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ATLETISMO
GUARULHOS – SP
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 4
2 ORIGEM DO ATLETISMO .................................................................................. 5
2.1 A evolução do atletismo .................................................................................. 7
2.2 Principais atletas do atletismo....................................................................... 11
3 ENSINO DO ATLETISMO: POSSIBILIDADES DE INICIAÇÃO ESPORTIVA E
COMPETITIVA EM AMBIENTE ESCOLAR E NÃO ESCOLAR ............................ 17
3.1 Ensino-aprendizagem do atletismo e aspectos didáticos ............................. 23
4 COMO DETECTAR E SELECIONAR TALENTOS ESPORTIVOS ................... 24
5 ESPECIALIZAÇÃO PRECOCE NO ATLETISMO ............................................. 29
6 AS DIFERENTES MODALIDADES QUE COMPÕEM O ESCOPO DO
ATLETISMO .......................................................................................................... 36
6.1 Provas de pista ............................................................................................. 37
6.2 Provas de campo .......................................................................................... 40
6.3 Provas combinadas ...................................................................................... 43
7 RELAÇÃO ENTRE A EXIGÊNCIA FÍSICA E OS GESTOS MOTORES DO
ATLETISMO E AS DIFERENTES MODALIDADES ESPORTIVAS ...................... 44
7.1 Lançamento do disco .................................................................................... 46
7.2 Lançamento do dardo ................................................................................... 47
7.3 Lançamento do martelo ................................................................................ 48
7.4 Arremesso do peso ....................................................................................... 49
7.5 Salto em distância......................................................................................... 49
7.6 Salto triplo ..................................................................................................... 50
7.7 Salto em altura .............................................................................................. 50
7.8 Salto com vara .............................................................................................. 51
7.9 Corridas ........................................................................................................ 52
7.10 Corridas de velocidade ................................................................................. 52
7.11 Corridas de resistência ................................................................................. 54
8 CORRIDAS RÚSTICAS OU PEDESTRIANISMO ............................................. 55
8.1 O ato de caminhar ........................................................................................ 56
8.2 Pedestrianismo ............................................................................................. 57
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9 AS PROVAS de atletismo com barreiras e com obstáculos ............................. 58
9.1 100 metros com barreiras ............................................................................. 59
9.2 110 metros com barreiras ............................................................................. 60
9.3 400 metros com barreiras ............................................................................. 60
9.4 3.000 metros com obstáculos ....................................................................... 61
10 PARTICULARIDADES DAS PROVAS COLETIVAS DE REVEZAMENTOS NO
ATLETISMO .......................................................................................................... 62
10.1 Revezamento 4 × 100 metros ....................................................................... 62
10.2 Revezamento 4 × 400 metros ....................................................................... 63
10.3 Passagem do bastão .................................................................................... 64
11 MARCHA ATLÉTICA ........................................................................................ 66
11.1 Técnica e regras ........................................................................................... 67
11.1.1 Prova 20 km .................................................................................................69
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1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
Bons estudos!
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2 ORIGEM DO ATLETISMO
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Apesar de os Jogos Olímpicos serem anteriores a essa data, a edição de 776
a.C. é a primeira a ter registro tanto das provas realizadas quanto dos vencedores.
Nessa edição, apenas uma modalidade foi disputada: a corrida de 192,27 m,
realizadas em raias de 1,25 m de largura, também conhecida como Drómos ou
Stádion, que foi a única prova a ser disputada até os jogos de 724 a.C.
Rojas (2017) aponta que as corridas se tornaram tão populares que novas
modalidades foram criadas para os Jogos Olímpicos da Antiguidade. O autor
destaca o surgimento do Diáulos, no ano de 724 a.C., que tinha o dobro da distância
do Drómos (384,50 m), sendo também conhecida como duplo estádio, pois
representava duas voltas completas na pista, e do Dólikhos, uma prova que exigia
maior resistência dos atletas, que variava entre 7 e 24 estádios, o que daria,
aproximadamente, 5 mil metros.
Ainda no aspecto das corridas, havia o Hoplitodromía, a corrida com
armamento e armadura de um soldado, na qual os atletas vestiam escudo, elmo e
caneleira para correr. Esse nome tem origem na principal patente do exército grego
da antiguidade, o hoplita. Outra corrida era o Lampadedromía, em que os atletas
corriam com uma tocha acesa na mão, que era revezada por atletas da mesma
equipe. Essa é a prova originária dos atuais revezamentos.
Dessa época ainda cabe destacar uma importante competição: o pentatlo,
que estreou nos jogos de 78 a.C. Rojas (2017) destaca que vem dessa época a
ideia de consagrar um atleta por seus resultados nas mais diferentes provas, que,
nesse caso, eram:
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corrida de estádio;
salto em distância com pesos;
lançamento de dardo;
lançamento de disco;
luta.
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A disseminação desse método foi um divisor de águas para a evolução do
atletismo. O resultado disso foi a realização das primeiras competições entre
universidades, com a participação das universidades de Oxford e Cambridge,
ocorrida em 1864 (SILVA, 2016). Essa é considerada a primeira grande competição
do atletismo moderno. Dois anos depois, ocorreu o primeiro encontro nacional para
a disputa de competições de atletismo em Londres. Da Inglaterra, o esporte seguiu
para toda a Europa e, em pouco tempo, também para a América. Na América, os
argentinos tiveram a primazia de praticar o atletismo em 1867. Um ano depois, nos
Estados Unidos, era disputado o primeiro campeonato nacional em pista coberta
(SILVA, 2016).
Rojas (2017) afirma que a grande mola propulsora da prática do atletismo
foram os Jogos Olímpicos da Era Moderna. Os Jogos começaram a ser idealizados
em 1894, quando, por meio de um congresso esportivo-cultural realizado em Paris,
na França, o barão Pierre de Coubertin propôs uma competição esportiva entre as
nações que fosse pacífica, aos moldes dos antigos jogos gregos. Com a criação do
Comitê Olímpico, ficou decidido que, em dois anos, seria realizada a primeira edição
dos Jogos em Atenas, na Grécia, como homenagem ao pioneirismo daquele país.
Assim como no período antigo, o atletismo era o esporte mais aguardado na
volta dos Jogos Olímpicos, em especial a tradicional prova da maratona, que foi
vencida pelo carregador de água grego Spidiron Louis. Além da maratona, essa
edição contou com as seguintes competições:
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Do salto triplo surgiu o primeiro campeão olímpico, o americano James
Connolly. O atletismo segue sendo uma das modalidades pioneiras presente até
hoje nas Olimpíadas.
No Brasil, Rojas (2017) aponta que as realizações das “corridas atléticas”
começaram a ocorrer no século XIX com a chegada dos imigrantes ingleses. Em
1880, o Jornal do Comércio já divulgava resultados das provas atléticas realizadas
no Rio de Janeiro.
No começo do século XX, o atletismo ganhava maior número de adeptos por
todo mundo. Para organizar as competições de atletismo, foi criada, em 1912, a
International Associations of Athletic Federation (IAAF, Associação Internacional de
Federações de Atletismo). No Brasil, a Confederação Brasileira de Desportos (CBD)
comandava todas as modalidades esportivas do país à época e se associou à IAAF
em 1914.
A primeira prova brasileira de expressão ocorreu em 1918 com um
duodecatlo (doze provas), promovido pelo jornal O Estado de São Paulo, seguido
de uma corrida de 24 km (BRASIL, 1984 apud ROJAS, 2017). Seis anos depois,
ocorreu a primeira participação oficial do atletismo brasileiro masculino em
Olimpíadas, em Paris, com oito atletas em provas masculinas (MATTHIESEN,
2017). Outras datas importantes para o atletismo brasileiro são a criação do Troféu
Brasil (1945); o bicampeonato olímpico de Adhemar Ferreira da Silva (1952 e 1956),
que se tornou o único brasileiro no hall da fama da IAAF; e a criação da
Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), em 1977.
Hoje as principais competições de atletismo são o Campeonato Mundial, que
ocorre a cada dois anos (anos anteriores e posteriores aos Jogos Olímpicos); o
Campeonato Paraolímpico; além das maratonas espalhadas pelo mundo, com
destaque para as de Nova York e Roma.
O atletismo é dividido nas seguintes competições (CONFEDERAÇÃO
BRASILEIRA DE ATLETISMO, 2019):
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Provas combinadas, como decatlo e heptatlo (que reúnem provas de
pista e de campo);
Pedestrianismo (corridas de rua, como a maratona);
Corridas em campo (cross country);
Corridas em montanha;
Marcha atlética.
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O sistema de aferição ainda permite que uma saída falsa de um atleta seja
detectada, o que, automaticamente, elimina esse atleta da prova. A tecnologia ainda
é utilizada para medir a distância exata em que o atleta lançou o dardo ou
arremessou o martelo.
Atletas internacionais
Paavo Nurmi
Jesse Owens
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americano contou com a ajuda do alemão Luz Long, que lhe deu um conselho, ainda
na fase qualificatória, que o ajudaria a passar de fase. Após o salto, Long foi até o
americano e o abraçou sob olhares de Hitler, o que foi considerado uma afronta.
Owens ainda quebrou um recorde por seis vezes dentro de uma hora e estabeleceu
o recorde mundial no salto em distância, que durou por 25 anos.
Emil Zátopek
Al Oerter
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Abebe Bikila
Sergey Bubka
Yuriy Sedykh
Marie-José Perec
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Carl Lewis
Nos jogos de Los Angeles, em 1984, Carl Lewis igualou a façanha de Jesse
Owens em Berlim, em 1936, ao conquistar quatro medalhas de ouro nos 100 e 200
m, revezamento 4 × 100 m e salto em distância. Em 1999 foi considerado pela IAAF
o atleta masculino do século XX e também foi considerado o esportista do século
pelo Comitê Olímpico Internacional. Lewis ganhou nove medalhas de ouro em
quatro Jogos Olímpicos e oito no Campeonato Mundial da IAAF.
Florence Griffith-Joyner
Nos Jogos de Seul, em 1988, ganhou três medalhas de ouro, nos 100 e 200
m rasos, no revezamento 4 × 100 m e ainda levou prata no 4 × 400 m. Seus recordes
dos 100 e 200 m permanecem até hoje. Também venceu o Mundial de Roma, em
1987. (SILVA, 2016).
Javier Sotomayor
Michael Johnson
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Yelena Isinbayeva
Usain Bolt
Atletas brasileiros
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João do Pulo
Também atleta do salto triplo, João Carlos de Oliveira, o João do Pulo, foi
tetracampeão pan-americano e foi por duas vezes medalhista de bronze em
Olímpiadas (1976 e 1980). Esta última é contestada até hoje, pois João teve dois
saltos invalidados pelos árbitros, que lhe dariam a medalha de ouro e o novo recorde
mundial.
Joaquim Cruz
Maurren Maggi
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Fabiana Murer
Fabiana se consagrou campeã mundial do salto com vara por duas vezes:
em 2010, em pista coberta, e em 2011, ao ar livre. Neste último, derrotou a grande
favorita Yelena Isinbaeva. Fabiana ainda é recordista brasileira e sul-americana e
campeã pan-americana nessa categoria (SILVA, 2016).
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Apesar de o atletismo ser considerado uma prática esportiva pioneira entre
os esportes e popular, por ser praticada por pessoas de diferentes classes sociais
e pela maioria de suas modalidades não exigir grandes investimentos em materiais
e equipamentos para a sua prática, nos ambientes escolares seu desenvolvimento
ainda não é muito efetivo. Outras práticas esportivas coletivas, como o futsal, o
voleibol, o handebol e o basquete, exigem bem mais investimentos e, mesmo assim,
na grande parte das escolas estão presentes, portanto, a justificativa de não
oferecer o atletismo devido à falta de estrutura e materiais acaba não sendo
convincente.
Essa afirmativa é reforçada por Oviedo e Peres (2014), que afirmam que os
processos metodológicos utilizados por grande parte dos profissionais de educação
física nos ambientes escolares colaboram para o afastamento dos alunos das
práticas nas aulas de educação física, em especial da modalidade de atletismo. O
atletismo tende a ser esquecido pelos professores, que justificam não existir espaço
próprio nem material adequado para essa prática no ambiente escolar.
Tanto nos ambientes escolares quanto em não escolares é importante que
os conteúdos sejam trabalhados de forma abrangente, englobando as dimensões
conceituais, procedimentais e atitudinais. Essas dimensões são conceituadas por
Barroso e Darido (2009) da seguinte forma:
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que trabalhem os diferentes aspectos motores e físicos das
modalidades.
Dimensão atitudinal: tem uma relação direta com o
“comportamento” dos participantes. Os aspectos atitudinais do jogo,
o esporte, o respeito às regras e ao adversário, o reconhecimento ao
adversário, entre outras atitudes que o esporte e o jogo trabalham
em seus praticantes.
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motores básicos de correr, saltar, lançar e arremessar e, em uma segunda fase, os
elementos da primeira fase são mantidos e tarefas que exigem uma maior
codificação dos gestos motores básicos são acrescentados. Com isso, é possível
aproximar progressivamente a criança e ao adolescente do atletismo formal.
Na iniciação à pratica do atletismo no ambiente escolar, sugere-se que o
aluno seja ouvido em relação aos seus interesses e conhecimentos sobre a
modalidade, atuando como o centro das ações da aprendizagem; suas opiniões e
interesses são consideradas na construção dos conteúdos e atividades propostos.
Colocando os alunos como protagonistas, o professor pode sugerir que eles
pesquisem sobre as diferentes formas de praticar a modalidade, dos primórdios até
a atualidade, e solicitar que apresentem propostas de práticas inovadoras no
ambiente escolar, de acordo com a estrutura, materiais e equipamentos disponíveis.
Outra possibilidade metodológica interessante é a de fazer com que os
alunos criem equipamentos e materiais similares aos utilizados nas diferentes
provas de atletismo para a realização de práticas das modalidades, como bastões
para corridas de revezamento; pesos para arremesso; discos; dardos; martelos,
entre outros. Essa estratégia estimula a criatividade da turma e, consequentemente,
pode aumentar o aspecto motivacional para a realização das práticas. Como,
geralmente, boa parte das turmas em idade escolar nem sempre tem habilidades
físicas e atléticas ideais para a prática esportiva, a realização de práticas com
materiais alternativos e mais fáceis de manusear, devido ao seu peso diminuído,
pode estimular as práticas e motivar a iniciação esportiva.
Seguindo o viés metodológico anterior, outra forma de trabalhar é utilizando
vídeos de práticas antigas da modalidade, que apresentem recriações de provas do
atletismo na Grécia Antiga, nos primeiros Jogos Olímpicos da humanidade. Após o
contato com esse material, o professor pode sugerir que os alunos reconstruam
uma competição, com as provas nos moldes e regras utilizados nos Jogos
Olímpicos da Antiguidade. Essa ação, além de estimular a criatividade dos alunos,
exige que eles pesquisem aspectos históricos e analisem, de forma crítica, a
evolução da modalidade até os dias atuais (SILVA, 2016).
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O atletismo, muitas vezes, é considerado uma prática solitária, pois, em
diferentes momentos, o atleta treina sozinho ou na presença de poucos atletas e
seu técnico. Mas, mesmo com essa característica, esse esporte pode desenvolver
em seus praticantes muitas atitudes diferenciadas, que podem ser levadas para o
resto da vida (dimensão atitudinal dos conteúdos). Uma delas, por exemplo, está na
necessidade de o atleta ter um bom autocontrole e um autoconhecimento muito
apurado para a sua prática, sabendo identificar os limites do corpo e superar
dificuldades, a dor e muitos outros problemas que podem ocorrer tanto nos
treinamentos quanto nas competições. Essas situações tornam as praticantes
pessoas mais “fortes”, preparadas para superar dificuldades comuns no nosso dia
a dia.
Ainda sobre o autoconhecimento, outro aspecto importante é o atleta
reconhecer suas potencialidades e limitações, para que saiba valorizar as vitórias,
respeitando os adversários, e compreender as derrotas, aceitando suas limitações
e a superioridade do adversário. Esses aspectos, quando bem trabalhados, evitam
frustrações, abandono precoce na modalidade e até os casos de doping.
De acordo com Fernandes (1979), o objetivo da educação física nas escolas
não visa, diretamente, à formação de atletas, mas, se for realizado um trabalho
sério, a escola pode ser considerada a árvore dos frutos a serem consumidos
futuramente, porque nela trabalha-se com a quantidade, da qual se origina a
qualidade, e é por isso que as escolas podem formar também os grandes campeões
de amanhã. Portanto, o atletismo pode ser inserido de diferentes formas como
conteúdo das aulas de educação física no ambiente escolar. Sua prática pode
contribuir tanto para a melhoria no repertório motor e físico de seus praticantes
quanto para a detecção de futuros talentos na modalidade.
A prática do atletismo não deve ser resumida somente aos ambientes
escolares, existem diversos espaços e possibilidades de iniciação esportiva na
modalidade fora do ambiente escolar. Nesses ambientes, é possível uma iniciação
esportiva mais focada no rendimento, possibilitando assim um aprimoramento das
habilidades motoras, físicas e técnicas da modalidade.
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Fora do ambiente escolar, é possível também identificar as principais
habilidades motoras e físicas dos praticantes de forma mais aprimorada e, a partir
de um diagnóstico prévio, encaminhar o aluno para uma modalidade que possa se
adequar às habilidades do aluno.
As atividades sistematizadas fora do ambiente escolar geralmente são
realizadas em ambientes públicos (projetos de iniciação esportiva), clubes,
associações, ONGs e em outras entidades onde são promovidas práticas esportivas
diversas. A iniciação esportiva nesses ambientes, além de proporcionar uma
melhoria nos aspectos físicos e motores gerais dos praticantes, possibilita a
formação de novos atletas para uma prática visando ao rendimento esportivo.
É muito importante, na iniciação esportiva, que a criança possa participar de
diferentes tipos de competições, por elas estimulam o treinamento da modalidade
e, aos poucos, vão preparando a criança para as pressões que um atleta
normalmente passa em seu meio. As competições podem iniciar de forma interna,
dentro do próprio local de treinamento, entre os praticantes da modalidade, e irem
evoluindo para competições municipais, regionais, estaduais até chegar no nível
nacional, para os praticantes que tiverem interesse na prática atlética profissional
(FERNANDES, 1979).
O profissional que trabalha na iniciação desportiva deve realizar um trabalho
visando à formação integral da criança, oportunizando o desenvolvimento motor,
físico, técnico, tático e psicológico para a modalidade. As provas do atletismo têm
características muito distintas, e o processo de preparação deve ser bastante
personalizado. Por exemplo, as capacidades físicas e habilidades de um atleta que
participa de competições de fundo, de longa duração, são bem diferentes de atletas
que participam de provas de velocidade ou de força, como os arremessos e
lançamentos.
Além da predisposição relacionada ao biótipo do praticante, as sessões de
treinamento devem levar em conta as principais valências físicas específicas e
importantes para cada prova, como força, resistência aeróbia, resistência
anaeróbia, potência, velocidade, flexibilidade, entre outras. O trabalho específico
visando à melhoria nas condições físicas e motoras específicas da modalidade
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potencializa o rendimento esportivo dos praticantes, facilitando a formação de novos
atletas e praticantes da modalidade.
Em suma, o atletismo é um esporte que pode ser desenvolvido tanto nos
ambientes escolares, como forma de iniciação do aluno nas diferentes modalidades,
quanto em ambientes não escolares, onde a prática já pode ser feita de forma mais
direcionada e voltada para o desempenho mais específico nas diferentes
modalidades.
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diferentes situações permitidas pelo brincar, favorecendo desenvolvimento integral
da criança (escolar).
De acordo com Moyles (2002), ao brincar, a criança desenvolve confiança
em si mesma e em suas capacidades, levando-a a desenvolver percepções sobre
as outras pessoas e a compreender as exigências bidirecionais de expectativa e
tolerância. O ato de brincar proporciona as crianças a oportunidade de explorar
conceitos como liberdade existentes implicitamente em muitas situações lúdicas
favorecendo o desenvolvimento de sua independência. O brincar oferece situações
em que as habilidades podem ser praticadas, tanto as físicas quanto as mentais, e
repetidas tantas vezes quanto for necessário para obter confiança e domínio, além
de permitir a exploração de seus potenciais e limitações.
Destaca-se ainda que a utilização do lúdico no processo de ensino-
aprendizagem do atletismo ganha dimensão em importância no contexto escolar
por possibilitar a participação de todos, independentemente do seu atual
desenvolvimento motor e também por se caracterizar como sendo uma atividade
prazerosa, que possibilita alegria e prazer na sua realização.
A busca por atletas talentosos é algo comum nos mais diversos países que
têm o esporte como prática formalizada e organizada. O êxito esportivo está muito
relacionado ao condicionamento físico, técnico, tático e psicológico dos atletas. A
possibilidade de identificação precoce de talentos esportivos auxilia, de forma
significativa, na organização e estruturação esportiva para o rendimento.
Quando se visa ao rendimento esportivo, a detecção e seleção de talentos
esportivos é imprescindível. Para que possamos debater esse assunto de forma
mais aprofundada, vamos primeiro definir o que é “talento esportivo”.
Para Weineck (1999), “talentoso” é aquele que, com disposição, prontidão
para o desempenho e possibilidades, apresenta um desempenho acima da média
comprovada para aquela faixa etária (desempenho comprovado por competições).
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Ou seja, aquele que tem um potencial, uma aptidão que potencializa o desempenho
esportivo, fazendo essa pessoa se sobressair à grande maioria dos praticantes na
modalidade.
Dantas et al. (2004) reforçam essa ideia quando afirmam que o indivíduo
talentoso deve somar um conjunto de capacidades genéticas e experiências
vivenciadas. O verdadeiro “campeão” nasce com uma carga genética diferenciada,
que o beneficia para a prática de esportes específicos, mas o desenvolvimento e o
ápice das potencialidades só ocorrem se houver condições favoráveis de
treinamento e desenvolvimento.
O processo de detecção e seleção de talentos está cada vez mais organizado
e baseado em estudos e critérios científicos. No passado, era muito comum a
detecção por “sorte” ou pela simples observação de profissionais da área, que
buscavam selecionar atletas no “olhômetro”. Atualmente, essas práticas já estão em
desuso; equipes organizadas se utilizam de um processo mais bem elaborado,
organizado e com critérios científicos para a detecção e seleção de atletas.
Existem estudos mais aprofundados relacionados ao mapeamento genético
de atletas, que buscam encontrar características comuns no código genético de
atletas de destaque, com o objetivo de detectar algumas diferenças entre a genética
dos atletas de alta performance e das pessoas “comuns”. Pessoas “comuns” e
atletas de elite têm absolutamente os mesmos genes. O que o genoma de atletas
pode apresentar de diferente, em comparação ao genoma das pessoas “comuns”,
são variantes no código dos genes específicos envolvidos na modulação dos
fenótipos de performance física. Os estudos apresentaram algumas evidências de
que atletas de alta performance podem ter algumas características específicas na
modulação dos fenótipos que podem interferir no desempenho diferenciado para
algumas provas específicas (por exemplo, maratonistas e velocistas).
Com a evolução dos estudos na área da genética, é muito provável que, em
pouco tempo, será possível detectar um atleta em potencial logo após os seus
primeiros anos de vida, por meio do mapeamento genético. Isso pode trazer
aspectos positivos, como a detecção e seleção de atletas com maior eficácia, e
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também negativos, como a iniciação muito precoce ao treinamento esportivo para
o rendimento.
O atletismo, diferentemente da maioria dos esportes, principalmente dos
coletivos, tem, na maioria de suas modalidades, ações cíclicas, movimentos
repetitivos e o número de gestos técnicos e táticos muito inferior à outras
modalidades esportivas. Dessa forma, a aptidão e performance física é
extremamente relevante para o desempenho superior. Quando comparamos com
outra modalidade, como, por exemplo, o futebol de campo, os aspectos técnicos e
a habilidade superior do atleta pode amenizar alguma deficiência de performance
física do atleta; nessa modalidade, a maioria das posições não exige um biótipo
ideal, fato que é diferenciado no atletismo. Para a modalidade de 100 m rasos, por
exemplo, se o atleta não tiver um biótipo com predominância de fibras musculares
de contração rápida e força explosiva diferenciada, nunca será um atleta de
destaque na modalidade.
No Brasil, infelizmente ainda existem poucos investimentos na estruturação
e organização de programas de formação de atletas nas mais diversas modalidades
esportivas, sendo o atletismo uma delas. O país tem a riqueza de ter entre sua
população uma mistura de raças, fato que não ocorre em muitos países asiáticos
ou africanos, por exemplo. Essa diversidade favorece a predisposição atlética para
todos os tipos de modalidades esportivas.
Segundo Bojikian et al. (2007), para que ocorra a formação de atletas de
forma organizada e adequada, o processo de treinamento a longo prazo (TLP)
deveria acompanhar os atletas desde a iniciação esportiva até o alto rendimento.
Esse fato é pouco observado no Brasil, principalmente na modalidade do atletismo.
Para a iniciação esportiva visando ao alto rendimento, é preciso proporcionar
uma boa preparação psicológica do atleta, pois é necessário muita disciplina e
dedicação para superar as dificuldades da árdua rotina de treinamento. No caso do
atletismo, também é necessária muita força de vontade e dedicação, por ser uma
modalidade individual, o que muitas vezes torna a prática mais monótona e
repetitiva.
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E uma visão geral, o processo de seleção de talentos esportivos resume-se
à escolha de alguém ou alguns entre vários sujeitos a partir de um critério de
qualidade superior. Deve-se elencar os principais aspectos que precisam ser
avaliados de acordo com os objetivos e necessidades para a atuação na
modalidade. Alguns indicadores de desenvolvimento e de desempenho esportivo,
baseados em parâmetros comparativos com atletas da mesma idade, sexo e nível
competitivo, podem ser importantes para uma seleção mais adequada de um talento
esportivo. Aspectos como informações psicológicas, dados antropométricos, do
somatótipo, da aptidão física e da habilidade motora são fundamentais em um
processo de seleção de atletas (MOYLES, 2002).
Assim, o processo de seleção de atletas fica cada vez mais criterioso e
baseado em características específicas que são fundamentais para o desportista. A
compreensão das exigências técnicas e morfológicas do esporte são essenciais
para a detecção de talentos nas categorias de base, possibilitando melhores
condições de seleção a fim de suprir as necessidades de atletas na categoria adulta,
ampliando as possibilidades de profissionalização desses atletas. Um protocolo
com testes físicos e motores que pode ser utilizado como referência para a seleção
de atletas é o PROESP–Br (Projeto Esporte Brasil). Trata-se de um sistema de
avaliação da aptidão física relacionada à saúde e ao desempenho esportivo de
crianças e adolescentes, que pode ser utilizado no âmbito da educação física
escolar e no esporte educacional.
São inúmeras as valências físicas e motoras consideradas importantes em
atletas do atletismo. Vejamos as mais importantes:
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Resistência: a resistência pode ser aeróbia (em provas de média a
longa duração) e anaeróbia (resistência à velocidade), como em
provas de 400 e 800 m de distância. O condicionamento
cardiorrespiratório é muito importante e considerado como uma base
da preparação física para muitos atletas. Exemplos de teste: teste de
Cooper (corrida de 12 minutos) e teste de Balke (corrida de 15
minutos).
Agilidade: a agilidade é uma habilidade bastante associada à
velocidade e muito importante em muitas provas de atletismo. Trata-
se da capacidade de locomoção de forma rápida e eficiente em
diferentes direções. Exemplo de teste: teste do quadrado (corrida em
um quadrado de 4 × 4 com cones em diferentes direções.
Flexibilidade: uma boa flexibilidade possibilita a execução de
exercícios diversos com grande amplitude articular, característica
que é muito importante nas mais diversas provas do atletismo.
Exemplo de teste: sentar e alcançar (Banco de Wells).
Habilidades motoras: coordenação motora geral, noção espacial e
temporal, lateralidade, entre outras, são habilidades imprescindíveis
nas diversas provas do atletismo. Exemplo de teste: teste KTK.
Força explosiva de membros inferiores: a força explosiva é uma
valência de muita importância, principalmente em provas que exigem
grande velocidade e nos saltos. Exemplo de teste: salto horizontal.
Força explosiva de membros superiores: nas provas de
lançamentos e arremessos, essa é uma valência física fundamental
para o sucesso esportivo. Exemplo de teste: arremesso de
medicineball.
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em consideração as especificidades de cada modalidade. Portanto, para uma
detecção criteriosa e eficiente de possíveis atletas, é necessário selecionar testes
que tenham validade, fidedignidade, objetividade e normas, para que possam ter
resultados confiáveis e diversificados para as diferentes modalidades.
Ao selecionar algum teste, é importante que o profissional, primeiramente,
tenha conhecimento aprofundado do teste, seus objetivos, características,
aplicação. O profissional também deve analisar se o teste se aproxima das
atividades que são desenvolvidas na modalidade ou se exige valências físicas
similares. Os critérios para avaliar um teste, segundo seu valor científico, são:
fidedignidade, objetividade, validade e normas (MATHEWS, 1980).
A quantidade de testes físicos e motores que podem ser utilizados é bastante
grande. Cabe ao profissional selecionar testes que realmente atendam às suas
necessidades e que estejam de acordo com as características que se esperam de
atletas para a modalidade. Outro aspecto importante na seleção dos testes é a
disponibilidade de tempo, local e materiais, assim, o avaliador deve verificar os tipos
de teste que são adequados para a sua realidade.
Para que se tenha o êxito e o rendimento esportivo diferenciado, a detecção
e a seleção de atletas de maneira precoce são muito importantes, permitindo a
realização de um trabalho minucioso e de uma preparação completa do atleta, nos
aspectos motores, físicos, técnicos, táticos e psicológicos. O processo de iniciação
esportiva e o treinamento no atletismo deve ser realizado de forma muito bem
organizada e estruturada, respeitando as diferentes fases de desenvolvimento da
criança e sua maturação, evitando assim uma desistência precoce na prática da
modalidade.
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adequada, oportuniza o desenvolvimento e o aprimoramento de inúmeras valências
físicas e motoras, além de relações sociais, cooperativas, integrativas e outros
aspectos comportamentais que o esporte proporciona.
Um problema que ocorre na maioria das modalidades esportivas voltadas
para o rendimento esportivo é a especialização precoce. Não existe um consenso
na literatura quanto à idade ideal para a iniciação esportiva especializada. Grande
parte dos autores estipulam a idade entre 12 a 13 anos como a ideal para o ensino
sistematizado de alguma modalidade esportiva (SERAFIM, 2011).
Algo ainda muito recorrente no processo de iniciação esportiva da criança é
a prática intensa de diferentes esportes de forma precoce, muitas vezes realizada
de maneira “forçada” pelos pais ou responsáveis das crianças, podendo causar um
abandono ou afastamento das modalidades pelo acúmulo de estímulos e atividades
no cotidiano da criança. É sabido, principalmente no meio da educação física, que
o acesso aos esportes e práticas físicas de maneira geral é altamente benéfico tanto
para crianças quanto para adultos. A questão a ser observada é a quantidade, a
“dose”, ou seja, a criança, em pleno processo de desenvolvimento, a criança não
deve ser sobrecarregada de atividades, nem mesmo das esportivas.
Então, o que seria o ideal? Como saber se a quantidade de atividades é
excessiva? Como evitar a especialização precoce no esporte? Todas essas
perguntas infelizmente não têm respostas prontas ou “receitas”. É necessária muita
atenção de pais, professores, dirigentes esportivos, educadores em geral, para que
diferentes aspectos possam ser respeitados e observados no processo de iniciação
esportiva.
O primeiro passo é permitir que a criança “experimente” tudo que queira na
área motora. A ela devem ser oferecidos diferentes estímulos, para que o processo
de desenvolvimento motor possa ser completo e integral. Isso pode ser
desenvolvido por meio de experiências lúdicas diversificadas, brincadeiras,
atividades de educação física no meio escolar e não escolar, jogos em casa, entre
outras vivências.
Em um segundo momento, podem ser apresentadas práticas esportivas
específicas, nas quais a iniciação ao esporte é desenvolvida de forma mais
30
sistematizada. Nesse caso, o papel do profissional de educação física é
fundamental, primeiro para o acolhimento à criança e, na sequência, para
proporcionar experiências diversificadas para que ela possa gostar e aproveitar ao
máximo a prática. Nesse momento, cabe ao professor observar se a criança já
apresenta algumas características ou habilidades para a prática esportiva que está
sendo desenvolvida ou para outro tipo de esporte, no qual seu perfil físico, motor e
comportamental poderá melhor se adequar.
Tomando alguns desses cuidados, dificilmente uma criança será afetada de
maneira negativa pela especialização precoce no esporte. Uma forma de detectar,
tanto no ambiente esportivo quanto na própria casa, se a criança está
sobrecarregada nas atividades de iniciação esportiva é observar seu
comportamento e conversar frequentemente com ela (SILVA, 2016).
A motivação que a pessoa apresenta na realização de uma atividade é um
dos parâmetros para analisar se aquele exercício, jogo, esporte está sendo
agradável ou maçante. Quando comportamentos de pouca motivação são
observados com frequência durante as práticas, é importante que a criança seja
ouvida e possa falar dos motivos para ela não estar gostando das práticas. Queixas
constantes de dor muscular, cansaço, sonolência, desculpas para não ir treinar são
sintomas que podem indicar que algo errado está ocorrendo no processo de
iniciação esportiva.
Entre os diferentes motivos para o abandono das práticas esportivas estão:
31
imunidade, diminuição do desempenho esportivo, podem ser sinais
de alerta aos professore e pais de atletas;
Baixo desempenho esportivo: o baixo desempenho nos resultados
alcançados em competições da modalidade ou em testes durante o
treinamento pode desmotivar o aluno para a sequência das etapas.
Os fatores motivação, autoconfiança, determinação, trabalho em
equipe e outros que podem servir como estímulo para o aluno devem
ser reforçados constantemente.
32
segue os padrões e critérios que seriam considerados ideais para a iniciação
esportiva.
Debater sobre a especialização precoce é muito importante, não para
apontar o que é certo ou errado nas práticas, mas sim para que se possa ter uma
reflexão aprofundada, analisando os mais diferentes aspectos que envolvem a
situação, identificando os aspectos positivos e negativos e, a partir de aí ter uma
opinião formada sobre o assunto e ações práticas de acordo com as conclusões.
De maneira geral no cenário mundial, o esporte se tornou um negócio muito
rentável envolvendo cifras altíssimas de investidores e patrocinadores. Isso
modificou algumas características das práticas que, em muitos períodos da história,
serviam simplesmente para “medir forças e habilidades” entre os oponentes e
também como forma de união e confraternização de diferentes povos. Na
atualidade, também se observa uma grande influência política no esporte, que utiliza
seus atletas para demonstrar a força da nação e seu poder, conseguindo, por meio
do esporte, visibilidade e atenção mundial, sendo também um objeto de
manipulação da classe dominante.
Kunz (1994) apresenta em seus estudos uma análise crítica do esporte de
rendimento, colocando como principais problemas o treinamento especializado
precoce e o uso do doping. De acordo com o autor, esses aspectos podem,
inclusive, levar à autodestruição do esporte e de seus praticantes, perdendo sua
essência principal.
Referente à especialização precoce no esporte, destacam-se o atletismo, a
natação e a ginástica, nos quais, em diferentes partes do mundo, a prática é iniciada
de forma sistematizada com crianças em idade de formação básica do repertório
motor. Muitas a partir dos 4 anos de idade iniciam uma prática de forma mais
especializada, e essa prática pode trazer efeitos nocivos tanto para o processo de
desenvolvimento da criança quanto para aspectos psicológicos, caso a criança seja
submetida a competições de forma prematura, sendo colocada em situações de
pressão não adequadas para a faixa etária. Isso pode gerar frustrações e sensação
de derrota, que podem ser levadas para a vida toda (SILVA, 2016).
33
Sobre a especialização precoce no atletismo, o professor Kunz (1983) fez um
estudo sobre a duração da vida atlética de praticantes de atletismo e os efeitos da
especialização precoce. Entre os resultados, destacam-se:
34
entanto, ter os resultados esportivos esperados, tem muitas vezes a sensação de
derrota total. Isso, se não for bem trabalhado, pode ocasionar muitos problemas
emocionais e comportamentais nos atletas.
O profissional que trabalha na iniciação esportiva deve ter um conhecimento
muito aprofundado da modalidade e também acompanhar, de maneira muito
próxima, o desenvolvimento do atleta, analisando não somente o desempenho
físico e técnico do atleta, mas também seu comportamento, aspectos sociais e
emocionais.
A especialização precoce não pode ser analisada somente sobre os seus
aspectos negativos. Existem muitos fatores positivos que, quando levados em
consideração, proporcionam diferentes benefícios aos seus praticantes. A prática
precoce e especializada de uma modalidade esportiva permite ao atleta o
aprimoramento de valências físicas, técnicas e táticas do esporte de forma a facilitar
o desempenho esportivo e, consequentemente, os resultados positivos na
modalidade. Outro aspecto importante e destacado por muitos incentivadores do
treinamento esportivo precoce é o aprendizado que a pressão das competições
pode trazer, preparando o atleta para a sua vida pessoal.
A prática esportiva precoce ainda proporciona ao atleta uma disciplina e
rotina na sua vida pessoal. O atleta precisa seguir à risca um planejamento para
que os resultados possam ocorrer de forma positiva e essa habilidade pode ser
levada para a sua vida pessoal (MACHADO, 2008).
O atletismo é uma modalidade esportiva que envolve diferentes aspectos
para a sua prática e pode ser desenvolvida desde a idade escolar até a terceira
idade, sem restrições. Pode ser trabalhado nos ambientes escolares, como
conteúdo das aulas de educação física, e possibilita o desenvolvimento de valências
físicas, motoras e técnicas diversificadas. Por ter uma diversidade de provas no rol
de suas práticas, como, corridas, saltos, lançamentos e arremesso, oportuniza, de
forma democrática, a prática de todos que tiverem interesse. Sua prática muitas
vezes não exige materiais ou equipamentos específicos, fato que facilita o seu
acesso por qualquer pessoa que queira iniciar a prática. Pode ser desenvolvido
35
como uma mera prática esportiva voltada ao lazer ou à saúde ou também de forma
mais sistematizada, voltada para o rendimento esportivo.
36
6.1 Provas de pista
37
Já outras provas ocorrem utilizando as curvas. Nesse caso, para compensar
a diferença entre quem larga na raia interna e quem larga na raia externa, são
utilizadas as largadas escalonadas; assim, o atleta que está na raia externa larga
um pouco à frente para compensar a corrida na curva e realizar o mesmo percurso
de quem está na raia interna, conforme descreve a CBAt (CBAT; IAFF, 2017).
As provas de corrida no atletismo são diferentes não apenas pela distância a
ser percorrida, mas também por possuírem particularidades, podendo variar nos
seguintes aspectos:
As provas balizadas são aquelas provas em que o atleta larga em uma raia
predeterminada, mas não necessariamente permanece naquela raia até o fim da
prova. Portanto, algumas provas podem ser consideradas totalmente balizadas, em
que o atleta inicia e termina a prova na mesma raia, ou parcialmente balizadas, em
que o atleta apenas inicia na raia predeterminada, mas não termina
necessariamente na mesma. Normalmente, as provas balizadas possuem um
percurso mais curto (FERNANDES, 2003). São exemplos de provas totalmente
balizadas: 100, 200 e 400 metros rasos; 100, 110 e 400 metros com barreiras; e
revezamento 4 × 100 metros rasos. São exemplos de provas parcialmente
balizadas: 800 metros rasos; e revezamento 4 × 400 metros rasos.
Já as provas não balizadas são aquelas em que o atleta corre sem se
preocupar com as raias e normalmente se posiciona na raia interna; é comum
encontrar mais de um atleta na mesma raia. Essas provas também possuem um
percurso mais longo (FERNANDES, 2003). São exemplos de provas não balizadas:
1.500, 5.000 e 10.000 metros rasos; e 3.000 metros com obstáculos.
38
As provas também podem se diferenciar entre rasas ou com obstáculos. Nas
provas rasas, o atleta não tem nenhum obstáculo à sua frente. Já as provas com
obstáculos podem ser do tipo com barreira ou com obstáculos. As provas com
barreiras apresentam um percurso mais curto, como as provas de velocidade, em
que são posicionadas 10 barreiras ao longo do percurso; essas barreiras variam de
altura, de acordo com a prova e o sexo. Já as provas de obstáculos possuem
distâncias maiores; são posicionados quatro obstáculos e um fosso de água, e a
altura desses obstáculos também varia entre homens (0,91 m) e mulheres (0,76 m),
conforme aponta a CBAt (CBAT; IAFF, 2017). A Figura 1 mostra as diferenças entre
as provas com obstáculos.
39
O tipo de saída também é diferente, dependendo do tipo de prova, sendo
classificadas como saídas do tipo baixa ou alta. As saídas altas são utilizadas em
provas com percursos mais longos, como 800 m, 1500 m, 5.000 m e 10.000 m rasos
e 3.000 m com obstáculos. Já as saídas baixas são realizadas em quatro apoios,
com auxílio do bloco de partida; são utilizadas nas provas com percurso mais curto,
como 100 m, 200 m e 400 m rasos, provas de barreiras e revezamentos
(FERNANDES, 2003).
40
Salto em altura: tem como objetivo atingir a maior altura com apenas uma
impulsão, sendo a mesma realizada apenas com uma perna. Possui uma área
semicircular para realizar a corrida de aceleração; durante a prova, os atletas
acabam utilizando também uma parte da pista de corrida para iniciar a corrida de
aceleração. O salto é realizado sobre uma haste, denominada sarrafo, que é
posicionada em uma altura predeterminada, o qual pode ser tocado, mas não pode
ser derrubado. O sarrafo vai sendo elevado a cada rodada, sendo que o atleta pode
recusar-se a saltar qualquer rodada; porém, três saltos sem êxito consecutivos
eliminam o atleta da prova.
Salto com vara: tem como objetivo realizar o salto com auxílio de uma vara,
normalmente de fibra de vidro. Para tanto, o atleta realiza uma corrida de aceleração
e encaixa a vara no solo. Assim como no salto em altura, o salto é realizado sobre
o sarrafo, que é posicionado em uma altura predeterminada, sendo elevado a cada
rodada. O atleta pode recusar-se a saltar qualquer rodada, porém, três saltos sem
êxito consecutivos eliminam o atleta da prova (SILVA, 2016).
Lançamento do disco: tem como objetivo lançar um disco de 2 kg, para
homens, e 1 kg, para mulheres. O atleta tem uma área circular de 2,5 metros de
diâmetro, onde pode realizar um deslocamento para criar uma aceleração e depois
lançar o disco, utilizando apenas uma das mãos. Em torno desse círculo, há uma
grade de proteção, para segurança. O disco normalmente é lançado em um
gramado. A distância é considerada onde o disco tocar o solo primeiro. Cada atleta
tem direito a três lançamentos; caso avance para a final, terá direito a mais três,
sendo válido o melhor dos seis lançamentos para a sua classificação final.
Lançamento do dardo: tem como objetivo lançar um dardo de 800 g, para
homens, e 600 g, para mulheres. O atleta tem uma área para correr, onde pode
realizar um deslocamento para criar uma aceleração e depois lançar o dardo,
utilizando apenas uma das mãos. Essa área também acaba utilizando uma parte da
pista de corrida. O dardo é lançado no gramado, não precisando fincar, apenas tocar
o solo com a ponta. A distância é considerada onde a ponta do dardo tocar o solo
primeiro. Cada atleta tem direito a três lançamentos; caso avance para a final, terá
41
direito a mais três, sendo válido o melhor dos seis lançamentos para a sua
classificação final.
Lançamento do martelo: tem como objetivo lançar um martelo, que é
formado por uma bola de ferro de 7,26 kg, para homens, e de 4 kg, para mulheres,
seguido de uma haste metálica e uma manopla, onde o atleta apoia as duas mãos.
O atleta tem uma área circular de 2,13 metros de diâmetro, onde pode realizar um
deslocamento para criar uma aceleração e, depois, lançar o martelo, utilizando as
duas mãos. Em torno desse círculo, assim como no lançamento do disco, há uma
grade de proteção, para segurança. O martelo normalmente é lançado em um
gramado. A distância é considerada onde o martelo tocar o solo primeiro. Cada
atleta tem direito a três lançamentos; caso avance para a final terá direito a mais
três, sendo válido o melhor dos seis lançamentos para a sua classificação final.
Arremesso de peso: tem como objetivo arremessar um peso, que é uma
bola de metal com 7,2 kg, para homens, e 4 kg, para mulheres. O atleta tem uma
área circular de 2,13 metros de diâmetro, onde pode realizar um deslocamento para
criar uma aceleração e depois arremessar o peso, utilizando apenas uma das mãos.
Há também um pequeno degrau que separa a área de aceleração da área de queda,
denominado anteparo. O peso normalmente é arremessado em um gramado, e a
distância é medida até o local onde o peso tocar o solo primeiro. Cada atleta tem
direito a três arremessos; caso avance para a final, terá direito a mais três, sendo
válido o melhor dos seis arremessos para a sua classificação final (SILVA, 2016).
42
6.3 Provas combinadas
Essas provas combinam tanto provas de pista como provas de campo. Nas
provas combinadas, o atleta realiza diversas provas e, após o resultado de cada
prova, recebe uma pontuação, de acordo com a marca obtida; existe uma tabela de
pontos que regulamenta isso. Vence o atleta que obtiver a maior pontuação;
portanto, uma regularidade nos resultados contribui muito para o resultado (SILVA,
2016).
Assim, um atleta de provas combinadas deve possuir qualidades que o
destaquem em diversas provas. No entanto, isso acaba sendo difícil de obter, pois,
devido às especificidades de cada prova, várias capacidades físicas são exigidas.
O exemplo mais claro pode ser demonstrado ao se comparar um atleta de
velocidade com um atleta de resistência; são capacidades físicas totalmente
43
diferentes que precisam ser desenvolvidas. Portanto, o atleta de provas combinadas
acaba sendo conhecido como o atleta mais completo.
44
As ações motoras de correr, saltar, lançar ou arremessar também são
amplamente observadas em outros esportes. Por exemplo, durante um jogo de
basquete, um atleta corre atrás da bola, ou salta para pegar a bola no ar ou bloquear
um ataque, em um deslocamento de ataque e defesa, além de precisar ter
percepção espacial para saltar e realizar uma bandeja ou, simplesmente,
arremessar a bola na cesta. Perceba que são todas ações primárias que derivam
do atletismo: correr, saltar e arremessar. Assim, pode-se dizer que o atletismo é a
base para muitos esportes.
Portanto, pode-se analisar que, ao correr, essa corrida pode equivaler a uma
corrida em velocidade ou de resistência, dependendo da intensidade e duração
empregadas. Muitas atividades de iniciação trabalham essa corrida com
deslocamentos curtos; além disso, a corrida é amplamente utilizada para melhorar
a condição cardiorrespiratória e, consequentemente, a resistência aeróbia. Quando
um atleta salta para pegar uma bola ou bloquear um ataque, pode-se relacionar tal
ato a um salto em distância, em que ele realiza a impulsão também com apenas um
dos pés, aproveitando, assim, sua velocidade de deslocamento. Além disso, uma
das formas de se desenvolver a potência no salto em distância é por meio de
exercícios pliométricos, que também são utilizados em outros esportes durante o
processo de treinamento, com a mesma finalidade.
A percepção espacial de saltar até a bandeja também pode ser relacionada
à percepção durante o salto em altura: se o atleta se aproximar demais do sarrafo,
derruba ele na subida; se acabar se afastando demais, acaba não chegando até o
sarrafo ou derrubando ele na descida. Portanto, o atleta precisa ter a percepção do
ponto certo para fazer a impulsão e passar sem derrubar o sarrafo. O mesmo ocorre
na bandeja: se ele fizer a impulsão antes, acaba não chegando próximo ao aro da
tabela; se fizer a impulsão depois, acaba entrando muito embaixo do aro e não
conseguindo finalizar o movimento. Assim, o ponto correto para a impulsão também
deve ser percebido. O gesto de arremessar equivale ao gesto de empurrar algo;
assim, quando o atleta faz o arremesso de peso no atletismo, realiza um gesto
semelhante a empurrar a bola (SILVA, 2016).
45
Assim, o atletismo acaba sendo um esporte que exige diversas capacidades
físicas, o que permite associá-lo a diversos esportes. Assim como em diversos
esportes o biótipo e determinadas capacidades físicas são importantes para o
sucesso e a ótima performance, algumas provas do atletismo também requerem
certas condições físicas, além de contribuírem para o desenvolvimento de algumas
capacidades físicas.
46
lançamento, prejudicando o ângulo de saída. Além disso, como o espaço para o
deslocamento é restrito, uma boa mobilidade e agilidade são fundamentais para
acelerar o disco antes do lançamento. Segundo Schmolinsky (1982), uma estatura
adequada para iniciar os treinos seria de 1,75 m para as mulheres e 1,85 m para os
homens. O peso, devido ao volume muscular, pode ficar entre 70 e 75 kg para as
mulheres e entre 95 e 100 kg para os homens.
47
7.3 Lançamento do martelo
48
7.4 Arremesso do peso
49
corretamente posicionado para o salto. Além disso, é necessária boa agilidade para
conduzir o corpo durante a fase de voo.
50
continuidade ao movimento. Uma boa percepção espaço-temporal vai contribuir
para a aproximação, para realizar a impulsão em um ponto adequado para a
realização do salto e a transposição do sarrafo.
51
7.9 Corridas
52
Algumas provas são classificadas como “velocidade pura”, segundo
Fernandes (2003), como é o caso dos 100 e 200 metros rasos. Nessas provas, o
objetivo é atingir a velocidade máxima o mais rápido possível e tentar sustentá-la o
máximo possível também. Como são provas mais curtas, usam predominantemente
como via energética o sistema ATP-CP., portanto, atletas que tenham um
predomínio de fibras do tipo II acabam tendo certa vantagem nesses tipos de
provas; o objetivo com o treino é melhorar as reservas de ATP-CP. As provas de
100 e 110 metros com barreiras também possuem essa característica. Além disso,
os atletas que competem nessas provas têm como característica pernas compridas,
o que facilita a passagem das barreiras.
Nas provas classificadas como velocidade prolongada, como é o caso dos
400 metros rasos, o atleta tenta sustentar a velocidade máxima por um período
maior; como chegam próximos à velocidade máxima e devido à duração da prova,
acabam priorizando o sistema glicolítico. Portanto, atletas que tenham um
predomínio de fibras do tipo II também acabam tendo certa vantagem nesses tipos
de provas, mas começam a ser mais leves do que os atletas de velocidade pura. O
objetivo com o treino é melhorar o aproveitamento das reservas glicolíticas, ou seja,
tanto o glicogênio muscular como o hepático. A prova de 400 metros com barreiras
também possui essa característica.
53
7.11 Corridas de resistência
54
público diversificado. Assim, uma pessoa pode experimentar o atletismo e ver em
qual prova ela tem maior destaque ou facilidade, principalmente devido às suas
características físicas.
Fonte: https://ultramacho.com.br
55
8.1 O ato de caminhar
8.2 Pedestrianismo
57
pela facilidade de acesso como pelo baixo custo da sua prática. É certamente um
dos setores que melhor está a responder à atual crise econômica (EG, 2009). No
conjunto de atividades de ar livre, o pedestrianismo destaca-se como atividade em
crescimento, pela sua informalidade, baixo custo e fácil acesso.
58
Fonte: https://www.sjc.sp.gov.br
Essa é uma prova exclusivamente feminina, que teve a sua estreia olímpica
em 1932 em Los Angeles, com a distância de 80 metros (MATTHIESEN, 2017).
Segundo Barros e Dezem (1990), a prova de 80 metros já não atendia mais as
exigências devido à evolução técnica; ou seja, as meninas mais altas e velozes já
não conseguiam executar uma corrida fluente, tendo que encurtar as passadas.
Assim, houve a substituição da distância para os atuais 100 metros, assim como o
aumento do número de barreiras para 10. Em 1972, em Munique, a prova já ocorreu
com a distância atual.
Entre os destaques dessa prova está Yordanka Donkova, atleta búlgara que
conquistou a medalha de ouro nas Olímpiadas de Seul, em 1988, e estabeleceu
quatro recordes mundiais, o último com a marca de 12"21, em 1988. Esse recorde
foi superado pela americana Kendra Harrison apenas em 2016. Entre os países
mais fortes nessa categoria estão Estados Unidos, Alemanha, Bulgária, Rússia,
Suécia e Canadá (IAAF, 2019).
59
9.2 110 metros com barreiras
Nessa prova, os atletas correm uma volta completa em uma pista de 400
metros, onde são posicionadas 10 barreiras em suas respectivas raias. Essa prova
teve sua origem na universidade de Oxford, na Inglaterra, por volta de 1860, onde
os atletas corriam uma prova de 440 jardas (402,33 metros), em que eram fixadas
no chão 12 barreiras de madeira com 1 metro de altura.
A estreia olímpica dessa prova foi em 1900, em Paris. Já as mulheres
estrearam apenas em 1984 em Los Angeles, com a vitória de Nawal El Moutawakel,
do Marrocos, que se tornou a primeira campeã olímpica africana e de uma nação
islâmica (IAAF, 2019).
Os Estados Unidos são uma grande potência na modalidade, com 18 títulos
olímpicos, assim como Rússia e Jamaica. Um dos grandes destaques foi o atleta
Edwin Moses, que ficou invicto por 122 provas consecutivas entre 1977 e 1987,
além de ter conquistado dois títulos olímpicos, tornando-se, assim, o maior atleta de
60
todos os tempos nessa prova. Entre as mulheres, a britânica Sally Gunnell se
destacou nessa prova entre os anos de 1992 e 1994.
Nessa prova, os atletas usam a largada do tipo alta e não precisam se manter
nas raias. Eles devem completar o percurso de 3.000 metros, em que, em cada
volta, passam por quatro obstáculos e um fosso com água, totalizando 28 saltos
sobre os obstáculos e sete sobre o fosso. A distância entre cada obstáculo é de
aproximadamente 80 metros. Os obstáculos para os homens possuem 0,91 metros
de altura e, para as mulheres, 0,76 metros (CBAT; IAAF, 2017). Um dos grandes
charmes dessa prova e que chama a atenção é o salto do obstáculo sobre o fosso
de água: após um dos obstáculos, há um fosso de água que possui 3,66 metros de
comprimento e 0,70 metros na região mais funda.
A corrida de obstáculos (steeplechase, em inglês) teve sua origem na Grã-
Bretanha, onde corredores corriam de uma cidade para outra, passando obstáculos
como riachos e paredes baixas. Um evento em pista foi realizado em 1879, na
universidade de Oxford. Essa prova tem estado presente nos jogos olímpicos desde
1900, em Paris, mas com distâncias diferentes. A distância atual de 3.000 metros
foi padronizada em 1920, na Antuérpia. As mulheres estrearam nessa prova apenas
em 2008 (CBAT; IAAF, 2017).
Entre os homens, o Quênia é o país com mais títulos olímpicos; já entre as
mulheres, Rússia e Quênia são os países que dominam. Entre os homens, podemos
destacar Moses Kiptanui, que foi o principal competidor entre 1991 e 1995. Entre as
mulheres, destaca-se a russa Gulnara Galkina, que foi recordista mundial em 2003
e campeã olímpica em 2008, sendo a primeira mulher a correr abaixo dos 9 minutos
a distância, conforme aponta a IAAF (2019).
61
10 PARTICULARIDADES DAS PROVAS COLETIVAS DE REVEZAMENTOS NO
ATLETISMO
Nessa prova, os quatro corredores correm na mesma raia, dando uma volta
completa na pista de atletismo. Cada atleta, durante o seu percurso, deve conduzir
um bastão, que deve ser passado para o próximo corredor em uma área de 20
metros de comprimento, denominada zona de passagem, estando ela dividida em
10 metros antes e 10 metros depois de completar o percurso. Portanto, cada atleta
pode receber o bastão e correr entre 90 e 110 metros.
O primeiro revezamento olímpico ocorreu em 1908, em uma corrida de 1.600
metros; porém, o primeiro revezamento em jogos olímpicos de 4 × 100 metros para
homens foi realizado em 1912, em Estocolmo, enquanto as mulheres estrearam em
1928, em Amsterdã, sendo a equipe canadense a vencedora (CBAT; IAAF, 2017).
Entre os países de destaque estão os Estados Unidos, que dominaram por
muitos anos essa prova, sendo que, entre 1920 e 1976, os homens venceram todos
os eventos, exceto um título olímpico. O lendário velocista Carl Lewis correu como
62
último homem em cinco equipes diferentes que quebraram o recorde mundial entre
1983 e 1992. Já entre as mulheres, Evelyn Ashford obteve três títulos olímpicos
consecutivos nessa prova entre 1984 e 1992. Porém, os jamaicanos liderados por
Usain Bolt reescreveram os recordes, sendo a primeira equipe a correr abaixo dos
37 segundos. Em 2012, Bolt obteve a incrível marca de 8,70 segundos nos 100
metros finais. Nessa prova, o atleta já estava em uma corrida lançada para pegar o
bastão; assim, não perdeu tempo com a aceleração, mostrando que é possível a
busca por novas marcas (IAAF, 2019).
O Brasil obteve bons resultados, como a medalha de bronze nos Jogos
Olímpicos de Atlanta, em 1996, e a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de
Sydney, em 2000. Nessa oportunidade, foi conquistada a melhor marca do Brasil; a
equipe era composta por Vicente Lenílson, Edson Ribeiro, André Domingos e
Claudinei Quirino (CBAT; IAAF, 2017).
Nessa prova, cada atleta completa uma volta de 400 metros na pista, sendo
que o primeiro atleta realiza sua volta completa na raia designada. O segundo atleta
corre apenas os primeiros 100 metros na raia designada e depois já pode se
direcionar para a raia interna. O terceiro e o quarto atleta correm na raia interna. Os
corredores conduzem o bastão em seu percurso e, após fechar cada volta, passam
para o próximo corredor dentro da zona de passagem, que fica 10 metros antes e
10 metros depois de fechar a volta. Assim, a passagem pode ocorrer entre 390 e
410 metros.
O primeiro revezamento olímpico ocorreu em 1908, com distâncias
diferentes, sendo dois percursos de 200 m, seguido por um de 400 m e outro de
800 m. Assim como o revezamento 4 × 100 metros, o primeiro revezamento em
jogos olímpicos de 4 × 400 m para homens foi em 1912, nos Jogos Olímpicos de
Estocolmo, enquanto as mulheres estrearam apenas em 1972, nos Jogos de
Munique (CBAT; IAAF, 2017).
63
Os homens americanos dominam essa modalidade com 17 títulos olímpicos,
com astros como Michael Johnson, que, no mundial de 1993, fechou a prova
correndo os 400 metros em incríveis 42,91 segundos. Jeremy Wariner é outro atleta
de destaque, com dois títulos mundiais, e foi um dos principais membros da equipe
americana nos anos 2000; possui a segunda marca mais rápida em revezamentos,
com 42,93 segundos, obtida no campeonato mundial em 2007.
Jamaica, Bahamas e Grã-Bretanha também aparecem como destaques
entre os homens. Entre as mulheres, as americanas também são destaque com
quatro títulos olímpicos; outros países de destaque são Rússia e Jamaica. A
jamaicana Sandie Richards participou de cinco finais olímpicas consecutivas (IAAF,
2019).
64
Além disso, no momento da passagem, os atletas precisam estar em uma
velocidade similar. Por isso, quem vai receber precisa começar a correr antes de
entrar na zona de passagem, para quando entrar nessa área estar em uma
velocidade compatível. Assim, os atletas precisam estar bem entrosados, para
evitar que um dos atletas acelere antes e acabe não sendo alcançado pelo
companheiro na zona de passagem, tendo que desacelerar, ou que seja atropelado
pelo companheiro por não ter acelerado a tempo de receber o bastão na mesma
velocidade, exigindo a desaceleração e acarretando perda de tempo.
O bastão deve ficar posicionado na mão esquerda ou direita, dependendo do
percurso, isto é, se o atleta corre na reta ou na curva. Quem corre na curva corre
com o bastão na mão direita, para poder ficar na parte interna da raia; já quem corre
na reta segura o bastão na mão esquerda (SILVA, 2016).
Os atletas também são posicionados de acordo com o percurso, possuindo
características diferentes. Veja-as a seguir.
65
ocorrem na raia designada, mas livremente na pista; assim, quem vai receber
precisa ficar olhando, atento à trajetória do seu companheiro e das outras equipes,
para evitar algum choque entre os corredores.
Quem fica mais próximo à raia interna da pista acaba tendo vantagem, e os
atletas acabam se espremendo em direção à raia interna. O que determina a ordem
de quem fica na raia interna é a passagem dos 200 metros; assim, a equipe que
passa na frente tem a preferência de ficar na raia interna. Normalmente, a
passagem ocorre da mão direita para a mão esquerda, e, ao longo do percurso, os
atletas passam o bastão da mão esquerda para a direita, para poderem entregar na
mão esquerda do próximo corredor (SILVA, 2016).
A passagem pode ocorrer em um movimento ascendente, ou seja, ser
realizada de baixo para cima quem recebe posiciona a palma da mão para baixo,
ou pode ser em um movimento descendente, ou seja, realizada de cima para baixo,
quem recebe posiciona a palma da mão para cima. Caso o corredor derrube o
bastão, aquele que derrubou deve juntar e continuar a corrida do ponto onde o
bastão caiu.
11 MARCHA ATLÉTICA
Uma das provas de atletismo que mais desperta a atenção do grande público
em Olímpiadas ou Mundiais é a marcha atlética. Por ter uma característica diferente
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de todas as demais modalidades, a marcha gera curiosidade, estranheza e também
bastante dúvida quanto às suas regras para o público em geral. Todavia, antes de
abordarmos as regras e a técnicas dessa prova, vamos ver um pouco da história e
das origens da marcha.
Segundo a Confederação Brasileira de Atletismo (2019), a marcha atlética
tem origem nas competições de caminhada, que datam dos séculos XVII a XIX.
Assim como algumas provas mais modernas, ela também provém da Inglaterra. Sua
grande inspiração são os chamados footman: atendentes que corriam atrás ou do
lado da carruagem dos aristocratas. Os footmans cobriam todas as grandes
distâncias designadas utilizando essa técnica. Entretanto, o criador da prova de
marcha atlética foi o norte-americano Edward Payson Wetson, que passou a maior
parte da sua vida atravessando o continente americano marchando
(CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE ATLETISMO, 2019).
A primeira grande competição de marcha atlética ocorreu no ano de 1908,
quando ela passou a integrar o quadro dos Jogos Olímpicos. A distância da marcha
naquela edição variou entre 1.500m e 3.000m. Contudo, essa primeira aparição da
marcha foi considerada negativa, o que acarretou a sua retirada da programação
olímpica, retomando apenas em 1928. Essas datas são referentes às provas
masculinas, visto que a marcha atlética para mulheres teve como primeira grande
competição o Mundial de Atletismo de 1987 e os Jogos Olímpicos de 1992.
Rojas (2017, p. 86) caracteriza a marcha atlética como “[...] uma progressão
de passos com o contato contínuo com o solo, sem fase aérea”. Com isso, a perna
que avança deve estar reta (não flexionada no joelho), do primeiro contato com o
solo até a posição vertical.
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corpo transpõe essa perna; para realizar esse movimento em velocidade,
o quadril sofre um deslizamento compensatório (ROJAS, 2017, p. 86).
Para que as regras sejam bem observadas, os juízes precisam estar bem
qualificados. O número de árbitros é variável conforme o local da disputa: quando é
realizada na pista, seis árbitros fazem a fiscalização; já quando é na rua, esse
número pode aumentar para nove.
Rojas (2017) destaca que a qualificação da arbitragem nessa prova é muito
específica, sendo exigido um treinamento especial para que os árbitros possam
atuar na marcha. O autor refere que o árbitro deve ficar posicionado ao longo do
percurso e estar atento à passada dos atletas, verificando se a execução está
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correta. Caso o atleta cometa uma infração (flexão antecipada do joelho ou fase
aérea definida), deve advertir o atleta com um cartão amarelo. Em caso de nova
infração, deve apresentar o cartão vermelho ao atleta e comunicar o árbitro-chefe.
O mesmo árbitro não pode advertir duas vezes o mesmo atleta.
Quando o atleta recebe três cartões vermelhos de árbitros diferentes está
desqualificado da prova. Como são muitos árbitros, pode haver falha na
comunicação na hora de apresentar os cartões. Caso isso ocorra e o atleta termine
a prova, isso não qualifica sua participação.
Vamos agora conhecer um pouco mais sobre as provas da marcha atlética:
11.1.1 Prova 20 km
11.1.2 Prova 50 km
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(1997, 2001 e 2003) e tricampeão olímpico (1996, 2000 e 2004). Em 2000,
Korzeniowski também venceu a marcha atlética dos 20km e assim se tornou o único
atleta na história a vencer as duas categorias em uma mesma edição de Jogos
Olímpicos. Atualmente, o recordista mundial desta prova é o francês Yohann Diniz,
com tempo de 3h 32min 33s.
No Brasil, a marcha atlética chegou após os jogos olímpicos de Berlim, em
1936, trazido por dois espectadores brasileiros que assistiram à prova. No ano
seguinte, em Porto Alegre, ocorreu a primeira prova no Brasil. O grande nome da
marcha atlética brasileira é Caio Bonfim, que conquistou o terceiro lugar no Mundial
de Londres, disputado em 2017, na prova dos 20km. Esse é o maior resultado da
história da marcha atlética brasileira. Bonfim, um ano antes, já havia brilhado nos
Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, quando conquistou o quarto lugar, ficando
próximo da medalha. Além disso, o marchador já venceu oito vezes a Copa do Brasil
de Marcha Atlética (ROJAS, 2017).
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12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERNANDES, José Luís. Atletismo. Corridas. 3. Ed. São Paulo: EPU, 2003.
FERNANDES, José Luís. Atletismo. Saltos. 3. Ed. São Paulo: EPU, 2003.
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COSTA, A. Atletismo. In: EDUCAÇÃO física na escola primária: iniciação
desportiva. Porto: Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física, 1992.
v. 2.
CWG 14: atletismo. Sportbucks, [s. l.], 3 jul. 2014. Disponível em:
https://sportbucks. wordpress.com/2014/07/03/cwg-14-atletismo. Acesso em: 19
fev. 2021.
EG (2009), “Trek & Trail - L’outdoor garde le ritme”, Sport Première Magazine,
Julho/Agosto de 2009, pp. 3-4, Paris.
IAAF. [S. l., 2019]. Disponível em: https://www.iaaf.org/home. Acesso em: 19 fev.
2021.
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MALINA, R. M.; BUCHARD, C. Growh, maturation and physical activity.
Champaign: Human Kinetics Publishers, 1991.
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