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FISIOLOGIA HUMANA

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Sumário
NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 3

ESTRUTURA DO CORPO HUMANO...................................................... 4

A BASE DA VIDA: CÉLULAS E TECIDOS .............................................. 8

SISTEMA DIGESTÓRIO........................................................................ 16

A LÍNGUA .............................................................................................. 19

AS GLÂNDULAS SALIVARES .............................................................. 20

FARINGE E ESÔFAGO ......................................................................... 21

ESTÔMAGO E SUCO GÁSTRICO ........................................................ 24

INTESTINO DELGADO ......................................................................... 26

INTESTINO GROSSO ........................................................................... 28

FÍGADO ................................................................................................. 29

SISTEMA RESPIRATÓRIO ................................................................... 30

FISIOLOGIA DA NUTRIÇÃO NA SAÚDE E NA DOENÇA .................... 32

Alimentos ricos em açúcar, gordura e sal hiperfagia e vício alimentar


ingestão excessiva de açúcares e substâncias de sabor doce e desbalanço
fisiológico.......................................................................................................... 35

Ingestão excessiva de sal e desbalanço fisiológico ............................... 36

Ingestão excessiva de gorduras e desbalanço fisiológico ..................... 37

EXPOSIÇÃO INTRAUTERINA E PERINATAL ...................................... 37

Microbiota intestinal e obesidade ........................................................... 38

Alteração da microbiota na obesidade ................................................... 39

Influência da microbiota na regulação do balanço energético ............... 39

SISTEMA CIRCULATÓRIO ................................................................... 41

CIRCULAÇÃO PULMONAR E CIRCULAÇÃO SISTÊMICA .................. 46

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VASOS SANGUÍNEOS.......................................................................... 47

SISTEMA IMUNOLÓGICO .................................................................... 50

SISTEMA EXCRETOR .......................................................................... 54

SISTEMA NERVOSO ............................................................................ 57

O SISTEMA NERVOSO CENTRAL ....................................................... 59

NUTRIÇÃO E SAÚDE ........................................................................... 62

A Nova Pirâmide Alimentar ............................................................. 64

Grupo 1 .................................................................................................. 65
Grupo 2 .................................................................................................. 65
Grupo 4 .................................................................................................. 65
NUTRIÇÃO E EQUILÍBRIO DO CORPO ............................................... 67

SAIS MINERAIS .................................................................................... 68

VITAMINAS ........................................................................................... 73

REFERÊNCIAS ..................................................................................... 80

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de


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Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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ESTRUTURA DO CORPO HUMANO
O corpo humano possui seis níveis de organização estrutural: o químico,
o celular, o tecidual, o orgânico, o sistêmico e o de organismo.

O Nível químico inclui todas as substâncias químicas necessárias para


manter a vida. E essas substâncias químicas são constituídas de átomos, a
menor unidade de matéria, e alguns deles, como o carbono (C), o hidrogênio (H),
o oxigênio (O), o nitrogênio (N), o cálcio (Ca), o potássio (K) e o sódio (Na) são
essenciais para a manutenção da vida. Esses átomos combinam-se para formar
moléculas. Exemplos familiares de moléculas são as proteínas, os carboidratos,
as gorduras e as vitaminas. As moléculas, por sua vez, combinam-se para formar
o próximo nível de organização: o nível celular.

O Nível celular: qualquer organismo vivo é composto de células, que são


unidades estruturais e funcionais básicas de um organismo. É nelas que se
executam as atividades metabólicas. Entre os muitos tipos de células existentes
em seu corpo estão as células musculares, nervosas e sanguíneas e cada uma
tem estruturas diferentes e cada uma desenvolve uma função diferente.

Nível tecidual: os tecidos são grupos de células semelhantes na


aparência, na função e na origem embrionária que, juntas, realizam uma função
particular. Os tipos básicos de tecido são: tecido epitelial, tecido de sustentação,
tecido sanguíneo, tecido muscular e tecido nervoso.

Nível orgânico: quando diferentes tipos de tecidos estão unidos formam o


nível orgânico. Os órgãos são compostos de dois ou mais tecidos diferentes, têm
funções específicas e geralmente apresentam uma forma reconhecível.
Exemplos de órgãos: o coração, os pulmões, o cérebro, etc.

Nível sistêmico: um sistema consiste de órgãos relacionados que


desempenham uma função comum. Exemplo: o sistema digestório que funciona
na digestão e na absorção dos alimentos é composto pelos seguintes órgãos:

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boca, glândulas salivares, faringe (garganta), esôfago, estômago, intestino
delgado, intestino grosso, fígado, vesícula biliar e pâncreas. O sistema é a base
para o plano estrutural geral de um corpo.

Organismo: o mais alto nível de organização é o organismo. Todos os


sistemas do corpo, funcionando como um todo compõe o organismo = um ser
vivo.

SISTEMAS DO CORPO HUMANO

Figura 1: Descrição dos sistemas

Fonte:
http://www7.bahiana.edu.br/jspui/bitstream/bahiana/2336/1/Aula%200%20Ho
meostasia%20J.pdf

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Relação entre os sistemas

Um bom exemplo de interação entre os sistemas é considerar como dois


sistemas do corpo, sendo os sistemas tegumentar e esquelético, que cooperam
entre si.

O sistema tegumentar (pele, pelos e unhas) protege todos os sistemas do


corpo, incluído o sistema ósseo, por meio da função de barreira entre o ambiente
externo e os tecidos e os órgãos internos.

A pele (cútis) também está envolvida na produção de vitamina D, da qual


o corpo necessita para a utilização apropriada de cálcio, que é o mineral
necessário para o crescimento e desenvolvimento dos ossos.

O sistema esquelético, por sua vez fornece sustentação para o sistema


tegumentar e a essas interações entre os sistemas dá-se o nome de Aparelho.
Quanto aos Processos Vitais, todos os organismos vivos apresentam certas
características que os diferenciam das coisas não-vivas.

Os processos vitais importantes no ser humano são: o metabolismo


(metábole=mudança): que é a soma de todos os processos químicos que
ocorrem no corpo. Uma fase do metabolismo, chamada de catabolismo
(cata=para baixo), envolve o desdobramento de moléculas complexas em
moléculas menores e mais simples. Um exemplo é a quebra de proteínas
alimentares em seus constituintes, os aminoácidos.

A outra fase do metabolismo, chamada de anabolismo (ana=para cima),


utiliza energia gerada pelo catabolismo para a construção dos componentes
estruturais e funcionais do corpo. Um exemplo de anabolismo é a síntese
protética que forma músculo e ossos.

A responsabilidade é a capacidade de detectar e responder às mudanças


no meio externo, ou seja, o ambiente fora do corpo. Células diferentes detectam
diferentes alterações e respondem de maneira característica. Por exemplo, os
neurônios, que são as células nervosas, respondem por meio da geração de
sinais elétricos, conhecidos como impulsos nervosos e, algumas vezes,

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transportam-nos por longas distâncias, como entre o seu grande dedo do pé e o
seu encéfalo.

O movimento inclui o movimento do corpo inteiro, de órgãos individuais,


de células individuais ou mesmo de estruturas intracelulares. Por exemplo, a
contração coordenada de diversos músculos da perna move o seu corpo todo,
de um lugar a outro, quando você caminha ou corre.

Durante a digestão; a comida move-se para fora do estômago em direção


ao intestino delgado. O crescimento refere-se ao aumento em tamanho e pode
ser devido a um aumento do tamanho das células existentes; do número de
células ou da quantidade de substância intercelulares.

A diferenciação é o processo pelo qual as células não especializadas


tornam-se células especializadas. As células diferenciadas diferem estrutural e
funcionalmente de suas originárias, como por exemplo, após a união do
espermatozoide com o óvulo, o ovo fecundado sofre várias diferenciações e
progride, por meio de vários estágios, a um indivíduo único, que é similar a seus
pais, porém bastante diferentes deles.

A reprodução refere-se à formação de novas células para o reparo ou a


reposição, ou à produção de um novo indivíduo.

A manutenção de condições estáveis para suas células é uma função


essencial para o corpo humano, a qual os fisiologistas chamam de homeostase.
A homeostase (homeo = igual; stasis = ficar parado) é uma condição na qual o
meio interno do corpo permanece dentro de certos limites fisiológicos. O meio
interno refere-se ao fluido entre as células, chamado de líquido intersticial
(intercelular). Um organismo é dito em homeostase quando seu meio contém a
concentração apropriada de substâncias químicas, mantém a temperatura e a
pressão adequadas. Quando a homeostase é perturbada, pode resultar a
doença e se os fluidos corporais não forem trazidos de volta à homeostase, pode
ocorrer a morte.

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A BASE DA VIDA: CÉLULAS E TECIDOS
A Célula

A célula é a unidade biológica e funcional dos organismos vivos, que


possuem uma grande diversidade de origens, tamanhos, formas, ciclo vital e
funções, além de serem dotadas de incrível dinâmica. Nelas a vida se manifesta
de forma independente e ativa.

As células são entidades vivas dotadas de uma complexidade estrutural


e funcional superior, permitindo-lhes uma infinidade de capacidades e
transformações que são próprias da vida.

Quanto à sua estrutura, podem apresentar dois modelos: o procariote e o


eucariote, sendo este último do tipo animal e do tipo vegetal.

Já com relação ao tamanho, são, em sua grande maioria, menores do que


a capacidade de resolução do olho humano, portanto só podem ser observadas
com uso de microscópios (células microscópicas).

Quanto à forma, as células são dotadas de grande dinamismo e


apresentam formas extremamente variáveis. A grande maioria das células
possui forma constante (cúbica, esférica, prismática, estrelada, ramificada,
fusiforme e outras), porém algumas modificam continuamente sua forma sendo
denominadas polimorfas, como os leucócitos (glóbulos brancos).

Normalmente, a forma das células dos animais e vegetais é condicionada


pela função que desempenham no organismo. Com relação ao ciclo vital,
podemos dizer que as células possuem longevidade muito variável conforme à
espécie. No organismo humano, há células que duram muitos anos, já outras
têm a sua duração contada em dias e outras, ainda, acompanham o indivíduo
por toda sua vida. Sob esse ponto de vista, as células são classificadas em
lábeis, células de curta duração, ex: hemácias; estáveis, que podem durar meses
ou anos, ex: células epiteliais e as permanentes, são as que duram toda a vida,
ex: neurônios.

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Constituição das células: os elementos que constituem a célula são a
membrana celular (plasmática), o núcleo e o citoplasma. No citoplasma ainda
são encontradas várias estruturas, tais como o ribossomos, o lisossomos, as
mitocôndrias, o complexo de Golgi, os vacúolos, o retículo endoplasmático, o
centríolos e outros.

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Figura 2: Célula Humana

Fonte: https://www.biologianet.com/biologia-celular

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Figura 3: Organização Celular

Fonte:
http://www7.bahiana.edu.br/jspui/bitstream/bahiana/2336/1/Aula%200%20Home
ostasia%20J.pdf
Os Tecidos

“Tecido é um conjunto de células da mesma natureza, diferenciadas em


determinado sentido para poderem realizar a sua função própria”
(SCHUMACHER).

Para considerarmos que um determinado grupo de células forma um


tecido é necessário que estas apresentem a mesma função. Os tecidos
fundamentais nos animais são o Epitelial, o de Sustentação, o Hematopoiético,
o Muscular e o Nervoso.

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Figura 4: Tecido Celular Animal

Fonte: http://educacao.globo.com/biologia/assunto/genetica/tecidos-
animais.html

Tipos de Tecidos

Tecido epitelial é composto quase que exclusivamente de células e tem a função


de cobrir superfícies e apresenta células justapostas, ou seja, bem encaixadas,
com pouquíssima substância intersticial e com grande coesão. Nos epitélios
nunca se encontram vasos sanguíneos e destacam-se os tecidos epiteliais de
revestimento e o glandular.

1. O tecido epitelial de revestimento recobre a superfície externa do corpo e


protege as suas cavidades internas. É formado por células chatas dispostas em
números camadas, o que evita a perda excessiva de água. Os tecidos de
revestimento externo protegem o organismo contra desidratação, atrito e invasão
bacteriana. O tecido epitelial de revestimento forma a pele, as mucosas (boca,
nariz, etc.) e as serosas, que são as membranas que revestem alguns órgãos
como o pulmão (pleura), o coração (pericárdio) e o abdome (peritônio).

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2. O tecido epitelial glandular, além de revestir, forma glândulas, que produzem
e eliminam substâncias necessárias nas superfícies dos tecidos. As glândulas
podem ser:

a) Exócrinas: quando lançam o produto de secreção na superfície, ou seja,


eliminam suas secreções para fora do corpo ou para a cavidade dos órgãos. Ex:
glândulas sudoríparas, lacrimais etc.

b) Endócrinas: quando a glândula elimina a secreção diretamente nos vasos


sanguíneos como a tireoide, a hipófise etc.

c) Mesócrinas (mistas): possuem ao mesmo tempo uma parte exócrina e outra


endócrina como o pâncreas e o fígado.

Os Tecido de Sustentação forram todos os epitélios, ocupam todos os intervalos


situados entre os órgãos e são constituídos por células unidas entre si por muita
substância intersticial. Suas principais funções são a Sustentação; o
Preenchimentos e a Ligação; a Defesa; a Nutrição; o Armazenamento. Têm
como características a presença de um vasto espaço extracelular que contém
fibras, que são elásticas, colágenas e reticulares, substância fundamental
amorfa e grande quantidade de material intracelular.

Os tecidos de sustentação dividem-se em vários grupos sendo os mais


importantes: tecido conjuntivo, tecido adiposo, tecido cartilaginoso e tecido
ósseo.

Descritos abaixo:

O tecido conjuntivo é encontrado abaixo do epitélio e tem a função de


sustentar e nutrir tecidos não vascularizados. Pode ser denso ou frouxo
(propriamente dito). As fibras colágenas são grossas, flexíveis e resistentes, são
formadas por uma proteína denominada colágeno. As fibras elásticas são mais
finas que as colágenas, têm grande elasticidade e são formadas por uma
proteína denominada elastina. O tecido adiposo é constituído principalmente por
células adiposas. São acúmulos de tecido gorduroso localizado sob a pele ou
nas membranas que revestem os órgãos internos. Por exemplo, no tecido

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subcutâneo do abdome e das nádegas, ele funciona como reservatório de
gordura, amortecedor de choques e contribui para o equilíbrio térmico.

O tecido cartilaginoso tem consistência mais rígida que os tecidos


conjuntivos. Ele forma as cartilagens como as orelhas, a extremidade do nariz,
a laringe, a traqueia, os brônquios e as extremidades ósseas e suas células são
os condrócitos, que ficam mergulhados numa substância intersticial densa e não
se comunicam. A substância intersticial pode apresentar fibras colágenas e
elásticas, em diferentes proporções, que lhe conferem maior rigidez ou maior
elasticidade. O tecido ósseo é o tecido de sustentação que apresenta maior
rigidez e forma os ossos dos esqueletos dos vertebrados. É constituído por
células chamadas osteócitos e por uma substância intersticial compacta e
resistente.

As células se acham alojadas em cavidades da substância intersticial e


se comunicam umas com as outras por meio de prolongamentos finos. É
constituído por grande quantidade de fibras colágenas, dispostas em feixes,
entre os quais se depositam cristais, principalmente de fosfato de cálcio.

A grande resistência do tecido ósseo resulta dessa associação de fibras


colágenas com o fosfato de cálcio.

Tecido Hematopoiético (Sanguíneo) possui esse nome devido à junção


de dois termos gregos (hemato=sangue, poiese=formação), sua função é
produção de células do sangue. O sangue é um tipo especial de tecido que se
movimenta por todo o corpo, servindo como meio de transporte de materiais
entre as células. É formado 60% por uma parte líquida (o plasma) e 40% por
células (eritrócitos ou hemácias, leucócitos e trombócitos ou plaquetas. O
plasma contém inúmeras substâncias dissolvidas, aproximadamente 90% de
água e 10% de sais (Na, Cl, Ca, etc.), glicose, aminoácidos, colesterol, ureia,
hormônios, anticorpos etc. A grande quantidade de água facilita o desempenho
das funções do plasma que são o transporte das células sanguíneas pelo corpo
e o transporte de substâncias nutritivas.

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Os eritrócitos ou hemácias, são encontrados numa porção de 5 milhões
por mm3, apresentam forma de disco e não possuem núcleo nem organelas.
Sua forma facilita a penetração e saída de oxigênio, o que é importante para a
função dessas células, que é transportar oxigênio e gás carbônico. Têm origem
na medula óssea junto com os leucócitos. Os leucócitos são células incolores
nucleadas e contém as demais organelas celulares encontradas numa porção
de 8 mil por mm3, tendo quase o dobro do tamanho das hemácias. Encarregados
da defesa do organismo, eles produzem anticorpos e fagocitam micro-
organismos invasores e partículas estranhas. Apresentam a capacidade de
passar pelas paredes dos vasos sanguíneos para o tecido conjuntivo, fenômeno
chamado de diapedese.

Tecido Muscular: com o termo “músculo” nos referimos a um conjunto de células


musculares organizadas, unidas por tecido conectivo. Cada célula muscular é
chamada fibra, essas fibras se agrupam em feixes e cada músculo é composto
por muitos feixes de fibras. Essas células são capazes de se contrair e conferem
ao tecido muscular a capacidade de movimentar o corpo. O movimento, no
entanto, não é patrimônio exclusivo do músculo. Existe uma grande variedade
de células capazes de mover-se, como por exemplo, os glóbulos brancos, que
viajam pelo sangue até os tecidos onde vão atuar.

No corpo humano há três tipos de músculos: o Estriado (voluntário ou


esquelético), o Liso (involuntário) e o cardíaco (forma as paredes do coração).

Tecido Nervoso é um tecido formado por células altamente especializadas


chamadas neurônios e uma substância intercelular com células menores que
constituem a neuroglia. Caracteriza-se por ser especializado na condução de
estímulos. A célula nervosa tem forma estrelada, dotadas de numerosos
prolongamentos denominados dendritos; destes, um se destaca por ser longo e
pouco ramificado, o axônio ou cilindro-eixo, que pode medir até cerca de um
metro. Ao contato do axônio-dendrito, axônio-corpo de neurônio ou axônio-
músculo, dá-se o nome de sinapse.

O neurônio é uma célula muito especializada (altamente diferenciada),


cujas propriedades de excitabilidade e condução são as bases das funções do

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sistema. Caracteriza-se por ser uma célula sem capacidade de reprodução, e o
material nervoso encontra-se protegido por estruturas ósseas como a caixa
craniana, o encéfalo e a coluna vertebral (medula espinhal).

Da reunião de vários axônios forma-se o nervo.

Nervos são estruturas em forma de cordões, ramificadas, que se


prolongam do encéfalo (nervos cranianos) e da medula (nervos raquianos), a fim
de se distribuírem por todo organismo. É da reunião dos nervos que se forma a
fibra nervosa.

SISTEMA DIGESTÓRIO

Figura 5: Sistema Digestório ou Digestivo

Fonte: https://pontobiologia.com.br/sistema-digestorio-ou-digestivo/

Alimentos e Digestão

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A alimentação é a fonte de nutrientes que servem para a síntese de
matéria viva (protoplasma) e obtenção de energia para as funções vitais. Os
alimentos podem ser classificados quanto a sua origem em dois grandes grupos:
os orgânicos e os inorgânicos.

Alimentos inorgânicos são aqueles presentes na natureza e não foram


sintetizados por organismos vivos. Em geral, não tem necessidade de passar por
transformação no trato digestivo como a água e os sais minerais. Já os alimentos
orgânicos são aqueles que foram sintetizados por organismos vivos (como
plantas e animais), tomando características diferenciadas. Esses alimentos
podem ser classificados, para fins didáticos, em Carboidratos (glicídios), Lipídios
(gorduras) e Proteínas.

Digestão é a transformação de nutrientes (vindos dos alimentos) em


substâncias menos complexas e absorvíveis pelo organismo e assimiláveis
pelas células. Pode ser digestão intracelular e extracelular.

Nutrição é a incorporação de novos materiais estruturais e energéticos ao


patrimônio celular e orgânico do indivíduo.

O sistema digestório humano é formado por um longo tubo musculoso, ao


qual estão associados órgãos e glândulas que participam da digestão
(extracelular). Apresenta os seguintes órgãos: boca, faringe, esôfago, estômago,
intestino delgado, intestino grosso e ânus. A parede do tubo digestivo, do
esôfago ao intestino, é formada por quatro camadas: mucosa, submucosa,
muscular e adventícia.

Boca

A abertura pela qual o alimento entra no tubo digestivo é a boca e é aí se


encontram os dentes e a língua, que preparam o alimento para a digestão, por
meio da mastigação. Os dentes reduzem os alimentos em pequenos pedaços,
misturando-os à saliva, o que irá facilitar a futura ação das enzimas.

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Características dos dentes

Os dentes são estruturas duras, calcificadas, presas ao maxilar superior


e mandíbula, cuja atividade principal é a mastigação. Estão implicados, de forma
direta, na articulação das linguagens.

Tipos de dentes

Em sua primeira dentição, o ser humano tem 20 peças que recebem o


nome de dentes de leite. À medida que os maxilares crescem, estes dentes são
substituídos por outros 32 do tipo permanente. As coroas dos dentes
permanentes são de três tipos: os incisivos, os caninos ou presas e os molares.

Figura 6: A boca e os dentes

Fonte: https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Corpo/digestao2.php

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Figura 7: O dente por dentro

Fonte: https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Corpo/digestao2.php

A LÍNGUA
A língua movimenta o alimento empurrando-o em direção a garganta, para
que seja engolido. Na superfície da língua existem dezenas de papilas
gustativas, cujas células sensoriais percebem os quatro sabores primários:
amargo (A), azedo ou ácido (B), salgado (C) e doce (D). De sua combinação
resultam centenas de sabores distintos. A distribuição dos quatro tipos de
receptores gustativos, na superfície da língua, não é homogênea.

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Figura 8: A língua

Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/1670661/

AS GLÂNDULAS SALIVARES
A presença de alimento na boca, assim como sua visão e cheiro,
estimulam as glândulas salivares a secretar saliva, que contém a enzima amilase
salivar ou ptialina, além de sais e outras substâncias. A amilase salivar digere o
amido e outros polissacarídeos (como o glicogênio), reduzindo-os em moléculas
de maltose (dissacarídeo). Três pares de glândulas salivares lançam sua
secreção na cavidade bucal: parótida, submandibular e sublingual:

Parótida – com a massa variando entre 14 e 28 g, é a maior das três; situa-se na


parte lateral da face, abaixo e adiante do pavilhão da orelha.

Glândula submandibular - é arredondada, mais ou menos do tamanho de uma


noz.

Glândula sublingual - é a menor das três; fica abaixo da mucosa do assoalho da


boca. Os sais da saliva neutralizam substâncias ácidas e mantêm, na boca, um

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pH neutro (7,0) a levemente ácido (6,7), ideal para a ação da ptialina. O alimento,
que se transforma em bolo alimentar, é empurrado pela língua para o fundo da
faringe, sendo encaminhado para o esôfago, impulsionado pelas ondas
peristálticas, levando entre 5 e 10 segundos para percorrer o esôfago. Através
do peristaltismo, você pode ficar de cabeça para baixo e, mesmo assim, seu
alimento chegará ao intestino. Entra em ação um mecanismo para fechar a
laringe, evitando que o alimento penetre nas vias respiratórias. Quando a cárdia
(anel muscular, esfíncter) se relaxa, permite a passagem do alimento para o
interior do estômago.

Figura 9: Glândulas salivares

Fonte: https://www.tuasaude.com/glandulas-salivares/

FARINGE E ESÔFAGO
A faringe, situada no final da cavidade bucal, é um canal comum aos
sistemas digestório e respiratório e por ela passam o alimento, que se dirige ao
esôfago, e o ar, que se dirige à laringe. O esôfago, canal que liga a faringe ao
estômago, localiza-se entre os pulmões, atrás do coração, e atravessa o músculo

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diafragma, que separa o tórax do abdômen. O bolo alimentar leva de 5 a 10
segundos para percorrê-lo.

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Figura 10: Faringe

Fonte: https://www.sanarmed.com/aparelho-digestivo-alto

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Figura 11: Esôfego

Fonte: https://www.sanarmed.com/aparelho-digestivo-alto

ESTÔMAGO E SUCO GÁSTRICO


O estômago é uma bolsa de parede musculosa, localizada no lado
esquerdo abaixo do abdome, logo abaixo das últimas costelas. É um órgão
muscular que liga o esôfago ao intestino delgado. Sua função principal é a
digestão de alimentos proteicos. Um músculo circular, que existe na parte
inferior, permite ao estômago guardar quase um litro e meio de comida,
possibilitando que não se tenha que ingerir alimento de pouco em pouco tempo.
Quando está vazio, tem a forma de uma letra "J" maiúscula, cujas duas partes
se unem por ângulos agudos. Segmento superior: é o mais volumoso, chamado
"porção vertical". Este compreende, por sua vez, duas partes superpostas; a

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grande tuberosidade, no alto, e o corpo do estômago, abaixo, que termina pela
pequena tuberosidade.

Segmento inferior: é denominado "porção horizontal", está separado do


duodeno pelo piloro, que é um esfíncter. A borda direita, côncava, é chamada
pequena curvatura; a borda esquerda, convexa, é dita grande curvatura. O
orifício esofagiano do estômago é o cárdia.

As túnicas do estômago: o estômago compõe-se de quatro túnicas;


serosa (o peritônio), muscular (muito desenvolvida), submucosa (tecido
conjuntivo) e mucosa (que secreta o suco gástrico). Quando está cheio de
alimento, o estômago torna-se ovoide ou arredondado.

O estômago tem movimentos peristálticos que asseguram sua


homogeneização. O estômago produz o suco gástrico, um líquido claro,
transparente, altamente ácido, que contêm ácido clorídrico, muco, enzimas e
sais.

O ácido clorídrico dissolve o cimento intercelular dos tecidos dos


alimentos, auxiliando a fragmentação mecânica iniciada pela mastigação.

A pepsina, é a enzima mais potente do suco gástrico e catalisa a digestão


de proteínas. A mucosa gástrica é recoberta por uma camada de muco, que a
protege da agressão do suco gástrico, bastante corrosivo. Apesar de estarem
protegidas por essa densa camada de muco, as células da mucosa estomacal
são continuamente lesadas e mortas pela ação do suco gástrico, por isso, a
mucosa está sempre sendo regenerada.

Estima-se que nossa superfície estomacal seja totalmente reconstituída a


cada três dias. Eventualmente ocorre desequilíbrio entre o ataque e a proteção,
o que resulta em inflamação difusa da mucosa (gastrite) ou mesmo no
aparecimento de feridas dolorosas que sangram (úlceras gástricas). A mucosa
gástrica produz também o fator intrínseco, necessário à absorção da vitamina
B12. O bolo alimentar pode permanecer no estômago por até quatro horas ou
mais e, ao se misturar ao suco gástrico, auxiliado pelas contrações da
musculatura estomacal, transforma-se em uma massa cremosa acidificada e

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semilíquida, o quimo. Passando por um esfíncter muscular (o piloro), o quimo vai
sendo, aos poucos, liberado no intestino delgado, onde ocorre a maior parte da
digestão.

INTESTINO DELGADO
O intestino delgado é um tubo com pouco mais de 6 m de comprimento
por 4 cm de diâmetro e pode ser dividido em três regiões: duodeno (cerca de 25
cm), jejuno (cerca de 5 m) e íleo (cerca de 1,5 cm). A porção superior ou duodeno
tem a forma de ferradura e compreende o piloro, esfíncter muscular da parte
inferior do estômago pela qual este esvazia seu conteúdo no intestino.

A digestão do quimo ocorre predominantemente no duodeno e nas


primeiras porções do jejuno. No duodeno atua também o suco pancreático,
produzido pelo pâncreas, que contêm diversas enzimas digestivas que digerem.
Outra secreção que atua no duodeno é a bile, produzida no fígado e armazenada
na vesícula biliar. Os sais biliares têm ação detergente, emulsificando ou
emulsionando as gorduras (fragmentando suas gotas em milhares de
microgotículas).

O suco pancreático, produzido pelo pâncreas, contém água, enzimas e


grandes quantidades de bicarbonato de sódio. Sua secreção digestiva é
responsável pela hidrólise da maioria das moléculas de alimento, como
carboidratos, proteínas, gorduras e ácidos nucléicos. A amilase pancreática
fragmenta o amido em moléculas de maltose; a lípase pancreática hidrolisa as
moléculas de um tipo de gordura, os triacilgliceróis, originando glicerol e álcool;
as nucleases atuam sobre os ácidos nucléicos, separando seus nucleotídeos.

O suco pancreático contém ainda o tripsinogênio e o quimiotripsinogênio,


formas inativas em que são secretadas as enzimas proteolíticas tripsina e
quimiotripsina. Sendo produzidas na forma inativa, as proteases não digerem
suas células secretoras. Na luz do duodeno, o tripsinogênio entra em contato
com a enteroquinase, enzima secretada pelas células da mucosa intestinal,
convertendo-se me tripsina, que por sua vez contribui para a conversão do

26
precursor inativo quimiotripsinogênio em quimiotripsina, enzima ativa. A tripsina
e a quimiotripsina hidrolisam polipeptídios, transformando-os em oligopeptídeos.
A pepsina, a tripsina e a quimiotripsina rompem ligações peptídicas específicas
ao longo das cadeias de aminoácidos. A mucosa do intestino delgado secreta o
suco entérico, solução rica em enzimas e de pH aproximadamente neutro. Uma
dessas enzimas é a enteroquinase. Outras enzimas são as dissacaridades, que
hidrolisam dissacarídeos em monossacarídeos (sacarase, lactase, maltase).

No suco entérico há enzimas que dão sequência à hidrólise das proteínas:


os oligopeptídeos sofrem ação das peptidases, resultando em aminoácidos. No
intestino, as contrações rítmicas e os movimentos peristálticos das paredes
musculares, movimentam o quimo, ao mesmo tempo em que este é atacado pela
bile, enzimas e outras secreções, sendo transformado em quilo. A absorção dos
nutrientes ocorre através de mecanismos ativos ou passivos, nas regiões do
jejuno e do íleo.

A superfície interna, ou mucosa, dessas regiões, apresenta, além de


inúmeros dobramentos maiores, milhões de pequenas dobras (4 a 5 milhões),
chamadas vilosidades; um traçado que aumenta a superfície de absorção
intestinal. As membranas das próprias células do epitélio intestinal apresentam,
por sua vez, dobrinhas microscópicas denominadas microvilosidades.

O intestino delgado também absorve a água ingerida, os íons e as


vitaminas. Os nutrientes absorvidos pelos vasos sanguíneos do intestino passam
ao fígado para serem distribuídos pelo resto do organismo.

Os produtos da digestão de gorduras (principalmente glicerol e ácidos


graxos isolados) chegam ao sangue sem passar pelo fígado, como ocorre com
outros nutrientes. Nas células da mucosa, essas substâncias são reagrupadas
em triacilgliceróis (triglicerídeos) e envelopadas por uma camada de proteínas,
formando os quilomícrons, transferidos para os vasos linfáticos e, em seguida,
para os vasos sanguíneos, onde alcançam as células gordurosas (adipócitos),
sendo, então, armazenados.

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INTESTINO GROSSO
É o local de absorção de água, tanto a ingerida quanto a das secreções
digestivas. Uma pessoa bebe cerca de 1,5 litros de líquidos por dia, que se une
a 8 ou 9 litros de água das secreções. Glândulas da mucosa do intestino grosso
secretam muco, que lubrifica as fezes, facilitando seu trânsito e eliminação pelo
ânus.

Mede cerca de 1,5 m de comprimento e divide-se em ceco, cólon


ascendente, cólon transverso, cólon descendente, cólon sigmoide e reto. A saída
do reto chama-se ânus e é fechada por um músculo que o rodeia, o esfíncter
anal. Numerosas bactérias vivem em mutualismo no intestino grosso. Seu
trabalho consiste em dissolver os restos alimentícios não assimiláveis, reforçar
o movimento intestinal e proteger o organismo contra bactérias estranhas,
geradoras de enfermidades. As fibras vegetais, principalmente a celulose, não
são digeridas nem absorvidas, contribuindo com porcentagem significativa da
massa fecal. Como retêm água, sua presença torna as fezes macias e fáceis de
serem eliminadas. O intestino grosso não possui vilosidades nem secreta sucos
digestivos, normalmente só absorve água, em quantidade bastante
consideráveis. Como o intestino grosso absorve muita água, o conteúdo
intestinal se condensa até formar detritos inúteis, que são evacuados.

O pâncreas é uma glândula mista, de mais ou menos 15 cm de


comprimento e de formato triangular, localizada transversalmente sobre a
parede posterior do abdome, na alça formada pelo duodeno, sob o estômago. O
pâncreas é formado por uma cabeça que se encaixa no quadro duodenal, de um
corpo e de uma cauda afilada. A secreção externa dele é dirigida para o duodeno
pelos canais de Wirsung e de Santorini. O canal de Wirsung desemboca ao lado
do canal colédoco na ampola de Vater. O pâncreas comporta dois órgãos
estreitamente imbricados: pâncreas exócrino e o endócrino. O pâncreas exócrino
produz enzimas digestivas, em estruturas reunidas denominadas ácinos.

Os ácinos pancreáticos estão ligados através de finos condutos, por onde


sua secreção é levada até um condutor maior, que desemboca no duodeno,

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durante a digestão. O pâncreas endócrino secreta os hormônios insulina e
glucagon, que serão trabalhados no sistema endócrino.

FÍGADO
É o maior órgão interno, e é ainda um dos mais importantes. É a mais
volumosa de todas as vísceras, pesa cerca de 1,5 kg no homem adulto, e na
mulher adulta entre 1,2 e 1,4 kg. Tem cor arroxeada, superfície lisa e recoberta
por uma cápsula própria. Está situado no quadrante superior direito da cavidade
abdominal.

O tecido hepático é constituído por formações diminutas que recebem o


nome de lobos, compostos por colunas de células hepáticas ou hepatócitos,
rodeadas por canais diminutos (canalículos), pelos quais passa a bile, secretada
pelos hepatócitos. Estes canais se unem para formar o ducto hepático que, junto
com o ducto procedente da vesícula biliar, forma o ducto comum da bile, que
descarrega seu conteúdo no duodeno. As células hepáticas ajudam o sangue a
assimilar as substâncias nutritivas e a excretar os materiais residuais e as
toxinas, bem como esteroides, estrógenos e outros hormônios.

O fígado é um órgão muito versátil; armazena glicogênio, ferro, cobre e


vitaminas; produz carboidratos a partir de lipídios ou de proteínas, e lipídios a
partir de carboidratos ou de proteínas; sintetiza também o colesterol e purifica
muitos fármacos e muitas outras substâncias. O termo hepatite é usado para
definir qualquer inflamação no fígado, como a cirrose.

Funções do fígado: secretar a bile, líquido que atua no emulsionamento


das gorduras ingeridas, facilitando, assim, a ação da lipase; remover moléculas
de glicose no sangue, reunindo-as quimicamente para formar glicogênio, que é
armazenado; nos momentos de necessidade, o glicogênio é reconvertido em
moléculas de glicose, que são relançadas na circulação; armazenar ferro e
certas vitaminas em suas células; metabolizar lipídeos; sintetizar diversas
proteínas presentes no sangue, de fatores imunológicos e de coagulação e de
substâncias transportadoras de oxigênio e gorduras; degradar álcool e outras

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substâncias tóxicas, auxiliando na desintoxicação do organismo; destruir
hemácias (glóbulos vermelhos) velhas ou anormais, transformando sua
hemoglobina em bilirrubina, o pigmento castanho-esverdeado presente na bile.

SISTEMA RESPIRATÓRIO
O sistema respiratório humano é constituído por um par de pulmões e por
vários órgãos que conduzem o ar para dentro e para fora das cavidades
pulmonares. Esses órgãos são as fossas nasais, a boca, a faringe, a laringe, a
traqueia, os brônquios, os bronquíolos e os alvéolos, os três últimos localizados
nos pulmões.

Fossas nasais: são duas cavidades paralelas que começam nas narinas
e terminam na faringe. Elas são separadas uma da outra por uma parede
cartilaginosa denominada septo nasal. Em seu interior há dobras chamadas
cornetos nasais, que forçam o ar a turbilhonar. Possuem um revestimento dotado
de células produtoras de muco e células ciliadas, também presentes nas porções
inferiores das vias aéreas, como traqueia, brônquios e porção inicial dos
bronquíolos. No teto das fossas nasais existem células sensoriais, responsáveis
pelo sentido do olfato. Têm as funções de filtrar, umedecer e aquecer o ar.
Faringe: é um canal comum aos sistemas digestório e respiratório e
comunica-se com a boca e com as fossas nasais. O ar inspirado pelas narinas
ou pela boca passa necessariamente pela faringe, antes de atingir a laringe.
Laringe: é um tubo sustentado por peças de cartilagem articuladas, situado na
parte superior do pescoço, em continuação à faringe. O pomo-de-adão, saliência
que aparece no pescoço, faz parte de uma das peças cartilaginosas da laringe.
A entrada da laringe chama-se glote. Acima dela existe uma espécie de
“lingueta” de cartilagem denominada epiglote, que funciona como válvula.
Quando nos alimentamos, a laringe sobe e sua entrada é fechada pela epiglote.
Isso impede que o alimento ingerido penetre nas vias respiratórias. O epitélio
que reveste a laringe apresenta pregas, as cordas vocais, capazes de produzir
sons durante a passagem de ar.

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Traqueia: é um tubo de aproximadamente 1,5 cm de diâmetro por 10-12
centímetros de comprimento, cujas paredes são reforçadas por anéis
cartilaginosos. Bifurca-se (divide-se) na sua região inferior, originando os
brônquios, que penetram nos pulmões. Seu epitélio de revestimento muco-ciliar
adere partículas de poeira e bactérias presentes em suspensão no ar inalado,
que são posteriormente varridas para fora (graças ao movimento dos cílios) e
engolidas ou expelidas.

Pulmões: Os pulmões humanos são órgãos esponjosos, com


aproximadamente 25 cm de comprimento, sendo envolvidos por uma membrana
serosa denominada pleura. Nos pulmões os brônquios ramificam-se
profusamente, dando origem a tubos cada vez mais finos, os bronquíolos. O
conjunto altamente ramificado de bronquíolos é a árvore brônquica ou árvore
respiratória. Cada bronquíolo termina em pequenas bolsas formadas por células
epiteliais achatadas (tecido epitelial pavimentoso) recobertas por capilares
sanguíneos, denominadas alvéolos pulmonares.

Diafragma: a base de cada pulmão apoia-se no diafragma, órgão


músculo-membranoso que separa o tórax do abdômen, presente apenas em
mamíferos, promovendo, juntamente com os músculos intercostais, os
movimentos respiratórios. Localizado logo acima do estômago, o nervo frênico
controla os movimentos do diafragma.

Figura 13: Sistema Respiratório

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Fonte: https://www.anatomiaemfoco.com.br/sistema-respiratorio/

FISIOLOGIA DA NUTRIÇÃO NA SAÚDE E NA DOENÇA


O controle central é sobretudo exercido pelo hipotálamo, o qual influencia
na seleção dos alimentos, na resposta à dieta e no equilíbrio energético, além
de produzir alterações hormonais que são fundamentais para a regulação
glicêmica, do perfil lipídico, da termogênese e da função sexual.

O controle periférico é exercido sobretudo por sinais provenientes do


próprio tecido adiposo e do TGI.

Regulamento do comportamento alimentar: controle da ingestão alimentar


de curto e longo prazo.

O hipotálamo é a região chave envolvida na regulação do apetite.

A princípio, acreditava-se que a sensação de saciedade era unicamente


controlada pelo hipotálamo ventromedial, e que a sensação de fome era
controlada pelo hipotálamo lateral.

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a. Sinais lipostáticos de longo prazo Leptina sintetizada no tecido adiposo e em
menor escala em placenta, estômago, musculo esquelético, epitélio mamário,
hipófise e hipotálamo. Está envolvida na ingestão de alimentos, regulação do
peso corporal, reprodução, termogênese, regulação de sistema imune, saúde
óssea e angiogênese. A deficiência total de leptina está associada à hiperfagia,
obesidade severa e hipogonadismo. A leptina promove inibição dos neurônios
hipotalâmicos orexigênicos (NPY/AgRP) e estímulo dos anorexigênicos
(POMC/CART) em núcleo arqueado de hipotálamo. A concentração de leptina é
diretamente proporcional ao tecido adiposo. A hiperestimulação do receptor de
leptina é proposta como um dos mecanismos para o desenvolvimento da
resistência à leptina em obesos, que resulta na incapacidade de ativação da via
de sinalização por deficiência no seu receptor ou na ativação intracelular.
Insulina A insulina também possui função lipostática. Os níveis de insulina são
proporcionais ao grau de obesidade. A administração central de insulina reduz a
ingestão alimentar. O aumento da adiposidade promove decréscimo da
sensibilidade à insulina.

b. Peptídeos hipotalâmicos orexigênicos NPY orexígeno mais potente ao ser


humano. AgRP o Agouti antagoniza a melanocortina (MSH). Produz hiperfagia e
obesidade, quando hiperestimulado. A leptina diminui o mrna e o AgRP no
hipotálamo, sugerindo que esta inibição seja um dos mecanismos pelo qual a
leptina exerce seu efeito anorexígeno. Orexinas a principal função é despertar o
sono, sendo os efeitos sobre a ingestão alimentar secundários. MCH hormônio
concentrador de melanina expresso em hipotálamo lateral, estimula a
alimentação. Sua síntese aumenta na restrição energética e na deficiência de
leptina. A superexpressão hipotalâmica promove obesidade. Sistema
endocanabinoide a anandamida é ligante do sistema endocanabinoide,
promovendo fome.

O uso de inibidores do sistema endocanabinoide (CB1R) tem ptencial


terapêutico contra a obesidade, um exemplo é o medicamento Rimonabanto,
que foi proibido dado o risco de depressão e suicídio.

33
c. Peptídeos hipotalâmicos anorexigênicos POMC Pró-Ópio-Melanocortina
expressa na hipófise, SNC, pele e sistema imunológico. Esse pró-hormônio dá
origem a peptídeos bioativos (ACTH, MSH, lipotrofina, encefalinas e beta-
endorfina). Inibem as orexinas, reduzindo o apetite. O Alfa-MSH é regulado pela
ingestão alimentar, mediada pelo menos em parte pela ativação de neurônios
que expressam a POMC. CART pertence à via anorexígena e expresso em
núcleo arqueado, nas mesmas células da POMC. Cocaína e anfetaminas
possuem relação com estímulo ao CART e indução de anorexia. CRH modula o
ACTH e cortisol. Glutamato monossódico promove diminuição dos níveis de
CRH. TRH estimula a síntese de TSH e consequente de hormônios tireoidianos.
Tem efeito anorexigênico e de diminuição de sono. Aumenta termogênese e
gasto energético, indiretamente. Leptina estimula a síntese de TRH. O TRH inibe
o MCH. d. Sinais lipostáticos de curto prazo Hormônios intestinais as incretinas,
liberadas no período pós-prandial, regulam o apetite. Grelina único hormônio GI
orexígeno conhecido. Se liga ao receptor do liberador de GH, em hipotálamo e
tronco cerebral, controlando a homeostase de energia. Antagonistas para NPY r
AgRP inibem a alimentação induzida pela grelina. Infusão intravenosa de grelina
em indivíduos saudáveis pode aumentar a ingestão alimentar em 30%. A grelina
é regulada pela leptina e sugere-se interação funcional entre ambos. CCK -
Colecistoquinina reduz a ingestão alimentar com efeito dose-dependente. Seus
níveis plasmáticos aumentam cerca de 15min após início da refeição. Retarda
esvaziamento gástrico e existe receptor para CCK em hipotálamo ventromedial.
Parece reduzir o tamanho e tempo da refeição. Pode-se ter um aumento da
frequência das refeições, o que pode demonstrar não exercer tanta influência no
computo calórico total diário. PYY inibe a ingestão alimentar via receptores
acoplados à proteína G.

Em obesos, suas concentrações encontram-se reduzidas e sugere-se


resistência periférica à ação do mesmo. Aumento nos níveis de PYY são
encontrados após cirurgia GI, possivelmente contribuindo para a perda inicial de
peso que segue o procedimento.

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GLP1 Peptídeo Glucagon-like é liberado pelo intestino delgado e nas
células L da mucosa colônica, de forma proporcional à ingestão calórica. Possui
efeito anorexígeno, reduz esvaziamento gástrico e suprime a secreção de HCl.
Aumenta a saciedade e reduz peso corporal. Após cirurgia gástrica, obesos
apresentam melhora de resposta pós-prandial ao GLP-1. Tem sido usado como
adjuvante no tratamento de DM2. Oxintomodulina possui ação inibitória às
células oxínticas do estômago. É secretada durante a refeição, de acordo com o
valor calórico da mesma. Em modelo animal, reduz a ingestão alimentar e
aumenta o gasto energético. Em humanos, a administração crônica promove
aumento do gasto energético e saciedade.

Alimentos ricos em açúcar, gordura e sal hiperfagia e vício


alimentar ingestão excessiva de açúcares e substâncias de
sabor doce e desbalanço fisiológico
Os produtos de sabor doce, independente do seu valor energético, são
reforçadores e ativam os centros neurais de prazer e recompensa. Enquanto o
controle do comportamento alimentar pelo sistema hedônico era pouco
conhecido, a propaganda centrada no valor calórico permitiu que o consumo de
adoçantes ultrapassasse o de açúcares energéticos no final do século XX. Ainda
não é conhecido o efeito de adoçantes e excesso de peso. Estudos mostram
associação consistente entre consumo de adoçantes artificiais e ganho de peso.
E é conhecido que o uso de adoçantes como estratégia para prevenir o ganho
de peso, não possui impacto na redução de consumo alimentar. Parece que o
estilo de vida e o comportamento alimentar são os fatores determinantes de
obesidade e relativizam a utilização de adoçantes artificiais como estratégia para
prevenção ou tratamento do excesso de peso. Em relação ao índice glicêmico
(IG), estudos mostram que alimentos de alto IG diminuem mais o tempo de
saciedade, gerando mais rapidamente o desejo de comer, que dietas de baixo
IG.

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Dietas de baixo IG parecem ser mais apropriadas para perda de peso ou
prevenção de obesidade que aquelas que reduzem a ingestão de gorduras ou
carboidratos de forma geral, ou que aumentam a ingestão de proteínas.

O efeito positivo de dietas de baixo IG na diminuição de insulina e glicose


pós-prandiais e aumento de grelina em mulheres brancas não ocorre de mesma
forma que em mulheres negras, fato que pode estar associado à maior
prevalência de obesidade na raça negra.

Ingestão excessiva de sal e desbalanço fisiológico


A sede e a ingestão de água e bebidas industrializadas é uma resposta
fisiológica inevitável à ingestão elevada de sal. Há um aumento linear entre a
ingestão de sal e o consumo de água em animais, assim como em humanos a
relação forte e direta entre consumo de sal e aumento de consumo de
refrigerantes. O aumento da ingestão de sal é um dos fatores responsáveis pelo
aumento do consumo de bebidas açucaradas e refrigerantes. Outro ponto é que
o processamento industrial de alimentos tem provocado distorção entre ingestão
de sódio, potássio, cálcio e magnésio. A presença de baixo consumo de
potássio, cálcio e magnésio está associado a um aumento de pressão arterial
que seria uma das formas do corpo tentar excretar o excesso de sódio. A
excreção do excesso de sal diminui na obesidade e um nível de pressão arterial
mais alto é necessário para o obeso tentar manter o balanço hidroeletrolítico,
predispondo estes indivíduos à hipertensão arterial. Recomenda-se limitar a
ingestão de sódio a 2400mg/dia, ou seja, a diminuição de 1,3g de sal ingerido/dia
já se traduz em redução de 5mmHg na PAS ao longo da idade (25-55 anos). A
ingestão excessiva de sal aumenta a massa ventricular esquerda, promove
dureza (enrijecimento) arterial, reação plaquetária, frequência de asma, dentre
outros. O sal possui efeito neuroendócrino semelhante a de drogas, podendo
causar vício e dependência, por estimular o sistema de recompensa e prazer via
opiodes e dopaminérgicos cerebrais.

36
Ingestão excessiva de gorduras e desbalanço fisiológico
A gordura é o terceiro recompensador da dieta moderna. O que significa
que quanto mais se come, mais se deseja comer, ou seja, o organismo não inibe
a ingestão quando sua necessidade energética é atingida.

É muito palatável, provavelmente por ser a mais rica em energia do que o


CHO e a PTN, garantir o estoque de energia e o fornecimento de substrato para
a manutenção de temperatura corpórea. Além disso, torna os alimentos mais
macios, diminuindo a necessidade de mastigação, logo, reduz o poder de
saciedade ao ato de mastigar a ingestão de gorduras estimula hormônios GI que
reforçam a aprazabilidade e ingestão. A ingestão de gorduras estimula o sistema
hedônico e acubens em SNC, aumenta a liberação de dopamina, acentuando o
sabor dos alimentos e controle do prazer e recompensa, além de alterações em
neurotransmissores opiodes.

O uso de Naloxone (inibidor de receptores opiodes) reduz a preferência


por dietas ricas em lipídeos. A ingestão de gorduras modula a atividade do
hipotálamo e o balanço homeostático da mesma forma que a glicose. AGL
resultantes da quebra de gorduras endógenas e que estão elevados na
obesidade abdominal, atuam diretamente nos centros hipotalâmicos e na
sinalização de insulina nestes. Além d isso, a presença de gordura à boca
aumenta a atividade hiotalâmica.

Do ponto de vista comportamental, a ingestão de gorduras com diferentes


texturas leva a diferentes graus de fome, desejo de comer e percepção de
saciedade, tanto em magros como obesos.

EXPOSIÇÃO INTRAUTERINA E PERINATAL


A obesidade materna e a perfusão da hiperglicemia materna para o feto
reprogramam os reguladores hipotalâmicos e a ação de leptina em recém natos.
Esses fetos apresentam menores níveis plasmáticos de leptina ao nascer e
menor expressão do mrna do NPY. A diminuição destes neurohormônios
prejudica o controle do apetite, promovendo aumento basal do apetite. Dietas
ricas em gorduras durante a gestação estimulam a proliferação de células

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neuroepiteliais do terceiro ventrículo do hipotálamo embrionário e aumentam sua
migração para o hipotálamo, resultando no aumento do número de neurônios
que expressam agentes orexígenos, promovendo fome.

A ingestão de alimentos ricos em açúcares, gorduras e sal durante a vida


intrauterina e perinatal está associada ao aumento de doenças mentais, como
ansiedade e depressão.

Microbiota intestinal e obesidade


Estima-se que existam 10 microrganismos por grama de microbiota
intestinal, dominada principalmente por anaeróbios (95%) e composta por 500 a
1000 espécies. O microbioma (genoma bacteriano) é mais de 10 vezes maior
que o humano, deste modo, a microbiota intestinal é entendida como um órgão
metabólico externo. A microbiota pode ser classificada em três filos: Eukarya,
Bacteria e Archaea. Eukarya eucariontes Bacteria e Archaea procariontes O filo
Bacteria é o predominante e é subdivido em 4 divisões: firmicutes (64%; gram
+); bacteriodetes (23%; gram -), protobacteria (8%; gram -) e actinobacteria (3%;
gram +).

Firmicutes e Bacteriodetes são aproximadamente 90% de todo o filotipo


de bactérias de TGI. Durante o desenvolvimento intrauterino, o ser humano é
isento de qualquer tipo de bactéria. No primeiro ano de vida, ocorre colonização
intensa do TGI provenientes da microbiota vaginal materna e do meio ambiente.

A primeira microbiota infantil é composta, principalmente, por


Bifidobactérias e se modifica, ao longo do tempo, até o padrão mais complexo
de um adulto. Na ocasião do parto, a microbiota vaginal é dominada por
Lactobacilos e Prevotella. Crianças nascidas de parto normal têm colonização
precoce com Bifidobacterias e Lactobacilos, ao passo que aquelas nascidas por
cesariana tem atraso de colonização em 30 dias. Esse processo pode ser
acelerado pelo aleitamento materno exclusivo. Crianças nascidas por parto
Cesário são colonizados por microrganismos presentes na pele (Staphylococus,
Corynebacterium e Propionibacterium) e as diferenças permanecem por vários
meses após nascimento. A microbiota pode mudar com o passar da idade.

38
Adultos mantém constante até os 70 anos, onde, em idosos tem-se a
predominância de Enterobactérias e redução de bactérias anaeróbias. Com o
avançar da idade, as Bifidobactérias reduzem, enquanto que as Enterobactérias
(maléficas) aumentam.

Dietas ricas em proteínas e pobres em CHO teve efeitos prejudiciais à


saúde do hospedeiro, por reduzir Roseburial e Eubacterium e consequente
redução na produção de butirato. O impacto de dietas ocidentais, ricas em
polissacarídeos, sobre a microbiota tem sido estudado. A ingestão de dietas ricas
em fibras de polissacarídeos promove aumento na relação
Bacteriodetes/Firmicutes, acompanhado de aumento de AGCC. Já com a
ingestão de dieta rica em proteína e gordura e pobre em fibras aumenta a
Proteobacteria.

Alteração da microbiota na obesidade


Verificou-se que a quantidade de Bacteriodetes se reduz em 50% nos
obesos, com aumento proporcional de Firmicutes. Indivíduos em tratamento para
perda de peso, que se alimentaram de dieta restrita em gordura e pobre em
calorias, apresentaram relação inversa Bacteriodetes/Firmicutes, além disso, a
presença de M. smithii estaria associado a aumento da captação de energia e
adiposidade, sugerindo que obesos produzam mais AGCC (maior eficiência na
fermentação).

Comparando-se magros e obesos, obesos apresentam maior


concentração de Firmicutes e Actinobacterias e redução de Bacteriodetes. Esta
diferença parece ser responsável pelo acúmulo de adiposidade.

Influência da microbiota na regulação do balanço energético


A influência da microbiota na captação energética está intimamente ligada
à eventos metabólicos. A composição de ácidos graxos metabolicamente ativos
é modulada pela microbiota intestinal, que influencia diretamente o metabolismo

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lipídico. O armazenamento de gordura, captação e homeostase de energia
também está associada à microbiota.

A microbiota pode contribuir para a lipogênese de novo, ou seja, síntese


de TG em fígado e depósito em tecido adiposo. Isto é mediado pela ChREBP
(elemento de resposta ao CHO) e SREBP-1 (elemento de resposta ao esterol),
que carregam os AGCC via circulação portal para o fígado, podendo
desencadear a lipogênese de novo. Além de estimular a síntese e atividade das
enzimas acetil-coa carboxilase e ácido graxo sintetase.

A deposição de gordura em fígado e músculo poderia estará associada à


modulação da AMPK, onde pacientes com excesso de peso, por redução dos
níveis de adiponectina, teriam inibição da AMPK, aumentando o influxo de AGL
para o fígado. A microbiota pode ainda estimular o aumento da produção
hepática de glicose de triglicérides. A alteração em microbiota poderia suprimir
a expressão do Fator adiposo induzido pelo jejum (FIAF) e com isso aumentar a
atividade da LPL, induzindo lipogênese.

Outro ponto é que o excesso de gram (-) poderia promover maior


concentração de LPS, desencadeando inflamação crônica de baixo grau,
conduzindo maior risco de DM2 e obesidade. Além disso, parece que a
microbiota possa induzir a regulação de genes do hospedeiro que modulam a
maneira com que a energia é gasta ou armazenada. Os AGCC seriam ligantes
dos receptores acoplados à proteína G (GPCRs), expressos em intestino
delgado. Após ativação, eles induzem a secreção de PYY e leptina menor apetite
e maior saciedade. Em pacientes obesos, a suplementação de probióticos ainda
precisa ser investigada, entretanto, foram identificadas cepas de Lactobacilos
com propriedades hipolipidemiantes, sugerindo que o uso de probióticos poderia
reduzir adiposidade e o peso corpóreo do hospedeiro. Entretanto, não foram
encontradas recomendações válidas para fundamentar a indicação, posologia e
tipo específico de pré ou probiótico para a população obesa.

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SISTEMA CIRCULATÓRIO
Os principais componentes do sistema circulatório são o coração, os
vasos sanguíneos, o sangue, os vasos linfáticos e a linfa.

Figura 14: Sistema Circulatório

Fonte: http://se3.adam.com/content.aspx?productid=126&pid=70&gid=8747

41
Figura 15: Sistema Circulatório (2)

Fonte: http://se3.adam.com/content.aspx?productid=126&pid=70&gid=8747

42
Coração

O coração é um órgão muscular oco que se localiza no meio do peito, sob


o osso esterno, ligeiramente deslocado para a esquerda. Em uma pessoa adulta,
tem o tamanho aproximado de um punho fechado e pesa cerca de 400 gramas.
O coração humano, como o dos demais mamíferos, apresenta quatro cavidades:
duas superiores, denominadas átrios (ou aurículas) e duas inferiores,
denominadas ventrículos. O átrio direito comunica-se com o ventrículo direito
através da válvula tricúspide. O átrio esquerdo, por sua vez, comunica-se com o
ventrículo esquerdo através da válvula bicúspide ou mitral. A função das válvulas
cardíacas é garantir que o sangue siga uma única direção, sempre dos átrios
para os ventrículos.

As câmaras cardíacas contraem-se e dilatam-se alternadamente 70 vezes


por minuto, em média (frequência cardíaca). O processo de contração de cada
câmara do miocárdio (músculo cardíaco) denomina-se sístole. O relaxamento,
que acontece entre uma sístole e a seguinte, é a diástole.

Vascularização e Cavidades do Coração

1 – Artéria Coronária Direita.

2- Artéria Coronária Descendente Anterior Esquerda.

3 – Artéria Coronária Circunflexa Esquerda.

4 - Veia Cava Superior.

5 - Veia Cava Inferior.

6 – Aorta.

7 - Artéria Pulmonar.

8 - Veias Pulmonares.

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9 - Átrio Direito.

10 - Ventrículo Direito.

11 - Átrio Esquerdo.

12 - Ventrículo Esquerdo.

13 - Músculos Papilares.

14 - Cordoalhas Tendíneas.

15 - Válvula Tricúspide.

16 - Válvula Mitral.

17 - Válvula Pulmonar.

Nódulo sinoatrial (SA) ou marca-passo ou nó sinoatrial: região especial do


coração, que controla a frequência cardíaca. Localiza-se perto da junção entre o
átrio direito e a veia cava superior e é constituído por um aglomerado de células
musculares especializadas.

A frequência rítmica dessas fibras musculares é de aproximadamente 72


contrações por minuto, enquanto o músculo atrial se contrai cerca de 60 vezes
por minuto e o músculo ventricular, cerca de 20 vezes por minuto. Devido ao fato
do nódulo sinoatrial possuir uma frequência rítmica mais rápida em relação às
outras partes do coração, os impulsos originados do nódulo SA espalham-se
para os átrios e ventrículos, estimulando essas áreas tão rapidamente que o
ritmo do nódulo SA torna-se o ritmo de todo o coração; por isso é chamado
marcapasso.

Sistema De Purkinje ou fascículo átrio-ventricular: embora o impulso


cardíaco possa percorrer perfeitamente todas as fibras musculares cardíacas, o
coração possui um sistema especial de condução denominado sistema de
Purkinje ou fascículo átrio-ventricular, composto de fibras musculares cardíacas
especializadas, ou fibras de Purkinje (Feixe de Hiss ou miócitos
átrioventriculares), que transmitem os impulsos com uma velocidade

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aproximadamente 6 vezes maior do que o músculo cardíaco normal, cerca de 2
m por segundo, em contraste com 0,3 m por segundo no músculo cardíaco.

Controle Nervoso do Coração

Embora o coração possua seus próprios sistemas intrínsecos de controle


e possa continuar a operar, sem quaisquer influências nervosas, a eficácia da
ação cardíaca pode ser muito modificada pelos impulsos reguladores do sistema
nervoso central. O sistema nervoso é conectado com o coração através de dois
grupos diferentes de nervos, os sistemas parassimpático e simpático. A
estimulação dos nervos parassimpáticos causa os seguintes efeitos sobre o
coração:

(1) diminuição da frequência dos batimentos cardíacos;

(2) diminuição da força de contração do músculo atrial;

(3) diminuição na velocidade de condução dos impulsos através do nódulo AV


(atrioventricular), aumentando o período de retardo entre a contração atrial e a
ventricular; e

(4) diminuição do fluxo sanguíneo através dos vasos coronários que mantêm a
nutrição do próprio músculo cardíaco. Todos esses efeitos podem ser resumidos,
dizendo-se que a estimulação parassimpática diminui todas as atividades do
coração.

Usualmente, a função cardíaca é reduzida pelo parassimpático durante o


período de repouso, juntamente com o restante do corpo. Isso talvez ajude a
preservar os recursos do coração; pois, durante os períodos de repouso,
indubitavelmente há um menor desgaste do órgão.

A estimulação dos nervos simpáticos apresenta efeitos exatamente


opostos sobre o coração:

(1) aumento da frequência cardíaca,

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(2) aumento da força de contração, e

(3) aumento do fluxo sanguíneo através dos vasos coronários visando a suprir o
aumento da nutrição do músculo cardíaco.

Esses efeitos podem ser resumidos, dizendo-se que a estimulação


simpática aumenta a atividade cardíaca como bomba, algumas vezes
aumentando a capacidade de bombear sangue em até 100 por cento. Esse efeito
é necessário quando um indivíduo é submetido a situações de estresse, tais
como exercício, doença, calor excessivo, ou outras condições que exigem um
rápido fluxo sanguíneo através do sistema circulatório.

Por conseguinte, os efeitos simpáticos sobre o coração constituem o


mecanismo de auxílio utilizado numa emergência, tornando mais forte o
batimento cardíaco quando necessário.

Fatores que aumentam a frequência cardíaca

Fatores que diminuem a frequência cardíaca

Queda da pressão arterial inspiração excitação raiva dor hipóxia (redução da


disponibilidade de oxigênio para as células do organismo) exercício adrenalina
febre

Aumento da pressão arterial expiração tristeza.

CIRCULAÇÃO PULMONAR E CIRCULAÇÃO SISTÊMICA


A circulação sanguínea humana pode ser dividida em dois grandes
circuitos: um leva sangue aos pulmões, para oxigená-lo, e outro leva sangue
oxigenado a todas as células do corpo. Por isso se diz que nossa circulação é
dupla.

O trajeto “coração (ventrículo direito) é pulmões é coração (átrio


esquerdo)” é denominado circulação pulmonar ou pequena circulação. O trajeto
“coração (ventrículo esquerdo) é sistemas corporais é coração (átrio direito)” é
denominado circulação sistêmica ou grande circulação.

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Circulação pulmonar: Ventrículo direito artéria pulmonar aos pulmões
veias pulmonares átrio esquerdo. Circulação sistêmica: Ventrículo esquerdo
artéria aorta sistemas corporais veias cavas átrio direito.

VASOS SANGUÍNEOS
Os vasos sanguíneos são de três tipos básicos: artérias, veias e capilares.

a) Artérias: são vasos de parede espessa que saem do coração levando


sangue para os órgãos e tecidos do corpo. Compõem-se de três camadas:
a mais interna, chamada endotélio, formada por uma única camada de
células achatadas; a mediana, constituída por tecido muscular liso; a mais
externa, formada por tecido conjuntivo, rico em fibras elásticas. Quando o
sangue é bombeado pelos ventrículos e penetra nas artérias, elas se
relaxam e se dilatam, o que diminui a pressão sanguínea, caso as artérias
não se relaxem o suficiente, a pressão do sangue em seu interior sobe,
com risco de ruptura das paredes arteriais. Assim, a cada sístole
ventricular é gerada uma onda de relaxamento que se propaga pelas
artérias, desde o coração até as extremidades das arteríolas. Durante a
diástole ventricular, a pressão sanguínea diminui. Ocorre, então,
contração das artérias, o que mantém o sangue circulando até a próxima
sístole.

b) Pressão arterial: é a pressão exercida pelo sangue contra a parede das


artérias. Em um adulto com boa saúde, a pressão nas artérias durante a
sístole ventricular, pressão sistólica ou máxima, é da ordem de 120 mmHg
(milímetros de mercúrio). Durante a diástole, a pressão diminui, ficando
em torno de 80 mmHg; essa é a pressão diastólica ou mínima. O ciclo de
expansão e relaxamento arterial, conhecido como pulsação, pode ser
percebido facilmente na artéria radial do pulso ou na artéria carótida do
pescoço. A pulsação corresponde às variações de pressão sanguínea na
artéria durante os batimentos cardíacos.

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c) As pressões arteriais: máxima e mínima podem ser detectadas nas
artérias do braço e medidas com um aparelho chamado
esfigmomanômetro.

d) Capilares sanguíneos: são vasos de pequeno calibre que ligam as


extremidades das arteríolas às extremidades das vênulas. A parede dos
capilares possui uma única camada de células, correspondente ao
endotélio das artérias e veias. Quando o sangue passa pelos capilares,
parte do líquido que o constitui atravessa a parede capilar e espalha-se
entre as células próximas, nutrindo-as e oxigenando-as. As células, por
sua vez, eliminam gás carbônico e outras excreções no líquido
extravasado, denominado líquido tissular. A maior parte do líquido tissular
é reabsorvida pelos próprios capilares e reincorporada ao sangue.
Apenas 1% a 2% do líquido extravasado na porção arterial do capilar não
retorna à parte venosa, sendo coletado por um sistema paralelo ao
circulatório, o sistema linfático, quando passa a se chamar linfa e move-
se lentamente pelos vasos linfáticos, dotados de válvulas. É na porção
arterial do capilar, a pressão do sangue é maior que a pressão osmótica
do plasma ð saída de água contendo substâncias dissolvidas. Na porção
venosa do capilar, a pressão do sangue é reduzida, tornando-se menor
que a pressão osmótica do plasma o retorno de fluido para o interior do
capilar.

e) Veias: são vasos que chegam ao coração, trazendo o sangue dos órgãos
e tecidos. A parede das veias, como a das artérias, também é formada
por três camadas. A diferença, porém, é que a camada muscular e a
conjuntiva são menos espessas que suas correspondentes arteriais. Além
disso, diferentemente das artérias, as veias de maior calibre apresentam
válvulas em seu interior, que impedem o refluxo de sangue e garante sua
circulação em um único sentido. Depois de passar pelas arteríolas e
capilares, a pressão sanguínea diminui, atingindo valores muito baixos no
interior das veias. O retorno do sangue ao coração deve-se, em grande
parte, às contrações dos músculos esqueléticos, que comprimem as

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veias, fazendo com que o sangue se desloque em seu interior. Devido às
válvulas, o sangue só pode seguir rumo ao coração.

Sistema paralelo ao circulatório, constituído por uma vasta rede de vasos


semelhantes às veias (vasos linfáticos), que se distribuem por todo o corpo e
recolhem o líquido tissular que não retornou aos capilares sanguíneos, filtrando-
o e reconduzindo-o à circulação sanguínea. É constituído pela linfa, vasos e
órgãos linfáticos.

 Os capilares linfáticos estão presentes em quase todos os tecidos do


corpo. Capilares mais finos vão se unindo em vasos linfáticos maiores,
que terminam em dois grandes dutos principais: O duto torácico (recebe
a linfa procedente da parte inferior do corpo, do lado esquerdo da cabeça,
do braço esquerdo e de partes do tórax) e o duto linfático (recebe a linfa
procedente do lado direito da cabeça, do braço direito e de parte do tórax),
que desembocam em veias próximas ao coração.

 Linfa: líquido que circula pelos vasos linfáticos. Sua composição é


semelhante à do sangue, mas não possui hemácias, apesar de conter
glóbulos brancos dos quais 99% são linfócitos. No sangue os linfócitos
representam cerca de 50% do total de glóbulos brancos.

 Órgãos linfáticos: amígdalas (tonsilas), adenoides, baço, linfonodos


(nódulos linfáticos) e timo (tecido conjuntivo reticular linfoide: rico em
linfócitos). Amígdalas (tonsilas palatinas): produzem linfócitos.

 Timo: órgão linfático mais desenvolvido no período prenatal, involui desde


o nascimento até a puberdade.

 Linfonodos ou nódulos linfáticos: órgãos linfáticos mais numerosos do


organismo, cuja função é a de filtrar a linfa e eliminar corpos estranhos
que ela possa conter, como vírus e bactérias. Nele ocorrem linfócitos,
macrófagos e plasmócitos.

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A proliferação dessas células provocada pela presença de bactérias ou
substâncias/organismos estranhos determina o aumento do tamanho dos
gânglios, que se tornam dolorosos, formando a íngua.

 Baço: órgão linfático, excluído da circulação linfática, interposto na


circulação sanguínea e cuja drenagem venosa passa, obrigatoriamente,
pelo fígado. Possui grande quantidade de macrófagos que, através da
fagocitose, destroem micróbios, restos de tecido, substâncias estranhas,
células do sangue em circulação já desgastadas como eritrócitos,
leucócitos e plaquetas. Dessa forma, o baço “limpa” o sangue,
funcionando como um filtro desse fluído tão essencial. O baço também
tem participação na resposta imune, reagindo a agentes infecciosos.
Inclusive, é considerado por alguns cientistas, um grande nódulo linfático.

Origem dos linfócitos: medula óssea (tecido conjuntivo reticular mielóide:


precursor de todos os elementos figurados do sangue).

Linfócitos T – maturam-se no timo.

Linfócitos B – saem da medula já maduros. Os linfócitos chegam aos órgãos


linfáticos periféricos através do sangue e da linfa.

SISTEMA IMUNOLÓGICO
O sistema imunológico ou sistema imune é de grande eficiência no
combate a micro-organismos invasores. Mas não é só isso; ele também é
responsável pela “limpeza” do organismo, ou seja, a retirada de células mortas,
a renovação de determinadas estruturas, rejeição de enxertos, e memória
imunológica. Também é ativo contra células alteradas, que diariamente surgem
no nosso corpo, como resultado de mitoses anormais. Essas células, se não
forem destruídas, podem dar origem a tumores.

50
Células do sistema imune são altamente organizadas como um exército.
Cada tipo de célula age de acordo com sua função. Algumas são encarregadas
de receber ou enviar mensagens de ataque, ou mensagens de supressão
(inibição), outras apresentam o “inimigo” ao exército do sistema imune; outras só
atacam para matar, outras constroem substâncias que neutralizam os “inimigos”
ou neutralizam substâncias liberadas pelos “inimigos”.

Além dos leucócitos, também fazem parte do sistema imune as células


do sistema mononuclear fagocitário, (SMF) antigamente conhecido por sistema
retículo-endotelial e mastócitos.

As primeiras são especializadas em fagocitose e apresentação do


antígeno ao exército do sistema imune. São elas: macrófagos alveolares (nos
pulmões), micróglia (no tecido nervoso), células de Kuppfer (no fígado) e
macrófagos em geral. Os mastócitos são células do tecido conjuntivo, originadas
a partir de células mesenquimatosas (células de grande potência de
diferenciação que dão origem às células do tecido conjuntivo). Possuem
citoplasma rico em grânulos basófilos (coram-se por corantes básicos).

Sua principal função é armazenar potentes mediadores químicos da


inflamação, como a histamina, heparina, ECF-A (fator quimiotáxico – de atração-
dos eosinófilos) e fatores quimiotáxicos (de atração) dos neutrófilos. Elas
participam de reações alérgicas (de hipersensibilidade), atraindo os leucócitos
até o local e proporcionando uma vasodilatação.

O nosso organismo possui mecanismos de defesa que podem ser


diferenciados quanto a sua especificidade, ou seja, existem os específicos contra
o antígeno ("corpo estranho") e os inespecíficos que protegem o corpo de
qualquer material ou micro-organismo estranho, sem que este seja específico.

O organismo possui barreiras naturais que são obviamente inespecíficas,


como a da pele (queratina, lipídios e ácidos graxos), a saliva, o ácido clorídrico
do estômago, o pH da vagina, a cera do ouvido externo, muco presente nas
mucosas e no trato respiratório, cílios do epitélio respiratório, peristaltismo, flora

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normal, entre outros. Se as barreiras físicas, químicas e biológicas do corpo
forem vencidas, o combate ao agente infeccioso entra em outra fase.

Nos tecidos, existem células que liberam substâncias vasoativas, capazes


de provocar dilatação das arteríolas da região, com aumento da permeabilidade
e saída de líquido. Isso causa vermelhidão, inchaço, aumento da temperatura e
dor, conjunto de alterações conhecido como inflamação. Essas substâncias
atraem mais células de defesa, como neutrófilos e macrófagos, para a área
afetada.

A vasodilatação aumenta a temperatura no local inflamado, dificultando a


proliferação de microrganismos e estimulando a migração de células de defesa.
Algumas das substâncias liberadas no local da inflamação alcançam o centro
termorregulador localizado no hipotálamo, originando a febre (elevação da
temperatura corporal).

Apesar do mal-estar e desconforto, a febre é um importante fator no


combate às infecções, pois além de ser desfavorável para a sobrevivência dos
micro-organismos invasores, também estimula muitos dos mecanismos de
defesa de nosso corpo.

Por diapedese, neutrófilos e monócitos são atraídos até o local da


inflamação, passando a englobar e destruir (fagocitose) os agentes invasores. A
diapedese e a fagocitose fazem dos neutrófilos a linha de frente no combate às
infecções. Outras substâncias liberadas no local da infecção chegam pelos
vasos sanguíneos até a medula óssea, estimulando a liberação de mais
neutrófilos, que ficam aumentados durante a fase aguda da infecção.

No plasma também existem proteínas de ação bactericida que ajudam os


neutrófilos no combate à infecção.

A inflamação determina o acúmulo de fibrina, que forma um envoltório ao


redor do local, evitando a progressão da infecção. Caso a resposta inflamatória
não seja eficaz na contenção da infecção, o sistema imune passa a depender de

52
mecanismos mais específicos e sofisticados, dos quais tomam parte vários tipos
celulares, o que chamamos resposta imune específica.

53
Figuras 16: Sistema Imunológico ou imune

Fonte: https://conhecimentocientifico.r7.com/sistema-imunologico/

SISTEMA EXCRETOR
O sistema excretor é formado por um conjunto de órgãos que filtram o
sangue, produzem e excretam a urina - o principal líquido de excreção do
organismo.

É constituído por um par de rins, um par de ureteres, pela bexiga urinária


e pela uretra.

Os rins situam-se na parte dorsal do abdome, logo abaixo do diafragma,


um de cada lado da coluna vertebral, nessa posição estão protegidos pelas
últimas costelas e também por uma camada de gordura. Têm a forma de um

54
grão de feijão enorme e possuem uma cápsula fibrosa, que protege o córtex
(mais externo), e a medula (mais interna).

Cada rim é formado de tecido conjuntivo, que sustenta e dá forma ao


órgão, e por milhares ou milhões de unidades filtradoras, os néfrons, localizados
na região renal. Além da formação e excreção da urina, ocorre, ao longo dos
túbulos renais, reabsorção ativa de aminoácidos e glicose.

Os capilares que reabsorvem as substâncias úteis dos túbulos renais se


reúnem para formar um vaso único, a veia renal, que leva o sangue para fora do
rim, em direção ao coração.

Regulação da função renal

A regulação da função renal relaciona-se basicamente com a regulação


da quantidade de líquidos do corpo. Havendo necessidade de reter água no
interior do corpo, a urina fica mais concentrada, em função da maior reabsorção
de água; havendo excesso de água no corpo, a urina fica menos concentrada,
em função da menor reabsorção de água. O principal agente regulador do
equilíbrio hídrico no corpo humano é o hormônio ADH (antidiurético), produzido
no hipotálamo e armazenado na hipófise. A concentração do plasma sanguíneo
é detectada por receptores osmóticos localizados no hipotálamo. Havendo
aumento na concentração do plasma (pouca água), esses osmorreguladores
estimulam a produção de ADH. Esse hormônio passa para o sangue, indo atuar
sobre os túbulos distais e sobre os túbulos coletores do néfron, tornando as
células desses tubos mais permeáveis à água. Dessa forma, ocorre maior
reabsorção de água e a urina fica mais concentrada. Quando a concentração do
plasma é baixa (muita água), há inibição da produção do ADH e,
consequentemente, menor absorção de água nos túbulos distais e coletores,
possibilitando a excreção do excesso de água, o que torna a urina mais diluída.

Certas substâncias, como é o caso do álcool, inibem a secreção de ADH,


aumentando a produção de urina. Além do ADH, há outro hormônio participante

55
do equilíbrio hidro iônico do organismo: a aldosterona, produzida nas glândulas
suprarrenais. Ela aumenta a reabsorção ativa de sódio nos túbulos renais,
possibilitando maior retenção de água no organismo.

A produção de aldosterona é regulada da seguinte maneira: quando a


concentração de sódio dentro do túbulo renal diminui, o rim produz uma proteína
chamada renina, que age sobre uma proteína produzida no fígado e encontrada
no sangue denominada angiotensinogênio (inativo), convertendo-a em
angiotensina (ativa). Essa substância estimula as glândulas suprarrenais a
produzirem a aldosterona.

Ureter

Os néfrons desembocam em dutos coletores, que se unem para formar


canais cada vez mais grossos. A fusão dos dutos origina um canal único,
denominado ureter, que deixa o rim em direção à bexiga urinária. Bexiga urinária
A bexiga urinária é uma bolsa de parede elástica, dotada de musculatura lisa,
cuja função é acumular a urina produzida nos rins. Quando cheia, a bexiga pode
conter mais de ¼ de litro (250 ml) de urina, que é eliminada periodicamente
através da uretra. Uretra A uretra é um tubo que parte da bexiga e termina, na
mulher, na região vulvar e, no homem, na extremidade do pênis. Sua
comunicação com a bexiga mantém-se fechada por anéis musculares -
chamados esfíncteres. Quando a musculatura desses anéis relaxa-se e a
musculatura da parede da bexiga contrai-se, urinamos.

56
Figura 17: Sistema Excretor

Fonte: https://edisciplinas.usp.br/mod/book/view.php?id=2433235&chapterid=19356

SISTEMA NERVOSO
O sistema nervoso, juntamente com o sistema endócrino, capacita o
organismo a perceber as variações do meio (interno e externo), a difundir as
modificações que essas variações produzem e a executar as respostas
adequadas para que seja mantido o equilíbrio interno do corpo (homeostase).
São os sistemas envolvidos na coordenação e regulação das funções corporais.

No sistema nervoso diferenciam-se duas linhagens celulares: os


neurônios e as células da glia (ou da neuróglia). Os neurônios são as células
responsáveis pela recepção e transmissão dos estímulos do meio (interno e
externo), possibilitando ao organismo a execução de respostas adequadas para

57
a manutenção da homeostase. Para exercerem tais funções, contam com duas
propriedades fundamentais: a irritabilidade (também denominada excitabilidade
ou responsividade) e a condutibilidade. Irritabilidade é a capacidade que permite
a uma célula responder a estímulos, sejam eles internos ou externos.

Portanto, irritabilidade não é uma resposta, mas a propriedade que torna


a célula apta a responder. Essa propriedade é inerente aos vários tipos celulares
do organismo. No entanto, as respostas emitidas pelos tipos celulares distintos
também diferem umas das outras. A resposta emitida pelos neurônios
assemelha-se a uma corrente elétrica transmitida ao longo de um fio condutor:
uma vez excitados pelos estímulos, os neurônios transmitem essa onda de
excitação - chamada de impulso nervoso - por toda a sua extensão em grande
velocidade e em um curto espaço de tempo. Esse fenômeno deve-se à
propriedade de condutibilidade. Para compreendermos melhor as funções de
coordenação e regulação exercidas pelo sistema nervoso, precisamos primeiro
conhecer a estrutura básica de um neurônio e como a mensagem nervosa é
transmitida. Um neurônio é uma célula composta de um corpo celular (onde está
o núcleo, o citoplasma e o citoesqueleto), e de finos prolongamentos celulares
denominados neuritos, que podem ser subdivididos em dendritos e axônios.

Os dendritos são prolongamentos geralmente muito ramificados e que


atuam como receptores de estímulos, funcionando, portanto, como "antenas"
para o neurônio. Os axônios são prolongamentos longos que atuam como
condutores dos impulsos nervosos.

Os axônios podem se ramificar e essas ramificações são chamadas de


colaterais. Todos os axônios têm um início (cone de implantação), um meio (o
axônio propriamente dito) e um fim (terminal axonal ou botão terminal). O
terminal axonal é o local onde o axônio entra em contato com outros neurônios
e/ou outras células e passa a informação (impulso nervoso) para eles.

A região de passagem do impulso nervoso de um neurônio para a célula


adjacente chama-se sinapse.

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Às vezes os axônios têm muitas ramificações em suas regiões terminais
e cada ramificação forma uma sinapse com outros dendritos ou corpos celulares.
Estas ramificações são chamadas coletivamente de arborização terminal. Os
corpos celulares dos neurônios são geralmente encontrados em áreas restritas
do sistema nervoso, que formam o Sistema Nervoso Central (SNC), ou nos
gânglios nervosos, localizados próximo da coluna vertebral. Do sistema nervoso
central partem os prolongamentos dos neurônios, formando feixes chamados
nervos, que constituem o Sistema Nervoso Periférico (SNP).

O axônio está envolvido por um dos tipos celulares seguintes: célula de


Schwann (encontrada apenas no SNP) ou oligodendrócito (encontrado apenas
no SNC). Em muitos axônios, esses tipos celulares determinam a formação da
bainha de mielina - invólucro principalmente lipídico (também possui como
constituinte a chamada proteína básica da mielina) que atua como isolante
térmico e facilita a transmissão do impulso nervoso.

Em axônios mielinizados existem regiões de descontinuidade da bainha


de mielina, que acarretam a existência de uma constrição (estrangulamento)
denominada nódulo de Ranvier. No caso dos axônios mielinizados envolvidos
pelas células de Schwann, a parte celular da bainha de mielina, onde estão o
citoplasma e o núcleo desta célula, constitui o chamado neurilema.

O percurso do impulso nervoso no neurônio é sempre no sentido dendrito


e corpo celular e axônio. Subdivisões do Sistema Nervoso O SNC recebe,
analisa e integra informações. É o local onde ocorre a tomada de decisões e o
envio de ordens. O SNP carrega informações dos órgãos sensoriais para o
sistema nervoso central e do sistema nervoso central para os órgãos efetores
(músculos e glândulas).

O SISTEMA NERVOSO CENTRAL


O SNC divide-se em encéfalo e medula. O encéfalo corresponde ao
telencéfalo (hemisférios cerebrais), diencéfalo (tálamo e hipotálamo), cerebelo,

59
e tronco cefálico, que se divide em: BULBO, situado caudalmente;
MESENCÉFALO, situado cranialmente; e PONTE, situada entre ambos.

No SNC, existem as chamadas substâncias cinzenta e branca. A


substância cinzenta é formada pelos corpos dos neurônios e a branca, por seus
prolongamentos. Com exceção do bulbo e da medula, a substância cinzenta
ocorre mais externamente e a substância branca, mais internamente. Os órgãos
do SNC são protegidos por estruturas esqueléticas (caixa craniana, protegendo
o encéfalo; e coluna vertebral, protegendo a medula - também denominada
raque) e por membranas denominadas meninges, situadas sob a proteção
esquelética (crânio): dura-máter (a externa), aracnoide (a do meio) e pia-máter
(a interna). Entre as meninges aracnoide e piamáter há um espaço preenchido
por um líquido denominado líquido cefalorraquidiano ou líquor. Algumas
estruturas do encéfalo e suas funções.

Figura 18: Sistema Nervoso Central

Fonte: https://www.sanarmed.com/resumo-de-sistema-nervoso-histologia-snc-
snp-e-autonomo

60
Figura 18: Sistema Nervoso Central (2)

Fonte: https://www.sanarmed.com/resumo-de-sistema-nervoso-histologia-snc-
snp-e-autonomo

61
Figura 19: Sistema Nervoso Autônomo

NUTRIÇÃO E SAÚDE

A nutrição é fator essencial na manutenção da saúde. Os hábitos


alimentares, ou seja, os tipos de alimentos escolhidos pelas pessoas para fazer
parte de sua dieta usual, bem como o modo de preparar esses alimentos, variam
muito de um povo para outro. Encontramos essa variedade até dentro de um
mesmo país, que pode apresentar diferenças regionais quanto à alimentação

Apesar disso, é indispensável que os nutrientes essenciais sejam


ingeridos diariamente em quantidades adequadas

62
Os nutrientes presentes nos alimentos podem ser enquadrados em três
grupos, de acordo com suas funções: plásticos ou
estruturais (1), energéticos (2) e reguladores (3).

Os nutrientes plásticos são representados principalmente


pelas proteínas, que entram na construção de diversas partes da célula. Já
os açúcares (carboidratos) e as gorduras (lipídios) são
predominantemente nutrientes energéticos, uma vez que fornecem a maior parte
da energia do corpo. Essa divisão, porém, não é rigorosa: nosso organismo pode
queimar proteínas ingeridas em excesso para obter energia, caso a dieta seja
pobre em açúcares e gorduras; por outro lado, os açúcares e as gorduras
também tomam parte na formação de certas estruturas do corpo

Para manter o bom funcionamento de nosso organismo não basta apenas


ingerir quantidades adequadas de nutrientes plásticos e energéticos. Para que
nosso corpo trabalhe em harmonia, são necessários nutrientes reguladores,
como as vitaminas, que controlam a queima de açúcares, a produção de
proteínas, a formação dos ossos etc.

Já os sais minerais desempenham tanto funções reguladoras quanto


funções plásticas.

63
Figura 20: Pirâmide Alimentar

A Nova Pirâmide Alimentar

No século XX, surgiu a Pirâmide Alimentar. E, por muito tempo, foi a base de
uma alimentação saudável que nos permitiu adquirir todos os nutrientes
necessários para manter a saúde.

Entretanto, a alimentação sofreu diversas mudanças durante o século XI. Os


alimentos deste século passaram a ser não só uma fonte de nutrientes, como a
de outras substâncias que não tinham que estar naquele alimento.

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Através dos estudos realizados pela equipe da Faculdade de Saúde Pública de
São Paulo, os alimentos foram divididos em grupos, formando a nova pirâmide
alimentar.

A pirâmide é dividida nos seguintes grupos:

Grupo 1

Alimentos In natura, como frutas, legumes e verduras, E os alimentos


minimamente processados, como arroz, feijão, macarrão, farinha e entre outros.

Grupo 2

O segundo grupo é formado pelos ingredientes culinários, como açúcar, sal,


óleo, manteiga, vinagre, entre outros. Que são os alimentos básicos para se
preparar uma refeição.

Grupo 3

O terceiro são os alimentos processados tradicionais, como o pão, o queijo e as


conservas. Eles são os alimentos do grupo 1 que a indústria adiciona algum sal,
açúcar ou algum tipo de gordura.

Grupo 4

O quarto grupo é formado pelos alimentos ultraprocessados, que são


desnecessários para a nossa saúde e pobres em nutrientes. Eles são
formulações de gordura, de açúcar, de amido, de proteínas, que são combinados
de aditivos.

65
A melhor maneira de cuidar da alimentação em tempos de constantes mudanças
é cozinhando, comendo comidas naturais e usando os alimentos industrializados
de forma bem diferente dos que estão sendo ofertados.

66
Figura 21: Nova Pirâmide Alimentar

Fonte: https://setyou.com.br/blogs/novidades/a-nova-piramide-alimentar

NUTRIÇÃO E EQUILÍBRIO DO CORPO

Todos os sistemas de um organismo trabalham em conjunto no sentido


de manter suas condições internas compatíveis com a vida (homeostase). Uma
falha nesse controle pode determinar uma doença ou até mesmo a morte do
organismo. Todos os processos vitais, por mais variados que possam ser, têm
apenas uma única finalidade, que é a de manter constantes as condições de vida
do ambiente interno do corpo.

Essa capacidade de auto-regulação presente em todas as formas de vida


foi denominada homeostase (ver Figura 22).

67
Figura 22: Organograma Homeostase

Fonte:
http://www7.bahiana.edu.br/jspui/bitstream/bahiana/2336/1/Aula%200%20Hom
eostasia%20J.pdf

SAIS MINERAIS

Quem tem uma dieta equilibrada entre carnes, vegetais, ovos e leite não
precisa se preocupar com a falta desses ingredientes químicos. Alguns estão
presentes em maior quantidade nos vegetais verdes, outros na carne, mas todos
são comuns na maioria dos alimentos

Vários elementos químicos, como selênio, zinco e cobre são importantes


para o bom funcionamento do organismo, apesar das quantidades diárias
necessárias serem pequenas - inferiores a 20 mg por dia; por isso, são

68
considerados micronutrientes (nutrientes necessários em pequenas
quantidades, mas essenciais ao bom funcionamento do organismo). Outros
elementos, como cálcio, fósforo, enxofre, potássio, sódio, cloro e magnésio, são
necessários em quantidades relativamente altas, que ultrapassam os 100 mg por
dia - são os macronutrientes.

O homem necessita de cerca de 21 elementos químicos diferentes.


Desses, a matéria viva se constitui principalmente de carbono, hidrogênio,
oxigênio e nitrogênio. Por isso, os quatro são chamados de elementos de
constituição. O carbono forma a estrutura básica de todas as moléculas
orgânicas.

Os sais minerais podem ser encontrados sob forma não-solúvel, como


constituintes estruturais de certas partes do corpo (ossos), ou sob a
forma solúvel em água, sendo, nesse caso, dissociados em seus íons
constituintes. É sob a forma de íons que exercem importante papel no
metabolismo.

1- FLÚOR: combina-se com o fosfato de cálcio presente nos dentes, formando


fluoropatita, muito mais resistente. Com isso os dentes ficam protegidos da ação
corrosiva dos ácidos produzidos pela fermentação de bactérias da boca,
evitando a cárie. É encontrado na água fluorada. A ingestão excessiva favorece
o aparecimento de manchas nos dentes.

2- POTÁSSIO: influencia a contração muscular e a atividade dos nervos, sendo


o principal cátion (íon positivo) intracelular. Participa, juntamente com o sódio e
o cloro, da manutenção do equilíbrio osmótico celular, ajudando a eliminar água
em excesso do corpo e regulando o pH do sangue. Atua no metabolismo de
carboidratos e proteínas. É encontrado em carnes, leite e muitos tipos de frutas,
verduras e legumes. Estudos demonstram que dietas ricas em potássio
previnem a hipertensão e doenças cardiovasculares; sua deficiência ou excesso
pode levar a problemas cardíacos.

69
3- SÓDIO: principal cátion (íon positivo) do líquido extracelular. Importante no
balanço de líquidos do corpo (atua na retenção de líquidos corporais); essencial
para a condução do impulso nervoso. É encontrado no sal de cozinha, em
alimentos marinhos, os de origem animal e industrializados. O consumo
excessivo predispõe à hipertensão e sobrecarrega os rins.

4- COBRE: atua na integridade cardiovascular e na


saúde do SNC, funcionando em equilíbrio com o zinco e
a vitamina C na formação da elastina, uma proteína da
pele. Componente de muitas enzimas, dentre elas,
enzimas respiratórias e enzimas que participam da
síntese da hemoglobina. Encontrado no fígado, ovos,
peixe, mariscos, chocolate, trigo integral e feijão. Se o
consumo de vitamina C ou ferro for muito alto, há
interferência no metabolismo do cobre.

5- MANGANÊS: necessário para a ativação de diversas enzimas; importante no


mecanismo de amadurecimento celular; ajuda o selênio a eliminar os radicais
livres. Encontrado em cereais integrais, gema de ovo e vegetais verdes.

6- CÁLCIO: é o mineral mais abundante no corpo humano,


sendo componente importante dos ossos e dos dentes. É
essencial para a coagulação do sangue e necessário ao
funcionamento normal de nervos e músculos, inclusive o

70
cardíaco, bem como ao funcionamento normal da
membrana plasmática (permeabilidade seletiva).

Previne a osteoporose (degeneração óssea que ocorre principalmente em


mulheres na idade pré e pós-menopausa, devido à redução drástica do
estrógeno, hormônio sexual feminino responsável, entre outras funções, pela
fixação de cálcio nos ossos), coágulos e ajuda a reduzir a pressão arterial.
Participa da estrutura proteica dos ácidos nucléicos (histonas). É encontrado em
vegetais verdes (pouca quantidade), leite e derivados, ostra, sardinha, soja. Os
sinais de deficiência incluem cãibras, nervosismo, palpitações e unhas
quebradiças.

7- SELÊNIO: faz parte das enzimas destruidoras de radicais livres (glutadiona


peroxidase, uma enzima antioxidante), moléculas instáveis liberadas durante a
produção de energia, que estão prontas para se ligarem a quaisquer moléculas
que encontram pela frente, para roubar elétrons. Os radicais são acusados de
causar o envelhecimento e várias doenças, como problemas no coração e
câncer. Está associado ao metabolismo de gorduras e vitamina E. Encontrado
na cebola, na castanha-do-pará, na carne, no peixe e frutos do mar em geral,
em grãos, no leite e na água.

8- MOLIBDÊNIO: ajuda na eliminação de radicais livres e na conversão das


gorduras ingeridas em outros outras facilmente metabolizáveis pelo organismo.
Indispensável para que o organismo processe o nitrogênio, sendo essencial para
o funcionamento normal das células. É encontrado em folhas verdes, legumes e
cereais.

9- FERRO: componente da hemoglobina (proteína encontrada nas hemácias,


responsável pelo transporte de oxigênio), mioglobina e enzimas respiratórias;
fundamental para a respiração celular. Associado a proteínas e zinco, é
essencial durante a fase de crescimento e na gravidez. A vitamina C pode

71
aumentar a absorção de ferro em até 30%. Encontrado no fígado, coração,
ostras, feijão, carnes, gema de ovo, legumes e vegetais verdes. Quantidades
excessivas de zinco ou ingestão conjunta com cálcio interferem na absorção de
ferro. Ferro em excesso aumenta a produção de radicais livres e está associado
a doenças cardíacas. Sua deficiência provoca anemia, hemorragia intestinal e
fluxo menstrual excessivo.

10- ZINCO: componente de muitas enzimas, atua em várias funções metabólicas


vitais, como digestão, síntese de proteínas e de ácidos nucléicos, estando
relacionado à multiplicação celular; mantém os níveis sanguíneos de vitamina A;
auxilia na cicatrização de ferimentos; faz parte da molécula de muitas enzimas
antioxidantes. Encontrado em carne, ovos, peixe, crustáceos, leite e legumes,
farelo de trigo.

11- IODO: componente dos hormônios da glândula tireoide, que estimulam o


metabolismo do corpo e controlam o fluxo de energia; ajuda no metabolismo de
gorduras. Encontrado em frutos do mar, sal de cozinha iodado e laticínios. Sua
carência pode acarretar bócio (papo formado pelo crescimento da glândula
tireoide), falta de memória, dificuldade de aprender a ler, cansaço diário e
retardamento físico e mental (em crianças).

12- FÓSFORO: indispensável para a formação do ATP, sendo essencial para o


armazenamento e transferência de energia nas células, componente importante
dos ácidos nucléicos, sendo indispensável à multiplicação celular. Componente
dos ossos e dos dentes. Desempenha papel importante no metabolismo de
gorduras, carboidratos e proteínas. Mantém a integridade do sistema nervoso
central e dos rins. Auxilia o corpo na utilização de vitaminas. Encontrado em leite
e derivados, carne, peixe, ovos, nozes e cereais. Tanto o excesso quanto a
deficiência interferem na absorção de cálcio e no metabolismo.

13- COBALTO: componente da vitamina B12, essencial para a produção das


hemácias. Sua falta leva à anemia perniciosa. Encontrado em carnes e laticínios.

72
14- ENXOFRE: componente de muitas proteínas, essencial para a atividade
metabólica normal; importante na conversão de alguns metais pesados tóxicos
em compostos solúveis em água, ajudando na sua eliminação. Encontrado em
carnes e legumes.

15- MAGNÉSIO: é vital para a estrutura dos ossos. Componente de muitas


coenzimas, sendo essencial para a síntese de ATP; necessário para o
funcionamento normal de nervos e músculos. Ativa diversas enzimas que atuam
no processo digestivo. Juntamente com o cálcio, atua na permeabilidade das
membranas. Participa, nas plantas, da molécula de clorofila, indispensável para
o processo de fotossíntese. Atua como protetor do músculo cardíaco.
Encontrado em cereais integrais, amêndoa, castanha de caju, milho, ervilha,
soja, vegetais verdes e alimentos marinhos.

16- CROMO: seu papel não é totalmente conhecido, mas sabe-se que ele
participa, junto com a insulina na metabolização de açúcares dentro do
organismo, mantendo os níveis ideais de açúcar no sangue. Reduz os níveis de
colesterol. Encontrado em carne, queijos e laticínios, cereais integrais, batata,
fígado, levedo de cerveja, frutas e legumes verdes.

17- CLORO: principal ânion (íon negativo) do líquido extracelular. Importante no


balanço de líquidos do corpo e na manutenção do pH. Encontrado no sal de
cozinha e muitos tipos de alimentos

Descobriu-se, recentemente, que o germânio tem ação antioxidante em


tubos de ensaio. É encontrado na babosa, confrei, alho, ginseng, cogumelo
shitake e cebola.

VITAMINAS

A descoberta das vitaminas e seu papel no metabolismo foi um dos


grandes feitos científicos do século XX. Vitaminas são substâncias orgânicas
essenciais, que têm de ser obtidas do alimento, uma vez que o organismo não
consegue fabricá-las. Atuam como coenzimas em diversas reações enzimáticas,

73
sendo fundamentais ao bom funcionamento do organismo. Na ausência de uma
determinada vitamina, não se forma a holoenzima correspondente, o que altera
o metabolismo das células.

O ritmo da vida moderna é um notório ladrão de nutrientes. Em primeiro


lugar, porque quase ninguém tem tempo para fazer uma refeição adequada. Em
segundo, porque o estressante corre-corre se traduz no corpo como uma
descarga de hormônios que atrapalham a ação das vitaminas; sem contar outros
hábitos que prejudicam essas substâncias. Um comprimido de aspirina faz com
que a vitamina C de um suco de laranja tenha um prazo três vezes menor para
agir, antes de ser eliminada pela urina. Os componentes das pílulas
anticoncepcionais acabam com boa parte das moléculas de vitamina B
disponíveis no sangue.

O alcoolismo é a maior causa de deficiência vitamínica no país, pois o


álcool interfere na sua absorção e as vitaminas B estocadas no corpo são usadas
para degradar a bebida no fígado.

A molécula de vitamina C termina aniquilada pela nicotina do cigarro,


quando as duas se esbarram na corrente sanguínea. De 1/3 a 100% de toda a
vitamina ingerida pode terminar inutilizada desse jeito.

A falta de vitamina C é uma das explicações para a incidência de


aterosclerose - as placas de gordura nas artérias, comuns nos fumantes. Dentro
dos vasos sanguíneos, a vitamina C, a E e uma família de moléculas protetoras
chamadas fenóis (presentes nas uvas vermelhas), formam uma barreira para
impedir a reação dos radicais livres com o colesterol que, depois da reação, se

74
depositam com facilidade nas paredes das artérias, criando placas que crescem
até o sangue não conseguir passar.

Os atletas também não se encontram fora de risco: ao suar a camisa, o


esportista está perdendo muitas moléculas de vitamina B12. Na verdade, ele
perde todas as do complexo B e a C, que se dissolvem na água do suor.

As refeições do nosso dia a dia já são


desvitaminadas: na preparação dos alimentos são
perdidas muitas vitaminas: algumas vitaminas
dissolvem-se rapidamente na água, usada na
preparação de ensopados e vegetais cozidos, como as
vitaminas do complexo B e vitamina C.

As vitaminas A, D, E e K, como são lipossolúveis, dissolvem-se facilmente


no óleo usado na preparação dos alimentos. Além disso, a alta temperatura
usada no preparo das refeições estraga as moléculas de muitas vitaminas.

Existe uma larga faixa de pessoas com a chamada deficiência marginal:


elas têm vitamina a menos, mas não chegaram a ponto de apresentarem
sintomas específicos de doença. Sentem coisas diversas como cansaço, falta de
apetite e irritação constantes, sintomas que geralmente são rotulados como
estresse. Outras manifestam os sintomas da avitaminose, apresentados no
quadro a seguir.

Figura 23: Sintomas da avitaminose

AVITAMINOSE PRINCIPAIS
VITAMINA USO NO CORPO
(DEFICIÊNCIA) FONTES

Componente de Cegueira Vegetais


A
pigmentos visuais, noturna, amarelos
importante na xeroftalmia (cenoura,
(Retinol)
manutenção e (olhos secos); abóbora,

75
integridade dos espessamento batata doce,
epitélios; combate os da córnea, milho),
radicais livres; evita a lesões de pêssego,
“cegueira noturna”. pele. nectarina,
ovo, leite e
derivados.

Auxilia na oxidação
dos carboidratos
(coenzima da Cereais
respiração celular); Perda de integrais,
estimula o apetite, apetite, fadiga feijão,
mantém o tônus muscular, fígado,
B1
muscular e o bom nervosismo, carnes,
funcionamento do beribéri ovos,
(Tiamina)
sistema nervoso, (deficiência fermento de
previne o beribéri cardíaca, padaria,
(enfraquecimento dos neurite) vegetais
músculos que pode folhosos.
levar a uma total
paralisia).

Auxilia a oxidação
dos alimentos Vegetais
(componente do FAD folhosos
Lesões de
e de outras (couve,
epitélios:
coenzimas do repolho,
ruptura da
B2 metabolismo espinafre
mucosa da
energético). etc), carnes
boca, dos
(Riboflavina) Essencial à magras,
lábios, da
respiração celular; ovos,
língua e das
mantém a tonalidade fermento de
bochechas.
saudável da pele. padaria,
Atua na coordenação fígado, leite.
motora.

Mantém o tônus Inércia e falta


nervoso e muscular e de energia, Fermento
o bom funcionamento nervosismo de padaria,
B3 do aparelho digestivo. extremo, carnes
Componente do NAD distúrbios magras,
(Niacina ou e do NADP, digestivos, ovos fígado,
ácido nicotínico) importantes na pelagra leite, cereais
respiração celular e (diarreia integrais,
fotossíntese, crônica, legumes.
respectivamente. dermatite e

76
alterações
neurológicas).

Fermento
Doenças de de padaria,
pele, cereais
Auxilia a oxidação
distúrbios integrais,
dos alimentos,
B6 nervosos, fígado,
mantém a pele
inércia e carnes
saudável; coenzima
(Piridoxina) extrema magras,
do metabolismo dos
apatia, leite, peixe,
aminoácidos.
cálculos cereais
renais. integrais e
verduras.

Importante na
fabricação dos
glóbulos vermelhos
Anemia
do sangue e no bom
perniciosa,
B12 funcionamento das Fígado,
hemácias
células do corpo peixe,
malformadas,
(Cianocobalamina) (coenzima do carne, ovos.
alterações
metabolismo dos
neurológicas.
ácidos nucléicos;
importante na divisão
celular).

Folhas
Coenzima do
verdes,
metabolismo dos Anemia,
Ácido fólico (*) cerais
ácidos nucléicos e diarreia
integrais,
dos aminoácidos.
fígado.

Fadiga,
Componente da
distúrbios do Amplamente
Ácido coenzima A, sendo
sono, distribuído
Pantotênico importante na
incoordenação na dieta.
respiração celular.
motora.

Fadiga,
Coenzima do depressão, Verduras,
Biotina metabolismo dos náusea, legumes e
aminoácidos. dermatite, dor carnes.
muscular.

77
Mantém a integridade
dos vasos
sanguíneos e a
saúde dos dentes.
Importante na Inércia e
Frutas
cicatrização de fadiga em
cítricas
feridas e adultos,
(limão, lima,
queimaduras, na insônia e
laranja),
C (*) absorção de ferro e nervosismo
tomate,
no combate aos em crianças,
couve,
(Ácido radicais livres. sangramento
repolho e
ascórbico) Previne infecções e o das gengivas,
outros
escorbuto dores nas
vegetais
(hemorragias juntas, dentes
folhosos,
espontâneas nas alterados,
pimentão.
mucosas, redução na escorbuto
ossificação e
deficiência nos
processos de
cicatrização)

Atua no metabolismo
do cálcio e do fósforo;
mantém os ossos e
os dentes em bom Problemas Óleo de
estado; previne o nos dentes, fígado de
D (**) raquitismo ossos fracos, bacalhau,
(alterações e contribui para fígado,
(Calciferol) deformidades do os sintomas ovos, leite e
esqueleto) em de artrite, derivados,
crianças e a raquitismo cereais.
osteomalácia
(amolecimento dos
ossos) nos adultos.

Promove a fertilidade, Óleo de


previne o aborto; atua germe de
no sistema nervoso trigo, carnes
involuntário, no magras,
E sistema muscular e Esterilidade laticínios,
nos músculos em homens, alface, óleo
(Tocoferol) involuntários; previne aborto de
danos à membrana amendoim,
celular; ajuda a peixes,
combater os radicais folhas
livres. verdes.

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Atua na coagulação Vegetais
do sangue (produção Hemorragias verdes,
K
de fatores de graves, tomates,
coagulação pelo sangramentos castanha,
(Naftoquinona)
fígado), previne internos sementes
hemorragias oleaginosas.

(*) As vitaminas assinaladas não resistem ao cozimento; são termolábeis.

(**) A vitamina D não é encontrada pronta na maioria dos alimentos; estes


contêm, em geral, um precursor que se transforma na vitamina, quando exposto
aos raios ultravioleta da luz sol.

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REFERÊNCIAS

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