroso, chamado de túnica. As duas massas dorsolaterais são
chamadas de corpos cavernosos do pênis. A massa posterior média menor, o corpo
esponjoso do pênis, contém a parte esponjosa da uretra, mantendo-a aberta durante a
ejaculação.
A extremidade distal do corpo esponjoso do pênis é uma região em forma de bola,
ligeiramente expandida, chamada de glande do pênis; sua margem é a coroa da glande.
A raiz do pênis é a parte fixa (parte proximal). Consiste no bulbo, a parte expandida
da base do corpo esponjoso, e nos ramos do pênis as duas partes separadas e afiladas
do corpo cavernoso.

Sistema Genital Feminino


Os órgãos do sistema genital feminino incluem os ovários (gônadas femininas); as
tubas uterinas ou ovidutos, útero, vagina e os órgãos genitais femininos externos, que
são coletivamente chamados de vulvas ou pudendo feminino. (Fig. 43)

63
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

As glândulas mamárias são consideradas parte tanto do sistema genital feminino


quanto do tegumento comum.

Ovários
Os ovários, que são as gônadas femininas, são glândulas pares que se
assemelham às amêndoas sem casca, em tamanho e formato; eles são homólogos aos
testículos. Os ovários produzem, (1) gametas, oócitos secundários que se desenvolvem
em ovos maduros e (2) hormônios, incluindo progesterona e estrógenos (os hormônios
sexuais femininos), inibina e relaxina.

Tubas Uterinas
As mulheres possuem duas tubas uterinas (trompas de Falópio) ou ovidutos, que
se estendem lateralmente a partir do útero. Fornecem uma via para os espermatozóides
chegarem ao óvulo e transportam oócitos secundários e óvulos fertilizados dos
ovários para o útero. A parte afunilada de cada tuba, chamada de infundíbulo, fica perto
do ovário, mas é aberta para a cavidade pélvica. Termina em uma franja de projeções
digitiformes, chamadas de fímbrias, uma das quais está presa à extremidade lateral do
ovário.

Útero
Situado entre a bexiga urinária e o reto, o útero apresenta o tamanho e o formato
de uma pêra invertida. As subdivisões anatômicas do útero incluem: (1) uma parte em
forma de domo, superior às tubas uterinas, chamada de fundo do útero, (2) uma parte
central afilada, chamada de corpo do útero e (3) uma parte estreita inferior, chamada de
colo do útero, que abre na vagina.
O interior do corpo do útero é chamado de cavidade do útero, e o interior do colo
é chamado de canal do colo do útero. Histologicamente, o útero consiste em três
camadas de tecido: o perimétrio (camada externa), o miométrio (camada média do
útero) e o endométrio (a camada interna).

Vagina
A vagina é um canal fibromuscular longo e tubular, com 10 cm de comprimento,
revestido por túnica mucosa, que se estende do exterior do corpo do útero até o colo. É
o receptáculo para o pênis durante a relação sexual, uma saída para o fluxo menstrual
é uma via de passagem para o parto. Uma prega fina de túnica mucosa vascularizada,
chamada de hímen, forma uma margem em torno da extremidade inferior da abertura da
vagina para o exterior, o óstio da vagina, fechando-a parcialmente.

Vulva
O termo vulva ou pudendo feminino refere-se aos órgãos genitais femininos
externos. Os componentes da vulva são os seguintes: o monte do púbis, uma elevação
de tecido adiposo recoberta por pele e pêlos púbicos espessos que protege a sínfise
púbica. A partir do monte do púbis, duas pregas longitudinais de pele, os lábios maiores

64
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

do pudendo, se estendem inferior e posteriormente. Medialmente aos lábios maiores do


pudendo encontram-se duas pregas menores de pele, chamadas de lábios menores do
pudendo. (Fig. 44)

O clitóris é uma pequena massa cilíndrica composta de dois pequenos corpos


eréteis, os corpos cavernosos, e numerosos nervos e vasos sanguíneos. O clitóris é
homólogo à glande do pênis. A região entre os lábios menores é o vestíbulo. Dentro do
vestíbulo estão o hímen (se ainda presente), o óstio da vagina, o óstio externo da uretra
e as aberturas dos ductos de diversas glândulas.

Glândulas mamárias
Cada mama possui uma projeção pigmentada, a papila mamária, que possui uma
série de aberturas pouco espaçadas de ductos, chamados de ductos lactíferos, dos
quais o leite emerge. A área circular da pigmentação de pele que envolve a papila
mamária é chamada de aréola da mama; parece enrugada porque contém glândulas
sebáceas modificadas. Dentro de cada mama encontra-se uma glândula mamária,
modificada que produz leite.

4.2 SISTEMA NERVOSO CENTRAL E PERIFÉRICO


O sistema nervoso é uma rede complexa, muito organizada, de bilhões de
neurônios e de um número ainda maior de neuroglias. As estruturas que compõem o
sistema nervoso incluem o encéfalo, os nervos cranianos e seus ramos, a medula
espinal, os nervos espinais e seus ramos, os gânglios, os plexos entéricos e os
receptores sensoriais.

65
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

Funções do Sistema Nervoso


Permite a percepção de diversos odores, a produção da fala e a lembrança de
eventos passados; além disso, transmite sinais que controlam os movimentos do corpo
e regulam o funcionamento dos órgãos internos. São três:
• Função sensorial - os receptores sensoriais detectam estímulos internos,
como um aumento na acidez do sangue, e estímulos externos, como uma gota
de chuva que cai no seu braço. Essa informação sensorial é, em seguida,
conduzida até o encéfalo e medula espinal por meio dos nervos cranianos e
espinais.
• Função integrativa - o sistema nervoso integra (processa) informação
sensorial, analisando e armazenando uma parte, tomando decisões para as
respostas apropriadas. Uma função integrativa importante é a percepção, o
conhecimento consciente do estímulo sensorial. A percepção ocorre no
encéfalo.
• Função motora - uma vez que a informação é integrada, o sistema nervoso
pode provocar uma resposta motora apropriada, ativando os efetores
(músculos ou glândulas) por meio dos nervos espinais e cranianos. A
estimulação dos efetores leva à contração dos músculos e à secreção das
glândulas.

Subdivisões do Sistema Nervoso


O sistema nervoso é composto de duas subdivisões principais: sistema nervoso
central (SNC), que consiste no encéfalo e na medula espinal. O SNC processa a entrada
de muitos tipos diferentes de informação sensorial. É também a fonte dos
pensamentos, das emoções e das memórias. A maioria dos impulsos nervosos que
estimulam os músculos a se contrair e as glândulas a secretar se origina no SNC.
A parte periférica do sistema nervoso ou sistema nervoso periférico (SNP), inclui
todos os tecidos nervosos fora do SNC. Os componentes do SNP incluem os nervos
cranianos e seus ramos, os nervos espinais e seus ramos, os gânglios e os receptores
sensoriais. O SNP pode ser subdividido, ainda, em uma parte somática do sistema
nervoso (SSN), em uma divisão autônoma do sistema nervoso (DASN), em uma parte
entérica do sistema nervoso (PESN). (Fig. 45)

66
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

Um gânglio refere-se a um agrupamento de corpos celulares neuronais


localizados no SNP. Como mencionado anteriormente, os gânglios estão intimamente
associados com os nervos espinais e cranianos. Por contraste, o núcleo é um
agrupamento de corpos celulares neuronais localizado no SNC.
Um nervo é um feixe de axônios localizado no SNP. Os nervos cranianos
conectam o encéfalo à periferia, enquanto os nervos espinais conectam a medula
espinal à periferia. Um trato é um feixe de axônios localizado no SNC. Os tratos
interconectam os neurônios na medula espinal e no encéfalo.
A substância branca é composta, basicamente, de axônios mielinizados e
amielínicos de muitos neurônios. A cor esbranquiçada da mielina dá à substância branca
seu nome. A substância cinzenta do sistema nervoso contém corpos celulares
neuronais, dendritos, axônios amielínicos, terminais axônicos e neuróglia.

Cérebro
O cérebro adulto está dividido em um par de hemisférios cerebrais grandes. As
superfícies dos hemisférios cerebrais são bastante pregueadas e cobertas por uma
camada superficial de substância cinzenta denominada córtex cerebral (córtex,
casca), cujas funções incluem consciência, processamento e armazenamento de
memória, processamento sensitivo e a regulação das contrações musculares

67
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

esqueléticas. O corpo caloso é um trato espesso de substância branca que interliga os


dois hemisférios cerebrais. Contém mais de 200 milhões de axônios que transportam
cerca de 4 bilhões de impulsos por segundo. Dividido em lóbulos frontal, parietal,
occipital e temporal.
Fissuras são sulcos profundos que subdividem o hemisfério cerebral. Giros são
dobras no córtex cerebral que aumentam a sua área de superfície. Sulcos são
depressões rasas no córtex cerebral que separam giros adjacentes.

Diencéfalo
O diencéfalo é a ligação estrutural e funcional entre os hemisférios cerebrais e o
restante do SNC. O tálamo contém centros de transmissão e processamento de
informação sensitiva. O hipotálamo (hipo-abaixo) ou assoalho do diencéfalo, contém
centros envolvidos com emoções, função autônoma e produção hormonal.

Cerebelo
O cerebelo, parcialmente escondido pelos hemisférios cerebrais, é a segunda
maior estrutura do encéfalo. As funções do cerebelo incluem a coordenação e a
modulação dos comandos motores do córtex cerebral.

Tronco Encefálico
O tronco encefálico inclui o mesencéfalo, a ponte e o bulbo. O mesencéfalo
processa informação visual e auditiva (audição) e controla reflexos desencadeados
por esses estímulos. Também contém centros que ajudam a manter a vigília. A ponte
conecta o cerebelo ao tronco encefálico. (Fig. 46)

Além de tratos e centros relês, a ponte também atua no controle motor somático
e visceral. O bulbo transmite informações sensitivas a outras partes do tronco

68
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

encefálico e ao tálamo. O bulbo também contém centros importantes que regulam a


função autônoma, tais como a frequência cardíaca e a pressão arterial.

Ventrículos
Durante o desenvolvimento, as passagens no interior do tubo neural nos
hemisférios cerebrais, no diencéfalo, na ponte, no cerebelo e no bulbo expandem-se
para formar câmaras chamadas ventrículos. Os ventrículos são preenchidos com o
líquido cerebrospinal e revestidos por células ependimais.

Meninges
Os tecidos delicados do encéfalo são protegidos das forças mecânicas pelos
ossos do crânio, pelas meninges cranianas e pelo líquido cerebrospinal. As três
camadas que compõem as meninges cranianas – dura-máter (mais externa, é fundida
com o periósteo dos ossos cranianos.), aracnóide-máter (camada intermediária, o
espaço subaracnóide cheio de líquido separa a camada externa da aracnóide-máter da
pia-máter) e pia-máter (camada interna, adere à superfície do encéfalo. (Fig. 47)

Estende-se por dentro de todos os giros e sulcos e acompanha as ramificações


dos vasos sanguíneos, à medida que penetram na superfície do encéfalo para alcançar
as estruturas internas.) – são contínuas nas camadas das meninges na medula.

Medula Espinal
A medula espinal adulta mede aproximadamente 45 cm de comprimento e tem
uma largura máxima de cerca de 14 mm. Em uma vista seccional, tem uma camada
externa de substância branca e uma camada interna de substância cinzenta que
circunda um canal central pequeno. A medula espinal completa pode ser dividida em 31
segmentos, cada uma origina-se de um par de nervos espinais. A substância branca
superficial é dominada pelos axônios mielinizados. A substância cinzenta (dominada
pelos corpos celulares de neurônios, neuróglia e axônios não mielinizados), circunda o

69
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

canal central estreito e forma um H ou a uma figura de uma borboleta. O sistema nervoso
central processa informação sensorial e transmite comandos motores através de uma
rede de nervos periféricos chamada de sistema nervoso periférico (SNP). Com base na
sua origem, os nervos periféricos podem ser divididos em nervos cranianos do encéfalo
(12 pares) e nervos espinais da medula espinal (31 pares).

4.3 TIPOS DE CÉLULAS DO SISTEMA NERVOSO


Neurônios - Como as células musculares, os neurônios (células nervosas),
possuem excitabilidade elétrica, a capacidade de responder a um estímulo e convertê-lo
em um potencial de ação. Um estímulo é qualquer alteração no ambiente, forte o
bastante para iniciar um potencial de ação. Um potencial de ação (impulso nervoso é um
sinal elétrico que se propaga, "viaja'' ao longo da superfície da membrana de um
neurônio). A maioria dos neurônios possui três partes: (1) um corpo celular, (2) dendritos
e (3) um axônio. (Fig. 48)

Neuróglias - ou glia constitui, aproximadamente, metade do volume do SNC. Em


contraste com os neurônios, as neuróglias não geram ou propagam potenciais de ação e
possuem a capacidade de se multiplicar e se dividir no sistema nervoso maduro. Dos seis
tipos de células da neuróglia, quatro — astrócitos, oligodendrócitos, micróglia e células

70
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

ependimárias — são encontrados apenas no SNC. Os dois tipos restantes — as células de


Schwann e as células-satélite — estão presentes no SNP

Neuroglias do SNC
Astrócitos - estas células em forma de estrela têm muitos processos e são as
maiores e mais numerosas da neuroglia. As funções dos astrócitos incluem o seguinte:
(1) astrócitos contém microfilamentos que lhes proporcionam força considerável,
permitindo que suportem os neurônios: (2) os processos dos astrócitos envolvendo os
capilares sanguíneos isolam os neurônios do SNC das várias substâncias potencialmente
prejudiciais, presentes no sangue: (3) os astrócitos ajudam a manter o ambiente químico
adequado para a geração de impulsos nervosos.
Oligodendrócitos - estes se assemelham aos astrócitos, mas são menores e
contêm menos processos. Os processos dos oligodendrócitos são responsáveis pela
formação e manutenção da bainha de mielina em torno dos axônios do SNC.
Micróglia - estas células da neuróglia são pequenas, com processos finos que
emitem numerosas projeções espinhosas. As células da micróglia funcionam como
fagócitos, realizando a fagocitose de micróbios e do tecido nervoso danificado.
As células ependimárias - são células colunares e cúbicas, dispostas em uma
única camada, que possuem cílios e microvilosidades. Estas células revestem os
ventrículos cerebrais e o canal central da medula espinal.

Neuroglias do SNP
A neuróglia do SNP envolve completamente os axônios e os corpos celulares. Os
dois tipos de células da glia presentes no SNP são células de Schwann e células-satélite.
Células de Schwann - estas células envolvem os axônios do SNP. Como os
oligodendrócitos, formam a bainha de mielina em torno dos axônios. No entanto,
enquanto um único oligodendrócito mieliniza diversos axônios, cada célula de Schwann
mieliniza um único axônio.
Células-satélites - Estas células planas envolvem os corpos celulares dos
neurônios dos gânglios do SNP. Além de fornecer suporte estrutural, as células-satélite
regulam as trocas de substâncias entre os corpos das células neuronais e o líquido
intersticial.

4.4 PATOLOGIAS ASSOCIADAS AOS SISTEMAS GENITAL MASCULINO


E FEMININO
Patologia Associada ao Sistema Genital – Sífilis
A sífilis é uma doença infecciosa crônica, que desafia há séculos a humanidade.
Acomete praticamente todos os órgãos e sistemas, e, apesar de ter tratamento eficaz e
de baixo custo, vem-se mantendo como problema de saúde pública até os dias atuais.

71
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

A sífilis é causada por uma bactéria chamada Treponema pallidum, gênero


Treponema, da família dos Treponemataceae. A penetração do treponema é realizada
por pequenas abrasões decorrentes da relação sexual. Logo após, o treponema atinge
o sistema linfático regional e, por disseminação hematogênica, outras partes do corpo.
A resposta da defesa local resulta em erosão e exulceração no ponto de inoculação,
enquanto a disseminação sistêmica resulta na produção de complexos imunes
circulantes que podem depositar-se em qualquer órgão.
A sífilis é uma doença transmitida pela via sexual (sífilis adquirida) e verticalmente
(sífilis congênita) pela placenta da mãe para o feto. Outras formas de transmissão mais
raras e com menor interesse epidemiológico são por via indireta (objetos contaminados,
tatuagem) e por transfusão sanguínea.
A história natural da doença mostra evolução que alterna períodos de atividade
com características clínicas, imunológicas e histopatológicas distintas (sífilis primária,
secundária e terciária) e períodos de latência (sífilis latente). A sífilis divide-se ainda em
sífilis recente, nos casos em que o diagnóstico é feito em até um ano depois da infecção,
e sífilis tardia, quando o diagnóstico é realizado após um ano.

4.5 PATOLOGIA ASSOCIADA AO SISTEMA NERVOSO – PARKINSON


A doença de Parkinson (DP) ou mal de Parkinson é uma patologia de origem
neurológica, degenerativa de uma região conhecida como substância negra, presente
no sistema nervoso central. É considerada a segunda enfermidade neurodegenerativa
mais comum na população idosa, apresenta-se de forma crônica e progressiva, devido à
diminuição do neurotransmissor dopamina nos gânglios da base.
A DP possui origem desconhecida, entretanto alguns estudos indicam que ela
pode ser ocasionada por um conjunto de fatores. Dentre eles, pode-se citar o, resultado
de uma combinação da predisposição genética com a exposição a fatores tóxicos
ambientais. A genética envolve genes que favorecem o desenvolvimento da
enfermidade, já as toxinas ambientais estão relacionadas aos casos de pacientes com
DP residentes em regiões rurais com exposição ao uso de pesticidas e herbicidas,
associando o estresse oxidativo a uma exposição à produtos químicos industriais
Em uma análise fisiopatológica, ocorre uma degeneração dos neurônios de
neuromelanina, localizados no tronco encefálico, destacando-se a degradação
principalmente daqueles neurônios que contêm dopamina da camada ventral da parte
compacta da substância negra e dos neurônios que contêm norepinefrina do lócus
cerúleo. Esses núcleos podem apresentar neurônios que não se degeneram e possuem
inclusões proteináceas citoplasmáticas e eosinofílicas designadas como corpúsculos de
Lewy.
As primeiras manifestações da DP são observadas diante um declínio no
desempenho motor, afetando a prática das atividades cotidianas desses pacientes de
forma a limitar ou até mesmo impedir tais ações. O tremor é considerado um sinal inicial
da doença em cerca de metade dos pacientes; ele apresenta o início nas extremidades

72
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

distais do corpo, sendo observado em condições de repouso. São manifestações iniciais


também a rigidez, a bradicinesia e a instabilidade.
O diagnóstico da Doença de Parkinson é feito pela análise clínica do paciente,
quando ele apresenta alguma combinação dos sinais motores cardinais, como tremor de
repouso, bradicinesia, rigidez com roda denteada, anormalidades posturais.

Revisão do Conteúdo
• Os órgãos do sistema genital masculino são os testículos, um sistema de
ductos (incluindo epidídimo, ducto deferente, ductos ejaculatórios e uretra),
as glândulas sexuais acessórias (glândulas seminais, próstata e glândula
bulbouretral), o escroto e o pênis.
• Os órgãos do sistema genital feminino incluem os ovários, tubas uterinas,
útero, vagina e os órgãos genitais femininos externos: vulva ou pudendo
feminino. As glândulas mamárias são consideradas parte tanto do sistema
genital feminino quanto do tegumento comum.
• As características excitáveis do tecido nervoso permitem a geração de
impulsos nervosos (potenciais de ação) que produzem regulação e
comunicação com a maioria dos tecidos do corpo.
• O sistema nervoso é composto de duas subdivisões principais: sistema
nervoso central (SNC), que consiste no encéfalo e na medula espinal.
• O SNC processa a entrada de diferentes tipos de informação sensorial. É
também a fonte dos pensamentos, das emoções e das memórias.
• O Sistema nervoso periférico (SNP), inclui todos os tecidos nervosos fora do
SNC. Os componentes do SNP incluem os nervos cranianos e seus ramos, os
nervos espinais e seus ramos, os gânglios e os receptores sensoriais.
• O SNP pode ser subdividido, ainda, em uma parte somática do sistema
nervoso (SSN), em uma divisão autônoma do sistema nervoso (DASN), e em
uma parte entérica do sistema nervoso (PESN).
• Neurônios - Como as células musculares, os neurônios (células nervosas),
possuem excitabilidade elétrica, a capacidade de responder a um estímulo e
convertê-lo em um potencial de ação.

73
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

REFERÊNCIAS
TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Corpo humano: fundamentos de
anatomia e fisiologia. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. (Biblioteca virtual Grupo A)
MARTINI, Frederic H. [et al.]. Atlas do corpo humano. Porto Alegre: Artmed, 2009.
(Biblioteca virtual Grupo A)
SILVERTHORN, Dee Unglaub. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 7. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2017. (Biblioteca virtual Grupo A)
GALI, Júlio Cesar. Osteoporose. Acta Ortopédica Brasileira. ABR/JUN, 2001.
GOELDNER, Isabela, SKARE, Thelma L., REASON, Iara T. de Messias, UTIYAMA,
Shirley Ramos da Rosa. Artrite reumatoide: uma visão atual. J Bras Patol Med Lab.v. 47,
n.5, p. 495-503 • outubro 2011.
NARDES F, ARAÚJO AP, RIBEIRO MG. Mental retardation in Duchenne muscular
dystrophy. J Pediatr (Rio J). 2012;88(1):6-16.
SANTOS da Costa, F. A., LIMA Parente, F., SINARA Farias, M., LIMA Parente, F.,
CUSTÓDIO Francelino, P., & LINHARES Bezerra, L. T. (2018). Perfil demográfico de
pacientes com infarto agudo do miocárdio no brasil: revisão integrativa. SANARE -
Revista De Políticas Públicas, v.17 n.02, p.66-73, Jul./Dez. – 2018.
SANTOS VP, POZZAN G, CASTELLI Júnior V, CAFFARO RA. Arteriosclerose,
aterosclerose, arteriolosclerose e esclerose calcificante da média de Monckeberg: qual
a diferença. J Vasc Bras. 2021;20:e20200211.
FARIAS L.P.G, STRABELLI D.G., FONSECA E.K.U.N., LOUREIRO B.M.C., NOMURA
C.H., SAWAMURA M.V.Y. Alterações tomográficas torácicas em pacientes sintomáticos
respiratórios com a COVID-19. Radiol Bras. Jul/Ago;53(4):255–261, 2020.
FARIAS Pimentel AC, BEZERRA Holanda JL, FRANCO Costa Lima C, SANTOS Leite
Pessoa M, FARIAS Pimentel AC. PNEUMOMEDIASTINO ESPONTÂNEO EM PACIENTE COM
COVID-19: SPONTANEOUS PNEUMOMEDIASTINE IN PATIENT WITH COVID-19. Cadernos
ESP [Internet]. 22º de julho de 2020 [citado 18º de julho de 2022];14(1):91-4.
FRANZON O, PICCOLI MC, NEVES TT, VOLPATO MG. Apendicite aguda: análise
institucional no manejo peri-operatório. ABCD Arq Bras Cir Dig 2009;22(2):72-5
NASI A, MORAES-FILHO JPP, CECCONELLO I. Doença do refluxo gastroesofágico:
revisão ampliada. Arq. Gastroenterol. v. 43 – no.4 – out./dez. 2006.
LOPES Hélio V., TAVARES Walter. Diagnóstico das infecções do trato.urinário.
Rev Assoc Med Bras; 51(6): 301-12. 2005
MAGALHÃES Fernando G., GOULART Rita M., Doença renal crônica e tratamento
em idosos: uma revisão integrativa. Rev. bras. geriatr. gerontol. 18 (3), July-Sep 2015

74
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

AVELLEIRA João C.R., BOTTINO Giuliana. Sífilis: diagnóstico, tratamento e


controle. An Bras Dermatol.;81(2):111-26, 2006.
SILVA Ana B. G., PESTANA Beatriz C., HIRAHATA Fernanda A. A., Horta Fernando
B de Souza, OLIVEIRA Eder S. B. E. Doença de Parkinson: revisão de literatura. Brazilian
Journal of Development. v.7, n.5, p. 47677-47698 may. 2021.

75
ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS

2175-5027. Disponível em:


76

Você também pode gostar