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Disciplina: Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Especial


Autores: M.e Wanderlane Gurgel do Amaral
Revisão de Conteúdos: Esp. Marcelo Alvino da Silva / D.ra Maria Tereza
Costa
Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso
Ano: 2016

Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas


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Marketing da Faculdade UNINA. O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança
de direitos autorais.

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Wanderlane Gurgel do Amaral

Organização do Trabalho
Pedagógico na Educação
Especial
1ª Edição

2016

Curitiba, PR

Faculdade UNINA

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FICHA CATALOGRÁFICA

AMARAL, Wanderlane Gurgel do.


Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Especial /
Wanderlane Gurgel do Amaral. – Curitiba, 2016.
37 p.
Revisão de Conteúdos: Marcelo Alvino da Silva / Maria Tereza Costa.

Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso.

Material didático da disciplina de Organização do Trabalho Pedagógico na


Educação Especial – Faculdade São Braz (FSB), 2016.
ISBN: 978-85-94439-83-3

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PALAVRA DA INSTITUIÇÃO

Caro(a) aluno(a),
Seja bem-vindo(a) à Faculdade UNINA!

Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier,


nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de
dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão
Universitária.
A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e
comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas
também brasileiros conscientes de sua cidadania.
Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar
comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão
de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e
grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e
estudantes.

Bons estudos e conte sempre conosco!


Faculdade UNINA

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Apresentação da disciplina

O objetivo principal da disciplina será fornecer subsídios teóricos e


práticos para o estudo das bases conceituais, sobre a organização do trabalho
pedagógico para a Educação Inclusiva, ou seja, turmas do ensino regular com
alunos com Necessidades Educacionais Especiais (NEE).

O desafio é grande, por isso faz-se necessário conhecer mais sobre as


formas de ensinar e de aprender do aluno com NEE.

Conforme poderá ser visto a avaliação diagnóstica, o olhar clínico e as


ações pedagógicas voltadas para esse público, devem ser diferenciados, porém
não excludentes, pois quando se vê as potencialidades que todo o ser humano
tem, consegue-se entender que o direito à educação é de todos.

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Aula 1 – Princípios e Política Educacional do atendimento pedagógico para
alunos com necessidades educacionais especiais (NEE)

Apresentação Aula 1

Nesta aula serão evidenciadas as Políticas Públicas voltadas para alunos


com NEE. Também serão apresentados os princípios e Políticas Educacionais
para o atendimento pedagógico a esse grupo de estudantes.

1. Princípios e política educacional do atendimento pedagógico para


alunos com NEE

Para que você entenda a importância em garantir os direitos dos alunos


com NEE como cidadãos, se faz necessário primeiramente que você conheça
as políticas públicas voltadas para esse público.

Figura 1.1: Alunos com deficiência


Fonte: © USAID Vietnam / Wikimedia Commons
(https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/0/03/Dong_A_University_IT_P
rogram_for_Students_with_Disabilities.jpg/782px-
Dong_A_University_IT_Program_for_Students_with_Disabilities.jpg

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1.1 Início das políticas públicas voltadas para a Educação Especial – EE no
Brasil

Existe um movimento mundial em defesa de que todos têm o direito de ter


acesso à escola, seja ela em qualquer grau ou nível. Assim sendo, vamos ver
quando iniciou o atendimento às pessoas com deficiência no Brasil.

Tudo começou na época do Império na cidade do Rio de Janeiro, quando


foram criadas duas instituições (para atendimento a deficiência visual e auditiva),
uma no ano de 1854 que foi o Instituo dos Meninos Cegos e que atualmente é o
Instituto Benjamim Constante (IBC), e a outra, três anos mais tarde, em 1857, o
Instituto dos Surdos Mudos, que atualmente é o Instituto Nacional da Educação
do Surdos (INES). Acompanhe o quadro a seguir para ver as demais instituições
que, inclusive, foram criadas no início no século XX.

ANO INSTITUIÇÃO ATUAÇÃO


Especializada no atendimento às
1926 Instituto Pestalozzi
pessoas com Deficiência Intelectual.
Visava promover o bem-estar dos
Associação de Pais e Amigos excepcionais de forma ampla,
1954
dos Excepcionais (APAE) destacando-se no país pelo seu
pioneirismo.

Cria o Atendimento Educacional


1945 Helena Antipoff Especializado para pessoas com
Superdotação na Sociedade Pestalozzi

Saiba Mais
Para saber mais, sobre quem foi Helena Antipoff, leia o artigo
Helena Antipoff: razão e sensibilidade na psicologia e na
educação, de autoria de Regina Helena de Freitas Campos. No
mesmo é evidenciado a trajetória extraordinária desta psicóloga e
educadora.
Disponível no acesso:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
40142003000300013

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Somente em 1961, foi que na Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB 4.024/61) o atendimento às pessoas com NEE foi regulamentado,
porém o texto desta Lei era direcionado “ao direito dos excepcionais à educação,
preferencialmente dentro do sistema geral de ensino” (BRASIL, 2008, p. 7). Na
época a nomenclatura usada era a palavra excepcional, mas faz-se importante
atentar-se que, atualmente utiliza-se a nomenclatura NEE.

Um fato importante que aconteceu na década de 70, no ano de 1973 o


Ministério da Educação (MEC) cria o órgão responsável pela gerência da
Educação Especial, o Centro Nacional de Educação Especial (CENESP). Nesse
período as ações educativas foram voltadas para dois públicos:

➢ alunos com deficiência física;

➢ alunos com altas habilidades ou Superdotação.

Vale reforçar que no ano de 1971, a Lei 5.692/71 altera a LDBEN de 1961.
Nela define-se o tratamento diferencial ou “especial” para alunos com
deficiências física e intelectual (também estavam incluídos nesse grupo os
alunos que estavam “atrasados” quanto à idade regular e a série correspondente
para a idade própria, e os alunos com altas habilidades ou superdotação).
Porém, essa ação não promoveu uma organização que atendesse com
eficiência os alunos com NEE, em vez de incluir com eficiência, essa Lei reforça
o encaminhamento ou permanência dos alunos com NEE para as classes e
escolas especiais.

Vale reforçar que, quando começaram as Políticas Públicas voltadas para


a Educação Especial no Brasil, desde a criação das primeiras instituições de
Educação Especial, vamos entrar no assunto das Políticas Públicas
propriamente ditas, no parâmetro da Constituição Federal, no Estatuto da
Criança e do Adolescente - (ECA) e nas Políticas Nacionais da Educação
Especial - (PNEE).

1.2 Políticas Públicas para a Educação Especial

Conforme Campos e Tadashi (S/d.):

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Constituição é o conjunto de leis, normas e regras de um país ou de
uma instituição. A Constituição regula e organiza o funcionamento do
Estado. É a lei máxima que limita poderes e define os direitos e deveres
dos cidadãos. Nenhuma outra lei no país pode entrar em conflito com
a Constituição. (CAMPOS & TADASHI, S/d., p.13).

Na Constituição Federal (CF) de 1988, o Art. 3º Inciso IV e os artigos 205


e 206, abordam a promoção do direito de todos sem preconceitos; da educação
como direito de todos; e da igualdade de condições de acesso e permanência
de todos. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em 1994, reforça esses
dispositivos legais e, as Políticas Nacionais da Educação Especial (PNEE),
orientam o processo de integração instrucional para o acesso às classes comuns
dos alunos com deficiência que têm condições de acompanhar e desenvolver as
atividades curriculares programadas do ensino comum, no mesmo ritmo dos
alunos sem deficiência.

Na mesma época, o ECA reforçou esses dispositivos legais da


Constituição Federal, documentos internacionais como a Declaração de
Salamanca (1994) e a Declaração Mundial da Educação para Todos (1990),
tiveram influência para a formulação das Políticas Públicas da Educação
Inclusiva.

Saiba Mais
Para saber mais sobre leia na integra

- Declaração de Salamanca.
Disponível no acesso:
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf

- Declaração Mundial da Educação para Todos. (Jomtien, 1990).


Disponível no acesso:
http://unesdoc.unesco.org/images/0008/000862/086291por.pdf

Os esforços para que a educação inclusiva tivesse força no Brasil e no


mundo foram grandes. As autoridades entenderam que as pessoas com
deficiência, são pessoas que apenas têm alguma limitação e que isso não as
impedem de aprender, pois a capacidade cognitiva que todos nós temos, sem

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exceção, é real, “porém, a inteligência é um processo a ser construído e precisa
de uma série de oportunidades para acontecer" (GROSSI, 2014).

Para começar a descortinar a capacidade cognitiva que todos nós, sem


exceção, temos, vale a pena conhecer a frase "Nasceu gente, é
inteligente". Ela foi cunhada pelo educador suíço Jean Piaget (1896-
1980), biólogo que dedicou a vida à observação científica do processo
de aquisição de conhecimento pelo ser humano. Categoricamente, ele
desmonta a crença de que a inteligência trata-se de uma bênção
concedida somente para alguns poucos iluminados. "Desde o
nascimento até a hora da morte, todo ser humano tem potencial para
aprender algo novo" (GROSSI, 2014, S/p.).

Vale reforçar que no embasamento da CF/1988, e nas demais Leis,


Textos e Diretrizes voltadas para a valorização da pessoa humana (não somente
no âmbito social, mas principalmente no âmbito escolar), é perceptível que as
pessoas com deficiência começaram a ter um pouco mais de espaço e acesso
ao conhecimento.

1.3 Parâmetros específicos para o atendimento educativo na perspectiva


da Educação Inclusiva

As Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica,


especificamente na Resolução CNE/CEB nº 2/2001, no artigo 2º que em sua
redação diz que:

Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às


escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com
necessidades [educativas] especiais, assegurando as condições
necessárias para uma educação de qualidade para todos
(MEC/SEESP, 2001)

Corroborando com o que diz esta resolução, Veiga (2007, p. 11) firma que,
“a escola é o lugar de concepção, realização e avaliação de seu projeto
educativo, uma vez que necessita organizar seu trabalho pedagógico com base
em seus alunos” e isso poderá ser previsto no Projeto Político Pedagógico da
escola, pois ele busca uma direção no sentido de definir as ações educativas e
as características necessárias para que as escolas cumpram aquilo que
propuseram e intencionam realizar.

Atualmente, a Constituição Federal (1988); a LDB 9.394/96 e as Diretrizes


Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica (2011) fazem

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referência à inclusão, com a finalidade de garantir o direito de todos ao ensino,
preferencialmente na rede regular, inclusive às pessoas com Necessidades
Educacionais Especiais (NEE).

Para Refletir
Estão previstas nas Políticas Públicas do Brasil, as medidas
que dispõem sobre a inclusão das pessoas com
necessidades educacionais especiais ou sociais, ou do
trabalho. Por que essas políticas não são aplicadas de fato?

A resposta para esse questionamento é complexa e precisaria de um


discurso mais acurado dos fatos, porém, o que se pode dizer é que:

As Diretrizes ampliam o caráter da educação especial para realizar o


atendimento educativo especializado complementar ou suplementar a
escolarização, porém, ao admitir a possibilidade de substituir ensino
regular, não potencializa a adoção de uma política de educação
inclusiva na rede pública de ensino (RESOLUÇÃO CNE/CEB nº
2/2001).

Existem outros documentos legais e leis que predispõem em suas


redações, ações voltadas para a Educação Especial.

➢ O Decreto nº 3.298/99, que regulamenta a Lei nº 7.853/89, dispõe


sobre o apoio às pessoas com deficiência, sua integração social,
além de outras diretrizes, “define a educação especial como uma
modalidade transversal a todos os níveis e modalidades de ensino,
enfatizando a atuação complementar da educação especial ao
ensino regular” (Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho
nomeado pela Portaria nº 555/2007, prorrogada pela Portaria nº
948/2007, entregue ao Ministro da Educação, 2008, p. 8).

➢ O Plano Nacional de Educação (PNE), Lei nº 10.172/2001. A


redação destaca o desejo, a idealização de se produzir uma escola
que atenda “a diversidade humana”. Essa redação é muito
importante e profunda ao meu ver, porque ela ultrapassa as
barreiras, tem uma visão holística, não quer apenas incluir as

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pessoas com NEE, mas, a todos. Só assim, a escola atenderia a
pessoa humana (como previsto na CF/1988).

Vocabulario
Visão holística: A visão holística da educação é um novo modo de
relação do ser humano com o mundo; uma nova visão do cosmos,
da natureza, da sociedade, do outro e de si mesmo.

➢ O Decreto nº 3.556/2001 promulgou aqui no Brasil a Convenção


Interamericana para a Eliminação de todas as Formas de
Discriminação Contra as Pessoas Portadoras de Deficiência
(CONVENÇÃO DA GUATEMALA), de 28 de maio de 1999. Essa
convenção teve como objetivo garantir os direitos das pessoas com
deficiência e principalmente afirmar que essas pessoas têm os
mesmos direitos humanos e fundamentais que as pessoas sem
deficiência têm, inclusive define como discriminação quando há
exclusão ou diferenciação que anulem o exercício dos direitos
humanos e de suas liberdades.

Importante
Atualmente, não se utiliza mais a terminologia pessoas portadores de
deficiência e sim, Pessoas com Deficiência.

➢ Resolução CNE/CP nº 1/2002 é voltada para a formação de


professores da educação básica para atuarem na educação
especial. Seu objetivo principal é direcionado para as instituições
de ensino superior, que devem:

a) prever formação docente voltada para a adversidades;

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b) contemplar conhecimentos sobre as especificidades dos
alunos com NEE.

➢ A Lei nº 10.436/02 que determina a garantia do uso da Língua


Brasileira de Sinais, apoio ao seu uso e sua difusão.

➢ A Portaria 2.678/02 que regulamenta, difunde e aprova diretrizes


para a produção de materiais no Sistema Braille e essa
recomendação abrange todo o território nacional.

É perceptível que os esforços são grandes, tanto nacional, como


internacionalmente para que a inclusão aconteça de fato, mas, não se pode
pensar em Políticas Públicas para a inclusão de pessoas com deficiência, em
qualquer âmbito, como obrigação, e sim, reconhecendo que essas pessoas têm
os mesmos direitos que as pessoas sem deficiência.

Faz-se importante um repensar de maneira humanizada na pessoa com


deficiência (como pessoa humana), tornado a inclusão (mais humana e) parte
do nosso dia a dia.

Resumo da Aula 1

Nesta aula efetuou-se um panorama dos princípios e políticas


educacionais específicas para a Educação Especial. Evidenciaram-se as Leis e
documentos legais, os quais regulamentam, organizam e delegam sobre a
inclusão de pessoas com necessidades especiais no espaço escolar e na
sociedade.

Atividade de Aprendizagem
Discorra sobre a importância da aplicabilidade das Políticas
Públicas, no processo inclusivo.

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Aula 2 – Acessibilidade, adaptações e currículo

Apresentação da Aula 2

Nesta aula será estudado sobre acessibilidade em vários aspectos, tais


como: à escola, ao currículo e aos serviços de apoio especializado; adaptações
curriculares e recursos pedagógicos adaptados; currículo e etapas de
escolarização de estudantes com NEE.

2. Acessibilidade, adaptações e currículo

Ao falar de serviços de apoio especializado, se faz primeiramente


necessário averiguar o que diz a Lei sobre esse assunto. O Decreto nº
7.611/2011 que dispõe sobre a Educação Especial, o Atendimento Educacional
Especializado (AEE) e dá outras providências diz, em seu Art. 1º parágrafo I, que
o Estado tem como dever, garantir em todos os níveis e de forma não
discriminatória com embasamento da igualdade de oportunidade, um sistema de
educativo inclusivo.

No artigo 2º dá diretrizes específicas quanto à eliminação de barreiras que


“possam obstruir o processo de escolarização de estudantes com Deficiência,
Transtornos Globais do Desenvolvimento e Altas Habilidades ou Superdotação”.

Esse Decreto também dá diretrizes quanto aos objetivos do Atendimento


Educacional Especializado e como eles são compreendidos.

2.1 Serviços de Apoio Especializado

Os Serviços de Apoio Especializados (SAPE) tem como principal foco


eliminar barreiras que de alguma forma obstruam o processo de escolarização
de alunos com NEE. Isso inclui as pessoas com Deficiência, Transtornos
Globais do Desenvolvimento e Altas Habilidades ou Superdotação.

Saiba Mais
Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) são
distúrbios nas interações sociais recíprocas que costumam

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manifestar-se nos primeiros cinco anos de vida.
Caracterizam-se pelos padrões de comunicação
estereotipados e repetitivos, assim como pelo estreitamento
nos interesses e nas atividades. Os TGD englobam os
diferentes transtornos do espectro autista, as psicoses
infantis, a Síndrome de Asperger, a Síndrome de Kanner e a
Síndrome de Rett”. (NADAL, 2011, S/p.).

Os serviços de apoio especializado são compreendidos como:

[...] conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos


organizados institucional e continuamente, prestado das seguintes
formas:
I - complementar à formação dos estudantes com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento, como apoio permanente e
limitado no tempo e na frequência dos estudantes às salas de recursos
multifuncionais; ou
II - suplementar à formação de estudantes com altas habilidades ou
superdotação. (BRASIL, 2011, S/p.).

São exemplos de serviços de apoio especializados:

a) Sala de Recursos Multifuncionais (SRM), é o local onde acontece


o Atendimentos Educacional Especializado.

b) Atendimento Educacional Especializado (AEE), identifica, elabora,


e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade.

2.1.1 Salas de Recursos Multifuncionais (SRM)

As SRM são espaços físicos localizados geralmente nas escolas públicas.


Nesses espaços deve ter: mobiliário próprio, materiais didáticos e pedagógicos
e tecnologias assistivas e específicas. Para trabalhar nesses espaços o
professor precisa ter formação tanto do magistério, quanto na educação
especial.

O Atendimento Educacional Especializado (AEE), acontece


principalmente dentro das salas de recursos. Esse atendimento serve para
organizar e elaborar os recursos pedagógicos para a educação especial. Não se
caracteriza pelo ensino tradicional, pois precisa ser diferente do ensino para
pessoas sem deficiência. Um erro constante é que esses espaços são
confundidos como "sala de reforço escolar", quando na realidade neles

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acontecem ações que eliminam barreiras e oferecem ao aluno com NEE
recursos que facilitarão a comunicação e a interação social.

Nos atendimentos educacionais especializados, devem ser trabalhados:

➢ Libras;

➢ Braille;

➢ Utilização de Tecnologias Assistivas (TA);

➢ Preparação do aluno para conhecer os materiais pedagógicos e


tecnológicos que facilitarão o ensino/aprendizagem do mesmo;

➢ Materiais didáticos e paradidáticos;

➢ Utilização de sintetizadores de voz, “softwares para comunicação


alternativa e outras ajudas que possibilitem o acesso ao currículo”
(BRASIL, 2011).

A União também proporcionará aos gestores e instituições, apoio para a


ampliação das SRM e dos atendimentos especializados e de formação
continuada, principalmente na formação em Libras e em Braille.

2.2 Adaptações curriculares e recursos pedagógicos adaptados

No que tangem as adaptações curriculares e recursos pedagógicos


adaptados, faz-se necessária a compreensão de duas ações.

A primeira trata de como a escola deve se preparar para se adaptar para


receber os alunos com NEE e, a segunda é a preparação de recursos
pedagógicos próprios para atender essa clientela. Vamos começar pelas
adaptações curriculares.

Antes de se pensar na inclusão primeiramente deve-se avaliar algumas


situações, por exemplo:

➢ Capacitação de professores;

➢ Organização para a oferta de uma educação de qualidade para


todos os alunos com NEE;

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➢ Prever no Projeto Político Pedagógico, no currículo e na avaliação,
ações efetivas que de fato irão proporcionar integração social e
para que sejam de fatos includentes. Isso porque muitas vezes a
escola, ao invés de incluir exclui, uma vez que incluir não significa
matricular alunos com NEE nos espaços escolares; incluir significa,
propor formação de professores e dar suporte a eles; significa ter
espaços, recursos, materiais didáticos e paradidáticos, dentre
outras ações. Quando a escola apenas matricula alunos com NEE
sem pensar no suporte necessário para que haja uma ação
pedagógica, ela apenas cria um rótulo de inclusão que não se
sustenta sem essas ações. Portanto, incluir vai muito além de
matricular alunos com NEE.

Quando a escola não pensa nessas ações, a carga fica muito pesada para
os professores, para os alunos em geral e para a instituição como um todo.
Mediante isso é que foi pensado a criação dos Parâmetros Curriculares
Nacionais para a escola inclusiva junto à Secretaria de Educação Especial do
Ministério da Educação, que pensou em um Currículo específico para a
educação inclusiva.

As adaptações curriculares, portanto, são:

Estratégias e critérios de situações docentes, admitindo decisões que


oportunizam adequar a ação educativa escolar às maneiras peculiares
de aprendizagem dos alunos, considerando que o processo de ensino-
aprendizagem pressupõe atender a diversificação de necessidades
dos alunos na escola (MEC/SEESP, 1998, p. 15).

2.2.1 Adaptações pedagógicas e adaptações de acessibilidade ao currículo

Existem dois tipos de adaptações curriculares, que são: adaptações de


acessibilidade ao currículo e adaptações pedagógicas.

A primeira está voltada à eliminação de barreiras arquitetônicas e


metodológicas, por exemplo, as condições físicas, rampas, banheiros
adaptados, intérprete de Libras, textos em Braille e outras tecnologias
assistivas que são essenciais para que o aluno possa frequentar o ambiente

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escolar sem se sentir excluído e se sentir autônomo, porque quando há essas
adaptações de acessibilidade, o aluno pode participar ativamente das atividades
acadêmicas propostas para todos os alunos, incluindo os que não têm NEE.

A segunda se refere, literalmente, às adaptações que devem acontecer


no planejamento, nas atividades e nas formas de avaliar, ou seja, adaptações
em todo o currículo ou em alguns aspectos dele. Essa parte pensa
exclusivamente na acomodação dos alunos com NEE.

2.3 Recursos Pedagógicos adaptados

Um dos objetivos dos recursos pedagógicos adaptados é contribuir para


a diminuição das limitações do aluno, além de:

➢ Contribuir com o trabalho do professor;

➢ Ampliar possibilidades tanto para o professor quanto para o aluno


com NEE;

➢ Ampliar possibilidades de melhorias educativas, sociais,


emocionais e inclusivas.

É importante dizer que para que os recursos pedagógicos adaptados


sejam de fato viáveis eles devem ser pensados de acordo com a necessidade
educacional do aluno, porém devem atender aos dois atores do
ensino/aprendizagem: o aluno e o professor, pois o objetivo principal é que o
aluno de fato aprenda e que o professor possa trabalhar com seus alunos tanto
na sala de aula quanto na SRM.

A elaboração e a confecção do recurso pedagógico adaptado só atenderá


as necessidades educacionais dos alunos quando houver a parceria com outros
profissionais, como fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, professores,
diretores, coordenadores e vários outros profissionais que devem ser incluídos,
de acordo com as necessidades dos alunos.

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2.4 Plano de Desenvolvimento Individual (PDI)

Antes de falarmos sobre o PDI, vamos refletir um pouco sobre o papel do


professor da educação inclusiva. Já sabemos que para atuar nessa área, o
professor precisa ser formado na área pedagógica, principalmente ser
especializado em educação especial.

O professor nessa área tem o papel de mediador, facilitador, que busca


encontrar meios para entender como o aluno aprende e assim, possa mediar o
conhecimento com eficácia. Também fará essa mediação utilizando os recursos
tecnológicos, os materiais didáticos e paradidáticos e os demais recursos
adaptados, utilizados nas SRM. Porém, para que tenha sucesso com os alunos
com NEE, "o professor precisa identificar e conhecer as suas competências e os
recursos/estratégias de ensino que proporcionem [ao aluno] sua aprendizagem,
de forma a superar ou compensar os comprometimentos e/ou dificuldades
existentes" (POKER et al., 2013, apud GALVES E SEBARTIAN, 2002).

Na Sala de Recursos Multifuncionais, a ação pedagógica do professor


deve ser planejada para suprir e criar condições favoráveis para as ações
educativas dos alunos com NEE. Essa ação do professor deve ser planejada e
muito bem elaborada. Para isso, ele utilizará o Plano de Desenvolvimento
Individual (PDI).

O PDI é um documento que o professor da Sala de Recursos


Multifuncionais, deve elaborar. O objetivo do PDI é registrar os dados da
avaliação do aluno com NEE, e a elaboração do plano de intervenção
pedagógica que o professor irá desenvolver na SRM.

O PDI é constituído por duas partes:

➢ parte I - Informações dos alunos;

➢ parte II - Plano Pedagógico Especializado (PPE).

O PDI tem os mesmos princípios de um portfólio (mas apenas princípios,


pois não são substituíveis um pelo outro), pois nele haverá o registro individual
e coletivo e servirá como base de dados:

➢ Entrevista com os pais;

➢ Dados do prontuário escolar do aluno;

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➢ Relatório de profissionais da saúde;

➢ Anamnese realizadas etc.

Esse estudo também pode contar com a participação da equipe


pedagógica e dos demais profissionais da escola.

O PDI tem várias etapas e dentre elas está a avaliação, mas, essa
avaliação não é um instrumento de medida para saber o que o aluno conhece
ou não e sim, é adaptada para o sistema educativo inclusivo.

Perceba que na Educação Especial (EE) a avaliação é utilizada como


instrumento de mediação, porque é por meio dela que o professor perceberá se
a escola atende às necessidades dos alunos com NEE, no sentido de propiciar
condições de aprendizagem que lhes sejam favoráveis.

Essa avaliação permite também:

➢ Identificar quais são os elementos facilitadores;

➢ Se há barreira para que a aprendizagem aconteça;

➢ Identificar as NEE existentes no próprio aluno, por exemplo,


problemas visuais, intelectuais, comportamentais, motores,
auditivos, dentre outros.

Vale reforçar que essas ações devem ser previstas no PDI.

2.4.2 Etapas do PDI

A primeira parte do PDI trata da avaliação e apresenta cinco itens,


conforme veremos a segui:

Parte I – Informações e avaliações do aluno:

1. Identificação

➢ Nome completo;

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➢ Data de nascimento;

➢ Endereço;

➢ Cidade.

2. Dados da família

➢ Nome do pai;

➢ Nome da mãe;

➢ Profissão, escolaridade e idade do pai;

➢ Profissão, escolaridade e idade da mãe;

➢ Número de irmãos;

➢ Mora com.

3. Informações escolares

➢ Nome da escola;

➢ Endereço da escola;

➢ Ano de escolaridade atual (classe regular);

➢ Idade em que entrou na escola;

➢ História escolar (comum) e antecedentes relevantes;

➢ História escolar (especial) e antecedentes relevantes;

➢ Motivo do encaminhamento para o Atendimento Educacional.


Especializado (dificuldades apresentadas pelo aluno).

4. Avaliação geral

Na avaliação, para cada item há uma especificidade a ser avaliada:

➢ Âmbito familiar: nesse item deve-se descrever como são as


condições familiares do aluno, como:

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• Características do ambiente familiar (condições da moradia
e atitudes).

• Convívio familiar (relações afetivas, qualidade de


comunicação, expectativas).

• Condições do ambiente familiar para a aprendizagem


escolar.

➢ Âmbito escolar: nesse âmbito devem ser descritas quais as


condições da escola no momento de receber o aluno com NEE e
atender às suas necessidades.

• Cultura e filosofia da escola;

• Organização da escola;

• Recursos humanos;

• Atitudes frente ao aluno;

• Professor da sala de aula regular.

5. Avaliação do aluno

Geral – são apresentados subtópicos e por serem avaliativos, englobam


várias perguntas. São descritas as condições de saúde do aluno: alguma
deficiência, problemas de comportamento e/ou problemas de saúde.

Condições de saúde em geral

• Necessidades educacionais do aluno.

Desenvolvimento do aluno

• Função cognitiva;

• Função motora;

• Função pessoal/social.

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Nos itens da avaliação devem ser apontados quem são os responsáveis
pela avaliação: nome da professora da sala de aula regular; nome da professora
da Sala de Recursos Multifuncionais e a data da avaliação.

Somente após esse parecer diagnóstico deve-se organizar o


planejamento pedagógico no Atendimento Educacional Especializado (AEE),
considerando as potencialidades e as dificuldades apresentadas pelo aluno. Em
seguida deve-se averiguar quais as necessidades educacionais especiais que
constituem os objetivos que serão parte do planejamento pedagógico no
atendimento educacional especializado. Após à primeira parte do PDI, é hora de
realizar a segunda parte que é o Plano Pedagógico Especializado (PPE).

2.5 Plano Pedagógico Especializado (PPE)

Lembro que o PPE é a segunda parte do PDI. Assim sendo, nesse


subitem serão abordadas as etapas para a sua elaboração.

No PDI parte I foram realizadas várias investigações que permitem ao


professor do AEE realizar um plano de ação eficaz na promoção da
aprendizagem do aluno. Ou seja, as ações do PPE servirão para o professor
elaborar um planejamento pedagógico para ser trabalhado na SRM. Não se
esqueça que esse planejamento deve atender às condições individuais de
aprendizagem do aluno.

2.5.1 Itens da parte II – PPE

• Nome do aluno;

• Ano escolar;

• Ano;

• Data de nascimento;

• Período de execução do PDI;

• Professora do AEE;

• Professora da classe regular.

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Ações necessárias para atender às necessidades educacionais especiais
dos alunos.

Âmbitos: escola, sala de aula, família, saúde. Dentro de um desses


âmbitos devem ser descritas as seguintes informações:

➢ Ações necessárias já existentes;

➢ Ações necessárias que ainda precisam ser desenvolvidas;

➢ Responsáveis.

A organização do Atendimento Educacional Especializado pode dividir-se


em:

➢ Tipos de AEE:

• Sala de Recursos multifuncionais;

• Intérprete na sala regular;

• Professora de Libras;

• Tutor em sala de aula regular;

• Atendimento domiciliar;

• Atendimento hospitalar;

• Outras? Quais?

➢ Frequência semanal:

• 2 vezes por semana na SRM;

• 3 vezes por semana na SRM;

• 4 vezes por semana na SRM;

• 5 vezes por semana na SRM;

• Todo o período de aula, própria sala de aula;

24
• Outras? Quais?

➢ Tempo de atendimento:

• 50 minutos por atendimento;

• Durante todas as aulas, na própria sala de aula;

• Outras? Quais?

➢ Composição do atendimento:

• Atendimento individual;

• Atendimento grupal;

• Atendimento na própria sala de aula, com todos os alunos;

• Outros professores envolvidos;

• Orientações a serem realizadas pelo professor de AEE.

➢ Sala de Recursos Multifuncionais:

As áreas a serem trabalhadas nas SRM são:

• Objetivos;

• Atividades diferenciadas;

• Metodologia de trabalho;

• Critérios de avaliação;

• Avaliação do período (relatório final, além das informações


citadas acima deverá conter a data, o nome do professor
do AEE e a assinatura do mesmo).

Para a inclusão acontecer de forma eficaz, se faz necessário muito mais


que a ação educativa do professor, pois para que a escola seja inclusiva é
preciso o envolvimento de toda a instituição de ensino.

25
Resumo da aula 2

Nesta aula evidenciaram-se as Salas de Recursos Multifuncionais, as


adaptações curriculares necessárias (para que a ação pedagógica ocorra de
fato), bem como os recursos pedagógicos adaptados. Porém, para que
realmente o processo ensino/aprendizagem ocorra, é necessário realizar as
duas etapas do PDI, porque é a partir delas que o professor, tanto da sala de
aula regular, quanto da SRM poderá realmente organizar o trabalho pedagógico
que atenda às necessidades individuais do aluno com NEE.

Atividade de Aprendizagem
Discorra sobre as duas etapas do PDI.

Aula 3 – Desenvolvimento do aluno com NEE

Apresentação Aula 3

Nesta aula serão evidenciadas as ações para que o aluno com NEE se
desenvolva e alcance resultados positivos na promoção do conhecimento. Você
também aprenderá sobre as terminalidades específicas e em qual momento elas
são aplicadas.

3. Desenvolvimento do Aluno com NEE

Atualmente, são muitos os estímulos que os alunos recebem, tanto do


ambiente interno, quanto externo à escola. Isso favorece o desenvolvimento
democrático e intelectual dos alunos, incluindo aqueles com NEE que têm os
mesmos direitos de se desenvolverem como pessoas, por isso, faz-se importante
a abordagem sobre o que dispõe a Constituição Federal de 1988, nos Art. 1º e
3º.

26
3.1 O que diz a Constituição Federal

No Artigo 1º a CF diz que "a República Federativa do Brasil [...] constitui-


se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos, no item III "a
dignidade da pessoa humana". No item II trata da dignidade dos valores sociais
do trabalho.
O artigo 3º da CF no item IV trata da promoção do bem-estar de todos e
especifica que deve acontecer "sem preconceito de origem, raça, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação".
Quanto ao primeiro item do Art. 1º da CF: a dignidade da pessoa humana
e aos valores sociais do trabalho.

Definir Dignidade da Pessoa Humana é complexo. É certo que se pode


contar com numerosas reflexões sobre o tema. Não há meios, contudo,
para se aferir um conceito definitivo sobre o assunto. Algumas noções,
entretanto, são convergentes: a) a felicidade é o fim do Ser Humano; b)
o direito surge do homem e para o homem; e, c) a Dignidade está fora
do contexto do que pode mensurar na esfera econômica, sendo parcela
essencial dos Direitos da Personalidade. Desta forma a Dignidade deve
estar no núcleo destes direitos, ser preservada no que alude
fundamentalmente: integridade física e psíquica (SIQUEIRA, S/d.).

Considerar a dignidade da pessoa humana é garantir direitos inerentes do


ser humano. Assim sendo, a CF confere à pessoa humana seu pleno exercício
da cidadania.

Com isto pode-se dizer que as Políticas Públicas voltadas para a inclusão
de pessoas com deficiência tiveram grandes avanços.

Para que o aluno com NEE se desenvolva, verdadeiramente, é preciso


realizar avaliações diagnósticas e da aprendizagem por meio do PDI. É a partir
dessas avaliações que a ação pedagógica acontecerá de fato, atendendo às
necessidades individuais dos alunos.

A avaliação vai muito além do que averiguar o que o aluno sabe e o que
ele ainda precisa aprender. Nesse caso, a avaliação diagnóstica e a avaliação
da aprendizagem terão como pressupostos o processo pedagógico, psicológico
e psicopedagógico.

27
No diagnóstico pedagógico serão averiguados todos os aspectos que
envolvam a aprendizagem. Ele permite ao professor conhecer o aluno
individualmente ou em grupo; como ele é na família; suas particularidades e
necessidades; o que o motiva; suas habilidades e potencialidades.

3.2 Terminalidade Específica

A Terminalidade Específica trata-se de uma certificação para o aluno que


não consegue alcançar o nível de conhecimento exigido para a conclusão do
ensino fundamental. Ela se aplica tanto a alunos com NEE que apresentem:
Deficiências e Transtornos Globais do Desenvolvimento, quanto para os alunos
com Altas Habilidades ou Superdotação. Nesse segundo caso prevê a
aceleração de estudos e deve ser solicitada por escrito pelo aluno e/ou pelo seu
representante legal.

A Terminalidade Específica ocorrerá por meio de certificação da


conclusão de escolaridade, onde constará de forma descritiva e não por meio de
nota, as competências desenvolvidas pelos alunos. Também constará o
encaminhamento desses alunos para a EJA e/ou para a educação profissional.

Esse é um assunto que nos traz reflexões sobre alguns aspectos. Uma
pergunta que vem à tona é: se o aluno tem algumas "limitações" e/ou
dificuldades no ensino fundamental, como serão trabalhadas na EJA as ações
pedagógicas para esse aluno?

Sabe-se que essa é uma questão bastante delicada. Primeiro, porque a


falta de profissionais especializados ou que tenham interesse em trabalhar com
alunos com NEE é eminente; segundo, porque os professores que trabalham
com a EJA poderão não dar continuidade ao trabalho de avaliação necessário
para que, de fato, o processo ensino/aprendizagem do aluno com NEE aconteça.

Analisando a terminalidade específica a partir da LDB 9.394/96 que prevê


duas formas de certificação do ensino fundamental:

➢ por conclusão;

➢ por Terminalidade Específica.

28
A certificação por conclusão se aplica aos alunos que, por méritos
próprios, conseguiram concluir o ensino fundamental na idade própria e com
conhecimentos de leitura, escrita e cálculo.

A certificação por terminalidade prevista na Res. Nº 2 de 2001 é


direcionada aos alunos que não apresentaram resultados semelhantes aos
citados na certificação por conclusão.

É importante enfatizar que:

O certificado de conclusão de escolaridade específico, difere da


"conclusão" do ensino fundamental, pois, por meio dele, pode
identificar o nível de conhecimento alcançado pelo aluno,
possibilitando-lhe, em tese, novas alternativas educacionais, como
previsto em lei (LIMA e MENDES, 2011, p. 196).

Não há registros específicos que orientam como a terminalidade


específica, deve acontecer, por isso:

[...] os critérios ficam à cargo das instituições de ensino expedir


históricos escolares, declarações de conclusão de série e diplomas ou
certificados de conclusão de curso, com as especificações cabíveis
(BRASIL, 1996, p. 25).

Assim sendo, a escola deve descrever as habilidades e competências dos


alunos com NEE e/ou com Altas Habilidades ou Superdotação, tomando o
cuidado para que ao em vez de incluir, a terminalidade específica, possa ser
excludente.

Resumo da Aula 3

Nesta aula evidenciou-se a terminalidade específica, juntamente com a


abordagem de como o aluno com NEE se desenvolve e como ocorre a promoção
da conclusão do ensino fundamental para esses alunos e para os que têm Altas
Habilidades ou Superdotação. Nesse segundo caso pode ocorrer a aceleração
de estudos.

29
Atividade de Aprendizagem
Discorra sobre quais as ações deverão ser aplicadas para que
o aluno com NEE se desenvolva e alcance resultados
positivos na promoção do conhecimento.

Aula 4 – Dinâmica da educação inclusiva no cotidiano da sala de aula

Apresentação da Aula 4

Nesta aula será evidenciada as maneiras de como o aluno com NEE


poderá se desenvolver (como aluno) e como ocorre a avaliação da
aprendizagem na Educação Especial Inclusiva.

4. Dinâmica da educação inclusiva no cotidiano da sala de aula

Para atuar na área da Educação Especial, se faz necessário que o


professor tenha formação específica para lidar com as diversas situações
decorrentes das especificidades de cada aluno.

4.1 Professores das Salas de Recursos Multifuncionais (SRM)

Os professores das SRM enfrentam vários obstáculos, principalmente por


falta de estrutura nas escolas. A ausência dessas salas, inclusive, é um desses
obstáculos, e nesse caso o professor acaba carregando a "responsabilidade
maior" na inclusão de alunos com NEE.

Partindo desse princípio, surge a necessidade de se entender que para


ter sucesso no processo de inclusão, o primeiro passo a ser dado é investir na
formação de professores e na estruturação dos espaços físicos das instituições
de ensino.

Os alunos com NEE necessitam de atendimento especializado e é essa


formação do professor que fará a diferença, pois ele saberá lidar com as diversas

30
possibilidades e desafios, além de saber identificar os alunos com NEE e realizar
ações educacionais que os ajudarão a se desenvolverem como pessoa humana.

Conforme Freire (2011):

Os docentes, no contexto da sala de aula, precisam conhecer os seus


alunos [...] e saber identificar as dificuldades existentes em cada aluno
de forma particular [...] para que possa discutir de forma participativa,
estratégias eficazes que possam amenizar as dificuldades
apresentadas, dos alunos. (FREIRE, 2011, S/p.).

Uma ação pedagógica inclusiva deve começar desde o Currículo do


curso, cujo conteúdo abordado deve ser único, ou seja, o mesmo que será
trabalhado na sala de aula regular deverá ser trabalhado nas SRM. Porém, como
já dissemos nas aulas anteriores, esse conteúdo deve ser trabalhado de forma
diferenciada para atender as necessidades dos alunos com NEE
individualmente, ou seja, o conteúdo será o mesmo, mas, as abordagens
pedagógicas, a metodologia e os recursos didáticos deverão ser diferenciados.

Assim sendo, Freire (2011), diz que:

Os professores, como qualquer professor dinâmico, flexível e inovador,


precisam estar atrelados ao ambiente da inclusão, eles precisam agir,
aliando suas práticas pedagógicas, às suas ações afetivas, porque,
quem lida com alunos especiais, deve necessariamente agir com certa
afetividade. (FREIRE, 2011, S/p.).

Não se deve tomar como afirmativa que o professor é o único que deve
fazer a diferença na inclusão de alunos com NEE, e sim, que ele enfrenta vários
desafios e por isso, precisa ter um olhar clínico quando atuar na Educação
Especial. Esse olhar significa enxergar o aluno com NEE como pessoa humana.

4.2 Avaliação da aprendizagem na Educação Especial

Avaliar é antes de tudo averiguar as potencialidades de cada aluno.


Avaliar o aluno com NEE precisa de vários fatores para que ao invés de incluir,
ela não seja excludente. Por isso, a avaliação de alunos com NEE deve ser
diagnóstica considerando todas as situações de aprendizagem, respeitando as
limitações desses alunos. Assim sendo, avaliar o aluno com NEE da forma

31
tradicional ou sem critérios, fará com que ele se sinta excluído, pois essa forma
de avaliar não leva em conta suas limitações.

Vale reforçar sobre o PDI, especificamente no que tange a avaliação do


aluno com NEE e as suas condições de saúde em geral, o seu desenvolvimento
incluindo as funções cognitivas, motoras e sociais. A partir da análise desses
itens é que se parte para o PPE e o professor, ao realizar seu plano de aula
deverá prever, na avaliação, as dificuldades e potencialidades do aluno com
NEE, pois, conforme Fernandes e Viana (2009, p. 314), a oferta de ambientes
educacionais ricos em estímulos favorece, indubitavelmente, o desenvolvimento
democrático da inteligência.

4.3 Exemplo prático

Como exemplo prático, será relatada uma experiência como docente de


um aluno com NEE. Para preservar sua identidade, seu nome será modificado.

“Receber Rodrigo na sala de aula do curso de Pedagogia foi um grande


desafio. A equipe pedagógica composta por duas psicopedagogas e uma
gestora e a mãe de Rodrigo foi o primeiro passo para que a inclusão
acontecesse. Após essa reunião, traçamos metas, porém apesar da anamnese,
fez-se necessário perceber o aluno na sala de aula, suas potencialidades e suas
dificuldades.

Ele se desenvolveu bem na sala de aula, porém no período de provas


estávamos diante de um cenário desafiador, pois, além da disciplina que eu
lecionava, era preciso também que os demais professores tivessem o mesmo
olhar clínico na hora de avaliar.

Assim sendo, efetuaram-se as seguintes perguntas:

➢ Quais as potencialidades de Rodrigo?

➢ Quais são suas dificuldades?

➢ Quais recursos utilizar?

32
Após aos questionarmos, ficou perceptível que Rodrigo é auditivo e
utilizou-se esse recurso como uma das estratégias de ensino/aprendizagem.

Para que Rodrigo conseguisse entender o que seria estudado em cada


aula, foi necessário contextualizar dizendo o que seria trabalhado e ao final fazer
um breve resumo.

Sua dificuldade na escrita era outro desafio. Assim sendo, ele realizava a
prova no computador, porém, devido à sua pouca coordenação motora fina,
algumas questões se perdiam e/ou não eram marcadas. Outro fator perceptível,
foram que as questões de múltiplas escolhas deveriam ser evitadas, porém, os
conteúdos eram os mesmos trabalhados nas provas com os demais alunos.

Outro desafio que criou uma expectativa muito grande foi a avaliação das
respostas dadas por Rodrigo.

Para não o excluir, Rodrigo fazia a prova no mesmo ambiente e no


mesmo horário que seus colegas de classe, porém no atendimento
psicopedagógico, a psicopedagoga fazia as mesmas perguntas da prova para
ele e em seguida registrava suas respostas, pois ele assimilava bem, aquilo que
era falado em sala de aula.”

Avaliar é muito mais que dar nota, a avaliação do aluno com NEE precisa
ser diagnóstica e holística, pois o intuito é incluir e não excluir o aluno e, incluir
significa ofertar Educação de qualidade e individualizada para que haja
realmente a ação/reflexão/ação daquilo que está sendo ensinado e daquilo que
está sendo aprendido.

O professor que trabalha na área de Educação Especial, deverá ter


conhecimento e habilidades. Como diz Freire (2011, S/p.) “deve
necessariamente agir com certa afetividade”.

O conhecimento da Educação Especial é muito importante para a atuação


docente nesta área, pois isso permitirá aos professores que nela atuam,
competências e habilidades que facilitarão organizar os trabalhos de forma que
o aluno seja valorizado como pessoa humana. Não somente para isso, mas
também para atuar no Atendimento Educacional Especializado, com a mediação
entre os conhecimentos adquiridos nas salas regulares e os que serão mediados
nas Salas de Recursos Multifuncionais.

33
Resumo da aula 4

Nesta aula foram focados assuntos de grande relevância para a educação


especial, a dinâmica da Educação Inclusiva na EE e a avaliação da
aprendizagem do aluno com NEE.

Atividade de Aprendizagem
Discorra sobre o a importância do olhar clínico no atendimento
do aluno com NEE.

34
Resumo da disciplina

Nesta disciplina o foco foi a atuação e a organização do trabalho


pedagógico para Educação Especial, a qual está pautada em pressupostos que
vão muito além de matricular alunos nas escolas públicas.

Evidenciou-se a importância da acessibilidade em seus vários aspectos,


tais como: à escola, ao currículo, serviços de apoio especializado, adaptações
curriculares e recursos pedagógicos adaptados, os quais visam auxiliar nas
etapas de escolarização de estudantes com NEE.

Contextualizou-se a terminalidade específica (com a abordagem de como


o aluno com NEE se desenvolve e como ocorre a promoção da conclusão do
ensino fundamental para esses alunos), apontando de forma elucidativa as leis
que respaldam esse processo.

Essa organização deve ser pensada e repensada a partir de análises e avaliações que
permitam que o currículo desenvolva, de fato, o potencial humano dos alunos e que
esses superem atitudes de preconceito e discriminação em relação às diferenças que
são discriminatórias e excludentes.

35
REFERÊNCIAS

BRASIL. Decreto nº 7.611 de 17 de novembro de 2011. Dispõe sobre a


educação especial, o atendimento educacional especializado e dá outras
providências. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2011/decreto/d7611.htm>. Acesso em: Abr./2016.

BRASIL. LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996. Estabelece as


Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em: Abr./2016.

BRASIL. Secretaria de Educação Especial. Portal de Ajudas Técnicas para


Educação: equipamento e material pedagógico para educação, capacitação
e recreação da pessoa com deficiência física: recursos pedagógicos
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