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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI

ANATOMIA HUMANA

GUARULHOS – SP
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3
2 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ANATOMIA ........................................................ 4
2.1 Anatomia humana ............................................................................................... 4
2.2 História dos estudos em anatomia ...................................................................... 5
2.3 Primeiros estudos em anatomia.......................................................................... 5
2.4 Anatomia por Andreas Vesalius .......................................................................... 8
2.5 Anatomia moderna.............................................................................................. 9
2.6 Anatomia dos órgãos e sistemas ...................................................................... 10
2.7 Cavidades do corpo humano ............................................................................ 21
3 INTRODUÇÃO À ANATOMIA: TERMINOLOGIA ANATÔMICA E NÍVEIS DE
ORGANIZAÇÃO ........................................................................................................ 25
3.1 Níveis de organização do corpo........................................................................ 25
3.2 Abordagens ou especialidades anatômicas ...................................................... 25
3.3 Terminologia anatômica .................................................................................... 28
3.4 Anatomia de superfície ..................................................................................... 28
3.5 Posição anatômica............................................................................................ 30
3.6 Quadrantes abdominais .................................................................................... 31
3.7 Terminologia das orientações anatômicas ........................................................ 32
3.8 Anatomia seccional ........................................................................................... 34
4 ESTRUTURA DO APARELHO LOCOMOTOR ..................................................... 35
4.1 O aparelho locomotor ....................................................................................... 35
4.2 Membros superiores ......................................................................................... 38
4.2.1 Ombro ............................................................................................................. 38
4.2.2 Região escapular ............................................................................................ 39
4.2.3 Braço, antebraço e mão.................................................................................. 41
4.3 Membros inferiores ........................................................................................... 42
4.3.1 Quadril ............................................................................................................ 42
4.3.2 Coxa ............................................................................................................... 43
4.4 Fisiologia do aparelho locomotor ...................................................................... 45
4.5 A estrutura locomotora como reguladora do movimento e da postura corporal 48
5 ANATOMIA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIA .......................................... 51

1
5.1 O sistema cardiovascular .................................................................................. 51
5.1.1 Circulação ....................................................................................................... 54
5.1.2 Vasos sanguíneos .......................................................................................... 56
5.1.3 O sangue ........................................................................................................ 59
5.2 O sistema respiratório ....................................................................................... 62
5.2.1 O mecanismo de ventilação............................................................................ 64
5.2.2 Integrações do sistema cardiorrespiratório ..................................................... 66
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 71

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1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora
que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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2 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ANATOMIA

O início dos estudos de anatomia humana data de centenas de anos a.C. e,


com o passar do tempo, houve sua evolução juntamente ao desenvolvimento de
melhores métodos para a dissecação de corpos e a migração do estudo em animais
para seres humanos. Por meio deles, pode-se compreender melhor como o corpo
humano é constituído e as células que compõem os órgãos, os quais formam sistemas
presentes no interior das cavidades anatômicas (SAGAH, 2017).
Assim, torna-se possível combater doenças e melhorar não somente os níveis
de saúde, como também preservar e propiciar melhores condições para aumentar a
expectativa de vida. Neste capítulo, você estudará os aspectos históricos e a evolução
da anatomia, as particularidades do seu estudo e as principais cavidades do corpo
para compreender suas funções.

2.1 Anatomia humana

A anatomia é o estudo micro e macroscópico da estrutura física dos seres


orgânicos, no qual se considera seu formato e sua disposição. Tal palavra se originou
do latim anátomo, que tem sua definição criada pelos gregos, de modo que ana
significa por meio de; e tomos, corte. Portanto, pode-se afirmar que ela é a ciência
que, por meio de corte e dissecação do corpo, seja humano, animal ou vegetal, busca
conhecer sua estrutura interna. A anatomia também se trata de um ramo da medicina
que estuda a forma e a estrutura dos diferentes elementos que constituem o corpo
humano.
Os primeiros estudos sobre anatomia datam de centenas de anos a.C., quando
se iniciaram as primeiras dissecações em animais, mas com o passar do tempo e a
necessidade de se identificar a causa da morte de alguns indivíduos, seja por uma
questão criminal ou pela posição que ocupava na sociedade, foi necessária a
evolução nas dissecações e na análise das causas de morte. Nesse sentido, houve a
evolução nos estudos anatômicos e nos modos de dissecar organismos vivos.

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2.2 História dos estudos em anatomia

A história dos estudos em anatomia humana pode ser dividida em três partes.
A primeira é na Antiguidade, com os primeiros estudos sobre o corpo e as dissecações
realizadas por Alcméon de Crotona há centenas de anos a.C.. A segunda se refere
aos estudos de Andreas Vesalius, responsável pela evolução das análises de
anatomia de modo que seus conceitos contribuíram para que houvesse uma
separação sobre o que seriam estudos em anatomia e em fisiologia. A terceira fase
ocorreu em meados do século XVI, quando o médico inglês William Harvey realizou
estudos de aprofundamento em anatomia, mais especificamente ao formular e
publicar o livro Estudo anatômico da movimentação do coração e do sangue em
animais, que aborda como o sangue é bombeado e descreve seu caminho no corpo
humano (SAGAH, 2017).

2.3 Primeiros estudos em anatomia

Ao estudar a anatomia humana, pode-se pensar que o conhecimento sobre o


corpo teve os primeiros indícios há mais de 500 anos a.C. por meio de Alcméon de
Crotona e, ao que tudo indica, ele realizou as primeiras dissecações em animais. Ao
longo da história, Aristóteles mencionou as ilustrações anatômicas quando fez
referência aos paradigmas que, provavelmente, eram figuras baseadas na dissecação
de animais, sendo que nessa época utilizava-se muitas ilustrações desse tipo para
identificar elementos do corpo.
Há 300 anos a.C., houve um avanço considerável nos estudos de anatomia,
mais especificamente na cidade de Alexandria, ao se considerar que as grandes
descobertas realizadas nessa área foram atribuídas a Herófilo e Erasístrato, os
primeiros a fazerem dissecações humanas sistematicamente. Já em 150 a.C., a
dissecação humana foi proibida por razões éticas e religiosas.
No século II d.C., por sua vez, tem-se as dissecações de Galeano,
principalmente em macacos e porcos, que aplicou os resultados obtidos na anatomia
humana, porém, alguns erros ocorreram devido à dificuldade de confirmar os achados
das pesquisas em cadáveres de seres humanos. Portanto, Galeano desenvolveu a

5
doutrina da causa final no sistema teológico, o qual requeria que todos os achados
confirmassem a fisiologia tal e qual ele a compreendia.
É possível pensar que o estudo da anatomia humana se reiniciou por razões
práticas e intelectuais. Como neste período eram constantes as guerras e batalhas,
havia a necessidade de deslocar os corpos dos mortos em combates para seu local
de origem. Assim, o embalsamento era suficiente para os trajetos mais curtos.
No ano de 1300 d.C., a dissecação humana ganhou maior importância devido
ao desejo de se conhecer a causa da morte de indivíduos por razões médico-legais,
entender como ocorreu uma morte, averiguar o que havia causado a morte de pessoas
importantes e/ou resolver a natureza de uma peste ou de uma enfermidade infecciosa.
O verbo dissecar era usado também para descrever a operação cesariana, que ocorria
cada vez com maior frequência (SAGAH, 2017).
A anatomia no século XIII não se tratava de uma disciplina independente, mas
de um auxiliar da cirurgia. Nessa época, a medicina era relativamente arcaica e reunia
todo o conhecimento de pontos apropriados para a sangria, como não se podia
estudar os corpos, as figuras não realistas e esquemáticas foram suficientes.

Além de textos anatômicos destinados especificamente aos estudantes de


medicina e aos médicos, foram impressas muitas páginas com figuras anatômicas em
outras enciclopédias. Neste período, houve um grande interesse na concepção e
formação do feto humano, bem como consideravam os elementos com a utilização

6
sistemática da frase “conhece-te a ti mesmo” como orientação filosófica e
essencialmente não médica. Já a “Dança da Morte” se tornou uma temática popular,
sobretudo nos países de língua germânica, após a peste negra. É possível pensar que
as representações dos esqueletos e da anatomia humana desenhadas por artistas
são melhores que as dos anatomistas (SAGAH, 2017).
Nesta época, ao se considerar imagens, esculturas e desenhos para
conhecimentos anatômicos, pode-se indicar uma série de artistas que contribuíram
para a evolução histórica desses estudos. Leonardo da Vinci, por exemplo, foi o
primeiro artista que considerou a anatomia além do ponto de vista meramente
pictórico, desenhando mais de 750 imagens que retratavam o esqueleto, os músculos,
os nervos e os vasos sanguíneos, bem como foram completadas muitas vezes com
anotações fisiológicas. Ele fazia desenhos que valorizavam de forma correta a
curvatura da coluna vertebral, sendo responsável por representar corretamente a
posição do fetus in utero e o primeiro a desenhar algumas estruturas anatômicas
conhecidas.
Durante pelo menos 20 anos, o artista Michelangelo Buonarroti adquiriu
conhecimentos anatômicos por meio das dissecações que praticava pessoalmente,
sobretudo no convento de Santo Espírito de Florença, na Itália. Anos depois, ele expôs
a evolução que presenciou ao entender que a anatomia era pouco útil para um artista.
Já o intelectual Albrecht Dürer escreveu obras de matemática, destilação,
hidráulica e anatomia, porém, ele se preocupava com a anatomia humana apenas
pela estética. Seu tratado sobre as proporções do corpo foi publicado somente após
sua morte.
Alguns artistas do Renascimento, por sua vez, eram anatomistas somente de
maneira secundária. Houve importantes contribuições para a representação realista
da forma humana, com o uso do sombreado para sugerir profundidade e
tridimensionalidade, mas os verdadeiros avanços científicos exigiam a colaboração de
anatomistas profissionais e artistas.
Quando os anatomistas conseguiram retratar de modo realista e correto seus
conhecimentos anatômicos, se iniciou em toda a Europa um período de intensa
investigação, principalmente no norte da Itália e no sul da Alemanha. Cabe a Jacob
Berengario da Capri a autoria da obra Commentaria super anatomica mundini, datada

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de 1521, que foi publicada e conhecida por conter as primeiras ilustrações anatômicas
identificadas como naturais.
Tais ilustrações e estudos em anatomia despertaram interesse em diversos
estudiosos ao redor do mundo, e um deles foi Andreas Vesalius, um médico belga
considerado o pai da anatomia moderna (SILVA,2017).

2.4 Anatomia por Andreas Vesalius

No século XV, a partir dos estudos do médico belga Andreas Vesalius e da sua
obra De Humani Corporis Fabrica Libri Septem, foi possível refutar as diversas teorias
sobre o corpo humano que foram realizadas anteriormente. Esse fato teve extrema
importância para os avanços dos estudos sobre anatomia e provocou uma mudança
em relação à crença de que as mulheres possuíam menos costelas que os homens,
pois esse era o senso comum da época.
Nessa obra, as ilustrações estavam relacionadas ao sistema muscular e às
ações de cada músculo, assim, foi possível obter um maior conhecimento sobre a
mecânica do corpo humano. Andreas Vesalius criou uma teoria contrária à ideia de
que o coração era o centro das emoções e da mente, compreendeu que as emoções
eram advindas do cérebro e defendeu que os estímulos nervosos se iniciavam deste,
e não do coração. Ele também auxiliou na mudança de perspectiva em relação aos
rins, pois a teoria que circulava dizia que eles filtravam a urina e Vesalius sustentou
que filtravam o sangue e formavam a urina, que era excreta e retirada dos rins.
Os estudos realizados por Vesalius foram revolucionários na época, pois ele
afirmou cientificamente que muitos conceitos já divulgados estavam ultrapassados ou
não iam ao encontro do que se descobria por meio de análises. Ele foi responsável
pelo avanço da ciência, mesmo que algumas de suas descobertas não fossem
reconhecidas nesse período. Seus estudos eram calcados em experimentação e
prática, a partir deles, vários estudiosos passaram a desenvolver teorias e explorar os
conhecimentos sobre anatomia humana.

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2.5 Anatomia moderna

Em meados de 1600, iniciou-se um terceiro período na história da anatomia


humana no momento em que o médico inglês William Harvey conseguiu realizar uma
combinação da anatomia italiana com a ciência experimental característica da
Inglaterra.
No ano de 1628, William publicou o Exercitatio Anatomica de Motu Cordis et
Sanguinis em Animalibus, cuja tradução é estudo anatômico da movimentação do
coração e do sangue em animais. Pode-se dizer que esse livro explorou o sistema
circulatório, porque demonstrou como o sangue é bombeado em um circuito
endovascular, de modo que inicia e termina no mesmo ponto no coração.
Portanto, os estudos de Vesalius e Harvey, cada um no seu tempo, foram
responsáveis por um avanço muito significativo na história da anatomia humana. As
pesquisas e a evolução propiciadas por Harvey, por exemplo, contribuíram para
formar um conhecimento específico em fisiologia humana, o que possibilitou a
separação entre anatomia e fisiologia. A partir disso, a fisiologia ficou caracterizada
por avaliar e estudar a análise de estruturas e moldes; e a anatomia, pelo estudo das
estruturas duras (SAGAH, 2017).
Por meio da invenção do microscópio e da instituição da histologia por Marcello
Malpighi, bem como da descrição da célula por Robert Hooke, a exploração do corpo
se desviou para pequenas partes. O século que sucedeu aos estudos de Harvey se
tornou o mais importante da anatomia microscópica e da embriologia, caracterizado
pela fundação de sociedades científicas, publicações de textos, atlas, construção de
museus e escolas de anatomia. Já a exploração macroscópica do corpo humano foi
concluída ao longo do século XIX.
No século XVII, percebe-se que os estudiosos realizaram notáveis descobertas
no campo da anatomia e fisiologia. Já durante os séculos XVIII e XIX, com mais
estudos, a evolução da teoria sobre anatomia e das técnicas para as operações,
ocorreu sua divisão com um crescimento considerável da anatomia topográfica.
Por sua vez, a teoria evolucionista de Charles Darwin para a origem das
espécies, em que ele defendeu a suposta origem do ser humano a partir dos
mamíferos inferiores, se tornou uma das maiores generalizações da história da
biologia. Nessa época, ela foi acusada de ser imoral por religiosos, mas devido à sua

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densidade acabou sendo aceita, unindo a anatomia humana, animal e vegetal. A partir
da sua teorização, os mamíferos passaram a ser um campo fértil de estudos para
pensar o funcionamento e as reações do organismo humano. No entanto, com o
passar dos anos, houve uma evolução considerável nos estudos em anatomia.
O estudo anatômico-clínico do cadáver, como meio mais seguro de avaliar as
alterações provocadas pela doença, foi introduzido por Giovanni Battista Morgagni. A
partir disso, surgiu a anatomia patológica, que possibilitou grandes descobertas no
campo da patologia celular (por Rudolf Virchow) e acerca dos agentes responsáveis
por doenças infecciosas (por Pasteur e Koch).
Já a anatomia microscópica foi deixada de lado durante os anos de 1960 e
1970, ganhando importância somente na realização de cirurgias. Recentemente, a
anatomia tornou-se submicroscópica; e a fisiologia, a bioquímica, as microscopias
eletrônicas e positrônica, bem como as técnicas de difração com raios X, que são
aplicadas ao estudo das células, descrevem suas estruturas íntimas em nível
molecular.
A evolução da ciência veio com a evolução tecnológica e, atualmente, existe a
possibilidade de estudar anatomia em pessoas vivas por meio de técnicas de imagem,
como a radiografia, endoscopia, angiografia, tomografia axial computadorizada,
tomografia por emissão de positrões, imagem de ressonância magnética nuclear,
ecografia, termografia, entre outras. Portanto, estudar anatomia significa analisar as
estruturas do corpo humano. Segundo Marieb e Hoehn (2009, p. 2), “[...] a anatomia
estuda a estrutura das partes do corpo e suas relações. Ela tem um certo atrativo, pois
é mais concreta. As estruturas do corpo podem ser vistas, sentidas e examinadas de
perto; não é necessário imaginar o que elas parecem”.

2.6 Anatomia dos órgãos e sistemas

O organismo é formado pelos órgãos que compõem os sistemas responsáveis


por seu funcionamento e sua manutenção, assim, pode-se realizar um estudo por
meio da anatomia sistêmica. “Na anatomia sistêmica, o corpo é estudado sistema por
sistema.

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Um sistema é um grupo de estruturas que têm uma ou mais funções comuns,
como o sistema circulatório, o nervoso, o respiratório, o esquelético ou o muscular”
(VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016, p. 2).
Portanto, o corpo é formado pelos sistemas sensorial, nervoso, digestório,
respiratório, cardiovascular, endócrino, esquelético, excretor, tegumentar, urinário,
reprodutor, muscular, imunológico e linfático. Nesse sentido, você precisa
compreender a constituição de cada um e como eles funcionam.
O sistema cardiovascular, também conhecido como circulatório, se compõe de
diversos vasos sanguíneos chamados de artérias, veias e vasos capilares, sendo
responsável por movimentar o sangue no organismo humano durante o transporte de
oxigênio e nutrientes para todas as suas partes. Nesse sistema, o coração é o órgão
mais importante pelo fato de bombear o sangue por todo o corpo, conforme você pode
ver na Figura 1.

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Assim, o sangue percorre todos os sistemas do organismo humano, por meio
dos capilares presentes na maioria deles. Um sistema semelhante ao cardiovascular
é o nervoso, que se origina no encéfalo, se expande pela medula espinhal e se
propaga por meio das suas ramificações para todo o corpo, realizando o comando de
algumas funções e ações por intermédio dos impulsos nervosos. Você pode visualizar
o sistema nervoso na Figura 2 (MARTINI, TIMMONS E TALLITSCH, 2009).

O sistema nervoso se divide em central, composto de encéfalo e medula


espinhal; e periférico, formado por nervos cranianos e raquidianos, responsáveis por
captação, interpretação e respostas às mensagens que foram recebidas do
organismo. Uma das ações dos neurônios, que são as células que compõem esse
sistema, é enviar e receber informações advindas do corpo, estimulando ou inibindo

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a ação dos órgãos dos sentidos do organismo humano. Portanto, a ação neural ocorre
em outros sistemas, como o sensorial.
O sistema sensorial é composto de cinco sentidos do corpo (visão, paladar,
olfato, audição e tato), sendo responsável por enviar informações recebidas pelo
sistema nervoso, que as decodifica e envia as respostas para todo o organismo.
Assim, todas as ações relacionadas aos sentidos estão ligadas ao sistema sensorial.
Para auxiliar na ação desses órgãos dos sentidos, precisa-se não somente de uma
ação neural, como também uma ação mecânica realizada pelo sistema muscular.
O sistema muscular tem a responsabilidade de estabilizar e auxiliar na
sustentação do organismo humano, sendo responsável por coordenar a
movimentação do corpo, bem como das substâncias que estão nele, por exemplo, a
contração do esfíncter que está localizado no sistema renal e realiza a ação de expelir
a urina do organismo. Veja uma representação do sistema muscular na Figura 3.
O principal órgão do sistema muscular são os músculos, porém, ele inclui os
tendões que fazem a ligação dos músculos com os ossos do corpo. Portanto, outro
sistema de suma importância do organismo humano é o ósseo.
O sistema ósseo, também conhecido como esquelético, tem a função de dar
forma e sustentar o organismo humano, sendo responsável por proteger os órgãos
internos e auxiliar nos movimentos coordenados pelo sistema muscular. O esqueleto
é dividido em axial, composto de coluna vertebral, ossos do crânio e costelas; e
apendicular, formado pelos ossos presentes em braços e pernas. Na Figura 4, você
pode conferir o sistema ósseo (MARTINI, TIMMONS E TALLITSCH, 2009).

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Nesta composição, o sistema esquelético tem a função de produzir células
sanguíneas na medula óssea e armazenar sais minerais, como o cálcio. Por isso,
pode-se afirmar que os ossos são uma estrutura viva que possui grande resistência e
a capacidade de se regenerar quando há fratura, sendo responsáveis por sustentar o
organismo humano, que é preenchido pelos músculos e revestido pela pele, assim
como alguns órgãos (MARTINI, TIMMONS E TALLITSCH, 2009).
O sistema tegumentar é formado pelo maior órgão do corpo humano (a pele) e
possui a função de revesti-lo. Ele ainda auxilia na regulação da temperatura do
organismo, se responsabiliza pela sua sensibilidade e o protege formando uma
barreira às agressões externas e evitando que perca líquidos. A pele que reveste o
corpo se divide em derme e epiderme, que agem conjuntamente cooperando as
relações dos meios externos com os internos.

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A pele ainda pode ser eudérmica, responsável por realizar o equilíbrio entre o
conteúdo hídrico e o graxo; graxa, que cuida da secreção sebácea; alípica, cuja maior
responsabilidade é a secreção hídrica; desidratada, caracterizada pela diminuição
hídrica e manutenção da secreção sebácea; hidratada, que possui uma grande
densidade hídrica; e mista, em que se tem pele graxa na zona central do rosto e alípica
nas bochechas.
Em relação à perda de líquidos e sua excreção, há outro sistema muito
importante para o funcionamento do corpo, o linfático, que possui uma composição
semelhante ao circulatório, porém, em vez de transportar e atuar com o sangue, ele
age com a linfa. Portanto, o sistema linfático é uma rede de vasos que transporta a
linfa pelo organismo, atuando juntamente ao sistema imunológico e na proteção das
células imunes.
Esse sistema é composto de baço, linfonodos (nódulos linfáticos), tonsilas
palatinas (amídalas), tonsila faríngea (adenoides) e timo. Pelo fato de produzir
linfócitos, alguns autores consideram a medula óssea um órgão pertencente ao
sistema linfático. Seus órgãos possuem uma organização responsável por suportar a
circulação dos linfócitos A e B entre outras células imunológicas, como macrófagos e
células dendríticas, por isso, em algumas situações, esse sistema atua no combate
aos organismos estranhos, como o pólen (MARTINI, TIMMONS E TALLITSCH, 2009).
O sistema linfático ainda atua na absorção dos ácidos graxos, realizando o
equilíbrio dos fluidos presentes nos tecidos. Porém, você deve estar atento ao fato de
que ele não é o único responsável por regular os líquidos do organismo, pois essa
função também cabe ao sistema renal.
O sistema renal, ou urinário, é constituído de rins e vias urinárias, como os
ureteres, a bexiga e a uretra. Com essa composição, uma de suas funções se trata
da produção e eliminação da urina, em que realiza uma filtração de impurezas do
sangue no organismo, os líquidos expelidos pelo sistema linfático são diferentes dos
expelidos por ele. Portanto, os rins fazem a regulação do volume e da composição
química do sangue, mantendo o equilíbrio dos sais minerais, da água, dos ácidos e
das bases do corpo.
Esse sistema ainda é responsável pela gliconeogênese no período de jejum;
pela produção dos hormônios renina, que atua nos rins como uma enzima que auxilia
na regulação da pressão sanguínea e na função renal, e eritropoietina, a qual estimula

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a produção dos eritrócitos; e por metabolizar a vitamina D para o seu modo mais ativo
no organismo. Além da sua relação com o linfático, ele também está próximo e se
relaciona com o sistema reprodutor (SILVA, 2017).
O sistema reprodutor também é conhecido como genital e, diferentemente dos
demais sistemas (que logo quando a pessoa nasce, são responsáveis por realizar
ações para o seu desenvolvimento e sua manutenção), fica em stand by até o
indivíduo chegar à puberdade. Ele pode ser constituído de duas formas, o masculino
e o feminino, definindo o sexo e sendo responsável pela reprodução dos seres vivos.
Na sua composição, o sistema reprodutor masculino se constitui de testículos, que
podem ser chamados de gônadas (as sementes), epidídimos, canais deferentes,
vesículas seminais, próstata, uretra e pênis; já o sistema feminino é formado por
ovários (as sementes), útero, tubas uterinas e vagina.

As gônadas nos organismos feminino e masculino são responsáveis pela


produção das células sexuais, chamadas de gametas, e têm a função de secretar os
hormônios sexuais, como progesterona e testosterona. Nos homens, o sistema
reprodutor é responsável por produzir os gametas masculinos, os espermatozoides,
que realizam a fertilização juntamente aos gametas femininos, que se chamam
ovários ou óvulos no sistema reprodutor feminino. Dessa forma, durante a relação
sexual, os dois gametas fazem um processo de fusão ou de fertilização que dará
origem a uma nova vida.
A partir desse sistema, pode-se compreender que nem tudo é igual no homem
e na mulher, pois eles têm órgãos, sistemas e hormônios diferentes. Assim, para ter
uma definição básica dos hormônios presentes no organismo, você deve entender o
funcionamento do sistema endócrino.

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O sistema endócrino é formado por um conjunto de glândulas, como a pineal,
o hipotálamo, a hipófise, a tireoide, as paratireoides, o timo, as suprarrenais, o
pâncreas, os ovários (mulher) e os testículos (homem). Elas têm a função de produzir
substâncias reguladoras (hormônios), que são lançadas na corrente sanguínea e
percorrem o organismo até chegarem às células alvo que compõem os órgãos em que
devem atuar. Veja na Figura 5 uma representação do sistema endócrino.
Como você já viu, o sistema nervoso é responsável por realizar as ações
neurais no organismo por meio dos neurônios, como a muscular, nesse sentido, os
hormônios fazem as ações químicas e atuam na maioria dos sistemas. Assim, as
glândulas produzem esses hormônios, que possuem a função de regular, defender e
desenvolver o organismo, bem como produzir gametas, ou seja, o corpo mantém seu
funcionamento pelos hormônios.
Para realizar a ação hormonal, as glândulas possuem três formas: endócrinas,
que realizam a secreção de hormônios para o seu interior; autócrinas, que fazem a
secreção para o seu exterior; e parácrinas, em que se tem as ações endócrinas e
exócrinas. Portanto, todas as funções e atividades químicas do organismo são
coordenadas e integradas pelo sistema endócrino (SAGAH, 2018).

Com a finalidade de fazer estas funções, o sistema endócrino é composto de


glândulas situadas em locais diferentes para produzirem substâncias (os hormônios)
que realizam determinadas funções no corpo. Entre eles, a maioria está relacionada
à digestão e atua no pâncreas, fígado, estômago e intestino, sendo o sistema
digestório responsável pelo funcionamento desses órgãos.

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O sistema digestório ainda é composto de boca, vesícula biliar, esôfago,
faringe, laringe, reto, apêndice, duodeno, glândula parótida, cavidade oral e cólons. A
partir desses órgãos, ele forma um tubo, chamado de tubo digestório, e os órgãos
anexos. Ele também realiza a digestão dos alimentos fazendo sua transformação em
moléculas menores, que possibilitam sua absorção pelo organismo, mas o que não
lhe serve é excretado. Com isso, esse sistema se torna responsável por absorver
remédios e enviar mensagens ao cérebro para que seja realizada uma possível
resposta a uma ameaça, como uma dor de cabeça (SILVA, 2017).
Nesse sistema, há também um canal alimentar, chamado de trato
gastrintestinal (TGI), um tubo digestório que possui a atividade de ingestão, as
digestões mecânica e química, a propulsão, a absorção e a defecação do que não
será mais utilizado no organismo. Assim, pode-se dizer que os locais de produção de
enzimas, ou das demais secreções produzidas pelos órgãos acessórios externos do

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TGI, são chamados de locais de digestão química. Na Figura 6, você pode conferir
como é o sistema digestório.

No sistema digestório, mais especificamente no TGI, secreta-se uma mucosa,


cujo muco é responsável por protegê-la e lubrificá-la. Assim, ao compreender esse
caminho que os alimentos recebem no organismo humano, pode-se afirmar que o
sistema excretor se trata de uma sequência do digestório (MARIEB E HOEHN, 2009).
O sistema excretor ou excretório tem a função de eliminar os resíduos que não
são usados pelo organismo após a digestão e as substâncias que estão em excesso,
buscando um processo denominado de equilíbrio dinâmico. Esse equilíbrio e a
excreção de substâncias colaboram para que o organismo não fique vulnerável.
Assim, ao tratar de uma possível vulnerabilidade do corpo, deve-se compreender que
ele possui um sistema responsável exclusivamente por atuar na sua defesa, chamado
de imunológico.

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O sistema imunológico é composto de órgãos que fazem parte de outros
sistemas, como os linfonodos, o apêndice, a medula óssea, os vasos linfáticos, as
placas de Peyer, o baço, o timo, as tonsilas e a adenoide. Assim, ele se constitui de
um conjunto de elementos do organismo que realiza uma ação conjunta, no intuito de
defendê-lo de vírus, micróbios, bactérias e doenças, como um tipo de barreira ou
escudo contra corpos estranhos. Algumas vezes, quando ele falha, provoca alguns
sentimentos, como dor, porém, o corpo possui um sistema que trata das sensações
do que está ocorrendo nele: o sistema sensorial.
Portanto, os sistemas do organismo atuam em conjunto para a sobrevivência
humana e, quando estão em harmonia, se organizam para o seu pleno funcionamento,
como uma máquina. No entanto, alguns deles se posicionam em espaços,
denominados de cavidades, conforme você verá a seguir.

2.7 Cavidades do corpo humano

O corpo é formado internamente por cavidades cujas funções vão desde a


proteção dos órgãos até a separação e sustentação dos mesmos. As cavidades
ventrais são a torácica e a abdominopélvica; as dorsais são as cavidades craniana e
vertebral.
Na parte interna do corpo, existem alguns espaços que têm uma função maior
que separar os órgãos, pois protegem, isolam e auxiliam na sustentação, recebendo
o nome de cavidades, nas quais se localizam alguns órgãos que formam os sistemas
do organismo. Segundo Tortora e Derrickson (2017, p. 16), as “[...] cavidades do corpo
são espaços do corpo que contêm, protegem, separam e sustentam os órgãos
internos”. Nesse sentido, elas se dividem em dorsal e ventral (Figura 7).

21
22
Cavidade dorsal

A cavidade dorsal do corpo humano é formada pela cavidade craniana,


constituída de ossos que compõem o crânio, o encéfalo e suas membranas, que se
chamam meninges. Ainda faz parte dela o canal vertebral, que contém a coluna
vertebral, a medula espinhal e a raiz dos nervos espinhais. Ela fica localizada na parte
superior e dorsal do organismo (SAGAH, 2018).

Cavidade ventral

A cavidade ventral do corpo humano é formada pelas cavidades torácica e


abdominopélvica. A primeira se compõe de cavidade pleural, pericárdica e mediastino;
já a segunda, de cavidade abdominal e pélvica, como você pode conferir na Figura 8.
Na cavidade ventral, suas paredes, as superfícies externas e os órgãos são
recobertos por uma membrana muito fina, denominada serosa. Portanto, a membrana
que reveste essas paredes é conhecida como serosa parietal, que dobra sobre si
mesma formando a serosa visceral, a qual reveste os órgãos que estão dentro da
cavidade.
A cavidade torácica é separada pela cavidade abdominal e pelo diafragma,
nela, há as cavidades pleurais, que têm a função de receber e ter no seu interior os
pulmões. Ela fica entre as pleuras visceral e parietal, na qual existe um líquido
lubrificante. Além da pleural, tem-se a cavidade pericárdica, que se localiza em torno
do coração, cercando este e os grandes vasos, e apresenta uma camada fina de
tecido conectivo, composto de pericárdio parietal, formado por fibras, e de pericárdio
visceral, que tem a composição mais serosa e é responsável por cobrir a superfície
externa do coração.

23
Por fim, a cavidade mediastino é composta de uma estrutura de tecidos que se
localiza entre os pulmões até o osso esterno da coluna vertebral. Nela estão
localizadas todas as estruturas da cavidade torácica (com a exceção dos pulmões),
onde encontram-se os órgãos: coração, timo, esôfago, traqueia e alguns vasos
importantes para a nossa circulação como a artéria aorta (SAGAH, 2018).

Já a cavidade abdominopélvica é dividida em duas partes, mesmo que não haja


uma divisão estrutural: a cavidade abdominal e a pélvica. A abdominal se
responsabiliza por receber e ficar no entorno do estômago, baço, fígado, vesícula
biliar, pâncreas, intestino delgado e uma boa parte do intestino grosso; já na pélvica,
estão localizados os órgãos genitais internos, o restante da porção do intestino grosso
e a bexiga urinária.

24
3 INTRODUÇÃO À ANATOMIA: TERMINOLOGIA ANATÔMICA E NÍVEIS DE
ORGANIZAÇÃO

3.1 Níveis de organização do corpo

Para que você compreenda a anatomia do corpo humano, é necessário


conhecer da menor até a maior dimensão de seus componentes, os quais são
usualmente distribuídos em níveis de organização (SAGAH, 2018):
 Nível químico: inclui os átomos e as moléculas, como o hidrogênio, o oxigênio,
o carbono e o nitrogênio. Os átomos interagem entre si para formar compostos
tridimensionais com propriedades específicas.
 Nível celular: as moléculas se combinam para formar estruturas do nível
celular. As células são as unidades básicas funcionais e estruturais do corpo e
podem ser, por exemplo, as células sanguíneas, cardíacas, musculares,
hepáticas e nervosas.
 Nível tecidual: as células, por sua vez, compõem os tecidos e trabalham para
realizar uma determinada função ou funções. Os tecidos existentes no corpo
são o conectivo, o nervoso, o muscular e o epitelial.
 Nível orgânico: os órgãos são compostos por diferentes tipos de tecidos que
interagem para desempenhar determinadas funções, como, por exemplo, os
intestinos, que desempenham diversas funções digestórias.
 Nível sistêmico: um sistema é composto por órgãos relacionados entre si.

3.2 Abordagens ou especialidades anatômicas

Duas categorias gerais do estudo anatômico são amplamente consideradas: a


anatomia microscópica e a anatomia macroscópica. A anatomia microscópica estuda
estruturas que não podem ser visualizadas a olho nu, valendo-se de equipamentos
como lupas e microscópios ópticos e eletrônicos. A anatomia macroscópica é a que
você irá conhecer agora, a qual considera as estruturas visíveis a olho nu e que se
vale de formas de estudo como a anatomia de superfície, a anatomia topográfica (ou
regional) e a anatomia sistêmica. Estas formas de estudo se complementam e geram
a perspectiva mais ampla para o conhecimento. Entenda-as:

25
 Anatomia de superfície: considera os pontos ou regiões superficiais do corpo,
sem usar métodos de dissecção, através da palpação ou observação.
 Anatomia topográfica: estuda as características internas e externas de uma
determinada região do corpo, como tórax, abdome e membros superiores e
inferiores.
 Anatomia sistêmica: estudo por sistemas corporais; por exemplo, sistema
ósseo, muscular, nervoso e digestório. Considera as características
anatômicas de um grupo de órgãos que funcionam integrados para produzir
efeitos coordenados.

Além das abordagens descritas anteriormente, ainda podem ser aplicadas as


seguintes formas de estudo: (SAGAH, 2018)
 Anatomia do desenvolvimento ou embriologia: acompanha o desenvolvimento
do ser humano desde sua concepção até a maturidade física;
 Anatomia clínica: compreende as características anatômicas encontradas nas
patologias.
 Anatomia comparada: relaciona a anatomia de outros animais que apresentam
um processo de desenvolvimento semelhante ao do ser humano;
 Anatomia por imagem ou anatomia radiológica: gera o conhecimento
anatômico por meio da visualização e da interpretação de imagens
radiológicas, como as da radiografia, da tomografia computadorizada, da
ressonância magnética (Figura 1). As imagens geradas pelo aparelho de
ultrassom (ecografia) também estão incluídas.

As imagens radiológicas podem ser úteis não só no estudo da anatomia normal


do corpo humano, mas também para que você possa conhecer as variações
anatômicas, as patologias e as diferenças morfológicas no recém-nascido, na criança,
no adulto jovem, no adulto e no idoso.

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27
3.3 Terminologia anatômica

A anatomia é uma ciência que se vale essencialmente da observação e da


descrição daquilo que se vê. Há séculos, os anatomistas estudam o corpo humano e
tentam descrever o que encontram e o que visualizam; para isso, necessitam de um
vocabulário específico, que traduza a imagem em linguagem. Esta linguagem se
origina essencialmente de termos e étimos vindos do grego e do latim. Por exemplo,
a palavra intercostal é composta pelas raízes do latim inter, que significa entre, e
costo, que significa costelas; então, a palavra intercostal significa entre as costelas,
como, por exemplo, os músculos intercostais.
Essa linguagem anatomoclínica é aplicada extensamente na área da saúde, e
você deve utilizá-la para comunicar-se no ambiente acadêmico e na sua vida
profissional (SAGAH, 2018).

3.4 Anatomia de superfície

Existe uma nomenclatura relacionada às regiões e às referências ou


marcadores de superfície do corpo e seus termos anatômicos (Figuras 2 e 3). A seguir,
você irá conhecer esses termos que devem ser necessariamente assimilados para
que você construa a linguagem anatômica.
Na Figura 2, o corpo humano está posicionado em dois diferentes planos: o
corpo em vista anterior (Figura 2[a]) e em vista posterior (Figura 2[b]). Note, por
exemplo, que a virilha é chamada de região inguinal. Assim, por exemplo, tudo que se

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refere a inguinal será considerado como localizado nessa região, e daí derivam os
nomes de algumas estruturas ou alterações, como, por exemplo, ligamento inguinal
ou hérnia inguinal.

29
3.5 Posição anatômica

O termo posição anatômica é mais uma convenção para que se estude o corpo
humano de forma organizada e metodológica. Esse termo exige que a posição seja a
seguinte: o corpo humano está de pé (ereto), com o olhar direcionado para o horizonte,
as palmas das mãos estão para frente (em supinação), os membros superiores e
inferiores estão estendidos (em extensão) e os pés estão levemente afastados (Figura
2[a]). Assim, com esse termo definido, você não precisa mais visualizar uma imagem,
e sim imaginar o corpo posicionado dessa forma (SAGAH, 2018).

30
3.6 Quadrantes abdominais

Além dos termos relacionados à anatomia de superfície, existem os termos que


referenciam as regiões do abdome. Novamente, trata-se de uma convenção para que
a comunicação e a descrição anatômica na área da saúde sejam padronizadas. Duas
formas são normalmente aplicadas ao abdome: a divisão em 4 e em 9 quadrantes
(Figuras 4[a] e 4[b]). Essa divisão do abdome é usada para facilitar a descrição da
localização anatômica e é também muito útil para a investigação de disfunções e
patologias. Cada quadrante corresponde a determinados órgãos e/ou estruturas
internas, abdominais e pélvicas (MARTINI, 2009).

31
3.7 Terminologia das orientações anatômicas

Para que possamos limitar um corpo no espaço, temos que traçar planos que
tangenciem esse corpo em seus limites físicos. Para isso, são empregados os planos
tangenciais chamados de anterior ou ventral, posterior ou dorsal, superior, inferior e
laterais direito e esquerdo.
Essa nomenclatura vale para qualquer objeto de estudo em anatomia, seja uma
estrutura, um órgão ou o próprio corpo humano. Se estivermos estudando o corpo
humano inteiro (Figura 5[a]), o plano anterior ou ventral será a frente, onde temos o
rosto e o ventre. O plano posterior ou dorsal limitará o corpo na parte de trás, onde
está o dorso. O plano superior limitará a porção mais externa em cima do corpo, na
calota craniana, e o plano inferior limitará o corpo na planta dos pés. Os planos
laterais limitam os lados direito e esquerdo (Figura 5[b]), e essa lateralidade será
sempre do objeto estudado e não do observador.
Na Figura 6, vemos uma jovem deitada de lado, e o termo anatômico para essa
posição é decúbito lateral. Agora você teria que complementar o termo, referindo de
que lado ela está deitada. De que lado está jovem está deitada? Lembre-se de que é
o lado do corpo dela e não o da sua observação. Se você respondeu lado esquerdo,
acertou: decúbito lateral esquerdo (MARTINI, 2009).

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Além dos planos tangenciais, existem as direções anatômicas, como a direção
crânio-caudal, a direção lateral-medial e a direção proximal-distal (MARTINI, 2009).
 Direção crânio-caudal: refere-se à proximidade no sentido do crânio ou no
sentido da porção final da coluna vertebral ou da região inferior do corpo.
 Direção lateral-medial: para empregar estes termos, é preciso traçar uma
linha imaginária ao longo e bem no meio do corpo. As referências que estiverem

33
mais próximas dessa linha serão consideradas mediais e as que estiverem
afastadas ou opostas a essa linha serão laterais (lateral, aqui, significa para
fora). Por exemplo: as clavículas possuem duas extremidades, uma que se
articula ao osso esterno, que é a extremidade medial, e outra que se articula à
escápula, que é a extremidade lateral.
 Direção proximal-distal: este termo é aplicado quando a referência é a coluna
vertebral, em qualquer uma de suas porções. Então, seguindo a linha das
articulações até chegar na coluna vertebral, uma estrutura será proximal ou
distal à coluna vertebral. Por exemplo, se compararmos a tíbia com o fêmur, a
tíbia é distal em relação ao fêmur, pois está mais distante da coluna quando
comparada ao fêmur.

3.8 Anatomia seccional

Todas as estruturas em anatomia podem ser estudadas através de secções ou


dos chamados planos seccionais (Figura 7). Precisamos estudar os aspectos
anatômicos internos, e, para isto, foram padronizados três tipos de cortes ou secções.
Os planos seccionais são os seguintes (SAGAH, 2018);
 Plano transverso (corte transversal ou horizontal): forma um ângulo reto com o
eixo longitudinal da região ou parte do corpo que está sendo estudada e a
divide em porções superior e inferior. Na área radiológica, este plano é
chamado de axial.
 Plano frontal (corte coronal ou frontal): divide o corpo ou região em porções
anterior e posterior.
 Plano sagital (corte sagital ou sagital mediano): divide o corpo em porções
iguais, direita e esquerda, isto é, bem ao longo da linha mediana, gerando
metades de igual tamanho. Os cortes parassagitais são secções que passam
por linhas paralelas à linha mediana e dividem o corpo no mesmo sentido
longitudinal, mas em tamanhos diferentes.

O estudo anatômico em secções pode ser feito a partir da imagem radiológica,


através da interpretação diagnóstica de exames de tomografia computadorizada e
ressonância magnética. Se você tiver a oportunidade de observar essas imagens

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radiológicas em cortes, você estará exercitando a anatomia topográfica, pois
observará estruturas e órgãos de vários sistemas corporais em um único corte. Além
disso, você estará testando seu raciocínio espacial, tentando imaginar uma estrutura
em três dimensões, partindo de uma imagem em duas dimensões.

4 ESTRUTURA DO APARELHO LOCOMOTOR

4.1 O aparelho locomotor

O corpo humano é um conjunto completo de diversas estruturas — ossos,


músculos, tendões (ANDRADE FILHO; PEREIRA, 2015) — que compõem um
mecanismo em que existe uma sinergia perfeita, já que todas as partes estão, de
alguma forma, interligadas, permitindo movimentos como dançar, sentar, caminhar e
escrever.

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Esses movimentos são executados principalmente pelos braços e pernas,
entendidos como membros superiores e membros inferiores, respectivamente. Esses
segmentos corporais possuem uma gama de movimentos em todos os eixos e planos,
permitindo os mais diferentes tipos de deslocamentos, alcances e manipulações de
objetos, graças às inúmeras estruturas subjacentes.
Todos os ossos do corpo humano estão ligados para constituir o esqueleto e
também para garantir movimentos corporais harmônicos. Andrade Filho e Pereira
(2015, p. 89) afirmam que “o Sistema Articular é formado por articulações ou junturas
que estão diretamente responsáveis por realizar diversos movimentos de vários
segmentos do nosso corpo”.
Inicialmente, é necessário compreender as articulações existentes nos
membros superiores e inferiores, sendo elas as sinartroses, anfiartroses e sinoviais
(ANDRADE FILHO; PEREIRA, 2015).
 Sinartroses (ou articulação fibrosa): conhecidas como articulações
sólidas, sendo uma junção de dois ossos ligados por um tecido conjuntivo. Esse tipo
de articulação é bastante comum nos ossos do crânio. Outra ocorrência desse tipo de
articulação é chamada de sindesmose e pode ser encontrada na estrutura tibiofibular
(perna) e na radioulnar (antebraço). Nesse caso, existe uma membrana interóssea
que permite a interligação de ambas estruturas ósseas (Figura 1).

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 Anfiartroses (ou articulações cartilaginosas): há um tecido cartilaginoso
entre os ossos, que permite um pequeno movimento entre as estruturas ósseas, além
de absorver o impacto da articulação, sendo articulações de movimento limitado.
Essas articulações são encontradas nos ossos que compõe o quadril (Figura 2).

 Sinoviais: nesse tipo de articulação, que compõe a maioria das articulações


do corpo humano, a estrutura óssea é recoberta por uma cartilagem e unida por
ligamentos, que são espécies de cabos que ligam uma estrutura óssea a outra (Figura
3).

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Além dessas estruturas articulares, também é importante ressaltar que todo
movimento corporal acontece por conta da contração e relaxamento dos músculos do
corpo humano, havendo um músculo para cada pequeno movimento existente. Para
uma melhor compreensão, classificaremos a seguir os principais músculos dos
segmentos corporais por regiões subdivididas em membros superiores e membros
inferiores (ANDRADE FILHO; PEREIRA, 2015).

4.2 Membros superiores

4.2.1 Ombro

 Músculo trapézio
Origem: linha nucal superior, protuberância occipital externa, margem medial
do ligamento nucal, processo espinhoso de C7 a T12 e ligamentos
supraespinhais relacionados.
Inserção: margem superior da crista da espinha da escápula, acrômio e
margem posterior do terço lateral da clavícula.
Função: elevação, rotação e abdução da escápula.

 Músculo deltoide
Origem: crista da espinha da escápula, margem lateral do acrômio e margem
anterior do terço lateral da clavícula.
Inserção: tuberosidade para o músculo deltoide no úmero.
Função: abduzir de ombro e auxiliar na flexão e extensão do cotovelo.

 Músculo levantador da escápula


Origem: processos transversos das vértebras C1 e C2 e tubérculos posteriores
dos processos transversos das vértebras C3 e C4.
Inserção: face posterior da margem medial da escápula na raiz da espinha da
escápula.
Função: elevação da escápula.

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 Músculo romboide maior
Origem: processos espinhosos das vértebras de T2 a T5 e ligamentos
supraespinhais intervenientes.
Inserção: face posterior da margem medial da escápula a partir da raiz da
espinha da escápula para o ângulo inferior.
Função: elevação e retração da escápula.

 Músculo romboide menor


Origem: parte mais inferior do ligamento nucal e processos espinhosos das
vértebras de C7 e T4.
Inserção: face posterior da margem medial da escápula na raiz da espinha da
escápula.
Função: elevação e retração da escápula.

4.2.2 Região escapular

 Músculo supraespinal
Origem: dois terços mediais da fossa supraespinal da escápula e fáscia
profunda que reveste o músculo.
Inserção: tubérculo maior do úmero.
Função: abdução o braço com discreta rotação lateral.

 Músculo infraespinal
Origem: dois terços mediais da fossa infraespinal da escápula e fáscia profunda
que reveste o músculo.
Inserção: faceta média na face posterior do tubérculo do úmero.
Função: rotação lateral do braço e auxiliar na abdução do braço.

 Músculo redondo menor


Origem: dois terços superiores da face posterior da escápula imediatamente
adjacente à margem lateral da escápula.
Inserção: faceta inferior na face posterior do tubérculo maior do úmero.
Função: rotação lateral do braço e auxiliar na adução do braço.

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 Músculo redondo maior
Origem: área oval e alongada na face posterior do ângulo inferior da escápula.
Inserção: crista medial do sulco intertubercular na face anterior do úmero.
Função: adução e rotação medial do braço.

 Músculo cabeça longa do tríceps braquial


Origem: tubérculo infraglenoidal na escápula.
Inserção: tendão comum de inserção com as cabeças medial e lateral no
olecrano da ulna.
Função: extensão do antebraço e auxiliar na adução e extensão do ombro.

 Músculo peitoral maior


Origem: metade medial da clavícula e superfície anterior do esterno, primeiras
sete cartilagens costais e aponeurose do músculo oblíquo externo do abdome.
Inserção: crista do tubérculo maior do úmero.
Função: adução, rotação medial e flexão de ombro.

 Músculo subclávio
Origem: face externa da primeira costela.
Inserção: face anterior da porção lateral da clavícula.
Função: estabilizar e baixar o cíngulo peitoral.

 Músculo serrátil anterior


Origem: face externa das primeiras nove costelas.
Inserção: face ventral da margem medial da escápula.
Função: estabilizar e baixar o cíngulo peitoral.

 Músculo subescapular
Origem: dois terços mediais da fossa subescapular.
Inserção: tubérculo menor do úmero.
Função: rotação média do braço.

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 Músculo latíssimo do dorso
Origem: processos espinhosos das seis últimas vértebras e ligamentos
interespinhais relacionados, via fáscia toracolombar para os processos
espinhosos das vértebras lombares, ligamentos interespinhais relacionados,
crista ilíaca e últimas quatro costelas.
Inserção: assoalho do sulco intertubercular.
Função: adução, rotação medial e extensão do braço

4.2.3 Braço, antebraço e mão

 Músculo bíceps braquial


Origem: a cabeça longa se origina no tubérculo supraglenoidal da escápula e
a cabeça curta origina-se no ápice do processo coracoide.
Inserção: tuberosidade do rádio.
Função: flexão de cotovelo e supinador do antebraço e auxiliar nas flexões de
ombro.
 Músculo coracobraquial
Origem: ápice do processo coracoide.
Inserção: rugosidade linear na metade do corpo do úmero na face medial.
Função: flexão de cotovelo e auxiliar na adução do braço.

 Músculo braquial
Origem: região anterior do úmero e septo intermuscular adjacente.
Inserção tuberosidade da ulna.
Função: flexão de cotovelo.

 Músculo tríceps braquial


Origem: a cabeça longa se origina no tubérculo infraglenoidal da escápula, a
cabeça média na face posterior do úmero e a cabeça lateral na face posterior
do úmero.
Inserção: olecrano.
Função: extensão de cotovelo, adução de ombro.

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 Músculo braquiorradial
Origem: crista supracondilar lateral do úmero.
Inserção: processo estiloide do rádio.
Função: flexão de cotovelo

 Músculo ancôneo
Origem: epicôndilo lateral do úmero.
Inserção: face lateral do olecrano.
Função: extensão de cotovelo.

 Músculo pronador quadrado


Origem: crista linear na face anterior distal da ulna.
Inserção: face anterior distal do osso rádio.
Função: pronação do braço.

4.3 Membros inferiores

4.3.1 Quadril

 Músculo glúteo máximo


Origem: linha glútea posterior do ílio e face posterior do sacro e do cóccix.
Inserção: tuberosidade glútea do fêmur, trato iliotibial do sacro e do cóccix.
Função: extensão e rotação lateral de quadril.

 Músculo glúteo médio


Origem: face externa do ílio, entre as linhas glúteas anteriores e posteriores.
Inserção: face lateral do trocânter maior do fêmur.
Função: abdução e rotação medial da coxa.

 Músculo glúteo mínimo


Origem: face externa do ílio, entre as linhas glúteas anteriores e inferior.
Inserção: face anterior do trocânter maior do fêmur.
Função: abdução e rotação medialmente a coxa.

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 Músculo gêmeo superior
Origem: espinha isquiática.
Inserção: trocânter maior do fêmur.
Função: rotação lateral da coxa.

 Músculo obturador externo


Origem: face externa da membrana obturatória e margens ósseas do forame
obturador.
Inserção: fossa trocantérica do fêmur.
Função: rotação lateral da coxa.

 Músculo quadrado femoral


Origem: tuberosidade isquiática.
Inserção: lateralmente na crista intertrocantérica.
Função: rotação lateral e adução da coxa.
4.3.2 Coxa

 Músculo tensor da fáscia lata


Origem: porção anterior da crista ilíaca e espinha ilíaca anterossuperior.
Inserção: trato iliotibial da fáscia lata.
Função: tracionar a fáscia lata. Auxiliar na flexão, abdução e rotação medial da
coxa.

 Músculo sartório
Origem: espinha ilíaca anterossuperior.
Inserção: face proximal medial da tíbia, logo abaixo da tuberosidade.
Função: flexão e rotação lateral do quadril.

 Músculo quadríceps femoral


Origem: formado por quatro fortes músculos. Reto anterior — espinha ilíaca
anteroinferior e logo abaixo do acetábulo do osso do quadril. Vasto lateral —
trocânter maior e lábio lateral da linha áspera do fêmur. Vasto medial — lábio
medial da linha áspera do fêmur. Vasto intermédio — face anterior da diáfise
do fêmur.
43
Inserção: esses quatro músculos inserem-se na tuberosidade da tíbia, pela
patela e ligamento da patela.
Função: extensão de joelho.

 Músculo bíceps femoral


Origem: possui duas origens. Cabeça longa — tuberosidade isquiática.
Cabeça curta — lábio lateral da linha áspera.
Inserção: face lateral da cabeça da fíbula e côndilo lateral da tíbia.
Função: flexão de joelho; a cabeça longa faz a extensão do joelho.

 Músculo semitendíneo
Origem: tuberosidade isquiática.
Inserção: face medial da epífise proximal da tíbia.
Função: flexão de joelho e extensão de quadril.

 Músculo semimembranáceo
Origem: tuberosidade isquiática.
Inserção: face medial da epífise proximal da tíbia.
Função: flexão de joelho e extensão de quadril.

 Músculo grácil
Origem: sínfise púbica e arco púbico.
Inserção: face medial da tíbia logo abaixo do côndilo.
Função: adução e flexão de quadril.

 Músculo pectíneo
Origem: linha pectínea do púbis.
Inserção: proximalmente na eminência iliopectínea, tubérculo púbico e ramo
superior do púbis e distalmente na linha pectínea do fêmur.
Função: adução e flexão de quadril.

 Músculo adutor longo


Origem: corpo do púbis.

44
Inserção: superfície anterior do púbis e sínfise púbica e linha áspera.
Função: adução e rotação lateral de quadril.

 Adutor curto
Origem: ramo inferior do púbis (porção adutora) e tuberosidade isquiática
(porção extensora).
Inserção: ramo inferior do púbis e distalmente na linha áspera.
Função: adução e rotação lateral de quadril.

 Adutor magno
Origem: ramo inferior do púbis (porção adutora) e tuberosidade isquiática
(porção extensora).
Inserção: tuberosidade isquiática e ramo do púbis e do ísquio.
Função: adução e rotação lateral de quadril.

 Músculo tibial anterior


Origem: côndilo lateral e dois terços proximais da diáfise da tíbia e membrana
interóssea.
Inserção: face medial do 1º cuneiforme e 1º metatarsal.
Função: dorsiflexão e inversão do pé.

Após conhecer as principais estruturas que compõem os membros superiores


e inferiores, é interessante compreender como todos os músculos, ossos e
articulações atuam para gerar o movimento corporal (SAGAH, 2020).

4.4 Fisiologia do aparelho locomotor

Todo movimento corporal se dá por uma contração muscular. Essa contração


começa por um estímulo, seja ele visual, tátil olfativo ou sonoro. Esse estímulo chega
ao cérebro, que envia um sinal ao neurônio motor avisando que determinado músculo
precisa ser contraído para realizar determinado movimento. Essa informação passa
pela medula espinal e pelos nervos até chegar à musculatura que necessita ser
contraída (WILMORE; COSTILL; KENNEY, 2010).

45
Por mais que esse processo pareça longo e perpassar muitos caminhos, ele
não dura mais do que uma fração de segundos. É importante destacar que o controle
do sistema nervoso sobre uma resposta a um estímulo varia de acordo com o
movimento necessário. Quanto o movimento é voluntário, o processo costuma ser
mais complexo e mais lento, acionando o encéfalo para posteriormente a informação
ser distribuída pela medula espinal. Já os movimentos involuntários ou reflexos
normalmente apresentam um processo subjacente mais simples, recrutando poucos
músculos para realizar o movimento. Para que esse processo seja mais rápido, e
também por conta da simplicidade, a informação sai do cérebro diretamente para a
medula espinal (WILMORE; COSTILL; KENNEY, 2010).
A profusão harmoniosa de estruturas contidas no corpo humano permite as
mais diferentes posições, sejam elas estéticas ou dinâmicas (VIEIRA, 2012). As
alterações da posição corporal podem modificar o comportamento fisiológico e
hemodinâmico do corpo humano, tais como frequência cardíaca, pressão arterial e
volume de ejeção, e, por consequência, o débito cardíaco, que modifica pressão
arterial e frequência cardíaca (OLIVEIRA; BRANDÃO; BORGES, 2016).

A distribuição do sangue para os tecidos do organismo depende da


necessidade de oxigênio de cada local. Quando o corpo está em movimento, os
músculos que estão sendo recrutados recebem um volume sanguíneo até 25% maior
do que em uma condição de repouso (WILMORE; COSTILL; KENNEY, 2010). Dessa
maneira, uma atividade laboral com grande intensidade de movimentação estimula
uma maior circulação sanguínea, gerando um aumento da frequência cardíaca.
Quando pensamos em um trabalhador que passa toda sua jornada laboral em
postura estática em pé, logo conseguimos imaginar a sensação que ele pode sentir:
inchaço nas pernas e pés, dores na lombar, nas pernas e na sola dos pés. Isso

46
acontece porque os músculos necessitam manter uma contração contínua para
permanecer em qualquer posição estática, não sendo diferente da posição em pé,
gerando fadiga muscular (IIDA; GIMARÃES, 2016). Além disso, há o estresse
gravitacional, em que uma força de compressão afeta constantemente a estrutural
corporal, afetando também a homeostase circulatória (OLIVEIRA; BRANDÃO;
BORGES, 2016).
Nessa posição, é comum que o mecanismo de válvulas existente dentro dos
vasos sanguíneos, que permite que o sangue retorne da parte mais inferior do corpo
para o miocárdio, sofra dificuldades para agir contra a gravidade. Aliado a isso, a
contração muscular exigida para a manutenção da postura também é um risco para a
adequada circulação sanguínea e linfática, pois comprime ainda mais os vasos,
podendo causar pequenas rupturas nos capilares, que são muitos finos e sensíveis e
gerar varizes e edemas nos membros inferiores. É importante ressaltar que essas
consequências vão além da estética, podendo gerar dificuldades para a mobilidade
dos membros inferiores (LUZ, 2006).
Ademais, é possível que a manutenção em uma posição em pé por longos
períodos desencadeie outros problemas de saúde, como edema, maior fadiga e
desgaste físico, dores, câimbras e sensação de peso nos membros inferiores (todos
sintomas de transtornos circulatórios) (LUZ, 2006).
Em seus estudos, Almeida e Rosas (2018) concluíram que, dentre os
funcionários públicos de um hospital, 62% se queixavam de dores nos ombros e 58%
de dores nas pernas. Quando os participantes foram perguntados sobre quais partes
do corpo apresentavam uma dor impeditiva e limitante da jornada laboral, foram
mencionadas dores no cotovelo (58%), pulsos (54%) e pernas (50%).
No contexto de longas jornadas de trabalho sem se sentar, também é
importante dar o devido cuidado aos pés, uma importante estrutura biomecânica do
aparelho locomotor humano, complexa e única, que está em contato direto com uma
superfície, proporcionando uma base estável de suporte e equilíbrio em apoio e uma
estabilidade para o processo de marcha (MONTEIRO et al., 2010).
Em geral, são de fundamental importância as ações de ergonomia pensadas
para as estruturas do aparelho locomotor a fim de evitar que sejam comprometidas
por conta de trabalhos repetitivos ou em situações de esforço desnecessário.
Segundo Corrêa (2014, p. 11), é preciso conhecer minunciosamente os princípios

47
básicos do corpo humano e como o ele se movimenta no espaço criando movimentos
harmônicos, o que:

[...] significa compreender e realizar a sequência correta de transferências de


velocidade entre os diversos segmentos corporais para uma habilidade
básica (por exemplo, arremessar) com um gasto menor de energia mecânica,
utilizando uma postura específica que estabeleça o equilíbrio corporal e leve
a um número menor de lesões.

Ao compreendermos que as estruturas corporais locomotoras estão unidas


pelo tórax e que os membros inferiores representam a estrutura de sustentação de
todo o corpo humano, que mantém o seu apoio total sobre os pés, surgem
questionamentos acerca das possíveis influências que os movimentos locomotores
podem ter sobre a postura corporal, seja de maneira protetiva ou como um risco à
saúde postural.

4.5 A estrutura locomotora como reguladora do movimento e da postura


corporal

A postura pode ser entendida como um arranjo complexo de várias partes


diferentes do corpo humano, envolvendo tanto posições estáticas quanto posições
dinâmicas e exercendo a função de manter o corpo dentro de uma situação de
equilíbrio nas suas bases de apoio. Para manter a postura e, consequentemente, o
equilíbrio postural, é importante que o indivíduo seja capaz de adaptar suas respostas
motoras à tarefa, ao ambiente e ao peso do próprio corpo (CARRASCO, 2010).
Os pés são as bases principais do corpo humano e, por isso, são compostos
por muitos receptores sensoriais que informam o sistema nervoso central sobre o peso
e a pressão da superfície de apoio, parecendo haver uma relação entre os ajustes
posturais realizados pelos pés e a postura homeostática (CARRASCO, 2010).
É importante lembrar que, além do pé, outra estrutura importante é a do
tornozelo, articulação sinovial que permite os mais diversos movimentos
proprioceptivos necessários para evitar lesões, como as entorses de tornozelo,
ajudando a manter a postura corporal ereta. Além da própria articulação, outras
estruturas relacionadas são de suma importância, tais como os ligamentos e os
músculos tibiais anteriores (DUTRA et al., 2018). Por mais que os ligamentos do
tornozelo sejam resistentes, eles apresentam uma característica pouco elástica, o que

48
faz com que movimentos bruscos de inversão e eversão do pé causem uma ruptura
dessas estruturas (Figura 4).

Todas essas estruturas são parcialmente responsáveis por um fenômeno


crucial para nosso equilíbrio e nossa postura: a propriocepção. A propriocepção
ocorre em um âmbito involuntário, graças aos mecanismos mecanorreceptores
presentes em articulações, ligamentos, músculos, pele e tendões, que enviam uma
mensagem ao sistema nervoso central com o intuito de ajustar a musculatura para
manter o equilíbrio corporal.
Dentre essas estruturas, podem ser citados os fusos musculares, que são
mecanismos sensoriais proprioceptivos compostos por pequenas fibras que
identificam mudanças de comprimento muscular que indicam movimentos. Também
existem os órgãos tendinosos de Golgi, estruturas presentes nos tendões
musculares e que percebem mudanças de comprimento nas fibras musculares,
adequando o corpo a cada tipo de movimento (ANDRADE FILHO; PEREIRA, 2015).

49
Outra característica importante da manutenção da postura é o centro de
gravidade corporal, que é totalmente independente da velocidade do indivíduo pelo
espaço. Quando acontece um movimento corporal, principalmente envolvendo o
tronco, ele pode deslocar o centro de gravidade do corpo, devendo acontecer uma
adequação de toda sua musculatura, bem como a transmissão de informações
sensoriais, para manter o equilíbrio.
Alguns fatores podem influenciar a manutenção da postura corporal, como o
levantamento e/ou transporte de cargas, que aplicam um peso externo ao organismo,
e até mesmo o uso de certos calçados (com salto alto, numeração inadequada,
deformidades na sola, solado escorregadio), fazendo com que as estruturas
proprioceptivas sejam acionadas a fim de manter o centro de gravidade. A esse
respeito, o salto alto, utilizado amplamente pelas mulheres, implica em uma mudança
não somente na posição do pé, tornozelo, joelho, quadril e coluna, mas também em
uma pressão na planta do pé diferente daquela sentida contra o solo, já que a maior
parte do peso corporal fica apoiada nos dedos do pé, causando alterações de marcha
e de equilíbrio e até mesmo o risco de quedas (SANTOS, 2006).
Quanto a cargas externas, pesos, caixas, bolsas e mochilas podem provocar
assimetrias posturais, causando adaptações físico-morfológicas e até mesmo
deformidades crônicas. Além disto, o padrão de marcha é afetado quando um peso é
agregado ao corpo, o que, aliado a cargas excessivas e longo tempo de exposição,
pode causar mudanças incorrigíveis nas habilidades funcionais e na qualidade de vida
(CARRASCO, 2010).
Assim, é possível observar que as variáveis do aparelho locomotor, composto
de muitos fatores internos e externos, possuem relações com a manutenção da
postura corporal. Fatores de sobrecarga como muitas horas na mesma posição,
transporte de cargas, bolsas e mochilas de maneira inadequada, além de calçados
que não possuem características ergonômicas recomendadas podem causar
distúrbios na postura corporal ideal. Dessa maneira, a prática laboral deve estar em
sintonia e alinhada com valores, técnicas e conceitos da ergonomia, criando
mecanismos que visem a manutenção não somente da saúde musculoesquelética,
mas também do bem-estar do trabalhador.

50
5 ANATOMIA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIA

5.1 O sistema cardiovascular

O aparelho cardiovascular é constituído fundamentalmente pelas seguintes


estruturas morfológicas e funcionais:
1. coração;
2. artérias;
3. veias;
4. sistema linfático;
5. sangue.

O estudo do sistema cardiovascular permite entender como se conduz o fluxo


sanguíneo pelo corpo humano, para propiciar o transporte de oxigênio (O2) e
nutrientes, a remoção dos resíduos metabólicos e do dióxido de carbono (CO2), o
transporte de produtos de excreção e hormônios, a defesa do organismo, a
coagulação e a regulação da temperatura corporal (SAGAH, 2017).
O sistema cardiovascular é, na forma mais simples, um sistema que consiste
em uma ampla rede de propulsão hidráulica, tubos e conexões e sistema de fluidos
interligados e dependentes entre si. O sistema é um circuito fechado que é elástico,
permitindo assim o movimento e o estresse sem danificá-lo.
A bomba nesse sistema, ou o coração, simplesmente permite que o sangue
flua para dentro da estrutura. Portanto, a função do coração é agir como uma bomba
propulsora.
Como consequência do preenchimento passivo do coração, a rede de artérias,
veias e capilares, distribuídos por todo o corpo, regulam a taxa de circulação do
sangue. Enquanto esse fluxo para o coração é constante, o bombeamento do sangue
é intermitente. O sangue fornece oxigênio e nutrientes para todas as células e remove
o dióxido de carbono e os resíduos produzidos por essas células. O sangue oxigenado
é transportado por artérias, veias e capilares, sendo devolvido ao coração por meio
de vênulas e veias — circulação.
Entre estas, precisamos reconhecer as estruturas que compõem o principal
órgão do sistema cardiovascular — o coração. A massa cardíaca é formada

51
internamente por tecidos fibrosos e dispõe de cavidades ou câmaras, sendo dois átrios
aspiradores e dois ventrículos propulsores. Veja a Figura 1.
O coração consegue ejetar o fluxo sanguíneo para as artérias pulmonar e
artéria aorta, oxigenando as células dos órgãos e tecidos de todo o corpo humano.
Por meio do refluxo dos vasos sanguíneos, retorna ao coração, pela aurícula
direita, completando o ciclo cardíaco.
Normalmente, está posicionado no lado esquerdo da caixa torácica, com uma
leve inclinação à direita e para baixo. O coração é um músculo do tamanho de um
punho e tem aproximadamente a forma de um cone. Tem cerca de 12 cm de
comprimento, 9 cm no ponto mais largo e cerca de 6 cm de espessura (TORTORA E
DERRICKSON, 2017).

No músculo cardíaco, o tecido apresenta células específicas, os miócitos


estriados. As células são envoltas por membranas celulares, que permitem a
passagem das moléculas do local de maior concentração para o local de menor
concentração, até atingir o equilíbrio — esse processo é denominado difusão.

52
Isso possibilita uma comunicação gerada por impulsos nervosos elétricos. O
movimento de contração é vigoroso, rítmico e involuntário, controlado pelo sistema
nervoso autônomo (SNA) (SAGAH, 2017).
O tecido cardíaco é constituído por músculo estriado e consiste em feixes
entrelaçados de células, imersas em tecido conjuntivo altamente vascularizado, para
protegê-lo de abalos e atritos.
 Epicárdio: é a membrana que reveste e protege o coração. Ele restringe o
coração à sua posição no mediastino, embora permita suficiente liberdade de
movimentação para contrações vigorosas e rápidas. O pericárdio consiste em
duas partes principais: pericárdio fibroso (camada externa) e pericárdio seroso
(subcamada interna) — sustenta o coração e limita sua expansão na diástole
ventricular, impedindo alteração do volume sanguíneo.
 Miocárdio: a célula do miocárdio, chamada de miócito, apresenta membrana
plasmática (sarcolema), um núcleo central e várias fibras musculares
(miofibrilas), as quais deslizam umas sobre as outras e se conectam por meio
de discos intercalares. A unidade contrátil da célula cardíaca é chamada de
sarcômero. Tem alto poder contrátil para promover a circulação sanguínea.
 Endocárdio: camada de epitélio escamoso que envolve as paredes internas
do miocárdio, reveste também as estruturas internas dos grandes vasos
sanguíneos.

Quanto ao seu funcionamento, o coração atua como esse propulsor capaz de


se contrair (e nesse momento ocorre o esvaziamento dos ventrículos) e de relaxar
(nesse momento os ventrículos recebem sangue dos átrios). Essa ação de
bombeamento do sangue por contração (sístole) e relaxamento (diástole) é decorrente
de estímulos nervosos elétricos.
A partir desse estímulo, são promovidas trocas de íons entre o meio intracelular
e extracelular, o que possibilita a geração de uma força responsável por essa atividade
mecânica sincronizada, promovendo a circulação do fluxo sanguíneo (MOORE;
DALLEY; AGUR, 2014).
No miocárdio, encontram-se as valvas atrioventriculares. Elas são
fundamentais para compreensão do funcionamento do coração, porque impedem a
comunicação entre o sangue venoso do sangue arterial.

53
 A valva tricúspide localiza-se entre o átrio direito e o ventrículo direito.
 A valva mitral fixa-se entre o átrio esquerdo e o ventrículo esquerdo.
 As valvas semilunares posicionam-se localizadas nas saídas dos ventrículos.
 A valva pulmonar encontra-se entre o ventrículo direito e a artéria pulmonar.
 A valva aórtica localiza-se entre o ventrículo esquerdo e artéria aorta.

No endocárdio, estão as estruturas em forma de cavidades, denominadas: átrio


direito, ventrículo direito, átrio esquerdo e ventrículo esquerdo.
As duas câmaras superiores são conhecidas como os átrios esquerdo e direito
(singular: átrio). Os átrios recebem sangue de diferentes fontes. O átrio esquerdo
recebe sangue dos pulmões e o átrio direito recebe sangue do resto do corpo.
As duas câmaras inferiores são conhecidas como os ventrículos esquerdo e
direito. Os ventrículos bombeiam sangue para diferentes partes do corpo. O ventrículo
direito bombeia sangue para os pulmões, enquanto o ventrículo esquerdo bombeia
sangue para o resto do corpo. Os ventrículos têm paredes muito mais espessas do
que os átrios, o que lhes permite realizar mais trabalho bombeando sangue para todo
o corpo.
Nesse processo, podemos verificar que o sistema cardiovascular atua, por meio
dos vasos e capilares pulmonares, para possibilitar a troca de oxigênio, gás carbônico
e nutrientes nos tecidos periféricos e nos pulmões (GUYTON; HALL, 2006).

5.1.1 Circulação

Ocorre da seguinte forma: (1) circulação sistêmica ou “grande circulação” que


distribui sangue aos órgãos e tecidos, atendendo às necessidades metabólicas; e (2)
circulação pulmonar de baixa pressão ou “pequena circulação”, em que acontecem as
trocas gasosas pelo processo de absorção de oxigênio, expelindo logo após o dióxido
de carbono. Veja a Figura 2 a seguir.

54
Na circulação sistêmica, o sangue oxigenado disponível no ventrículo esquerdo
é conduzido aos órgãos e tecidos corporais. Nesse processo, as trocas de nutrientes
são disponibilizadas e o sangue saturado de dióxido de carbono retorna ao coração
pelo átrio direito.
Em seguida, o sangue que retorna ao coração recuperou oxigênio dos pulmões.
Então, é conduzido para os tecidos corporais.
A aorta é uma grande artéria que deixa o coração carregando esse sangue
oxigenado. Ramos da aorta enviam sangue para os músculos do próprio coração.
À medida que as ramificações ficam cada vez menores, se afastam da aorta.
Em cada parte do corpo, uma rede de minúsculos vasos sanguíneos chamados
capilares conectam-se aos pequenos ramos da artéria e a veios muito pequenos.
Os capilares têm paredes muito finas e, por meio deles, os nutrientes e o
oxigênio são entregues às células. Os resíduos são trazidos para os capilares. Os
capilares então levam a pequenas veias (CASTRO, 2017).
Pequenas veias levam a veias cada vez maiores, à medida que o sangue se
aproxima do coração. As válvulas nas veias mantêm o sangue fluindo na direção
correta.

55
Duas grandes veias que levam ao coração são a veia cava superior e a veia
cava inferior, localizadas acima e abaixo do coração. Uma vez que o sangue esteja
de volta ao coração, ele precisa recomeçar a circulação pulmonar e voltar aos pulmões
para liberar o dióxido de carbono e captar mais oxigênio.
Na circulação pulmonar, a artéria pulmonar conduz o sangue do coração para
os pulmões. Nos pulmões, o sangue capta oxigênio e libera dióxido de carbono. O
sangue então retorna ao coração pelas veias pulmonares.
O sangue não oxigenado lançado no ventrículo direito é lançado para os
pulmões, onde ocorre a hematose, novamente oxigenando o volume sanguíneo.
Desse modo, o sangue retorna ao coração pelo átrio esquerdo através da veia
pulmonar. Assim, os átrios desempenham a função de reservatórios do volume
sanguíneo. (CASTRO, 2017).

5.1.2 Vasos sanguíneos

Os vasos sanguíneos transportam o sangue venoso em direção ao coração.


Sangue venoso é aquele saturado de dióxido de carbono, que proporcionará as trocas
gasosas realizadas no processo de circulação pulmonar, disponibilizando o sangue
oxigenado a ser conduzido pelas artérias.
Os vasos sanguíneos são compostos por três camadas estruturantes, descritas
a seguir.
 Endotélio (túnica íntima): reveste internamente os vasos e regula absorção
de determinadas moléculas e partículas relacionadas às inflamações locais,
coagulação sanguínea e agregação de plaquetas.
 Túnica média: camada intermediária composta de fibras musculares lisas e
colágenas e de tecido conjuntivo elástico.
 Adventícia (túnica externa): constitui as maiores artérias formadas por tecido
conjuntivo e apresenta filetes nervosos e vasculares para irrigação das artérias.

Apesar da estrutura comum aos vasos sanguíneos, podemos apontar algumas


distinções estruturais entre os vasos sanguíneos.
As principais artérias corporais são:
 Aorta ascendente;
 Aorta abdominal;
56
 Artéria subclávia;
 Artéria axilar;
 Artéria braquial;
 Artéria radial;
 Artéria ilíaca comum;
 Artéria femoral; e
 Artéria poplítea.

As artérias são formadas por fibras musculares, têm calibre maior e paredes
mais espessas e elásticas do que as veias. Essa característica suporta maior pressão
(velocidade de condução do sangue arterial em direção aos tecidos e órgãos)
(CASTRO, 2017).
As artérias têm as três camadas anteriormente descritas, que nem sempre são
encontradas nas veias e nos capilares.
As artérias transportam o sangue oxigenado do coração para os tecidos e
órgãos internos, com exceção da artéria pulmonar, que conduz o sangue venoso para
os pulmões. São compostas por paredes espessas que permitem a contração e o
relaxamento para regular o fluxo sanguíneo.
Sua estrutura é formada de tecido conjuntivo, fibras elásticas e colágeno. O
volume total de sangue para um indivíduo do sexo masculino, de estatura e peso
mediano, é de, aproximadamente, 4.680 ml.
As artérias têm mais elastina e uma camada muscular não responsiva. Assim,
regulam fluxo e distribuição sanguínea pelos órgãos e segmentos corporais
(CASTRO, 2017).
A nutrição orgânica das artérias ocorre por meio da túnica externa — originada
do próprio vaso, geralmente na inervação; as artérias menores têm poucas fibras
elásticas e regulam o fluxo variando seu grau de contração, pulsam e mantêm o
sangue circulando ativamente por vasoespasmo, como uma espécie de circulação
própria.
As paredes venosas são constituídas pelas mesmas três camadas das artérias.
Eles funcionam para transportar o sangue desoxigenado do corpo de volta para o
coração. As três camadas venosas são mais finas e menos elásticas do que as
paredes arteriais, pois as veias não são expostas à mesma quantidade de pressão.

57
As veias se dividem da seguinte maneira:
 Veias profundas: encontradas nos músculos ou ao longo dos ossos. A
camada íntima de uma veia profunda, geralmente, tem uma válvula
unidirecional para impedir que o sangue flua para trás. Músculos próximos
também ajudam na compressão da veia profunda para manter o sangue se
movendo para a frente.
 Veias superficiais: estão localizadas na camada gordurosa sob a pele. A
camada íntima de uma veia superficial também pode ter uma válvula
unidirecional. No entanto, sem um músculo próximo para compressão, eles
tendem a mover o sangue mais lentamente do que as veias profundas.
 Vasos comunicante: o sangue das veias superficiais é frequentemente
direcionado para as veias profundas por meio de veias curtas chamadas veias
conectadas. Válvulas nessas veias permitem que o sangue flua das veias
superficiais para as veias profundas, mas não o contrário.

Os capilares sanguíneos são os vasos de menor calibre, formados por uma


única camada celular. São estruturas de condução do fluxo sanguíneo especializadas
na irrigação dos tecidos nos órgãos. Estão presentes entre as arteríolas e vênulas,
têm calibre reduzido e são compostos por camada íntima, membrana basal, células
endoteliais e tecido conjuntivo. São responsáveis principalmente pelo fluxo
aumentado necessário ao controle local.
Os capilares são vitais no processo de troca de nutrientes, resíduos e gases
entre o sangue e os tecidos do corpo. Os capilares também formam um elo importante
no sistema cardiovascular, conectando as artérias e arteríolas, que liberam sangue do
coração, para as vênulas e veias que retornam o sangue para o coração (CASTRO,
2017).
As arteríolas são pequenos ramos de artérias que fornecem sangue oxigenado
do coração para os capilares. Enquanto as arteríolas têm várias camadas de tecido
distintas e paredes fortes para suportar a pressão sanguínea, os capilares são feitos
de apenas uma camada de endotélio.
Os pré-capilares feitos de músculo liso envolvem os capilares em suas
extremidades da arteríola para controlar o fluxo de sangue em cada capilar individual
e regular a distribuição de oxigênio e nutrientes dentro do corpo.

58
Os vasos linfáticos funcionam com válvulas, sem propulsão própria, e
conduzem para as veias, pelos ductos, as células linfoides responsáveis pela “defesa”
do organismo — os linfonodos —, que produzem os linfócitos (anticorpos), auxiliando
na drenagem de moléculas e partículas, com função de resposta imunológica aos
processos patológicos (doenças). Veja a Figura 3 a seguir.

5.1.3 O sangue

O sangue é um tecido conjuntivo. Como todos os tecidos conjuntivos, é


composto de elementos celulares e uma matriz extracelular. Os elementos celulares
incluem glóbulos vermelhos e glóbulos brancos, além de fragmentos celulares,
chamados plaquetas (CASTRO, 2017).
A matriz extracelular é chamada plasma, que torna o sangue fluido, com
característica única entre os tecidos conjuntivos. Esse fluido é formado principalmente
por água, permitindo que circule por todo o corpo dentro do sistema cardiovascular.

59
A principal função do sangue é fornecer oxigênio e nutrientes e remover os
resíduos das células do corpo. As funções específicas do sangue também incluem
defesa, distribuição de calor e manutenção da homeostase (equilíbrio orgânico).
Os nutrientes dos alimentos ingeridos são absorvidos no trato digestivo. A
maioria deles viaja diretamente na corrente sanguínea até o fígado, no qual eles são
processados e liberados de volta à corrente sanguínea para serem entregues às
células do corpo.
O oxigênio aspirado se difunde no sangue, que se move dos pulmões para o
coração, que então o bombeia para o resto do corpo. Além disso, as glândulas
endócrinas espalhadas pelo corpo liberam seus produtos, chamados hormônios, na
corrente sanguínea, que os transporta para células-alvo distantes. O sangue também
pega resíduos e subprodutos celulares e os transporta para vários órgãos para
remoção. Por exemplo, o sangue move dióxido de carbono para os pulmões para
exalação do corpo, e vários produtos residuais são transportados para os rins e fígado
para excreção do corpo na forma de urina ou bile.
O sangue auxilia na regulação da temperatura corporal e ajuda a manter o
equilíbrio químico do corpo.
Os exames laboratoriais mais comuns medem os níveis de lipídios ou glicose
no plasma, que são as substâncias presentes no sangue. Outros exames de sangue
verificam a composição do próprio sangue, incluindo as quantidades e os tipos de
elementos formados.
O sangue que acaba de absorver oxigênio nos pulmões é vermelho vivo, já o
sangue que liberou oxigênio nos tecidos é um vermelho mais escuro. Isso ocorre
porque a hemoglobina é um pigmento que muda de cor, dependendo do grau de
saturação de oxigênio (CASTRO, 2017).
O sangue é viscoso e um pouco pegajoso ao toque. Tem uma viscosidade
aproximadamente cinco vezes maior que a água. A viscosidade é uma medida da
espessura de um fluido ou resistência ao fluxo e é influenciada pela presença de
proteínas plasmáticas e elementos formados no sangue. A viscosidade do sangue tem
um impacto na pressão sanguínea e no fluxo.
A temperatura normal do sangue é ligeiramente superior à temperatura corporal
normal — cerca de 38°C (ou 100,4°F), em comparação com 37°C (ou 98,6°F) para
uma leitura da temperatura corporal interna, embora variações diárias de 0,5°C sejam

60
normais. Embora a superfície dos vasos sanguíneos seja relativamente lisa, à medida
que o sangue flui através deles, ela sofre algum atrito e alguma resistência,
especialmente à medida que os vasos envelhecem e perdem sua elasticidade,
produzindo calor. Isso explica sua temperatura ligeiramente mais alta.
O pH das médias sanguíneas é de cerca de 7,4, no entanto, pode variar de
7,35 a 7,45 em uma pessoa saudável. O sangue é, portanto, um pouco mais básico
(alcalino) em escala química do que a água pura, que tem um pH de 7,0.
O sangue constitui aproximadamente 8% do peso corporal do adulto. Os
homens adultos geralmente têm em média entre 5 e 6 litros de sangue. As mulheres
têm em média 4 a 5 litros.

Após identificarmos as particularidades da estrutura (anatomia) e o


funcionamento (fisiologia) do sistema cardiovascular, que têm como função o
transporte de substâncias para todo o corpo, dentre elas o oxigênio, destacamos a
função no sistema respiratório para captar, transportar e utilizar o oxigênio pelo
mecanismo de respiração (CASTRO, 2017).
61
5.2 O sistema respiratório

A respiração é o processo de absorção de oxigênio pelo organismo


transportado até os pulmões, por meio de estruturas que permitem também eliminar
o gás carbônico presente no sangue venoso. Assim, torna-se importante conhecer o
aparelho respiratório humano.
O sistema respiratório é constituído pelas seguintes estruturas:
 Cavidade nasal;
 Faringe;
 Laringe;
 Traqueia;
 Brônquios;
 Pulmões.

O sistema respiratório funciona como um instrumento de captação, por meio de


uma estrutura altamente especializada para que o oxigênio inspirado chegue aos
alvéolos pulmonares e, logo após, entre na corrente sanguínea para os órgãos e
tecidos (CASTRO, 2017).
A função do sistema respiratório humano é o transporte do oxigênio do ar
atmosférico para a corrente sanguínea e, pelo processo inverso, a eliminação do
dióxido de carbono da corrente sanguínea para o ar atmosférico.
A respiração ainda pode ser dividida em duas etapas, sendo a respiração
externa o processo de trocas gasosas entre o ar pulmonar e o sangue, pelas quais o
dióxido de carbono é substituído por oxigênio, em nível celular. Já a respiração interna
é o processo que nutre os tecidos do corpo pelo sangue oxigenado.
As fossas nasais ou cavidades nasais se comunicam com o exterior por meio
das narinas. Na estrutura interna, apresentam células ciliadas e secretoras de muco
nasal, responsáveis pela “filtragem” do ar aspirado, pelo aquecimento do ar por meio
dos capilares sanguíneos e pela umidificação do ar, por meio das glândulas da
mucosa.
A faringe é uma estrutura comum aos sistemas respiratório e digestivo,
permitindo passagem do bolo alimentar para o sistema digestivo e do ar para o
sistema respiratório.

62
A faringe tem comunicação com a laringe, sendo o canal comum para a
deglutição e respiração, e as vias de alimento e ar se cruzam na faringe.
A laringe situa-se entre a faringe e traqueia, onde se localizam as cordas vocais.
Contém a epiglote que impede a entrada do bolo alimentar nas vias respiratórias. A
laringe está localizada na porção anterior do pescoço, logo abaixo do osso hioide e
superior à traqueia (CASTRO, 2017).
A traqueia é um canal revestido por células ciliadas e células secretoras de
muco que ajudam a remover as partículas impuras do ar inspirado. A traqueia é um
tubo de 5 polegadas de comprimento feito de anéis de cartilagem hialinos em forma
de C revestidos com epitélio colunar ciliado pseudoestratificado.
A traqueia conecta a laringe aos brônquios e permite que o ar passe por meio
do pescoço até o tórax. Os anéis de cartilagem que compõem a traqueia permitem
que ela permaneça aberta ao ar em todos os momentos.
A extremidade aberta dos anéis da cartilagem fica voltada posteriormente para
o esôfago, permitindo que o esôfago se expanda no espaço ocupado pela traqueia
para acomodar massas de alimentos que se movem pelo esôfago.
A principal função da traqueia é fornecer uma via aérea clara para o ar entrar e
sair dos pulmões. Além disso, o epitélio que reveste a traqueia produz muco que retém
poeira e outros contaminantes e impede que ela alcance os pulmões. Cílios na
superfície das células epiteliais movem o muco superiormente em direção à faringe,
onde ele pode ser ingerido e digerido no trato gastrointestinal.
Os brônquios resultam da bifurcação da traqueia e apresentam ramificação em
canais mais finos (bronquíolos). Ambos têm revestimento interno semelhante aos da
traqueia e têm numerosos cílios que se movimentam para expelir as bactérias e outras
partículas inspiradas.
Os pulmões são os principais órgãos do sistema respiratório. Estão situados na
cavidade torácica, abrigados pelos ossos das costelas, do esterno e da coluna
vertebral. São envolvidos pela membrana pleural cuja função é lubrificar e favorecer
os movimentos pulmonares durante a respiração.
Nos alvéolos pulmonares ocorrem as trocas gasosas, integrando-se os
sistemas circulatórios ao respiratórios. São órgãos formados por uma camada de
espessura sensível (GUYTON; HALL, 2006).

63
5.2.1 O mecanismo de ventilação

A respiração mecânica ocorre pela contração do diafragma (músculo auxiliar


do processo de respiração) durante a inspiração, assim, com auxílio da ação dos
músculos intercostais e do movimento de expansão da caixa torácica, os pulmões
aumentam o seu volume, a pressão diminui e o ar entra no interior dos pulmões
(inspiração) (Figura 4).

Ato contínuo, em um mecanismo inverso o ar sai do interior dos pulmões,


quando ocorre o relaxamento do diafragma com auxílio dos músculos intercostais, a
caixa torácica, os pulmões diminuem de volume e a pressão aumenta (expiração).
Assim, o ciclo respiratório pode ser considerado o resultado entre o mecanismo
de inspiração seguido pelo mecanismo de expiração, complementarmente. O número
de ciclos respiratórios por unidade de tempo pode ser alterado por meio do exercício
físico sistemático (MOORE; DALLEY; AGUR, 2014).
Algumas doenças afetam o sistema respiratório pela poluição atmosférica,
dentre elas, asma caracterizada pelo estreitamento dos brônquios, provocando
64
dificuldades ao ciclo respiratório. A pneumonia, infecção dos alvéolos pulmonares,
provocada por vírus, bactérias e fungos, aumentando a produção de secreção de
muco que se acumula nos alvéolos e dificulta a hematose pulmonar.
Os hábitos também podem causar danos ao sistema respiratório, como o uso
de cigarro, provocando câncer do pulmão, resulta da formação de células anormais
no sistema. Cerca de 90% do câncer de pulmão e 80% do câncer de laringe e esôfago
são causados pelo consumo do tabaco.
As principais atitudes preventivas da saúde do sistema respiratório são ações
que priorizam a prática de exercício físico ao ar livre, não fumar, evitar a poluição
atmosférica e privilegiar as zonas arborizadas (CASTRO, 2017).

Agora que conhecemos as características dos sistemas cardiovascular e


respiratório, o resultado da função integrada entre os sistemas consiste em recolher o
oxigênio da atmosfera e transportá-lo para os pulmões e circulatório, conduzindo esse
elemento dos pulmões aos tecidos corporais, é possível considerá-los como
processos complementares e dependentes, assim, o dióxido de carbono produzido
em nível celular realiza nos pulmões as trocas gasosas, proporcionando oxigenação
do sangue para nutrição dos tecidos corporais.
Podemos afirmar que existe uma relação direta entre a regulação
proporcionada pelo sistema cardiorrespiratório e a absorção do oxigênio, necessários
à considerados essenciais à vida humana.

65
5.2.2 Integrações do sistema cardiorrespiratório

As estruturas do sistema cardiovascular fornecem o oxigênio e os nutrientes


aos tecidos orgânicos e são dependentes das estruturas respiratórias de captação e
expulsão do ar pelo sistema respiratório.
O sistema circulatório e o sistema respiratório trabalham em conjunto para
garantir que os tecidos dos órgãos recebam oxigênio suficiente. O oxigênio é
necessário para funções celulares (CASTRO, 2017).
O ar respirado e mantido nos pulmões é transferido para o sangue. O sangue
é circulado pelo coração, que bombeia o sangue oxigenado dos pulmões para o corpo.
Além disso, os dois sistemas do corpo trabalham juntos para remover o dióxido de
carbono, que é um resíduo metabólico.
O coração tem dois ventrículos e dois átrios. O ventrículo direito e o átrio
recebem o sangue das veias. O sangue desoxigenado flui para o átrio direito do
coração. Quando o músculo cardíaco se relaxa, o sangue é liberado do átrio e para o
ventrículo direito. O ventrículo direito então empurra o sangue através da válvula
pulmonar para a artéria pulmonar, na qual o sangue é liberado para os pulmões para
a recuperação do oxigênio. O sangue é, então, devolvido para o lado esquerdo do
coração. Como no lado direito, o átrio esquerdo recebe o sangue e o envia para o
ventrículo quando o músculo cardíaco se relaxa. Finalmente, o sangue é empurrado
para a aorta e entregue ao resto do corpo.
As artérias são as principais fontes que fornecem sangue oxigenado para o
corpo e são dependentes dos pulmões para o oxigênio. O sangue começa na aorta e
viaja para as extremidades do corpo. A aorta se ramifica em arteríolas, que se
ramificam em vasos ainda menores chamados capilares. Esses capilares têm
membranas muito pequenas que permitem que o oxigênio se mova através delas e
para dentro das células.
É nos pulmões que o dióxido de carbono e o oxigênio são trocados. Os pulmões
são o órgão primário do sistema respiratório. O processo é chamado de troca gasosa.
Quando se inala o ar, os alvéolos nos pulmões se enchem de oxigênio.
O oxigênio é enviado para as células do sangue nos capilares que circundam
os alvéolos. Quando se exala o ar, o dióxido de carbono no sangue é enviado para os
alvéolos, sendo expelido do corpo. Nesse ponto, o sangue encontra-se cheio de
oxigênio e retorna ao coração.
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Os bronquíolos e alvéolos são as principais partes dos pulmões que fornecem
oxigênio ao sangue. Os bronquíolos são ramificações da traqueia que se estendem
pelos lóbulos dos pulmões no sistema respiratório.
Eles terminam em alvéolos, o local para troca de gases, que são pequenos
sacos cercados por capilares. Ao entender como o sistema cardiovascular funciona
com o sistema respiratório, a ligação com os pulmões são o principal local de interação
cardiovascular e respiratória (CASTRO, 2017).
Para o bom funcionamento da capacidade cardiorrespiratória, é necessário que
se estabeleça um estado de estabilidade ou equilíbrio em um sistema.
Nesse estado denominado homeostase, o organismo tenta manter um
ambiente interno constante. Manter um ambiente interno estável requer
monitoramento e ajustes constantes à medida que as condições mudam. Esse ajuste
dos sistemas fisiológicos dentro do corpo é chamado de regulação homeostática.
A homeostase requer mecanismos regulatórios cardiovasculares e
respiratórios altamente coordenados para garantir que a entrega de oxigênio a todas
as regiões do corpo seja suficiente para atender às demandas metabólicas de cada
região. Isto é especialmente importante no caso do coração e músculos esqueléticos,
cuja atividade metabólica pode variar muito.
Por exemplo, durante o exercício máximo em humanos, o fornecimento de
oxigênio ao exercício de músculos esqueléticos pode aumentar para níveis 20 a 50
vezes maiores do que os níveis de repouso. Isso é conseguido por uma combinação
de mecanismos locais, autonômicos e respiratórios.
A homeostase é mantida pelo sistema respiratório de duas maneiras: troca
gasosa e regulação do pH do sangue. A troca de gases é realizada pelos pulmões,
eliminando o dióxido de carbono, um produto residual liberado pela respiração celular.
O dióxido de carbono sai do corpo e o oxigênio necessário para a respiração celular
entra no corpo pelos pulmões.
O ATP (molécula de energia química), produzido pela respiração celular,
fornece energia para o corpo realizar várias funções, incluindo a condução nervosa e
a contração muscular.
A troca gasosa nos pulmões, proporcionada pela pequena circulação, é entre
o ar alveolar e o sangue nos capilares pulmonares. Essa troca é resultado do aumento

67
da concentração de oxigênio e da diminuição do dióxido de carbono. Esse processo
de troca é feito por meio da difusão.
Na respiração interna, a troca de gás entre o ar nos alvéolos e o sangue ocorre
dentro dos capilares pulmonares. Uma taxa normal de respiração é de 12 a 25
respirações por minuto. Na respiração externa, os gases se difundem em qualquer
direção por meio das paredes dos alvéolos. O oxigênio se difunde do ar para o sangue
e o dióxido de carbono se difunde de fora do sangue para o ar.
A maior parte do dióxido de carbono é transportada para o plasma nos íons de
bicarbonato (HCO3 -). Quando o sangue entra nos capilares pulmonares, os íons de
bicarbonato e íons de hidrogênio são convertidos em ácido carbônico (H2 CO3) e, em
seguida, novamente em dióxido de carbono (CO2) e água.
Essa reação química também usa íons de hidrogênio. A remoção desses íons
dá ao sangue um pH mais neutro, permitindo que a hemoglobina ligue mais oxigênio.
O sangue desoxigenado proveniente das artérias pulmonares geralmente tem uma
pressão parcial de oxigênio (pp) de 40 mmHg e CO2 pp de 45 mmHg (MACARDLE;
KATCH, F.; KATCH, L., 2016).
Enfim, o sangue traz oxigênio para as células do corpo e retira seu dióxido de
carbono. O sangue que viaja de volta ao coração e aos pulmões é vermelho escuro,
saturado de dióxido de carbono das células do corpo.
O dióxido de carbono no sangue é trocado por oxigênio nos alvéolos. O sangue
do coração flui através dos capilares e coleta oxigênio dos alvéolos. Ao mesmo tempo,
o dióxido de carbono passa dos capilares para os alvéolos.
Quando se expira, o organismo se livra desse dióxido de carbono. O sangue
vermelho vivo e rico em oxigênio é devolvido ao coração e bombeado para o corpo,
completando o ciclo.
A função respiratória e cardiovascular também é regulada de maneira
altamente coordenada em outras circunstâncias, como em associação com respostas
comportamentais que são críticas para a sobrevivência, por exemplo, fuga de um
predador ou perseguição de uma presa. Além disso, os desafios ambientais, como a
hipóxia ou o estresse térmico, também exigem respostas cardiovasculares e
respiratórias coordenadas para manter a homeostase.
Finalmente, tal regulação coordenada é também evidente mesmo sob
condições de repouso, por variações respiratórias relacionadas à frequência.

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A sobrevivência orgânica depende da regulação da entrega de oxigênio a todas
as regiões do corpo, de modo a corresponder às exigências metabólicas de cada
região. Isso, por sua vez, depende de uma estreita coordenação dos mecanismos
cardiovasculares e respiratórios centrais. Essa coordenação resulta de três
mecanismos gerais (CASTRO, 2017):
1. Reflexos que regulam simultaneamente a função cardiovascular e
respiratória em resposta a estímulos de receptores periféricos, como
quimiorreceptores, receptores nasofaríngeos ou receptores quentes.
2. Conexões centrais entre os neurônios que regulam a atividade respiratória e
aqueles que regulam a função cardiovascular.
3. Comando central, pelo qual os neurônios em níveis mais altos do cérebro
têm projeções colaterais para os neurônios cardiovasculares e respiratórios dentro do
tronco encefálico. Em muitos casos, dois ou mais desses mecanismos podem
contribuir para a coordenação da função cardiovascular e respiratória, juntamente com
mecanismos locais que também são necessários para garantir que o fluxo sanguíneo
para determinadas regiões, especialmente músculos esqueléticos e coração,
corresponda às demandas metabólicas daquelas regiões.
O resultado da integração fisiológica do sistema cardiorrespiratório é
evidenciado pelo aumentando da ventilação pulmonar mediante ganho metabólico,
por meio da oxigenação e na redução da frequência respiratória.

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O sistema cardiorrespiratório é responsável por: movimentar o sangue
oxigenado dos pulmões para o corpo, enquanto, ao mesmo tempo, movimenta o
sangue desoxigenado do corpo de volta para os pulmões pelo coração; distribuir os
principais nutrientes para as células ao redor do corpo na taxa necessária (isso ocorre
durante o exercício ou o descanso); remover resíduos metabólicos, como dióxido de
carbono, ácido láctico e ureia; regular o equilíbrio do pH no sangue para controlar
acidose ou alcalose; transportar hormônios e enzimas para regular funções
fisiológicas e psicológicas; manter o volume de fluido para evitar a desidratação;
manter a temperatura corporal, absorvendo e redistribuindo calor por meio do fluxo
sanguíneo para a pele; e promover as adaptações cardiorrespiratórias durante o
exercício (CASTRO, 2017).
A realização regular de exercícios cardiorrespiratórios aumentará a capacidade
geral de exercício e contribuirá para a prevenção de doenças cardiovasculares.
Há muitos benefícios a curto e longo prazos que vêm do exercício
cardiorrespiratório regular: capacidade cardiorrespiratória aumentada, demanda
diminuída de oxigênio miocárdico, aumento do débito cardíaco, ejeção ventricular
esquerda, menor frequência cardíaca em repouso, pressão sanguínea abaixada e
caminhos metabólicos melhorados.

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