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Fisiologia dos Sentidos Especiais

Sistemas Orgânicos Integrados II


Objetivos educacionais

• Introduzir o entendimento da Fisiologia sensorial;

• Compreender o funcionamento das vias sensitivas e estruturas relacionadas

responsáveis pelos processos de visão, audição, olfação e gustação;


• Fazer correlação entre a função normal e patológica dos sentidos especiais.

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Nesta aula vamos
responder...
• Quais são nossos sentidos?

• Existe diferença entre propriocepção e interocepção?

• De que forma é organizado o processamento da informação sensorial?

• Quais as funções dos sistemas sensoriais?

• Qual a função dos receptores sensoriais?

• Quais são os tipos e como esses receptores são ativados?

• O que é campo receptivo?


O que são receptores tônicos e fásicos?

Como definir nossa capacidade de perceber com precisão um estímulo?

Qual a importância da adaptação dos receptores?

Qual o percurso de retransmissão sequencial da informação somatossensorial?

O que é um mapa somatossensorial


SISTEMA NERVOSO

 É uma rede complexa que permite ao organismo comunicar-se com o meio


interno e externo;
 Recebe milhões de informações de diferentes órgãos armazena, processa e
executa as respostas motoras apropriadas.

O sistema nervoso juntamente com o sistema


endócrino, regulam as funções dos outros sistemas do
corpo..

Integração
SENSITIVA MOTORA
Critérios de divisão do Sistema Nervoso

SNC e SNP

• Critério Anatômico

• Critério Funcional

• Critério Segmentar

SUBSTÂNCIA BRANCA OU CINZENTA


1. Somático
2. Vegetativo
Qual o papel dos Sistemas Sensoriais?

Receber informações do meio através de receptores especializados e transmitir as


informações centralmente por uma série de neurônios e retransmissões sinápticas

do sistema nervoso central.

• Por meio dos órgãos dos sentidos, o corpo percebe o que o rodeia, permitindo a
sobrevivência e a integração com o ambiente.

• Propiciam o nosso relacionamento com o ambiente


Como seria ficar
isolado de tudo?

•Câmara de privação sensorial


Sistemas sensoriais
– funções:
• Percepção do mundo externo
• Alerta
• Forma imagem/percepção
corporal
• Regulação dos movimentos
Sistemas sensoriais
Quais são os sistemas sensoriais?
Sistema sensorial
• Somestesia: • Propriocepção:
- Tato - Muscular
- Pressão - Articular
- Temperatura - Vestibular
- Nocicepção Consciência do movimento e posição do corpo no espaço
Estímulos nocivos: dor e coceira
• Audição
• Interocepção • Gustação SENTIDOS
Interocepção: percepção das vísceras, do meio interno. •
Sensação de bem ou mal-estar
Olfação ESPECIAIS
• Audição
• Equilíbrio
O processamento dos estímulos geralmente é consciente

Sentidos especiais Sentidos somáticos


Audição Tato

Gustação Temperatura

Olfação Dor

Visão Coceira (prudido)

Equilibrio Propriocepção
SILVERTHORN, D.U. Fisiologia Humana: uma abordagem integrada. 7ª ed. Artmed, 2017.
Níveis de organização do
processamento da informação
sensorial

• Receptores

• Vias e circuitos

• Centro superiores de integração


SILVERTHORN, D.U. Fisiologia Humana: uma abordagem integrada. 7ª ed. Artmed, 2017
Diferentes tipos
de receptores
quanto à
complexidade
Corpúsculo de Pacini

SILVERTHORN, D.U. Fisiologia Humana: uma abordagem integrada. 7ª ed. Artmed, 2017
Os receptores são sensíveis a formas específicas de energia

Subst. química Luz Pressão

KANDEL, Eric. et. al. Princípios de Neurociências. Grupo A. 2014


Quimiorreceptores: cheiros, gosto e dor

Fotorreceptores: fótons Termorreceptor: frio e calor

KANDEL, Eric. et. al. Princípios de Neurociências. Grupo A. 2014


Mecanorreceptores: tato, propriocepção, audição e equilíbrio

KANDEL, Eric. et. al. Princípios de Neurociências. Grupo A. 2014


Tipos de estímulos – conversão de diferentes tipos de
energia em informação sensorial

Caracterize cada um dos seguintes


estímulos como mecânico, químico ou
térmico:
• Banho com água a 42oC
• Acetilcolina
• Borrifada de perfume
• Adrenalina
• Suco de laranja
• Um soco na face
Os sistemas sensoriais variam amplamente em
complexidade

Os sistemas mais complexos são


formados por órgãos sensoriais
Mais simples – são neurônios multicelulares, como o olho.
únicos com ramificações
dendríticas que funcionam
como receptores, como os
receptores da dor e do
prurido,.
Por que SENTIDOS ESPECIAIS?
Órgãos sensoriais situados apenas na cabeça
Sentidos Especiais Olfação:
Visão: Substâncias voláteis
Audição: Radiação eletromagnética dispersas no ambiente
ondas mecânicas sonoras. refletida dos objetos
Gustação:
Sentido vestibular: Substâncias químicas que
aceleração da cabeça. se solubilizam na saliva

Órgãos sensoriais
situados nos órgãos
Órgãos sensoriais situados em viscerais
todo o corpo
Sentido somestésico

Tato-pressão/vibração:
Pressão e vibração sobre o corpo Calor e Frio:
Energia térmica dos objetos em contato com a pele

Dor: Cinestesia:
Estímulos lesivos e potencialmente lesivos Posição e movimento do corpo
ESTÍMULO

Calor, luz, som, pressão e mudanças químicas

NEURÔNIO
ELÉTRICA
Como um estímulo químico ou físico é convertido no potencial
de membrana

Ionotrópico Metabotrópico

A mudança no potencial de membrana do receptor sensorial é um


potencial graduado, chamado de potencial receptor
TIPOS DE RECEPTORES

Fotorreceptores: reagem a comprimentos de onda visíveis de luz.

Mecanorreceptores: são sensíveis à energia mecânica.

Receptores térmicos: são sensíveis ao calor e ao frio..

Osmorreceptores: detectam mudanças na concentração de solutos no


fluido extracelular e as mudanças resultantes na atividade osmótica.

Quimiorreceptores: são sensíveis a substâncias químicas específicas


Nociceptores: são sensíveis a lesões nos tecidos
Potencial de ação graduado

Sabe-se que o estímulo de um receptor altera a permeabilidade da membrana.

Estímulo

Logo, quanto maior o


Permeabilidade potencial receptor, maior
o potencial de ação?
Potencial do receptor

Não há período REFRATÁRIO


VELOCIDADE = Neurotransmissores

Estímulo mínimo necessário para


ativar um receptor: LIMIAR
Informação sensorial

Como o SNC diferencia?

• Qual é o estímulo: tato, pressão, temperatura.


• Qual a intensidade: forte.. fraco?
• Qual a localização: longe, perto, na cabeça... no dedo.
• Duração: contínuo, intermitente, longo.
Informação sensorial

Como o SNC diferencia?

• Qual é o estímulo: tato, pressão, temperatura.


• Qual a intensidade: forte.. fraco?
• Qual a localização: longe, perto, na cabeça... no dedo.
• Duração: contínuo, intermitente, longo.
Localização do estímulo

SILVERTHORN, D.U. Fisiologia Humana: uma abordagem integrada. 7ª ed. Artmed, 2017
Circuitos neuronais

SILVERTHORN, D.U. Fisiologia Humana: uma abordagem integrada. 7ª ed. Artmed, 2017
Centros
superiores
de
integração
Campo receptivo – área onde o estímulo somatossensorial ou visual
ocorre e ativa um neurônio específico

SILVERTHORN, D.U. Fisiologia Humana: uma abordagem integrada. 7ª ed. Artmed, 2017
Intensidade do estímulo – estímulo de receptores

SILVERTHORN, D.U. Fisiologia Humana: uma abordagem integrada. 7ª ed. Artmed, 2017
Intensidade do estímulo – frequência de disparos de PA
Receptores podem adaptar-se lenta ou rapidamente ao estímulo sustentado.

ADAPTAÇÃO

Receptores TÔNICOS adaptam-se lentamente e continuam transmitindo informação.


Receptores podem adaptar-se lenta ou rapidamente ao estímulo sustentado.

A inativação dos receptores pode se dar pela inativação dos


ADAPTAÇÃO
mecanorreceptores que abrem canais de Na+, como no
caso do
Receptores FÁSICOS corpúsculo
adaptam-se de pacini,
rapidamente ou constantes.
a estímulos mesmo a abertura
concomitante de canais de K+, que hiperpolarizam a célula .
Somatotopia

Tálamo

Medula
Os mapas de representação são plásticos

Membro FANTASMA
Fisiologia dos sentidos especiais

Visual Gustativo

Auditivo Olfatório

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Percepção?

47
Sistema olfatório

48
49
Transdução

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51
Integração
olfação-gustação

52
Sistema gustativo

53
PALADAR

Sabor

Salgado Doce Azedo Amargo Umami

Cloreto de Sacarose Ácido Quinina Glutamato


sódio hidroclórico monossódico

Picante? 54
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Nervo facial

Nervo glossofaríngeo

Nervo vago

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Sistema auditivo

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Ondas

Propagação
• Em meio mecânico
Gás ou líquido
Frequência
• Hertz (Hz)
Pressão do som
• Decibel (dB)

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K
K

Onda
K id o
u
Líq

62
Transdução
do som

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Afeta a sensibilidade

Principal via
aferente

↑via eferente
↓via aferente

Ramo coclear
NC (VIII)

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Transdução sonora

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Sistema visual

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Músculos
extrínsecos
Oblíquo superior
• Nervo troclear (IV)
Reto lateral
• Abducente (VI)
Outros
• Oculomotor (III)

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Refração
Músculos intrínsecos

Acomodação
Ciliar Dilatador e esfincteriano
da pupila

Foco Luz

Ponto cego

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Retina

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Pigmentos

Fotorreceptores Rodopsina Opsina de cones

Bastonete
• Visão noturna
Sem cores e detalhes
Sensível a luz
lento
1 tipo
Cone
• Visão diurna
Cores e detalhes
3 tipos

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Teste

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Caso clínico
Paciente, sexo masculino, 71 anos, hipermetrope admitido na
Urgência do Hospital, com queixa de quadro agudo com dor bastante
intensa em olho esquerdo, cefaleia holocraniana, náusea e alterações
visuais. Ao exame com oftalmoscópico observa-se meia midríase
paralítica com câmara anterior rasa. Com Tonômetro de Goldman, foi
realizado a medição da P.I.O. (Pressão intraocular) sendo de 34 mmHg.
O diagnóstico foi de crise de glaucoma agudo, sendo realizado a
internação do paciente para conduta de controle do glaucoma. Além
disso, durante a internação, o paciente relatou a perda do olfato e do
paladar, sendo diagnosticado com a COVID-19, sem evolução para a
necessidade de suplementação de oxigênio.
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Questões
• 1) Explique o funcionamento da via sensitiva da visão.
• 2) Explique o funcionamento da via sensitiva da olfação.
• 3) Explique o funcionamento da via sensitiva da gustação.
• 4) Explique o funcionamento da via sensitiva da audição.
• 5) Comente o caso clínico.

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CASO CLÍNICO 3 – SENTIDOS ESPECIAIS Paciente, sexo masculino, 71 anos,
hipermetrope admitido na Urgência do Hospital, com queixa de quadro agudo com
dor bastante intensa em olho esquerdo, cefaleia holocraniana, náusea e alterações
visuais. Ao exame com oftalmoscópico observa-se meia midríase paralítica com
câmara anterior rasa. Com Tonômetro de Goldman, foi realizado a medição da P.I.O.
(Pressão intraocular) sendo de 34 mmHg. O diagnóstico foi de crise de glaucoma
agudo, sendo realizado a internação do paciente para conduta de controle do
glaucoma. Além disso, durante a internação, o paciente relatou a perda do olfato e
do paladar, sendo diagnosticado com a COVID-19, sem evolução para a necessidade
de suplementação de oxigênio.
1) Explique o funcionamento da via sensitiva da visão.
2) Explique o funcionamento da via sensitiva da olfação.
3) Explique o funcionamento da via sensitiva da gustação.
4) Explique o funcionamento da via sensitiva da audição.
5) Comente o caso clínico
Caso clínico
Paciente do sexo feminino, 16 anos, branca, estudante, relata que há 3 anos teve um episódio, logo após a menarca, de
estrabismo associado à diplopia, com resolução completa em poucos dias sem atendimento médico. Desde então, a paciente
relata que apresentou, no mesmo ano do primeiro episódio, cerca de 5 situações semelhantes no contexto de crises de
ansiedade. As crises, segundo a paciente, estavam relacionadas com a ocasião de divórcio dos pais. Procurou apenas uma vez
serviço médico, dada a dificuldade de conseguir o atendimento e a resolução rápida após a crise. Os episódios foram
relacionados pelo médico à descompensação da sua doença de base, a DM1.
Um ano após o primeiro episódio, precisou realizar uma apendicectomia, que foi feita sem intercorrência, porém iniciou
quadro de pneumonia hospitalar, sendo internada e necessitou fazer uso do esquema de aminoglicosídeo e beta-lactâmico. A
paciente teve uma piora no quadro, com a presença de sintomas respiratórios graves e paresia dos músculos cervicais,
evoluindo para uma insuficiência respiratória aguda e dando entrada na UTI pediátrica. Foi tratada com a hipótese diagnóstica
de piora da pneumonia, sendo estabilizada com intubação e ventilação mecânica. Fez um esquema diferente do inicial de
antibioticoterapia. A paciente permaneceu por 5 dias na UTI, foi encaminhada para a enfermaria, onde permaneceu por mais
5 dias. Recebeu alta hospitalar após a melhora clínica.
Nos últimos dois anos, seguiu-se um período sem nenhuma queixa até que há cerca de seis meses iniciou um quadro
leve de disfagia associado a regurgitação nasal de líquidos e sólidos, que ocorria principalmente, segundo a mãe, quando a
paciente comia carne. Concomitantemente, ao ler livros por certo tempo, principalmente no período da noite, a visão ficava
turva. Na ocasião, dirigiu-se a UBS, onde foi sugerido o diagnóstico de esofagite, porém sem confirmação, além da
recomendação da leitura diurna.

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Continuação...
Recentemente, há cerca de um mês, evoluiu com piora do quadro, o que fez os pais da paciente procurarem o
serviço médico de neurologia, com a queixa de dificuldade de andar. Paciente refere exacerbação dos sintomas.
Com o agravamento do quadro, surgiram inapetência, diplopia, disfonia, disartria, astenia, além de fraqueza
muscular dos músculos proximais dos membros superiores e inferiores, que pioravam com a prática de exercícios.
Assim, a qualidade de vida diminuiu bastante, implicando limitações para a paciente, como andar, ir à escola,
dormir e alimentar-se. A paciente relata que os sintomas são piores à noite e que melhoram depois de dormir.
Como comorbidades, paciente refere diabetes mellitus do tipo 1, com o uso de insulinoterapia. Nega alergias.
Refere apendicectomia há cerca de dois anos. Os pais possuem HAS. Nega qualquer quadro semelhante na família.
Nega uso de tabaco e de álcool. Refere alimentação saudável e que não pratica exercícios regularmente.
Ao exame físico, a paciente apresentava um estado geral regular, orientada em tempo e espaço e hidratada.
Encontrava-se com frequência cardíaca de 79 bpm, frequência respiratória de 16 irpm e pressão arterial de 120×70
mmHg. O exame neurológico mostrou funções corticais superiores preservadas com mini exame do estado mental
(MEEM) 30/30. No exame motor, tônus preservado, hiporreflexia em membros superiores proximais, e força
reduzida dos músculos dos membros superiores e inferiores proximal (grau 3) e cervicais (grau 4-). Marcha
alterada. Sensibilidade e coordenação normais. Sem disfunção autonômica. Na avaliação dos nervos cranianos, no
teste do III, IV e VI nervos, a paciente apresentou ptose e não realizou abdução do olho esquerdo. Na avaliação dos
demais nervos, apresentou ainda fasciculações na língua, disartria e disfonia, além de alteração no teste do nervo
acessório, ao tentar elevar os ombros contra resistência.

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Continuação...
Devido ao quadro de acometimento ocular, bulbar e apendicular, em conjunto com a história pregressa, a
investigação clínica foi orientada para Miastenia Gravis. Assim, os testes de fatigabilidade, como abdução do braço
por 5 minutos olhar para cima por alguns segundos e fechar os olhos contra resistência, apresentaram alterações,
demonstrando fatigabilidade. Foi solicitado o estudo eletroneuromiográfico, pesquisa de anticorpos anti-AChR e anti-
muSK, além de hemograma, TC de tórax, exames para função renal e hepática, eletrólito, VHS, provas de função
tireoidiana e de atividade reumática. O paciente retornou com o resultado dos exames, com resposta
eletromiográfica com decremento de amplitude do potencial muscular de 15% após estimulação repetitiva a 3-5 Hz,
anti-AChR negativo e anti-MuSK positivo. O TC de tórax mostrou a presença do aumento de volume do timo. Os
demais exames encontravam-se dentro dos limites de normalidade.
Portanto, o diagnóstico de Miastenia Gravis foi confirmado clinicamente e laboratorialmente. Foi iniciado um
tratamento de manutenção com a piridostigmina, além da solicitação de timectomia. Paciente cursou com melhora
clínica com o uso da piridostigmina e segue no aguardo da timectomia.

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Questões
1) A Miastenia gravis está ligada ao processo de transmissão sináptica
química ou elétrica? Explique as principais diferenças entre estes dois
tipos de transmissão sináptica?
2) Explique o processo fisiológico da transmissão sináptica química.
3) Apresente as diferenças entre os receptores ionotrópicos e
metabotrópicos.
4) Explique a integração sináptica.
5) Comente o caso clínico.

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