Você está na página 1de 23

Imprimir

NÃO PODE FALTAR

CITOSOL,

0
s e õ ç at o n a r e V
CITOESQUELETO E
FORMAÇÃO DE
PROTEÍNAS
Renata Morais dos Santos

Fonte: Shutterstock.

Deseja ouvir este material?


Áudio disponível no material digital.

CONVITE AO ESTUDO

0
Caro aluno, seja bem-vindo! Vamos dar sequência ao estudo das células,
as unidades básicas fundamentais à vida. Além de estruturar os

s e õ ç at o n a r e V
organismos vivos, elas são responsáveis pelas funcionalidades do nosso
corpo. Mas como estas estruturas microscópicas são capazes de
desempenhar tantas funções? Qual a composição delas e como as células
se diferenciam umas das outras? Uma vez que já conhecemos as
diferenças entre as células procariontes e eucariontes, as diferenças entre
as células animais e vegetais, podemos agora refletir sobre como as
milhares de células do nosso corpo se diferenciam e desempenham
diferentes funções.

Todas as células são compostas pela membrana plasmática, citoplasma e


o material genético. Este último pode estar disperso no citoplasma ou
protegido dentro de um núcleo. Para compreendermos o funcionamento
das células, precisamos conhecer cada uma de suas estruturas,
composição e funcionalidades. A membrana plasmática confere
principalmente a proteção das estruturas presentes no interior da célula,
permite o controle e seleção de todas as substâncias que entram ou saem
das células, além de participar da comunicação celular. A membrana
precisa de ajuda para fazer todas essas funções. As proteínas são de
extrema importância para auxiliar as células de todo o nosso organismo e
auxiliam em diversas funções. Você já se perguntou como elas são
formadas? Dentro das células eucariontes há um complexo sistema de
endomembranas no citoplasma, composto por várias organelas
citoplasmáticas, cada qual desempenhando determinada função, seja de
respiração celular, armazenamento, digestão, quebra de moléculas,
transporte e até mesmo a síntese de proteínas.
Abordaremos nesta unidade as funções e a constituição do citosol, o
citoesqueleto – a base estrutural das células –, e os ribossomos, todas
estruturas comuns às células, cada uma com suas particularidades.
Compreenderemos o sistema de endomembranas e as características das

0
principais organelas citoplasmáticas. Você será capaz de explicar como

s e õ ç at o n a r e V
ocorre o processo de formação de proteínas e a diferenciação das células
nos organismos, assim como demonstrar as fases do ciclo celular e os
mecanismos que a envolvem.

Na Seção 2.1, daremos ênfase para a estrutura da célula e a sua


composição, conheceremos o citosol e o citoesqueleto, assim como a
importância deles e a formação de proteínas. Na Seção 2.2, estudaremos
o complexo sistema de endomembranas e a funcionalidade das
organelas. Para finalizar, na Seção 2.3, analisaremos as fases do ciclo
celular e como ocorre a diferenciação das células e a morte celular.

Vamos seguir conhecendo estas pequenas estruturas microscópicas tão


importantes e compreendermos o verdadeiro sistema que as envolve, o
funcionamento incorreto ou deficiente de qualquer um de seus
componentes podem desencadear inúmeros problemas e doenças.

Bons estudos!

PRATICAR PARA APRENDER


Caro aluno, você já parou para pensar nos diversos tipos celulares que
compõem o nosso corpo? As células têm estruturas e formas diferentes,
mas como será que elas conseguem manter a sua forma?

A membrana plasmática delimita as células, separa o meio intracelular do


meio extracelular e promove proteção. No entanto, se a membrana não é
rígida e o interior das células é composto pelo citoplasma, constituído por
um líquido viscoso, como elas se sustentam? Dispersos neste líquido
viscoso, conhecido por citosol, estão contidos importantes estruturas que
compõem as células. O citoesqueleto é uma espécie de esqueleto – trata-
se de uma estrutura formada por uma rede de filamentos proteicos que
conferem não só a sustentação e a forma das células, como também é
responsável por todos os seus movimentos. Isso mesmo, as células

0
podem se locomover, seja por meio da emissão de projeções (no caso das

s e õ ç at o n a r e V
amebas), por cílios (como os protozoários) e flagelos (como os
espermatozoides), até as células fixas (como os neurônios) podem emitir
projeções para fazer contato com células vizinhas.

O citoesqueleto é composto por três tipos distintos de filamentos. Cada


um está associado a diferentes proteínas que o auxiliam a exercer a sua
função. Você se lembra que as proteínas são encontradas em quase todas
as estruturas celulares e são responsáveis por praticamente todas as
atividades celulares? Elas são formadas pelos ribossomos, que assim
como as organelas citoplasmáticas, estão localizados no citosol das
células.

Nesta seção estudaremos a composição e as funções do citosol, presente


no citoplasma das células, local onde são armazenadas as substâncias
utilizadas pelas células e onde ocorre a produção de várias moléculas
usadas na formação de estruturas celulares. Conheceremos a
importância dos ribossomos – presentes tanto em células procariontes
como em células eucariontes –, na formação das proteínas e
compreenderemos como este processo funciona. No decorrer da seção,
conheceremos a composição do citoesqueleto, também presente no
citosol, e cada um de seus filamentos proteicos, distinguindo as
diferenças entre eles e as funções específicas de cada um dentro da
célula.

Vamos lá? Bons estudos!


Vivemos em um ambiente sujeito a grandes variações de temperatura,
pressões atmosféricas, qualidade do ar, com alterações de umidade do
ar, pressão de O2, entre outros extremos. O homem é responsável por
um dos mais graves problemas ambientais sobre o meio ambiente: a

0
poluição. Ela não só inviabiliza a utilização de recursos naturais, mas

s e õ ç at o n a r e V
também provoca inúmeros problemas ecológicos, que acabam
provocando desequilíbrios que afetam também a saúde humana. E
devemos nos lembrar que o ambiente intracelular não se altera muito,
pois sempre busca manter o equilíbrio e a estabilidade, mantendo o seu
funcionamento. As células têm mecanismos de proteção e regulação que
são capazes de aquecer o ar frio e umedecer o ar seco que inalamos,
manter o fluxo sanguíneo constante, manter a quantidade de água e
substâncias importantes para o metabolismo celular estáveis
(carboidratos, lipídios, proteínas etc.), dentro das necessidades ideais das
células. Pequenas variações são toleradas pelas células, sem prejuízo,
como pequenas oscilações da quantidade de oxigênio. No entanto, em
algumas situações de desequilíbrios maiores, as células não conseguem
manter a sua morfologia e o seu funcionamento íntegros, o que pode
desencadear inúmeras doenças e lesões celulares reversíveis ou até
mesmo irreversíveis.

Diante deste contexto e para trabalhar os temas da seção junto às


possíveis situações da prática profissional, vamos acompanhar um
professor universitário durante uma de suas aulas para alunos da área da
saúde.

Durante o debate sobre a importância das células e todas as suas


funcionalidades no corpo dos organismos, o professor estava explicando
os benefícios da prática de exercícios físicos para a saúde e a sua relação
com as células. Inúmeras pesquisas comprovam que a prática de
exercícios de baixa e média intensidade auxiliam na manutenção do bom
funcionamento do sistema imunológico, com o aumento da produção das
células de defesa (linfócitos) do nosso organismo, por exemplo.

0
Rapidamente, o professor notou a conversa paralela entre dois alunos a
respeito de exercícios para hipertrofia e sobre intensidade de treinos.

s e õ ç at o n a r e V
Com o intuito de prender a atenção desses alunos, o professor resolveu
trazer em sua aula o tema de hipertrofia relacionando-o ao contexto
celular.

Você, no lugar deste professor, saberia explicar a seus alunos a estrutura


e o funcionamento das células para que ocorra a hipertrofia do músculo?
Quais componentes da célula estão envolvidos nesse processo? A
estrutura e a forma de todas as células são iguais? Relacione este
conteúdo aos filamentos citoplasmáticos.

Para que você consiga trazer a atenção dos alunos para a aula,
introduzindo o contexto de hipertrofia, sem fugir do conteúdo da
disciplina, o convido a estudar esta seção, que irá lhe fornecer os
subsídios para resolver esta situação.

Confie no processo, vamos juntos nos aprofundando pouco a pouco no


conteúdo, e no final, nossos esforços serão recompensados!

CONCEITO-CHAVE
Sabemos que as células têm diversas estruturas com funções bem
definidas e de vital importância para o funcionamento do organismo. Em
sua composição básica, comum a todas as células, há a membrana
plasmática, o citoplasma e o material genético. Já conhecemos um pouco
sobre a estrutura e as funções da membrana plasmática, então agora
estudaremos o citoplasma.
O citoplasma, no caso das células eucariontes, é encontrado na parte
interna da célula, entre a membrana celular e a membrana nuclear. No
caso das células procariontes, como não há presença de núcleo, o
citoplasma ocupa todo o conteúdo do interior das células. A maioria das

0
reações celulares ocorre no interior das células, no citoplasma. Ele é

s e õ ç at o n a r e V
composto por um fluido viscoso, o citosol, o citoesqueleto e as organelas
citoplasmáticas. No entanto, esta constituição varia conforme o tipo de
célula.

ASSIMILE

Nos tipos celulares eucariontes, a constituição citoplasmática


difere conforme o tipo de célula – se animal ou vegetal. As
células vegetais têm vacúolos grandes, que ocupam grande
parte do espaço intracelular, enquanto nas células animais, o
citoplasma ocupa metade do seu volume.

CITOSOL: CONSTITUIÇÃO E FUNÇÕES


O citosol, hialoplasma ou matriz citoplasmática, como é conhecido, é
composto por água em grande quantidade, por macromoléculas
(proteínas e enzimas), lipídios, sais minerais e açúcares, e devido a sua
consistência viscosa ou gelatinosa forma um coloide. É considerada a
parte líquida do citoplasma. No citosol estão imersas várias estruturas
como os ribossomos, organelas citoplasmáticas (lisossomos,
mitocôndrias, complexo de Golgi, retículo endoplasmático liso e rugoso,
dentre outras), além das inclusões citoplasmáticas e do citoesqueleto. A
consistência do hialoplasma depende da região em que está localizado na
célula. A região denominada ectoplasma (próxima à membrana celular) é
mais viscosa, pobre em organelas, conhecida como coloide em estado gel.
Já a região denominada endoplasma (próxima à membrana nuclear) é
mais fluida, rica em organelas, conhecida como coloide em estado sol
(coloides formados pela dispersão de um sólido em um líquido ou sólido).
Podem ocorrer mudanças de estado coloidal, dependendo do
citoesqueleto e de fatores como pH e temperatura, por meio da
transformação de consistência do estado de gel para o estado de sol e

0
vice-versa – esse processo é conhecido como tixotropismo. O pH do

s e õ ç at o n a r e V
citosol é de 7,2 (DE ROBERTIS; HIB, 2017). Principalmente na região do
endoplasma, encontramos um movimento contínuo, uma espécie de
corrente citoplasmática, conhecida como ciclose. Esta corrente torna-se
mais intensa com o aumento da temperatura, elevação de luz e
disponibilidade de oxigênio.

Sabe-se que a maior parte das atividades celulares ocorre no citoplasma,


mais especificadamente no citosol, e muitas delas estão associadas às
organelas citoplasmáticas. No citosol ocorrem também reações químicas
relacionadas ao metabolismo celular. Algumas atividades como a
respiração celular, o armazenamento de substâncias em grandes
quantidades (glicogênio e gorduras), e a síntese de proteínas envolvem os
ribossomos. Em geral, o citosol fornece substrato para a organização de
moléculas enzimáticas que, quando ordenadas em sequência, funcionam
melhor do que quando distribuídas ao acaso, uma vez que dependeriam
de colisões esporádicas com outros substratos (JUNQUEIRA; CARNEIRO,
2013).

RIBOSSOMOS E A FORMAÇÃO DE PROTEÍNAS


Os ribossomos são estruturas ribonucleioproteicas muito complexas
encontradas em todos os tipos celulares, em células procariontes
(bactérias) e em células eucariontes, de forma semelhante. Há, porém,
diferenças entre elas.

EXEMPLIFICANDO
Os ribossomos dos eucariontes são maiores do que os
ribossomos dos procariontes. Além do tamanho dos
ribossomos, outra diferença notável é a composição química
dessas estruturas celulares, as quais são compostas por

0
proteínas diferentes. Esta última característica tem grande

s e õ ç at o n a r e V
importância à medicina, já que alguns medicamentos agem
somente em ribossomos de células procariontes, não afetando
os ribossomos de eucariontes, o que permite seu uso em
tratamentos de doenças bacterianas, por exemplo.

Os ribossomos são pequenas estruturas, que medem 20 a 30 nm,


compostas de RNA ribossômico (rRNA), um tipo de RNA estrutural, e
proteínas, responsáveis pela síntese de proteínas. Em sua maioria situam-
se no citosol, são ligados a membranas e podem ser encontrados
também nas mitocôndrias e nos cloroplastos (estas duas últimas se
assemelham aos ribossomos das células procariontes). Conforme sua
localização, os ribossomos são classificados em livres ou ligados.

ASSIMILE

Ribossomos livres: encontram-se dispersos no citosol da célula


e produzem proteínas que em sua maioria ficarão no próprio
citoplasma.

Ribossomos ligados: estão associados às membranas do


núcleo e do retículo endoplasmático, produzem proteínas que
atuam no interior de organelas citoplasmáticas ou que são
excretadas da célula.

Os ribossomos são constituídos por duas subunidades de tamanhos


diferentes, uma subunidade maior e outra menor. Nas células
eucariontes, o rRNA (Ácido Ribonucleico Ribossômico), de ambas as
subunidades, é sintetizado no nucléolo, enquanto no citoplasma, são
sintetizadas as proteínas. As proteínas migram para o núcleo através de
poros nucleares e se juntam ao rRNAs, dando origem as duas
subunidades que formam o ribossomo. As duas subunidades têm

0
características funcionais e estruturais diferentes, são encontradas

s e õ ç at o n a r e V
separadas, sendo deslocadas de volta ao citosol, onde irão exercer a sua
função de síntese de proteínas. As subunidades se unem de forma
reversível no início da síntese de molécula proteica. Quando a subunidade
menor se liga a uma molécula de RNA mensageiro (mRNA) forma no
citosol um ribossomo funcional capaz de realizar a sua função. Após a
proteína ser sintetizada, as subunidades voltam a se separar.

REFLITA

Você consegue pensar nos ribossomos das células


procariontes? Já vimos que os ribossomos em células
procariontes são menores do que os de células eucariontes.
Mas eles são encontrados livres ou ligados? Ou de ambas as
formas, como nas células eucariontes?

Quando os ribossomos estão presos a uma fita de mRNA em grupos são


denominados polirribossomos, presentes em células que têm altas taxas
de síntese proteica (exemplo: células do pâncreas). O mRNA é o
responsável por conter o código da sequência de aminoácidos que
constitui a cadeia polipeptídica que deverá ser sintetizada no ribossomo,
formando uma proteína. As proteínas (constituídas por uma ou mais
cadeias polipeptídicas) são sintetizadas pelos ribossomos presentes no
citosol e apenas uma parte delas permanece no citosol, a outra parte das
proteínas, após a tradução do RNA, migra para outras regiões, como o
núcleo, membrana citoplasmática, mitocôndrias, lisossomos, entre
outras. É importante lembrar que para alcançarem diferentes destinos, as
proteínas devem ser reconhecidas pelo sinal emitido pela membrana do
retículo endoplasmático, local em que irão terminar a sua síntese. São
espécies de rótulos (sequência de aminoácidos) que “endereçam” as
proteínas a serem entregues em locais específicos.

0
Os ribossomos completos (Figura 2.1), prontos para realizar a síntese de

s e õ ç at o n a r e V
proteínas, têm quatro sítios de ligação, um deles se liga ao RNA
mensageiro e os outros três aos RNAs transportadores (tRNAs). O tRNA
transporta o aminoácido que será adicionado à cadeia polipeptídica, e no
sítio A o aminoácido se liga à cadeia polipeptídica que está sendo formada
no sítio P até ser finalizada e liberada. Este processo será estudado
posteriormente com mais detalhes.

Figura 2.1 | Estrutura do ribossomo e formação de proteínas

Fonte: Wikimedia Commons / Nossedotti (Anderson Brito).

Quando os ribossomos não são formados corretamente, as proteínas


consequentemente não são produzidas na célula, o que acaba
acarretando problemas mais graves, como o caso de muitas doenças
genéticas humanas, causadas pela falta de determinada proteína em uma
célula que atuaria na formação do ribossomo ou até mesmo a má
formação deste ribossomo que deixa de sintetizar proteínas importantes
para a vida.

0
s e õ ç at o n a r e V
CITOESQUELETO: FILAMENTOS DE ACTINA, FILAMENTOS
INTERMEDIÁRIOS
Você já se perguntou como é possível que as células tenham formatos
diferentes? E como todos os componentes dela conseguem se sustentar
em um citosol fluido? Seria a membrana plasmática a responsável por
manter o formato da célula?

Como vimos, o citoesqueleto está localizado no citosol e é uma estrutura


composta por uma rede complexa de filamentos proteicos interligados,
uma espécie de esqueleto presente nas células eucariontes. O
citoesqueleto é a estrutura responsável por manter a forma e
sustentação das células, no entanto também está relacionado a vários
processos dinâmicos, fornecendo suporte mecânico, como a
movimentação celular, divisão celular e o transporte de organelas e
outras estruturas citoplasmáticas. É considerado um processo evolutivo
que distingue as células eucariontes das células procariontes. Estas
últimas, por não terem um núcleo definido e organelas, apresenta fibras
que são semelhantes às fibras que formam o citoesqueleto, mas diferem
em sua composição.

O citoesqueleto das células eucariontes é composto por três tipos de


filamentos: os microfilamentos (filamentos de actina), os filamentos
intermediários e os microtúbulos. Além dos filamentos, o citoesqueleto é
composto por um conjunto de proteínas acessórias: proteínas
reguladoras, responsáveis por regular o aparecimento ou
desaparecimento, e o alongamento ou encurtamento dos filamentos;
proteínas ligadoras, que ligam os filamentos uns aos outros, ou com
outros componentes presentes na célula); e as proteínas motoras, que
transportam macromoléculas e organelas no citoplasma, e fazem com
que haja deslizamento de filamentos paralelos e contíguos em direções
opostas, permitindo a motilidade.

0
O citoesqueleto tem uma estrutura dinâmica, com características de

s e õ ç at o n a r e V
resistência a tensões, flexibilidade e estabilidade próprias de cada um de
seus filamentos. Por ser formado pela polimerização de proteínas,
permite que se decomponham (despolimerizar) em uma região da célula
e se reestruturar (polimerizar) em outra, de forma rápida.

VOCABULÁRIO

Polimerização é uma reação química que resulta na formação


de macromoléculas (moléculas grandes) denominadas
polímeros, mediante a combinação de moléculas menores, os
monômeros.

Iniciaremos pelos microfilamentos ou filamentos de actina, com


aproximadamente 8 nm de diâmetro, os quais são filamentos longos e
considerados os mais finos, formados por proteínas de actina. São
flexíveis, costumam se associar a feixes paralelos ou em redes de
filamentos na região periférica da célula, no entanto são distribuídos por
todo o citoplasma. Os microfilamentos são formados pela proteína actina,
denominada actina G (globular). Quando há a união de dois ou mais
filamentos da actina G, denominamos também de actina F (filamento). As
moléculas menores (monômeros) de actina G estão dispersas no citosol e
se associam formando polímeros dispostos em uma dupla hélice (formato
helicoidal). Novos monômeros podem ser adicionados ou removidos dos
filamentos de actina em qualquer uma das extremidades (Figura 2.2). No
entanto, nas extremidades mais (+) novos monômeros são polimerizados
(alongamento) e despolarizados (encurtamento) no filamento mais
rapidamente do que na exterminada menos (-), essa bipolaridade é
consequente dos monômeros, permitindo assim que o filamento se
adapte rapidamente às necessidades da célula. Em geral, a extremidade
de maior crescimento está voltada em direção a membrana plasmática.

0
s e õ ç at o n a r e V
Figura 2.2 | Formação e organização estrutural do filamento de actina

Fonte: De Robertis; Hib (2017, p. 75).

ATENÇÃO

Na fibra muscular estriada não ocorre a polimerização e


despolimerização, neste caso o filamento de actina é estável e
considerado uma exceção (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).

As moléculas de actina G estão associadas a moléculas de ATP em seu


interior, importantes para a manutenção da estrutura da molécula. Caso
contrário, sem o ATP, a molécula perde a sua forma característica.
Durante o processo de polimerização, quando a actina G é incorporada
ao filamento, ela hidrolisa a molécula de ATP na qual está associada,
formando ADP.

Os microfilamentos podem desempenhar uma diversidade de funções,


dependendo das proteínas acessórias a que se associam, formando
estruturas diferentes. Estão envolvidos também em alguns processos
fundamentais como: a movimentação celular (devido a sua propriedade
de polimerizar e despolimerizar rapidamente, um exemplo é a
movimentação dos glóbulos brancos – leucócitos – no sistema
imunológico), a adesão celular (muito importante para a ligação entre as
células ou entre a célula e a matriz extracelular), o englobamento de
partículas (fagocitose), estruturação das microvilosidades (em células
epiteliais) e a divisão celular (separação de células ao fim da mitose –
citocinese). Os microfilamentos também participam da contração

0
muscular, ao se ligarem a uma proteína acessória –, no caso, a proteína

s e õ ç at o n a r e V
motora miosina, que interage com a actina e, juntas, são responsáveis
pela contração do músculo.

EXEMPLIFICANDO

A contração muscular ocorre em consequência do


deslizamento dos filamentos de actina (mais finos) sobre os
filamentos de miosina (mais grossos). A disposição dessas
proteínas produz ao longo da fibra o padrão de faixas do
músculo estriado (sarcômeros), com faixas alternadas entre
claras e escuras, denominadas banda I (contém apenas
filamentos de actina) e banda A (composta por filamentos de
actina e miosina sobrepostos), respectivamente. No
movimento de contração, o sarcômero é encurtado, as
moléculas de miosina se aproximam das linhas Z, local onde se
originam os filamentos de actina. A contração é desencadeada
pela liberação de acetilcolina por meio da sinalização sináptica
e a interação de íons de cálcio (Ca2+) com as miofibrilas (células
musculares). Com a diminuição dos níveis de Ca2+, o
sarcômero volta ao estado de relaxamento, em que o músculo
se encontra relaxado.

Dando continuidade à composição do citoesqueleto, falaremos agora dos


filamentos intermediários. Estes filamentos, com cerca de 10 nm de
diâmetro, são formados por proteínas fibrosas, sendo considerados os
mais resistentes e os mais estáveis em comparação aos microfilamentos e
aos microtúbulos. Ao contrário dos filamentos de actina, eles não são
constituídos por monômeros, não são capazes de polimerizar e
despolarizar rapidamente e suas extremidades são equivalentes, o que os
torna resistentes. Quando a célula é rompida, em sua maioria os

0
filamentos intermediários permanecem intactos, enquanto os outros

s e õ ç at o n a r e V
componentes do citoesqueleto são destruídos. São especializados em
suportar tensão, conferindo às células resistência mecânica, muito
importante para os tecidos de modo geral, como as células musculares,
cardíacas e a pele, que são submetidos à tensão. Desta forma, a sua
principal atuação está relacionada à função estrutural da célula.

Os filamentos intermediários estão presentes no citoplasma de quase


todas as células eucariontes (ATTIAS; SILVA, 2006), são encontrados em
abundância nas células que sofrem atrito (como as células da epiderme),
que se prendem à membrana plasmática em áreas de junções de células
(desmossomos), sendo frequentes também nos axônios e em células
musculares. Está ausente nas células que se multiplicam com frequência,
como os embriões muito jovens e em células do sistema nervoso central
que não produzem mielina. Estes filamentos têm a mesma estrutura, são
constituídos pela junção de moléculas alongadas, constituídas por três
cadeias polipeptídicas entrelaçadas em forma de hélice. São formados
por várias proteínas fibrosas diferentes (Tabela 2.1), de acordo com o tipo
celular, que se unem espontaneamente sem necessidade de energia.

Quadro 2.1 | Proteínas que constituem os filamentos intermediários

Proteína Localização

Queratina Células epiteliais e de estruturas derivadas delas


exclusivamente. Ex.: unhas, pelos, cabelo, chifres.
Proteína Localização

Vimentina Células originadas do mesênquima embrionário. Ex.:


fibroblastos, macrófagos, células musculares lisas.

0
Algumas vezes é produzida apenas transitoriamente

s e õ ç at o n a r e V
durante o desenvolvimento embrionário.

Desmina Células musculares lisas, esqueléticas e do


miocárdio.

Proteína ácida Dois tipos de células da gila (constituintes do tecido


fibrilar da gila nervoso): astrócitos e células de Schwann.

Proteína dos Corpo celular e prolongamentos dos neurônios


neurofilamentos (principalmente axônios).

Lamina Lâmina nuclear, estrutura em grade que reforça


internamente o envoltório nuclear.

Fonte: adaptado de Junqueira; Carneiro (2013, p. 127).

CENTRÍOLOS E MICROTÚBULOS
Para completar o estudo dos três filamentos que compõem o
citoesqueleto, vamos conhecer um pouco sobre os microtúbulos.

Os microtúbulos são mais rígidos do que os microfilamentos e têm


aproximadamente 25 nm de diâmetro, o mais espesso dentre todos os
filamentos do citoesqueleto. São formados pela polarização de proteínas
globulares, assim como os filamentos de actina. As proteínas tubulinas
(alfa e beta), em forma de hélice, formam o heterodímero, responsável
pela polarização e despolarização das subunidades com extremidades
mais (+) e menos (-). Estes processos de alongamento e encurtamento dos
microtúbulos ocorrem devido ao desequilíbrio entre a polarização e
despolarização, regulada pela concentração de íons de cálcio (Ca2+), que
atuam de forma mais rápida em polimerizações de curta duração, e as
proteínas que participam das polimerizações mais duráveis, quando
associadas aos microtúbulos (MAPS). A adição de heterodímeros ao
polímero funciona de forma semelhante aos filamentos de actina, mas ao

0
invés da molécula de ATP, as subunidades da tubulina estão associadas

s e õ ç at o n a r e V
ao trifosfato de guanosina (GTP), que após ser incorporado ao
heterodímero é hidrolisado em difosfato de guanosina (GDP) liberando
energia, que causa uma instabilidade e permite a separação do filamento.
Esta instabilidade faz parte da dinâmica de muitos processos biológicos
regulados pelos microtúbulos. É importante saber que a quantidade de
energia liberada a partir da hidrólise de GTP é menor do que a energia
liberada a partir da hidrólise de ATP, por isso GTP é mais frequente como
um sinal.

REFLITA

Você se recorda da molécula de GTP, quando está ativa e


inativa e em qual processo de sinalização ela é utilizada?

Nas células, existe uma estrutura no citoplasma que desempenha um


importante papel no processo de divisão celular, o centro organizador
(MTOC – microtubule organizing center) ou centrossoma, de onde partem
todos os microtúbulos, geralmente próximos ao núcleo, exceto no
processo de divisão celular. Quando a célula tem centríolos, eles são
encontrados no centrossoma, mas não são todas as células que têm
centríolos, mas todas as células têm centrossoma. Nas células animais e
em algumas células vegetais, exceto nas células das plantas superiores,
há um par de centríolos, além de uma grande diversidade de proteínas.
Os centríolos são estruturas cilíndricas formadas por microtúbulos que
compõem o corpo basal dos cílios e flagelos, e auxiliam no processo de
divisão celular das células animais. Os microtúbulos na divisão celular
formam o fuso acromático, local onde os cromossomos se prendem e são
puxados em direção às extremidades da célula em divisão.

0
Os microtúbulos irradiam-se em todas as direções, dando preferência no
sentido para o qual a célula será deslocada. Desta forma, os microtúbulos

s e õ ç at o n a r e V
têm um papel importante nos movimentos dos cílios e flagelos, no
transporte de partículas no interior das células, no deslocamento dos
cromossomos no processo de mitose e na sustentação e manutenção da
forma das células (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).

Nos filamentos de actina encontramos as proteínas motoras, miosinas,


associadas aos filamentos, participando de movimentos celulares como
os de contração muscular. Nos microtúbulos, encontramos outras
proteínas motoras associadas a eles, a dineína (relacionada aos
movimentos dos cílios e flagelos) e a cinesína (envolvida no movimento
dos cromossomos e de vesículas e organelas). As proteínas motoras
associadas aos microtúbulos utilizam a molécula de ATP para se
movimentar.

O citoesqueleto é de grande importância para as células. Como vimos, ele


não é importante somente pelo fato de manter a sustentação das células,
mas também por outras funções como suporte mecânico à célula,
movimentação celular, formação de cílios e flagelos, formação do fuso
mitótico e movimento de organelas e vesículas no interior da célula.
Qualquer alteração em sua estrutura pode prejudicar o perfeito
funcionamento das células, incluindo o desenvolvimento de patologias.

FAÇA A VALER A PENA


Questão 1
As células procariontes e as células eucariontes apresentam algumas
diferenças entre si e a presença do núcleo é uma delas. O citoplasma
presente em ambas as células também apresenta diferenças. Neste
contexto, analise o trecho a seguir:

Um componente principal do citoplasma tanto em procariontes quanto


em eucariontes é o __________, de consistência gelatinosa. Nos

0
eucariontes, o citoplasma inclui __________, enquanto nos procariontes
estas estruturas estão ausentes. A composição citoplasmática se dá pelo

s e õ ç at o n a r e V
conjunto de: __________, __________ e organelas citoplasmáticas, no caso dos
eucariontes. Um destes componentes é constituído por água, íons,
enzimas, moléculas orgânicas, dentre outros compostos, responsável por
muitas reações químicas celulares, incluindo a síntese de __________
através dos ribossomos. (KHAN ACADEMY, 2011.)

Assinale a alternativa que completa a sequência das lacunas


corretamente:

a. hialoplasma; organelas; ribossomo; citoesqueleto; lipídios.

b. citoesqueleto; ribossomos; citosol; citoesqueleto; proteínas.

c. ribossomos; citoesqueleto; citoesqueleto; ribossomos; proteínas.

d. citosol; organelas; citosol; citoesqueleto; proteínas.

e. citosol; citoesqueleto; citoesqueleto; citosol; lipídios.

Questão 2
Os ribossomos são estruturas encontradas no interior de todas as células,
desde as células de bactérias até as células de animais mais complexos.
Em relação a sua constituição e às suas funções, analise as afirmativas a
seguir:

I. Os ribossomos podem ser livres, encontrados no citosol ou ainda


podem estar ligados ao retículo endoplasmático e à membrana
nuclear.

II. Os ribossomos em células eucariontes são maiores do que em células


procariontes.
III. Os ribossomos são responsáveis pelo processo de síntese lipídica.

IV. Os ribossomos têm duas subunidades, constituídas por mRNA e


proteínas.

0
Agora, assinale a alternativa que apresenta as afirmativas corretas:

s e õ ç at o n a r e V
a. I, apenas.

b. III, apenas.

c. I e II, apenas.

d. II e III, apenas.

e. I, II e IV, apenas.

Questão 3
O citoesqueleto é formado por uma rede de filamentos presentes no
citoplasma das células, e é altamente dinâmico e responsável por várias
funções celulares. Cada um de seus filamentos associado a diferentes
proteínas adquire funções específicas nos organismos (ATTIAS; SILVA,
2006).

A respeito do citoesqueleto, analise as alternativas a seguir e assinale a


correta.

a. Os três filamentos que compõem o citoesqueleto são: filamentos de actina, filamentos de


miosina e os microtúbulos.

b. Os microtúbulos são formados por subunidades proteicas chamadas de queratina, a qual


está presente nas unhas e no cabelo.

c. O citoesqueleto determina os movimentos celulares, controla a síntese de proteínas e a


capacidade das células em adotar uma variedade de formas.

d. Os filamentos de actina e miosina compõem a estrutura dos espermatozoides e são


responsáveis pela sua formação.

e. O citoesqueleto forma uma rede interna que sustenta o volume citoplasmático e mantém as
organelas organizadas no citosol.
REFERÊNCIAS
ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 6 ed. Porto Alegre:
Artmed, 2017.

ATTIAS, M.; SILVA, N. C. Biologia celular I. 3. ed. Rio de Janeiro: Fundação

0
Cecierj, 2006. 169 p. 3 v.

s e õ ç at o n a r e V
BARBOSA, M. M. Aspectos metabólicos desencadeadores da
hipertrofia muscular: revisão de literatura. Escola de Educação Física,
Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Belo Horizonte, 2011. Disponível em:
https://bit.ly/3bs8trc. Acesso em: 30 out. 2020.

BARRETO, A. et al. Introdução à biologia celular. Rio de Janeiro: Seses,


2014. 192 p.

COSTA, J. B. Z.a et al. O uso de membranas biológicas para regeneração


óssea guiada em implantodontia: uma revisão de literatura. Revista
Bahiana de Odontologia, Bahia, v. 7, p. 14-21, 2016.

CARVALHO, H. F.; RECCO-PIMENTEL, S.i M. A célula. Barueri: Manole,


2013.

DE ROBERTIS, E. M. F.; HIB, J. Biologia celular e molecular. 16 ed. Rio de


Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.

G37. Acidente com álcool líquido provoca queimadura em várias pessoas


em Itapecerica. G37, 2018. Disponível em: https://bit.ly/33G9WGd. Acesso
em: 29 out. 2020.

GUERRA, R. A. T. et al. Ciências Biológicas – Cadernos CB Virtual 1. Biologia


e fisiologia celular – Unidade 9. João Pessoa: Editora Universitária UFPB,
2011. Disponível em: https://bit.ly/2R8zEkd. Acesso em: 27 out. 2010.

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, José. Biologia celular e molecular. 9 ed. Rio


de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, José. Histologia básica. 11 ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.

KHAN ACADEMY. O citoesqueleto. Disponível em: https://bit.ly/3ogJUmd.

0
Acesso em: 27 out. 2020.

s e õ ç at o n a r e V
PEREIRA, R. M. Efeito de lasers de baixa potência em três diferentes
comprimentos de onda no processo de cicatrização de queimaduras
de 3º grau. Mestrado (Engenharia Biomédica), Universidade do Vale do
Paraíba, Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento. São José dos Campos,
2005, 78 p. Disponível em: https://bit.ly/3fbM6rc. Acesso em: 30 out. 2020.

Você também pode gostar