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Apresentação
Na Sociologia do Professor Global a influência da política educacional ocorre pela globalização.
Bons estudos.
Introdução
Como você sabe, hoje o mundo é globalizado e grande parte dos países
são adeptos do sistema capitalista. A era tecnológica modificou as relações
interpessoais, de trabalho e de consumo. Além disso, aumentou a quan-
tidade de informações disponíveis. Assim, há muito material circulando
pela internet, mas grande parte dele não é confiável. Além disso, junto
aos benefícios da rede mundial de computadores, apareceram empregos
ilícitos dessa rede, que incluem novos crimes.
Neste capítulo, você vai conhecer melhor esse contexto contempo-
râneo e ver como o professor se insere nele. A ideia é que você reflita
sobre as novas atribuições da educação e sobre o modo como elas se
configuram nos atuais sistemas políticos, econômicos e culturais.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem 116
milhões de pessoas conectadas à internet, o que representa 64,7% de toda a população
com idade acima de 10 anos (GOMES, 2018).
Contudo, essa dinâmica nem sempre foi assim. Com o projeto iluminista,
a educação tinha como finalidade desenvolver um cidadão emancipado e
autônomo, adequado às necessidades do capitalismo, que surgiu nos séculos
XVII e XVIII. A educação deveria ser igualitária e democrática, direcionada à
formação de um indivíduo livre e racional e voltada ao mundo do trabalho na
sociedade burguesa. Nesse cenário, o professor era a autoridade máxima, que
detinha o conhecimento. A ele cabia transmitir as informações aos estudantes,
que o viam com confiança e o encaravam como o detentor do saber.
A escola se universalizou, tornando-se pública e laica, baseada na ideia
de progresso da humanidade. Contudo, o século XX pôs em xeque a ideia de
progresso conduzido pela razão. Os valores iluministas entraram em crise e
surgiu uma nova era de incertezas. Hoje, não existem verdades absolutas. Uma
nova revolução tecnológica também entrou em curso. A tecnologia cresceu
em nível assustador. A invenção do computador, o surgimento da internet
conectando as pessoas de forma global e o desenvolvimento de novos aparelhos
tecnológicos (como o smartphone e a TV digital) modificaram profundamente
o cotidiano da humanidade. Eles influenciam comportamentos e interferem
nas formas de se pensar e agir.
Sociologia do professor global 3
Como todas essas mudanças, como está a educação no século XXI? Qual é
o papel do professor na globalização? O que é ser professor em uma sociedade
globalizada, perpassada por novas tecnologias e diferentes modos de pensar
e fazer história? Pensar a sociologia do professor global é questionar como
o tradicional processo de ensino e aprendizagem se transforma em novas
maneiras de ensinar.
A nova geração de estudantes, que nasceu na era da tecnologia e da ve-
locidade das informações, representa um desafio constante. Para lidar com
esse desafio, o professor precisa se reinventar a cada dia com o objetivo de
construir o conhecimento e socializar o saber. Os estudantes já trazem uma
bagagem de informações que devem ser mediadas pelo professor para que se
transformem em conhecimento útil e relevante para eles.
Qual é a metodologia de ensino do professor global? O que é a nova sala
de aula? Quais são as práticas pedagógicas na sociedade globalizada? Em
primeiro lugar, como você já viu, o professor torna-se mediador do conhe-
cimento. Os métodos e técnicas de ensino e aprendizagem também foram
modificados. Houve uma mudança de modelos e o rompimento de estruturas
que pareciam fixas. A formação de professores está no centro do debate do
mundo da educação. Hoje, se discute muito a necessidade de se realizarem
reformas educacionais.
O discurso da globalização de organismos internacionais prega a necessi-
dade de reformas nas políticas educacionais, que devem se adaptar às exigências
de competitividade política e econômica em nível mundial. A educação, por-
tanto, se torna um meio para o desenvolvimento e a prosperidade econômica,
ficando subordinada a políticas neoliberais. Nesse discurso, se estabelecem
metas para que os países alcancem determinados patamares, respondendo às
demandas do capital internacional.
Exige-se um “novo” professor para uma nova sociedade global. As reformas
atuais da formação de professores pregam que houve um fracasso das escolas
no passado, pois os professores eram incompetentes e ineficazes. Agora, o
governo e os legisladores têm a capacidade de definir o que são um professor
efetivo e uma escola eficiente. As reformas direcionam a ação do professor e
o avaliam de acordo com os objetivos a ele imputados.
Exemplos dessa reforma educacional aconteceram em países como Estados
Unidos, Reino Unido e Nova Zelândia. Neles, os professores são direcionados
a desenvolverem competências estruturadas em habilidades técnicas por meio
de práticas no cotidiano da sala de aula antes de se formarem e poderem le-
cionar. Essas práticas são realizadas no estágio e preparam o professor para a
docência. A prática docente é baseada em métodos já previamente prescritos,
4 Sociologia do professor global
No Brasil, as salas de aula são lotadas e há pouca valorização dos professores, se-
gundo o estudo Políticas Eficazes para Professores: Compreensões do PISA, publicado
pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em
2018 (FERNANDES, 2018).
As escolas públicas no País têm 37 alunos por sala de aula no primeiro ano do
ensino médio. Além disso, o Brasil possui um dos mais altos números de alunos por
professor: 22. Como você pode imaginar, esses dados influenciam significativamente
a quantidade de trabalho dos docentes e a qualidade de ensino (FERNANDES, 2018).
Cada país possui suas particularidades no que diz respeito ao seu sistema
de ensino, aos seus parâmetros curriculares nacionais, ao ingresso e à duração
das formações em cada nível de ensino. Também há distinções em relação
ao status dado à função de professor e aos salários a eles direcionados. Isso
costuma depender da rede de ensino (particular ou pública) e do nível escolar
(ensino fundamental, médio ou universitário). Mas, afinal, há um professor
global? Ora, existem os imponderáveis da vida real e é no cotidiano que os
professores se constroem e podem buscar novas formas de ser, pensar, agir e
significar a sua prática docente.
Você deve considerar que educar para o trabalho é fundamental, visto que o
ser humano necessita do trabalho para garantir a sua sobrevivência. Contudo,
sem uma educação voltada para a cidadania, a formação do educando torna-se
parcial. Ao se tornar instrumento do capital, a educação molda o trabalhador
para a reprodução social, com base nos anseios da sociedade capitalista. É
uma educação para a adequação, não para a transformação.
Mas o que originou as cobranças por um novo perfil de professor na socie-
dade global? A partir da década de 1970, ocorreram profundas transformações
na estrutura da sociedade, principalmente no mundo laboral. O processo de
trabalho sofreu grandes transformações com o desenvolvimento e a introdução
de novas tecnologias e com o declínio do modelo fordista de produção, que
predominara por mais de um século. Essas mudanças criaram a necessidade de
um novo perfil de trabalhador. O trabalhador do século XXI deveria possuir
flexibilidade, ser polivalente, aprender por conta própria, gerir sua própria
carreira, ter eficiência, qualificação, competências, habilidades e sobretudo
empregabilidade, isto é, conseguir se manter empregável para o mercado de
trabalho.
O modelo escolar que preparava o trabalhador para o padrão industrial
fordista de produção foi considerado defasado, pois não atendia mais às exi-
gências da nova fase do capitalismo. A escola foi forçada a se reinventar, sendo
apontada como responsável pelo fracasso do ensino, pela falta de preparo dos
estudantes em sua formação e pelo distanciamento entre os currículos escolares
e as demandas surgidas da globalização.
Os professores tornaram-se bodes expiatórios culpados pelo baixo de-
sempenho dos alunos, sofrendo muitas críticas. Sua formação passou a ser
questionada, tida como apegada a teorias, sem muito vínculo com a prática
demandada pela sociedade global. Com a globalização, a educação foi dire-
cionada às necessidades do capital. Diversos países tiveram de se adequar e
reformar seus sistemas de ensino para aumentar os níveis de sucesso escolar.
Surgiram novas políticas públicas de eficácia, eficiência, efetividade e flexi-
bilidade para reformar as ofertas de educação no ensino público.
Os construtores de políticas públicas e os legisladores defendem a ne-
cessidade de um novo professor para uma nova ordem mundial, para que se
alcance o progresso por meio da mudança. Existe um discurso que afirma
que há a necessidade de reformas estruturais e econômicas para que os países
possam competir igualmente entre si os objetivos pregados por organismos
multilaterais e internacionais.
Assim, como você viu, os sistemas de educação em diferentes países pas-
saram por reformas. Essas reformas envolveram diversos aspectos do sistema
8 Sociologia do professor global
Para saber mais sobre o tema deste capítulo, leia o artigo As políticas sociais e o neolibera-
lismo: reflexões suscitadas pelas experiências latino-americanas, disponível no link a seguir.
https://goo.gl/hnG2nw
BBC NEWS. Mais da metade dos brasileiros não tem diploma do ensino médio, aponta
OCDE. 2018. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-45470956>.
Acesso em: 21 out. 2018.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. 2018. Disponível em:
<http://basenacionalcomum.mec.gov.br/>. Acesso em: 21 out. 2018.
FERNANDES, D. Salas lotadas e pouca valorização: ranking global mostra desgaste
dos professores no Brasil. 2018. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/
brasil-44436608>. Acesso em: 21 out. 2018.
GOMES, H. S. Brasil tem 116 milhões de pessoas conectadas à internet, diz IBGE. 2018.
Disponível em: <https://g1.globo.com/economia/tecnologia/noticia/brasil-tem-116-
-milhoes-de-pessoas-conectadas-a-internet-diz-ibge.ghtml>. Acesso em: 21 out.
2018.
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Leituras recomendadas
ANDERSON, P. Balanço do neoliberalismo. In: GENTILE, P.; SADER, E. (Org.). Pós-neolibe-
ralismo: as políticas sociais e o Estado democrático. 7. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2008.
BIANCHETTI, R. G. Modelo neoliberal e políticas educacionais. São Paulo: Cortez, 1996.
(Questões de Nossa Época, 56).
CHESNAIS, F. La mondialisation du capital. Paris: Syros, 1997.
CURITIBA. Secretaria de Estado da Educação. Sociologia. 2. ed. Curitiba: SEED-PR, 2006.
DRAIBE, S. M. As políticas sociais e o neoliberalismo: reflexões suscitadas pelas expe-
riências latino-americanas. Revista USP, São Paulo, n. 17, p. 86-101, 1993. Disponível em:
<http://www.revistas.usp.br/revusp/article/view/25959/27690>. Acesso em: 21 out. 2018.
FERREIRA, A. O.; MAYCON, J. J. S. A definição do papel da escola e do professor na socie-
dade atual. Revista Vértices, Campos dos Goytacazes, v. 12, n. 3, p. 165-176, set./dez. 2010.
MAUÉS, O. C. Reformas internacionais da educação e formação dos professores. Caderno
de Pesquisa, São Paulo, n. 118, p. 89-117, mar. 2003.
SOUSA JUNIOR, L. Reforma do ensino médio: o que muda com a lei 13.415, de 16/02/2017?
2017. Disponível em: <http://www.sinteppb.com.br/arquivos/reforma_do_ensino_me-
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VIEIRA, M. M. Educação e novas tecnologias: o papel do professor nesse cenário de
inovações. Revista Espaço Acadêmico, Maringá, v. 11, n. 129, p. 95-102, 2012.
Conteúdo:
Dica do professor
Neste vídeo você vai conhecer um pouco mais sobre o professor global.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Exercícios
A) A preocupação que o professor deve ter sempre com os objetivos morais e sociais, guiando-
se por seus princípios.
D) O professor inautêntico se preocupa com suas aspirações e suas metas buscando fazer o seu
melhor com total independência.
D) Um gerente empresarial.
Profissão docente:
Desafios de uma identidade em crise
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