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GUARULHOS – SP
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 3
2 O CONCEITO DE INFÂNCIA 4
9 DESENVOLVIMENTO INFANTIL 27
16 BIBLIOGRAFIA BÁSICA 77
1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
3
2 O CONCEITO DE INFÂNCIA
Ghiraldelli Jr. (2000) explica-nos que, como as relações entre os homens são
históricas e estabelecidas por eles, o interesse pela infância também é histórico e se
altera através dos tempos. Isto permite entendermos o porquê do interesse pela
criança nem sempre ser o mesmo numa mesma sociedade ou em diferentes formas
de organização social. Assim, as mudanças no conceito de infância, desde a Idade
Média, não ocorreram por acaso, mas foram frutos de transformações nas relações
sociais. Entre estas mudanças destacamos o crescimento das cidades e sua
urbanização, a implantação de indústrias, a expulsão dos camponeses do campo e
sua consequente marginalização, a destituição dos instrumentos de produção, entre
outros.
Fonte: https://queconceito.com.br
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Ela nos lembra que o sentimento de infância passa a ser manifestado a partir do
século XVIII, momento em que tanto o Estado, como a família, convergiu para o
sentido de proteção à criança. A preocupação com a mortalidade infantil e com um
maior investimento na educação das crianças pequenas passa a fazer parte das
preocupações das famílias. Neste sentido, algumas instituições surgem com o objetivo
de proteger as crianças. Nessa época surgem três tipos de instituições básicas: as
creches, as escolas maternais e os jardins de infância, as quais têm como
características peculiares o atendimento à criança pequena a partir de iniciativas
coletivas que surgem não dos poderes oficiais, mas de iniciativas isoladas,
principalmente da igreja. As creches abrigavam crianças pobres e abandonadas. Os
jardins de infância tinham o papel de iniciar a parte educativa destinada a classe
dominante como complemento da ação familiar. Já as escolas maternais tinham o
objetivo de amparar órfãos e filhos de operárias, oferecendo-lhes a guarda e alguma
ação educativa.
É no século XVIII, portanto, que se manifesta a preocupação de separar a
criança do mundo adulto. Moralistas e educadores foram os principais defensores
dessa postura, e esta tem grande importância para o desenvolvimento do sentimento
de infância, por simbolizar e defender este período do desenvolvimento humano como
uma etapa marcada pela necessidade de proteção e cuidado.
Para Mascaro (1979), isto explica o porquê de a Educação Infantil ter nascido
marcadamente assistencialista, pois fora criada por voluntários que decidiram
cuidar de crianças que estavam abandonadas nas ruas, visando amenizar a
marginalização e a desordem.
Kramer (1984) atenta que a origem da Educação Infantil foi marcada por
transformações na forma de conceber a criança, o que possibilitou concluir que o atual
sentimento de infância resultou da busca crescente de preservar a criança da
corrupção do meio. Isto explica tal sentimento ter surgido com a ascensão da classe
burguesa que, ao se firmar enquanto classe hegemônica provocou mudanças no
papel social da criança, que passa a ser concebida como alguém diferente do adulto
e que necessita de cuidados por se encontrar em processo de desenvolvimento.
Com as transformações nas relações sociais de produção e com a retirada das
crianças do mercado de trabalho, estas passaram a ser consideradas
economicamente dependentes do adulto produtivo. Essas transformações foram,
portanto, motivos da expansão e difusão do atendimento às crianças pequenas, pois
8
a substituição do trabalho infantil pelas máquinas permitiu que se pensasse na
importância da Educação Infantil enquanto preparação de futuros trabalhadores mais
especializados e melhores preparados.
Para Kramer (1984), temos vários valores atribuídos à criança e estes não
são universais e únicos, na medida em que dependem de vários fatores, mas
principalmente da relação estabelecida entre adultos e criança.
Fonte: https://educarsantos.com.br
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4 OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL
● Desenvolver uma imagem positiva de si, atuando de forma cada vez mais
independente, confiante em suas capacidades e percepção de suas
limitações;
● Descobrir e conhecer progressivamente seu próprio corpo, suas
potencialidades e seus limites, desenvolvendo e valorizando hábitos de
cuidado com a própria saúde e bem-estar;
● Estabelecer vínculos afetivos e de troca entre adultos e crianças,
fortalecendo sua autoestima e ampliando gradativamente suas
possibilidades de comunicação e interação social;
● Estabelecer e ampliar cada vez mais as relações sociais, aprendendo aos
poucos a articular seus interesses e pontos de vista, interagindo com os
demais, respeitando a diversidade e desenvolvendo atitudes de ajuda e
colaboração;
● Observar e explorar o ambiente com atitude de curiosidade, percebendo-
se cada vez mais como integrante, dependente e agente transformador
do meio ambiente, valorizando atitudes que contribuem para sua
conservação;
● Brincar, expressando emoções, sentimentos, pensamentos, desejos e
necessidades;
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● Utilizar as diferentes linguagens (corporal, musical, plástica, oral e escrita)
ajustadas às diferentes intenções e situações de comunicação, de forma
a compreender e ser compreendido, expressar suas ideias, sentimentos,
necessidades e desejos e avançar no seu processo de construção de
significados, enriquecendo cada vez mais sua capacidade expressiva;
● Conhecer algumas manifestações culturais, de interesse, respeito e
participação, valorizando a diversidade;
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Fonte: http://www.bahiapress.com.br
Desde 2006, a duração do Ensino Fundamental, que até então era de 8 anos,
passou a ser de 9 anos. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9395/96) foi
alterada em seus artigos 29, 30, 32 e 87, através da Lei Ordinária 11.274/2006, e
ampliou a duração do Ensino Fundamental para 9 anos, estabelecendo como prazo
para implementação da Lei pelos sistemas de ensino, o ano de 2010.
O Ensino Fundamental passou então a ser dividido da seguinte forma:
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O currículo para o Ensino Fundamental Brasileiro tem uma base nacional
comum, que deve ser complementada por cada sistema de ensino, de acordo com as
características regionais e sociais, desde que obedeçam às seguintes diretrizes:
I - A difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos direitos e deveres
dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à ordem democrática;
II - Consideração das condições de escolaridade dos alunos em cada
estabelecimento;
III - Orientação para o trabalho;
IV - Promoção do desporto educacional e apoio às práticas desportivas não-
formais. (ART. 27º, LDB 9394/96)
A responsabilidade pela matrícula das crianças, obrigatoriamente aos 6 anos de
idade, é dos pais. É dever da escola, tornar público o período de matrícula.
Fonte: pne.mec.gov.br
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Elaborar um plano de educação no Brasil, hoje, implica assumir compromissos
com o esforço contínuo de eliminação de desigualdades que são históricas no País.
Portanto, as metas são orientadas para enfrentar as barreiras para o acesso e a
permanência; as desigualdades educacionais em cada território com foco nas
especificidades de sua população; a formação para o trabalho, identificando as
potencialidades das dinâmicas locais; e o exercício da cidadania. A elaboração de um
plano de educação não pode prescindir de incorporar os princípios do respeito aos
direitos humanos, à sustentabilidade socioambiental, à valorização da diversidade e
da inclusão e à valorização dos profissionais que atuam na educação de milhares de
pessoas todos os dias. O PNE foi elaborado com esses compromissos, largamente
debatidos e apontados como estratégicos pela sociedade na CONAE 2010, os quais
foram aprimorados na interação com o Congresso Nacional. Há metas estruturantes
para a garantia do direito à educação básica com qualidade, que dizem respeito ao
acesso, à universalização da alfabetização e à ampliação da escolaridade e das
oportunidades educacionais.
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Meta 4: universalizar, para a população de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional
especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de
sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas
ou serviços especializados, públicos ou conveniados
Meta 5: alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o final do 3º (terceiro) ano
do ensino fundamental.
Meta 6: oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50% (cinquenta
por cento) das escolas públicas, de forma a atender, pelo menos, 25% (vinte e cinco
por cento) dos (as) alunos (as) da educação básica.
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“fomentar a integração da educação de jovens e adultos com a educação
profissional, em cursos planejados, de acordo com as características do
público da educação de jovens e adultos e considerando as especificidades
das populações itinerantes e do campo e das comunidades indígenas e
quilombolas, inclusive na modalidade de educação a distância.” (Estratégia
10.3)
16
Neves (1994, p. 24) analisa que “a escola é, ao mesmo tempo, reprodutora das
relações sociais de produções capitalistas e espaço de luta de classes para superar
estas relações”.
Um segundo grupo de metas diz respeito especificamente à redução das
desigualdades e à valorização da diversidade, caminhos imprescindíveis para a
equidade.
Meta 4: universalizar, para a população de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional
especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de
sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas
ou serviços especializados, públicos ou conveniados.
Meta 8: elevar a escolaridade média da população de 18 (dezoito) a 29 (vinte e
nove) anos, de modo a alcançar, no mínimo, 12 (doze) anos de estudo no último ano
de vigência deste plano, para as populações do campo, da região de menor
escolaridade no País e dos 25% (vinte e cinco por cento) mais pobres, e igualar a
escolaridade média entre negros e não negros declarados à Fundação Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.
A política pública deve fortalecer sistemas educacionais inclusivos em todas as
etapas, viabilizando acesso pleno à educação básica obrigatória e gratuita. A
juventude (jovens e jovens adultos, conforme o Estatuto da Juventude) do campo, das
regiões mais pobres e a negra devem ganhar centralidade nas medidas voltadas à
elevação da escolaridade, de forma a equalizar os anos de estudo em relação aos
demais recortes populacionais. Os estados e os municípios devem se organizar e
entender esses desafios como compromissos com a equidade, contando com o apoio
federal para viabilizar o atendimento das pessoas com deficiências, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação em salas de recursos
multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou
conveniados. Um terceiro bloco de metas trata da valorização dos profissionais da
educação, considerada estratégica para que as metas anteriores sejam atingidas.
Meta 15: garantir, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios, no prazo de 1 (um) ano de vigência deste PNE, política
nacional de formação dos profissionais da educação de que tratam os incisos I, II e III
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do caput do art. 61 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, assegurado que
todos os professores e as professoras da educação básica possuam formação
específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento
em que atuam.
Meta 16: formar, em nível de pós-graduação, 50% (cinquenta por cento) dos
professores da educação básica, até o último ano de vigência deste PNE, e garantir a
todos (as) os (as) profissionais da educação básica formação continuada em sua área
de atuação, considerando as necessidades, demandas e contextualizações dos
sistemas de ensino.
Meta 17: valorizar os (as) profissionais do magistério das redes públicas de
educação básica, de forma a equiparar seu rendimento médio ao dos (as) demais
profissionais com escolaridade equivalente, até o final do sexto ano de vigência deste
PNE.
Meta 18: assegurar, no prazo de 2 (dois) anos, a existência de planos de carreira
para os (as) profissionais da educação básica e superior pública de todos os sistemas
de ensino e, para o plano de carreira dos (as) profissionais da educação básica
pública, tomar como referência o piso salarial nacional profissional, definido em lei
federal, nos termos do inciso VIII do art. 206 da Constituição Federal.
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: [...] V
– valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da
lei, planos de carreira para o magistério público, com ingresso exclusivamente
por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas (EC nº
53/2006).
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forem as decisões relativas à formação, mais ampliadas serão as perspectivas da
equidade na oferta educacional.
Para assegurar que todos os professores da educação básica tenham formação
específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento
em que atuam, o planejamento deve se dar a partir da análise das reais necessidades
de cada escola, consideradas na gestão de cada rede ou sistema, com contínuo
aperfeiçoamento das estratégias didático-pedagógicas.
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Fonte: https://www.ensinandomatematica.com
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pouco mobilizadas para a importância do brincar como forma de aprender, interagir e
se desenvolver.
Fonte: http://www.clickriomafra.com.br
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nível médio, na modalidade Normal. Prevê ainda que em um prazo de dez anos só
serão admitidos professores habilitados em nível superior ou formados em serviço.
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modalidade Normal Superior em funcionamento estão em processo de
reconhecimento pelo MEC.
Em 1998, o MEC publicou o Referencial Curricular Nacional para a Educação
Infantil (RCNEI). Esse material é mais uma contribuição para o professor de Educação
Infantil. É um conjunto de reflexões, cujo objetivo é servir de subsídio para a
construção das propostas curriculares, mas que não deve ser entendido como um
manual a ser seguido.
O RCNEI é composto de temas agrupados em três volumes. O primeiro traz
reflexões sobre as creches e pré-escolas brasileiras, a infância e a profissionalização
dos educadores. O segundo trata dos processos de construção da identidade e
autonomia das crianças. O terceiro traz textos sobre os eixos e temas que podem ser
trabalhados na Educação Infantil.
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trabalham na Educação Infantil não tem computador em casa, e 60% deles não usam
a Internet. Em 2003, o Ministério da Educação fez uma pesquisa com um resultado
revelador: os alunos da 4ª série com piores resultados nos testes de avaliação tinham
professores com renda média de R$ 730,00 (setecentos e trinta reais), enquanto os
estudantes mais avaliados tinham aulas com professores com média salarial de R$
1.300,00 (mil e trezentos reais).
O caminho natural para superar essa crise, como mostram os exemplos de todos
os países que deram o salto qualitativo em educação, é investir na qualidade do
ensino fundamental, com ênfase na Educação Infantil, através de treinamento e
qualificação dos professores e aparelhamento das escolas. Há que se reverter as
prioridades na aplicação dos escassos recursos públicos na educação. De acordo
com um dos maiores pesquisadores e estudiosos do sistema educacional brasileiro,
o colombiano Alberto Rodriguez, da Universidade de Michigan, dos Estados Unidos,
o gasto público com um aluno do ensino superior é 12 vezes maior que o gasto com
um aluno do ensino fundamental. Investem-se R$ 800,00 (oitocentos reais) por ano
com um aluno do ensino fundamental e R$ 9.600,00 (nove mil e seiscentos reais) com
um estudante universitário. Na Coréia do Sul, por exemplo, o aluno de ensino
fundamental recebe até duas vezes mais investimento que um universitário. A lógica
aponta no sentido de que haja transferência de recursos do ensino superior para o
básico.
Talvez, com a aprovação do "Fundeb - Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação "cujo projeto de lei encontra-se em trâmite no Congresso Nacional, que
substituirá o atual "Fundef - Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental ",
haverá um significativo aumento na aplicação dos recursos para financiamento da
Educação Infantil, fundamental e média. Entretanto, nenhuma revolução na área
educacional será verdadeiramente bem-sucedida se não for centrada nos seguintes
aspectos: a) qualidade do ensino, b) treinamento, qualificação, valorização e
remuneração digna do professor, e c) prioridade na destinação dos recursos públicos
para a Educação Infantil, fundamental e média.
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9 DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Fonte: https://institutopensi.org.br/
Ao nos referirmos a escola, adentramos num âmbito mais aprofundado, pois para
além de compartilhar o conhecimento acumulado, este processo deve acontecer de
forma organizada de modo que, todas as ações realizadas pela escola e seus
profissionais devem ser pensadas, refletidas, discutidas e planejadas, pois todas as
ações devem ter finalidade e ser intencionais.
Na Educação Infantil, por exemplo, este processo não pode ser diferente, tendo
em vista de que é o período dos 0 aos 5 anos que fará mais diferença no futuro,
servindo de base para o desenvolvimento posterior. Por isso destacamos a
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importância da escola como local para além dos cuidados na Educação Infantil,
porque é nele que a criança deve se envolver, interagir e agir com o meio, com o outro
e com si mesma para apreender o mundo que a cerca e ir além, apreendendo para
além da imagem, mas também os significados por trás delas, fazendo assim coro com
Martins (2009, p. 94):
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É através de seus sentidos (visão, tato e a audição) que a criança descobre o
mundo, sendo que nesta fase ela não tem medo de ver, ouvir e sentir. Esses sentidos
possibilitam a criança identificar as coisas (tamanho, forma e cor) que fazem parte do
meio, o tato permite que a criança sinta diferentes texturas, agradáveis ou não. Nesta
fase ela escuta tudo e se dispersa facilmente, e sons em alto volume pode lhe
assustar.
Nesta fase elas possuem os músculos do corpo e o controle motor mais
aprimorados, tendo mais facilidade para modelar massinha e rabiscar com giz. Estas
situações são extremamente importantes para o desenvolvimento visual e tátil.
Nesta idade ela está no mundo dos sons, daí a importância de um adulto neste
momento estimular o desenvolvimento dos sentidos para que a criança possa ter uma
expressão própria, pois como aponta Martins (2009):
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beber água na xícara, no balde, no chão, não se depreendendo ao fato de que a xícara
é utilizada para beber algo, se ela estiver vazia vai utilizá-la para diversas finalidades
também. A criança, portanto, assimila o significado permanente do objeto.
Mukhina (1995) afirma que o destino que a sociedade conferiu ao objeto e não
varia por necessidade de momento. Contudo, isso não garante que a criança deixará
de dar outras funções a este objeto se não o que lhe é fixado pelo social, mas a
importância está na questão de ela saber qual é a verdadeira função deste objeto,
independentemente de seu uso “indevido”.
É possível entender que a relação entre objeto e ação apresenta três fases de
desenvolvimento: na primeira a criança realiza qualquer função que ela domina com
o objeto; na segunda, a criança manipula o objeto a partir da real função a que se
atribui ao objeto e, na terceira, tem reminiscência na primeira fase, porém a criança
dominando a real função do objeto, o utiliza para “outros fins”, fora o “original”.
O que se torna significativo nesse âmbito é a assimilação da atividade objetal
realizada pela criança de modo a condizer às regras de comportamento social, o que
faz mudar a conduta da criança quando realiza uma atividade de manipulação objetal.
Especialistas defendem que é fundamental para o desenvolvimento psíquico da
criança que o uso dos objetos ocorra de modo a manter o mesmo sentido em
empregos diferentes, ou seja, unívoco, uma vez que nem todas as ações que a criança
assimila têm o mesmo valor no seu progresso psíquico, as ações contêm
particularidades, a exemplo dos brinquedos, roupas, móveis e louças. Há inúmeras
formas de utilizar os objetos, as formas que mais exigem exercitação da psique são
as que mais cooperam para que o psiquismo se desenvolva.
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Fonte: https://image.freepik.com
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contribuição do adulto na apropriação destes objetos, a ideia é que este ofereça meios
– instrumentos – que colaborem para que a criança se aproprie e assimile o uso do
objeto, como a colher, por exemplo, nela está presente o traço que a caracteriza como
ferramenta, torna-se um instrumento para que ocorra a alimentação da criança e, que
se faz, portanto, uma “intermediadora” entre a mão da criança e o alimento. Deste
modo, ocorre a sujeição, a reconversão dos movimentos da mão da criança à forma
do instrumento. Outro exemplo é na leitura de livros.
A as ações instrumentais não são assimiladas imediatamente, há etapas, sendo
que a primeira, tendo o instrumento como continuação da própria mão, suas ações,
são portanto manuais ainda; já na segunda etapa a criança se prende para a relação
instrumento e objeto sob o qual incide a ação, sobre o êxito, este só será alcançado
eventualmente; a terceira fase ocorre quando a mão se adapta às propriedades do
instrumento, resultando nas ações instrumentais de fato. Estas que são dominadas
na primeira infância, estão em constante desenvolvimento no decorrer do tempo. Sua
importância está na assimilação do uso correto dos instrumentos. Os quais se
constituem como princípios baselares da atividade humana, permitindo à criança
perpassar pela autonomia do uso dos objetos.
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dramático, no qual a criança passa a reproduzir traços da sociedade adulta e suas
relações sociais, formando comunidades infantis de representação lúdica, por meio
do jogo dramático a criança satisfaz a necessidade de estar inserida no “mundo
adulto”, que ocorre por meio dos brinquedos.
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9.5 Desenvolvimento da Percepção e das Noções Sobre as Propriedades dos
Objetos
Fonte: colegiosaojudas.com.br
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naturalmente os diversos aspectos a serem ativados no desenvolvimento da
criança: cognitivo/ linguístico, psicomotor, afetivo/ social.
Um dos modos que a criança tem de conhecer o mundo que a cerca, é através
da brincadeira. É por meio desta que a criança descobre, aprende e se desenvolve,
tanto na escola quanto em casa, como também em outros lugares.
Para Vygotsky (1998) o brincar como uma atividade social da criança, cuja
natureza e origem especifica seriam elementos fundamentais para o desenvolvimento
cultural, ou seja, o brincar como compreensão da realidade.
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O autor defende que o brinquedo é o principal meio de desenvolvimento cultural
da criança. O brincar atua nas zonas de desenvolvimento proximal e real da criança.
É brincando que a criança se comporta, além do seu comportamento habitual, diário,
vivenciando desafios e situações novas.
Elkonin (1998) comenta que o brincar é uma atividade social, humano que supõe
contextos sociais e culturais. Segundo ele, o jogo/ brinquedo tem a capacidade de
reconstrir as relações sociais.
O adulto deve servir como orientador, motivador e estimulador do brincar. No
ambiente escolar, o professor, que além de mediar a brincadeira, deve brincar junto.
Brincar propicia a aprendizagem por ser estimulador e motivador, ele faz com que a
criança tenha um motivo para realizar determinada ação e para as crianças pequenas
a aprendizagem acontece no concreto, quando esta participa do processo de
apropriação, explorando um pente, por exemplo. Após ver um adulto utilizando o
mesmo, ela passa a utilizar este objeto de acordo com sua função social: pentear.
Num segundo momento passará a utilizar o pente como barco, avião, neste momento
ela já se apropriou do objeto, porém utiliza-o além da função para o qual ele foi criado.
Defendemos que na escola a criança deve participar de atividades que exijam mais
de sua psique, pois cada local deve propiciar atividades diferentes às crianças. Sava
(1975, p. 14; apud MOYLES, 2002, p. 4) afirma que:
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Aprendizado e desenvolvimento são inseparáveis desde o nascimento da
criança, sendo os atos intelectuais decorrentes de práticas sociais, assim, o indivíduo
se faz humano apropriando-se da humanidade produzida historicamente.
Vygotsky (1998) também propõe a investigação da riqueza de informações da
criança e o estudo de suas outras capacidades que não possuem ligação direta com
o conhecimento que ela tem, mas que desempenham papel importante em seu
desenvolvimento.
Diante disso, fazemos um alaerta para questões da aprendizagem escolar,
atribuindo um valor significativo a ela. A aprendizagem escolar é responsável por
produzir algo fundamentalmente novo no desenvolvimento da criança, principalmente
no âmbito dos conteúdos operacionais que promovam uma aprendizagem indireta,
mas são fundamentais para o desenvolvimento infantil.
Feitas todas as defidas considerações, afirmamos ser a Primeira Infância e a
Atividade Objetal Manipulatória, um período crucial, onde a mediação é de extrema
importância para propiciar à criança aprendizagem e desenvolvimento. É neste
momento ímpar da vida que a criança começa a desenvolver o psíquico de maneira
organizada, pois por meio da fala consegue começar a entender o mundo e a se
relacionar melhor com o mesmo, além de iniciar a constituição do pensamento.
É nesse período que se desenvolve, também, através da mediação, os sentidos,
o motor e o psíquico. A Atividade Objetal Manipulatória significa o início deste
processo, onde inicialmente a criança apenas conhece o objeto, posteriormente ela
aprende a utiliza-lo de acordo com a função para a qual ele foi criado pela sociedade,
e por último, utiliza o objeto simulando que o mesmo é outro, ou seja, por meio da
imaginação, uma caixa vira avião, nesta etapa além de já ter aprendido a função do
objeto a criança ainda, o utiliza de forma criativa.
O professor, portanto, é determinante na formação da criança, tendo em vista
que é por meio da mediação, sistematização, orientação, que a criança adquirirá os
conhecimentos construídos socialmente durante a história da humanidade. Para
Vygotsky (1998) o professor deve apresentar tudo a criança, o que “[...] reafirma para
a educação o desafio de possibilitar que as novas gerações se apropriem das
máximas qualidades humanas criadas ao longo da história pelos homens e mulheres
que nos antecederam” (MELLO, 2007, p.12).
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11 O ENSINO FUNDAMENTAL NO BRASIL – UMA ANÁLISE DA EFETIVAÇÃO
DO DIREITO À EDUCAÇÃO OBRIGATÓRIA
Fonte: info.geekie.com.br
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produtivo que se consubstancia com mais veemência na segunda metade daquele
século. Sendo assim,
Fonte:anpae.org.br
41
Quanto ao atendimento escolar da população de 7 a 14 anos (considerado
obrigatório até 2005), também se nota um exacerbado crescimento nas últimas
décadas. Segundo Gonçalves (2010),
Assim, esta etapa passou a sofrer uma considerável expansão, o que fez com
que, já ao final do século XX, o ensino fundamental obrigatório estivesse praticamente
universalizado no que diz respeito ao acesso, chegando em 2000 com 94,9% de
atendimento, ampliando-se, em mais 2% na última década.
Fonte:anpae.org.br
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“Passávamos da exclusão da escola para a exclusão na escola. Os alunos
chegavam ao sistema de ensino, lá permanecendo alguns anos, mas não
concluíam qualquer etapa do seu processo de formação, em virtude de
múltiplas reprovações seguidas de abandono” (OLIVEIRA, 2007, p. 671).
Fonte:anpae.org.br
Sendo assim, nas últimas três décadas, a principal forma de exclusão já não é a
falta de escola, nem a evasão e nem mesmo a não conclusão do ensino fundamental.
Gradual, embora tardiamente, essa barreira foi sendo suprimida. Por consequência,
as parcelas da população que não concluíam o ensino fundamental passaram a fazê-
lo, demandando, com isso, a busca pela continuidade de sua escolarização, forçando,
inclusive, a ampliação do ensino médio, entre outras políticas de inclusão. No entanto,
o acesso e permanência até a conclusão dessa etapa, não se revelou em sucesso na
aprendizagem e a qualidade passa, então, a ser o centro das discussões.
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qualidade, que é a indicada pela capacidade cognitiva dos estudantes, aferida
mediante testes padronizados em larga escala, nos moldes do Sistema Nacional de
Avaliação da Educação Básica (SAEB), da Prova Brasil, do Exame Nacional do
Ensino Médio (ENEM) e Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior
(SINAES).
Fonte:anpae.org.br
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se associado a esta organização, utiliza seus parâmetros e processos avaliativos para
conduzir nossas políticas educacionais.
Fonte:anpae.org.br
Parece que o grande desafio do atual momento histórico, no que diz respeito
ao direito à educação, é fazer com que ele seja, além de garantido e efetivado
por meio de medidas de universalização do acesso e da permanência, uma
experiência enriquecedora do ponto de vista humano, político e social, e que
consubstancie, de fato, um projeto de emancipação e inserção social.
Portanto, que o direito à educação tenha como pressuposto um ensino básico
de qualidade para todos e que não (re)produza mecanismos de diferenciação
e de exclusão social.
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na qualidade da educação como intencionava. Findada a sua vigência, a maioria das
metas instituídas não foi cumprida, necessitando ser retomadas, embora com outro
formato, no plano subsequente, cuja construção entra em cena entre 2009 e 2010.
A gestação do novo PNE para o decênio 2011-2020, que ora tramita no
Congresso Nacional, mais uma vez, foi fruto de diversas discussões pelo país a fora,
através da Conferência Nacional de Educação (CONAE) realizada nos âmbitos
municipais, estaduais e federal com a participação dos vários segmentos da
comunidade escolar e da sociedade civil organizada, da qual resultou um Documento-
Referência com as bases para a configuração do novo Plano, a partir de suas
deliberações, constituindo-se num “referencial político e marco para a educação
nacional e para as políticas de Estado” segundo o Documento Por um Plano Nacional
de Educação (2011-2020) como política de Estado (ANPEd, 2011). O Projeto de Lei
(PL) do novo PNE (PL nº 8.035/2010) foi encaminhado pelo MEC em dezembro de
2010 ao Poder Legislativo. Entretanto, conforme o referido documento (ANPEd, 2011),
[...] deve ter vigência decenal e ser expressão de uma política de Estado que
garanta a continuidade da execução e da avaliação de suas metas perante
as alternâncias governamentais e relações federativas; deve ser entendido
como uma das formas de materialização do regime de colaboração entre
sistemas e de cooperação federativa; deve ser resultado de ampla
participação e deliberação coletiva da sociedade brasileira, incluindo, nesse
processo, as conferências de educação, como loci constitutivos e
constituintes do processo de discussão, elaboração e aprovação do PNE;
deve avançar na correção de deficiências e lacunas do atual Plano, como
também contribuir para o aprimoramento, o avanço e a organicidade das
políticas educacionais em curso no país (p. 692).
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da expansão, democratização do acesso, permanência e conclusão de todos, sem
qualquer tipo de exceção, com a devida qualidade em todas as etapas, níveis e
modalidades da educação, considerando a histórica dívida brasileira, que até o
momento, ainda continua ativa. É fato que os instrumentos legais até o momento
instituídos e as ações necessárias para sua efetiva execução não deram conta de
liquidá-la, seja pela inoperância e descomprometimento dos poderes com a massa
social excluída, seja pela ainda retraída participação social nos rumos do país.
O desafio de qualidade hoje não pode ser enfrentado sem alterações profundas
na agenda das políticas educacionais. Sobre isso, Arelaro (2005) discorre que o
primeiro impasse do ensino fundamental público no Brasil diz respeito à necessidade
de se criar um novo modelo de referência de “qualidade escolar”, em que o ensino
para todos possa significar, genuinamente, “ensino de qualidade para todos”.
Assim, com base em Freitas (2008),
50
12 CENÁRIO ATUAL DO ENSINO FUNDAMENTAL NO BRASIL
51
Fonte: estadao.com.br
Alguns dados do censo escolar de 2011 também são alarmantes, pois revelam
elevado percentual de escolas da Educação Básica com até cinco salas de aulas
(52%), além de expressivo número de escolas sem biblioteca ou sala de leitura nas
regiões Norte (80%) e Nordeste (76%). Além disso, enquanto mais de 70% das
escolas do Sudeste, Sul e Centro-Oeste têm acesso à internet, nas regiões Norte e
Nordeste esses percentuais são radicalmente menores (19% e 25%,
respectivamente).
Em relação ao investimento público na educação, os dados apresentam
aumento de investimento no período de 2000 a 2010. De acordo com dados do INEP
o percentual do investimento público total em relação ao PIB, vem aumentando nos
últimos anos. Em 2000, esse percentual era de 3,9% e, em 2010, de 5,1%.
Paralelamente, o percentual de gastos com a educação terciária sobre a educação
básica se vem reduzindo, passando de 11,1% em 2000 para 5,1% em 2010.
Os dados do Censo Escolar de 2011 sobre o professor brasileiro, revelam um
total de 68,2% de docentes dos anos iniciais do Ensino Fundamental com formação
superior, percentual que sobe para 84,2% entre os professores das séries finais do
Ensino Fundamental. Porém, vale destacar que ainda há, no Brasil, 31,8% de
professores sem nível superior atuando como professores das séries iniciais do
Ensino Fundamental, em desacordo com a formação mínima exigida pela Lei de
Diretrizes e Bases - LDB 9394 (BRASIL, 1996).
52
Daqueles que estão cursando a graduação, 185.074 professores, praticamente
a metade (48,6%) está matriculada em cursos de Pedagogia (INSTITUTO NACIONAL
DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA, 2012). Portanto,
observa-se que, na educação básica, há um grande predomínio de pedagogos. Mas
em que medida tais profissionais finalizam seus cursos com as competências
necessárias para formar alunos de 1ª a 4ª séries? Em outras palavras, qual o grau de
competência para ensinar dos professores que atuam nas séries iniciais do Ensino
Fundamental?
53
desenvolvimento de competências se dá tanto por meio da aprendizagem individual
como coletiva. Essa abordagem de competência pode ser aplicada tanto na
organização escolar, em relação aos alunos, como nas organizações empresariais,
em relação ao desenvolvimento de pessoal.
54
desempenho escolar, pois os alunos que demonstraram melhor compreensão textual
também apresentavam desempenho escolar mais satisfatório nas disciplinas. Esses
dados foram discutidos à luz das implicações positivas que a compreensão em leitura
tem para a aprendizagem de diferentes conteúdos escolares. Os resultados obtidos
pelos autores confirmam as considerações de vários outros autores sobre o quanto a
compreensão em leitura pode minimizar as dificuldades escolares e melhorar o
desempenho escolar.
Contudo, são muitos os que ainda têm dificuldade com a leitura, mesmo na
terceira série que seria o momento onde se esperaria o término da fase de
alfabetização. A título de exemplo, os resultados do Proalfa 2008, em Minas Gerais,
indicam 27,5% dos alunos do terceiro ano de escolaridade em um nível abaixo do
recomendável de alfabetização (SILVA, CAFIERO, 2011).
O Decreto nº. 3276, de 1999, que regulamenta esse artigo da LDB, especifica
em seu art. 2, segundo parágrafo, que a “formação em nível superior de professores
para a atuação multidisciplinar, destinada ao magistério na educação infantil e nos
anos iniciais do ensino fundamental, far-se-á exclusivamente em cursos normais
superiores”. (BRASIL, 1999).
A legislação que regulamenta a formação de professores quase sempre
consegue se constituir num mecanismo de sustentação do status quo da educação,
longe de se transformar em proposta que viabilize mudanças. Os currículos dos
cursos de pedagogia e normal superior que conseguem prover o alunado das
competências necessárias ao exercício do magistério na área do primeiro ciclo do
ensino fundamental, durante muito tempo, tinham habilitações que não contemplavam
os conhecimentos significativos capazes de assegurar o desempenho desses alunos.
Vejamos as disciplinas obrigatórias do currículo do curso de Pedagogia para a
55
habilitação às séries iniciais do Ensino Fundamental, de acordo com o Art. 1º da
Resolução CNE/CES nº 1, de 1º de fevereiro de 2005:
I - Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental;
II - Metodologia do Ensino Fundamental
III - Prática de Ensino - Estágio Supervisionado na Educação Básica, com carga
horária mínima de trezentas horas, de acordo com o disposto no art. 65, da Lei N°
9.394/96. (BRASIL, 2005).
Na Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental os alunos conhecem e
criticam a legislação que regulamenta o funcionamento do sistema de Ensino
Fundamental e que condiciona uma estrutura que sustenta a perpetuação do mesmo;
e estabelecem relações entre a realidade do sistema e a proposta legal. Embora
tomem conhecimento das diretrizes educacionais emanadas do poder público, assim
como a legislação do ensino, o círculo vicioso das decisões centradas nos órgãos
superiores da administração continua relegando os alunos e seus responsáveis a um
segundo plano, como seguidores das regras ditadas na legislação.
Esse caráter cartorial que a legislação confere à educação transforma a
administração dos sistemas escolares em um processo burocrático em que as
atividades meio dirigem as atividades fim. Tal quadro é, em parte, responsável pelos
deficientes resultados das avaliações de desempenho dos alunos.
Na Metodologia do Ensino Fundamental, método implica conteúdo e quando
se trata das questões de currículo não convém nunca deixar de associar conteúdo e
forma de ensinar (PARO, 2011).
Porém, o conteúdo do currículo do curso de Pedagogia, centrado nos
Fundamentos e na História da Educação, não dá condições para o estabelecimento
das competências requeridas para que o professor atue de maneira efetiva nas séries
iniciais do Ensino Fundamental. Esse professor, quando aluno, entra na Universidade
por uma porta estreita. Sabemos que os integrantes do Curso de Pedagogia, de um
modo geral, são os alunos com as menores médias nos resultados do ENEM,
mostrando-nos uma deficiência considerável no âmbito da cultura geral. Este quadro
de deficiência de conhecimentos básicos não é suprido nem pelo currículo do ciclo
básico, nem pelos conhecimentos específicos do curso de Pedagogia. Se os domínios
dos conhecimentos básicos do ensino médio não foram alcançados integralmente,
fica difícil uma leitura crítica de um texto, um estabelecimento de relações entre o
56
pensamento de autores, uma síntese capaz de identificar conceitos principais. Isso
leva os alunos de Pedagogia a uma repetição não crítica de textos e memorização de
chavões que não os ajudam. Muitos apresentam dificuldades para ler uma tabela
estatística, não sabem interpretar e diferenciar resultados absolutos e relativos e
examinando uma pirâmide de matrícula são incapazes de interpretá-la quanto ao nível
de produtividade da escola. Além dessas incapacidades básicas de leitura, escrita e
conhecimentos numéricos, aliasse a ignorância da História e Geopolítica do Brasil,
mas repetem bem os chavões da Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire, o
ajustamento das gerações ao legado das tradições de Durkheim, o desenvolvimento
da inteligência de Piaget, alguns trechos da obra de Bourdieu e Passeron, o
positivismo de Comte, o pragmatismo de Dewey e também as teses marxistas de
alguns autores que nunca leram O Capital.
Esse quadro dá aos pedagogos a impressão de que têm competência na área
educacional, mas são professores incapazes de ensinar, pois só aprenderam a repetir.
Nos momentos de crise, como a que vivemos em educação, se repetirmos os mesmos
procedimentos, não saímos dela. Há necessidade de se inovar, com base na criação
de competências no âmbito daquela cultura necessária aos alunos das séries iniciais
do Ensino Fundamental: ler, escrever e contar – de modo a viver e compreender o
mundo que os cerca, as realidades que precisam ser conhecidas, problematizadas e
mudadas, de acordo com o nível de maturidade psicológica dos alunos. Em outras
palavras, é preciso começar a formar cidadãos capazes de escolher valores básicos
e, através deles, desenvolver uma práxis capaz de construir a sociedade com que
sonhamos. Embora tal preocupação ainda não tenha alcançado os níveis de
efetividade necessários e suficientes para a solução dos problemas básicos da
educação brasileira, é imperativo que prossigamos trilhando os caminhos que nos
indiquem a direção a ser percorrida.
As políticas educacionais tentam resolver este problema através de iniciativas
globais, sem levar em conta diagnósticos específicos de cada escola. Numa crítica ao
parecer de Capanema ao projeto da antiga LDB de 1961, Anísio Teixeira afirmava que
os educadores não podem ser transformados em “executores rígidos de programas
oficiais, e os livros didáticos em manuais ‘oficializados’ e conformes, linearmente com
os pontos dos programas” (TEIXEIRA, 1976, p. 85).
57
Como um sintoma da situação descrita, é preciso considerar as reflexões feitas
por Oliveira (2010) a partir das preocupações dos professores de um curso de
Pedagogia com a resistência das alunas em relação ao exercício da docência. Por
diversas razões, com destaque para a questão da baixa remuneração, os alunos de
Pedagogia apostam na amplitude da formação como uma possibilidade de sair da sala
de aula e não como um caminho para potencializar a prática de ensino. Nesse sentido,
cabe a discussão da profissionalização docente feita por diversos autores e
consolidada por Gatti, Barreto e André (2011). Esses autores rejeitam a formação de
professores a partir de uma posição missionária ou de ofício e consideram que o
docente precisa ser um profissional com “condições de confrontar-se com problemas
complexos e variados, estando capacitado para construir soluções em sua ação,
mobilizando seus recursos cognitivos e afetivos” (GATTI; BARRETO; ANDRÉ, 2011,
p. 93).
Na pesquisa de Penna (2012), com professoras das primeiras séries do ensino
fundamental, ficou evidenciado que a relação estabelecida pelas professoras com o
universo do conhecimento científico e escolar é uma “relação utilitária e superficial
com o conhecimento científico”, decorrente de aprendizado ocorrido nos momentos
de formação inicial ou de formação continuada e referido à sua aplicabilidade prática.
Além disso, Penna também não encontrou nos professores pesquisados preocupação
com a necessidade de se apropriar do conhecimento das disciplinas escolares que
deveriam ensinar a seus alunos.
Se os professores não possuem apropriação do conhecimento científico e a
competência necessária para a atuação docente, só se pode esperar dos alunos um
desempenho deficiente.
Evidentemente não se pode atribuir apenas à formação dos professores a
responsabilidade sobre o desempenho atual das redes de ensino, pois múltiplos
fatores convergem para isso (GATTI; BARRETO; ANDRÉ, 2011).
Contudo, esse quadro de incompetência dos pedagogos é, em grande parte,
responsável pela construção de um círculo vicioso e histórico de reprodução da
incompetência: se os professores não têm domínio do conteúdo, o desempenho dos
alunos só pode ser deficiente. E não será uma Metodologia do Ensino Fundamental
que irá solucionar o problema; método necessita, antes de tudo, de definição de
conteúdo. Os currículos dos cursos de Pedagogia partem do princípio de que os
58
alunos dominam os conteúdos do Ensino Fundamental e partem para a Metodologia
do Ensino Fundamental, sem ao menos uma revisão dos conteúdos básicos. Temos
de reconhecer essa deficiência. Apesar de a pesquisa em educação ter procurado
obter informações que possibilitem relacioná-las ao contexto político e social,
permitindo a priorização de áreas no âmbito das políticas educacionais, a identificação
das dificuldades no âmbito da formação de professores, ainda não identificou as
competências do magistério no nível dos conteúdos do currículo do ensino
fundamental, o que certamente irá mostrar as lacunas de conhecimento nessa área e
que acabam se constituindo na falta de competência do alunado.
Há necessidade de se certificar os professores em exercício, a fim de que,
identificadas as deficiências de formação, possamos oferecer cursos de atualização
capazes de sanar as deficiências encontradas e despertar no professor a vontade de
um contínuo aprimoramento profissional. Uma pesquisa realizada por Chakur (2005)
investigou se existiriam diferenças entre professores de acordo com o tempo de
exercício da profissão. Foram entrevistadas 14 professoras de 1ª a 4ª séries do Ensino
Fundamental de uma escola pública paulista sobre histórias hipotéticas, cada qual
contendo o problema a ser julgado/solucionado e com análise baseada em critérios
do referencial piagetiano. Os resultados indicaram que os depoimentos dos
professores se distribuem pelos mesmos níveis encontrados em pesquisas anteriores
com professores de 5ª a 8ª séries.
60
livros de Prática de Ensino o MEC chegou a propor) são insuficientes para resolver o
problema, que é pontual e deve ser tratado com foco em cada professor, de modo a
valorizá-lo de acordo com seu nível de desempenho. Soluções gerais são vícios da
nossa política educacional ainda sitiada na centralização do processo de tomada de
decisões, que outorga um nível de facilidade para quem dirige o sistema. (GOULART
JUNIOR; LIPP, 2008). A consciência de que somos uma federação com
características e problemas locais diferentes, e não uma república unitária é
fundamental para enfrentarmos o problema da capacitação dos professores em nível
local, para que possam exercer seu ofício com competência e dignidade, embora não
seja tarefa de solução simples.
A pesquisa educacional é um dos instrumentos indicados para a identificação e
construção do conhecimento sobre tais problemas, mas não tem sido prioritária
porque o Estado que tudo resolve não tem como objetivo identificar problemas, mas
propor regras para que os problemas não surjam.
Aluno e professor são faces de uma mesma moeda. Não há como falar em
melhorar o nível de competência dos alunos, sem investir na melhoria da competência
do professor que ensina. Acreditando nesse binômio “professor aluno”, Oliveira e
Alves (2005) apresentam dados de professores do Ensino Fundamental, analisando
o entendimento do papel do professor no processo de estimulação e manutenção do
interesse dos alunos pela escola. O referencial teórico adotado compreende o
desenvolvimento humano pela interação social mediada e os autores realizaram
entrevistas com cinco professoras, abordando temas da formação, concepções sobre
“bons e maus alunos” e definições sobre estimulação e motivação. Os resultados
mostram satisfação pela profissão, contudo, queixas da má remuneração e
desvalorização no magistério. Os autores destacam a necessidade de
instrumentalizar esses docentes para atuarem como mediadores no processo de
ensino-aprendizagem, buscando coerência nas concepções dos professores e dos
alunos, evitando desinteresses, processos de fracasso e evasão escolar.
61
Fonte: blogs.universal.org
Fonte: https://4.bp.blogspot.com
O período entre os anos de 1930 e 1961 foi marcado por importantes reformas
educacionais no Brasil. De acordo com Saviani (2004), em 1930 foi criado o Ministério
da Educação e Saúde Pública, com titularidade da pasta para Francisco Campos, que
apresentou os decretos criando, o Conselho Nacional de Educação (CNE) destinado
a cuidar das questões educacionais, analisar e propor soluções pertinentes, criando
também os Estatutos das Universidades brasileiras e organizando o ensino
secundário e comercial.
64
Em meio a manifestos de intelectuais da educação e diversos setores da
sociedade foi promulgada a Constituição de 1934 que contemplou a educação em
onze artigos, dentre eles firmava a responsabilidade do Governo e da família para
com a educação e assegurava além da gratuidade, a obrigatoriedade do ensino
primário, conforme estava descrito no item “a” do parágrafo único do artigo 150: "O
ensino primário integral e gratuito e a frequência obrigatória, extensivo aos adultos
[...]". (BRASIL, 1934). A Constituição de 1934 fixava também o Plano Nacional de
Educação (PNE), competindo sua elaboração ao Conselho Nacional de Educação,
elaborado somente no ano de 1962.
Uma nova Constituição Federal foi promulgada em 1946 e no que tange a
educação definiu como responsabilidade da União fixar as Diretrizes e Bases da
educação Nacional. Em consequência disso, foi elaborado e encaminhado ao
Congresso Nacional um projeto que após longo e conturbado período de tramitação,
resultou na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), sancionada em
1961 que mantinha a estrutura vigente até então, assegurando o ensino primário
obrigatório a partir dos sete anos de idade podendo ser ministrado em quatro ou seis
séries conforme especificidades técnicas a serem introduzidas. (SAVIANI, 2004).
A extensão da obrigatoriedade escolar foi alterada dez anos depois por uma
nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de nº 5.692/1971, que institui
o ensino de 1º grau (ensino fundamental) obrigatório dos sete aos quatorze anos, com
oito anos de duração. (BRASIL, 1971).
Nos anos noventa uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
de nº 9.394/1996 foi sancionada. A mesma, vigente até os dias atuais, com algumas
alterações promovidas ao longo dos quase vinte anos que se passaram desde sua
sanção, trata da universalização da Educação Básica. Essa LDB possibilitou o
atendimento em creches e pré-escolas à crianças de zero a seis anos de idade, já que
aos sete anos a criança ingressava no ensino fundamental. A Lei apresentava também
a organização da educação básica em três etapas: Educação Infantil, Ensino
Fundamental e Ensino Médio, que permanece em vigor atualmente.
Como se pode perceber, por meio das legislações, no Brasil historicamente a
idade mínima para o ingresso na escolarização foi de sete anos de idade.
Nos últimos anos, porém houve um interesse crescente em ampliar esse
ingresso para as crianças de seis anos e aumentar o período de duração do ensino
65
obrigatório de oito para nove anos. Esse interesse pode ser constatado na própria
LDB de 1996, quando faculta aos municípios, estados, distrito federal e a União a
matrícula no ensino fundamental de crianças a partir dos seis anos de idade e também
quando no PNE de 2001 apresenta como objetivos e metas ampliar o ensino
fundamental para nove anos com ingresso a partir dos seis anos de idade.
Concretizando o primeiro passo nessa direção, em 2005 foi sancionada a Lei nº
11.114/2005 que antecipou o marco etário dos sete para os seis anos de idade,
alterando o artigo 6º da LDB nº 9.394/96: "É dever dos pais ou responsáveis efetuar
a matrícula dos menores, a partir dos seis anos de idade, no ensino fundamental".
(BRASIL, 2005, p.1). Entretanto, essa mesma lei não mencionava a obrigatoriedade
de os sistemas organizarem o ensino fundamental com duração de nove anos.
Em fevereiro de 2006 a Lei nº 11.274/2006 alterou o artigo 32º da LDB, Lei nº
9.394/96 passando a vigorar com o seguinte texto: "O ensino fundamental obrigatório,
com duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando aos 6 (seis) anos
de idade [...]”. (BRASIL, 2006, p. 1).
A partir dessa alteração, o ensino fundamental fica organizado em Anos Iniciais,
com duração de 5 (cinco) anos com ingresso aos 6 (seis) anos de idade e Anos Finais
com duração de 4 (quatro) anos e ingresso aos 11 (onze) anos de idade. A
nomenclatura das etapas anuais escolares, também recebe alteração, passando de
série (1ª à 8ª) para ano (1º ao 9º). A Lei nº 11.274/2006 em seu artigo 5º determinou
que essa implantação ocorresse progressivamente até o ano 2010.
A nova legislação veio de fato consolidar a proposta de expansão do Ensino
Fundamental manifestado na LDB nº 9.394/1996 e no PNE de 2001. Essa expansão
teve por objetivos melhorar as condições de equidade e de qualidade da Educação
Básica; estruturar um novo ensino fundamental para que as crianças prossigam nos
estudos, alcançando maior nível de escolaridade; assegurar que, ingressando mais
cedo no sistema de ensino, as crianças tenham um tempo mais longo para as
aprendizagens da alfabetização e do letramento. (BRASIL, 2009, p.03).
Segundo o Plano Nacional de Educação de 2001 em sua meta de número 2, a
implantação do ensino fundamental de nove anos tem duas intenções que são:
“oferecer maiores oportunidades de aprendizagem no período da escolarização
obrigatória e assegurar que, ingressando mais cedo no sistema de ensino, as crianças
prossigam nos estudos, alcançando maior nível de escolaridade”. Indica ainda que
66
essa implantação deve ocorrer progressivamente com devido planejamento e
seguindo as diretrizes norteadoras para o desenvolvimento integral da criança.
(BRASIL, 2001).
Com a aprovação do Plano Nacional de Educação em 2014, se estabelece
como Meta 2: “universalizar o ensino fundamental de 9 (nove) anos para toda a
população de 6 (seis) a 14 (quatorze) anos e garantir que pelo menos 95% (noventa
e cinco por cento) dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada, até o
último ano de vigência deste PNE”. (BRASIL, 2014). O que estabelece uma nova fase
para melhoria nos processos educacionais nos próximos 10 anos.
Observa-se na intencionalidade dessa expansão que a antecipação, e que o
tempo maior na escola, além de visar à qualidade do ensino, buscam a garantia da
inclusão de mais crianças no sistema escolar principalmente aquelas menos
favorecidas.
Em sua efetivação, a ampliação do ensino fundamental de oito para nove anos
exige mudanças na escola, na proposta pedagógica, no material didático, na formação
de professores, bem como nas concepções de espaço-tempo escolar, currículo,
aluno, professor e metodologias.
Essa necessidade de reorganização estrutural e conceitual se mostra mais
importante ainda para a inserção das crianças de seis anos no ensino fundamental.
Considerando o novo cenário educacional, o processo de alfabetização e letramento
merece uma atenção especial, para que não ocorra uma adaptação simplista do
currículo das séries anteriores à reestruturação do ensino fundamental, para esse
novo perfil de alunos, que chegam mais cedo a esse nível de ensino, de modo que
não sejam prejudicados por uma prática didática que reduza sua fase de infância.
67
de Nove Anos se insere nessas mudanças, por isso se desperta a necessidade de
conhecer os processos que fazem parte do contexto dessa ampliação.
Para Abreu,
Mas é preciso olhar além das políticas nesse processo da organização do ensino
fundamental. A organização pedagógica exige entender a alfabetização como parte
imprescindível da inserção do educando nos processos educacionais.
68
O papel da escola é o de ser o ambiente adequado para que o professor
possa exercer da melhor forma possível o seu papel. [...] O papel do professor
é elevar os alunos do nível não elaborado, do nível do conhecimento
espontâneo, de senso comum, para o nível do conhecimento científico,
filosófico, capaz de compreender o mundo nas suas múltiplas relações e,
portanto, passar da visão empírica, fragmentada do mundo, para uma visão
concreta, articulada (SAVIANI, 2010).
De acordo com o autor, é pela educação e pelas relações sociais que o homem
se desenvolve, e não há sociedade sem educação. Mas a educação está a serviço
das classes sociais de uma época, e subordinada aos interesses de grupos
dominantes. A escola é a instituição cujo papel na sociedade é o de responsabilizar-
se pela educação formal dos cidadãos, estando sujeita à reprodução das
desigualdades próprias de uma sociedade de classes, ou, contrariamente,
posicionando-se como um dos agentes em condições de contribuir para a
transformação desta.
Segundo Sousa Jr:
69
Fonte: www.escolaestrelatatuape.com.br
70
No contexto dessa ampliação do tempo de escolarização, destacamos aqui os
processos de Alfabetização e Letramento, pois a Lei nº 11.274/2006, que consolidou
essa proposta trouxe uma nova perspectiva para a educação. Sendo que essa
ampliação não objetivava apenas o aumento no tempo de escolarização, mas
principalmente maiores oportunidades de aprendizagem.
72
O termo letramento também passou a ser incorporado no meio educacional,
ampliando o entendimento do uso da escrita e da leitura como interação social. Por
isso, não é suficiente saber ler e escrever, mas compreender esse processo e usá-lo
como meio de inserção na cultura letrada. Nessa direção, Soares (2010, p. 18), define
letramento como “o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e escrever: o
estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como
consequência de ter-se apropriado da escrita”. A autora também diz que:
Há, assim, uma diferença entre saber ler e escrever, ser alfabetizado, e viver
na condição ou estado de quem sabe ler e escrever, ser letrado [...]. Ou seja:
a pessoa que aprende a ler e a escrever – que se torna alfabetizada – e que
passa a fazer uso da leitura e da escrita, a envolver-se nas práticas sociais
de leitura e de escrita – que se torna letrada – é diferente de uma pessoa que
não sabe ler e escrever- é analfabeta – ou, sabendo ler e escrever, não faz
uso da leitura e da escrita – é alfabetizada, mas não é letrada, não vive no
estado ou condição de quem sabe ler e escrever e pratica a leitura e a escrita
(2010)
73
sabe, ela for capaz de ampliar e desafiar a construção de novos conhecimentos”
(REGO, 2011, p. 108).
O que é importante assinalar, especialmente a respeito da alfabetização, numa
perspectiva de humanização dos sujeitos, é que a aprendizagem e o desenvolvimento
humano, seja na escola ou nas relações cotidianas, são fundamentais na elaboração
de novas formas de pensamento, inserção e atuação no meio em que vive.
A Constituição de 1988, ao reafirmar a educação como direito constitucional de
todos os cidadãos, é bastante clara a respeito da finalidade a ela atribuída, onde para
além da cidadania visa o pleno desenvolvimento da pessoa. Esse artigo da
Constituição Federal assegura a educação como um direito do cidadão, o que
proporcionaria, dessa forma, igualdade de oportunidades.
A partir da LDB nº 9.394/96 e da Lei nº 11.274/2006, propõe-se uma nova
orientação metodológica para o currículo, em busca da formação humana coletiva.
Intensificando os debates em torno da questão da alfabetização, que exige uma
compreensão mais ampla do que aquela limitada ao processo em si (BRASIL, 2006).
Fonte: https://www.cidadenova.org.br
75
projeto político pedagógico, adequação dos conteúdos, qualificação profissional,
reuniões mais frequentes com o grupo de docentes, implicando efetivamente numa
reestruturação de processos e princípios pedagógicos.
Para efetivar uma postura em que é levada em consideração a prática efetiva da
alfabetização e do letramento, o trabalho deve ser atentamente reelaborado e
resinificado para que as exigências estejam de acordo com a capacidade dos
indivíduos envolvidos em cada parte do processo.
Mudanças como essas precisam também estar atreladas a exigência ética e
administrativa dos governantes, em que promovam políticas educacionais
comprometidas verdadeiramente com o desenvolvimento de uma sociedade
consciente de seus direitos, que tenha espaços críticos e democráticos para a
manifestação e a construção da cidadania. Com esse propósito, pode-se concluir que
é necessária a aplicação efetiva do que os documentos legais apontam como
concepção e, que determinam a concretização das políticas educacionais. (ABREU,
2012)
Contudo, enquanto a possibilidade de implantação de uma política pública
educacional destinada a proporcionar uma melhoria substancial na qualidade da
educação não acontece, é preciso buscar melhores condições de integração com os
atores envolvidos diretamente nesse processo educativo, almejando uma educação
que possibilite uma construção integral e cidadã dos estudantes e professores para
além dos muros da escola. Certamente, o comprometimento de cada um é indiscutível
para que isso aconteça.
76
16 BIBLIOGRAFIA BÁSICA
FILHO, Altino José Martins; Criança Pede Respeito: Ação Educativa na Creche e
na Pré-escola, 2º edição 2015 Mediação.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
ANGOTTI, Maristela (Org.). Educação Infantil: para que, para quem e por quê?
Campinas, SP: Alínea, 2014.
ARCE, A. MARTINS, L.M. (Orgs.). Ensinando aos pequenos de dez meses a três
anos. Campinas: Alínea,2009.
KRAMER, Sonia. Com a pré-escola nas mãos. 3. ed. São Paulo: Ática, 1999.
77
RIZZO, Gilda. Creche: organização, currículo, montagem e funcionamento. Rio
de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000.
78