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Conteúdo
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 3
UNIDADE I. ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANA ........................................................... 4
1.1 CONCEITO DE ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANA ...................................... 4
1.2. O CORPO HUMANO ........................................................................................................ 6
1.2.1. CONSTITUIÇÃO (Unidades estruturais) ........................................................................ 6
1.2.2. NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO DO CORPO HUMANO.................................................. 7
1.2.3. DIVISÃO E PLANOS ANATÓMICOS .......................................................................... 9
1.2.4. POSIÇÃO ANATÔMICA ............................................................................................. 10
1.3. PLANOS DE DELIMITAÇÃO E SECÇÃO DO CORPO HUMANO .............................. 10
1.3.1 PLANOS DE DELIMITAÇÃO: ..................................................................................... 11
1.3.2. EIXOS DO CORPO HUMANO .................................................................................... 11
UNIDADE II. SISTEMA OSTEOMUSCULAR ..................................................................... 13
2.1.CONCEITO ...................................................................................................................... 13
2.1 SISTEMA ESQUELÉTICO .............................................................................................. 13
2.1.6. TIPOS DE MOVIMENTOS.................................................................................. 40
2.2. MÚSCULOS .............................................................................................................. 41
2.3. CARTILAGENS........................................................................................................ 73
Constituição do tecido cartilaginoso ................................................................................. 74
Classificação do tecido cartilaginoso ................................................................................ 75
2.4. ARTICULAÇÕES ..................................................................................................... 76
UNIDADE III. SISTEMA CIRCULATÓRIO ......................................................................... 79
3.1. O SANGUE ..................................................................................................................... 87
GRUPOS SANGUÍNEOS....................................................................................................... 90
SISTEMA LINFÁTICO.......................................................................................................... 92
UNIDADE IV: SISTEMA RESPIRATÓRIO ........................................................................ 100
FISIOLÓGICOS DA RESPIRAÇÃO.................................................................................... 107
TRANSPORTE DE GASES RESPIRATÓRIOS ................................................................... 107
CONTROLE DA RESPIRAÇÃO ......................................................................................... 108
UNIDADE V: SISTEMA DIGESTIVO ................................................................................ 110
UNIDADE VI: APARELHO URINÁRIO E EXCRETOR .................................................... 123
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UNIDADE VII: APARELHO GENITAL ............................................................................. 130


7.1 SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO ..................................................................... 130
5.2. SISTEMA REPRODUTOR FEMININO ........................................................................ 134
REPRODUÇÃO ................................................................................................................... 139
UNIDADE VIII: Sistema nervoso ......................................................................................... 152
UNIDADE IX. ESTESIOLOGIA (SISTEMA SENSORIAL) ................................................ 171
UNIDADE X - Sistema Endócrino ........................................................................................ 191
UNIDADE XI. SIATEMA TEGUMENTAR ........................................................................ 197
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INTRODUÇÃO

O presente manual, é o resumo de vários autores, e/ou de profissionais da saúde pelo


mundo, que julgaram ser importante partilhar os seus conhecimentos com outros
profissionais e o mundo académico. Assim, achamos pertinente que o leitor desta obra,
deve ir ao fundo das questões, dissipando todas as dúvidas encontradas através do
mesmo e da bibliografia que serviu como suporte da elaboração deste manual.

Existem questões de interesse, mas a anatomia exige do leitor o conhecimento das


estruturas e sua localização, incluindo os planos anatómicos.

De salientar, que ele contempla 11 sistemas: Unidades estruturais (célula), sistema


circulatório osteo-muscular, sistema circulatório, sistema respiratório, sistema digestivo,
Aparelho urinário e Excretor, sistema genital masculino e feminino, sitema nervoso,
Estesiologia (órgãos dos sentidos), sistema endócrino e sistema Tegumentar. Todas as
estruturas do corpo humano, foram reflectidas nestes conteúdos.

Na última página deste manual de apoio, constam as fontes bibliográficas, que serviram
como ponte basilar na feitura desta brochura académica.
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UNIDADE I. ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANA


OBJECTIVOS ESPECÍFICOS

No final desta unidade, o aluno deverá ser capaz de:

 Definir o conceito de anatomia e fisiologia


 Conhecer o corpo humano (estrutura e níveis de organização)
 Saber como está dividido o corpo Humano.
 Conhecer as unidades estruturais da célula
 Entender o conceito de normal e variação anatómica

Subtema
1.1. Conceito
1.2. Corpo Humano
 Constituição (Unidades estruturais)
 Divisão e planos anatómicos

1.1 CONCEITO DE ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANA

A palavra Anatomia é derivada do grego Anatome (Ana: através de; tome: corte).
Dissecação deriva do latim (dis: separar; secare: cortar) e é equivalente
etimologicamente a Anatomia. Contudo, actualmente, Anatomia é a ciência, enquanto
dissecar é um dos métodos desta ciência.

Actualmente, a Anatomia pode ser subdividida em três grandes grupos: Anatomia


macroscópica, Anatomia microscópica e Anatomia do desenvolvimento.
A Anatomia Macroscópica é o estudo das estruturas observáveis a olho nu, utilizando
ou não recursos tecnológicos os mais variáveis possíveis, enquanto a Anatomia
Microscópica é aquela relacionada com as estruturas corporais invisíveis a olho nu e
requer o uso de instrumental para ampliação, como lupas, microscópios ópticos e
electrónicos. Este grupo é dividido em Citologia (estudo da célula) e Histologia (estudo
dos tecidos e de como estes se organizam para a formação de órgãos).
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A Anatomia do desenvolvimento estuda o desenvolvimento do indivíduo a partir do ovo


fertilizado até a forma adulta. Ela engloba a Embriologia que é o estudo do
desenvolvimento até o nascimento. Embora não sejam estanques, a complexidade destes
grupos torna necessária aexistência de estudos específicos (Embriologia, Perinatologia,
Pediatria e Geriatria).

A fisiologia advém do grego, "physis e logos", conhecimento e estudo, ou seja, é a


ciência que estuda as funções dos seres multicelulares (vivos). Muitos dos aspectos da
fisiologia humana estão intimamente relacionados com a fisiologia animal, onde muita
da informação hoje disponível tem sido conseguida graças à experimentação animal.

Normal e variação anatómica

Normal, para o anatomista, é o estatisticamente mais comum, ou seja, o que é


encontrado na maioria dos casos. Variação anatómica é qualquer fuga do padrão sem
prejuízo da função. Assim, a artéria braquial mais comumente divide-se na fossa
cubital. Este é o padrão. Entretanto, em alguns indivíduos esta divisão ocorre ao nível
da axila. Como não existe perda funcional esta é uma variação. Quando ocorre prejuízo
funcional trata-se de uma anomalia e não de uma variação. Se a anomalia for tão
acentuada que deforme profundamente a construção do corpo, sendo, em geral,
incompatível com a vida, é uma monstruosidade.

Nomenclatura anatómica

Como toda ciência, a Anatomia tem sua linguagem própria. Ao conjunto de termos
empregados para designar e descrever o organismo ou suas partes dá-se o nome de
Nomenclatura Anatómica. Com o extraordinário acúmulo de conhecimentos no final do
século passado, graças aos trabalhos de importantes “escolas anatómicas” (sobretudo na
Itália, França, Inglaterra e Alemanha), as mesmas estruturas do corpo humano recebiam
denominações diferentes nestes centros de estudos e pesquisas. Em razão desta falta de
metodologia e de inevitáveis arbitrariedades, mais de 20.000 termos anatómicos
chegaram a ser consignados (hoje reduzidos a poucos mais de 5000). A primeira
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tentativa de uniformizar e criar uma nomenclatura anatómica internacional ocorreu em


1895. Em sucessivos congressos de Anatomia em 1933, 1936 e 1950 foram feitas
revisões e finalmente em 1955, em Paris, foi aprovada oficialmente a Nomenclatura
Anatómica, conhecida sob a sigla de P.N.A. (Paris Nomina Anatómica). Revisões
subseqüentes foram feitas em 1960, 1965 e 1970, visto que a nomenclatura anatómica
tem caráter dinâmico, podendo ser sempre criticada e modificada, desde que haja razões
suficientes para as modificações e que estas sejam aprovadas em Congressos
Internacionais de Anatomia. A língua oficialmente adotada é o latim (por ser “língua
morta”), porém cada país pode traduzi-la para seu próprio vernáculo. Ao designar uma
estrutura do organismo, a nomenclatura procura utilizar termos que não sejam apenas
sinais para a memória, mas tragam também alguma informação ou descrição sobre a
referida estrutura. Dentro deste princípio, foram abolidos os epônimos (nome de pessoas
para designar coisas) e os termos indicam: a forma (músculo trapézio); a sua posição ou
situação (nervo mediano); o seu trajeto (artéria circunflexa da escápula); as suas
conexões ou inter-relações (ligamento sacroilíaco); a sua relação com o esqueleto
(artéria radial); sua função (m. levantador da escápula); critério misto (m. flexor
superficial dos dedos – função e situação). Entretanto, há nomes impróprios ou não
muito lógicos que foram conservados, porque estão conagrados pelo uso.

1.2. O CORPO HUMANO

1.2.1. CONSTITUIÇÃO (Unidades estruturais)

A célula é a menor unidade estrutural básica do ser vivo. Foi descoberta em 1667 pelo
inglês Robert Hooke, que observa uma célula de cortiça (tecido vegetal morto) usando o
microscópio. A partir daí, as técnicas de observação microscópicas avançam em função
de novas técnicas e aparelhos mais possantes. O uso de corantes, por exemplo, permite a
identificação do núcleo celular e dos cromossomos, suportes materiais do gene (unidade
genética que determina as características de um indivíduo). Pouco depois, comprova-se
que todas as células de um mesmo organismo têm o mesmo número de cromossomos.
Este número é característico de cada espécie animal ou vegetal e responsável pela
transmissão dos caracteres hereditários. O corpo humano tem cerca de 100 trilhões de
células.
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1.2.2. NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO DO CORPO HUMANO

O corpo humano é uma máquina complexa composta de milhões de células que


funcionam em sinergia para um mesmo fim: a Homeostasia.

O corpo humano está de forma intrincada e compreende vários níveis estruturados de


complexidade variável.

 O nível químico: é constituído por minúsculas partículas de matéria, os átomos


juntam-se para constituir moléculas, Ex: água, açúcar e proteínas.

 O nível celular: as moléculas combinam-se para formar organitos e células, cada


uma com um papel determinado e específico. As células são as unidades
estruturais e funcionais dos seres vivos.

 O nível tecidular: as células complexificam-se para formar os tecidos. Os tecidos


do corpo humano são constituídos por células do mesmo tipo que desempenham
as mesmas funções. Distinguem-se quatro tecidos primários:
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o Tecido epitelial ou epitélio- é o tecido que cobre a superfície do corpo e


reveste as suas cavidades internas
o Tecido conjuntivo- é um tecido de ligação que rodeia, protege e reúne
os órgãos e estruturas anatómicas;
o Tecido Muscular, que produz os movimentos
o Tecido nervoso- que permite a comunicações internas rápidas ao
facilitar a transmissão soa impulsos nervosos entre o sistema nervoso e o
resto do corpo.

 Nível orgânico: os tecidos constituem os órgãos. Estes últimos são compostos,


pelo menos, por dois dos tecidos já mencionados (embora a grande maioria seja
constituída pelos quatro tecidos primários). Cada órgão tem uma actividade
própria, que não pode ser compensada por nenhum outro órgão. O seu
funcionamento tende para uma tarefa comum, o equilíbrio harmonioso e sem
sobressaltos de máquina humana (cérebro, coração).

 Nível de aparelho e sistemas: A este nível de complexidade, os órgãos


trabalham em conjunto para segurar uma mesma função. Exemplo: o sistema
circulatório tem por missão principal levar o oxigénio e as matérias-primas às
células e, no retorno, a desembaraçar dos elementos tóxicos resultantes do seu
funcionamento (anidrido carbónico, resíduos azotados que transportam para os
pulmões, rins, etc, para serem eliminados).

 Nível do organismo: trata-se do corpo humano no seu conjunto. A este nível,


todos os sistemas e aparelhos trabalham em conjunto a fim de fazer funcionar
correctamente a máquina: é a vida.
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1.2.3. DIVISÃO E PLANOS ANATÓMICOS

Divisão do corpo humano


O corpo humano divide-se em cabeça, pescoço, tronco e membros.

Cabeça

A cabeça é dividida em duas partes: crânio e face. Uma linha imaginária passando pelo
topo das orelhas e dos olhos é o limite aproximada entre estas duas regiões. O crânio
contém o encéfalo no seu interior, na chamada cavidade craniana. As lesões
crânioencefálicas são as causas mais frequentes de óbito nas vítimas de trauma. A face é
a sede dos órgãos dos sentidos da visão, audição, olfato e paladar. Abriga as aberturas
externas do aparelho respiratório e digestivo. As lesões da face podem ameaçar a vida
devido ao sangramento e obstrução das vias aéreas.

Tronco

O tronco é dividido em pescoço, tórax, abdómen e pelve.

Pescoço

Contém várias estruturas importantes. É suportado pela coluna cervical que abriga no
seu interior a porção cervical da medula espinhal. As porções superiores do trato
respiratório e digestivo passam pelo pescoço em direcção ao tórax e abdómen. Contém
também vasos sanguíneos calibrosos responsáveis pela irrigação da cabeça. As lesões
do pescoço de maior gravidade são as fracturas da coluna cervical com ou sem lesão
medular, as lesões do trato respiratório e as lesões de grandes vasos com hemorragia
severa.

Tórax

Contém no seu interior, na chamada cavidade torácica, a parte inferior do trato


respiratório (vias aéreas inferiores), os pulmões, o esófago, o coração e os grandes vasos
sanguíneos que chegam ou saem do coração. É sustentado por uma estrutura óssea da
qual fazem parte a coluna vertebral torácica, as costelas, o esterno, as clavículas e a
escápula. As lesões do tórax são a segunda causa mais frequente de morte nas vítimas
de trauma.
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Membros

O corpo humano está constituído por membros superiores e inferiores. Os membros


superiores compreendem: braço, antebraço e mão. Os membros inferiores
compreendem: Coxa, perna e pé.

1.2.4. POSIÇÃO ANATÔMICA

Para evitar o uso de termos diferentes nas descrições anatómicas, considerando-se que a
posição pode ser variável, optou-se por uma posição padrão, denominada posição de
descrição anatómica (posição anatómica). Deste modo, os anatomistas, quando
escrevem seus textos, referem-se ao objecto de descrição considerando o indivíduo
como se estivesse sempre na posição padronizada. Nela o indivíduo está em posição
erecta (em pé, posição ortostática ou bípede), com a face voltada para a frente, o olhar
dirigido para o horizonte, membros superiores estendidos, aplicados ao tronco e com as
palmas voltadas para frente, membros inferiores unidos, com as pontas dos pés dirigidas
para frente.

1.3. PLANOS DE DELIMITAÇÃO E SECÇÃO DO CORPO HUMANO

Planos anatómicos

Plano mediano ou Sagital: é um plano vertical que passa através do eixo mais longo
que cruza o corpo, dos pés até a cabeça; separa o corpo em antímeros direito e esquerdo.
O que quer que esteja situada próximo a este plano é chamado medial, e o que está
longe dele, lateral.

Plano coronal ou frontal: é um plano vertical que passapelo eixo maior (dos pés à
cabeça), perpendicular ao plano mediano, separando a frente do corpo, ou ventre, da
parte de trás ou dorso.

Algo em posição à frente do plano coronal é chamadoanterior, ao passo que algo situado
atrás desse plano é chamado posterior.

Plano horizontal, transverso ou axialAtravessa o eixo menor do corpo, do dorso até o


ventre, isto é, da posição posterior para a anterior. Divide a estrutura atravessada em
porções superior e inferior.
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1.3.1 PLANOS DE DELIMITAÇÃO:

 Plano ventral ou anterior


 Plano dorsal ou posterior
 Planos laterais direito e esquerdos
 Plano craniano ou superior
 Plano inferior

1.3.2. EIXOS DO CORPO HUMANO

Linhas imaginárias que atravessam os planos do corpo perpendicularmente


parapossibilitarem movimentos.

São aplicados nas partes do corpo humano que permitem graus de movimentosamplos
(articulações diartrose).

 Eixo Latero-Lateral, Transversal ou Horizontal. De um lado ao outro, da


direita a esquerda ou inverso, perpendicular ao plano sagital. Possibilita os
movimentos de flexão e extensão. Ex: Articulação do ombro, do cotovelo,
etc.
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 Eixo Ântero-Posterior ou Sagital. Em sentido anterior posterior,


perpendicular ao planofrontal. Possibilita os movimentos de abdução e
adução. Ex.: Articulação do ombro, do quadril, etc.

 Eixo Longitudinal: De cima para baixo (ou vice versa), perpendicular ao


plano transversal. Possibilita os movimentos de rotação lateral e rotação
medial. Ex: Articulação do ombro, do cotovelo, etc.

Tipos constitucionais do corpo humano


Genotipo: conjunto das características herdadas (hereditariedade).

Paratipo: características modificadas ou proporcionadas pelo entorno, como a


alimentação.

Fenotipo: e aquilo que se manifiesta como resultado do genotipo e o paratipo, ou seja, o


que observamos em uma pessoa.

 Normolíneos,
 Longilíneos
 Brevilíneos.

Depois da consideração destes tópicos, realize as seguintes actividades:

 Defina o conceito de anatomia e fisiologia?


 Defina célula?
 Enumere as unidades estruturais da célula?
 Descreva os níveis de organização do corpo humano?
 Como está dividido o corpo Humano?
 Dê o conceito de normal e variação anatómica?
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UNIDADE II. SISTEMA OSTEOMUSCULAR

Objectivos específicos:

No final desta unidade, o aluno deverá ser capaz de:

1. Definir o conceito do sistema osteo-muscular


2. Conhecer as células que fazem parte do tecido ósseo, e as suas funções
3. Falar da estrutura óssea
4. Identificar nos ossos longos a onde se localiza a medula óssea vermelha e
amarela e suas funções.
5. Classificar os ossos quanto a forma
6. Enumerar as funções dos ossos
7. Conhecer a constituição dos músculos
8. Mencionar os tipos de músculos
9. Saber as funções dos músculos
10. Conhecer a constituição das cartilagens
11. Identificar os tipos de cartilagens
12. Definir as articulações
13. Classificar as articulações quanto a forma
14. Classificar as articulações quanto a função
15. Descrever os tipos de movimentos (simples e complexos)

Subtemas:

2.1. Conceito

2.2. Constituição (ossos, músculos e cartilagens)

2.3. Articulações

2.4. Tipos de movimentos

2.1.CONCEITO

É um sistema formado por ossos, músculos e articulações, que tem como o objectivo
principal a locomoção e a sustentação do corpo humano.

2.1 SISTEMA ESQUELÉTICO

Os tecidos ósseos são o mais duro e resistênte à pressão do corpo Humano. É graças a
ele que se organiza a nossa estrutura.
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Funções do tecido ósseo

 Protecção: protege o cérebro, coração, pulmões e medula espinal;


 Movimentos: é graças aos movimentos e articulações, os ossos interligados são
capazes de se mover.
 Armazenam substâncias minerais (cálcio, magnésio e fósforo);
 Participa na formação de células sanguíneas a partir da medula vermelha
encerrada na cavidade medular de certos ossos (é a hematopoiese).

Principais células ósseas

 Osteócitos: estão localizados em cavidades ou lacunas dentro da matriz óssea.


Destas lacunas formam-se canalículos que se dirigem para outras lacunas,
tornando assim a difusão de nutrientes possíveis graças a comunicação entre os
osteócitos.
 Osteoblastos: são as células formativas do tecido ósseo. Produzem o colagénio
tipo I, glicoproteína e proteoglicanas e os constituintes da substância
fundamental (cálcio)
 Osteoclastos: participam dos processos de absorção e remodelação do tecido
ósseo. São células gigantes e multinucleadas, extensamente ramificadas,
derivadas de monócitos que atravessam os capilares sangüíneos.
 Matriz óssea: a matriz óssea é composta por uma parte orgânica (já mencionada
anteriormente) e uma parte inorgânica cuja composição é dada basicamente por
íons fosfato e cálcio formando cristais de hidroxiapatita. A matriz orgânica,
quando o osso se apresenta descalcificado, cora-se com os corantes específicos
do colágeno (pois ela é composta por 95% de colágeno tipo I).

Divisão do sistema esqueletico

Além de dar sustentação ao corpo, o esqueleto protege os órgãos internos e fornece


pontos de apoio para a fixação dos músculos. Ele constitui-se de peças ósseas (ao todo
208 ossos no indivíduo adulto) e cartilaginosas articuladas, que formam um sistema de
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alavancas movimentadas pelos músculos. O esqueleto humano pode ser dividido em


duas partes:

1-Esqueleto axial: formado pela caixa craniana, coluna vertebral caixa torácica.

2-Esqueleto apendicular: compreende a cintura escapular, formada pelas escápulas e


clavículas; cintura pélvica, formada pelos ossos ilíacos (da bacia) e o esqueleto dos
membros (superiores ou anteriores e inferiores ou posteriores).

Esqueleto Axial

Esqueleto
apendicular
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2.1.1 ESQUELETO AXIAL

Caixa craniana

A caixa craniana consiste em: neurocrânio e viscerocrânio.

O neurocrânio é formado por 8 ossos, assim denominados: Osso frontal (1), occipital
(1), etmóide (1), esfenoide (1), temporais (2), parietais (2).

 Osso frontal: osso impar forma a fronte (testa), o teto da cavidade nasal e as
órbitas.
 Osso parietal: osso par, direito e esquerdo, formam os lados e o teto do crânio,
estão articulados na linha mediana formando a sutura sagital.
 Osso temporal: osso par, direito e esquerdo, constituem as paredes laterais do
crânio. São formados por uma porção escamosa, a qual se articula com o parietal
na sutura escamosa, uma porção mastóidea, porção timpânica e porção petrosa
ou rochosa.
 Osso esfenoide: osso impar, irregular e situado na base do crânio na frente dos
temporais e à porção basilar do occipital.
 Osso etmoide: osso ímpar e mediano. Localizado na base do crânio, mais
precisamente na zona anterior medial.
 Osso occipital: osso impar, forma a parte posterior e parte da base do crânio,
estão articulados anteriormente com os ossos parietais formando a sutura
lambdoide.

A face ou viscerocrânio é constituída por 14 ossos irregulares: Vómer, (1),


Mandíbula (1), conchas nasais (2), osso lacrimal (2), ossos palatinos (2), osso maxilar
(2), zigomático (2), nasais (2)

 Osso maxilar: formado pelas maxilas, direita e esquerda, ocupando quase toda
face.
 Osso palatino: osso par, direito e esquerdo em forma de L, apresentam uma
lâmina vertical e outra lâmina horizontal, estão localizados atrás das maxilas e
participam diretamente da delimitação das cavidades nasal, bucal e orbitária.
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 Osso zigomático: osso par e irregular, direito e esquerdo, também chamado


malar e que formam as saliências da face.
 Osso nasal: osso irregular, par, direito e esquerdo, estão articulados entre si no
plano mediano e formam o esqueleto ósseo da parte do dorso do nariz.
 Osso lacrimal: osso par, localizados na parte anterior da parede medial da órbita
delimitando a fossa do saco lacrimal.
 Conchas nasais inferiores: ossos laminares, independentes e irregulares, estão
situados na cavidade nasal.
 Osso vômer: osso impar, situado na face anterior do crânio e mantêm-se
articulados com o osso esfenoide, possui uma lâmina que, juntamente com a
lâmina perpendicular do esfenoide, forma o septo nasal ósseo.
 Mandíbula: o único osso móvel da face, impar, encontra-se articulado com os
ossos temporais através de seus côndilos formando a articulação
têmporomandibular, conhecida como ATM. A mandíbula apresenta-se em forma
de ferradura onde estão formados os alvéolos da arcada dentária inferior, e dois
ramos, uma continuação do corpo em uma angulação denominada ângulo da
mandíbula.
 Osso hioide: Pequeno osso, impar, em forma de ferradura que não pertence ao
crânio e nem à face, está localizado na região do pescoço, abaixo da mandíbula e
acima da cartilagem tireóidea da laringe. Este osso não se articula com nenhum
outro osso e está sustentado pelos músculos do pescoço.
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Ossos do ouvido

 Estribo, bigorna e martelo


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Tipos de suturas

A caixa craniana é atravessada por três suturas:

 Sutura Coronal: entre os ossos frontais e parietais.


 Sutura Sagital: entre os ossos parietais (linha sagital mediana).
 Sutura Lambdoide: entre os ossos parietais e o occipital.

Ossos do pescoço

 Cervical: vértebras cervicais (7)


 Osso hioide

Ossos do tronco

 Tórax: esterno (1), vértebras toráxica e costelas (24)


 Abdómem: vértebras lombares (5), sacro (1), Cóccix (1)
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Coluna vertebral

É uma coluna de vértebras que apresentam cada uma um buraco, que se sobrepõem
constituindo um canal que aloja a medula nervosa ou espinhal; é dividida em regiões
típicas que são: coluna cervical (região do pescoço), coluna torácica, coluna lombar,
coluna sacral, coluna cocciciana (coccix).

Caixa torácica

É formada pela região torácica de coluna vertebral, osso esterno e costelas, que são em
número de 12 de cada lado, sendo as 7 primeiras verdadeiras (se inserem diretamente no
esterno), 3 falsas (se reúnem e depois se unem ao esterno), e 2 flutuantes (com
extremidades anteriores livres, não se fixando ao esterno).
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2.1.2. ESQUELETO APENDICULAR

Membros e cinturas articulares

Cada membro superior é composto de braço, antebraço, pulso e mão. O osso do braço
(úmero) úmero, articula-se no cotovelo com os ossos do antebraço: rádio e ulna. O
pulso constitui-se de ossos pequenos e maciços, os carpos. A palma da mão é formada
pelos metacarpos e os dedos, pelas falanges. Cada membro inferior compõe-se de coxa,
perna, tornozelo e pé. O osso da coxa é o fémur, o mais longo do corpo.

A cintura superior se chama cintura torácica ou escapular (formada pela clavícula e pela
escápula ou omoplata); a inferior se chama cintura pélvica, popularmente conhecida
como bacia (constituída pelo sacro, osso volumoso resultante da fusão de cinco
vértebras, por um par de ossos ilíacos e pelo cóccix, formado por quatro a seis vértebras
rudimentares fundidas). A primeira sustenta o úmero e com ele todo o braço; a segunda
dá apoio ao fémur e a toda a perna.
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2.1.3. OSSOS DOS MEMBROS SUPERIORES

 Ossos da cintura escapular: clavícula (2) e escápula (2)


 Ossos do braço: úmero (2)
 Ossos do antebraço: rádio (2) e a ulna (2)
 Mão
o Carpo (16)
 Primeira fileira: escafoide, semilunar, piramidal e pisiforme
 Segunda fileira: trapésio, trapezóide, capitato e hamato.
o Metacarpo: metacarpais (10)
o Dedos: Falagens proximais (10), falagens médias (08) e falagens distais
(18).
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2.1.4. OSSOS DOS MEMBROS INFERIORES

 Cintura pélvica: ossos do quadril (ílio, ísquio e púbis)


 Coxa: fémur e patela
 Perna: tíbia e fíbula
 Pé
o Tarso: calcánio, tálus, navicular, cuboide e os cuneiformes.
o Metatarso: matatarsais
o Dedos: falange proximal, falange média e falange distal
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2.1.5. CLASSIFICAÇÃO DOS OSSOS

Os ossos são classificados de acordo com a sua forma em:

A - Longos: têm duas extremidades ou epífises; o corpo do osso é a diáfise; entre a


diáfise e cada epífise fica a metáfise. A diáfise é formada por tecido ósseo compacto,
enquanto a epífise e a metáfise, por tecido ósseo esponjoso. Exemplos: fêmur, úmero.

B- Curtos: têm as três extremidades praticamente equivalentes e são encontrados nas


mãos e nos pés. São constituídos por tecido ósseo esponjoso. Exemplos: calcâneo,
tarsos, carpos.

C - Planos ou Chatos: são formados por duas camadas de tecido ósseo compacto,
tendo entre elas uma camada de tecido ósseo esponjoso e de medula óssea Exemplos:
esterno, ossos do crânio, ossos da bacia, escápula.

Além dessas formas principais, existem igualmente:

 Ossos pneumáticos: têm forma variável. São revestidos por uma mucosa e
limitam uma cavidade cheia de ar (osso etmóide e esfenóide);
 Os ossos sesamoides: são ossos pequenos de forma geralmente arredondadas.
Ex: a rótula
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Patela

 Juntas e articulações

Junta é o local de junção entre dois ou mais ossos. Algumas juntas, como as do crânio,
são fixas; nelas os ossos estão firmemente unidos entre si. Em outras juntas,
denominadas articulações, os ossos são móveis e permitem ao esqueleto realizar
movimentos

 Ligamentos

Os ossos de uma articulação mantêm-se no lugar por meio dos ligamentos, cordões
resistentes constituídos por tecido conjuntivo fibroso. Os ligamentos estão firmemente
unidos às membranas que revestem os ossos.

Arquitectura óssea

Podemos observar em estudos microscópicos que o tecido do osso é formado por


substância óssea compacta e esponjosa:

 Substância compacta: as lamelas de tecido ósseo estão intimamente unidas


umas às outras pelas suas faces, sem que haja espaço livre interposto. Por ser
37

mais densa e sólida é responsável pela resistência dos ossos. Topograficamente


estão dispostas nos ossos longos, planos, irregulares e curtos.

 Substância esponjosa: Nesta substância as áreas dos ossos estão constituídas


por trabéculas ósseas dispostas em forma de rede irregular em tamanho e forma
e são responsáveis por alguma elasticidade óssea.
 Periósteo: Descrito como um tecido conjuntivo que envolve externamente o
osso, excepto nas superfícies articulares. Responsável pela nutrição e inervação
do osso devido suas artérias e nervos penetrarem no tecido ósseo.
 Endósteo: Fina camada de tecido conjuntivo que reveste o canal medular de um
osso.
38

Elementos descritivos dos ossos

A superfície dos ossos apresenta saliências, depressões e aberturas que constituem os


elementos descritivos:

 Saliências: podem ser articulares (encaixe para articular) como cabeça, tróclea e
côndilo e não articulares (fixação de músculos e ligamentos) como tuberosidade,
tubérculo, trocânter, espinha e linha.
 Depressões: encontramos as articulares (encaixe), que são as cavidades e fóveas
e não articulares (apoio de estruturas) como fossa, impressão e sulco.
 Aberturas: os orifícios de passagem, denominados forames e os orifícios que
não são contínuos, os meatos.

Coluna Vertebral

A coluna vertebral é considerada um pilar ósseo e está localizada no eixo mediano do


corpo, articulando-se com o crânio, as costelas e as raízes dos membros superiores e
inferiores. Dentre suas funções, citam-se: suportar o peso do tronco e o distribuir para
os membros inferiores; proteger a medula espinhal, gânglios e nervos espinais, vasos
sanguíneos, conferindo mobilidade para o tronco.

As vértebras ou espôndilos são peças ósseas irregulares que unidas formam a coluna
vertebral. Em anatomia convencionou-se que a referência das vértebras é feito por
abreviação, por exemplo, colocar a região da coluna (C para cervical, T para torácica, L
para lombar, S para sacral e Co para coccígea) e o número da vértebra em algarismos
romanos. As vértebras são em número de 33 e estão distribuídas nas regiões da coluna,

Apesar das características particulares das vértebras de cada uma das regiões da coluna,
todas elas possuem uma estrutura típica, comum. Estas estruturas de uma vértebra típica
(torácica) são: corpo vertebral, pedículo vertebral, forame vertebral, processo
transverso, processo articular superior e inferior, lâmina vertebral e processo espinhoso.

 Região cervical: é formada por sete vértebras cervicais e é a parte de maior


mobilidade da coluna vertebral. A coluna cervical estende-se da vértebra CI até
CVII. Nesta região as vértebras possuem o menor corpo vertebral, com exceção
39

da primeira e sétima vértebras. As vértebras atípicas da região cervical são CI e


CII, enquanto as vértebras típicas são CIII, CIV, CV, CVI e CVII.

 Região torácica: é formada por doze vértebras. Cada vértebra se articula com
um par de costelas. Estende da vértebra TI até TXII. No início da coluna torácica
as vértebras apresentam um corpo em forma de coração e na parte distal,
assemelham-se às lombares por ser uma região de transição.
 Região lombar: é formada por cinco vértebras e é nesta região que se concentra
todo o peso do tronco, por isso as vértebras são mais robustas e maiores. Estende
de LI até LV.

 Região sacral: é composta por cinco vértebras fundidas (sinostose), fenômeno


que ocorre na idade adulta, constituindo assim um único osso mediano,
denominado de sacro. Estende da vértebra SI até SV. O sacro articula-se
superiormente com a quinta vértebra lombar, lateralmente com os ossos do
quadril e inferiormente com o cóccix. ● Região coccígea: é formada por quatro
vértebras, que também se fundem com a idade formando o cóccix, um osso
pequeno e triangular. Estende de CoI até CoIV.

Curvaturas da coluna vertebral

A coluna vertebral em ângulo anterior ou posterior deve ser linear, sem desvios ou
curvaturas, no entanto, analisada em vista lateral deve apresentar curvaturas
fisiológicas. Estas curvaturas servem para aumentar a resistência da coluna, melhorar a
distribuição de carga e evitar compressões. Reconhecemos a curvatura cervical e sacral
como primárias e com o tempo, ou seja, a postura bípede desenvolve as curvaturas
secundárias (cervical e lombar)

 Lordoses: são as curvaturas que apresentam concavidade posterior, como nas


encontradas nas regiões cervical e lombar.

 Cifoses: são as curvaturas que apresentam concavidade anterior, como nas


encontradas nas regiões torácica e sacrococcígea
40

+-+-

2.1.6. TIPOS DE MOVIMENTOS

Os movimentos são possíveis graças as articulações sinoviais. Distinguem-se dois


grandes tipos de movimentos, os movimentos simples e os movimentos complexos.

São os movimentos simples:

 A flexão, que abre a articulação (flexão do cotovelo);


 A extensão, que abre a articulação (extensão do cotovelo);
 A abdução, que desvia o segmento do plano mediano do corpo (afastar o braço)
 A adução, que aproxima um segmento do plano mediano do corpo (levar o
braço no sentido do corpo).
 A rotação externa, que permite a rotação de um segmento no sentido dos
ponteiros do relógio enquanto o outro segmento está em rotação no sentido
inverso;
 A rotação interna (inversa da rotação precedente);
 A inversão (orienta a face plantar para o exterior);
41

 A eversão (movimento inverso do anterior);


 A antepulsão (movimento para frente do maxilar inferior);
 Repulsão (movimento inverso que repõe o maxilar no seu lugar)

São os movimentos complexos:

 A pronação;
 A supinação
 Circundução

2.2. MÚSCULOS

O tecido muscular é de origem mesodérmica, sendo caracterizado pela propriedade de


contração e distensão de suas células, o que determina a movimentação dos membros e
das vísceras. Há basicamente três tipos de tecido muscular: liso, estriado esquelético e
estriado cardíaco.

Músculo liso: o músculo involuntário localiza-se na pele, órgãos internos, aparelho


reprodutor, grandes vasos sanguíneos e aparelho excretor. O estímulo para a contração
dos músculos lisos é mediado pelo sistema nervoso vegetativo.

Músculo estriado esquelético: é inervado pelo sistema nervoso central e, como este se
encontra em parte sob controlo consciente, chama-se músculo voluntário. As
contracções do músculo-esquelético permitem os movimentos dos diversos ossos e
cartilagens do esqueleto.

Músculo cardíaco: este tipo de tecido muscular forma a maior parte do coração dos
vertebrados. O músculo cardíaco carece de controlo voluntário. É inervado pelo sistema
nervoso vegetativo.

Funções dos Músculos

 Flexibilidade.
 Elasticidade;
 Respiração;
42

 Regulação de temperatura;
 Proteção;
 Sustentação;

Musculatura Esquelética

O sistema muscular esquelético constitui a maior parte da musculatura do corpo,


formando o que se chama popularmente de carne. Essa musculatura recobre totalmente
o esqueleto e está presa aos ossos, sendo responsável pela movimentação corporal.

Os músculos esqueléticos estão revestidos por uma lâmina delgada de tecido


conjuntivo, o perimísio, que manda septos para o interior do músculo, septos dos quais
se derivam divisões sempre mais delgadas. O músculo fica assim dividido em feixes
(primários, secundários, terciários). O revestimento dos feixes menores (primários),
chamado endomísio, manda para o interior do músculo membranas delgadíssimas que
envolvem cada uma das fibras musculares. A fibra muscular é uma célula cilíndrica ou
prismática, longa, de 3 a 12 centímetros; o seu diâmetro é infinitamente menor, variando
de 20 a 100 mícrons (milésimos de milímetro), tendo um aspecto de filamento
fusiforme. No seu interior notam-se muitos núcleos, de modo que se tem a idéia de ser a
fibra constituída por várias células que perderam os seus limites, fundindo-se umas com
as outras.

Dessa forma, podemos dizer que um músculo-esquelético é um pacote formado por


longas fibras, que percorrem o músculo de ponta a ponta. No citoplasma da fibra
muscular esquelética há muitas miofibrilas contráteis, constituídas por filamentos
compostos por dois tipos principais de proteínas; a actina e a miosina.

Filamentos de actina e miosina dispostos regularmente originam um padrão bem


definido de estrias (faixas) transversais alternadas, claras e escuras. Essa estrutura existe
somente nas fibras que constituem os músculos esqueléticos, os quais são por isso
chamados músculos estriados. Em torno do conjunto de miofibrilas de uma fibra
muscular esquelética situa-se o retículo sarcoplasmático (retículo endoplasmático liso),
especializado no armazenamento de íons cálcio.
43

O tecido muscular possui quatro características principais que são importantes na


compreensão das suas funções:

 Excitabilidade: capacidade do tecido muscular de receber e responder a


estímulos.
 Contractilidade: capacidade do tecido de distender-se
 Extensibilidade: capacidade do tecido de distender-se
 Elasticidade: capacidade do tecido de voltar a sua forma após uma contracção
ou extensão.

Musculatura Lisa

A estriação não existe nos músculos viscerais, que se chamam, portanto, músculos lisos.
Os músculos viscerais são também constituídos de fibras fusiformes, mas muito mais
curtas do que as fibras musculares esqueléticas: têm, na verdade, um tamanho que varia
de 30 a 450 mícrons. Têm, além disso, um só núcleo e não são comandados pela
vontade, ou seja, sua contração é involuntária, além de lenta. As fibras lisas recebem,
também, vasos e nervos sensitivos e motores provenientes do sistema nervoso
autônomo.

Embora a contração do músculo liso também seja regulada pela concentração


intracelular de íons cálcio, a resposta da célula é diferente da dos músculos estriados.
Quando há uma excitação da membrana, os íons cálcio armazenados no retículo
sarcoplasmático são então liberados para o citoplasma e se ligam a uma proteína, a
calmodulina. Esse complexo ativa uma enzima que fosforila a miosina e permite que ela
se ligue à actina. A actina e a miosina interagem então praticamente da mesma forma
que nos músculos estriados, resultando então na contração muscular.

Musculatura Cardíaca

O tecido muscular cardíaco forma o músculo do coração (miocárdio). Apesar de


apresentar estrias transversais, suas fibras contraem-se independentemente da nossa
vontade, de forma rápida e rítmica, características estas, intermediárias entre os dois
outros tipos de tecido muscular As fibras que formam o tecido muscular estriado
44

cardíaco dispõem-se em feixes bem compactos, dando a impressão, ao microscópio


óptico comum, de que não há limite entre as fibras. Entretanto, ao microscópio
eletrônico podemos notar que suas fibras são alongadas e unidas entre si através de
delgadas membranas celulares, formando os chamados discos intercalares, típicos da
musculatura cardíaca.

A contração muscular segue praticamente os mesmos passos da contração no músculo


estriado esquelético , com algumas diferenças :

 Os túbulos T são mais largos que os do músculo esquelético;


 O retículo sarcoplasmático menor;
 As células musculares cardíacas possuem reservas intracelulares de íons cálcio
mais limitada;
 Tanto o cálcio intracelular quanto o extracelular estão envolvidos na contração
cardíaca: o influxo de cálcio externo age como desencadeador da liberação do
cálcio armazenado na luz do retículo sarcoplasmático, provocando a contração
ao atingir as miofibrilas e levando ao relaxamento ao serem bombeados de volta
para o retículo.
45
46

Um músculo estriado esquelético típico é formado por um ventre ou porção média e


duas extremidades.

Porção Média: é vermelha viva no vivente, (conhecida popularmente como carne), é


carnosa, e recebe o nome de ventre muscular. Nesta porção são predominantes as fibras
musculares, portanto é a parte ativa do músculo, ou seja, a parte contrátil.

Extremidades: cilindroides ou em forma de fita, chamados de tendões, formados por


tecido conjuntivo, nos quais os músculos se inserem nos ossos ou nos outros órgãos.
Terminações ou origens musculares laminares e em forma de leque são denominadas
aponeuroses. Estes dois componentes possuem cor esbranquiçada e brilhante, são finas
e delgadas, praticamente inextensíveis, porém muito resistentes e servem para fixar o
músculo ao esqueleto.

Devemos observar algumas exceções quanto às definições acima: nem sempre os


tendões ou aponeuroses se prendem ao esqueleto, podendo fazê-lo em outros elementos,
como, cartilagem, septos intermusculares, derme, tendão de outro músculo, cápsulas
articulares dentre outros.
47

Para que haja movimento, os músculos estriados normalmente firmam-se em duas


extremidades:

Origem: imóvel presa à peça óssea que não se desloca.

Inserção: móvel, presa à peça óssea que se desloca.

Os músculos estriados esqueléticos ainda têm a fáscia muscular, que é uma lâmina de
tecido conjuntivo que reveste externamente cada músculo. Sua espessura varia de
músculo para músculo, dependendo da sua função. A fáscia muscular envolve as fibras
musculares mantendo-as juntas, permitindo o fácil deslizamento dos músculos entre sim
durante a contração muscular.

1. Linha de acção do músculo


2. Braço de alavanca virtual do
músculo
3. Eixo de rotação da articulação

Os músculos são classificados de várias formas, como: quanto à situação, quanto ao


movimento, quanto à forma, quanto à disposição das fibras, e quanto à função:

 Quanto à Situação temos

Os Músculos Superficiais ou Cutâneos: são os músculos que se encontram logo


abaixo da pele, onde devem apresentar no mínimo uma de suas inserções na camada
profunda da pele. Podemos encontrá-los no crânio e na face, no pescoço e na região
hipotênar da mão.
48

Os Músculos Profundos ou Subaponeuróticos: este grupo de músculos não apresenta


inserções na camada profunda da pele, insere-se na maioria das vezes nos ossos. Sua
localização se dá logo abaixo da fáscia (Membrana ou lâmina fibrosa que envolve os
músculos ou regiões anatômicas) superficial.

 Quanto ao Movimento

Devemos ter em mente que nesta classificação esses movimentos são provocados pela
contração muscular:

Músculos Flexores: são músculos que permitem o fechamento das articulações.

Músculos Extensores: são músculos responsáveis pela abertura das articulações.

Músculos Rotadores: esses músculos agem para estabilizar as articulações.

Músculos Abdutores: esse grupo de músculos auxilia no afastamento das articulações a


um plano mediano.

Músculos Adutores: os músculos adutores auxiliam na aproximação das articulações a


um plano mediano

Comentário [P01]: Professores!


Sugerimos que colquem a imagem embaixo
da outra caso seja possiveél, de forma a
m. flexor superficial do Músculos facilitar a impreensão do material.
braço
extensores
m. flexor profundo  Dedos
dos dedos  Do punho
m. flexor flexor  Polegar
longo do
polegar
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 Quanto à Forma do Ventre classificam-se:

Músculo Longo: O comprimento predomina sobre a largura e esta permanece mais ou


menos constante em todo o músculo. Está localizado mais superficialmente e seu
comprimento pode passar duas ou mais articulações. Podemos citar como exemplo o
músculo bíceps braquial

Músculo Largo: o comprimento e a largura se equivalem. Este tipo de músculo é


encontrado nas paredes das grandes cavidades, como tórax e abdome, podemos citar o
músculo diafragma, o subescapular

Músculo Curto: este tipo de músculo é encontrado nas articulações, seu movimento
tem pouca amplitude, fato que não exclui sua força e nem especialização, podemos citar
os músculos da mão.
50

 Quanto à Disposição da Fibra Muscular:

Transverso: encontra-se perpendicular à linha média e podemos citar como exemplo o


músculo transverso abdominal.

Reto: apresenta-se paralelo à linha média e podemos citar como exemplo o músculo
reto abdominal.

Obliquo: apresenta-se diagonalmente à linha média, exemplo desse músculo temos o


oblíquo externo.

 Quanto à Função

Na realização de algum movimento, são envolvidos vários músculos além daquele


diretamente responsável pelo mesmo. São os seguintes:
51

Músculo Agonista: agente principal de um movimento, esse músculo se contrai


ativamente para produzir um movimento desejado. Ex.: músculos flexores dos dedos,
quando apertamos a mão de uma pessoa.

Músculo Antagonista: quando um músculo se opõe ao trabalho de um agonista,


regulando força e velocidade do movimento. Ex.: músculos extensores dos dedos, não
deixando apertar com força nem rapidez a mão da pessoa.

Músculo Sinergista: músculo que tem função de estabilizar as articulações para que
não ocorram movimentos indesejáveis durante uma ação normal. Ex.: um dos músculos
sinergista do movimento de abdução da coxa é o reto femoral.

Músculos Fixadores ou Posturais: sua atuação não está diretamente relacionada ao


movimento, mas sim na fixação de um segmento do corpo para permitir um apoio
básico nos movimentos executados por outros músculos.

A inervação dos músculos esqueléticos ocorre no sistema nervoso central que envia
através dos nervos o comando para que haja a contração dos músculos. Algumas lesões
ou cortes nestes nervos deixam o músculo sem movimento, causando sua atrofia, que é
a diminuição da massa muscular pelo desuso.

Sabemos que os músculos são estruturas que contêm uma grande rede vascular que os
nutrem de sangue arterial, abastecendo-os de oxigênio e nutrientes, necessários ao seu
dispêndio de energia com o trabalho muscular. Para efeito de informação destacamos
aqui o porquê da aplicação de medicamentos por via intramuscular. O músculo funciona
como um depósito da substância nele injetada e que aos poucos vai sendo absorvida
pela presença da grande rede vascular nele contido.

Vale ressaltar também que nem todos os músculos podem receber medicamentos
injetáveis, por localizarem-se próximos a nervos e por não terem boa quantidade de
tecido carnoso. Os músculos mais utilizados atualmente para injeções são o deltoide, na
face lateral do ombro para pequenas quantidades de substancia injetada (até 3 ml ou
menos), substâncias irritantes no deltoide não pode ultrapassar os 2ml e o glúteo
(nádegas) para injeções até 5ml.
52

PRINCIPAIS MÚSCULOS DO CRÂNIO E DO PESCOÇO.

● Músculo Occipitofrontal (Ventre frontal) Função: responsável por franzir a fronte e


elevar as sobrancelhas.

● Músculo Occipitofrontal (Ventre occipital) Função: responsável por franzir a fronte e


elevar as sobrancelhas.

● Músculo Orbicular do Olho (Parte palpebral) Função: é responsável por fechar as


pálpebras suavemente.

● Músculo Orbicular dos Olhos (Parte orbital) Função: tem como função fechar as
pálpebras de maneira forçada
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● Músculo Prócero Função: responsável por tracionar para baixo o ângulo medial das
sobrancelhas, produzindo rugas transversais sobre o nariz.

● Músculo Orbicular da Boca Função: tem como função fechar os lábios e fazer
protrusão (biquinho) dos lábios.

● Músculo Abaixador do Ângulo da Boca. Função: responsável por tracionar o ângulo


da boca para baixo e lateralmente.

● Músculo Risório Função: tem como função retrair o ângulo da boca.

● Músculo Zigomático Maior. Função: tem como função tracionar o ângulo da boca
para cima e lateralmente.

● Músculo Zigomático Menor. Função: tem como função tracionar (repuxar, puxar,
mover) o lábio superior para cima.

● Músculo Bucinador. Função: sua função é comprimir as bochechas contra os dentes,


comprime as bochechas distendidas. .

● Músculo Platisma ou Cutâneo do Pescoço Função: tem como função tracionar o lábio
inferior e o ângulo bucal, abrindo parcialmente a boca (expressão de espanto). Puxa a
pele sobre a clavícula em direção a mandíbula.

● Músculo Masseter. Função: sua função é a elevação da mandíbula.

● Músculo Temporal.. Função: sua função é a elevação da mandíbula.

● Músculo Esternocleidomastoideo. Função: sua função quando age individualmente é


inclinar a cabeça para o ombro no mesmo lado, rodando a cabeça para voltar à face para
o lado oposto e em conjunto com outros músculos move a cabeça para frente.

● Músculo Trapézio. Função: sua função é auxiliar na rotação da escápula durante a


abdução do úmero acima da horizontal, as fibras superiores elevação da escápula, as
fibras médias responsáveis pela adução e as fibras inferiores são responsáveis pela
depressão da escápula.
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● Músculo Esplênio da Cabeça. Função: sua função em conjunto com outros músculos
da região move a cabeça para trás, e individualmente movem e rodam a cabeça para o
lado, virando a face para o mesmo lado.

● Músculo Levantador das Escápulas. Função: sua função é a elevação da escápula.

● Músculo Escaleno Anterior, Médio e Posterior. Função: o escaleno anterior tem


como função a elevação da primeira costela e inclinação homolateral do pescoço, ação
inspiratória. O escaleno médio sua função também é elevar a primeira costela e
inclinação h omolateral do pescoço, ação inspiratória e o escaleno posterior sua função é
a elevação da segunda costela e inclinação homolateral do pescoço, ação inspiratória.

● Músculo Reto Anterior da Cabeça Função: tem como função flexionar a cabeça na
articulação atlanto-occipital.

● Músculo Reto Lateral da Cabeça. Função: tem como função flexionar a cabeça
lateralmente para o mesmo lado.
55
56

PRINCIPAIS MÚSCULOS DO TRONCO

Abordaremos neste item os principais e mais superficiais músculos do tronco, músculos


estes que fazem parte do dorso, da coluna vertebral, do tórax e da parede do abdome.
Sabemos que os músculos do tronco têm ações variadas, dependendo de sua localização.
Será demonstrado que alguns músculos movimentam a coluna, outros participam dos
movimentos da cabeça, outros estão envolvidos nos movimentos respiratórios, outros
participam dos movimentos dos membros superiores e assim por diante.

Os músculos do dorso são classificados como intrínsecos ou extrínsecos, com base na


sua origem embrionária e inervação. Os músculos intrínsecos são profundos e são
inervados pelos ramos posteriores dos nervos espinais, quanto aos extrínsecos estão
envolvidos com os movimentos dos membros superiores e da parede torácica, são
inervados por ramos anteriores e nervos espinais. Vamos estudá-los então? Relação dos
Principais Músculos do Tronco (Coluna Vertebral, Tórax e Abdome).
57

COLUNA VERTEBRAL

● Músculo Iliocostal Lombar,Torácico e Cervical Função: tem como função estender a


coluna vertebral e a inclinam lateralmente.

● Músculo Longuíssimo do Tórax, Pescoço e Cabeça Função: estendem a coluna


vertebral e a cabeça; roda para o mesmo lado.

● Músculo Iliocostal Lombar, Torácico e Cervical Função: tem como função estender a
coluna vertebral.

● Músculo Esplênio da Cabeça e do Pescoço Função: atuando juntos estendem a


cabeça e o pescoço; atuando isoladamente, abduzem e rodam a cabeça para o mesmo
lado.

● Músculo Semi-espinal do Tórax, do Pescoço e da Cabeça Função: tem como função


estender a coluna vertebral e a cabeça; faz rotação para o lado oposto.

● Músculo Escaleno Origem: Função: flexiona e roda o pescoço; auxilia na inspiração.

● Músculo Peitoral Maior Função: adução, rotação medial e flexão do úmero no


ombro.

● Músculo Peitoral Menor.Função: sua função é baixar a ponta do ombro e protração


(ato de puxar uma parte do corpo para frente) da escápula.

● Músculo Diafragma Origem: origina-se no processo xifoide, face interna das seis
últimas costelas e vértebras lombares.

Função: a sua função principal é a inspiratória, diminuindo dessa forma a pressão


interna da caixa torácica permitindo a entrada do ar nos pulmões, estabilização da
coluna vertebral e expulsões como o vômito, o parto, a micção e a defecação.

Alguns autores consideram o músculo diafragma como sendo um músculo do abdome


superior por sua localização formar o limite da região abdominal posterior, separando
dessa forma a cavidade abdominal da cavidade torácica.
58

● Músculos Intercostais Externos Função: sua função é puxar as costelas


conjuntamente, auxiliando na respiração.

● Músculos Intercostais Internos Função: puxam as costelas conjuntamente, auxiliando


na respiração.

● Músculo Transverso do Tórax Função: tem como função puxar a porção anterior da
caixa torácica para baixo, auxiliando a expiração.
59

PAREDE ABDOMINAL

● Músculo Oblíquo Externo do Abdome Função: tem como função comprimir a


cavidade abdominopélvica, auxilia na flexão e rotação da coluna vertebral.

● Músculo Oblíquo Interno do Abdome Função: tem como função comprimir a


cavidade abdominopélvica, auxilia na flexão e rotação da coluna vertebral.

● Músculo Transverso do Abdome. Função: tem como função comprimir a cavidade


abdominopélvica.

● Músculo Reto do Abdome. Função: tem como função comprimir o conteúdo


abdominal, flexionar a coluna vertebral e tensionar a parede abdominal.

● Músculo Quadrado Lombar. Função: tem como função puxar a caixa torácica em
direção à pelve, inclinar a coluna vertebral lateralmente para o lado que está sendo
contraído.
60

● Músculo Piramidal Origem: Função: tem como função tracionar a linha Alba.

● Músculo Psoas Maior Função: tem como função a flexão da coxa e articulação do
quadril.

● Músculo Psoas Menor. Função: tem como função a flexão sutil da coluna vertebral
lombar.

● Músculo Ilíaco. Função: tem como função a flexão da coxa e da articulação do


quadril.
61

PAREDE PÉLVICA

● Músculo Obturado Interno Função: tem como função a rotação lateral da articulação
do quadril estendida e a abdução do quadril flexionado.

● Músculo Piriforme Função: tem como função a rotação lateral do quadril estendida e
a abdução do quadril flexionado.

Observação: os músculos do diafragma pélvico, os músculos da região profunda do


períneo, os músculos do triângulo anal e os demais músculos dessa região não serão
abordados neste estudo por se tratarem de músculos profundos e nossa proposta aqui foi
apenas abordar os principais músculos mais superficiais de cada região corporal. Mas
você estudante não deverá se deter apenas nestas informações, se fará necessário que
procure aprimorar seus conhecimentos sobre estas estruturas tão importantes em outras
literaturas especializadas
62

PRINCIPAIS MÚSCULOS DOS MEMBROS SUPERIORES

OMBRO

● Músculo Trapézio Função: sua função é levantar a escápula, rodar a escápula durante
abdução horizontal do úmero, suas fibras médias retraem a escápula e as fibras mais
baixas abaixam a escápula.

● Músculo Deltoide Função: tem como função abduzir o braço além dos 15° iniciais
determinados pelo supra-espinal (principal abdutor do braço), suas fibras claviculares
auxiliam na flexão do braço, as fibras posteriores auxiliam na extensão.

● Músculo Levantador da Escápula. Função: tem como função levantar a escápula.

● Músculo Romboide Maior Função: Tem como função levantar e retrair a escápula.

● Músculo Romboide Menor Função: tem como função levantar e retrair a escápula
63
64

REGIÃO ESCAPULAR

● Músculo Supraespinhal. Função: tem como função abduzir o braço com discreta
rotação lateral.

● Músculo Infraespinhal. Função: tem como função rodar lateralmente o braço com
discreta adução.

● Músculo Redondo Menor. Função: tem como função rodar lateralmente o braço,
aduzir fracamente e estender o braço.

● Músculo Redondo Maior: Função: tem como função aduzir, estender e rodar o braço
medialmente.

● Músculo Cabeça Longo do Tríceps Braquial. Função: tem como função a extensão do
antebraço na articulação do cotovelo, adutor acessório e extensor do braço na
articulação do ombro

● Músculo Peitoral Maior. Função: tem como função a flexão, adução e rotação medial
do braço na articulação do ombro, a parte clavicular é responsável pela flexão do braço
estendido, a parte esternocostal responsável pela extensão do braço fletido.

● Músculo Subclávio. Função: tem como função estabilizar e baixar o cíngulo


peitoral…

● Músculo Serrátil Anterior. Função: tem como função estabilizar e baixar o cíngulo
peitoral.

● Músculo Subescapular. Função: é o músculo do manguito rotador e tem como função


a rotação média do braço na articulação do ombro.

● Músculo Latíssimo do Dorso. Função: tem como função a adução, rotação medial e
extensão do braço na articulação do ombro.

● Músculo Bíceps Braquial: Função: tem como função flexionar o antebraço na


articulação do cotovelo e supinador do antebraço, flexor acessório do braço na
articulação do ombro.
65

● Músculo Braquial Origem: origina-se na região anterior do úmero (faces medial e


lateral) e septo intermuscular adjacente. Inserção: insere-se na tuberosidade da ulna.
Inervação: inervado pelo nervo musculocutâneo. Função: sua função é flexionar o
antebraço na articulação do cotovelo (poderoso flexor).

● Músculo Tríceps Braquial. Função: tem como função a extensão do antebraço na


articulação do cotovelo. A cabeça longa também pode estender e aduzir o braço na
articulação do ombro.

● Músculo Braquiorradial. Função: tem como função flexionar o antebraço.

● Músculo Anconeo. Função: tem como função estender o antebraço.

● Músculo Pronador Quadrado Origem: origina-se na crista linear na face anterior distal
da ulna. Inserção: insere-se na face anterior distal do osso rádio. Inervação: inervado
pelo nervo mediano (ramo interósseo anterior).

Pronação: movimento de rotação da mão em que o polegar vai colocar-se junto ao


corpo. Rotação do pé de modo a baixar sua borda medial.

● Músculo Flexor Ulnar do Carpo. Função: sua função é flexionar e aduzir a mão.

● Músculo Palmar Longo. Função: sua função é flexionar a articulação do punho,


devido à aponeurose palmar ancorar na pele da mão, a contração do músculo resiste a
forças de cisalhamento durante a pegada.

● Músculo Flexor Radial do Carpo. Função: sua função é flexionar e abduzir a mão,
auxiliar na flexão e pronação do antebraço.

● Músculo Pronador Redondo. Função: sua função é a pronação e flexão discreta do


antebraço.

● Músculo Flexor Superficial dos Dedos. Função: sua função é flexionar as


articulações interfalângicas distais dos dedos indicador, médio, anular e mínimo como
também pode fletir as articulações metacarpofalângicas dos mesmos dedos e a
articulação do punho.
66

● Músculo Flexor Profundo dos Dedos. Função: sua função é flexionar e abduzir a mão,
auxiliar na flexão e pronação do antebraço.

● Músculo Flexor Longo do Polegar. Função: tem como função a flexão das
articulações interfalângicas do polegar, como também pode fletir as articulações
metacarpofalângicas do polegar.

Obs.: alguns músculos mais profundos do antebraço e da mão como citamos


anteriormente no estudo dos músculos do tronco, não serão abordados neste estudo por
se tratarem de músculos profundos e nossa proposta aqui foi apenas abordar os grupos
principais de cada região corporal. Mas você estudante não deverá se deter apenas
nestas informações, se fará necessário que procure aprimorar seus conhecimentos sobre
estas estruturas tão importantes em outras literaturas especializadas.

PRINCIPAIS MÚSCULOS DOS MEMBROS INFERIORES

Visualizaremos aqui os principais e mais superficiais músculos dos membros inferiores,


e quando comparados com os músculos dos membros superiores estes são bem
volumosos e mais poderosos.

Muitos dos músculos dos membros inferiores são usados na manutenção da postura
ereta e por isso, devem resistir constantemente à força da gravidade. Os músculos dos
membros inferiores estão divididos em quatro segmentos: quadril, coxa, perna e pé.
Relação dos Principais Músculos dos Membros Inferiores

Quadril: é a projeção óssea do fêmur, conhecida como trocânter maior.

● Músculo Glúteo Máximo. Função: tem como função estender e rodar lateralmente a
coxa.

● Músculo Glúteo Médio. Função: atua na abdução e rotação medial da coxa.

● Músculo Glúteo Mínimo. Função: tem como função abduzir e rodar medialmente a
coxa.

● Músculo Piriforme. Função: roda a coxa lateralmente, auxilia na extensão e na


abdução da coxa.
67

● Músculo Gêmeo Superior. Função: sua função é rodar lateralmente a coxa.

● Músculo Obturador Externo. Função: sua função é rodar lateralmente a coxa.

● Músculo Quadrado Femoral. Função: sua função é rotacionar lateralmente e aduzir a


coxa.
68
69

COXA

● Músculo Tensor da Fáscia Lata. Função: sua função é tracionar a fáscia lata, auxiliar
na flexão, abdução e rotação medial da coxa.

● Músculo Sartório. Função: sua função é flexionar a coxa e a perna, rodar lateralmente
a coxa.
70

● Músculo Quadríceps Femoral. Função: estes quatros músculos juntos fazem a


extensão da perna, enquanto o reto ainda participa da flexão da coxa.

● Músculo Bíceps Femoral. Função: sua função é flexionar a perna e a cabeça longa
estende a coxa.

● Músculo Semitendíneo. Função: sua função é flexionar a perna e estender a coxa.

● Músculo Semimembranáceo. Função: sua função é flexionar a perna e estender a


coxa.

● Músculo Grácil: Função: sua função de aduzir e flexionar a coxa.

● Músculo Pectíneo: Função: sua função é flexionar o quadril e aduzir a coxa.

● Músculo Adutor Longo, Adutor Curto e Adutor Magno Função: estes músculos têm
a função de aduzirem e rodarem lateralmente a coxa.
71

PERNA E PÉ

● Músculo Tibial Anterior. Função: sua função é de dorsiflexão e inversão do pé.

● Músculo Extensor Longo dos Dedos Função: sua função é de dorsiflexão e eversão
do pé, estende os dedos.

● Músculo Fibular Terceiro. Função: sua função é de dorsiflexão e eversão do pé.

● Músculo Fibular Longo. Função: sua função é de flexão plantar e eversão do pé.

● Músculo Fibular Curto. Função: sua função é de flexão plantar e eversão do pé.

● Músculo Gastrocnêmio Medial. Função: sua função é de flexão da perna e flexão


plantar do pé.

● Músculo Sóleo. Função: sua função é de flexão plantar do pé.

● Músculo Plantar. Função: sua função é de flexão da perna e flexão plantar do pé.
72

● Músculo Poplíteo. Função: sua função é de flexionar e rodar a perna medialmente.

● Músculo Flexor Longo dos Dedos. Função: sua função é de flexionar os dedos,
realizar flexão plantar e inversão do pé.

● Músculo Tibial Posterior. Função: sua função é de flexão plantar e inversão do pé.

● Músculo Adutor do Hálux. Função: sua função é de aduzir o hálux.

● Músculo Flexor Curto dos Dedos. Função: sua função é de flexão do 2° ao 5° dedos.

● Músculo Quadrado Plantar. Função: Sua função é de auxiliar na flexão do 2° ao 5°


dedos, reforçando a tração do flexor longo dos dedos.

● Músculo Extensor Curto dos Dedos. Função: sua função é de estender os dedos do pé,
do 1° ao 4°.

Obs: alguns músculos mais profundos dos membros inferiores, como citamos
anteriormente, não serão abordados neste estudo por se tratar de músculos profundos e
nossa proposta aqui foi apenas abordar os principais e mais superficiais de cada região
corporal. Mas, você estudante não deverá se prender apenas nestas informações, se fará
necessário que procure aprimorar seus conhecimentos sobre estas estruturas tão
importantes em outras literaturas especializadas
73

2.3. CARTILAGENS

O tecido cartilaginoso é um tipo especializado de tecido conjuntivo originado do


mesênquima. Esse tecido é constituído por dois tipos celulares (condrócitos e
condroblastos) e um material extracelular, denominada matriz. O tecido cartilaginoso
tem uma consistência rígida e apresenta as funções de sustentação de tecidos moles,
revestimento das articulações, entre outras. É classificado em três tipos: cartilagem
hialina, elástica e fibrosa.

Funções do tecido cartilaginoso

O tecido cartilaginoso apresenta funções ligadas principalmente à sustentação, como


conferir a sustentação de tecidos moles; revestimento das articulações, facilitando o
deslizamento e absorvendo choques; constituição do esqueleto temporário de
embriões; formação e crescimento de ossos longos.
74

Uma das funções do tecido cartilaginoso é revestir articulações, de forma a facilitar o


deslizamento e amortecer choques.

Constituição do tecido cartilaginoso

O tecido cartilaginoso possui dois tipos celulares, os condrócitos e os condroblastos, e


uma matriz.

A matriz é constituída por colágeno, além de macromoléculas de proteoglicanos, ácido


hialurônico e glicoproteínas. A matriz também apresenta uma grande quantidade de
moléculas de água ligadas a glicosaminoglicanos, denominadas água de solvatação,
atuando na absorção de choques.

Os condroblastos são células precursoras dos condrócitos e secretoras da matriz


cartilaginosa. Eles são alongados, suas membranas apresentam curtos microvilos,
possuem um grande núcleo, além de um retículo endoplasmático rugoso e complexo
golgiense bem desenvolvidos. Eles se originam a partir de células mesenquimáticas que
se diferenciam, passando a secretar a matriz cartilaginosa. Quando essas células
encontram-se circundadas pela matriz, eles passam a ser chamados de condrócitos. O
espaço entre a célula e a matriz é denominado lacuna.

Os condrócitos são células arredondadas, com um núcleo ovoide, apresentam retículo


endoplasmático e complexo golgiense bem desenvolvidos e poucas mitocôndrias. Além
disso, suas membranas também apresentam microvilos. Em seu citoplasma, podem ser
observados também acúmulo de lipídios e reserva de glicogênio. Essas células podem
dividir-se e formar grupos com até oito células dentro da lacuna, denominados grupos
isógenos.

O tecido cartilaginoso não apresenta vasos sanguíneos, linfáticos ou nervos. Como


o tecido cartilaginoso não é vascularizado, sua nutrição, oxigenação e remoção de
resíduos metabólicos são realizadas pelo pericôndrio, uma camada de tecido conjuntivo
que envolve as cartilagens (exceto as cartilagens fibrosas e articulares).
75

O pericôndrio apresenta nervos e vasos sanguíneos, bem como células semelhantes a


fibroblastos, os quais se diferenciam em condroblastos, permitindo um crescimento da
cartilagem (crescimento aposicional). Nas cartilagens de ossos presentes em
articulações móveis, a nutrição ocorre por meio do líquido sinovial.

Classificação do tecido cartilaginoso

O tecido cartilaginoso pode ser classificado, de acordo com sua constituição, em três
tipos:
1. Cartilagem hialina: é a cartilagem mais comum no organismo. Ela apresenta
cor branco-azulada e translúcida e sua matriz é constituída principalmente por
colágeno tipo II, além de ácido hialurônico, glicoproteínas e proteoglicanos. A
cartilagem hialina é encontrada constituindo o esqueleto de embriões e, no
adulto, é encontrada na traqueia, fossas nasais, brônquios, articulação de ossos
longos e extremidade das costelas. É importante destacar a sua presença no disco
epifisário, responsável pelo crescimento dos ossos longos.

2. Cartilagem elástica: apresenta uma cor amarelada e é constituída por uma grande
quantidade de fibras elásticas e poucas fibrilas colágenas do tipo II. A cartilagem
elástica é encontrada no pavilhão auditivo, tuba auditiva, laringe e epiglote.

2. Cartilagem fibrosa: é constituída por fibras colágenas do tipo I, apresenta


menos ácido hialurônico, proteoglicanos e glicoproteínas, além de ser a
cartilagem mais resistente. Suas fibras colágenas formam feixes, e seus
condrócitos apresentam-se dispostos em fileiras. Diferentemente das cartilagens
anteriores, essa não apresenta pericôndrio. Assim, sua nutrição ocorre por meio
do tecido conjuntivo denso ao qual ela está ligada. A cartilagem fibrosa pode ser
encontrada em pontos de inserção entre tendões e ligamentos nos ossos, na
sínfise púbica e nos discos intervertebrais.
76

2.4.ARTICULAÇÕES

Chama-se de articulações ao conjunto de elementos pelos quais os ossos se unem uns


aos outros. As articulações são classificadas em função da sua estrutura e grau de
mobilidade. O estudo das articulações chama-se artrologia.

Distinguem-se três tipos de articulações:

As sinartroses

São aquelas que unem de forma contínua os ossos entre si. Os meios de união são de
natureza diversa. Trata-se de articulações sem mobilidade (sutura dos ossos do crânio e
sínfise púbica).

As articulações sinartroses dividende em:

 Sindesmoses: articulação entre a tíbia e o perónio


 Suturas: ossos do crânio
 Gonfoses: dentes

As anfiartroses

São aquelas que unem de forma descontínua os ossos entre si. São as articulações
semimóveis que apresentam superfícies articulares, uma cápsula articular, ligamentos,
mas não uma cápusla sinovial (disco intervertebral).

As articulações anfiartroses podem ser:

 Sircondroses: ocorre entre o osso esterno e a cartilagem costal


 Sínfisis: discos intervertebrais

As diartroses

São aquelas que unem os ossos entre si de forma descontínua. São articulações móveis
que apresentam superfícies articulares, uma cápsula articular, ligamentos e igualmente
uma cápsula sinovial. São também chamadas articulações sinoviais e, por vezes
articulações verdadeiras, pois permitem a a maioria dos movimentos que fazemos
77

(ombro ou articulação escapuloumeral, anca ou articulação coxofemoral, joelho,


cotuvelo, pulso etc.)

Distinguem-se cinco elementos na constituição de uma articulação móvel:

 As superfícies articulares (cabeça femoral e cótilos, cabeça umeral e glena etc).


 A cápsula articular, que é um invólucro fixo nas superfícies articulares perto da
região recoberta de cartilagem.
 A cápsula sinovial, que segrega o líquido sinovial e facilita o deslizamento das
superfícies articulares umas em relação as outras;
 Os ligamentos, que são feixes de fibras muito resistentes que têm por funções
reforçar, em determinados locais, a cápsula articular;
78

Depois da consideração dos tópicos ora analisados, responda as questões que se


seguem:

1. Definia o conceito do sistema osteo-muscular?


2. Quais são as células que fazem parte do tecido ósseo, e as suas funções?
3. Fale da estrutura óssea?
4. Como está dividido o esqueleto humano?
5. Identifique nos ossos longos a onde se localiza a medula óssea vermelha e
amarela e suas funções?
6. Classifique os ossos quanto a forma?
7. Enumere as funções dos ossos?
8. Fale da constituição dos músculos?
9. Mencione os tipos de músculos?
10. Quais são as funções dos músculos?
11. Quantos litros de água o atleta perde durante 90 minutos de jogo?
12. Como está constituídas as cartilagens?
13. Identifique os tipos de cartilagens?
14. Defina as articulações?
15. Classifique as articulações quanto a forma?
16. Classifique as articulações quanto a função?
17. Descrever os movimentos simples e complexos?
79

UNIDADE III. SISTEMA CIRCULATÓRIO

Objectivos específicos

No final desta unidade, o aluno deverá ser capaz de:

1. Definir o Sistema circulatório


2. Descrever a constituição das características gerais e funções de: Coração e vasos
sanguíneos
3. Enumerar a constituição das características gerais e funções: Sangue e grupo
sanguíneo
4. Descrever a constituição das características gerais e funções da linfa.

Subtemas:

3.1. Conceito

3.2. Constituição, características gerais, funções

 Coração
 Vasos sanguíneos
 Sangue e
 Linfa

Componentes do Sistema Cardiovascular

Os principais componentes do sistema circulatório são: coração, vasos sanguíneos,


sangue, vasos linfáticos e linfa.
80

Coração

O coração é um órgão muscular oco que se localiza no meio do peito, sob o osso
esterno, ligeiramente deslocado para a esquerda. Em uma pessoa adulta, tem o tamanho
aproximado de um punho fechado e pesa cerca de 400 gramas.

O coração humano, como o dos demais mamíferos, apresenta quatro cavidades: duas
superiores, denominadas átrios (ou aurículas) e duas inferiores, denominadas
ventrículos. O átrio direito comunica-se com o ventrículo direito através da válvula
tricúspide. O átrio esquerdo, por sua vez, comunica-se com o ventrículo esquerdo
através da válvula bicúspide ou mitral.A função das válvulas cardíacas é garantir que o
sangue siga uma única direcção, sempre dos átrios para os ventrículos.

As câmaras cardíacas contraem-se e dilatam-se alternadamente 70 vezes por minuto, em


média. O processo de contração de cada câmara do miocárdio (músculo cardíaco)
denomina-se sístole. O relaxamento, que acontece entre uma sístole e a seguinte, é a
diástole.

O coração é o órgão responsável pelo bombeamento do sangue através do corpo. É um


órgão muscular, oco, situado na porção mediastinal da cavidade torácica, entre o osso
esterno e a coluna vertebral, abraçado pelos pulmões e acima do diafragma. Está
disposto obliquamente e seu ápice mais inclinado para o lado esquerdo do plano
81

mediano. O ápice do coração, situado na região inferior, é mais lateral, enquanto a base
é medial. Na base do coração estão os grandes vasos que chegam e saem deste órgão.

O coração consegue bombear o sangue devido à força de contração do músculo


cardíaco, o miocárdio, o qual é revestido externamente por uma serosa protetora
denominada pericárdio.

O pericárdio é uma estrutura sacolar fibroserosa localizada em torno do coração e das


raízes dos grandes vasos. Este é constituído por dois componentes, o pericárdio fibroso
e o pericárdio seroso.

O pericárdio fibroso é percebido como uma camada externa de tecido conjuntivo denso
que define os limites do mediastino médio. O pericárdio seroso apresenta-se fino e
consiste em duas partes:

 A camada parietal, que é responsável pelo revestimento interno do pericárdio


fibroso.
 A camada visceral do pericárdio seroso, que adere ao coração e forma sua
cobertura externa. Esta camada é também denominada epicárdio.

Entre as duas camadas do pericárdio existe a cavidade pericárdica, preenchida pelo


líquido pericárdico, o qual possibilita o deslizamento de uma camada sobre a outra no
momento dos batimentos cardíacos. Internamente ao miocárdio, encontra-se o
endocárdio, que é formado por uma fina camada de tecido epitelial e reveste todas as
estruturas internas do coração, incluindo as artérias e as veias.

Internamente, o coração é dividido em quatro câmaras (dois átrios e dois ventrículos)


separadas pelo septo atrioventricular. A comunicação entre átrios e ventrículos ocorre
devido aos óstios atrioventriculares, cada um com suas valvas. As valvas impedem a
passagem aleatória de sangue entre as câmaras do coração, controlando por meio dos
músculos papilares o fluxo unidirecional do átrio para o ventrículo, evitando o retorno
sanguíneo quando ocorre a contração do ventrículo.

As valvas subdividem-se e passam a ser denominadas válvulas ou cúspides. Do lado


direito do coração, a valva entre o átrio e ventrículo apresenta três cúspides, sendo
82

chamada de valva tricúspide. Na porção esquerda, a valva atrioventricular esquerda se


divide em duas válvulas e é denominada de valva bicúspide ou mitral.

Actividade electrica do coração

Nódulo sinoatrial (SA) ou marcapasso ou nó sino-atrial: região especial do coração,


que controla a freqüência cardíaca. Localiza-se perto da junção entre o átrio direito e a
83

veia cava superior e é constituído por um aglomerado de células musculares


especializadas. A freqüência rítmica dessa fibras musculares é de aproximadamente 72
contrações por minuto, enquanto o músculo atrial se contrai cerca de 60 vezes por
minuto e o músculo ventricular, cerca de 20 vezes por minuto. Devido ao fato do nódulo
sinoatrial possuir uma freqüência rítmica mais rápida em relação às outras partes do
coração, os impulsos originados do nódulo SA espalham-se para os átrios e ventrículos,
estimulando essas áreas tão rapidamente, de modo que o ritmo do nódulo SA torna-se o
ritmo de todo o coração; por isso é chamado marcapasso.

Sistema De Purkinje ou fascículo átrio-ventricular: embora o impulso cardíaco


possa percorrer perfeitamente todas as fibras musculares cardíacas, o coração possui um
sistema especial de condução denominado sistema de Purkinje ou fascículo
átrioventricular, composto de fibras musculares cardíacas especializadas, ou fibras de
Purkinje (Feixe de Hiss ou miócitos átrio-ventriculares), que transmitem os impulsos
com uma velocidade aproximadamente 6 vezes maior do que o músculo cardíaco
normal, cerca de 2 m por segundo, em contraste com 0,3 m por segundo no músculo
cardíaco.

Controle nervoso do coração

Embora o coração possua seus próprios sistemas intrínsecos de controlo e possa


continuar a operar, sem quaisquer influências nervosas, a eficácia da ação cardíaca pode
ser muito modificada pelos impulsos reguladores do sistema nervoso central. O sistema
nervoso é conectado com o coração através de dois grupos diferentes de nervos, os
sistemas parassimpático e simpático.

A estimulação dos nervos parassimpáticos causa os seguintes efeitos sobre o


coração:
 Diminuição da freqüência dos batimentos cardíacos;
 Diminuição da força de contração do músculo atrial;
 Diminuição na velocidade de condução dos impulsos através do nódulo AV
(átrio-ventricular), aumentando o período de retardo entre a contração atrial e a
ventricular; e (4) diminuição do fluxo sangüíneo através dos vasos coronários
que mantêm a nutrição do próprio músculo cardíaco.
84

Todos esses efeitos podem ser resumidos, dizendo-se que a estimulação parassimpática
diminui todas as atividades do coração. Usualmente, a função cardíaca é reduzida pelo
parassimpático durante o período de repouso, juntamente com o restante do corpo. Isso
talvez ajude a preservar os recursos do coração; pois, durante os períodos de repouso,
indubitavelmente há um menor desgaste do órgão.

A estimulação dos nervos simpáticos apresenta efeitos exatamente opostos sobre o


coração:

 Aumento da freqüência cardíaca,


 Aumento da força de contração, e
 Aumento do fluxo sangüíneo através dos vasos coronários visando a suprir o
aumento da nutrição do músculo cardíaco.

Esses efeitos podem ser resumidos, dizendo-se que a estimulação simpática aumenta a
atividade cardíaca como bomba, algumas vezes aumentando a capacidade de bombear
sangue em até 100 por cento. Esse efeito é necessário quando um indivíduo é submetido
a situações de estresse, tais como exercício, doença, calor excessivo, ou outras
condições que exigem um rápido fluxo sangüíneo através do sistema circulatório. Por
conseguinte, os efeitos simpáticos sobre o coração constituem o mecanismo de auxílio
utilizado numa emergência, tornando mais forte o batimento cardíaco quando
necessário.

Vasos sanguínios

Os vasos sanguíneos são compostos por artérias, veias e capilares. As artérias são tubos
cilindroides e elásticos que conduzem o sangue oxigenado do coração para as demais
estruturas corpóreas. As artérias têm uma elasticidade que se adapta à demanda de fluxo
sanguíneo e permite o controle dos níveis pressóricos. Sua espessura está diretamente
relacionada à composição tecidual das camadas que formam este tipo de vaso. De
acordo com esta composição, elas podem dividir-se em artérias de grande, médio e
pequeno calibre e arteríolas.

Quanto mais distantes do coração menos calibrosas estas estruturas se apresentam. As


artérias muitas vezes precisam ramificar-se para atender a necessidade de algumas
85

estruturas. Estes ramos podem ser terminais e colaterais. Outra classificação que as
artérias podem sofrer é com relação a sua situação: superficial e profunda. A grande
maioria está inserida nas regiões mais profundas do corpo, próxima a músculos e ossos.
Esta localização pode ser considerada como um mecanismo de proteção, visto que, ao
se apresentarem distantes da pele elas ficam menos suscetíveis a rompimento por
trauma ou algum outro tipo de lesão. As artérias superficiais, pela sua fácil localização,
são bem utilizadas para se aferir os batimentos cardíacos.

As veias são estruturas cilíndricas responsáveis por recolher o sangue que sofreu trocas
gasosas com os tecidos do corpo de volta ao coração. As veias podem ser divididas pelo
grande, médio e pequeno calibre e vênulas. Elas são menos calibrosas e em maior
quantidade do que as artérias. Comumente uma artéria vem acompanhada por duas
veias satélites, enquanto as veias mais superficiais não são acompanhadas por artérias.
Essa maior quantidade, compensa o fato da velocidade sanguínea ser menor no interior
das veias em relação às artérias. Essa maior quantidade ajuda a transportar todo o
sangue de volta ao coração num intervalo de tempo proporcional ao gasto pelas artérias
para levar o sangue do coração para os tecidos.

As veias são ainda classificadas quanto à sua localização em: superficiais e profundas.
As veias superficiais estão na região subcutânea, onde absorvem a circulação cutânea e
auxiliam a circulação profunda por intermédio das veias comunicantes. As veias
profundas são responsáveis por transportar ao coração uma quantidade maior de sangue
e geralmente recebem o nome da artéria associada.

As válvulas venosas ajudam no retorno do sangue ao coração, por meio de um


mecanismo que vence o refluxo causado pela gravidade.

As válvulas ao receberem um impulso que direciona o sangue no sentido do coração,


abrem-se permitindo que o sangue circule livremente. Quando o impulso termina a
tendência natural seria que o sangue retornasse no sentido oposto à trajetória do
coração. Porém, as válvulas impedem que isto ocorra, fechando-se, formando uma
estrutura similar a uma bolsa que impede o retorno do sangue. Ao ocorrer um novo
impulso este sangue continua seu percurso e isto ocorre até que este líquido atinja o
coração. Diferente das artérias e veias, que apresentam diferentes calibres os capilares
86

sanguíneos são vasos microscópicos. São os responsáveis por promover as trocas


gasosas entre sangue e tecidos. São localizados na interposição entre veias e artérias

Grandes vasos do coração

O coração recebe e distribui sangue por todo o organismo, e isso ocorre através de
grandes vasos situados na base do coração. No átrio direito chegam às veias cavas,
inferior e superior trazendo sangue do corpo para o coração. No átrio esquerdo chegam
às veias pulmonares, que carregam sangue rico em oxigênio dos pulmões até o coração.
São as únicas veias da circulação pós-fetal do corpo humano que carregam sangue
oxigenado. O tronco pulmonar, formado pelas artérias pulmonares direito e esquerda,
sai do ventrículo direito em direção aos pulmões. E do ventrículo esquerdo, sai a artéria
aorta, que leva sangue rico em oxigênio para o corpo.

As estruturas valvares também estão presentes nos grandes vasos da base do coração.
No orifício de saída da aorta, encontramos a valva aórtica, e no tronco pulmonar existe a
valva do tronco pulmonar. Essas valvas são compostas por três válvulas semilunares, as
quais têm o fundem voltadas para o ventrículo, e se fecham quando ocorre a diástole
ventricular, impedindo que o sangue retorne ao coração.
87

3.1. O SANGUE

O sangue é um tecido conjuntivo fluido constituído por um líquido complexo, o plasma,


no qual circulam células diversas em suspensão. É um líquido vermelho e espesso,
ligeiramente alcalino (pH entre 7,35 e 7,45). O sangue desempenha um papel
importante na hemostase:

 Transporta o oxigénio e os nutrientes para as células do organismo;


 Evacua os resíduos do metabolismo celular (gás carbónico, resíduos azotados
que serão eliminados em seguida pelos pulmões, os rins e o suor)
 Protege o organismo (glóbulos brancos, anticorpos, plaquetas);
 Mantém o equilíbrio hidroeletrolítico.

Componentes do sangue

O plasma

O plasma é a parte líquida do sangue na qual estão suspensas as células sanguíneas.


Tem cor amarela de palha e representa 55% do volume sanguínio. O plasma é composto
88

por 90% de água, porém é um líquido complexo que contem um número importante de
substâncias orgânicas e inorgânicas.

As substâncias orgânicas mais abundantes são as proteínas (7% do peso total do


plasma), distinguindo-se três grandes tipos:

 As albuminas
 As albuminas
 O fibrogénio

O plasma contém igualmente iões, por exemplo, sódio, potássio, cloro, cálcio,
magnésio, bicarbonato e fosfato. Transporta uma pequena quantidade de gás, bem como
hormonas, enzimas e nutrientes.

Finalmente o plasma transporta os resíduos metabólicos (ureia, ácido úrico, etc.) e


produtos resultantes do metabolismo das hormonas e dos medicamentos.

As células sanguíneas (elementos figurados no sangue)

As células sanguíneas provêm de uma célula primitiva (hemocitoblasto) da medula


espinal. Esta é uma substância mole contida nas espífises dos ossos longos e dos ossos
chatos. Produz todos os dias cerca de:

 100 a 250 bilhões de glóbulos vermelhos


 60 a 150 bilhões de plaquetas
 Várias dezenas de bilhões de glóbulos brancos.

A formação das células sanguíneas chama-se hematopoiese. O exame que permite


avaliar a riqueza celular da medula espinal chama-se mielograma.

As células sanguínias representam cerca de 46% do volume sanguíneo total


(hematócrito).

Os glóbulos vermelhos (eritrócitos ou hemácias)

O glóbulo vermelho é uma célula sem núcleo que tem forma de um disco bicôncavo de
7-8 micrómetro de diâmetro. A sua única função é assegurar o transporte de oxigénio e
uma parte do gás carbónico, por intermédio da hemoglobina que ncontém. Os glóbulos
89

vermelhos são capazes de se deformar para se adaptar aos diferentes diâmetros dos
capilares.

O conjunto de fenómenos que levam à formação dos glóbulos vermelhos chama-se


eritropoiese que se desenrola na medula óssea. O eritrócito tem uma duração de vida de
100-120 dias. Produz-se então uma hemólise fisiológica; esta é efectuada pelos
macrófagos, células fagocitárias que se encontram no fígado, baço, medula óssea e
gânglios linfáticos.

A hemoglobina é uma molécula constituída por quatro moléculas de heme (contendo


estas um átomo de ferro cada). A hemoglobina contém um pigmento ferroso vermelho
que dá a sua cor às hemácias.

O transporte de oxigénio e gás carbónico no sangue efectua-se da seguinte forma:

 Cada molécula de hemoglobina fixa quatro moléculas de oxigénio no ferro da


heme, formando assim a oxihemoglobina; o oxigénio é em seguida distribuído
pelas diferentes células do organismo.
 O gás carbónico, resíduo resultante do trabalho celular, fixa-se da mesma
maneira, formando a cardoxihemoglobina, que será depois eliminado pelos
pulmões.
90

Encontra-se igualmente o gás carbónico sob forma dissolvida no plasma (bicarbonato)


ou sob a forma de ácido carbónico (combinado com a água).

Os glóbulos brancos (ou leucócitos)

O ponto comum do conjunto dos leucócitos é sua função defensiva contra as células ou
substâncias estranhas que agridem o nosso organismo.

Os glóbulos brancos representam cerca de 1% do volume sanguíneo. Possuem um


núcleo e organitos, e alguns deles são capazes de atravessar a parede dos vasos para
passar aos tecidos: trata-se de diapedese. Distinguen-se duas características dos
leucócitos:

 Os glanulócitos, ou polinucleares, cujos núcleos possuem vários lobos


(polilobados), contendo estas últimas granulações no citoplasma. São
classificados em três grupos: os neutrófilos, os basófilos e os eosinófilos.
 Os agranulócito (células sem agranulações no citoplasma); que são classificados
em dois grupos: os monócitos e os linfócitos.

Os polinucleares têm uma duração de vida que vai de algumas horas a alguns dias.

As plaquetas

As plaquetas provêm da fragmentação de megacariócitos, que são as grandes células


localizadas na medula óssea. Medem 1-4 micrómetro de diâmetro. As plaquetas
circulam no sangue num período de cerca de 10 dias, fazendo-se depois a sua destruição
fundamentalmente no baço e no fígado.

As plaquetas em número de 200-400 mil por mm3 de sangue, têm um papel


fundamental na hemostase e, mais precisamente, nos mecanismos de paragem de
hemorragia.

GRUPOS SANGUÍNEOS

A presença de dois antigénios naturais (ou aglutinogénios) A e B à superfície das


hemácias confere a um indivíduo a presença de um dos grupos sanguíneos mdo sistema
ABO. Distinquen-se os seguintes grupos:
91

 O grupo A: possui o antígeno A nas hemácias;


 O grupo B: possui o antígeno B nas hemácias;
 O grupo AB: possui os antigénios A e B nas hemácias
 O grupo O: que não possui qualquer antigénio nas hemácias.

Os anticorpos naturais (ou aglutininas) são os elementos presentes no soro humano.


Combina-se de formas específicas com os antigénios naturais no soro humano:

 A aglutinina ou anticorpo anti-A


 A aglutinina ou anticorpo anti-B

Quando o anticorpo natural encontra o antigénio natural que lhes corresponde, produz-
se uma reacção, dita aglutinação, que imobiliza totalmente os glóbulos vermelhos. Não
é possível ter no mesmo indivíduo um antigénio e o seu anticorpo correspondente (A e
anti-A, B e anti B). o que implica que os quatro grupos sanguíneos estão organizados da
seguinte forma.

 Grupo A: possui o antigénio A (hemácias) e o anticorpo anti-B (soro).


 Grupo B: possui o antigénio B (hemácias) e o anticorpo anti-A (soro).
 Grupo AB: possui os antigénios A e B (hemácias) e nenhum anticorpo (soro).
 Grupo O: não possui antigénio (hemácias) e possui anticorpos anti-A e anti-B.

Neste contexto é fácil compreender que existem fenómenos de incompatibilidade entre


grupos sanguíneos. Esta noção é importante na prática de transfusões sanguíneas.

Com cada transfusão, é obrigatório testar a compatibilidade sanguínea entre o receptor e


a embalagem de transfusão. Para isso, emprega-se nos hospitais dois métodos de
derradeiro controlo à cabeceira do doente: a prova de Beth-Vicent e a prova de Siminin
(sendo a primeira a mais utilizada).

No método de Beth-Vincent utilizan-se soros de teste comuns que contêm anticorpos


naturais. Misturan-se com o sangue do doente ou com sedimento globular e comparam-
se os resultados. Se há uma aglutinação, isso evidencia um antigénio natural (A ou B),
se não há aglutinação é porque não se encontrou qualquer antigénio.
92

O sistema Rhesus

O sistema Rhesus retira o seu nome de factor Rhesus descoberto há uns cinquenta anos
no sangue de um macaco, o macacus rhesus. Compreende vários antigénios, sendo o
principal antigénio D.

No ser humano, as pessoas que possuem o antigénio D à superfície das hemácias dizem-
se Rhesus positivos (Rh positivo igual a 85% das pessoas), as outras são ditas Rhesus
negativos (Rh negativo igual a 15% das pessoas).

Numa transfusão de sangue, é imperativo respeitar o grupo do receptor, bem como o seu
Rhesus (os acidentes de imcompatibilidade são menos graves no que respeita o sistema
Rhesus). As rpessoas Rh negativo que recebem uma transfusão de sangue Rh positivo
desenvolvem anticorpos (aglutiminas) anti-Rh positivo no seu soro. Isso só constitui um
problema numa nova transfusão de Rh positivo (risco, então, de aglutinação).

Encontra-se este problema no caso de incompatibilidade fetomaterna: este incidente


produz-se numa mulher com tipo Rh negativo, cujo primeiro filho seja de tipo Rh
positivo. Depois do parto, a mãe desenvolverá anticorpos anti Rh positivo, o que não
tem consequências, nem para a mãe nem para o filho. Pelo contrário, em gravidezes
futuras, os anticorpos anti-Rh positivo presentes na mãe podem atravessar a barreira
placentária e hemolisar os eritrócitos Rh positivam. Para prevenir tal incidente,
administra-se gamaglobulinas anti-D a todas as mães Rhnegativo, o que evitará a
fabricação de anticorpos específicos. Passa-se o mesmo com mulheres Rh negativo em
caso de aborto espontâneo ou interrupção voluntária da gravidez (IVG).

SISTEMA LINFÁTICO
O sistema linfático é um sistema vascular - a parte - por onde circula a linfa.

É um sistema auxiliar de drenagem, ou seja, auxilia o sistema venoso fazendo retornar


para a circulação o liquido acumulado no interstício. O líquido flui dos espaços
intersticiais para os vasos linfáticos e depois volta para a circulação.
93

A linfa

A linfa é um líquido que se acumula no espaço intersticial, ou seja, entre os tecidos e


que está presente nos vasos linfáticos. Sua composição é semelhante a do plasma,
excepto pela baixa concentração de proteínas. Possui grande quantidade de leucócitos,
particularmente linfócitos.

Geralmente é um líquido claro, porém a do intestino delgado torna-se leitosa pela ação
dos lipídios digestivos.

Componentes do sistema linfático

O sistema linfático é composto por:

1. Capilares linfáticos;

2. Vasos linfáticos;

3. Ductos linfáticos e

4. Linfonodos

 Capilares linfáticos

São os menores vasos condutores do sistema linfático e consistem de tubos de paredes


finas formadas por uma única camada de células endoteliais superpostas.

As células superpostas agem como valvas formando aberturas nos capilares por onde o
líquido entra. Quando se fecham, evitam o refluxo para fora.

São os capilares linfáticos que dão origem aos vasos linfáticos.

 Vasos linfáticos

Originados dos capilares, possuem paredes de 3 camadas, semelhantes as paredes das


veias, e um número maior de valvas, que permitem a linfa fluir em uma única direção.
Tais valvas dão a estes vasos uma característica única de colar de contas.
94

 Bombas linfáticas

São ações bombeadoras da linfa:

1. Ação dos músculos esqueléticos sobre os vasos.

2. Variações de pressão decorrentes da respiração.

3. Contração da musculatura lisa dos vasos.

4. Formação de nova linfa, empurrando a velha

 Ductos linfáticos

O ducto torácico é o maior vaso linfático do corpo. Se origina no abdome e desemboca


na veia subclávia esquerda na sua junção com a veia jugular interna esquerda.

Ducto linfático direito: Possui aproximadamente 4 cm de comprimento e desemboca


na veia subclávia direita em sua junção com a veia jugular interna direita.
95

Funções do sistema linfático

O sistema linfático possui 3 funções básicas:

1. Conservação das proteínas plasmáticas: A circulação da linfa faz voltar à corrente


sanguínea substâncias vitais que escapam dos capilares, como proteínas.

2. Absorção de lípidos: Os vasos linfáticos intestinais são as vias de absorção de lípidos.

3. Defesa contra doenças: O sistema linfático protege o corpo contra microrganismos e


outros agentes invasores de 2 maneiras:

 Pela fagocitose: Processo de englobamento e digestão de material estranho.


 Pela resposta imunológica: 2 tipos de linfócitos proliferam em resposta ao
contacto com substâncias estranhas, dando origem a células que fabricam
anticorpos.

Importância do fluxo de Linfa

Foi estimado, a partir de pesquisas, que cerca de 50% da proteína perdida nos capilares
é recuperada pela circulação linfática.

A drenagem insuficiente pode levar a um acúmulo de líquido intersticial denominado


edema.
96

Alguns Lifedemas podem causar deformidades. Um exemplo é a Elefantíase, um


linfedema ocasionado pelo bloqueio dos vasos linfáticos.

Linfonodos

São pequenas estruturas ovais localizadas interpostas no trajeto dos vasos linfáticos.

Sua função é criar uma barreira ou filtro contra a penetração, na corrente sanguínea, de
microrganismos, toxinas ou substâncias estranhas e/ou nocivas ao organismo.

Como resposta a uma inflamação, o linfonodo pode aumentar de tamanho e tornar-se


doloroso formando o que vulgarmente se conhece como íngua.

Órgãos relacionados:

São 3 os órgãos relacionados ao sistema linfático, e todos são caracterizados pela


presença de tecido linfóide e Linfócitos.

1) Baço

2) Timo

3) Tonsilas

 O baço

Localização e estrutura: O baço é um órgão oval com aproximadamente 12 cm de


comprimento por 7 cm de largura e pesa cerca de 200 g. Está localizado na parte
superior esquerda da cavidade abdominal, logo abaixo do m. diafragma.

A região por onde entram e saem os vasos no baço é chamada de hilo esplênico. Seu
corpo é revestido por uma cápsula de tecido fibroelástico e algumas células musculares
lisas.
97

Funções do baço

O baço possui 4 funções básicas:

1. Destruição do sangue: Os eritrócitos “velhos” (120 dias) são destruídos, na sua


maioria, no baço.

2. Função imunológica: O baço, junto com outros tecidos linfóides, participa na resposta
imune.

3. Armazenamento de sangue: O baço atua como um reservatório de sangue, mais


precisamente de eritrócitos, e os libera de acordo com a demanda.

4. Filtragem de sangue: O baço filtra microrganismos do sangue no mecanismo de


defesa do corpo.

 Tonsilas

Vários grupos de tonsilas formam um anel de tecido linfóide que protegem a entrada
dos tratos, alimentar e respiratório contra microrganismos.

As tonsilas que compõem esse anel são:

1. Tonsilas palatinas (amígdalas)

2. Tonsilas faríngeas (adenóide)

3. Tonsilas linguais
98

O timo

O timo é um órgão achatado com 2 lobos localizado na parte ântero-superior da


cavidade torácica na frente da a. aorta e atrás do osso esterno.

Atua no desenvolvimento de sistema imunológico e é desproporcional em relação ao


corpo durante o período fetal e nos primeiros 2 anos de vida. Ele aumenta de tamanho
até a puberdade, quando então, começa a atrofiar.

Resposta imunológica

A resposta imunológica protege nosso corpo contra a invasão de microrganismos


infecciosos e identifica e destrói qualquer coisa considerada “estranha” como órgãos
transplantados e células malignas.

Existem 2 sistemas imunológicos distintos:

1. Sistema de linfócitos B, que atuam em infecções bacterianas agudas (estreptococos).

2. Sistema de linfócitos T, que atuam em infecções bacterianas crônicas (tuberculose).


99

Depois da consideração dos tópicos acima descritos, responda as seguintes


questões:

1. Como está constituído o coração?


2. A válvula situada entre o átrio direito e ventrículo direito, chama-
se_____________________________
3. Diferencie a circulação pulmonar da sistémica
4. Identifique os principais componentes do sistema circulatório
5. O que é o sangue?
6. Quais são os componentes do sangue?
7. Qual é a diferença que existe entre o sangue arterial e o sangue venoso?
8. O que é hemoglobina?
9. O que entende por vasos sanguíneos?
10. Como está estruturado os vasos sanguíneos?
11. Mencione algumas veias do corpo humano
12. O que é a pressão arterial?
13. Quais são os valores convencionais (normais em ambos sexos)?
14. Quais são as alterações da pressão arterial?
15. O senhor João, de 45 anos de idade, foi a uma unidade sanitária, queixando-
se de uma dor intensa de cabeça e falta de sono há mais de 7 dias. Foi
submetido ao exame físico, onde o clínico, observou a TA=200/130mmHg e
com a debilidade dos membros superior e inferior lateral direito. Que
patologia apresenta este doente? Justifique a sua afirmação.
16. O que é o grupos sanguíneo?
2.4. Quantos tipos de factores Rh existem?
2.5. Diferencie o Doador do Receptor?
2.6. O é o factor Rh?
17. Mencione os principais grupos sanguíneos
18. Como se entende o sistema linfático
17.1. Como está composto o sistema linfático
17.2. Funções do sistema linfático
17.3. Quais os órgãos linfóides que conhece?
100

UNIDADE IV: SISTEMA RESPIRATÓRIO


Objectivos específicos

No final desta unidade, o aluno deverá ser capaz de:

 Descrever a constituição dos órgãos e funções.


 Conhecer os mecanismos e diferentes tipos de respiração
 Entender o mecanismo da respiração
 Fazer a comparação do pulmão direito do esquerdo
 Mencionar os seguimtos que possuem o pulmão
 Citar os órgãos que formam as vias respiratórias superiores e inferiores

Subtemas:

4.1. Conceito

4.2. Constituição dos órgãos e funções

4.3. Mecanismos da respiração

4.4. Tipos de respiração

CONCEITO

O Sistema Respiratório é formado por um conjunto de órgãos interconectados de forma


sinérgica. Este é responsável pelas trocas gasosas entre o organismo e o ambiente,
possibilitando que o processo respiratório nos seres humanos aconteça em conjunto com
o sistema circulatório. O sistema respiratório, também, é responsável pela capacidade de
captar odores (olfação) através do nariz e transmitir sons claros, evidentes e perceptíveis
(fonação) através da laringe.

O Sistema Respiratório pode ser dividido de acordo com sua estrutura anatômica em
porção superior e inferior, e funcionalmente em porção condutora e respiratória.

O sistema respiratório humano é constituído por um par de pulmões e por vários órgãos
que conduzem o ar para dentro e para fora das cavidades pulmonares. Esses órgãos são
as fossas nasais, a boca, a faringe, a laringe, a traquéia, os brônquios, os bronquíolos e
os alvéolos, os três últimos localizados nos pulmões.

O Sistema Respiratório pode ser dividido de acordo com sua estrutura anatômica em
porção superior e inferior, e funcionalmente em porção condutora e respiratória.
101

DIVISÃO FUNCIONAL DO SISTEMA RESPIRATÓRIO

 Porção condutora órgãos tubulares cuja função é permitir o transporte dos


gases inspirado e expirado para a porção respiratória.

 Porção respiratória apresenta como representante os pulmões

DIVISÃO ANATÓMICA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO

 Porção superior: cavidades nasais, seios paranasais e faringe, laringe, traqueia.


 Porção inferior brônquios, bronquíolos, pulmões, canais alveolares e alvéolos.

TRATO RESPIRATÓRIO SUPERIOR

O nariz

O nariz é o órgão que representa a parte inicial do Sistema Respiratório. Localizado no


plano mediano da face, esse órgão é composto pelo nariz externo (pirâmide nasal),
cavidade nasal (fossa nasal) e seios paranasais.
102

O nariz externo ou pirâmide nasal, estruturalmente apresenta uma parte óssea e uma
parte cartilaginosa visível na forma de uma pirâmide, onde a base é formada pelas
narinas (dois canais separados pelo septo nasal), que são responsáveis pela comunicação
do meio externo com a cavidade nasal conduzindo o ar inspirado até o vestíbulo nasal e
o ápice, denominado raiz.

Os ossos nasais e as placas de cartilagem localizadas entre a base e o ápice formam o


dorso nasal, podendo variar e se apresentar como: retilíneo, côncavo e convexo.

A cavidade nasal ou fossa nasal inicia-se nas narinas e está dividida em esquerda e
direita pelo septo nasal. Esta é formada pela articulação da cartilagem quadrangular com
os ossos nasais no limite superior, com o osso vômer e maxilas no limite inferior e,
posteriormente com a lâmina perpendicular do etmoide e coanas.

Cada cavidade nasal possui um teto formado pela lâmina crivosa do osso etmoide, duas
paredes laterais formadas pelas conchas nasais superior, medial e inferior e um assoalho
formado pelo palato duro (lâminas horizontais dos ossos palatinos e processo palatinos
das maxilas) e posteriormente pelo palato mole. O palato separa a cavidade do nariz da
cavidade da boca.

A comunicação da cavidade nasal com alguns ossos do crânio, como o frontal, o


maxilar, o esfenoide e o etmoide (células etmoidais), formam espaços preenchidos pelo
ar, que denominamos seios paranasais, os quais podemos caracterizar em: seio maxilar,
seio frontal, seio etmoidal e seio esfenoidal.

Seio maxilar

O seio maxilar, conhecido como Antros de Highmore, é o maior seio paranasal e está
localizado no interior do osso maxilar. O espaço pneumático contido no interior do osso
maxilar comunica-se com a cavidade nasal através do óstio sinusal maxilar no meato
nasal, um segundo orifício, o acessório, estão em geral presentes no meato nasal médio,
posterior ao primeiro (figura 06). Em algumas circunstâncias forma-se o que podemos
chamar de comunicação buco-sinusal que se dá pelo acesso direto do espaço
pneumático a cavidade bucal. O seio maxilar relaciona-se na parte superior com o
103

assoalho da órbita, na parte inferior com o processo alveolar, na parte anterior com a
fossa canina e posteriormente com a tuberosidade do maxilar.

Seios frontais

Os seios frontais estão localizados logo atrás dos arcos superciliares. Esse tipo de seio
começa a se desenvolver após os dois anos de nascimento do indivíduo na extremidade
ântero-superior do infundíbulo, ocorrendo um rápido crescimento da lâmina externa da
região supra-orbitária que aparentemente afasta-se da lâmina interna, formando uma
crista acima do bordo superior da entrada da órbita. Inicialmente o espaço entre estas
lâminas é ocupado por um osso esponjoso que será substituído pelo seio frontal.
Aproximadamente aos vinte anos, o crescimento do seio frontal cessa, e sua parte
superior e lateral apresenta-se de forma extensa entre a lâmina interna e externa da
região supra-orbitária.

Seio etmoidal

O seio etmoidal, também conhecido como células ou vesículas etmoidais, apresenta-se


na porção lateral do osso etmoide na parte superior das cavidades nasais em forma de
inúmeras vesículas formando um labirinto. Esse seio está dividido em três grupos:
anterior e médio, que se iniciam no meato médio do nariz; e posterior que se inicia no
meato superior do nariz, coberta pela concha superior. A figura 07, mostra em destaque
este tipo de seio.

Seio esfenoidal

Os seios esfenoidais, localizados no interior do osso esfenoide, apresentam-se de forma


assimétrica, quando muito extenso chega a atingir as asas maiores do osso esfenoide e
em algumas situações podem invadir a porção basilar do osso occiptal (porção superior
do osso esfenoide).

Fossas nasais

São duas cavidades paralelas que começam nas narinas e terminam na faringe. Elas são
separadas uma da outra por uma parede cartilaginosa denominada septo nasal. Em seu
interior há dobras chamada cornetos nasais, que forçam o ar a turbilhonar. Possuem um
104

revestimento dotado de células produtoras de muco e células ciliadas, também presentes


nas porções inferiores das vias aéreas, como traquéia, brônquios e porção inicial dos
bronquíolos.

No teto das fossas nasais existem células sensoriais, responsáveis pelo sentido do olfato.
Têm as funções de filtrar, umedecer e aquecer o ar. Faringe: é um canal comum aos
sistemas digestório e respiratório e comunicase com a boca e com as fossas nasais. O ar
inspirado pelas narinas ou pela boca passa necessariamente pela faringe, antes de atingir
a laringe.

Faringe

É o canal responsável por associar o sistema respiratório e digestivo. Por sua localização
ser posterior as cavidades nasais, oral, laringe e esôfago, esta permite que seja dividida
em três partes:

 A nasofaringea (parte nasal) apresenta-se como limite anterior e se comunica


com as cavidades nasais por meio das coanas. O limite lateral é o ouvido médio
que se comunica através das aberturas das tubas auditivas onde se encontram as
tonsilas tubárias, que são pequenas massas de tecido linfoide. Essas cavidades,
também, se comunicam com o limite posterior, onde está a tonsila faríngea.
 A orofaríngea (parte oral) apresenta como limite superior a nasofarínge, e
inferior laringofaringe. Nas laterais da orofarígea estão duas tonsilas linguais, e
na porção anterior está em contato com a cavidade oral, comunicando-se com
esta através do istmo da garganta ou das fauces. Devido a sua localização é
responsável por transportar tanto o bolo alimentar quanto o ar inspirado.
 A lanringofaringe (parte laríngeo) estende-se para baixo, a partir do osso
hioide. A orofarínge apresenta-se no limite superior e o esôfago no limite
inferior, e anteriormente a lanringofaringe, que se comunica com a laringe
através da epiglote, a qual é responsável por obstruir a passagem para o esôfago
quando o ar é inspirado, conduzindo-o para a laringe. A epiglote, também
bloqueia a passagem do ar para laringe quando o bolo alimentar é ingerido,
permitindo assim sua passagem pelo esôfago.
105

Laringe

É um tubo sustentado por peças de cartilagem articuladas, situado na parte superior do


pescoço, em continuação à faringe. O pomo-deadão, saliência que aparece no pescoço,
faz parte de uma das peças cartilaginosas da laringe. A entrada da laringe chama-se
glote. Acima dela existe uma espécie de “lingüeta” de cartilagem denominada epiglote,
que funciona como válvula. Quando nos alimentamos, a laringe sobe e sua entrada é
fechada pela epiglote. Isso impede que o alimento ingerido penetre nas vias
respiratórias. O epitélio que reveste a laringe apresenta pregas, as cordas vocais, capazes
de produzir sons durante a passagem de ar.

Traquéia

É um tubo de aproximadamente 1,5 cm de diâmetro por 10-12 centímetros de


comprimento, cujas paredes são reforçadas por anéis cartilaginosos. Bifurca-se na sua
região inferior, originando os brônquios, que penetram nos pulmões. Seu epitélio de
revestimento mucociliar adere partículas de poeira e bactérias presentes em suspensão
no ar inalado, que são posteriormente varridas para fora (graças ao movimento dos
cílios) e engolidas ou expelidas.
106

Pulmões

Os pulmões humanos são órgãos esponjosos, com aproximadamente 25 cm de


comprimento, sendo envolvidos por uma membrana serosa denominada pleura. Nos
pulmões os brônquios ramificam-se profusamente, dando origem a tubos cada vez mais
finos, os bronquíolos. O conjunto altamente ramificado de bronquíolos é a árvore
brônquica ou árvore respiratória.

Cada bronquíolo termina em pequenas bolsas formadas por células epiteliais achatadas
(tecido epitelial pavimentoso) recobertas por capilares sangüíneos, denominadas
alvéolos pulmonares. Diafragma: A base de cada pulmão apóia-se no diafragma, órgão
músculo-membranoso que separa o tórax do abdomen, presente apenas em mamíferos,
promovendo, juntamente com os músculos intercostais, os movimentos respiratórios.
Localizado logo acima do estômago, o nervo frênico controla os movimentos do
diafragma (ver controle da respiração)
107

FISIOLÓGICOS DA RESPIRAÇÃO

Ventilação pulmonar

A inspiração, que promove a entrada de ar nos pulmões, dá-se pela contração da


musculatura do diafragma e dos músculos intercostais. O diafragma abaixa e as costelas
elevam-se, promovendo o aumento da caixa torácica, com conseqüente redução da
pressão interna (em relação à externa), forçando o ar a entrar nos pulmões.

A expiração, que promove a saída de ar dos pulmões, dá-se pelo relaxamento da


musculatura do diafragma e dos músculos intercostais. O diafragma eleva-se e as
costelas abaixam, o que diminui o volume da caixa torácica, com conseqüente aumento
da pressão interna, forçando o ar a sair dos pulmões.

TRANSPORTE DE GASES RESPIRATÓRIOS

O transporte de gás oxigênio está a cargo da hemoglobina, proteína presente nas


hemácias. Cada molécula de hemoglobina combina-se com 4 moléculas de gás
oxigênio, formando a oxi-hemoglobina.

Nos alvéolos pulmonares o gás oxigênio do ar difunde-se para os capilares sangüíneos e


penetra nas hemácias, onde se combina com a hemoglobina, enquanto o gás carbônico
(CO2) é liberado para o ar (processo chamado hematose).

Nos tecidos ocorre um processo inverso: o gás oxigênio dissocia-se da hemoglobina e


difunde-se pelo líquido tissular, atingindo as células. A maior parte do gás carbônico
(cerca de 70%) liberado pelas células no líquido tissular penetra nas hemácias e reage
com a água, formando o ácido carbônico, que logo se dissocia e dá origem a íons H+ e
bicarbonato (HCO3-), difundindo-se para o plasma sangüíneo, onde ajudam a manter o
grau de acidez do sangue. Cerca de 23% do gás carbônico liberado pelos tecidos
associam-se à própria hemoglobina, formando a carboemoglobina. O restante dissolve-
se no plasma.
108

CONTROLE DA RESPIRAÇÃO

Em relativo repouso, a freqüência respiratória é da ordem de 10 a 15 movimentos por


minuto. A respiração é controlada automaticamente por um centro nervoso localizado
no bulbo. Desse centro partem os nervos responsáveis pela contração dos músculos
respiratórios (diafragma e músculos intercostais). Os sinais nervosos são transmitidos
desse centro através da coluna espinhal para os músculos da respiração. O mais
importante músculo da respiração, o diafragma, recebe os sinais respiratórios através de
um nervo especial, o nervo frênico, que deixa a medula espinhal na metade superior do
pescoço e dirige-se para baixo, através do tórax até o diafragma. Os sinais para os
músculos expiratórios, especialmente os músculos abdominais, são transmitidos para a
porção baixa da medula espinhal, para os nervos espinhais que inervam os músculos.
Impulsos iniciados pela estimulação psíquica ou sensorial do córtex cerebral podem
afetar a respiração. Em condições normais, o centro respiratório (CR) produz, a cada 5
segundos, um impulso nervoso que estimula a contração da musculatura torácica e do
diafragma, fazendo-nos inspirar. O CR é capaz de aumentar e de diminuir tanto a
freqüência como a amplitude dos movimentos respiratórios, pois possui
quimiorreceptores que são bastante sensíveis ao pH do plasma. Essa capacidade permite
que os tecidos recebam a quantidade de oxigênio que necessitam, além de remover
adequadamente o gás carbônico. Quando o sangue torna-se mais ácido devido ao
aumento do gás carbônico, o centro respiratório induz a aceleração dos movimentos
respiratórios. Dessa forma, tanto a freqüência quanto a amplitude da respiração tornam-
se aumentadas devido à excitação do CR.
109

Depois da consideração dos tópicos acima descritos, responda as seguintes


questões:

1. Defina o conceito da respiração


2. Cite os órgãos que constituem o sistema respiratório e suas funções
3. Defina os termos seguintes:
 Hipoxia
 Anóxia
 Hematose
 Dispneia
 Polipneia
 Eupneia
4. Qual é o principal músculo que participa no processo respiratório?
5. Estabeleça a diferença existente entre o pulmão direito e esquerdo
6. Mencione os órgãos que compõem as vias respiratórias altas e baixas
7. Mencione as doenças que afectam as vias respiratórias altas e baixas
8. O que é a difusão?
9. Idenfica os tipos de respiração que conhece.
110

UNIDADE V: SISTEMA DIGESTIVO

Sistema Digestivo

 Definir o conceito do aparelho digestivo


 Mencionar os órgãos do aparelho digestivo
 Identificar as funções dos órgãos do aparelho digestivo
 Enumerar os anexos dos aparelhos digestivos
 Descrever a digestão: absorção e transporte.

Subtemas:

5.1. Conceito

5.2. Constituição: órgãos e funções

5.3. Anexos

5.4. Processo da digestão

CONCEITO

O sistema digestório humano é formado por um longo tubo musculoso, ao qual estão
associados órgãos e glândulas que participam da digestão. Apresenta as seguintes
regiões; boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso e ânus.

A parede do tubo digestivo, do esôfago ao intestino, é formada por quatro camadas:


mucosa, submucosa, muscular e adventícia.

Boca

A abertura pela qual o alimento entra no tubo digestivo é a boca. Aí encontram-se os


dentes e a língua, que preparam o alimento para a digestão, por meio da mastigação. Os
dentes reduzem os alimentos em pequenos pedaços, misturando-os à saliva, o que irá
facilitar a futura ação das enzimas.

Características dos dentes

Os dentes são estruturas duras, calcificadas, presas ao maxilar superior e mandíbula,


cuja atividade principal é a mastigação. Estão implicados, de forma direta, na
articulação das linguagens. Os nervos sensitivos e os vasos sanguíneos do centro de
qualquer dente estão protegidos por várias camadas de tecido. A mais externa, o
111

esmalte, é a substância mais dura. Sob o esmalte, circulando a polpa, da coroa até a raiz,
está situada uma camada de substância óssea chamada dentina. A cavidade pulpar é
ocupada pela polpa dental, um tecido conjuntivo frouxo, ricamente vascularizado e
inervado. Um tecido duro chamado cemento separa a raiz do ligamento peridental, que
prende a raiz e liga o dente à gengiva e à mandíbula, na estrutura e composição química
assemelha-se ao osso; dispõe-se como uma fina camada sobre as raízes dos dentes.
Através de um orifício aberto na extremidade da raiz, penetram vasos sanguíneos,
nervos e tecido conjuntivo.

Tipos de dentes

Em sua primeira dentição, o ser humano tem 20 peças que recebem o nome de dentes
de leite. À medida que os maxilares crescem, estes dentes são substituídos por outros 32
do tipo permanente. As coroas dos dentes permanentes são de três tipos: os incisivos, os
caninos ou presas e os molares. Os incisivos têm a forma de cinzel para facilitar o corte
do alimento. Atrás dele, há três peças dentais usadas para rasgar. A primeira tem uma
única cúspide pontiaguda. Em seguida, há dois dentes chamados pré-molares, cada um
com duas cúspides. Atrás ficam os molares, que têm uma superfície de mastigação
relativamente plana, o que permite triturar e moer os alimentos.

A língua

A língua movimenta o alimento empurrando-o em direcção a garganta, para que seja


engolido. Na superfície da língua existem dezenas de papilas gustativas, cujas células
sensoriais percebem os quatro sabores primários: amargo (A), azedo ou ácido (B),
salgado (C) e doce (D). De sua combinação resultam centenas de sabores distintos. A
distribuição dos quatro tipos de receptores gustativos, na superfície da língua, não é
homogênea.
112

As glândulas salivares

A presença de alimento na boca, assim como sua visão e cheiro, estimulam as glândulas
salivares a secretar saliva, que contém a enzima amilase salivar ou ptialina, além de sais
e outras substâncias. A amilase salivar digere o amido e outros polissacarídeos (como o
glicogênio), reduzindo-os em moléculas de maltose (dissacarídeo). Três pares de
glândulas salivares lançam sua secreção na cavidade bucal: parótida, submandibular e
sublingual:

 Glândula parótida - Com massa variando entre 14 e 28 g, é a maior das três;


situa-se na parte lateral da face, abaixo e adiante do pavilhão da orelha.
 Glândula submandibular - É arredondada, mais ou menos do tamanho de uma
noz.
 Glândula sublingual - É a menor das três; fica abaixo da mucosa do assoalho
da boca.

O sais da saliva neutralizam substâncias ácidas e mantêm, na boca, um pH neutro (7,0) a


levemente ácido (6,7), ideal para a ação da ptialina. O alimento, que se transforma em
bolo alimentar, é empurrado pela língua para o fundo da faringe, sendo encaminhado
para o esôfago, impulsionado pelas ondas peristálticas (como mostra a figura do lado
esquerdo), levando entre 5 e 10 segundos para percorrer o esôfago. Através dos
peristaltismo, você pode ficar de cabeça para baixo e, mesmo assim, seu alimento
chegará ao intestino. Entra em acção um mecanismo para fechar a laringe, evitando que
113

o alimento penetre nas vias respiratórias. Quando a cárdia (anel muscular, esfíncter) se
relaxa, permite a passagem do alimento para o interior do estômago.

FARINGE E ESÔFAGO

A faringe, situada no final da cavidade bucal, é um canal comum aos sistemas digestório
e respiratório: por ela passam o alimento, que se dirige ao esôfago, e o ar, que se dirige
à laringe. O esôfago, canal que liga a faringe ao estômago, localiza-se entre os pulmões,
atrás do coração, e atravessa o músculo diafragma, que separa o tórax do abdômen. O
bolo alimentar leva de 5 a 10 segundos para percorre-lo.

ESTÔMAGO E SUCO GÁSTRICO

O estômago é uma bolsa de parede musculosa, localizada no lado esquerdo abaixo do


abdome, logo abaixo das últimas costelas. É um órgão muscular que liga o esôfago ao
intestino delgado. Sua função principal é a digestão de alimentos protéicos. Um
músculo circular, que existe na parte inferior, permite ao estômago guardar quase um
litro e meio de comida, possibilitando que não se tenha que ingerir alimento de pouco
em pouco tempo. Quando está vazio, tem a forma de uma letra "J" maiúscula, cujas
duas partes se unem por ângulos agudos.
114

Segmento superior: é o mais volumoso, chamado "porção vertical". Este compreende,


por sua vez, duas partes superpostas; a grande tuberosidade, no alto, e o corpo do
estômago, a baixo, que termina pela pequena tuberosidade.

Segmento inferior: é denominado "porção horizontal", está separado do duodeno pelo


piloro, que é um esfíncter. A borda direita, côncava, é chamada pequena curvatura; a
borda esquerda, convexa, é dita grande curvatura. O orifício esofagiano do estômago é o
cárdia.

As túnicas do estômago: o estômago compõe-se de quatro túnicas; serosa (o peritônio),


muscular (muito desenvolvida), submucosa (tecido conjuntivo) e mucosa (que secreta o
suco gástrico). Quando está cheio de alimento, o estômago torna-se ovóide ou
arredondado. O estômago tem movimentos peristálticos que asseguram sua
homogeneização.

O estômago produz o suco gástrico, um líquido claro, transparente, altamente ácido,


que contêm ácido clorídrico, muco, enzimas e sais. O ácido clorídrico mantém o pH do
interior do estômago entre 0,9 e 2,0. Também dissolve o cimento intercelular dos
tecidos dos alimentos, auxiliando a fragmentação mecânica iniciada pela mastigação.

A pepsina, enzima mais potente do suco gástrico, é secretada na forma de pepsinogênio.


Como este é inativo, não digere as células que o produzem. Por ação do ácido
cloródrico, o pepsinogênio, ao ser lançado na luz do estômago, transforma-se em
pepsina, enzima que catalisa a digestão de proteínas

A pepsina, ao catalizar a hidrólise de proteínas, promove o rompimento das ligações


peptídicas que unem os aminoácidos. Como nem todas as ligações peptídicas são
acessíveis à pepsina, muitas permanecem intactas. Portanto, o resultado do trabalho
dessa enzima são oligopeptídeos e aminoácidos livres. A renina, enzima que age sobre a
caseína, uma das proteínas do leite, é produzida pela mucosa gástrica durante os
primeiros meses de vida. Seu papel é o de flocular a caseína, facilitando a ação de outras
enzimas proteolíticas.

O bolo alimentar pode permanecer no estômago por até quatro horas ou mais e, ao se
misturar ao suco gástrico, auxiliado pelas contrações da musculatura estomacal,
115

transforma-se em uma massa cremosa acidificada e semilíquida, o quimo. Passando por


um esfíncter muscular (o piloro), o quimo vai sendo, aos poucos, liberado no intestino
delgado, onde ocorre a maior parte da digestão.

INTESTINO DELGADO

O intestino delgado é um tubo com pouco mais de 6 m de comprimento por 4cm de


diâmetro e pode ser dividido em três regiões:

 Duodeno (cerca de 25 cm),


 Jejuno (cerca de 5 m) e
 Íleo (cerca de 1,5 cm). A porção superior ou duodeno tem a forma de ferradura
e compreende o piloro, esfíncter muscular da parte inferior do estômago pela
qual este esvazia seu conteúdo no intestino.

A digestão do quimo ocorre predominantemente no duodeno e nas primeiras porções do


jejuno. No duodeno atua também o suco pancreático, produzido pelo pâncreas, que
contêm diversas enzimas digestivas. Outra secreção que atua no duodeno é a bile,
produzida no fígado e armazenada na vesícula biliar. O pH da bile oscila entre 8,0 e 8,5.
116

Os sais biliares têm ação detergente, emulsificando ou emulsionando as gorduras


(fragmentando suas gotas em milhares de microgotículas).

O suco pancreático, produzido pelo pâncreas, contém água, enzimas e grandes


quantidades de bicarbonato de sódio. O pH do suco pancreático oscila entre 8,5 e 9. Sua
secreção digestiva é responsável pela hidrólise da maioria das moléculas de alimento,
como carboidratos, proteínas, gorduras e ácidos nucléicos.A amilase pancreática
fragmenta o amido em moléculas de maltose; a lípase pancreática hidrolisa as moléculas
de um tipo de gordura – os triacilgliceróis, originando glicerol e álcool; as nucleases
atuam sobre os ácidos nucléicos, separando seus nucleotídeos.

O suco pancreático contém ainda o tripsinogênio e o quimiotripsinogênio, formas


inativas em que são secretadas as enzimas proteolíticas tripsina e quimiotripsina. Sendo
produzidas na forma inativa, as proteases não digerem suas células secretoras. Na luz do
duodeno, o tripsinogênio entra em contato com a enteroquinase, enzima secretada pelas
células da mucosa intestinal, convertendo-se me tripsina, que por sua vez contribui para
a conversão do precursor inativo quimiotripsinogênio em quimiotripsina, enzima ativa.

A tripsina e a quimiotripsina hidrolisam polipeptídios, transformando-os em


oligopeptídeos. A pepsina, a tripsina e a quimiotripsina rompem ligações peptídicas
específicas ao longo das cadeias de aminoácidos.

A mucosa do intestino delgado secreta o suco entérico, solução rica em enzimas e de pH


aproximadamente neutro. Uma dessas enzimas é a enteroquinase. Outras enzimas são as
dissacaridades, que hidrolisam dissacarídeos em monossacarídeos (sacarase, lactase,
maltase). No suco entérico há enzimas que dão seqüência à hidrólise das proteínas: os
oligopeptídeos sofrem ação das peptidases, resultando em aminoácidos.

No intestino, as contrações rítmicas e os movimentos peristálticos das paredes


musculares, movimentam o quimo, ao mesmo tempo em que este é atacado pela bile,
enzimas e outras secreções, sendo transformado em quilo. A absorção dos nutrientes
ocorre através de mecanismos ativos ou passivos, nas regiões do jejuno e do íleo. A
superfície interna, ou mucosa, dessas regiões, apresenta, além de inúmeros dobramentos
maiores, milhões de pequenas dobras (4 a 5 milhões), chamadas vilosidades; um traçado
que aumenta a superfície de absorção intestinal. As membranas das próprias células do
117

epitélio intestinal apresentam, por sua vez, dobrinhas microscópicas denominadas


microvilosidades. O intestino delgado também absorve a água ingerida, os íons e as
vitaminas.

Os nutrientes absorvidos pelos vasos sanguíneos do intestino passam ao fígado para


serem distribuídos pelo resto do organismo. Os produtos da digestão de gorduras
(principalmente glicerol e ácidos graxos isolados) chegam ao sangue sem passar pelo
fígado, como ocorre com outros nutrientes. Nas células da mucosa, essas substâncias
são reagrupadas em triacilgliceróis (triglicerídeos) e envelopadas por uma camada de
proteínas, formando os quilomícrons, transferidos para os vasos linfáticos e, em
seguida, para os vasos sangüíneos, onde alcançam as células gordurosas (adipócitos),
sendo, então, armazenados.

INTESTINO GROSSO

É o local de absorção de água, tanto a ingerida quanto a das secreções digestivas. Uma
pessoa bebe cerca de 1,5 litros de líquidos por dia, que se une a 8 ou 9 litros de água das
secreções. Glândulas da mucosa do intestino grosso secretam muco, que lubrifica as
fezes, facilitando seu trânsito e eliminação pelo ânus.

Mede cerca de 1,5 m de comprimento e divide-se em:

 Ceco, cólon ascendente, cólon transverso, cólon descendente, cólon sigmóide e


reto.
118

A saída do reto chama-se ânus e é fechada por um músculo que o rodeia, o esfíncter
anal. Numerosas bactérias vivem em mutualismo no intestino grosso. Seu trabalho
consiste em dissolver os restos alimentícios não assimiláveis, reforçar o movimento
intestinal e proteger o organismo contra bactérias estranhas, geradoras de enfermidades.

As fibras vegetais, principalmente a celulose, não são digeridas nem absorvidas,


contribuindo com porcentagem significativa da massa fecal. Como retêm água, sua
presença torna as fezes macias e fáceis de serem eliminadas.

O intestino grosso não possui vilosidades nem secreta sucos digestivos, normalmente só
absorve água, em quantidade bastante consideráveis. Como o intestino grosso absorve
muita água, o conteúdo intestinal se condensa até formar detritos inúteis, que são
evacuados
119

Colon Sigmoide

GLÂNDULAS ANEXAS

6.8.1 - Pâncreas

O pâncreas é uma glândula mista, de mais ou menos 15 cm de comprimento e de


formato triangular, localizada transversalmente sobre a parede posterior do abdome, na
alça formada pelo duodeno, sob o estômago. O pâncreas é formado por uma cabeça que
se encaixa no quadro duodenal, de um corpo e de uma cauda afilada. A secreção externa
dele é dirigida para o duodeno pelos canais de Wirsung e de Santorini. O canal de
Wirsung desemboca ao lado do canal colédoco na ampola de Vater.

O pâncreas comporta dois órgãos estreitamente imbricados: pâncreas exócrino e o


endócrino. O pâncreas exócrino produz enzimas digestivas, em estruturas reunidas
denominadas ácinos. Os ácinos pancreáticos estão ligados através de finos condutos, por
onde sua secreção é levada até um condutor maior, que desemboca no duodeno, durante
a digestão. O pâncreas endócrino secreta os hormônios insulina e glucagon, já
trabalhados no sistema endócrino.
120

Fígado

É o maior órgão interno, e é ainda um dos mais importantes. É a mais volumosa de


todas as vísceras, pesa cerca de 1,5 kg no homem adulto, e na mulher adulta entre 1,2 e
1,4 kg. Tem cor arroxeada, superfície lisa e recoberta por uma cápsula própria. Está
situado no quadrante superior direito da cavidade abdominal.

O tecido hepático é constituído por formações diminutas que recebem o nome de lobos,
compostos por colunas de células hepáticas ou hepatócitos, rodeadas por canais
diminutos (canalículos), pelos quais passa a bile, secretada pelos hepatócitos. Estes
canais se unem para formar o ducto hepático que, junto com o ducto procedente da
vesícula biliar, forma o ducto comum da bile, que descarrega seu conteúdo no duodeno.
As células hepáticas ajudam o sangue a assimilar as substâncias nutritivas e a excretar
os materiais residuais e as toxinas, bem como esteróides, estrógenos e outros
hormônios. O fígado é um órgão muito versátil. Armazena glicogênio, ferro, cobre e
vitaminas. Produz carboidratos a partir de lipídios ou de proteínas, e lipídios a partir de
carboidratos ou de proteínas. Sintetiza também o colesterol e purifica muitos fármacos e
muitas outras substâncias. O termo hepatite é usado para definir qualquer inflamação no
fígado, como a cirrose.
121

Funções do fígado:

 Secretar a bile, líquido que atua no emulsionamento das gorduras ingeridas,


facilitando, assim, a ação da lipase;
 Remover moléculas de glicose no sangue, reunindo-as quimicamente para
formar glicogênio, que é armazenado; nos momentos de necessidade, o
glicogênio é reconvertido em moléculas de glicose, que são relançadas na
circulação;
 Armazenar ferro e certas vitaminas em suas células;
 Metabolizar lipídeos;
 Sintetizar diversas proteínas presentes no sangue, de fatores imunológicos e de
coagulação e de substâncias transportadoras de oxigênio e gorduras;
 Degradar álcool e outras substâncias tóxicas, auxiliando na desintoxicação do
organismo;
 Destruir hemácias (glóbulos vermelhos) velhas ou anormais, transformando sua
hemoglobina em bilirrubina, o pigmento castanho-esverdeado presente na bile.
122

Depois da consideração dos tópicos acima descritos, responda as seguintes


questões:

1. Definir o conceito do aparelho digestivo?


2. Mencionar os órgãos do aparelho digestivo?
3. Identificar as funções dos órgãos do aparelho digestivo?
4. Fale da fisiologia da digestão: absorção e transporte?
5. O que é a língua?
6. O que são glândulas salivares?
7. Qual é a função dos dentes?
8. Enumere os anexos dos aparelhos digestivos?
9. Quantos tipos de sabores existem?

~
123

UNIDADE VI: APARELHO URINÁRIO E EXCRETOR

OBJECTIVOS

No final desta unidade, o aluno deverá ser capaz de:

 Definir o conceito do aparelho urinário e excretor


 Mencionar a constituição dos órgãos do aparelho urinário e excretor
 Descrever suas funções dos órgãos do aparelho urinário
 Conhecer a composição da urina
 Conhecer a unidade estrutural dos rins
 Identificar as funções dos rins

Subtemas:

6.1. Conceito

6.2. Constituição: órgãos e funções

6.3. Processo de filtragem do sangue

6.4. Composição da urina

CONCEITO

O sistema excretor é formado por um conjunto de órgãos que filtram o sangue,


produzem e excretam a urina - o principal líquido de excreção do organismo. É
constituído por um par de rins, um par de ureteres, pela bexiga urinária e pela uretra.

Os rins situam-se na parte dorsal do abdome, logo abaixo do diafragma, um de cada


lado da coluna vertebral, nessa posição estão protegidos pelas últimas costelas e
também por uma camada de gordura. Têm a forma de um grão de feijão enorme e
possuem uma cápsula fibrosa, que protege o córtex - mais externo, e a medula - mais
interna.
124

Cada rim é formado de tecido conjuntivo, que sustenta e dá forma ao órgão, e por
milhares ou milhões de unidades filtradoras, os néfrons, localizados na região renal

O néfron é uma longa estrutura tubular microscópica que possui, em uma das
extremidades, uma expansão em forma de taça, denominada cápsula de Bowman, que se
conecta com o túbulo contorcido proximal, que continua pela alça de Henle e pelo
túbulo contorcido distal; este desemboca em um tubo

COMO FUNCIONAM OS RINS

O sangue chega ao rim através da artéria renal, que se ramifica muito no interior do
órgão, originando grande número de arteríolas aferentes, onde cada uma ramifica-se no
interior da cápsula de Bowman do néfron, formando um enovelado de capilares
denominado glomérulo de Malpighi.

O sangue arterial é conduzido sob alta pressão nos capilares do glomérulo. Essa pressão,
que normalmente é de 70 a 80 mmHg, tem intensidade suficiente para que parte do
plasma passe para a cápsula de Bowman, processo denominado filtração. Essas
substâncias extravasadas para a cápsula de Bowman constituem o filtrado glomerular,
queé semelhante, em composição química, ao plasma sanguíneo, com a diferença de
que não possui proteínas, incapazes de atravessar os capilares glomerulares.

O filtrado glomerular passa em seguida para o túbulo contorcido proximal, cuja parede é
formada por células adaptadas ao transporte ativo. Nesse túbulo, ocorre reabsorção ativa
125

de sódio. A saída desses íons provoca a remoção de cloro, fazendo com que a
concentração do líquido dentro desse tubo fique menor (hipotônico) do que do plasma
dos capilares que o envolvem. Com isso, quando o líquido percorre o ramo descendente
da alça de Henle, há passagem de água por osmose do líquido tubular (hipotônico) para
os capilares sangüíneos (hipertônicos) – ao que chamamos reabsorção. O ramo
descendente percorre regiões do rim com gradientes crescentes de concentração.
Conseqüentemente, ele perde ainda mais água para os tecidos, de forma que, na
curvatura da alça de Henle, a concentração do líquido tubular é alta.

Esse líquido muito concentrado passa então a percorrer o ramo ascendente da alça de
Henle, que é formado por células impermeáveis à água e que estão adaptadas ao
transporte ativo de sais. Nessa região, ocorre remoção ativa de sódio, ficando o líquido
tubular hipotônico.

passar pelo túbulo contorcido distal, que é permeável à água, ocorre reabsorção por
osmose para os capilares sangüíneos. Ao sair do néfron, a urina entra nos dutos
coletores, onde ocorre a reabsorção final de água.

Dessa forma, estima-se que em 24 horas são filtrados cerca de 180 litros de fluido do
plasma; porém são formados apenas 1 a 2 litros de urina por dia, o que significa que
aproximadamente 99% do filtrado glomerular é reabsorvido. Além desses processos
gerais descritos, ocorre, ao longo dos túbulos renais, reabsorção ativa de aminoácidos e
glicose.

Desse modo, no final do túbulo distal, essas substâncias já não são mais encontradas. Os
capilares que reabsorvem as substâncias úteis dos túbulos renais se reúnem para formar
um vaso único, a veia renal, que leva o sangue para fora do rim, em direção ao coração.
126

Regulação da função renal

A regulação da função renal relaciona-se basicamente com a regulação da quantidade de


líquidos do corpo. Havendo necessidade de reter água no interior do corpo, a urina fica
mais concentrada, em função da maior reabsorção de água; havendo excesso de água no
corpo, a urina fica menos concentrada, em função da menor reabsorção de água. O
principal agente regulador do equilíbrio hídrico no corpo humano é o hormônio ADH
(antidiurético), produzido no hipotálamo e armazenado na hipófise.

A concentração do plasma sangüíneo é detectada por receptores osmóticos localizados


no hipotálamo. Havendo aumento na concentração do plasma (pouca água), esses
osmorreguladores estimulam a produção de ADH. Esse hormônio passa para o sangue,
indo atuar sobre os túbulos distais e sobre os túbulos coletores do néfron, tornando as
células desses tubos mais permeáveis à água. Dessa forma, ocorre maior reabsorção de
água e a urina fica mais concentrada. Quando a concentração do plasma é baixa (muita
água), há inibição da produção do ADH e, conseqüentemente, menor absorção de água
nos túbulos distais e coletores, possibilitando a excreção do excesso de água, o que
torna a urina mais diluída.
127

Certas substâncias, como é o caso do álcool, inibem a secreção de ADH, aumentando a


produção de urina. Além do ADH, há outro hormônio participante do equilíbrio hidro-
iônico do organismo: a aldosterona, produzida nas glândulas supra-renais. Ela aumenta
a reabsorção ativa de sódio nos túbulos renais, possibilitando maior retenção de água no
organismo. A produção de aldosterona é regulada da seguinte maneira: quando a
concentração de sódio dentro do túbulo renal diminui, o rim produz uma proteína
chamada renina, que age sobre uma proteína produzida no fígado e encontrada no
sangue denominada angiotensinogênio (inativo), convertendo-a em angiotensina (ativa).
Essa substância estimula as glândulas supra-renais a produzirem a aldosterona.

A ELIMINAÇÃO DE URINA

Ureter

Os néfrons desembocam em dutos coletores, que se unem para formar canais cada vez
mais grossos. A fusão dos dutos origina um canal único, denominado ureter, que deixa o
rim em direção à bexiga urinária.

Bexiga urinária

A bexiga urinária é uma bolsa de parede elástica, dotada de musculatura lisa, cuja
função é acumular a urina produzida nos rins. Quando cheia, a bexiga pode conter mais
de ¼ de litro (250 ml) de urina, que é eliminada periodicamente através da uretra.

Uretra

A uretra é um tubo que parte da bexiga e termina, na mulher, na região vulvar e, no


homem, na extremidade do pênis. Sua comunicação com a bexiga mantém-se fechada
por anéis musculares chamados esfíncteres. Quando a musculatura desses anéis relaxa-
se e a musculatura da parede da bexiga contrai-se, urinamos.
128
129

Depois da consideração dos tópicos acima descritos, responda as seguintes


questões:

1. Defina o conceito do aparelho urinário e excretor


2. Menciona a constituição dos órgãos do aparelho urinário e excretor
3. Descreva as funções dos órgãos do aparelho urinário
4. Fale da composição da urina
5. Qual é a unidade estrutural dos rins
6. Identifique as funções dos rins
7. O que é o filtrado glomerular?
8. Defina os seguintes termos:
 Urina
 Diurese
 Micção
 Insuficiência renal
 Retenção urinária
 Hematúria
 Glicosuria
 Anúria
130

UNIDADE VII: APARELHO GENITAL

OBJECTIVOS ESPECÍFICOS

No final desta unidade, o aluno deverá ser capaz de:

 Definir o conceito do aparelho genital masculino e feminino


 Falar da constituição dos órgãos do aparelho genital masculino e feminino
 Descrever as funções dos órgãos do aparelho genital masculino e feminino
 Conhecer os órgãos acessórios, constituição e funções.

Subtemas:

7.1. Conceito
7.2. Constituição: Órgãos e funções
7.3. Órgãos acessórios: constituição e funções
7.4. Reprodução

7.1 SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO

O sistema reprodutor masculino é formado por:

 Testículos ou gônadas
 Vias espermáticas: epidídimo, canal deferente, uretra.
 Pênis
 Escroto
 Glândulas anexas: próstata, vesículas seminais, glândulas bulbouretrais.

Testículos: são as gônadas masculinas. Cada testículo é composto por um emaranhado


de tubos, os ductos seminíferos Esses ductos são formados pelas células de Sértoli (ou
de sustento) e pelo epitélio germinativo, onde ocorrerá a formação dos espermatozóides.
Em meio aos ductos seminíferos, as células intersticiais ou de Leydig (nomenclatura
antiga) produzem os hormônios sexuais masculinos, sobretudo a testosterona,
responsáveis pelo desenvolvimento dos órgãos genitais masculinos e dos caracteres
sexuais secundários:
131

 Estimulam os folículos pilosos para que façam crescer a barba masculina e o


pêlo pubiano.
 Estimulam o crescimento das glândulas sebáceas e a elaboração do sebo.
 Produzem o aumento de massa muscular nas crianças durante a puberdade, pelo
aumento do tamanho das fibras musculares.
 Ampliam a laringe e tornam mais grave a voz.
 Fazem com que o desenvolvimento da massa óssea seja maior, protegendo
contra a osteoporose.

Epidídimos: são dois tubos enovelados que partem dos testículos, onde os
espermatozóides são armazenados.

Canais deferentes: são dois tubos que partem dos testículos, circundam a bexiga
urinária e unem-se ao ducto ejaculatório, onde desembocam as vesículas seminais.

Vesículas seminais: responsáveis pela produção de um líquido, que será liberado no


ducto ejaculatório que, juntamente com o líquido prostático e espermatozóides, entrarão
na composição do sêmen.

O líquido das vesículas seminais age como fonte de energia para os espermatozóides e
é constituído principalmente por frutose, apesar de conter fosfatos, nitrogênio não
protéico, cloretos, colina (álcool de cadeia aberta considerado como integrante do
complexo vitamínico B) e prostaglandinas (hormônios produzidos em numerosos
tecidos do corpo.

Algumas prostaglandinas atuam na contração da musculatura lisa do útero na


dismenorréi cólica menstrual, e no orgasmo; outras atuam promovendo vasodilatação
em artérias do cérebro, o que talvez justifique as cefaleias dores de cabeça – da
enxaqueca. São formados a partir de ácidos graxos insaturados e podem ter a sua síntese
interrompida por analgésicos e antiinflamatórios).
132

Próstata: glândula localizada abaixo da bexiga urinária. Secreta substâncias alcalinas


que neutralizam a acidez da urina e ativa os espermatozóides.

Glândulas Bulbo Uretrais ou de Cowper: sua secreção transparente é lançada dentro


da uretra para limpá-la e preparar a passagem dos espermatozóides. Também tem
função na lubrificação do pênis durante o ato sexual.

Pênis: é considerado o principal órgão do aparelho sexual masculino, sendo formado


por dois tipos de tecidos cilíndricos: dois corpos cavernosos e um corpo esponjoso
(envolve e protege a uretra). Na extremidade do pênis encontra-se a glande - cabeça do
pênis, onde podemos visualizar a abertura da uretra. Com a manipulação da pele que a
envolve - o prepúcio - acompanhado de estímulo erótico, ocorre a inundação dos corpos
cavernosos e esponjoso, com sangue, tornando-se rijo, com considerável aumento do
tamanho (ereção).

O prepúcio deve ser puxado e higienizado a fim de se retirar dele o esmegma (uma
secreção sebácea espessa e esbranquiçada, com forte odor, que consiste principalmente
em células epiteliais descamadas que se acumulam debaixo do prepúcio). Quando a
glande não consegue ser exposta devido ao estreitamento do prepúcio, diz-se que a
pessoa tem fimose.

A uretra é comumente um canal destinado para a urina, mas os músculos na entrada da


bexiga se contraem durante a ereção para que nenhuma urina entre no sêmen e nenhum
133

sêmen entre na bexiga. Todos os espermatozóides não ejaculados são reabsorvidos pelo
corpo dentro de algum tempo.

Saco Escrotal ou Bolsa Escrotal ou Escroto: Um espermatozóide leva cerca de 70


dias para ser produzido. Eles não podem se desenvolver adequadamente na temperatura
normal do corpo (36,5°C). Assim, os testículos se localizam na parte externa do corpo,
dentro da bolsa escrotal, que tem a função de termorregulação (aproximam ou afastam
os testículos do corpo), mantendo-os a uma temperatura geralmente em torno de 1 a 3
°C abaixo da corporal.

Puberdade

os testículos da criança permanecem inativos até que são estimulados entre 10 e 14 anos
pelos hormônios gonadotróficos da glândula hipófise (pituitária) O hipotálamo libera
fatores liberadores dos hormônios gonadotróficos que fazem a hipófise liberar FSH
(hormônio folículo estimulante) e LH (hormônio luteinizante). FSH à estimula a
espermatogênese pelas células dos túbulos seminíferos.

LH à estimula a produção de testosterona pelas células intersticiais dos testículos à


características sexuais secundárias, elevação do desejo sexual.

TESTOSTERONA

Efeito na Espermatogênese.

A testosterona faz com que os testículos cresçam. Ela deve estar presente, também,
junto com o folículo estimulante, antes que a espermatogênese se complete.

Efeito nos caracteres sexuais masculinos.

Depois que um feto começa a se desenvolver no útero materno, seus testículos começam
a secretar testosterona, quando tem poucas semanas de vida apenas. Essa testosterona,
então, auxilia o feto a desenvolver órgãos sexuais masculinos e características
secundárias masculinas. Isto é, acelera a formação do pênis, da bolsa escrotal, da
próstata, das vesículas seminais, dos ductos deferentes e dos outros órgãos sexuais
masculinos. Além disso, a testosterona faz com que os testículos desçam da cavidade
abdominal para a bolsa escrotal; se a produção de testosterona pelo feto é insuficiente,
134

os testículos não conseguem descer; permanecem na cavidade abdominal. A secreção da


testosterona pelos testículos fetais é estimulada por um hormônio chamado
gonadotrofina coriônica, formado na placenta durante a gravidez. Imediatamente após o
nascimento da criança, a perda de conexão com a placenta remove esse feito
estimulador, de modo que os testículos deixam de secretar testosterona. Em
conseqüência, as características sexuais interrompem seu desenvolvimento desde o
nascimento até à puberdade. Na puberdade, o reaparecimento da secreção de
testosterona induz os órgãos sexuais masculinos a retomar o crescimento. Os testículos,
a bolsa escrotal e o pênis crescem, então, aproximadamente mais 10 vezes.

Efeito nos caracteres sexuais secundários.

Além dos efeitos sobre os órgãos genitais, a testosterona exerce outros efeitos gerais por
todo o organismo para dar ao homem adulto suas características distintivas. Faz com
que os pêlos cresçam na face, ao longo da linha média do abdome, no púbis e no tórax.
Origina, porém, a calvície nos homens que tenham predisposição hereditária para ela.
Estimula o crescimento da laringe, de maneira que o homem, após a puberdade fica com
a voz mais grave. Estimula um aumento na deposição de proteína nos músculos, pele,
ossos e em outras partes do corpo, de maneira que o adolescente do sexo masculino se
torna geralmente maior e mais musculoso do que a mulher, nessa fase. Algumas vezes,
a testosterona também promove uma secreção anormal das glândulas sebáceas da pele,
fazendo com que se desenvolva a acne pós-puberdade na face. Na ausência de
testosterona, as características sexuais secundárias não se desenvolvem e o indivíduo
mantém um aspecto sexualmente infantil.

5.2. SISTEMA REPRODUTOR FEMININO


O sistema reprodutor feminino é constituído por dois ovários, duas tubas uterinas
(trompas de Falópio), um útero, uma vagina, uma vulva. Ele está localizado no interior
da cavidade pélvica. A pelve constitui um marco ósseo forte que realiza uma função
protetora.

vagina
135

A vagina é um canal de 8 a 10 cm de comprimento, de paredes elásticas, que liga o colo


do útero aos genitais externos. Contém de cada lado de sua abertura, porém
internamente, duas glândulas denominadas glândulas de Bartholin, que secretam um
muco lubrificante.

A entrada da vagina é protegida por uma membrana circular - o hímen - que fecha
parcialmente o orifício vulvo-vaginal e é quase sempre perfurado no centro, podendo ter
formas diversas. Geralmente, essa membrana se rompe nas primeiras relações sexuais.

A vagina é o local onde o pênis deposita os espermatozóides na relação sexual. Além de


possibilitar a penetração do pênis, possibilita a expulsão da menstruação e, na hora do
parto, a saída do bebê.

Vulva

A genitália externa ou vulva é delimitada e protegida por duas pregas cutâneomucosas


intensamente irrigadas e inervadas - os grandes lábios. Na mulher reprodutivamente
madura, os grandes lábios são recobertos por pêlos pubianos. Mais internamente, outra
prega cutâneo-mucosa envolve a abertura da vagina - os pequenos lábios - que protegem
136

a abertura da uretra e da vagina. Na vulva também está o clitóris, formado por tecido
esponjoso erétil, homólogo ao pênis do homem.

Ovários

Ovários: são as gônadas femininas. Produzem estrógeno e progesterona, hormônios


sexuais femininos que serão vistos mais adiante. No final do desenvolvimento
embrionário de uma menina, ela já tem todas as células que irão transformar-se em
gametas nos seus dois ovários. Estas células - os ovócitos primários - encontram-se
dentro de estruturas denominadas folículos de Graaf ou folículos ovarianos. A partir da
adolescência, sob ação hormonal, os folículos ovarianos começam a crescer e a
desenvolver. Os folículos em desenvolvimento secretam o hormônio estrógeno.

Mensalmente, apenas um folículo geralmente completa o desenvolvimento e a


maturação, rompendo-se e liberando o ovócito secundário (gaemta feminino): fenômeno
conhecido como ovulação. Após seu rompimento, a massa celular resultante transforma-
se em corpo lúteo ou amarelo, que passa a secretar os hormônios progesterona e
estrógeno. Com o tempo, o corpo lúteo regride e converte-se em corpo albicans ou
corpo branco, uma pequena cicatriz fibrosa que irá permanecer no ovário.

A gameta feminina liberada na superfície de um dos ovários é recolhida por finas


terminações das tubas uterinas - as fímbrias. Tubas uterinas, ovidutos ou trompas de
Falópio: são dois ductos que unem o ovário ao útero. Seu epitélio de revestimento é
formado por células ciliadas. Os batimentos dos cílios microscópicos e os movimentos
peristálticos das tubas uterinas impelem a gameta feminina até o útero.
137

Útero

Útero: órgão oco situado na cavidade pélvica anteriormente à bexiga e posteriormente


ao reto, de parede muscular espessa (miométrio) e com formato de pêra invertida. É
revestido internamente por um tecido vascularizado rico em glândulas (o endométrio).

A pituitária (hipófise) anterior das meninas, como a dos meninos, não secreta
praticamente nenhum hormônio gonadotrópico até à idade de 10 a 14 anos. Entretanto,
por essa época, começa a secretar dois hormônios gonadotrópicos. No inicio, secreta
principalmente o hormônio foliculo-estimulante (FSH), que inicia a vida sexual na
menina em crescimento; mais tarde, secreta o harmônio luteinizante (LH), que auxilia
no controle do ciclo menstrual.

Hormônio Folículo-Estimulante: causa a proliferação das células foliculares ovarianas


e estimula a secreção de estrógeno, levando as cavidades foliculares a desenvolverem-se
e a crescer.

Hormônio Luteinizante: aumenta ainda mais a secreção das células foliculares,


estimulando a ovulação

Hormônios Sexuais Femininos

Os dois hormônios ovarianos, o estrogênio e a progesterona, são responsáveis pelo


desenvolvimento sexual da mulher e pelo ciclo menstrual. Esses hormônios, como os
hormônios adrenocorticais e o hormônio masculino testosterona, são ambos compostos
esteróides, formados, principalmente, de um lipídio, o colesterol. Os estrogênios são,
138

realmente, vários hormônios diferentes chamados estradiol, estriol e estrona, mas que
têm funções idênticas e estruturas químicas muito semelhantes. Por esse motivo, são
considerados juntos, como um único hormônio.

Funções do Estrogênio:

O estrogênio induz as células de muitos locais do organismo, a proliferar, isto é, a


aumentar em número. Por exemplo, a musculatura lisa do útero, aumenta tanto que o
órgão, após a puberdade, chega a duplicar ou, mesmo, a triplicar de tamanho. O
estrogênio também provoca o aumento da vagina e o desenvolvimento dos lábios que a
circundam, faz o púbis se cobrir de pêlos, os quadris se alargarem e o estreito pélvico
assumir a forma ovóide, em vez de afunilada como no homem; provoca o
desenvolvimento das mamas e a proliferação dos seus elementos glandulares, e,
finalmente, leva o tecido adiposo a concentrar-se, na mulher, em áreas como os quadris
e coxas, dando-lhes o arredondamento típico do sexo. Em resumo, todas as
características que distinguem a mulher do homem são devido ao estrogênio e a razão
básica para odesenvolvimento dessas características é o estímulo à proliferação dos
elementos celulares em certas regiões do corpo.

O estrogênio também estimula o crescimento de todos os ossos logo após a puberdade,


mas promove rápida calcificação óssea, fazendo com que as partes dos ossos que
crescem se "extingam" dentro de poucos anos, de forma que o crescimento, então, pára.
A mulher, nessa fase, cresce mais rapidamente que o homem, mas pára após os
primeiros anos da puberdade; já o homem tem um crescimento menos rápido, porém
mais prolongado, de modo que ele assume uma estatura maior que a da mulher, e, nesse
ponto, também se diferenciam os dois sexos. O estrogênio tem, outrossim, efeitos muito
importantes no revestimento interno do útero, o endométrio, no ciclo menstrual.

Funções da Progesterona

A progesterona tem pouco a ver com o desenvolvimento dos caracteres sexuais


femininos; está principalmente relacionada com a preparação do útero para a aceitação
do embrião e à preparação das mamas para a secreção láctea.
139

Em geral, a progesterona aumenta o grau da atividade secretória das glândulas


mamárias e, também, das células que revestem a parede uterina, acentuando o
espessamento do endométrio e fazendo com que ele seja intensamente invadido por
vasos sangüíneos; determina, ainda, o surgimento de numerosas glândulas produtoras de
glicogênio. Finalmente, a progesterona inibe as contrações do útero e impede a expulsão
do embrião que se está implantando ou do feto em desenvolvimento.

REPRODUÇÃO
CICLO MENSTRUAL

O ciclo menstrual na mulher é causado pela secreção alternada dos hormônios folículo-
estimulante e luteinizante, pela pituitária (hipófise) anterior (adenohipófise), e dos
estrogênios e progesterona, pelos ovários. O ciclo de fenômenos que induzem essa
alternância tem a seguinte explicação:

1. No começo do ciclo menstrual, isto é, quando a menstruação se inicia, a pituitária


anterior secreta maiores quantidades de hormônio folículo-estimulante juntamente com
pequenas quantidades de hormônio luteinizante. Juntos, esses hormônios promovem o
crescimento de diversos folículos nos ovários e acarretam uma secreção considerável de
estrogênio (estrógeno).

2. Acredita-se que o estrogênio tenha, então, dois efeitos seqüenciais sobre a secreção
da pituitária anterior. Primeiro, inibiria a secreção dos hormônios folículoestimulante e
luteinizante, fazendo com que suas taxas declinassem a um mínimo por volta do décimo
dia do ciclo. Depois, subitamente a pituitária anterior começaria a secretar quantidades
muito elevadas de ambos os hormônios mas principalmente do hormônio luteinizante. É
essa fase de aumento súbito da secreção que provoca o rápido desenvolvimento final de
um dos folículos ovarianos e a sua ruptura dentro de cerca de dois dias.

3. O processo de ovulação, que ocorre por volta do décimo quarto dia de um ciclo
normal de 28 dias, conduz ao desenvolvimento do corpo lúteo ou corpo amarelo, que
secreta quantidades elevadas de progesterona e quantidades consideráveis de estrogênio.
140

4. O estrogênio e a progesterona secretados pelo corpo lúteo inibem novamente a


pituitária anterior, diminuindo a taxa de secreção dos hormônios folículo-estimulante e
luteinizante. Sem esses hormônios para estimulá-lo, o corpo lúteo involui, de modo que
a secreção de estrogênio e progesterona cai para níveis muito baixos. É nesse momento
que a menstruação se inicia, provocada por esse súbito declínio na secreção de ambos os
hormônios.

5. Nessa ocasião, a pituitária anterior, que estava inibida pelo estrogênio e pela
progesterona, começa a secretar outra vez grandes quantidades de hormônio
folículoestimulante, iniciando um novo ciclo. Esse processo continua durante toda a
vida reprodutiva da mulher.
141

OBSERVAÇÃO:

A ovulação ocorre aproximadamente entre 10-12 horas após o pico de LH. No ciclo
regular, o período de tempo a partir do pico de LH até a menstruação está
constantemente próximo de 14 dias. Dessa forma, da ovulação até a próxima
menstruação decorrem 14 dias. Apesar de em um ciclo de 28 dias a ovulação ocorrer
aproximadamente na metade do ciclo, nas mulheres que têm ciclos regulares, não
importa a sua duração, o dia da ovulação pode ser calculada como sendo o 14º dia
ANTES do início da menstruação. Generalizando, pode-se dizer que, se o ciclo
142

menstrual tem uma duração de n dias, o possível dia da ovulação é n – 14, considerando
n = dia da próxima menstruação.

Exemplo: determinada mulher, com ciclo menstrual regular de 28 dias, resolveu iniciar
um relacionamento íntimo com seu namorado. Como não planejavam ter filhos,
optaram pelo método da tabelinha, onde a mulher calcula o período fértil em relação ao
dia da ovulação. Considerando que a mulher é fértil durante aproximadamente nove dias
por ciclo e que o último ciclo dessa mulher iniciou-se no dia 22 de setembro de 2006,
calcule seu período fértil.

concentr

alta de estrógeno inibe secreção de FSH e estimula a secreção de LH pela hipófise /


concentração alta

lúteo inicia a produ


143

Resposta: Considerando o primeiro dia do ciclo como 22 e que seu ciclo é de 28 dias,
temos:

Menstruará novamente no dia 19/10 (n). Ocorrendo a ovulação 14 dias ANTES da


menstruação, esta se dará no dia 05/10 (considerando a fórmula n - 14, teremos: 19 - 14
= 5, ou seja, dia 05 será seu provável dia de ovulação). Como seu período fértil
aproximado localiza-se 4 dias antes e 4 dias após a ovulação, então o início dos dias
férteis será 01/10 e o término, 09/10. Resposta: 45.

Como é comum em algumas mulheres uma pequena variação no tamanho do ciclo


menstrual, o cálculo para o período fértil deverá compreender o ciclo mais curto e o
mais longo. Neste caso, primeiramente a mulher deverá anotar o 1° dia da menstruação
durante vários meses e calcular a duração de seus ciclos (cada um deles contado do
primeiro dia da menstruação). A partir daí, deverá proceder da seguinte forma para
calcular o período fértil:

1. subtrair 14 dias do ciclo mais curto (dia da ovulação);

2. subtrair 14 dias do ciclo mais longo (dia da ovulação);

3. subtrair pelo menos 3 dias do dia da ovulação do ciclo mais curto e somar 3 dias ao
dia da ovulação do ciclo mais longo.

Exemplo: suponha que o ciclo mais curto da mulher exemplificada anteriormente tenha
sido de 26 dias e o mais longo, de 30 dias. O cálculo do período fértil será feito assim:

1. subtraindo 14 dias do ciclo mais


ter ocorrido no 12° dia do ciclo mais curto;
144

ter ocorrido no 16° dia do ciclo mais longo;

3. subtraindo 3 dias do dia da ovulação do ciclo


somando 3 dias ao dia da ovulação do ciclo mais longo (16 + 3 = 19), o período fértil
ficará entre o 9° e o 19° dia de qualquer ciclo menstrual desta mulher. Os dias restantes
serão os dias não-férteis.

OBSERVAÇÃO: os cálculos acima só funcionam para mulheres com ciclos regulares


(ou que sofrem apenas pequenas variações nos ciclos).

Concluindo, o ciclo menstrual pode ser dividido em 4 fases:

1. Fase menstrual: corresponde aos dias de menstruação e dura cerca de 3 a 7 dias,


geralmente.

2. Fase proliferativa ou estrogênica: período de secreção de estrógeno pelo folículo


ovariano, que se encontra em maturação.

3. Fase secretora ou lútea: o final da fase proliferativa e o início da fase secretora é


marcado pela ovulação. Essa fase é caracterizada pela intensa ação do corpo lúteo.

4. Fase pré-menstrual ou isquêmica: período de queda das concentrações dos hormônios


ovarianos, quando a camada superficial do endométrio perde seu suprimento sangüíneo
normal e a mulher está prestes a menstruar. Dura cerca de dois dias, podendo ser
acompanhada por dor de cabeça, dor nas mamas, alterações psíquicas, como
irritabilidade e insônia (TPM ou Tensão Pré-Menstrual).

HORMÓNIOS DA GRAVIDEZ

Gonadotrofina coriônica humana (HCG): é um hormônio glicoproteíco, secretado desde


o início da formação da placenta pelas células trofoblásticas, após nidação
(implantação) do blastocisto (*). A principal função fisiológica deste hormônio é a de
manter o corpo lúteo, de modo que as taxas de progesterona e estrogênio não diminuam,
garantindo, assim, a manutenção da gravidez (inibição da menstruação) e a ausência de
nova ovulação. Por volta da 15ª semana de gestação, com a placenta já formada e
145

madura produzindo estrógeno e progesterona, ocorre declínio acentuado na


concentração de HCG e involução do corpo lúteo.

O HCG também concede uma imunossupressão à mulher, para que ela não rejeite o
embrião (inibe a produção de anticorpos pelos linfócitos); tem atividade tireotrófica e
também estimula a produção de testosterona pelo testículo fetal (estimula as células de
Leydig a produzirem maior quantidade de androgênios), importante para a diferenciação
sexual do feto do sexo masculino.

(*) O blastocisto é um estágio inicial do desenvolvimento embrionário, formado por


uma camada de células denominada trofoblasto ou células trofobláticas que envolve o
botão embrionário. Após a nidação o trofoblasto forma projeções na mucosa uterina
chamadas vilosidades coriônicas, principais responsáveis pela produção de HCG.

Hormônio lactogênio placentário humano: é um hormônio protéico, de estrutura


química semelhante à da prolactina e da somatotrofina hipofisária. É encontrado no
plasma da gestante a partir da 4ª semana de gestação. Tem efeito lipolítico, aumenta a
resistência materna à ação da insulina e estimula o pâncreas na secreção de insulina,
ajudando no crescimento fetal, pois proporciona maior quantidade de glicose e de
nutrientes para o feto em desenvolvimento.

Hormônio melanotrófico: atua nos melanócitos para liberação de melanina,


aumentando a pigmentação da aréola, abdomên e face.

Aldosterona: mantém o equilíbrio de sódio, pois a progesterona estimula a eliminação


do mesmo, e a aldosterona promove sua reabsorção.
146

Progesterona: relaxa a musculatura lisa, o que diminui a contração uterina, para não ter
a expulsão do feto. Aumenta o endométrio, pois se o endométrio não estiver bem
desenvolvido, poderá ocorrer um aborto natural ou o blastocisto se implantar (nidação)
além do endométrio. Este hormônio é importante para o equilíbrio hidro-eletrolítico,
além de estimular o centro respiratório no cérebro, fazendo com que aumente a
ventilação, e conseqüentemente, fazendo com que a mãe mande mais oxigênio para o
feto. Complementa os efeitos do estrogênio nas mamas, promovendo o crescimento dos
elementos glandulares, o desenvolvimento do epitélio secretor e a deposição de
nutrientes nas células glandulares, de modo que, quando a produção de leite for
solicitada a matériaprima já esteja presente.

Estrogênio: promove rápida proliferação da musculatura uterina; grande


desenvolvimento do sistema vascular do útero; aumento dos órgãos sexuais externos e
da abertura vaginal, proporcionando uma via mais ampla para o parto; rápido aumento
das mamas; contribui ainda para a manutenção hídrica e aumenta a circulação. Dividido
em estradiol e estrona - que estão na corrente materna; e estriol - que está na corrente
fetal, é medido para avaliar a função feto-placentária e o bem estar fetal.

HORMÔNIOS DO PARTO

A ocitocina é um hormônio que potencializa as contrações uterinas tornando-as fortes e


coordenadas, até completar-se o parto. Quando inicia a gravidez, não existem receptores
no útero para a ocitocina. Estes receptores vão aparecendo gradativamente no decorrer
da gravidez. Quando a ocitocina se liga a eles, causa a contração do músculo liso
uterino e também, estimulação da produção de prostaglandinas, pelo útero, que ativará o
músculo liso uterino.
147

O parto depende tanto da secreção de ocitocina quanto da produção das prostaglandinas,


porque sem estas, não haverá a adequada dilatação do colo do útero e
conseqüentemente, o parto não irá progredir normalmente. Não são bem conhecidos os
fatores desencadeantes do trabalho de parto, mas sabe-se que, quando o hipotálamo do
feto alcança certo grau de maturação, estimula a hipófise fetal a liberar ACTH. Agindo
sobre a adrenal do feto, esse hormônio aumenta a secreção de cortisol e outros
hormônios, que estimulam a placenta a secretar prostaglandinas. Estas promovem
contrações da musculatura lisa do útero. Ainda não se sabe o que impede o parto
prematuro, uma vez que nas fases finais da gravidez, há uma elevação do nível de
ocitocina e de seus receptores, o que poderia ocasionar o início do trabalho de parto,
antes do fim total da gravidez. Existem possíveis fatores inibitórios do trabalho de parto,
como a proporção estrogênio/progesterona e o nível de relaxina, hormônio produzido
pelo corpo lúteo do ovário e pela placenta.

A progesterona mantém seus níveis elevados durante toda a gravidez, inibindo o


músculo liso uterino e bloqueando sua resposta a ocitocina e as prostaglandinas. O
estrogênio aumenta o grau de contratilidade uterina. Na última etapa da gestação, o
148

estrogênio tende a aumentar mais que a progesterona, o que faz com que o útero consiga
ter uma contratilidade maior.

A relaxina aumenta o número de receptores para a ocitocina, além de produzir um


ligeiro amolecimento das articulações pélvicas (articulações da bacia) e das suas
cápsulas articulares, dando-lhes a flexibilidade necessária para o parto (por provocar
remodelamento do tecido conjuntivo, afrouxa a união entre os ossos da bacia e alarga o
canal de passagem do feto). Tem ação importante no útero para que ele se distenda, a
medida em que o bebê cresce. O nível de relaxina aumenta ao máximo antes do parto e
depois cai rapidamente.

Ainda não se conhecem os fatores que realmente interferem no trabalho de parto, mas
uma vez que ele tenha iniciado, há um aumento no nível de ocitocina, elevando muito
sua secreção, o que continua até a expulsão do feto.

OS HORMÓNIOS E OS MECANISMOS DA LACTAÇÃO

O início da lactação se dá com a produção de leite, que ocorre nos alvéolos das
glândulas mamárias. O leite sai dos alvéolos e caminha até o mamilo através dos seios
lactíferos.
149

O estrogênio, associado aos hormônios da tireóide, aos corticosteróides adrenais e a


insulina, promovem o desenvolvimento das mamas. Este desenvolvimento vai ser
acentuado pela ação da progesterona, que também estimula a proliferação dos dutos.

Durante a gravidez, há a necessidade de uma proliferação dos alvéolos e dos dutos para
a lactação. Isto ocorre devido à ação dos hormônios progesterona e estrogênio. O
lactogênio placentário e a prolactina também são muito importantes na preparação das
mamas.

A prolactina começa a ser produzida ainda na puberdade, mas em pequena quantidade.


O surto deste hormônio acontece em decorrência da gravidez, e é aumentado,
gradativamente, durante a amamentação. Tal hormônio é responsável pelo crescimento
e pela atividade secretora dos alvéolos mamários. O lactogênio placentário age como a
prolactina, desenvolvendo os alvéolos.

Estes dois hormônios estão presentes durante toda a gravidez, porém suas quantidades
não são aumentadas, devido a inibição causada pelos altos níveis de progesterona e
estrogênio. Ao final do trabalho de parto, há uma queda nos níveis destes dois últimos
hormônios, ocasionando um aumento nas quantidades de prolactina e lactogênio
placentário, o que possibilita o início da produção de leite. Enquanto houver a sucção do
mamilo pelo bebê, a prolactina continuará produzindo leite. Isto acontece porque
quando o bebê faz esta sucção nos mamilos, estimula o hipotálamo a secretar o fator
liberador da prolactina, mantendo seus níveis e, conseqüentemente, a produção de leite.
A produção de leite só irá diminuir ou cessar completamente se a mãe não amamentar
seu filho, pois neste caso, não haverá mais a estimulação decorrente da sucção do
mamilo. A sucção do mamilo também estimulará a hipófise posterior, que irá secretar
ocitocina. Este hormônio é o responsável pela ejeção do leite. Tal mecanismo ocorre
porque a ocitocina contrai os músculos ao redor dos alvéolos, fazendo com que o leite
caminhe até o mamilo. O leite só começa a ser produzido depois do primeiro dia do
nascimento. Até este período, haverá a secreção e liberação do colostro, que é um
líquido aquoso, de cor amarelada, que contém anticorpos maternos.
150

Glândula Hormónio Órgão-alvo Principais ações


FSH Ovário Estimula o desenvolvimento
do folículo, a secreção de
estrógeno e a ovulação
LH Ovário Estimula a ovulação e o
desenvolvimento do corpo
amarelo.
Prolactina Mamas Estimula a produção de leite
Hipófise (após a estimulação prévia
das glândulas mamárias por
estrógeno e progesterona)
Ocitocina Útero e mamas Secretado em quantidades
moderadas durante a última
fase da gravidez e em grande
quantidade durante o parto.
Promove a contração do
útero para a expulsão da
criança. - promove a ejeção
do leite durante a
amamentação
Estrogénio Diversos Crescimento do corpo e dos
órgãos sexuais; estimula o
desenvolvimento das
Ovário características sexuais
secundárias.
Hipófise Inibe a produção de FSH e
estimula a produção de LH
Sistema Estimula a maturação dos
reprodutor órgãos reprodutores e do
endométrio, preparando o
útero para a gravidez
Progrsterona Hipófise Inibe a produção de LH
Útero Completa a regeneração da
mucosa uterina, estimula a
secreção das glândulas
endometriais e mantém o
útero preparado para a
gravidez
Mamas Estimula o desenvolvimento
das glândulas mamárias para
secreção láctea.
Placenta HCG Corpo lúteo Estimula a produção de
progesterona e estrógeno;
inibe a menstruação e nova
ovulação.
151

Depois da consideração dos tópicos acima descritos, responda as seguintes questões:

1. Dê o conceito do aparelho genital


2. Defina os conceitos do aparelho genital masculino e feminino?
3. Mencione os órgãos genitais externos e internos do sexo feminino?
4. Descreva as funções dos órgãos do aparelho genital masculino e
feminino?
5. Fale dos órgãos acessórios, constituição e funções em ambos os sexos?
6. O que são gónadas?
7. Quais são as hormonas masculinas e femininas que intervêm nos
caracteres físicos?
8. Como se chama a disfunção da próstata?
152

UNIDADE VIII: Sistema nervoso

OBJECTIVOS ESPECÍFICOS

No final desta unidade, o aluno deverá ser capaz de:

 Definir o conceito do sistema nervoso


 Falar da constituição do sistema nervoso
 Descrever as funções de cada um deles

Subtemas:

8.1. Conceito
8.2. Divisões (sistema nervo central, periférico, autónomo)
 Funções

8.1.SISTEMA NERVOSO

O sistema nervoso, juntamente com o sistema endócrino, capacitam o organismo a


perceber as variações do meio (interno e externo), a difundir as modificações que essas
variações produzem e a executar as respostas adequadas para que seja mantido o
equilíbrio interno do corpo (homeostase). São os sistemas envolvidos na coordenação e
regulação das funções corporais.

No sistema nervoso diferenciam-se duas linhagens celulares: os neurônios e as células


da glia (ou da neuróglia). Os neurônios são as células responsáveis pela recepção e
transmissão dos estímulos do meio (interno e externo), possibilitando ao organismo a
execução de respostas adequadas para a manutenção da homeostase.

Para exercerem tais funções, contam com duas propriedades fundamentais: a


irritabilidade (também denominada excitabilidade ou responsividade) e a
condutibilidade.

Irritabilidade é a capacidade que permite a uma célula responder a estímulos, sejam eles
internos ou externos. Portanto, irritabilidade não é uma resposta, mas a propriedade que
torna a célula apta a responder. Essa propriedade é inerente aos vários tipos celulares do
organismo. No entanto, as respostas emitidas pelos tipos celulares distintos também
diferem umas das outras.
153

A resposta emitida pelos neurônios assemelha-se a uma corrente elétrica transmitida ao


longo de um fio condutor: uma vez excitados pelos estímulos, os neurônios transmitem
essa onda de excitação - chamada de impulso nervoso - por toda a sua extensão em
grande velocidade e em um curto espaço de tempo. Esse fenômeno deve-se à
propriedade de condutibilidade.

Para compreendermos melhor as funções de coordenação e regulação exercidas pelo


sistema nervoso, precisamos primeiro conhecer a estrutura básica de um neurônio e
como a mensagem nervosa é transmitida.

Um neurônio é uma célula composta de um corpo celular (onde está o núcleo, o


citoplasma e o citoesqueleto), e de finos prolongamentos celulares denominados
neuritos, que podem ser subdivididos em dendritos e axônios.

Os dendritos são prolongamentos geralmente muito ramificados e que atuam como


receptores de estímulos, funcionando portanto, como "antenas" para o neurônio.

Os axônios são prolongamentos longos que atuam como condutores dos impulsos
nervosos. Os axônios podem se ramificar e essas ramificações são chamadas de
colaterais.

Todos os axônios têm um início (cone de implantação), um meio (o axônio


propriamente dito) e um fim (terminal axonal ou botão terminal). O terminal axonal é o
154

local onde o axônio entra em contato com outros neurônios e/ou outras células e passa a
informação (impulso nervoso) para eles. A região de passagem do impulso nervoso de
um neurônio para a célula adjacente chama-se sinapse. Às vezes os axônios têm muitas
ramificações em suas regiões terminais e cada ramificação forma uma sinapse com
outros dendritos ou corpos celulares. Estas ramificações são chamadas coletivamente de
arborização terminal.

Os corpos celulares dos neurônios são geralmente encontrados em áreas restritas do


sistema nervoso, que formam o Sistema Nervoso Central (SNC), ou nos gânglios
nervosos, localizados próximo da coluna vertebral. Do sistema nervoso central partem
os prolongamentos dos neurônios, formando feixes chamados nervos, que constituem o
Sistema Nervoso Periférico (SNP).

O axônio está envolvido por um dos tipos celulares seguintes: célula de Schwann
(encontrada apenas no SNP) ou oligodendrócito (encontrado apenas no SNC) Em
muitos axônios, esses tipos celulares determinam a formação da bainha de mielina -
invólucro principalmente lipídico (também possui como constituinte a chamada proteína
básica da mielina) que atua como isolante térmico e facilita a transmissão do impulso
nervoso. Em axônios mielinizados existem regiões de descontinuidade da bainha de
mielina, que acarretam a existência de uma constrição (estrangulamento) denominada
nódulo de Ranvier. No caso dos axônios mielinizados envolvidos pelas células de
Schwann, a parte celular da bainha de mielina, onde estão o citoplasma e o núcleo desta
célula, constitui o chamado neurilema.

A membrana plasmática do neurônio transporta alguns íons ativamente, do líquido


extracelular para o interior da fibra, e outros, do interior, de volta ao líquido
extracelular. Assim funciona a bomba de sódio e potássio, que bombeia ativamente o
sódio para fora, enquanto o potássio é bombeado ativamente para dentro.Porém esse
bombeamento não é eqüitativo: para cada três íons sódio bombeados para o líquido
extracelular, apenas dois íons potássio são bombeados para o líquido intracelular.

Somando-se a esse fato, em repouso a membrana da célula nervosa é praticamente


impermeável ao sódio, impedindo que esse íon se mova a favor de seu gradiente de
concentração (de fora para dentro); porém, é muito permeável ao potássio, que,
155

favorecido pelo gradiente de concentração e pela permeabilidade da membrana, se


difunde livremente para o meio extracelular.

Em repouso: canais de sódio fechados. Membrana é praticamente impermeável ao


sódio, impedindo sua difusão a favor do gradiente de concentração. Sódio é bombeado
ativamente para fora pela bomba de sódio e potássio. Como a saída de sódio não é
acompanhada pela entrada de potássio na mesma proporção, estabelece-se uma
diferença de cargas elétricas entre os meios intra e extracelular: há déficit de cargas
positivas dentro da célula e as faces da membrana mantêm-se eletricamente carregadas.
O potencial eletronegativo criado no interior da fibra nervosa devido à bomba de sódio e
potássio é chamado potencial de repouso da membrana, ficando o exterior da membrana
positivo e o interior negativo. Dizemos, então, que a membrana está polarizada. Ao ser
estimulada, uma pequena região da membrana torna-se permeável ao sódio (abertura
dos canais de sódio). Como a concentração desse íon é maior fora do que dentro da
célula, o sódio atravessa a membrana no sentido do interior da célula. A entrada de
sódio é acompanhada pela pequena saída de potássio. Esta inversão vai sendo
transmitida ao longo do axônio, e todo esse processo é denominado onda de
despolarização. Os impulsos nervosos ou potenciais de ação são causados pela
despolarização da membrana além de um limiar (nível crítico de despolarização que
deve ser alcançado para disparar o potencial de ação). Os potenciais de ação
assemelham-se em tamanho e duração e não diminuem à medida que são conduzidos ao
longo do axônio, ou seja, são de tamanho e duração fixos. A aplicação de uma
despolarização crescente a um neurônio não tem qualquer efeito até que se cruze o
limiar e, então, surja o potencial de ação. Por esta razão, diz-se que os potenciais de
ação obedecem à "lei do tudo ou nada".

Imediatamente após a onda de despolarização ter-se propagado ao longo da fibra


nervosa, o interior da fibra torna-se carregado positivamente, porque um grande número
de íons sódio se difundiu para o interior. Essa positividade determina a parada do fluxo
de íons sódio para o interior da fibra, fazendo com que a membrana se torne novamente
impermeável a esses íons. Por outro lado, a membrana torna-se ainda mais permeável ao
potássio, que migra para o meio interno. Devido à alta concentração desse íon no
interior, muitos íons se difundem, então, para o lado de fora. Isso cria novamente
156

eletronegatividade no interior da membrana e positividade no exterior – processo


chamado repolarização, pelo qual se reestabelece a polaridade normal da membrana. A
repolarização normalmente se inicia no mesmo ponto onde se originou a despolarização,
propagando-se ao longo da fibra. Após a repolarização, a bomba de sódio bombeia
novamente os íons sódio para o exterior da membrana, criando um déficit extra de
cargas positivas no interior da membrana, que se torna temporariamente mais negativo
do que o normal. A eletronegatividade excessiva no interior atrai íons potássio de volta
para o interior (por difusão e por transporte ativo). Assim, o processo traz as diferenças
iônicas de volta aos seus níveis originais.

Para transferir informação de um ponto para outro no sistema nervoso, é necessário que
o potencial de ação, uma vez gerado, seja conduzido ao longo do axônio. Um potencial
de ação iniciado em uma extremidade de um axônio apenas se propaga em uma direção,
não retornando pelo caminho já percorrido. Conseqüentemente, os potenciais de ação
são unidirecionais - ao que chamamos condução ortodrômica. Uma vez que a membrana
axonal é excitável ao longo de toda sua extensão, o potencial de ação se propagará sem
decaimento. A velocidade com a qual o potencial de ação se propaga ao longo do
axônio depende de quão longe a despolarização é projetada à frente do potencial de
ação, o que, por sua vez, depende de certas características físicas do axônio: a
velocidade de condução do potencial de ação aumenta com o diâmetro axonal. Axônios
com menor diâmetro necessitam de uma maior despolarização para alcançar o limiar do
potencial de ação.

Nesses de axônios, presença de bainha de mielina acelera a velocidade da condução do


impulso nervoso. Nas regiões dos nódulos de Ranvier, a onda de despolarização "salta"
diretamente de um nódulo para outro, não acontecendo em toda a extensão da região
mielinizada (a mielina é isolante). Fala-se em condução saltatória e com isso há um
considerável aumento da velocidade do impulso nervoso. O percurso do impulso
nervoso no neurônio é sempre no sentido dendrito corpo celularaxônio. O SNC recebe,
analisa e integra informações. É o local onde ocorre a tomada de decisões e o envio de
ordens. O SNP carrega informações dos órgãos sensoriais para o sistema nervoso
central e do sistema nervoso central para os órgãos efetores (músculos e glândulas).
157

SINAPSES

Do grego synapsis, acção de juntar. E a transmissão do impulso nervoso entre as


células. Região de contacto entre a extremidade do axônio e a superfície (membrana
celular) de outras células. As células de contacto podem ser neurónios, células
musculares ou glandulares.

As terminações de um axônio podem estabelecer muitas sinapses simultâneas.

Nas sinapses, os axônios, dendrites e as células, estão muito próximas, mas não se
tocam, constituindo a fenda sináptica.

Fenda sináptica. Espaço compreendido entre as membranas celulares e a extremidade do


axônio.

Impulsos nervosos.

Estimulo electroquímico devido á liberação de neurotransmisores, (acetilcolina,


serotonina, noradrenalina e outros, mais de 10).

Os dendritos conduzem o impulso em direção ao corpo celular. Celulífugo. O axônio


conduz o impulso em direção à sua extremidade, para longe do corpo celular.

Existen (3) tres tipos de sinapsis:

 Neuroquímica
 Eléctrica
 Mista.

A grande maioria das sinapses é de tipo neuroquímico. As sinapses neuroquímica


genera impulsos unidirecionais, denominados condução anterógrada.

As sinapses elétrica genera impulsos em todas as direções.

Fatiga sináptica: Mecanismo de defesa ou protecção que evitaa hiperexcitação continua


e prolongada de un impulso.
158

O Sistema Nervoso está dividido em duas partes fundamentais: sistema nervoso


central e sistema nervoso periférico

Sistema Nervoso Central

O Sistema Nervoso Central é constituído pelo encéfalo e pela medula espinhal, ambos
envolvidos e protegidos por três membranas denominadas meninges.

I. Encéfalo

O encéfalo, que pesa aproximadamente 1,5 quilo, está localizado na caixa craniana e
apresenta três órgãos principais: o cérebro, o cerebelo e o tronco encefálico. Encontra-se
na caixa craniana, ocupando todo seu espaço e junto com a medula e os nervos compõe
o sistema nervoso. É envolvido por membranas chamadas meninges, cuja função é
proteger o encéfalo e a medula contra choques mecânicos.
159

Representação de um raio-x do crânio mostrando encéfalo e neurônio

Cérebro

É o órgão mais importante do sistema nervoso. Considerado o órgão mais volumoso,


pois ocupa a maior parte do encéfalo, o cérebro está dividido em duas partes simétricas:
o hemisfério direito e o hemisfério esquerdo.

Assim, a camada mais externa do cérebro e cheia de reentrâncias, chama-se córtex


cerebral, o responsável pelo pensamento, visão, audição, tato, paladar, fala, escrita, etc.

Ademais, é sede dos atos conscientes e inconscientes, da memória, do raciocínio, da


inteligência e da imaginação, e controla ainda, os movimentos voluntários do corpo.

Anatomia do Cérebro Humano

O cérebro é formado por dois tecidos superpostos. O córtex cerebral, mais externo, é o
mais extenso, de coloração cinza, composto pelos corpos celulares dos neurônios e
outras células nervosas.

O tecido de coloração branca é o núcleo cerebral, rico em fibras nervosas que


estabelecem comunicação entre o córtex cerebral, os órgãos sensoriais e os músculos de
todo o corpo.

O cérebro está dividido em quatro lóbulos (Lobos Cerebrais) com ligações entre si, no
centro das fissuras.
160

Fig.2 Os lobos e hemisférios cerebrais

As denominações de lóbulo frontal, parietal, temporal e occipital, estão associadas aos


ossos do cranio.

Lobo Frontal

É o maior dos quatro, se estende por trás da testa. Responsável pelos mais simples
movimentos físicos, como também pelas funções do aprendizado, do pensamento, da
memória e da fala.

Lobo Parietal

Localizado por trás do frontal, se estende até a parte posterior da cabeça. Responsável
pela percepção espacial e pelas informações sensoriais de dor, calor e frio.

Lobo Temporal
161

Localizado na base do parietal, até a altura dos ouvidos é responsável pelos estímulos
auditivos.

Lobo Occipital

É o menor dos quatro, situado na parte posterior do temporal, recebe e processa as


imagens visuais.

Hemisférios do Cérebro

O cérebro é formado por duas metades chamadas de hemisférios cerebrais.

A metade esquerda controla o lado oposto do organismo, ou seja, a ordem dos


movimentos dirigidos para o lado direito partem do hemisfério esquerdo. Se o
hemisfério dominante é o lado direito do cérebro a pessoa será canhota.

Fig.3 Lateralidade cerebral e principais atividades

Cada hemisfério controla uma série de funções, por exemplo, o hemisfério direito é que
nos confere a capacidade de reconhecer rostos e objetos. Já o lado esquerdo do cérebro
162

controla nossa capacidade de leitura e escrita, assim como nos permite identificar regras
gramaticais.

No entanto, esses hemisférios atuam em conjunto e em algumas funções são


comprovadamente controladas pelos dois lados, como a falam, por exemplo. Estudos
com pessoas que tiveram um dos hemisférios lesionados e continuaram a falar
mostraram esse resultado.

Funções do Cérebro

O cérebro comanda todas as nossas atividades e sentimentos, tais como os movimentos


corporais, a memória e nossas emoções. Se somos capazes de andar, falar e refletir isso
se deve à atuação conjunta de diversas regiões do cérebro.

O encéfalo é formado pelo cérebro, cerebelo e tronco encefálico. Encontra-se na caixa


craniana, ocupando todo seu espaço e junto com a medula e os nervos compõe o sistema
nervoso. É envolvido por membranas chamadas meninges, cuja função é proteger o
encéfalo e a medula contra choques mecânicos.

A maior parte do encéfalo é o telencéfalo, que faz parte do cérebro. Ele constitui quase
90% da massa encefálica e possui uma superfície característica marcada por sulcos e
reentrâncias que formam as circunvoluções cerebrais.

Há um sulco muito profundo que marca a divisão do cérebro em duas metades


chamadas de hemisférios cerebrais. O hemisfério direito liga-se ao hemisfério esquerdo
através do corpo caloso, que é constituído de inúmeras fibras nervosas.
163

As regiões do cérebro coordenam funções específicas

A região mais externa do cérebro possui coloração mais acinzentada formando o córtex
cerebral (também conhecido como substância cinzenta) e internamente a coloração é
mais esbranquiçada (substância branca).

Além disso, há regiões delimitadas no córtex dos hemisférios que são chamadas de
lobos e são responsáveis por coordenar funções específicas, como memória, raciocínio e
audição. São quatro: lobo frontal, lobo temporal, lobo parietal e lobo occipital.

Diencéfalo: Tálamo e Hipotálamo

Ligadas ao córtex cerebral, essas pequenas estruturas estão localizadas na base


do cérebro. O tálamo é composto de muitos corpos celulares tal como a substância
cinzenta dos hemisférios cerebrais. É responsável pela recepção das mensagens
sensoriais, atuando na transmissão delas ao córtex. Está também envolvido com a
regulação do estado de atenção e consciência.

O hipotálamo é tão pequeno como um grão de ervilha, sendo encontrado logo abaixo do
tálamo. Atua na regulação da temperatura corporal e controle de água do corpo,
164

tendo importante papel na homeostase. Também participa na expressão das emoções e


dos comportamentos sexuais, relacionando o sistema nervoso ao endócrino.

Cerebelo

O cerebelo encontra-se entre o cérebro e o tronco encefálico, conectado ao tálamo e à


medula espinhal através de muitas fibras nervosas.

Esse órgão é constituído internamente de substância branca (prolongamentos dos


neurônios) e revestido pelo córtex cerebelar constituído dos corpos celulares (substância
cinzenta).

As funções do cerebelo estão relacionadas com a integração sensorial e motora. Ele


participa nos movimentos da cabeça, dos olhos e dos membros coordenando todo o
movimento do corpo. Além disso o cerebelo controla o equilíbrio durante a caminhada e
também é responsável pela postura. Além disso, regula o tônus muscular, ou seja, regula
o grau de contração dos músculos em repouso.

Tronco encefálico

Localizado na parte inferior do encéfalo, o tronco encefálico conduz os impulsos


nervosos do cérebro para a medula espinhal e vice-versa.

Além disso, produz os estímulos nervosos que controlam as atividades vitais como
os movimentos respiratórios, os batimentos cardíacos e os reflexos, como a tosse, o
espirro e a deglutição.

II. Medula Espinhal

A medula espinhal ou espinal é um cordão cilíndrico, composto de células nervosas,


localizada no canal interno das vértebras. Sua função é estabelecer a comunicação entre
o corpo e o sistema nervoso, e agir também nos reflexos, protegendo o corpo em
situações de emergência em que é preciso que haja uma resposta rápida. Apesar de ser
confundida com a medula óssea, aquela está relacionada com a produção de células
sanguíneas, enquanto a medula espinhal faz parte do sistema nervoso central.

Anatomia e Fisiologia
165

A medula espinhal possui formato cilíndrico, de diâmetro não uniforme, apresentando


duas regiões mais dilatadas de onde partem fibras nervosas para os membros superiores
e inferiores. É constituída de tecido nervoso, situada no interior da coluna vertebral e se
estende desde o final do tronco encefálico(parte final do encéfalo, compreende
mesencéfalo, ponte e bulbo raquidiano), a seguir do bulbo, até mais ou menos a região
da segunda vértebra lombar. A medula se torna mais fina no final formando o cone
medular. Abaixo da vértebra, envolvendo o cone e um filamento terminal, estão as
meninges (saco dural) e raízes nervosas dos últimos nervos que juntos formam a cauda
equina.

A região interna da medula, em forma de “H”, é chamada de substância cinzenta devido


à grande concentração de corpos celulares dos neurônios que lhe dão essa coloração.
Enquanto a parte mais externa contêm mais dendritos e axônios e fica mais
esbranquiçada, sendo denominada substância branca. Essa disposição das substâncias é
166

contrária à encontrada no cérebro. Externamente, a medula é envolvida por 3


membranas ricas em fibras colágenas, as meninges.

Meninges

Essas membranas contêm espaços entre elas, que são lubrificados pelo líquido
cefalorraquidiano. O liquor é um fluido incolor e aquoso que ajuda a proteger o sistema
nervoso central de impactos.

 Dura-máter – mais externa e espessa, é como um saco que envolve toda a


medula. Contém muitos vasos sanguíneo e está fortemente aderida aos ossos
vertebrais (e do crânio, no caso do cérebro). Possui prolongamentos laterais que
envolvem as raízes dos nervos raquidianos.

 Aracnoide – camada intermediária fina. Possui filamentos delicados que a ligam


à pia-máter, as trabéculas aracnoides, que lhe dão aparência semelhante a teias
de aranha.

 Pia-máter – membrana mais interna, fina e delicada. Encontra-se intimamente


ligada à superfície da medula (e do encéfalo). Confere resistência aos tecidos
moles do sistema nervoso.
167

Meninges e Raízes Nervosas da Medula

Nervos Raquidianos

Os nervos e gânglios nervosos constituem o sistema nervoso periférico. Nervos são


formados por fibras nervosas ramificadas que se distribuem por todo o corpo
e gânglios são dilatações de alguns nervos onde há concentração de corpos celulares dos
neurônios.

Os nervos raquidianos ou espinhais são nervos mistos pois contêm fibras nervosas
motoras e sensitivas. Eles se ligam à medula espinhal aos pares, um de cada lado da
coluna, através dos espaços entre as vértebras. Cada nervo é composto de dois conjuntos
de fibras nervosas, chamadas raízes dos nervos, as quais se ligam à parte dorsal (raiz
dorsal) e à parte ventral (raiz ventral) da medula.

A raiz dorsal contem somente fibras nervosas sensitivas, enquanto que a raiz
ventral contem somente fibras nervosas motoras. Na raiz dorsal de cada nervo existe um
gânglio constituído de muitos corpos celulares dos neurônios sensitivos.

Se quiser saber mais, leia o artigo sobre os nervos.


168

Atos Reflexos Medulares

As acções reflexas são respostas rápidas, involuntárias, que são controladas pela
substância cinzenta da medula antes mesmo de atingir o cérebro, sendo portanto
importantes na defesa do corpo em situações de emergência. Por exemplo, quando
encostamos a mão em local muito quente, graças ao ato reflexo tiramos a mão
imediatamente para não nos queimarmos.

Após receber o estímulo, as fibras sensitivas da raiz nervosa dorsal passam sinais
aos neurônios associativos (localizados no interior da medula, na substância cinzenta),
que por sua vez, os repassam para as fibras motoras das raízes nervosas ventrais. Estas
fibras enviam resposta aos órgãos que efetuarão a ação.

Os nervos do corpo humano são estrutura filamentosas distribuídas por todo organismo,
responsáveis pelas transmissões dos impulsos nervosos (impulsos elétricos),
conhecidos como “potencial de acção”.

Estrutura dos Nervos

Os nervos são estruturas filamentosas, ou seja, cabos ou feixes de fibras nervosas,


constituído de axônios (fibras motoras) e dendritos (fibras sensitivas), revestidos
de tecido conjuntivo (endoneuro, perineuro, epineuro). Em outras palavras, os nervos
são considerados apêndices dos axônios das células nervosas os quais fazem as ligações
entre o sistema nervoso e o corpo humano.

Tipos de Nervos

1. Nervos Aferentes: Formado por nervos sensitivos, os nervos aferentes enviam


sinais da periferia do corpo para o sistema nervoso central por meio de sinais
(fibras) sensoriais.

2. Nervos Eferentes: Chamados de nervos (fibras) motores, os nervos eferentes


enviam sinais do sistema nervoso central para os músculos ou glândulas através
de sinais estimulantes.

3. Nervos Mistos: Nesse caso, os nervos são formados por fibras sensoriais e
fibras motoras, por exemplo, os nervos raquidianos.
169

Classificação dos Nervos

No corpo humano o sistema nervoso é classificado em: Sistema Nervoso Central


(SNC) e Sistema Nervoso Periférico (SNP). Desse modo, enquanto o sistema nervoso
central é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal, o sistema nervoso periférico é
constituído pelos nervos que saem do encéfalo, chamados de nervos cranianos(12 pares)
e os nervos originados na medula espinhal, chamados de nervos raquidianos ou
espinhais (31 pares).

A partir disso, torna-se evidente que os nervos do corpo humano fazem parte do sistema
nervoso periférico caracterizado como uma rede de comunicação que percorre todo o
organismo, ligando o sistema nervoso central com os órgãos, sendo constituídos por
vias sensitivas e motoras que se encarregam de receber e enviar as informações a partir
dos estímulos recebidos do meio externo ou interno.

 Nervos Cranianos: Originados no encéfalo, os nervos cranianos conectam os


órgãos dos sentidos humanos (boca, nariz, ouvido e olhos) com o cérebro uma
vez que inervam a parte a cabeça, o coração e os pulmões; são formados por 12
pares de nervos, a saber: nervo olfatório, nervo ótico, nervo oculomotor, nervo
troclear, nervo trigêmeo, nervo abducente, nervo facial, nervo vestíbulo coclear,
nervo glossofaríngeo, nervo vago, nervo acessório e nervo hipoglosso.

 Nervos Raquidianos: Originados na medula espinhal, os nervos raquidianos


(nervos espinhais) são nervos mistos que se ramificam ao longo da medula.
Compostos de 31 pares, são responsáveis pela inervação de parte da cabeça, do
tronco e dos membros superiores, a saber: 8 pares de nervos cervicais, 12
torácicos, 5 lombares, 5 sacrais, 1 coccígeo
170

Depois da consideração destes tópicos, realize as seguintes actividades:

 Defina o sistema nervoso?


 Fala da constitução do sistema nervoso?
 Enumere as funções do sistema nervoso entrail, periférico e autónomo?
 Qual é a unidade estrutural e funcional do sistema nervoso?
 Quais são os tipos de células que formam o sistema nervoso?
 Defina cérebro?
 Fala da sua divisa?
171

UNIDADE IX. ESTESIOLOGIA (SISTEMA SENSORIAL)

OBJECTIVOS ESPECÍFICOS

No final desta unidade, o aluno deverá ser capaz de:

 Definir o conceito do sistema sensorial


 Falar da localização dos (5) cinco sentidos
 Menciona os principais nervos de cada órgão de sentido
 Conhecer os órgãos que compõem o sentido de audição

Subtemas:

9.1. Conceito
9.2. Órgãos dos sentidos
 Localização
 Constituição
 Funções

9.1.Conceito
Os órgãos dos sentidos Os sentidos fundamentais do corpo humano - visão, audição,
tato, gustação ou paladar e olfato - constituem as funções que propiciam o nosso
relacionamento com o ambiente. Por meio dos sentidos, o nosso corpo pode perceber
muita coisa do que nos rodeia; contribuindo para a nossa sobrevivência e integração
com o ambiente em que vivemos.

Existem determinados receptores, altamente especializados, capazes de captar estímulos


diversos. Tais receptores, chamados receptores sensoriais, são formados por células
nervosas capazes de traduzir ou converter esses estímulos em impulsos elétricos ou
nervosos que serão processados e analisados em centros específicos do sistema nervoso
central (SNC), onde será produzida uma resposta (voluntária ou involuntária). A
estrutura e o modo de funcionamento destes receptores nervosos especializados são
diversos.

Tipos de receptores:

1) Exteroceptores: respondem a estímulos externos, originados fora do organismo.


172

2) Proprioceptores: os receptores proprioceptivos encontram-se no esqueleto e nas


inserções tendinosas, nos músculos esqueléticos (formando feixes nervosos que
envolvem as fibras musculares) ou no aparelho vestibular da orelha interna. Detectam a
posição do indivíduo no espaço, assim como o movimento, a tensaõ e o estiramento
musculares.

3) Interoceptores: os receptores interoceptivos respondem a estímulos viscerais ou


outras sensações como sede e fome.

Em geral, os receptores sensitivos podem ser simples, como uma ramificação nervosa;
mais complexos, formados por elementos nervosos interconectados ou órgãos
complexos, providos de sofisticados sistemas funcionais.

Dessa maneira: è pelo tato - sentimos o frio, o calor, a pressão atmosférica, etc; è pela
gustação identificam os sabores; è pelo olfato, sentimos o odor ou cheiro; è pela audição
captam os sons; è pela visão observamos as cores, as formas, os contornos, etc.
Portanto, em nosso corpo os órgãos dos sentidos estão encarregados de receber
estímulos externos. Esses órgãos são: è a pele - para o tato; è a língua - para a gustação;
è as fossas nasais -para o olfato; è os ouvidos - para a audição; è os olhos para a visão.

A VISÃO

ANATOMIA DO OLHO
173

Os globos oculares estão alojados dentro de cavidades ósseas denominadas órbitas,


compostas de partes dos ossos frontal, maxilar, zigomático, esfenóide, etmóide, lacrimal
e palatino. Ao globo ocular encontram-se associadas estruturas acessórias: pálpebras,
supercílios (sobrancelhas), conjuntiva, músculos e aparelho lacrimal.

Cada globo ocular compõe-se de três túnicas e de quatro meios transparentes:

Túnicas:

 Túnica fibrosa externa: esclerótica (branco do olho). Túnica resistente de


tecido fibroso e elástico que envolve externamente o olho (globo ocular) A
maior parte da esclerótica é opaca e chama-se esclera, onde estão inseridos os
músculos extra-oculares que movem os globos oculares, dirigindo-os a seu
objetivo visual. A parte anterior da esclerótica chama-se córnea. É transparente e
atua como uma lente convergente.

 Túnica intermédia vascular pigmentada: úvea. Compreende a coróide, o


corpo ciliar e a íris. A coróide está situada abaixo da esclerótica e é intensamente
pigmentada. Esses pigmentos absorvem a luz que chega à retina, evitando sua
reflexão. Acha-se intensamente vascularizada e tem a função de nutrir a retina.

Possui uma estrutura muscular de cor variável, a íris, a qual é dotada de um orifício
central cujo diâmetro varia, de acordo com a iluminação do ambiente, a pupila.

A coróide une-se na parte anterior do olho ao corpo ciliar, estrutura formada por
musculatura lisa e que envolve o cristalino, modificando sua forma.
174

Em ambientes mal iluminados, por ação do sistema nervoso simpático, o diâmetro da


pupila aumenta e permite a entrada de maior quantidade de luz. Em locais muito claros,
a ação do sistema nervoso parassimpático acarreta diminuição do diâmetro da pupila e
da entrada de luz. Esse mecanismo evita o ofuscamento e impede que a luz em excesso
lese as delicadas células fotossensíveis da retina.

 Túnica interna nervosa: retina. É a membrana mais interna e está debaixo da


coróide. É composta por várias camadas celulares, designadas de acordo com
sua relação ao centro do globo ocular. A camada mais interna, denominada
camada de células ganglionares, contém os corpos celulares das células
ganglionares, única fonte de sinais de saída da retina, que projeta axônios através
do nervo óptico. Na retina encontram-se dois tipos de células fotossensíveis: os
cones e os bastonetes. Quando excitados pela energia luminosa, estimulam as
células nervosas adjacentes, gerando um impulso nervoso que se propaga pelo
nervo óptico.

A imagem fornecida pelos cones é mais nítida e mais rica em detalhes. Há três tipos de
cones: um que se excita com luz vermelha, outro com luz verde e o terceiro, com luz
azul. São os cones as células capazes de distinguir cores.
175

Os bastonetes não têm poder de resolução visual tão bom, mas são mais sensíveis à luz
que os cones. Em situações de pouca luminosidade, a visão passa a depender
exclusivamente dos bastonetes. É a chamada visão noturna ou visão de penumbra. Nos
bastonetes existe uma substância sensível à luz, a rodopsina produzida a partir da
vitamina A. A deficiência alimentar dessa vitamina leva à cegueira noturna e à
xeroftalmia (provoca ressecamento da córnea, que fica opaca e espessa, podendo levar à
cegueira irreversível).

Há duas regiões especiais na retina: a fovea centralis (ou fóvea ou mancha amarela) e o
ponto cego. A fóvea está no eixo óptico do olho, em que se projeta a imagem do objeto
focalizado, e a imagem que nela se forma tem grande nitidez. É a região da retina mais
altamente especializada para a visão de alta resolução. A fóvea contém apenas cones e
permite que a luz atinja os fotorreceptores sem passar pelas demais camadas da retina,
maximizando a acuidade visual.

Os cones são encontrados principalmente na retina central, em um raio de 10 graus a


partir da fóvea. Os bastonetes, ausentes na fóvea, são encontrados principalmente na
retina periférica, porém transmitem informação diretamente para as células
ganglionares.

No fundo do olho está o ponto cego, insensível a luz. No ponto cego não há cones nem
bastonetes. Do ponto cego, emergem o nervo óptico e os vasos sangüíneos da retina.
176

Meios transparentes:

Córnea: porção transparente da túnica externa (esclerótica); é circular no seu contorno


e de espessura uniforme. Sua superfície é lubrificada pela lágrima, secretada pelas
glândulas lacrimais e drenada para a cavidade nasal através de um orifício existente no
canto interno do olho.

Humor aquoso: fluido aquoso que se situa entre a córnea e o cristalino, preenchendo a
câmara anterior do olho.

Cristalino: lente biconvexa coberta por uma membrana transparente. Situa-se atrás da
pupila e e orienta a passagem da luz até a retina. Também divide o interior do olho em
dois compartimentos contendo fluidos ligeiramente diferentes:

 A câmara anterior, preenchida pelo humor aquoso e


 A câmara posterior, preenchida pelo humor vítreo. Pode ficar mais delgado ou
mais espesso, porque é preso ao músculo ciliar, que pode torna-lo mais delgado
ou mais curvo. Essas mudanças de forma ocorrem para desviar os raios
luminosos na direção da mancha amarela.

O cristalino fica mais espesso para a visão de objetos próximos e, mais delgado para a
visão de objetos mais distantes, permitindo que nossos olhos ajustem o foco para
177

diferentes distâncias visuais. A essa propriedade do cristalino dá-se o nome de


acomodação visual. Com o envelhecimento, o cristalino pode perder a transparência
normal, tornando-se opaco, ao que chamamos catarata.

 Humor vítreo: fluido mais viscoso e gelatinoso que se situa entre o cristalino e
a retina, preenchendo a câmara posterior do olho. Sua pressão mantém o globo
ocular esférico. Como já mencionado anteriormente, o globo ocular apresenta,
ainda, anexos: as pálpebras, os cílios, as sobrancelhas ou supercílios, as
glândulas lacrimais e os músculos oculares. As pálpebras são duas dobras de
pele revestidas internamente por uma membrana chamada conjuntiva. Servem
para proteger os olhos e espalhar sobre eles o líquido que conhecemos como
lágrima. Os cílios ou pestanas impedem a entrada de poeira e de excesso de luz
nos olhos, e as sobrancelhas impedem que o suor da testa entre neles. As
glândulas lacrimais produzem lágrimas continuamente. Esse líquido, espalhado
pelos movimentos das pálpebras, lava e lubrifica o olho. Quando choramos, o
excesso de líquido desce pelo canal lacrimal e é despejado nas fossas nasais, em
direção ao exterior do nariz.

AUDIÇÃO

ANATOMIA DA ORELHA
178

O órgão responsável pela audição é a orelha (antigamente denominado ouvido), também


chamada órgão vestíbulo-coclear ou estato-acústico. A maior parte da orelha fica no
osso temporal, que se localiza na caixa craniana. Além da função de ouvir, o ouvido
também é responsável pelo equilíbrio. A orelha está dividida em três partes: orelhas
externa, média e interna (antigamente denominadas ouvido externo, ouvido médio e
ouvido interno).

a) ORELHA EXTERNA

A orelha externa é formada pelo pavilhão auditivo (antigamente denominado orelha) e


pelo canal auditivo externo ou meato auditivo.

Todo o pavilhão auditivo (exceto o lobo ou lóbulo) é constituído por tecido


cartilaginoso recoberto por pele, tendo como função captar e canalizar os sons para a
orelha média.
179

O canal auditivo externo estabelece a comunicação entre a orelha média e o meio


externo, tem cerca de três centímetros de comprimento e está escavado em nosso osso
temporal. É revestido internamente por pêlos e glândulas, que fabricam uma substância
gordurosa e amarelada, denominada cerume ou cera. Tanto os pêlos como o cerume
retêm poeira e micróbios que normalmente existem no ar e eventualmente entram nos
ouvidos. O canal auditivo externo termina numa delicada membrana - tímpano ou
membrana timpânica - firmemente fixada ao conduto auditivo externo por um anel de
tecido fibroso, chamado anel timpânico.

b) ORELHA MÉDIA

A orelha média começa na membrana timpânica e consiste, em sua totalidade, de um


espaço aéreo – a cavidade timpânica – no osso temporal. Dentro dela estão três
ossículos articulados entre si, cujos nomes descrevem sua forma: martelo, bigorna e
estribo. Esses ossículos encontram-se suspensos na orelha média, através de ligamentos.
O cabo do martelo está encostado no tímpano; o estribo apóia-se na janela oval, um dos
orifícios dotados de membrana da orelha interna que estabelecem comunicação com a
orelha média. O outro orifício é a janela redonda. A orelha média comunica-se também
com a faringe, através de um canal denominado tuba auditiva (antigamente denominada
trompa de Eustáquio). Esse canal permite que o ar penetre no ouvido médio. Dessa
forma, de um lado e de outro do tímpano, a pressão do ar atmosférico é igual. Quando
essas pressões ficam diferentes, não ouvimos bem, até que o equilíbrio seja
reestabelecido.
180

c) ORELHA INTERNA

A orelha interna, chamada labirinto, é formada por escavações no osso temporal,


revestidas por membrana e preenchidas por líquido. Limita-se com a orelha média pelas
janelas oval e a redonda. O labirinto apresenta uma parte anterior, a cóclea ou caracol -
relacionada com a audição, e uma parte posterior - relacionada com o equilíbrio e
constituída pelo vestíbulo e pelos canais semicirculares.
181

O MECANISMO DA AUDIÇÃO

O som é produzido por ondas de compressão e descompressão alternadas do ar. As


ondas sonoras propagam-se através do ar exatamente da mesma forma que as ondas
propagam-se na superfície da água. Assim, a compressão do ar adjacente de uma corda
de violino cria uma pressão extra nessa região, e isso, por sua vez, faz com que o ar um
pouco mais afastado se torne pressionado também. A pressão nessa segunda região
comprime o ar ainda mais distante, e esse processo repete-se continuamente até que a
onda finalmente alcança a orelha.

A orelha humana é um órgão altamente sensível que nos capacita a perceber e


interpretar ondas sonoras em uma gama muito ampla de freqüências (16 a 20.000 Hz -
Hertz ou ondas por segundo).

A GUSTAÇÃO (PALADAR)

Os sentidos gustativo e olfativo são chamados sentidos químicos, porque seus


receptores são excitados por estimulantes químicos. Os receptores gustativos são
excitados por substâncias químicas existentes nos alimentos, enquanto os receptores
olfativos são excitados por substâncias químicas do ar. Esses sentidos trabalham
conjuntamente na percepção dos sabores. O centro do olfato e do gosto no cérebro
combina a informação sensorial da língua e do nariz.
182

O receptor sensorial do paladar é a papila gustativa. É constituída por células epiteliais


localizadas em torno de um poro central na membrana mucosa basal da língua. Na
superfície de cada uma das células gustativas observam-se prolongamentos finos como
pêlos, projetando-se em direção da cavidade bucal; são chamados microvilosidades.
Essas estruturas fornecem a superfície receptora para o paladar. Observa-se entre as
células gustativas de uma papila uma rede com duas ou três fibras nervosas gustativas,
as quais são estimuladas pelas próprias células gustativas. Para que se possa sentir o
gosto de uma substância, ela deve primeiramente ser dissolvida no líquido bucal e
difundida através do poro gustativo em torno das microvilosidades. Portanto substâncias
altamente solúveis e difusíveis, como sais ou outros compostos que têm moléculas
pequenas, geralmente fornecem graus gustativos mais altos do que substâncias pouco
solúveis difusíveis, como proteínas e outras que possuam moléculas maiores.

A gustação é primariamente uma função da língua, embora regiões da faringe, palato e


epiglote tenham alguma sensibilidade. Os aromas da comida passam pela faringe, onde
podem ser detectados pelos receptores olfativos.

As Quatro Sensações Gustativas Primárias

Na superfície da língua existem dezenas de papilas gustativas, cujas células sensoriais


percebem os quatro sabores primários, aos quais chamamos sensações gustativas
primárias:

 Amargo (A),
 Azedo ou ácido (B),
 Salgado (C) e
 Doce (D).

De sua combinação resultam centenas de sabores distintos. A distribuição dos quatro


tipos de receptores gustativos, na superfície da língua, não é homogênea.

Até os últimos anos acreditava-se que existiam quatro tipos inteiramente diferentes de
papila gustativa, cada qual detectando uma das sensações gustativas primárias
particular. Sabese agora que todas as papilas gustativas possuem alguns graus de
sensibilidade para cada uma das sensações gustativas primárias. Entretanto, cada papila
183

normalmente tem maior grau de sensibilidade para uma ou duas das sensações
gustativas. O cérebro detecta o tipo de gosto pela relação (razão) de estimulação entre as
diferentes papilas gustativas. Isto é, se uma papila que detecta principalmente salinidade
é estimulada com maior intensidade que as papilas que respondem mais a outros gostos,
o cérebro interpreta a sensação como de salinidade, embora outras papilas tenham sido
estimuladas, em menor extensão, ao mesmo tempo.

O sabor diferente das comidas Cada comida ativa uma diferente combinação de sabores
básicos, ajudando a torná-la única. Muitas comidas têm um sabor distinto como
resultado da soma de seu gosto e cheiro, percebidos simultaneamente. Além disso,
outras modalidades sensoriais também contribuem com a experiência gustativa, como a
textura e a temperatura dos alimentos. A sensação de dor também é essencial para
sentirmos o sabor picante e estimulante das comidas apimentadas.

O OLFATO

O olfato humano é pouco desenvolvido se comparado ao de outros mamíferos. O


epitélio olfativo humano contém cerca de 20 milhões de células sensoriais, cada qual
com seis pêlos sensoriais (um cachorro tem mais de 100 milhões de células sensoriais,
cada qual com pelo menos 100 pêlos sensoriais). Os receptores olfativos são neurônios
genuínos, com receptores próprios que penetram no sistema nervoso central.
184

A cavidade nasal, que começa a partir das janelas do nariz, está situada em cima da boca
e debaixo da caixa craniana. Contém os órgãos do sentido do olfato, e é forrada por um
epitélio secretor de muco. Ao circular pela cavidade nasal, o ar se purifica, umedece e
esquenta. O órgão olfativo é a mucosa que forra a parte superior das fossas nasais -
chamada mucosa olfativa ou amarela, para distingui-la da vermelha - que cobre a parte
inferior.

A mucosa vermelha é dessa cor por ser muito rica em vasos sangüíneos, e contém
glândulas que secretam muco, que mantém úmida a região. Se os capilares se dilatam e
o muco é secretado em excesso, o nariz fica obstruído, sintoma característico do
resfriado.

A mucosa amarela é muito rica em terminações nervosas do nervo olfativo. Os


dendritos das células olfativas possuem prolongamentos sensíveis (pêlos olfativos), que
ficam mergulhados na camada de muco que recobre as cavidades nasais. Os produtos
voláteis ou de gases perfumados ou ainda de substâncias lipossolúveis que se
desprendem das diversas substâncias, ao serem inspirados, entram nas fossas nasais e se
dissolvem no muco que impregna a mucosa amarela, atingindo os prolongamentos
sensoriais.

Dessa forma, geram impulsos nervosos, que são conduzidos até o corpo celular das
células olfativas, de onde atingem os axônios, que se comunicam com o bulbo olfativo.
Os axônios se agrupam de 10-100 e penetram no osso etmóide para chegar ao bulbo
olfatório, onde convergem para formar estruturas sinápticas chamadas glomérulos. Estas
se conectam em grupos que convergem para as células mitrais. Fisiologicamente essa
convergência aumenta a sensibilidade olfatória que é enviada ao Sistema Nervoso
Central (SNC), onde o processo de sinalização é interpretado e decodificado.

Aceita-se a hipótese de que existem alguns tipos básicos de células do olfato, cada uma
com receptores para um tipo de odor. Os milhares de tipos diferentes de cheiros que
uma pessoa consegue distinguir resultariam da integração de impulsos gerados por uns
cinqüenta estímulos básicos, no máximo. A integração desses estímulos seria feita numa
região localizada em áreas laterais do córtex cerebral, que constituem o centro olfativo.
185

A mucosa olfativa é tão sensível que poucas moléculas são suficientes para estimula-la,
produzindo a sensação de odor. A sensação será tanto mais intensa quanto maior for a
quantidade de receptores estimulados, o que depende da concentração da substância
odorífera no ar.

O olfato tem importante papel na distinção dos alimentos. Enquanto mastigamos,


sentimos simultaneamente o paladar e o cheiro. Do ponto de vista adaptativo, o olfato
tem uma nítida vantagem em relação ao paladar: não necessita do contato direto com o
objeto percebido para que haja a excitação, conferindo maior segurança e menor
exposição a estímulos lesivos.

O olfato, como a visão, possui uma enorme capacidade adaptativa. No início da


exposição a um odor muito forte, a sensação olfativa pode ser bastante forte também,
mas, após um minuto, aproximadamente, o odor será quase imperceptível.

Porém, ao contrário da visão, capaz de perceber um grande número de cores ao mesmo


tempo, o sistema olfativo detecta a sensação de um único odor de cada vez. Contudo,
um odor percebido pode ser a combinação de vários outros diferentes. Se tanto um odor
pútrido quanto um aroma doce estão presentes no ar, o dominante será aquele que for
mais intenso, ou, se ambos forem da mesma intensidade, a sensação olfativa será entre
doce e pútrida.
186

Tato

O Sistema Somatosensorial compreende um grupo de receptores sensoriais que actuam


somente na pele ou epitélio, no sistema muscular esquelético, nos ossos e articulações,
nos órgãos internos e no sistema cardiovascular com o objectivo de definir a magnitude
com que se produzem os estímulos e conseguir a resposta adequada.Por tanto resulta
parte ou é todo um complexo de órgãos consistente em centros de recepção e processo,
cuja função é produzir modalidades de estímulos como identificar texturas pelo tacto ou
pressão e a localização espacial do corpo (propriocepção ou cinestesia) a percepção da
temperatura (termocepção) e a percepção da dor (nocicepção).
187

Em medicina, o termo "tacto" é usualmente empregado por "sentidos somáticos", com o


objectivo de reflectir de forma apropriada a variedade de mecanismos intervenientes.

O tacto afecta todo o organismo, assim como a cultura em meio da qual ele vive e aos
individuos com os quais estabelece contacto.

A transmissão da informação desde os receptores se produz através das vias que vão à
medula espinal e o cérebro, aonde o processo tem lugar principalmente na área
somatosensorialprimaria localizada no lobo parietal da córtex cerebral.

 Discos de Merkel - como os corpúsculos de Meissner, captam toques leves;


 Corpúsculo de Krause - percepção do frio;
 Corpúsculo de Ruffini - percepção do calor;
 Terminações nervosas livres (nociceptores) que não formam corpúsculos,
sensíveis aos estímulos mecânicos, térmicos e especialmente aos dolorosos.
 Receptores dos folículos pilosos
 Exteroceptores - quimiorreceptores e termorreceptores
188

As percepções tácteis se produzem devido a sua existência na pele.

São eles os que nos permitem desviar a cabeça de um galho, mesmo sem precisar a
distância segura para se passar, conseguir tocar os dedos do pé com os olhos vendados,
andar, coordenar os movimentos da fala, segurar e manipular objetos, manter-se em pé
ou posicionar-se para realizar alguma atividade.

Alguns sensores responsáveis por tais sensações:

 Órgãos tendinosos de Golgi: são sensíveis à tracção dos tendões, indicando a


força exercida sobre a musculatura, impedindo lesões.

 Fuso muscular: são responsáveis pelo comprimento da fibra muscular no


repouso postural e durante o movimento.

 Corpúsculos de Pacini são um dos mecanorreceptores da pele que respondem as


vibrações e a pressão mecânica.

 Corpúsculo de Meissner: são percepções leves do tacto quando passamos


ligeiramente as mãos. São responsáveis pelas sensações agradáveis.

Propriocepção ou cinestesia

É a capacidade de reconhecer por meio dos receptores específicos sensíveis a


localização espacial do corpo, sua posição e orientação, a força exercida pelosmúsculos
e a posição de cada parte do corpo em relação às demais e até mesmo o comprimento da
fibra muscular sem utilizar a visão.

Permite a manutenção do equilíbrio postural e a realização de diversas actividades


práticas. Resulta da interacção das fibras musculares que trabalham para manter o corpo
na sua base de sustentação, de informações táteis e do sistema vestibular, localizado no
ouvido interno.

Inteligência corporal cinestésica


189

Segundo a teoria das múltiplas inteligências, a Inteligência corporal cinestésica são as


habilidades que atletas e artistas (dançarinos) desenvolvem para a coordenação de
movimentos precisos nas suas técnicas.

Segundo Howard Gardner muitas escolas se satisfazem com desempenhos mecânicos,


ritualizados ou convencionalizados, isto é, que desenvolvem as habilidades apenas com
repetir o que o professor modelou.

Uma das técnicas mais usadas para o desenvolvimento da cinestesia é vendar os alunos
para que com a ausência da visão eles se focalizem na cinestesia no uso de suas
técnicas.

Outro recurso muito utilizado é o uso de um ou mais espelhos durante os exercícios ou


filmar o treino para que a visão sirva como feedback de como estão sendo feitos os
movimentos.
190

Depois da consideração dos tópicos acima descritos, responda as seguintes questões:

1. Defina estesiologia (Órgãos de sentidos)?


2. Qual é a função de cada um deles?
3. Descreva a sua constituição?
4. Menciona os principais nervos de cada órgão de sentido?
5. Tendo enconta, os órgãos de sentido, cite uma patologia que acomete
cada órgão de sentido?
191

UNIDADE X - Sistema Endócrino


OBJECTIVOS ESPECÍFICOS

No final desta unidade, o aluno deverá ser capaz de:

 Definir o conceito do sistema endócrino


 Descrever da composição da pele e anexos
 Falar das relações anatómicas
 Citar as suas funções

Subtemas:

10.1. Conceito
10.2. Glândulas endócrinas
10.3. Relaçõe anatómicae funcionais entre hipotálamo e a hipófise

10.1.CONCEITO

Dá-se o nome de sistema endócrino ao conjunto de órgãos que apresentam como


actividade característica a produção de secreções denominadas hormónios, que são
lançados na corrente sanguínea e irão actuar em outra parte do organismo, controlando
ou auxiliando o controlo de sua função. Os órgãos que têm sua função controlada
ouregulada pelos hormónios são denominados órgãos-alvo.

Constituição dos órgãos do sistema endócrino

Os tecidos epiteliais de secreção ou epitélio glandulares formam as glândulas, que


podem ser uni ou pluricelulares. As glândulas pluricelulares não são apenas
aglomeradas de células que desempenham as mesmas funções básicas e têm a mesma
morfologia geral e origem embrionári, o que caracteriza um tecido. São na verdade
órgãos definidos com arquitectura ordenada. Elas estão envolvidas por uma cápsula
conjuntiva que emite septos, dividindo-as em lobos.

Vasos sanguíneos e nervos penetram nas glândulas, fornecendo alimento e estímulo


nervoso para as suas funções. Os hormônios influenciam praticamente todas as funções
dos demais sistemas corporais. Freqüentemente o sistema endócrino interage com o
sistema nervoso, formando mecanismos reguladores bastante precisos. O sistema
192

nervoso pode fornecer ao endócrino a informação sobre o meio externo, ao passo que o
sistema endócrino regula a resposta interna do organismo a esta informação. Dessa
forma, o sistema endócrino, juntamente com o sistema nervoso, atuam na coordenação e
regulação das funções corporais.

Alguns dos principais órgãos produtores de hormônios


Alguns dos principais órgãos produtores de hormônios no homem são a hipófise, o
hipotálamo, a tireóide, as paratireóides, as supra-renais, o pâncreas e as gônadas.

10.1 - Hipófise ou pituitária


Situa-se na base do encéfalo, em uma cavidade do osso esfenóide chamada tela túrcica.
Nos seres humanos tem o tamanho aproximado de um grão de ervilha e possui duas
partes: o lobo anterior (ou adenohipófise) e o lobo posterior (ou neuro-hipófise).

Além de exercerem efeitos sobre órgãos não endócrinos, alguns hormônios, produzidos
pela hipófise são denominados trópicos (ou tróficos) porque actuam sobre outras
glândulas endócrinas, comandando a secreção de outros hormônios. São eles:

 Tireotrópicos: atuam sobre a glândula endócrina tireóide.


 Adrenocorticotrópicos: atuam sobre o córtex da glândula endócrina adrenal
(supra-renal)
193

 Gonadotrópicos: atuam sobre as gônadas masculinas e femininas


 Somatotrófico: atua no crescimento, promovendo o alongamento dos ossos e
estimulando a síntese de proteínas e o desenvolvimento da massa muscular.

Também aumenta a utilização de gorduras e inibe a captação de glicose plasmática


pelas células, aumentando a concentração de glicose no sangue (inibe a produção de
insulina pelo pâncreas, predispondo ao diabetes).

Hipotálamo

Localizado no cérebro directamente acima da hipófise, é conhecido por exercer

controle sobre ela por meios de conexões neurais e substâncias semelhantes a


hormônios chamados fatores desencadeadores (ou de liberação), o meio pelo qual o

sistema nervoso controla o comportamento sexual via sistema endócrino

O hipotálamo estimula a glândula hipófise a liberar os hormônios gonadotróficos (FSH


e LH), que atuam sobre as gônadas, estimulando a liberação de hormônios gonadais na
corrente sanguínea. Na mulher a glândula-alvo do hormônio gonadotrófico é o ovário;
no homem, são os testículos.

Os hormônios gonadais são detectados pela pituitária e pelo hipotálamo, inibindo a


liberação de mais hormônio pituitário, por feed-back. Como a hipófise secreta
hormônios que controlam outras glândulas e está subordinada, por sua vez, ao sistema
194

nervoso, pode-se dizer que o sistema endócrino é subordinado ao nervoso e que o


hipotálamo é o mediador entre esses dois sistemas.

O hipotálamo também produz outros fatores de liberação que actuam sobre a adeno-
hipófise, estimulando ou inibindo suas secreções. Produz também os hormônios
ocitocina e ADH (antidiurético), armazenados e secretados pela neurohipófise.

Tireóide
Localiza-se no pescoço, estando apoiada sobre as cartilagens da laringe e da traquéia.
Seus dois hormônios, triiodotironina (T3) e tiroxina (T4), aumentam a velocidade dos
processos de oxidação e de liberação de energia nas células do corpo, elevando a taxa
metabólica e a geração de calor. Estimulam ainda a produção de RNA e a síntese de
proteínas, estando relacionados ao crescimento, maturação e desenvolvimento. A
calcitonina, outro hormônio secretado pela tireóide, participa do controle da
concentração sangüínea de cálcio, inibindo a remoção do cálcio dos ossos e a saída dele
para o plasma sangüíneo, estimulando sua incorporação pelos ossos.

Paratireóides
São pequenas glândulas, geralmente em número de quatro, localizadas na região
posterior da tireóide. Secretam o paratormônio, que estimula a remoção de cálcio da
matriz óssea (o qual passa para o plasma sangüíneo), a absorção de cálcio dos alimentos
195

pelo intestino e a reabsorção de cálcio pelos túbulos renais, aumentando a concentração


de cálcio no sangue. Neste contexto, o cálcio é importante na contração muscular, na
coagulação sangüínea e na excitabilidade das células nervosas.

Adrenais ou supra-renais - São duas glândulas localizadas sobre os rins, divididas em


duas partes independentes – medula e córtex - secretoras de hormônios diferentes,
comportandos e como duas glândulas. O córtex secreta três tipos de hormónios: os
glicocorticóides, os mineralocorticóides e os androgênicos.

Pâncreas
É uma glândula mista ou anfícrina – apresenta determinadas regiões endócrinas e
determinadas regiões exócrinas (da porção secretora partem dutos que lançam as
secreções para o interior da cavidade intestinal) ao mesmo tempo. As chamadas ilhotas
de Langerhans são a porção endócrina, onde estão as células que secretam os dois
hormônios: insulina e glucagon, que atuam no metabolismo da glicose.
196

Depois da consideração dos tópicos acima descritos, responda as seguintes questões:

1. Defina o sistema endócrino?


2. Qual é a sua função?
3. Descreva a sua constituição?
4. Qual é o papel do eixo hipotálamo-hipofisiário?
5. Menciona os hormónios hipofisários e os seus órgãos alvos?
6. Quais são os hormónios da tiróde?
197

UNIDADE XI. SIATEMA TEGUMENTAR


OBJECTIVOS ESPECÍFICOS

No final desta unidade, o aluno deverá ser capaz de:

 Definir o conceito do sistema tegumentar


 Descrever da composição da pele e anexos
 Falar das relações anatómicas
 Citar as suas funções

Subtemas:

11.1. Conceito
11.2. Composição: pele e anexos
 Relações anatómicas
 Funções
Conceito
Estrutura do tegumento (pele), O tegumento humano, mais conhecido como pele, é
formado por duas camadas distintas, firmemente unidas entre si: a epiderme e a derme.

Epiderme

A epiderme é um epitélio multiestratificado, formado por várias camadas (estratos) de


células achatadas (epitélio pavimentoso) justapostas. A camada de células mais interna,
198

denominado epitélio germinativo, é constituída por células que se multiplicam


continuamente; dessa maneira, as novas células geradas empurram as mais velhas para
cima, em direção à superfície do corpo. À medida que envelhecem, as células
epidérmicas tornam-se achatadas, e passam a fabricar e a acumular dentro de si uma
proteína resistente e impermeável, a queratina. As células mais superficiais, ao se
tornarem repletas de queratina, morrem e passam a constituir um revestimento resistente
ao atrito e altamente impermeável à água, denominado camada queratinizada ou córnea.

Toda a superfície cutânea está provida de terminações nervosas capazes de captar


estímulos térmicos, mecânicos ou dolorosos. Essas terminações nervosas ou receptores
cutâneos são especializados na recepção de estímulos específicos. Não obstante, alguns
podem captar estímulos de natureza distinta. Porém na epiderme não existem vasos
sangüíneos. Os nutrientes e oxigênio chegam à epiderme por difusão a partir de vasos
sangüíneos da derme.

Nas regiões da pele providas de pêlo, existem terminações nervosas específicas nos
folículos capilares e outras chamadas terminais ou receptores de Ruffini. As primeiras,
formadas por axônios que envolvem o folículo piloso, captam as forças mecânicas
aplicadas contra o pêlo. Os terminais de Ruffini, com sua forma ramificada, são
receptores térmicos de calor.

Na pele desprovida de pêlo e também na que está coberta por ele, encontram-se ainda
três tipos de receptores comuns:

1) Corpúsculos de Paccini: captam especialmente estímulos vibráteis e táteis.São


formados por uma fibra nervosa cuja porção terminal, amielínica, é envolta por várias
camadas que correspondem a diversas células de sustentação. A camada terminal é
capaz de captar a aplicação de pressão, que é transmitida para as outras camadas e
enviada aos centros nervosos correspondentes.

2) Discos de Merkel: de sensibilidade tátil e de pressão. Uma fibra aferente costuma


estar ramificada com vários discos terminais destas ramificações nervosas. Estes discos
estão englobados em uma célula especializada, cuja superfície distal se fixa às células
epidérmicas por um prolongamento de seu protoplasma. Assim, os movimentos de
pressão e tração sobre epiderme desencadeam o estímulo.
199

3) Terminações nervosas livrem: sensíveis aos estímulos mecânicos, térmicos e


especialmente aos dolorosos. São formadas por um axônio ramificado envolto por
células de Schwann sendo, por sua vez, ambos envolvidos por uma membrana basal. Na
pele sem pêlo encontram-se, ainda, outros receptores específicos:

4) Corpúsculos de Meissner: táteis. Estão nas saliências da pele sem pêlos (como nas
partes mais altas das impressões digitais). São formados por um axônio mielínico, cujas
ramificações terminais se entrelaçam com células acessórias.

5) Bulbos terminais de Krause: receptores térmicos de frio. São formados por uma fibra
nervosa cuja terminação possui forma de clava.Situam-se nas regiões limítrofes da pele
com as membranas mucosas (por exemplo: ao redor dos lábios e dos genitais).

Nas camadas inferiores da epiderme estão os melanócitos, células que produzem


melanina, pigmento que determina a coloração da pele. As glândulas anexas –
sudoríparas e sebáceas – encontram-se mergulhadas na derme, embora tenham origem
epidérmica. O suor (composto de água, sais e um pouco de uréia) é drenado pelo duto
das glândulas sudoríparas, enquanto a secreção sebácea (secreção gordurosa que
lubrifica a epiderme e os pêlos) sai pelos poros de onde emergem os pêlos. A
transpiração ou sudorese tem por função refrescar o corpo quando há elevação da
temperatura ambiental ou quando a temperatura interna do corpo sobe, devido, por
exemplo, ao aumento da atividade física.
200

Derme

A derme, localizada imediatamente sob a epiderme, é um tecido conjuntivo que contém


fibras protéicas, vasos sangüíneos, terminações nervosas, órgãos sensoriais e glândulas.
As principais células da derme são os fibroblastos, responsáveis pela produção de fibras
e de uma substância gelatinosa, a substância amorfa, na qual os elementos dérmicos
estão mergulhados. A epiderme penetra na derme e origina os folículos pilosos,
glândulas sebáceas e glândulas sudoríparas. Na derme encontramos ainda: músculo
erector de pêlo, fibras elásticas (elasticidade), fibras colágenas (resistência), vasos
sanguíneos e nervos.
201

Tecido subcutâneo

Sob a pele, há uma camada de tecido conjuntivo frouxo, o tecido subcutâneo, rico em
fibras e em células que armazenam gordura (células adiposas ou adipócitos). A camada
subcutânea, denominada hipoderme, atua como reserva energética, proteção contra
choques mecânicos e isolante térmico.

Unhas e pêlos

Unhas e pêlos são constituídos por células epidérmicas queratinizadas, mortas e


compactadas. Na base da unha ou do pêlo há células que se multiplicam
constantemente, empurrando as células mais velhas para cima. Estas, ao acumular
queratina, morrem e se compactam, originando a unha ou o pêlo. Cada pêlo está ligado
a um pequeno músculo eretor, que permite sua movimentação, e a uma ou mais
glândulas sebáceas, que se encarregam de sua lubrificação.
202

Depois da consideração dos tópicos acima descritos, responda as seguintes questões:

1. Defina o sistema tegumentar?


2. Qual é a sua função?
3. Descreva a sua constituição?
4. Qual é o papel da pele?
5. Menciona as glândulas da pele?
6. Mencina as doenças que acometem a pele?
203

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 ALAIN RAMÉ, SYLVIE THÉREND (2012), Anatomia e Fisiologia Humana,

2012

 A.MAGALHÃES.ETAL. (2013.).Atlas básico de fisiologia.

 FILHO, E. P. A. (2015). Anatomia geral. Sobral: Instituto Superior de Teologia

Aplicada [Documento não editado].

 LACERDA, R.A.M.V. (2009). Apostila de anatomia e fisiologia humanas.

Faculdade e Escola Técnica Egídio José da Silva Fategídio.

 MARTINI, TIMMONS E TALLITSCH (2008) Anatomia Humana 6ª edição

 SOBOTTA (2008);Atlas de Anatomia Humana, volume 1 Rio de Janeiro:

Guanabara Koogan,

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