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Biomecânica do Golfe

INTRODUÇÃO

Ao analisarmos o esporte como um todo podemos verificar a ocorrência


de uma evolução ao longo dos anos. Essa evolução apresenta uma íntima
ligação com a articulação entre o campo esportivo e o científico. Por muito
tempo e ainda cotidianamente podemos encontrar concepções empíricas
pautando determinadas ações dentro de uma modalidade esportiva. O
empirismo serviu como base para a prática de diversos esportes, mas as
contribuições da ciência estão cada vez mais presentes no refinamento das
técnicas e progresso individual.
Uma das áreas científicas de maior contribuição para o esporte é a
biomecânica. Através do estudo dos movimentos humanos associados à
atividade muscular e as leis da física, a biomecânica permitiu inúmeros
avanços em diversas modalidades esportivas. Ao buscar uma definição mais
exata da biomecânica podemos consultar Hay (1981) que afirma que a
biomecânica é a ciência que examina as forças internas e externas que atuam
no corpo e seus efeitos.
Assim a biomecânica auxiliou na melhoria de diversas técnicas
esportivas em determinados esportes, sendo que o golfe é um deles. Como o
golfe não é um esporte popular dentro de nosso país o esclarecimento em
relação à modalidade é limitado. Dessa forma esse trabalho busca apresentar
os conceitos da biomecânica aliados à prática do golfe e como os domínios
desses conceitos auxiliam na prática do cotidiano permitindo uma melhora no
desempenho individual.
1. O GOLFE
Para permitir uma melhor compreensão em relação às demandas do jogo
de golfe será apresentada uma breve explanação em relação à forma que o
jogo se desenvolve. Dentro do golfe o objetivo é conseguir alcançar o buraco
com o menor número de tacadas possíveis. Dessa forma tradicionalmente há
um percurso de dezoito buracos, sendo que cada buraco apresenta uma
conformação, sendo assim há buracos para três, quatro ou cinco tacadas. A
pontuação está associada com o número de tacadas efetuadas em cada
buraco específico, dessa forma se um jogador conseguir fazer um buraco de
quatro tacadas com duas ele irá ter uma pontuação -2, sendo assim regressiva.
O jogador que conseguir realizar o percurso com o menor número de
tacadas é o vencedor. O golfe é disputado em campos gramados ou espaços
apropriados. Assim há uma configuração espacial que determina as
dificuldades ao longo do jogo, já que há espaços com areia, lagos e árvores,
além das próprias ondulações apresentadas pelo terreno de jogo.
Os equipamentos utilizados são os tacos, que podem ser madeira, ferro ou
putter, e a bola.

2. CONSIDERAÇÕES BIOMECÂNICAS
Como foi apresentado anteriormente o objetivo no jogo de golfe é conseguir
alcançar o buraco com o menor número de tacadas. Dessa forma o jogo se
inicia em uma tacada, sendo seguido por tacadas subsequentes. Analisando os
padrões de movimento e as formas de deslocamento da bola de golfe podemos
considerar que há um deslocamento através do ar e posteriormente um
momento onde a bola sofre um contato com o solo, podendo rolar ou não, de
acordo com o coeficiente de restituição do solo. Assim o deslocamento ocorre
majoritariamente ao longo do ar.

2.1 Deslocamento da tacada e colisão elástica


O deslocamento obtido após uma tacada pode ser obtido através do
somatório da velocidade, da direção que a bola deixa a face do taco da
natureza da resistência do ar e da altura que a bola se apresenta no instante
da tacada. Assim a velocidade de qualquer corpo no momento após o choque
elástico é gerido pelas massas e velocidades iniciais dos corpos em
consideração e os coeficientes de restituição de cada. Ao considerar a bola de
golfe três fatores são considerados: o peso da bola, sendo esta de 45,93g (de
acordo com dados da USGA); a velocidade inicial da bola, que na ocorrência
anterior a uma tacada é de 0 metro por segundo e o coeficiente de restituição,
que é de acordo com o material utilizado na fabricação do taco e a bola. No
caso do contato do taco com a bola um acréscimo na massa da cabeça do taco
reduz a sua velocidade no choque, enquanto um decréscimo irá resultar em um
resultado inverso. Em relação a esse fato Daish (1965) concluiu que a variação
de massa na cabeça do taco dentro dos limites bem amplos de 141,76 gramas
a 311,85 gramas tem pouco ou nenhum efeito significativo sobre a velocidade
inicial imprimida na bola. Assim como os dados apresentados anteriormente
não se apresentam como responsáveis por uma variação efetiva pode – se
considerar que as altercações observadas na velocidade com que a bola deixa
o taco devem ser atribuídas a velocidade da cabeça do taco no instante em
que ocorre o choque com a bola.
Ao analisar o balanceio (swing) pode – se verificar que na altura máxima o
taco está em repouso, logo a sua velocidade no instante de encontro com a
bola pode ser obtida pelas forças exercidas no taco durante o balanceio para
baixo, estando assim presente conceitos da 2 a Lei de Newton. Considerando as
forças que atuam durante o balanceio para baixo; gravidade, resistência do ar e
forças musculares do indivíduo; pode – se concluir que as forças musculares
são as maiores responsáveis na velocidade imprimida na bola durante a
tacada.
A direção que a bola se desloca após a tacada é determinada pela força
normal exercida sobre a bola, a força de atrito sobre a bola resultando em uma
força resultante sobre a bola. Após a bola de golfe ser golpeada pelo taco,
ocorre um choque elástico que é regido pelas massas e velocidades iniciais
dos corpos envolvidos e pelos seus coeficientes de restituição, sendo
exemplificados pelas fórmulas a baixo:

v2f = [2m1/(m2 - m1)] v1i + [(m2 - m1)/(m2 + m1)v2i

V2f = [Q +m1 e ( v1i – v2i)] / (m1+m2)


V2F- Velocidade Final da bola

M1- Massa do taco

M2- Massa da bola = 45,93g

V1i-Velocidade inicial do taco

V2i- Velocidade inicial da bola = 0m/s

Q- Quantidade de movimento do sistema (m1v1+m2v2)

E- Coeficiente de restituição

Algumas dessas variáveis são constantes como a massa da bola que é


de 45,93g e a sua velocidade inicial que é de 0 m/s, dados apresentados
anteriormente. Então podemos concluir que a velocidade final da bola é igual
ao dobro da massa do taco pela razão da subtração entra as massas,
multiplicado pela velocidade inicial do taco, da seguinte maneira:

v2f = [2m1/(0,04593 - m1)] v1i

v2f = (m1v1 + m1 e v1)/ m1+0,04593

Através desse esquema podemos observar que se houver o aumento de


massa na cabeça do taco (m1), ocorre um aumento de velocidade na soltura
da bola (v2f), enquanto que a diminuição da massa na cabeça do taco (m1)
provocará uma velocidade menor na saída da bola (v2f). Se ocorrer o aumento
da velocidade da cabeça do taco (v1i), ocorrerá um aumento significativo na
saída da bola(v2f), se ocorrer a diminuição na velocidade da cabeça do taco
(v1i), ocorrerá a diminuição da velocidade de saída da bola (v2f).). Sendo que
como foi apresentado pelas pesquisas de Daish (1965) esse aumento na saída
da bola é diretamente proporcional, mas não resulta em mudanças
significativas na velocidade inicial imprimida na bola.
O ângulo de projeção da bola é determinado pela inclinação da face do
taco e a velocidade é decomposta em uma componente perpendicular e outra
agindo paralelamente à face do taco. No momento do choque a cabeça do taco
apresenta uma tendência natural de manter seu deslocamento, seguindo os
princípios da 1a Lei de Newton. A aceleração da bola pode ser obtida através
da elasticidade de ambos os corpos, sendo quanto menor a elasticidade,
menor a aceleração. Ao pensar no deslocamento no plano horizontal é
necessário que o sucesso do lançamento nesse plano dependa em levar a
cabeça do taco de encontro à bola de modo que haja uma coincidência entre a
direção da cabeça do taco e a face que o taco está apontando.
2.2 A corrida
O coeficiente de restituição é o fator de maior variação do que ocorre
quando a bola se choca com o solo. Se o coeficiente de restituição é zero, a
bola simplesmente se encaixa com o solo, mas se o coeficiente de restituição é
maior do que zero o que normalmente ocorre, a bola quica ao tocar o solo.

Tacada Leve
Na tacada leve o golfista tem três tarefas distintas para executar, são elas:
1. Determinar a direção em que irá golpear a bola a fim de fazer com que
ela caia dentro do buraco. Para tanto é necessário considerar as
variações que podem ocorrer no solo e como a gravidade agirá, por
exemplo, se o campo estiver inclinado para a direita ou para cima. No
caso de um declive, a bola poderá passar do buraco, portanto, um
golfista experiente escolheria direcionar sua tacada acima da linha entre
a bola e o buraco, sabendo que a gravidade tenderia a levá-la para
baixo em um movimento circular em direção ao buraco.
2. Determinar a força com que a bola deve ser golpeada a fim de imprimir a
ela velocidade necessário para que cubra a distancia exigida. Alguns
elementos podem levar à variação na determinação da força, como se o
gramado está mais macio ou mais duro, seco ou molhado e
principalmente, a distancia da tacada.
3. Finalmente, o golfista deve realizar a tacada da maneira avaliada, isto
significa que ele deve fazer com que a face do taco esteja em ângulo
reto com a linha escolhida durante o choque.
2.3 Técnicas
Empunhadura
Há três tipos de empunhar o taco: a empunhadura justaposta, a
entrelaçada e a de beisebol. Estudos realizados por Walker (1964)
demonstraram que nenhuma das empunhaduras era estatisticamente superior.

A posição dos pés


A melhor posição dos pés é com uma distancia intermediaria entre eles,
nem muito junto o que diminuiria a base de apoio do golfista e não permitia que
ele imprimisse a força adequada na taca e nem com as pés muito separados, o
que impede de contribuição com uma força muscular máxima de seus
músculos das coxas e quadris. Entretanto, para tacadas curtas, uma maior
distancia entre os pés é mais adequada, pois como nessa situação a força não
é um elemento a ser utilizado, tal posição diminui a possibilidade de erro na
execução balanceio.

2.4 Balanceio
O balanceio é a sucessão de movimentos que culmina com a cabeça do
taco batendo na bola e é um elemento central em torno do qual a totalidade do
golfe é montada.
No balanceio para trás o propósito é colocar o golfista e o taco em uma
posição ótima a partir do qual inicie a próxima fase do balanceio (para baixo).
Nesta primeira fase do balanceio o golfista gentilmente empurra o seu joelho
direito em direção ao esquerdo e em seguida, conforme o joelho retorna à sua
posição inicial inicia o recuo das mãos e do taco. À medida que o movimento
combinado para trás das mãos e do taco e a rotação do tronco continuam, o
braço esquerdo é elevado e balanceiam para o outro lado do tronco, os punhos
são elevados e o antebraço é girado. O final do balanceio para trás é
alcançado quando as mãos estão na altura de 90º de sua posição original, e os
punhos elevados de modo que o cabo do taco esteja por sobre e além da
cabeça.
No balanceio para baixo o objetivo é fazer com que a cabeça do taco
chegue no ponto de choque se deslocando a uma velocidade máxima na
direção necessário e com a face do taco apontado na mesma direção. Esta
fase de inicia com o movimento para frente dos quadris. Este movimento roda
toda a superior do corpo. Sendo assim, os músculos dos qusdris e das penas
constituem a fonte principal de potencia no lançamento longo. As posições dos
ombros, braços, mãos e do taco um com relação ao outro ficam inalterados
conforme os quadris são impulsionados para frente. Em seguida, quando o
braço esquerdo alcança uma posição horizontal, esse primeiro estágio chega
ao fim e o ângulo entre o cabo e o taco e o braço esquerdo , anteriormente em
torno de 60o a 70o, se torna progressivamente maior. A partir desse ponto em
diante, as mãos continuam a se deslocar ao longo do arco circular a uma
velocidade aproximadamente constante, enquanto a velocidade da cabeça do
taco aumenta muito conforme o ângulo entre o braço esquerdo e o cabo do
taco chega a 180o.
Há duas forças que as mãos do golfista aplicam à empunhadura do taco,
são estas:
Componente radial: este componente age em direção ao eixo em torno do qual
a alavanca ombros-braços-mãos roda. Este componente serve para restringir o
movimento das mãos e como sua linha de ação não passa pelo centro de
gravidade, ajuda a fazer com que o taco seja rodado (acelerado).
Componente tangencial: Age em direção tangente à trajetória seguida pelas
mãos que empurram o taco. Esta componente serve para acelerar a mão e o
taco como um todo na direção em que age. Quando sua componente não
passa pelo centro de gravidade, ajuda na aceleração angular do taco na
direção oposta da componente radial. A direção da rotação do taco esta
relacionada com a resultante vetorial desses dois componentes.
Além desses dois componentes, podem haver a combinação das ações das
mãos, pois se a mão direita é pressionada vigorosamente para baixo contra
uma resistência de igual valor fornecida pela mão esquerda, passa a existir um
binário que tende a abaixar os punhos.
O abaixamento dos punhos irá agir sobre a cabeça do taco, puxando-o
para fora e para longe do eixo em torno do qual esta rodando.
Forças sobre o taco.
Especificamente sobre as forças que agem sobre o taco, temos a gravidade, a
resistência do ar (estas podem não ser consideras não tendo participação
relevante no problema), as únicas forças que agem sobre o taco são as
aplicadas na empunhadura. A resultante da força aplicada na empunhadura,
pode ser decomposta em uma componente radial (ou centrípeta) que age para
dentro ao longo da linha do cabo do cabo e em direção ao eixo que passa
através das mãos e em uma componete tangencial que tangencial que age
perpendicular à linha do cabo (essas não são as mesmas componentes
mencionadas anteriormente).
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dessa forma podemos concluir que os domínios dos conceitos


apresentados pela biomecânica são de essencial importância para o
desenvolvimento do esporte. Mesmo em um esporte de pouca tradição dentro
de nosso país como o golfe podemos obter conceitos de grande valor para a
formação pessoal como educadores físicos. Os conceitos apresentados pela
biomecânica estão presentes no cotidiano, mas são desprezados através do
senso comum de profissionais que baseiam sua forma de trabalho no
empirismo. Assim podemos ultimar que os conhecimentos obtidos ao longo do
semestre e na realização desse trabalho auxiliaram de forma imprescindível na
nossa formação profissional e pessoal.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

HAY, James G. Biomecânica das técnicas desportivas. Rio de Janeiro:


Editora Interamericana, 1981.

Equipment Overview. Disponível em: http://www.usga.org/Equipment.aspx?


id=7794. Acesso em 24 de Novembro de 2012.

DAISH, C. B. The influence of Clubhead Mass on the Effectiveness of a


Golf Club. Institute of Physics and the Physical Society, Bulletin XVI, Setembro
de 1965.

WALKER, Alan. The Relationship of Distance and Accuracy of three golf


grips. M.S. thesis, Springfield College, 1964.

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