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Atendimento Educacional em Ambiente Hospitalar e Domiciliar

MÓDULO III
Escolarização do estudante
afastado das atividades
escolares: Atendimento
Pedagógico Domiciliar (APD)

Professora:
Prof. Ana Karyne Loureiro G. W. Furley

Organização:
Jucélia Linhares Granemann de Medeiros
Fernando Cesar de Carvalho Moraes Campo Grande
Gilberto Ribeiro de Araújo Filho 2022
Atendimento Educacional em Ambiente Hospitalar e Domiciliar

MÓDULO III
Escolarização do estudante
afastado das atividades
escolares: Atendimento
Pedagógico Domiciliar (APD)

Professora:
Prof. Ana Karyne Loureiro G. W. Furley

Organização:
Jucélia Linhares Granemann de Medeiros
Fernando Cesar de Carvalho Moraes Campo Grande
Gilberto Ribeiro de Araújo Filho 2022
Apresentação
Antes de qualquer coisa, parabenizo a você caro O que é o APD? Estudaremos e compartilharemos
cursista pela busca ao conhecimento. Como é bom juntos, saberes e práticas sobre essa temática pouco
saber que, você enquanto professor (a) interessa-se divulgada, e, por muitas vezes, confundida. Mas, o que
pela educação em espaços não escolares. Seja bem- não pode ser confundido jamais é o aluno que recebe
vindo (a) ao Módulo III, aos estudos e reflexões sobre o esse tipo de atendimento pedagógico, não é tão
Atendimento Pedagógico Domiciliar, o APD. somente o “fulaninho” do APD, esse aluno tem sempre
um nome e depois do nome, tem sobrenome também.
Nesse Módulo, apresentarei a você, o Atendimento Esse aluno será apresentado a você por meio de
Pedagógico Domiciliar (APD), garantido atualmente uma canção antes de iniciarmos esse módulo, e você
pela lei nº 13.718 de 24/09/2018, que alterou o art. 4º certamente o acolherá.
da lei nº 9394/96 de Diretrizes e Bases da Educação
(LDB). Na Unidade I, estudaremos: Um breve recorte da
Educação Especial no Brasil. Sabemos que a temática
A referida lei assegura o atendimento educacional ao APD é recente no campo acadêmico, no entanto esse
aluno da Educação Básica internado para tratamento olhar pedagógico intencional que busca desenvolver,
de saúde em regime hospitalar ou domiciliar por capacitar, estimular os sentidos de crianças e
tempo prolongado. Como professora, optei por adolescentes com necessidades educacionais
trazer as citações referentes às legislações em sua especiais percorreu um caminho extramuros escolares
íntegra, visto que, acredito ser de suma importância a partir de uma realidade vivida por familiares e
disponibilizar esse material possibilitando o acesso às tutores datados historicamente. Apresentarei a você
informações em um mesmo paper. a criação de dois institutos que foram de grande
importância para a educação especial no Brasil.
Você observará que a lei supracitada acolhe o
atendimento tanto em classe hospitalar (CH) como Na Unidade II, estudaremos O Atendimento Pedagógico
o atendimento domiciliar (APD). Fato esse que por si Domiciliar – APD, apresentando a conceituação, os
só descreve o público atendido sendo ele, crianças alunos atendidos e como funciona o APD. Nesse
e adolescentes com dificuldades de aprendizagem contexto, os alunos atendidos pelo APD fazem parte
por motivos de doença e/ou que devido a problemas de um amplo público, desde os alunos público alvo
de saúde necessitam de atendimento educacional da educação especial, por questões relacionadas à
especializado fora do ambiente escolar, visando à impossibilidade transitória ou permanente e alunos
garantia do processo educativo. com doenças degenerativas e distrofias; casos de
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Apresentação
cirurgias cardíacas, ortopédicas, queimaduras e da realidade desses locais para possas observar que
outros; AIDS, diabetes, hemofilia, câncer. A partir desse Estados e Municípios seguem a legislação nacional,
texto, refletiremos e levaremos nosso olhar a esse ser no entanto, se organizam mediante necessidade e
em sua totalidade e não fragmentado. possibilidade de ação.

A seguir, na Unidade III, estudaremos A prática Na Unidade V, estudaremos e refletiremos sobre o


pedagógica domiciliar, tema esse dividido em tópicos: uso de imagens de alunos e professores no APD.
atividades, avaliação e tríade de sucesso. Apresentamos No entanto, será apresentado a você, os tópicos:
para você práticas relatadas por pesquisadoras e ética, o uso de imagens, a autorização para o uso de
professoras que atuam no APD. Buscaremos apresentar imagens. O objetivo dessa Unidade é orientar formas
o APD, a partir de pesquisas feitas por profissionais que de se resguardar e a resguardar seu aluno, sugerindo
atuam na área, dentre eles: Márcia Pereira Martins Vale, a utilização do Termo de Consentimento livre e
Ive Carolina Fiuza Milani, Rita de Cácia Jesus de Oliveira, esclarecido (TCLE) e o seguimento de orientações em
Sinaia Lopo Guanaes, Leila de Souza Ganem, Carla Comitês de Ética em Pesquisa (CEP).
Cilene Baptista da Silva, Maria Emília França de Abreu,
Elaine Marcílio Santos, Abigail Malavasi. Professoras e Diante disso, buscaremos apresentar a você, aluno
pesquisadoras que através de seus textos, compartilham cursista, um material que forneça dados bibliográficos,
conosco suas experiências e nos presenteiam e nos a partir da legislação brasileira e de pesquisas atuais
ensinam a partir de suas práticas. Essa é a maior em APD. Como sugestão, indico alguns materiais
escola... A vida. E na vida seguimos e levamos conosco, de apoio descritos ao final desse Módulo III. Para
uma gama de saberes. encerramos com “chave de ouro”, teremos uma Roda
de conversa com duas professoras de APD: Márcia
Na Unidade IV, estudaremos e refletiremos a temática Pereira Martins Vale, Ive Carolina Fiuza Milani e com o
O APD possui bases legais que sustentam suas ações, doutorando Paulo da Silva Rodrigues (PPGE/UFES).
a partir da legislação nacional e algumas legislações
Estaduais. O objetivo é apresentar a você um pouco Bons estudos!

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Plano de ensino
Toda pessoa, mesmo a um milésimo de segundo antes de morrer, tem direito à
educação escolar, bem como a (educação) não escolar. Merece cuidado nos seus
“modos de ser sendo junto/com o outro no mundo”, afinal, viver é muito difícil,
complicado e é verdadeiramente complexo, mas, por outro lado, é algo que tem
muito daquilo que é agradável, do que é bom e do que é alegre. É nesse processo
vivido que insistimos tanto em respirar a vida, inventando sentido para ela, como
por exemplo, pelas vias dos diversos e multifacetados modos de ensinar e de
aprender - com sentido (consentido) (PINEL, 2004, p. 122).

Sobre a Professora Ana Karyne Loureiro G. W. Furley

Doutoranda em Educação pela Universidade Federal do Estado do Espírito Santo (UFES),


pelo Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE), na linha de Educação Especial
e Processos Inclusivos, sob orientação do prof. Dr. Hiran Pinel. Autora do livro Por uma
fenomenologia do brincar, Editora Appris. Possui graduação em Pedagogia pelo Centro
de Educação Superior Anísio Teixeira. Especialista em Psicopedagogia, em Pedagogia
Hospitalar, em Educação Inclusiva e Especial, em Atendimento Educacional Especializado/
AEE e em Didática do ensino superior. Brinquedista com formação no hospital Universitário
Pedro Ernesto/HUE/UERJ através da Associação Brasileira de Brinquedotecas (ABBri).
Membro do Conselho e Afiliada a ABBri. Foi co-coordenadora do Curso de Extensão
de 180 horas pela UFES-PROEX: Pedagogia, Brinquedoteca e Classe Hospitalar: um
enfoque fenomenológico existencial. Integrante do Projeto de Pesquisa “Diálogos sobre
fenomenologia na Educação” registrado na PRPPG com o nº 9077/2018. Membro do grupo de
Trabalho (GT 15) Educação Especial, da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa
em Educação (Anped). Proprietária do Espaço Psicopedagogia e Ludoterapia (Serra-ES).
Acesso ao currículo Lattes da professora no link: http://lattes.cnpq.br/6736589692524594

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Plano de ensino
Módulo III: Atendimento Pedagógico Domiciliar (APD)

Carga horária: 35 horas

Área temática: Educação e áreas afins

Público-Alvo: Professores da educação básica, pedagogos, gestores, estudantes e a quem mais interessar.

Justificativa: A proposta deste módulo é apresentar a temática Atendimento Pedagógico Domiciliar (APD), através
de conceitos, legislações, pesquisas atuais de profissionais que atuam nesse espaço de atendimento educacional,
pouco conhecida e por vezes confundida. Faz-se, portanto, necessário para a atuação nesse atendimento
pedagógico, a continuidade de estudos como capacitações e cursos de extensões. No entanto, é preciso mais! É
preciso conhecer e refletir a política que o orienta e o subsidia, desde a elaboração do Plano de Desenvolvimento
Institucional (PDI), até o processo avaliativo. Assim, poderemos evidenciar os princípios éticos que amparam à
relação família-professor-aluno no âmbito da intimidade do lar, a conduta do professor e do aluno.

Conteúdos:

Unidade I: Um breve recorte da Educação Especial no Brasil

Unidade II: O Atendimento Pedagógico Domiciliar – APD

Unidade III: A Prática Pedagógica Domiciliar

Unidade IV: O APD tem bases legais que sustentam suas ações

Unidade V: O uso de imagens de alunos e professores do APD

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Plano de ensino
Objetivo geral:

Tomar conhecimento, estudar, refletir e compreender os conceitos, as práticas pedagógicas; a legislação


norteadora; a importância da ética na relação professor aluno- família, apresentados no decorrer do material.

Objetivos específicos:

1). Tomar conhecimento sobre o APD e sua importância;

2). Promover a apropriação dos instrumentos legais do APD;

3). Promover a reflexão sobre as práticas pedagógicas do APD;

4). Promover o envolvimento do aluno com temática estudada a partir de atividades e reflexões.

Metodologia – Orientações gerais: aula teórico-expositiva, estudo de textos, reflexões a partir de perguntas
disparadoras, atividades como forma de pesquisa.

Avaliação: Será realizada de forma contínua, através do estudo, participação nas atividades escritas e socialização
em fóruns. No decorrer da mesma, será observado o nível de coerência com o conteúdo apresentado e a
capacidade crítica discursiva do cursista.

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Caro cursista, desejo iniciar nossos estudos e reflexões, a partir dessa canção. Aqui agora, nesse tempo presente,
somos todos professores de APD. Apresentamos a você, o seu aluno e também meu aluno.

Todas as coisas têm nome


Casa, janela e jardim
Coisas não têm sobrenome
Mas a gente sim
Todas as flores têm nome
Rosa, camélia e jasmim
Flores não têm sobrenome
Mas a gente sim
O Chico é Buarque, Caetano é Veloso
O Ari foi Barroso também
E tem os que são Jorge, tem o Jorge Amado
Tem outro que é o Jorge Ben
Quem tem apelido, Dedé, Zacarias
Mussum e a Fafá de Belém
Tem sempre um nome e depois do nome
Tem sobrenome também
Quem tem apelido, Zico, Maguila
Xuxa, Pelé e He-man
Tem sempre um nome e depois do nome
Tem sobrenome também [...]

(Fonte: Musicas Gente Tem Sobrenome- Toquinho.


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=7zT0Dw_zucQ)

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Sumário
UNIDADE 1 - Um breve recorte da Educação Especial no Brasil. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Cronologia da educação especial no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

UNIDADE 2 - O Atendimento Pedagógico Domiciliar – APD. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22


2.1. Conceituando. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.2 Alunos atendidos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.3 Como funciona o APD?. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

UNIDADE 3 - A Prática Pedagógica Domiciliar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30


3.1 Atividades e materiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.2 A avaliação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.3 Tríade do sucesso: Professor, Aluno, Família. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

UNIDADE 4 - O APD tem bases legais que sustentam suas ações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40


4.1 Legislações Nacionais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
4.2 Legislações Estaduais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

UNIDADE 5 - O uso de imagens de alunos e professores do APD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45


5. 1 Ética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
5. 2 O uso de imagens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
5.3 A autorização para o uso de imagens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Unidade

I
Um breve recorte da Educação
Especial no Brasil

Cronologia da educação especial no Brasil 8


Unidade I Um breve recorte da Educação Especial no Brasil

Um breve recorte da Educação Especial no Brasil

Para estudarmos e refletirmos sobre o Atendimento preocupada em elevar o Brasil ao nível de modelos já
Pedagógico Domiciliar (APD), é de suma importância exercidos pela França que “tivera a educação do deficiente
conhecer a trajetória da Educação Especial no Brasil, visto mental iniciada com Itard, em 1800, que tentara educar o
que, os alunos atendidos por esse atendimento educacional selvagem de Averyon, baseada na metodologia sensualista
são na maioria das vezes, (ou estão inclusos) alunos com de Condillac” (JANUZZI, 2012, p.17-18).
necessidades educacionais especiais.
A Constituição de 1824 foi a primeira Constituição que
Para tal, é preciso destacar a importância em percebermos prometeu “a instrução primária e gratuita a todos” (p.06). No
o tempo histórico e o espaço tempo desses acontecimentos, entanto, a educação primária foi discutida na constituinte
visto que a partir de estudos, os movimentos por uma e esquecida visto que a gratuidade e obrigatoriedade do
escola inclusiva na última década do século XX, nos revelam ensino elementar prescrito para todos, pela Reforma Couto
o desejo da população por uma sociedade mais justa e Ferraz (Regulamento de 17/02/1854) não eram cumpridas.
igualitária. Nesse sentido, trazemos para o início do nosso Diante disso, inspirado nas ideias positivistas¹ de Comte,
estudo um pequeno recorte, a fim de apresentar a você foi criado no ano de 1854, no município da corte de D.
cursista, o início dessa trajetória e dois momentos que Pedro I, o Imperial Instituto dos Meninos Cego (Decreto nº
marcaram a inclusão de pessoas deficientes no processo de 1.428 de 12/09/1854), atualmente conhecido como Instituto
escolarização no país. Benjamin Constant (IBC), com regime de internato para
atender apenas o ensino primário. Esse modelo educacional
Atualmente as políticas públicas que estabelecem a representava os desejos da sociedade da época que
garantia do direito ao aluno com necessidades educacionais pretendia:
especiais estão sancionadas, promulgadas e publicadas,
mas nem sempre foi assim. Essa parte da população, por [...] instaurar um universo pedagógico, universo
muitos anos foi excluída do direito à educação. O processo exclusivamente pedagógico, e assinalado por
educacional das crianças deficientes no Brasil aconteceu de dois traços especiais: separação do mundo
forma institucional, no entanto reservada, no agrupamento e, dentro desse recinto reservado, vigilância
constante, ininterrupta, do aluno, vigilância
da materialização das prováveis ideias elitistas liberais
de todos os instantes, que vise constituir um
divulgadas entre o fim do sec. XVIII e o começo do séc. auxilio, um devotamento de todos os instantes
XIX. Período este, no qual a elite intelectual do país estava (SNYDERS, 1977, p. 271 apud JANUZZI, 2012, p.11).

¹ Positivismo: é uma corrente teórica inspirada no ideal de progresso contínuo da humanidade. O pensamento positivista postula a existência de uma marcha contínua e
progressiva e que a humanidade tende a progredir constantemente.https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/positivismo.htm 11
Unidade I Um breve recorte da Educação Especial no Brasil

No ano de 1857, foi criado o Instituto dos Surdos-Mudos deficientes numa tentativa de integração ao convívio em um
(INES), um marco para a educação no país. No entanto, a grupo social, tendo preocupação em definir uma catalogação
educação desses alunos não havia sido identificada pelo de anormalidade comportamental, definindo-os como
governo central, que, através da Constituição de 1824 “portadores de defeitos pedagógicos” (p. 35).
garantia o direito à educação pública primária, fadada ao
esquecimento já que a sociedade da época abarcava de Em 1909, o professor Clemente Quaglio, organizou o
certa forma esse deficiente em tarefas sociais simples e a Laboratório de Pesquisa Experimental na cidade de
elite contratava para seus filhos, professores tutores por Amparo (SP), no qual apresentou como resultado de seu
meio do ensino domiciliar. estudo com 149 crianças, um total de 13% apresentadas
como anormais de inteligência. A partir daí, estendeu o
A proclamação da República em 1889 e a Constituição de estudo para a capital que atendia “[...] 21.883 alunos, de
1891, permitiram que cada estado pudesse organizar sua onde 2.884, com anomalias psíquicas, e em todo o estado,
administração e organizassem leis que pudessem atender 12.050 [...]” (p.42). No ano de 1913, Basílio de Magalhães
sua demanda em busca do cumprimento nacional, e com englobou em anormalidade de inteligência, uma gama de
isso, cada estado poderia desenvolver sua organização indivíduos enquadrados como: viciados, amorais, mentirosos
escolar nos níveis primário (de 7 a 13 anos) e secundário (de habituais, vagabundos, psicomaníacos e atrasados em sua
13 a 15 anos). Houve nesse período, o estabelecimento de escolaridade. Influenciado pelas teorias de Binet, Simon e
um sistema duplo em relação à educação. Nesse contexto, Vaney, psicólogos franceses e criadores do Teste de Binet-
a escola primária e profissional era destinada ao povo e a Simon², enfatizou o seu trabalho central nas classificações
escola secundária e superior era um privilégio da elite. com o atraso de escolaridade, colocando essas crianças
em instituições especializadas com trabalho pedagógico
Desse modo, as ideias positivistas ganharam força com a supervisionado por um médico que exercia um papel
reforma de 1890 organizada por Benjamin Constant (1833- preponderante, no qual, o atraso escolar era o limiar da
1891). Constant, que era adepto das ideias do filósofo normalidade. Nesse caso, essas crianças deveriam ser
francês Auguste Comte (1798-1857), considerava a devoção à educadas em salas de aula separadas dos demais, para
ciência, como grande guia a ser usado em todos os aspectos não atrapalhar o rendimento de outrem. No entanto, todos
da vida individual e social. deveriam estar empenhados em colaborar para corrigir essa
imperfeição educacional, seguindo o modelo da vertente da
No entanto, foi na década de 1920 que surgiram alguns
França que utilizava das pesquisas em psicologia genética
pavilhões para crianças, construídos em hospícios que, em
através das obras e dos testes de inteligência de Alfred
seus serviços, ofereciam orientação pedagógica para crianças
Binet (1857-1911).

² Para saber mais: leia o artigo Educação do anormal a partir dos testes de inteligência, do autor Ricardo Antonio Gonçalves Teixeira. Disponível em: https://www.scielo.br/
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2236-34592019000100443
12
Unidade I Um breve recorte da Educação Especial no Brasil

Nessa época, a Educação dos Anormais³ era defendida recursos e serviços e orienta quanto a sua utilização no
a partir de um víeis econômico, dentre eles, o alto custo processo de ensino e aprendizagem nas turmas comuns do
dos manicômios, das penitenciárias e dos asilos, visto ensino regular (BRASIL, 2010).
a possibilidade dessas pessoas receberem educação,
significaria a incorporação das mesmas ao trabalho e com De acordo com Januzzi (2012), em virtude da necessidade de
isso a diminuição de criminalidade e perturbação da ordem. integração de conhecimentos oriundos de diversas ciências,
a Educação Especial tem buscado seguir orientações de
Para essa sociedade todos deveriam ser aproveitados e diferentes áreas do conhecimento. Visto que, no início esse
caberia à escola selecioná-los e prepará-los. Sociedade público da educação foi acolhido nos espaços de asilos e
essa que, defendia um discurso pró-infância contra os hospitais e somente no final do séc. XIX, passou a possuir
riscos da vagabundagem das ruas como pré-disposição ao apoio governamental com a criação do Instituto Benjamin
crime, à ameaça a moralidade, a doenças, a indisciplina e a Constant (IBC) e do Instituto dos Surdos-Mudos (INES).
normalidade.
A partir da leitura da Cronologia da educação especial no Brasil
No Brasil, foi na última década do século XX, que o (apresentada a seguir), poderemos observar que em virtude
movimento nacional por uma escola inclusiva alcançou ao crescimento dos movimentos internacionais e nacionais, foi
visibilidade, reverbando políticas públicas que garantiam criado no ano de 1973 o Centro Nacional de Educação Especial
espaços educacionais às crianças e adolescentes com (CENESP), ligado ao Ministério da Educação e Cultura (MEC),
deficiência e com necessidades educacionais especiais, até sofrendo alterações em sua trajetória.
então segregadas a espaços assistencialistas.

Nesse itinerante, a escola passa a ser receptora de todos


os cidadãos sujeitos de direito que antes recebiam uma Assista ao filme de Ayveron, o
escolarização como caráter substitutivo para alcançar uma menino selvagem. Disponível em:
educação inclusiva, em todas as etapas de ensino, através https://vimeo.com/155385147
do Ministério da Educação e Cultura (MEC), por intermédio da
Secretaria de Educação Especial (SEESP). Os anos passaram.... Reflita, não
precisa responder. Atualmente
A Educação Especial é parte integrante da educação regular, tivemos avanços? Tivemos
devendo ser prevista no projeto-político da unidade escolar, retrocessos? O que está diferente?
visto que a mesma sendo modalidade transversal a todos os O que é utilizado para avaliar esse
níveis, etapas e modalidades de ensino. Nesse liame, realiza aluno com deficiência? O que você
o atendimento educacional especializado, disponibiliza os acha? Você concorda, discorda?

³ Anormais: termo datado da época de acordo com Januzzi (2012). 13


Unidade I Um breve recorte da Educação Especial no Brasil

Cronologia da educação especial no Brasil

Dom Pedro II criou:

• Decreto Imperial nº 1428, Imperial Instituto dos Meninos Cegos – 12 de setembro de 1854 – na cidade do Rio de
Janeiro;

• José Alvares de Azevedo educou Adélia Sigaud, filha do Dr. José f. Xavier e médico da família imperial, despertando o
interesse do ministro do império Conselheiro Couto Ferraz, que influenciou a decisão do Imperador;

• Lei nº 939 – Imperial Instituto dos Surdos-Mudos, 26 de setembro de 1857 – na cidade do Rio de Janeiro;

• O francês Ernesto Hüet, professor do Instituto de Bourges na França, chegou ao Rio em 1855, querendo inaugurar
uma escola para surdos-mudos – foi apresentado ao Marques de Abrantes, que o levou ao Imperador.

• Em 6 de julho de 1957 – Lei 3198 – Imperial Instituto dos Surdos-Mudos para Instituto Nacional de Educação dos
Surdos (INES);

República:

• Em 1891 – decreto 1320 – Marechal Deodoro da Fonseca mudou o nome do Imperial Instituto dos
Meninos Cegos para Instituto Benjamin Constant (IBC), em homenagem ao ilustre e atuante ex-professor de
matemática e ex-diretor, Benjamin Constant Botelho de Magalhães;

• Em 6 de julho de 1957 – lei 3198 – Imperial Instituto dos Surdos-Mudos para Instituto Nacional de Educação dos
Surdos (INES);

• 1874 – Hospital Estadual de Salvador – atendimento e assistência aos deficientes mentais;

• 1900 – Dr. Carlos Eiras – monografia da Educação e Tratamento Médico-Pedagógico dos Idiotas;

• 1915 – publicações: a Educação da Infância Anormal da Inteligência no Brasil; Tratamento e Educação das Crianças
Anormais da Inteligência no Brasil e a Educação da Infância Anormal e das Crianças Mentalmente Atrasadas na
América Latina; 14
Unidade I Um breve recorte da Educação Especial no Brasil

Cronologia da educação especial no Brasil

• Década de 20 – A Infância Retardatária e a Educação dos Supernormais;

• 1929 – Reforma do Ensino Primário, Profissional e Normal do Estado do Rio de Janeiro;

• Década de 30 – A Educação dos Bem-Dotados e chega Helena Antipoff ao Brasil;

• Até a década de 50 várias escolas especializadas, públicas e particulares, foram inauguradas em Santa Catarina, Rio
de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo;

• Sociedade Pestalozzi do Rio de Janeiro, 1948;

• Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE/RIO – 1954.

• Campanha para a educação do surdo brasileiro – 1957;

• Campanha nacional de educação e reabilitação de deficientes da visão – 1958;

• Campanha nacional de educação e reabilitação de deficientes mentais – 1960;

• 1961 – Lei N.º 4.024, Lei de Diretrizes e Bases da Educação – artigos 8º e 9º tratavam da educação dos “excepcionais”;

Governo Militar:

• 1967 – Ministério de Educação e Cultura – criou uma comissão para estabelecer critérios de identificação e
atendimento aos superdotados;

• 1971 – Lei 5692 – artigo 9º – previa “tratamento especial aos excepcionais” – deficientes, problemas de conduta
e superdotados, deveriam receber tratamento especial, de acordo com as normas fixadas pelos competentes
Conselhos de Educação;

• 1971 – criado o Projeto Prioritário n. º 35 – estabeleceu a educação de superdotados como área prioritária da
Educação Especial;
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Unidade I Um breve recorte da Educação Especial no Brasil

Cronologia da educação especial no Brasil

• Período de 1972 a 1974 – Plano Setorial de Educação e Cultura fixou “uma política de ação do MEC com relação
ao superdotado. ” (NOVAES, 1979) conceito, critérios de identificação, tipos de classes (regulares e especiais),
modalidades de atendimento (enriquecimento curricular, aceleração de estudos ou as duas modalidades conjugadas
(1931) e a monitoria);

• 1973 – criação do Centro Nacional de Educação Especial – CENESP;

• 1979 – fundação da ABSD, marcando o início da parceria MEC, UNESCO e SENAI para a área dos superdotados;

Governo General Figueiredo:

• 1986 – com o decreto nº 93.613, o CENESP é transformado na SESPE, Secretaria de Educação Especial e
transferido para Brasília e ficou sob a Direção da médica, Dra. Helena Bandeira Figueiredo.

Governo Collor de Melo:

• 1990 – A SESPE foi extinta e a sua função foi assumida pela SENEB, Secretaria Nacional de Educação Básica,
que criara a Coordenação de Educação Especial;

• Participação do Brasil na Conferência Mundial sobre Educação para Todos em Jomtien – Tailândia;

• 1991 – desativada a Coordenação de Educação Especial;

Governo Itamar Franco:

• Final de 1992 – recriada a Secretaria Nacional de Educação Especial;

• 1993 – compromisso com a Educação para Todos retomado pela Educação Especial;

16
Unidade I Um breve recorte da Educação Especial no Brasil

Cronologia da educação especial no Brasil

• 1994 – publicada a Política Nacional de Educação Especial, SEESP/MEC, revisão dos principais conceitos, análise da
situação, fundamentos axiológicos, objetivo geral, objetivos específicos e diretrizes gerais;

• Publicado o documento “Declaração de Salamanca e Linha de Ação sobre Necessidades Educativas Especiais”,
resultado da “Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais: Acesso e Qualidade”, realizada na
Espanha; inclusão de bem-dotados;

• Participação na elaboração do Plano Decenal de Educação para Todos;

Governo Fernando Henrique Cardoso- FHC:

• 1996 – nova LDB e participação na elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais.

• 2001 – Parecer CNE/CEB N. º 17 e Resolução CNE/CEB N.º 02.

• 2002 – início das “Políticas de Editais” – competição, mercado e exclusão.

• Entre 2000 e 2003 – Projeto “Educar na Diversidade nos Países do MERCOSUL”, coordenado pela Secretaria de
Educação Especial do MEC e desenvolvido na Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai.

• 2003 – Criação do Conselho Brasileiro para Superdotação – ONG que agrega instituições, pesquisadores e pais
interessados na área..

• 2003- Programa de Apoio à Educação Especial – PROESP- iniciativa da SEESP, em parceria com a Capes.

• 2003 – Criação de Centros de Capacitação de Profissionais da Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez – CAS.

17
Unidade I Um breve recorte da Educação Especial no Brasil

Cronologia da educação especial no Brasil

Governo Lula:

• 2004 – Centros de Apoio para Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual – CAPs e Núcleos de Apoio
e Produção Braille- NAPPB

• 2004 – Criação do Projeto INCLUIR – visa promover o cumprimento dos requisitos legais de acessibilidade,
conforme determinação do Decretos nº 5.296 de 2004 e nº 5626 de 2005.

• 2005 – Criação e Implantação dos NAAH/S – Núcleo de Atividades para Altas Habilidades/Superdotação.

• 2007 – Lançamento do Plano de Desenvolvimento da Educação: Índice de qualidade; Provinha Brasil; Transporte
Escolar; Gosto de Ler; Brasil Alfabetizado; Luz para Todos; Piso do Magistério; Formação de Professor;
Educação Superior; Acesso Facilitado; Biblioteca na Escola; Educação Profissional; Estágio; Pro infância; Salas
Multifuncionais; Pós-Doutorado; Censo pela Internet; Saúde nas Escolas; Olhar Brasil; Mais Educação; Educação
Especial; Professor Equivalente; Guias de Tecnologias; Grandes Educadores; Dinheiro na Escola; Acessibilidade;
Cidades-Pólo e Inclusão Digital.

OUTROS PROJETOS:

• Apoio à Educação Infantil;

• Apoio à Educação Profissional;

• Apoio Técnico e Pedagógico aos Sistemas de Ensino;

• Projeto de Informática na Educação Especial – PROINESP;

• 2008 – Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, documento deixa de usar a
expressão necessidades educacionais especiais e passa a referir-se a alunos com deficiência, transtornos globais
de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.

18
Unidade I Um breve recorte da Educação Especial no Brasil

Cronologia da educação especial no Brasil

• 2009 – Resolução CNE/CEB Nº 4, de 2 de outubro de 2009, que Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento
Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial;

• DECRETO Nº 6.949, DE 25 DE AGOSTO DE 2009 – Promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007.

Governo Dilma Rousseff

• 2011 – Decreto Nº 7.611, de 17 de novembro de 2011, que dispõe sobre a Educação Especial, o
Atendimento Educacional Especializado e dá outras providências.

• 2012 – sancionada a Lei Nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012, que institui a Política Nacional de
Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. O Projeto de Lei do Senado (PLS) Nº
168/2011, de autoria da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), foi presidida pelo
senador Paulo Paim (PT-RS) e estabelece os direitos fundamentais da pessoa autista, equiparando-a à pessoa
com deficiência para todos os efeitos legais, e cria um cadastro único dos autistas, com a finalidade de produzir
estatísticas nacionais sobre o problema.

• 2013 – LEI Nº 12.796, DE 4 DE ABRIL DE 2013 – Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as
diretrizes e bases da educação nacional, para dispor sobre a formação dos profissionais da educação e dar outras
providências.

• 2015 – LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015 – Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência
(Estatuto da Pessoa com Deficiência).

• LEI Nº 13.234, DE 29 DE DEZEMBRO DE 2015 – Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional), para dispor sobre a identificação, o cadastramento e o atendimento, na educação
básica e na educação superior, de alunos com altas habilidades ou superdotação.

• 2016 – LEI Nº 13.278, DE 2 DE MAIO DE 2016 – Altera o § 6º do art. 26 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
que fixa as diretrizes e bases da educação nacional, referente ao ensino da arte.
19
Unidade I Um breve recorte da Educação Especial no Brasil

Cronologia da educação especial no Brasil

Governo Michel Temer

• 2016 – Portaria nº 243, de 15 de abril de 2016 – Estabelece os critérios para o funcionamento, a avaliação
e a supervisão de instituições públicas e privadas que prestam atendimento educacional a alunos com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.

• MEDIDA PROVISÓRIA Nº 746, DE 22 DE SETEMBRO DE 2016 – Institui a Política de Fomento à Implementação de


Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral, altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece
as diretrizes e bases da educação nacional, e a Lei nº 11.494 de 20 de junho 2007, que regulamenta o Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, e dá outras
providências (DELOU, 2016)4.

Governo Jair Bolsonaro

• 2019 – Decreto Nº 9.465- Aprova a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em
Comissão e das Funções de Confiança do Ministério da Educação, remaneja cargos em comissão e funções
de confiança e transforma cargos em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS e
Funções Comissionadas do Poder Executivo – FCPE (BRASIL, 2019).

• 2020 – Decreto N°10.502 – Política Nacional de Educação Especial- Institui a chamada a Política Nacional de
Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida (BRASIL, 2020).

4
DELOU, Cristina Maria Carvalho. Origem e Cronologia da Educação Especial no Brasil. Disponível em: http://escoladeinclusao.sites.uff.br/origem-e-cronologia-da-educacao-especial-
no-brasil

Crédito das imagens: Dom Pedro II - Mathew Brady/Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos; Brasão da República, Brasão do Exército Brasileiro, João Figueiredo, Itamar Franco,
Fernando Henrique Cardoso - domínio público; Lula - Agência Brasil; Dilma Rousseff - SECOM/PR; Michel Temer - Beto Barata/PR; Jair Bolsonaro - Alan Santos/PR.

Para saber mais:

http://cape.edunet.sp.gov.br/cape_arquivos/Historia/Sec_XX.pdf
20
Unidade

II
O Atendimento Pedagógico
Domiciliar – APD

2.1. Conceituando 22
2.2 Alunos atendidos 24
2.3 Como funciona o APD? 27
Unidade II O Atendimento Pedagógico Domiciliar – APD

O Atendimento Pedagógico Domiciliar – APD

2.1. Conceituando
O Atendimento Pedagógico Domiciliar (APD) é o atendimento educacional que ocorre em ambiente domiciliar,
decorrente de problema de saúde que impossibilite o educando de frequentar a escola, temporária ou
permanentemente ou esteja ele em casas de passagem, casas de apoio, casas-lar e/ou outras estruturas de apoio da
sociedade (MEC, 2002, p.13).

Cabe destacar aqui, pontuações feitas pela pesquisadora Vale (2021), no que tange o uso da terminologia
modalidade. De acordo com a Resolução nº 4, de 13 de Julho de 2010, são modalidades da educação básica:
Educação de Jovens e Adultos, Educação Especial, Educação Profissional e Tecnológica, Educação do Campo,
Educação Escolar Indígena, Educação a Distância e Educação Escolar Quilombola. O atendimento pedagógico
domiciliar e hospitalar não são modalidades, estes atendimentos estão inseridos no AEE, assim descritos nos
Artigos 5º e 6º, da Resolução nº 4 de 2 de Outubro de 2009, a seguir:

Art. 5º O AEE é realizado, prioritariamente, na sala de recursos multifuncionais da própria escola ou em


outra escola de ensino regular, no turno inverso da escolarização, não sendo substitutivo às classes
comuns, podendo ser realizado, também, em centro de Atendimento Educacional Especializado da rede
pública ou de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas
com a Secretaria de Educação ou órgão equivalente dos Estados, Distrito Federal ou dos Municípios.

Art. 6º Em casos de Atendimento Educacional Especializado em ambiente hospitalar ou domiciliar, será


ofertada aos alunos, pelo respectivo sistema de ensino, a Educação Especial de forma complementar ou
suplementar (BRASIL, 2009.)

Nesse atendimento pedagógico, o professor precisa trabalhar a construção do conhecimento por meio de um
currículo flexibilizado e/ou adaptado, para crianças, jovens e adultos matriculados nos sistemas de ensino
regular, no âmbito da educação básica e, garantir a manutenção do vínculo com as escolas favorecendo seu
ingresso, retorno ou adequada integração ao seu grupo escolar correspondente, como parte do direito de
atenção integral.

O APD possibilita o contato com o mundo através da inclusão no processo de escolarização por meio do contato
com o saber mediado pelo professor locado em uma instituição escolar.
22
Unidade II O Atendimento Pedagógico Domiciliar – APD

De acordo com Fonseca (2015, p. 27-28) no território nacional - Região Centro Oeste
foram localizados, em Julho de 2014 um total de 16 Estados
com o atendimento escolar domiciliar em 34 instituições, Estado de Mato Grosso do Sul: Associação de Amigos das
sendo elas: Crianças com Câncer (AACC/MS).

- Região Norte Estado de Goiás: Albergue Filhinha Nogueira da Associação


de combate ao Câncer, Lar dos Educandos, Casa de Apoio
Estado do Acre: Lar dos Vicentinos, Hospital Colônia Souza São Luiz, Casa de Apoio Lar Caminho da Paz.
Araújo.
Estado do Pará: Estado de Mato Grosso: Casa de Apoio da Associação de
Assistência à Criança com Câncer
Unidade Especial (Abrigo) João Paulo II, Núcleo de Apoio ao
Enfermo Egresso (NAEE). - Região Sudeste
- Região Nordeste: Estado do Espírito Santo: Associação Capixaba Contra o
Estado do Ceará: Casa Peter Pan. Câncer Infantil5
Estado do Maranhão: Núcleo e Apoio à Criança com Câncer. Estado de São Paulo: Lar das Crianças com AIDS (LALEC),
Estado da Bahia: Casa de Apoio Grupo de Apoio à Criança Associação de Assistência à Criança com Câncer, Casa HOPE.
com Câncer (GACC), Associação de Assistência à Criança
Estado do Rio de Janeiro: Casa Ronald McDonald.
Cardiopata, Casa de Assistência e Apoio a pessoas (CAASAH),
Creche Conceição Macedo para crianças HIV/AIDS, Casa de Estado de Minas Gerais: OÁSIS Hemocentro de Uberaba.
Saúde Erik Loeff, Núcleo de Apoio à Criança Com Câncer
Infantil (NACCI), Clinica do Rim (Clinirim). - Região Sul
Estado do Rio Grande do Norte: Casa de Apoio à Criança
Estado do Paraná: Casa de Apoio à Criança Renal,
com Câncer Durval Paiva (Natal), Grupo de Apoio à Criança
Associação Paranaense de Apoio à Criança com Neoplasia,
com Câncer do Rio Grande do Norte (G ACC), Associação de
Associação Paranaense dos Hemofílicos.
Apoio aos Portadores de Câncer de Mossoró e Região.
Estado de Pernambuco: Núcleo de Apoio à Criança com Estado de Santa Catarina: Associação Catarinense de
Câncer. Reabilitação São José.

5
A ACACCI não é APD e sim CH, assim está descrita nos documentos e editais de contratação de professores e pedagogos pela Secretaria de Educação do Estado do
Espírito Santo. Edital 29/2: f) MaPP 6 - Campo de Atuação: Classe Hospitalar (Classe Hospitalar localizada nos Hospitais: Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória/
HINSG, Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves/HIMABA e na Casa de Apoio – Associação Capixaba Contra o Câncer Infantil - ACACCI). E: 11.7.4:
Considerar as necessidades e especificidades do atendimento em Classe Hospitalar realizando o trabalho inter e intra institucional entre a Escola Referência e os
espaços de atendimento (Hospitais e ACACCI). Fonte: https://selecao.es.gov.br/PaginaConcurso/Index/225 23
Unidade II O Atendimento Pedagógico Domiciliar – APD

Esse tipo de atendimento educacional, garantido pela lei escola regular. O responsável pelo aluno deverá apresentar
nº 13.718 de 24/09/2018 é por vezes, confundida com outro laudo médico com prescrição de afastamento escolar por
tipo de atendimento domiciliar, o Homescholling, aprovado curto, médio ou longo prazo, que será encaminhado à
em 11/04/ 2019. Posto isso, apresento agora o significado de escola, e esta disponibilizará um professor de APD.
alguns conceitos importantes para nosso conhecimento e
assim prosseguirmos na temática apresentada. No entanto, os alunos atendidos pelo APD fazem parte
de um amplo público, desde os alunos público alvo da
Vamos juntos? Educação Especial, sendo eles alunos com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/
• Homescholling ou educação domiciliar: O Projeto de Lei superdotação, ou alunos que, por questões relacionadas
2401/19 regulamenta a educação domiciliar no País6. à impossibilidade transitória ou permanente como, por
“Ensino domiciliar são os pais se responsabilizando exemplo, doenças degenerativas e distrofias, casos de
por todo o processo educacional, inclusive a parte cirurgias cardíacas, ortopédicas, queimaduras, AIDS,
acadêmica que antes estava a cargo da escola”. diabetes, hemofilia, câncer, não podendo frequentar a
Atualmente, há cerca de 7.500 famílias que praticam o escola regularmente.
homeschooling, alcançando 15.000 estudantes de 4 a 17
anos, segundo estimativa da Aned (Associação Nacional O Instituto Nacional do Câncer (INCA), estima que para cada
de Educação Domiciliar)7. ano do triênio 2020/2022, serão diagnosticados no Brasil,
8.460 novos casos de câncer infanto juvenil, sendo 4.150
• Homecare: Atendimento contínuo de serviços na área para o sexo feminino e 4.310 para o sexo masculino, ou seja,
de saúde, em um ambiente extra-hospitalar, que tem 8.460 alunos fora dos espaços escolares e necessitando em
como objetivo promover, manter e/ou restaurar a saúde algum momento, de atendimento em APD.
do paciente, maximizando o nível de independência e
minimizando os efeitos debilitantes de uma internação Dessa forma, apresentaremos a vocês uma estimativa de
prolongada8. dados em relação ao câncer infanto juvenil, devido ao fato
da Oncologia ser minha área de experiência enquanto,
2.2 Alunos atendidos pesquisadora e profissional. Fato esse, que nos leva a
refletir acerca da importância de nossa formação. Nesse
Para ter direito a esse atendimento pedagógico, primeiro
sentido, necessitaremos analisar se quando buscamos
faz-se necessário que o aluno esteja matriculado em uma
formação, seremos professores de APD ou seremos o

6
BRASIL. Agência Câmara Notícias, 07/05/2019. Disponível em: https://www.camara.leg.br/noticias/556888-projeto-cria-regras-para-educacao-domiciliar-no-brasil/
7
https://www.poder360.com.br/congresso/projeto-de-educacao-domiciliar-esta-entre-os-mais-acompanhados-no-site-da-camara;
⁸ Modelo relatório médico para homecare. Disponível em: https://planodesaudeinfo.com.br/wp-content/uploads/2019/02/modelo_relatorio_medido_home_care.pdf

24
Unidade II O Atendimento Pedagógico Domiciliar – APD

professor de uma classe regular onde esse aluno está O modelo social proposto vai de acordo com o que
matriculado. Para atuarmos em ambos os espaços, faz-se prescreve a Convenção Sobre os Direitos da Pessoa com
necessário, uma postura sensível em relação não apenas as Deficiência da Organização das Nações Unidas (2006) que
deficiências cognitivas, mas em relação as consequências ao define pessoas com deficiência:
uso de fármacos, como descrito por Miguez (2020):
Art. 2º aquelas que têm impedimentos
Os professores apontaram que, em muitos casos, de natureza física, mental, intelectual ou
têm de retomar novamente todo o conteúdo sensorial permanentes, os quais, em interação
ministrado na última aula, porque a criança não com diversas barreiras, podem obstruir sua
obteve rendimento satisfatório em virtude, por participação plena e efetiva na sociedade em
exemplo, de medicações. Assim, não raras são as bases iguais com as demais pessoas.
vezes em que o professor não consegue avançar
com o conteúdo, tampouco lecionar o que planejou
§ 1o A avaliação da deficiência, quando
para o dia. Além disso, os docentes da classe têm
ciência de que é preciso realizar uma triagem antes
necessária, será biopsicossocial, realizada por
de iniciar o atendimento dos alunos internados para equipe multiprofissional e interdisciplinar e
avaliar se é possível dar continuidade ao conteúdo considerará: (Vigência) I - os impedimentos nas
ou retornar a matéria que foi dada anteriormente funções e nas estruturas do corpo; II - os fatores
(MIGUEZ, 2020, p.127). socioambientais, psicológicos e pessoais; III - a
limitação no desempenho de atividades; e IV - a
restrição de participação.
No entanto, falar sobre doença e sobre a deficiência
ainda é um estigma social marcado pela vulnerabilidade, § 2o O Poder Executivo criará instrumentos para
avaliação da deficiência (BRASIL, 2015 b).
limitação, incapacidade e morte. MILANI (2020) descreve
que no decorrer da história da humanidade as pessoas com Nesse sentido, a deficiência é um conceito complexo que
deficiências foram restritas a espaços de marginalização, reconhece o corpo com lesão, mas também denuncia a
reabilitação, desigualdade e assistencialismo. estrutura social que oprime essa pessoa deficiente (DINIZ,
2007, p.9). O ser é ser sendo em sua totalidade, e não
Nesse processo, pontua-se, dois modelos conceituais que
fragmentado.
buscam explicar e compreender a deficiência. O modelo
biomédico que percebe a incapacidade a partir de uma Nessa totalidade ele experiencia, corporifica e percebe
doença, focando na cura como se a deficiência fosse o o mundo e infelizmente esses sujeitos de direitos são
resultado de uma lesão no corpo considerado anormal caracterizados por um CID 10 (Classificação Internacional
e o modelo social, que considera a deficiência como um de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde) e nós
problema socialmente criado pelas barreiras impostas aos enquanto, professores e profissionais da área da educação,
indivíduos, sendo elas para além de serviços médicos: é a precisamos desse laudo para darmos a ele o que é de
questão de direitos humanos e respeito. direito, a educação.
25
Unidade II O Atendimento Pedagógico Domiciliar – APD

Enfatizamos aqui, que muitos tratamentos são invasivos No caso do público alvo da educação especial, a saber:
e deixam a criança e o adolescente debilitados, visto que,
por vezes a utilização de certos fármacos acarretam danos Na perspectiva da educação inclusiva, a
cognitivos temporários ou de longo prazo. A partir do educação especial passa a integrar a proposta
pedagógica da escola regular, promovendo o
Parecer CNE/CEB n° 17/20019, Furley (2019), descreve em uma
atendimento aos estudantes com deficiência,
perspectiva inclusiva esse aluno sendo sujeito público alvo transtornos globais do desenvolvimento e
temporário da educação especial, visto que: altas habilidades/superdotação. [...] A partir
dessa conceituação, considera-se pessoa com
Tradicionalmente, a educação especial tem
deficiência aquela que tem impedimentos
sido concebida como destinada apenas ao
de longo prazo, de natureza física, mental
atendimento de alunos que apresentam
ou sensorial que, em interação com diversas
deficiências (mental, visual, auditiva, física/
barreiras, podem ter restringida sua
motora e múltiplas); condutas típicas de
participação plena e efetiva na escola e na
síndromes e quadros psicológicos, neurológicos
sociedade. Os estudantes com transtornos
ou psiquiátricos, bem como de alunos que
globais do desenvolvimento são aqueles
apresentam altas habilidades/superdotação.
que apresentam alterações qualitativas das
[...] Dentro dessa visão, a ação da educação
interações sociais recíprocas e na comunicação,
especial amplia-se, passando a abranger
um repertório de interesses e atividades
não apenas as dificuldades de aprendizagem
restrito, estereotipado e repetitivo. Incluem-
relacionadas a condições, disfunções, limitações
se nesse grupo estudantes com autismo,
e deficiências, mas também aquelas não
síndromes do espectro do autismo e psicose
vinculadas a uma causa orgânica específica,
infantil. Estudantes com altas habilidades/
considerando que, por dificuldades cognitivas,
superdotação demonstram potencial elevado
psicomotoras e de comportamento, alunos
em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas
são frequentemente negligenciados ou mesmo
ou combinadas: intelectual, acadêmica,
excluídos dos apoios escolares.[...] Assim,
liderança, psicomotricidade e artes, além de
entende-se que todo e qualquer aluno pode
apresentar grande criatividade, envolvimento na
apresentar, ao longo de sua aprendizagem,
aprendizagem e realização de tarefas em áreas
alguma necessidade educacional especial,
de seu interesse (BRASIL, 2008 a, p.6).
temporária ou permanente, vinculada ou não
aos grupos já mencionados, agora reorganizados Nesse cenário, o aluno do APD, enquanto cidadão de
em consonância com essa nova abordagem:[...]
direitos tem também acesso ao Atendimento Educacional
(BRASIL, 2001, p. 20).
Especializado (AEE), atendimento garantido para os alunos
público alvo da educação especial, com a finalidade de

9
Parecer CNE/CEB n° 17/2001. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/parecer17.pdf
26
Unidade II O Atendimento Pedagógico Domiciliar – APD

identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e social, dignidade, desenvolvimento integral, equidade,
de acessibilidade que possam eliminar as barreiras para aproximação do ambiente escolar formal e dispositivo móvel,
a plena participação dos estudantes, considerando suas são pontes imaginárias para pensarmos o APD.
necessidades específicas. As atividades desenvolvidas Sabemos que os alunos que recebem o atendimento
no AEE diferenciam-se daquelas realizadas pelo currículo pedagógico domiciliar apresentam de certa forma,
da sala de aula comum, não sendo substitutivas à características diferentes daqueles que se encontram na
escolarização. escola regular, visto que podem pertencer a um grupo
Esse atendimento complementa e/ou suplementa a restrito, estando apartados do convívio escolar, e que em
formação dos estudantes com vistas à autonomia nenhum ou em poucos momentos vão interagir in loco com
e independência na escola e fora dela. Dentre as os demais alunos da escola.
atividades de atendimento educacional especializado são Como dito anteriormente, a partir do laudo médico,
disponibilizados programas de enriquecimento curricular, o solicitando o atendimento pedagógico no ambiente
ensino de linguagens e códigos específicos de comunicação domiciliar, a escola entrará em contato com família do
e sinalização e tecnologia assistiva (TA). Ao longo de todo aluno agendando uma visita a residência para um primeiro
o processo de escolarização esse atendimento deve estar contato fornecendo informações sobre o APD e dando início
articulado com a proposta pedagógica do ensino comum. a uma sondagem para repassar à escola as necessidades
O atendimento educacional especializado é acompanhado específicas do aluno.
por meio de instrumentos que possibilitem monitoramento É importante enfatizar que o professor do APD, acompanhe
e avaliação da oferta realizada nas escolas da rede pública esse aluno em sua intimidade de lar/família e o acolha em
e nos centros de atendimento educacional especializados, diferentes condições cognitivas e emocionais relacionadas
públicos ou conveniados. ao seu estado de saúde.
Apresentamos para você cursista, o exemplo da cidade de
Santos (SP), descrito pelas pesquisadoras Leila de Souza
2.3 Como funciona o APD? Ganem e Carla Cilene Baptista da Silva:
Em geral, o que caracteriza o APD é a apresentação do laudo De acordo com essas pesquisadoras, a seleção do professor
médio, solicitando o afastamento escolar do paciente/aluno para atuar nesse espaço acontece mediante as necessidades
por curto, médio ou longo período e o encaminhamento que surgem, no decorrer do ano letivo. Essa seleção é
desse documento a escola que o mesmo está matriculado. feita a partir da inscrição de professores concursados, que
A escola informará a secretaria de educação a qual a escola tenham interesse nessa especialidade de ensino, e que se
está sob jurisdição à necessidade de encaminhamento de disponham a buscar sempre o diálogo, e o envolvimento do
profissional adequado para o APD. aluno do APD, com os demais alunos da classe através de
Palavras como, garantia de direitos, criação de uma identidade recursos tecnológicos.
27
Unidade II O Atendimento Pedagógico Domiciliar – APD

Além de estar aberto a escuta sensível, deve estar disposto em sua totalidade para que juntos possamos caminhar
a envolver os demais profissionais na elaboração das enquanto aluno e professor, esse é o nosso desejo.
atividades curriculares desse aluno, buscando a troca de Nesse processo, incluir o outro em sua totalidade perpassa
experiências junto aos professores do AEE e do professor o ato de incluir, por si só, é humanizar. Nessa direção,
regente através de reuniões de planejamento. precisamos refletir também, a respeito da humanização.
Na reunião pedagógica realizado por esse serviço, são Humanização significa ato de humanizar, de dar condição
discutidos os procedimentos combinados com a família, as humana, de humanar (FERREIRA, 2008, p.457). No senso
possibilidades de horário de atendimento, respeitando as comum pode ser entendido como se colocar no lugar do
orientações médicas, a necessidade de comunicação com outro que sofre. Na área da saúde, a humanização está
a escola no caso de eventualidades que impeçam a aula relacionada com a dimensão ética nas relações e respeito á
em alguns dias, o gerenciamento do material de apoio para vida humana entre pacientes e profissionais da saúde.
utilização do professor, entre outros acertos que variam de
acordo com cada atendimento. Pelo viés da saúde foi institucionalizado como política,
a publicação do Programa Nacional de Humanização
Embora o APD esteja ligado à escola regular, esse tipo de Hospitalar, publicado pelo Ministério da Saúde no ano de
atendimento de ensino possui peculiaridades, desde o 2000 e mais tarde, como uma política de humanização, o
aluno atendido ao profissional que atuará nesse espaço. HumanizaSus (MARVULO; ILIAS, 2012, p. 96).
Ganem e Silva (2019), descrevem em sua pesquisa que esses
profissionais são contratados provisoriamente em sistema Nesse panorama, pode-se destacar, investimentos por
de Regime Integral de Trabalho (RIT), realizando 4 horas meio da Política Nacional de Humanização, que busca a
semanais de atendimento a cada aluno, além de tempo para transformação das relações entre gestores e profissionais e,
planejamento, reuniões, sendo 20% de hora-atividade sobre destes, com pacientes e familiares, num contexto de resgate
o total de horas-aula assumidas pelo professor em efetiva do afeto e das emoções. Os valores que norteiam essa
regência de classe. política são a autonomia e o protagonismo dos sujeitos,
a corresponsabilidade entre eles, o estabelecimento de
É importante que todos os profissionais envolvidos e a vínculos solidários, a construção de redes de cooperação10.
família, conheçam e compreendam que a criança tem
o direito à continuidade dos estudos quando está em Assim sendo, cabe a nós, esse olhar “de humanar” no
tratamento de saúde. Muitas famílias desconhecem o acolher por meio do viés pedagógico.
direito ao APD e uma das possibilidades de informação é
a criação de cartilhas, de cartazes afixados em entradas. Para saber mais
“Não se pode tratar mais de descrever o mundo vivido que
ele traz em si como um dado opaco, é preciso constituí-lo” https://www.saude.go.gov.br/biblioteca/7623-humanizasus
(MERLEAU-PONTY, 1999, p. 94). E constituir é incluir o outro

10
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/humanizasus_documento_gestores_trabalhadores_sus.pdf 28
Unidade

III
A Prática Pedagógica Domiciliar

3.1 Atividades e materiais 30


3.2 A avaliação 34
3.3 Tríade do sucesso: Professor, Aluno, Família 36

29
Unidade III A Prática Pedagógica Domiciliar

A Prática Pedagógica Domiciliar grupo de alunos especiais, constituídos por


crianças com algum tipo de deficiência visual,
auditiva ou intelectual. São, geralmente, antigos
alunos da escola que, agora, vitimados por uma
3.1 Atividades e materiais doença, necessitam de cuidados especiais,
Nessa sequência de estudo e reflexão, a ideia de” transitórios e distintos, de acordo com a fase de
construção de redes de cooperação”, adentra o interior dos tratamento (GRANEMANN, 2015, p.112).
muros escolares, alcançando a gestão, a coordenação, os Diante dessa realidade, a escola deve assumir o papel de propiciar
pedagogos, os professores, os alunos, etc. Sabemos que ações que favoreçam determinados tipos de interações sociais,
no APD, o professor vai até o domicílio do aluno a fim de definindo, em seu currículo, uma opção por práticas heterogêneas
garantir ao mesmo o direito a educação e que as atividades inter, multi e transdisciplinares e inclusivas.
pedagógicas são planejadas individualmente, em reunião
Dessa forma, não é o aluno que se amolda ou se adapta à
com o professor regente de sala de aula comum e equipe.
escola, mas é ela que, consciente de sua função, coloca-se
Considerando a proposição da legislação vigente, é preciso à disposição do aluno, tornando-se um espaço inclusivo a
que a escola tome para si a responsabilidade social que fim de favorecer o desenvolvimento das potencialidades
lhe compete. O Plano de Desenvolvimento Institucional intrínsecas do ser humano.
(PDI)11 é o documento que apresenta um roteiro de apoio
Não podemos esquecer que a maioria desses alunos
às Instituições, com o propósito de subsidiar a construção
atendidos no APD não são registrados nos bancos de dados
do mesmo, no qual a escola se posiciona em relação a
escolares como deveriam, visto que não consegui localizar o
seu compromisso com uma educação de qualidade para
APD no banco de dados no anuário do Instituto Nacional de
todos os seus alunos, respeitando as condições de saúde,
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep)13.
as necessidades individuais de aprendizado, os níveis de
desenvolvimento cognitivo, os ritmos, as interferências Além do mais, a falta de informação em relação ao direito
familiares, as condições sociais e as experiências de ser no ao APD, o medo da demora em conseguir atendimento, a
mundo incluindo essa nova população de alunos, os alunos convicção que o aluno/paciente ficará desassistido das
que estão assegurados pela lei nº 13.71612 e que estão em aulas até que esse direito seja garantido, são relatos citados
tratamento por motivos de saúde. por famílias que tive contato enquanto pedagoga de uma
Ong que acolhe crianças e adolescentes em tratamento
Isso faz com que essas crianças representem uma
nova população dentro da escola que, por suas
oncológico e hematológico na cidade de Vitória, no Estado
características, não pertencem ao tradicional do Espírito Santo14.

11
PDI: Disponível em: http://www.proplad.ufu.br/central-de-conteudos/documentos/2004/12/diretrizes-mec-para-elaboracao-do-plano-de-desenvolvimento
12
Lei n º 13.716/2018. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2018/lei-13716-24-setembro-2018-787190-publicacaooriginal-156470-pl.html
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) Disponível em: http://portal.inep.gov.br/educacao-superior/indicadores-de-
13

qualidade/resultados 30
14
Realidade vivida pela professora enquanto o período que foi pedagoga na CH da Associação Capixaba Contra o Câncer Infantil (ACACCI).
Unidade III A Prática Pedagógica Domiciliar

O Atendimento Pedagógico Domiciliar deve estar Nesse trabalho, o uso dos Recursos Tecnológicos (RT),
detalhadamente incluído do PDI da escola locada, sendo proporciona ao professor práticas inovadoras através
este aprovado pelo conselho de escola e após essa etapa, de instrumentos digitais como data-show, celulares,
ser ainda aprovado pela Secretaria de Educação Municipal computadores e outros.
ou Superintendência Regional de Educação Estadual. É
de suma importância que, o projeto supracitado foque o A utilização do RT e da Tecnologia Assistiva (TA), são
planejamento curricular a partir de atividades didático- recursos também utilizados como ferramenta pedagógica
pedagógicas que prezem por práticas alternativas em por professores do APD, visto que são possibilidades de
circunstâncias não convencionais. Estamos falando de minimizar a defasagem no que tange os conhecimentos
inclusão, não é mesmo? curriculares e aprimorar o processo de ensino-
aprendizagem.
No mais, é imprescindível que o professor do APD prepare
o aluno, sendo ele uma criança ou um adolescente para As Tecnologias Assistivas são produtos, equipamentos,
o retorno a escola de origem. É preciso ter o cuidado, em dispositivos, recursos, metodologias, estratégias, práticas
incluir todos nas atividades comuns escolares, assim será e serviços que objetivem promover a funcionalidade,
mais fácil o retorno. relacionada à atividade e à participação da pessoa com
deficiência ou com mobilidade reduzida, visando à sua
O adoecer provoca sequelas emocionais, no entanto também autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão
pode ocasionar sequelas física, que não apenas impossibilitam social.
e/ou dificultam a presença desse aluno junto aos demais. As
redes sociais possibilitam a esse aluno o estar-com o estar O uso da TA oferece a esses alunos o sentimento de
permitido em silêncio mesmo que ele não queira partilhar protagonismo em suas aprendizagens, na medida em que
a sua dor, podendo acompanhar a rotina escolar, e na hora as atividades pedagógicas realizadas se constituíram como
certa para ele, interagir a partir de conferencias. Esse estímulo promotoras do desenvolvimento cognitivo, afetivo e social,
possibilita não apenas a interação social entre os pares, mesmo com todas as restrições de saúde que vivenciavam.
mas proporciona sorrisos através da doação de carinho das
Nesse processo, foi a aproximação das tecnologias com a
amizades que estão do outro lado dos aparatos tecnológicos e
intervenção do professor do AEE, que favoreceu a retomada
prontos para recebê-lo.
da autoconfiança desses estudantes, através do APD, o que
É o sentimento de pertencimento, vital para o ser aluno. reverberou em melhora na qualidade de vida e favoreceu-
Aquela criança que nunca esteve na escola também pode lhes o acesso ao currículo escolar (ABREU; SANTOS;
e deve vivenciar esse lugar, ela pode ser apresentada aos MALAVASI, 2016, s/p).
colegas através de fotografias e de historias que gerem
Diante desse relato, é vital pontuar uma questão de suma
curiosidade e afetação facilitando a apresentação pessoal
importância, a aprendizagem significativa, diferentemente
ou virtual.
31
Unidade III A Prática Pedagógica Domiciliar

da ação reflexiva, da memorização de conteúdos. Pode- Nesse ímpeto de aprendizagem significativa, a família será
se descrever a aprendizagem proposta por Ausubel um importante aliado para o desenvolvimento do processo
(MASINI; MOREIRA, 2006), como uma teoria que defende de ensino-aprendizagem do aluno de APD. É preciso:
uma constante interação entre os conhecimentos novos perseverança, estudo, assertividade, cautela, empatia,
com os conhecimentos prévios a fim de possibilitar a otimização do tempo, intencionalidade pedagógica para
construção de novas estruturas mentais e assim oportunizar buscar garantir a esses alunos os conteúdos escolares.
uma aprendizagem aprazível e eficaz, uma aprendizagem
significativa. Assim sendo, é o aprender a partir do vivido, do Parafraseando Ceccim (1999), O APD deve “apoiar-se em
experienciado ao longo da vida num processo permanente. propostas educativas escolares, e não em propostas de
educação lúdica, educação recreativa ou de ensino para a
A passagem da aprendizagem mecânica para a saúde” através de um planejamento prévio individualizado
aprendizagem significativa não é natural, ou automática; e adequado as necessidades de cada aluno, estilo, modo
é uma ilusão pensar que o aluno pode inicialmente e tempo para aprender buscando minimizar o prejuízo
aprender de forma mecânica, pois, ao final do processo, a educacional por estar fora do ambiente de um ambiente
aprendizagem acabará sendo significativa; isto pode ocorrer, escolar a partir dos conteúdos e de intencionalidade
mas depende da existência de subsunções adequados, pedagógicos.
da predisposição do aluno para aprender, de materiais
potencialmente significativos e da mediação do professor; Através de “uma pedagogia atenta e sensível” a ação desse
na prática, tais condições muitas vezes não são satisfeitas professor deve estar pautada em formação (licenciatura e/
e o que predomina é a aprendizagem mecânica (MOREIRA, ou bacharelado) e especialização em Educação Especial e
2011, p.32). Atendimento Educacional Especializado se necessário, como
estabelece alguns editais.
Os conceitos são adquiridos a partir do processo de
formação que ocorre inicialmente no período pré-escolar: Como dito anteriormente, as atividades no APD devem
assimilação, ampliação do vocabulário, desenvolvimento ser elaboradas, a partir da necessidade e do interesse de
da linguagem. As aprendizagens desses conceitos podem cada aluno. Sendo assim, o professor precisar conhecer
acontecer por recepção ou por descoberta: (...) na a patologia ou doença, assim como os procedimentos
aprendizagem por recepção o que deve ser aprendido é terapêuticos e de saúde que fazem parte da rotina de
apresentado ao aprendiz em sua forma final, enquanto cada aluno.
que na aprendizagem por descoberta o conteúdo principal O uso dos recursos tecnológicos como celulares, tablets,
a ser aprendido é descoberto pelo aprendiz. (...) após a notebooks, telecursos, e-mails, vídeos aulas no YouTube,
descoberta em si, a aprendizagem só é significativa se o vídeo conferencias são possibilidades para o planejamento
conteúdo descoberto relacionar-se-á conceitos subsunções dessas aulas em consonância com as atividades escolares
relevantes já existentes na estrutura cognitiva (MOREIRA; proporcionando a esse aluno condições favoráveis para
MASINI, 2006, p.19). o desenvolvimento das funções motoras, cognitivas, 32
Unidade III A Prática Pedagógica Domiciliar

afetivas e sociais. E não menos importante, destacamos, Bloco de Notas (aplicativo para escrita); Notebook: atividades
o uso de jogos, de softwares, de livros, de brinquedos no editor de textoscomo tabelas com adições e subtrações
pedagógicos que experiência enquanto psicopedagoga, (elaboradas pela professora para que o aluno resolva),
não apenas colaboram com a aprendizagem, também ditado de números, palavras e frases, pesquisas na internet;
favorecem o processo terapêutico. Todavia, cabe evidenciar Livros paradidáticos para recontos e leituras de imagens:
a necessidade desses instrumentos/recursos/materiais auxilia o educando na organização de ideias e sequências;
pedagógicos serem fáceis de transportar e que possam ser QVL (Quadro Valor Lugar): localização das casas numéricas
higienizados. e suas devidas proporções; Bingo de Letras: diferenciação
Chacon e Marin (2012, p. 151), afirmam que a contaminação entre vogais e consoantes, conhecimento e reconhecimento
cruzada precisa ser evitada e frente à possibilidade de do alfabeto; Bingo de Palavras: trabalha leitura e escrita;
transmissão de doenças e os profissionais que atuam Material Dourado: atividades matemáticas como contagens,
nesse atendimento de atendimento pedagógico “devem agrupamentos, trocas, montagens numéricas e operações
ser capacitados para os cuidados com base na NR32”15, matemáticas; Ábaco aberto: para adições com e sem
criada para garantir a oferta de todas as condições de recurso e subtrações com e sem reserva; Jogos instalados
segurança, proteção e saúde aos profissionais que atuam em ou acessados pela internet: a tecnologia é uma ferramenta
estabelecimentos da saúde. essencial, diferenciada e atrativa, pois oportuniza situações
em que uma simples atividade torna-se algo mágico; DVDs
Durante o tratamento de saúde esse aluno passa a ser com histórias: estimula a audição e a concentração; Telas,
assistida pelo professor do APD e diante desse fato, cabe pincéis e tintas: criatividade e coordenação; Culinária: esta
destacar que é de suma importância que esse profissional atividade estimula os movimentos e os sentidos; Blocos
também domine as técnicas da NR32, até mesmo porque lógicos: trabalha seriação, cores, espessuras e tamanhos;
está diretamente em contato com alunos que estão com Quebra-cabeças on-line / madeira / EVA: raciocínio,
baixa imunidade temporariamente ou permanentemente. coordenação e atenção; Globo terrestre: exploração visual de
mapas, oceanos e continentes; Paint brush (aplicativo para
Esses materiais devem ser selecionados mediante a
pintura e desenhos): esse software fornece ao educando um
necessidade de cada atendimento individual e a utilização
conforto, principalmente quando não se pode desenvolver
dos mesmos não devem entediar ou cansar o aluno/a. Podem
atividades com lápis e papel em virtude da patologia, e além
ser utilizados como materiais para o APD: Letras e números
disso, oportuniza a imaginação e a criatividade; Tangram:
móveis: trabalha a formação de sílabas, palavras, frases,
estímulo a memória e ao raciocínio lógico; Dominó (números,
números e sequências; Calculadora de Itu (tamanho maior):
letras e quantidades): associações e leitura; Jogo da memória:
utilizada para a realização de ditado de números; Tablet:
estimula a percepção e a localização de imagens (ABREU;
jogos pelo Play Store (centralizador de aplicativos), ditados no
SANTOS; MALAVASI, 2016, p.s/p).

15
https://www.gov.br/trabalho/pt-br/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/normas-regulamentadoras/nr-32_guia_tecnico_de_riscos_biologicos_nr_32.pdf
33
Unidade III A Prática Pedagógica Domiciliar

Nesse patamar, a intencionalidade pedagógica transforma construir. Somos professores, lidamos com lápis, borracha e
o ato de educar. Ela é pensada, planejada, repensada papel... Temos o dom de projetar. É preciso seguir, temos um
diante da demanda, executada e envolve a priori, a postura aluno e uma família que anseiam por nossa presença, e por
do professor que perpassa o papel de transmissor de vezes, da janela espreitam a nossa chegada.
conhecimentos. Nesse caso, ele é mediador do saber, isto
é, aprende para ensinar e não tem vergonha disso assim
sempre está agregando conteúdo, ciência, pesquisa, saberes 3.2 A avaliação
a suas habilidades de ensino a fim de conduzir o aluno
no caminho da aprendizagem, ensinando-o não apenas Todas as atividades deverão ter o comprometimento com
conteúdos e sim a reestabelecer laços de uma vida comum o desenvolvimento global do aluno do APD e deverão ser
diante das experiências sociais, supostamente violadas. descritas em relatórios disponibilizados pela escola.

A relação professor e aluno no ambiente de aprendizado Relatórios esses para o controle da equipe pedagógica
deve passar segurança ao aluno, polidez, confiança e respeito contendo dados escolares do aluno, data, disciplina
às limitações desse aluno. O aluno sinaliza o conforto ou o e conteúdo aplicado na aula, metodologia utilizada e
desconforto através de diversas formas, é um olhar cansado, é resultado das atividades, assinatura do responsável do
a mão que pesa, é o bocejar, é o olhar para o aleatório. aluno, entre outros. É importante que, o professor faça o
registro das atividades feitas guardando-as em um portfólio,
Nesse caso, é preciso estar atento aos sinais e respeitá- uma pasta catálogo, que servirá como instrumento de
lo, dando oportunidade a um momento de despedida. avaliação juntamente com o parecer descritivo contendo os
Assim como um momento de acolher e ser acolhido ao conteúdos abordados.
chegar para iniciar o APD. Lembre-se que você enquanto
professor está adentrando a intimidade de uma família. Isso A avaliação escolar, os instrumentos de avaliação fazem parte
é humanização! Temática trabalhada nas especializações da proposta curricular e são necessários e úteis. No entanto,
de educação especial, pedagogia hospitalar, atendimento dão ênfase a mensuração. Não obstante, em relação ao APD
educacional especializado, entre outras; a partir de técnicas esses instrumentos precisam ser repensados quanto a sua
de acolhimento, de escuta e de cuidado adequando-as à função avaliativa. Não é apenas a aquisição de conhecimentos
realidade apresentada. que precisa ser avaliada, existem outras dimensões na
formação desse aluno enquanto ser criança e ser adolescente
Dessa forma, a aprendizagem é um processo que envolve que precisam ser contempladas. É o descortinar, levando em
fatores externos e internos. Não existe um modelo de APD conta a qualidade do que se sabe, e não a quantidade que
pronto. Existem leis, formações específicas, conselhos se demonstra saber. É o caráter significativo não apenas no
de professores com experiências. A única certeza é a sua processo de ensino aprendizagem, mas também no processo
escolha em ser professor de APD e a trajetória que você vai avaliativo como uma atividade formativa.
34
Unidade III A Prática Pedagógica Domiciliar

Atividade 1

“Encontrei essa bolsa no carrinho do supermercado aqui do bairro.


Pela descrição, a funcionária do caixa acha que é sua. No entanto,
precisei abri-la para conseguir localizar você. Eu desejo entregar
pessoalmente, pois estou encantada com os objetos que estavam
dentro, devem fazer parte de sua didática de ensino no APD.
Finalizando, estou com sua bolsa, me ligue. Mais uma coisa, você
pode me contar um pouco sobre você enquanto professora de APD e
sua pratica pedagógica? Quais materiais está levando (ao menos 4)?
Para que eles servem? Que atividades você desenvolve a partir desses
materiais? Porque você acha que são importantes? Quais resultados
você observa quando os utiliza? Você os confeccionou ou comprou?
São seus ou da escola? Um abraço”.

Para você responder essa atividade:

Elabore um texto, em até 2 laudas buscando responder as perguntas acima.

35
Unidade III A Prática Pedagógica Domiciliar

3.3 Tríade do sucesso: Professor, Aluno, Família obra Tratamento pelas palavras: vidas conectadas pela
Pedagogia Hospitalar, descreve a prática da professora
No item anterior estudamos e refletimos sobre a prática da CH que trabalhava com uma proposta pedagógica
pedagógica no APD, sobre atividades e avaliação percebendo biopsicossocial voltada para a saúde, cidadania e
a escola como base do processo do APD. Pontuou-se um neuromotricidade dando aos alunos orientação a respeito
saber teórico e prático visando um currículo com atividades de higienização, segurança no trânsito e desenvolvimento
direcionadas e significativas. No entanto, para o sucesso cognitivo e motor a partir da pratica de atividades como
dessa prática é preciso ir além, abrir nosso campo de visão jogos, videogames e outros. Essa prática curricular
permitindo novas configurações de equipe intersetorial. também acontece no APD só que de maneira diferente.
O professor do APD adentra o ambiente domiciliar, a
Agregamos agora, um novo espaço, a intimidade da família, intimidade no âmbito da família e ali ele não compartilha
um espaço que não tem ligação com dor e doença e nessas com nenhum outro profissional, ele é acolhido, passa
configurações precisamos reestabelecer esse novo olhar, a fazer parte daquele núcleo social. Como professor
essa nova percepção, os nossos modos de ser sendo junto detém uma postura ética, um olhar sensível, uma atitude
ao outro no mundo. humanizada. O médico pediatra Drauzio Viegas, autor de
É como se fosse impossível estabelecer uma obras com a temática humanização, afirma que essa postura
separação entre o que é vivenciado pelo “deve estar em qualquer circunstância” e que esse olhar
indivíduo e o que é expresso por ele. Essa sensível é uma atitude de interesse pelo aluno enquanto
convencionalidade e essa regularidade não ser humano. Não é um olhar de piedade, mas de “realizar
excluem a sinceridade; o que se faz mais realmente alguma coisa para melhorar a qualidade de vida”
que manifestar os próprios sentimentos, é daquela pessoa (2008, p. 49). Se no ambiente hospitalar
manifestá-los para os outros (MERLEAU-PONTY, o paciente e sua família e/ou acompanhante buscam
2006, p. 555). soluções para seus problemas e necessidades, no âmbito
domiciliar possivelmente, não será diferente. Mas o que
É preciso reconhecer esse aluno em sua totalidade, e não
é humanização? “é você usar os seus conhecimentos com
falo apenas da totalidade corpórea. É preciso reconhecê-
sensibilidade” (VIEGAS, 2013, p. 39).
lo como um ser no mundo permeado de relações e de
significados de conduta. Sabemos que para a execução do Sensibilidade é o “interesse real pelo outro, procurando dar
APD é preciso, a priori, a presença de dois sujeitos, o aluno o que você tem de melhor dentro de si” (VIEGAS, 2013, p. 20).
e o professor. No entanto, a tríade do sucesso depende do É dever do médico buscar a humanização, também é dever
apoio da família. do profissional que acompanha a criança ou o adolescente
quando ele tem alta hospitalar. Somos professores de APD,
O APD está ligado, de certo forma, à doença. É precisar
no entanto, de certa forma estamos ligados à saúde, o que
perceber a totalidade existencial do aluno. Silva (2019) na
exige de nós sensibilidade e conhecimento. E a família? Na
36
Unidade III A Prática Pedagógica Domiciliar

maioria das vezes esse terceiro sujeito adicionado não é da transitória ou permanente, mas também facilitar a prática
área da medicina, não é da área da educação, tampouco um pedagógica.
mero telespectador. A família faz parte dessa intimidade,
que de certa forma é invadida pelo professor do APD. Muitas A família a partir da psicologia existencialista de
vezes extensão corpórea em uma visão fenomenológica da Bock; Furtado e Teixeira (2001) é não apenas lugar
qual me percebo através do outro, e vice-versa. A família reconhecido como de procriação, é na família que
vivencia a internação, a doença, o tratamento hospitalar, a em primeira instância, se concretiza o exercício dos
alta médica. Toda ruptura é traumática e gera danos a todos direitos da criança e do adolescente. A linguagem é o
os envolvidos no processo. instrumento privilegiado que possibilita a compreensão
dessa realidade e o âmbito da família é o espaço onde
Nesse momento, a alta hospitalar, ao ser esse aprendizado ocorre. Âmbito esse responsável pela
prescrita, aciona a confirmação do acerto sobrevivência e desenvolvimento físico, psíquico e social
terapêutico e a certeza do sonho de cura. Porém, de bebês e crianças a partir do afeto ou omissão de
em meio a essa euforia da superação de um afeto, e da transmissão de hábitos e costumes culturais
desafio, surge a necessidade de enfrentamento
de determinados momentos históricos. Essas funções são
da vida extra-hospitalar. Uma das implicações
partilhadas com as instituições educacionais — creches,
do gerenciamento da dimensão social da cura
está, justamente, esse cuidado de promover a pré-escolas, jardins-de-infância, escolas — e os meios
inclusão do paciente no ambiente hospitalar de comunicação de massa, ditas como outras agências
após alta (GRANEMANN, 2015, p.113). socializadoras. Cada vez mais cedo as crianças estão indo
para as instituições educacionais mediante ao fato da
A ruptura também acontece quando o aluno passa a inserção materna no mercado de trabalho. Outro aspecto
ser atendido pelo APD. Por vezes, a solidão é sentida no relevante a ser observado é o importante papel que os
retorno ao lar. Percebemos a escola como uma importante meios de comunicação de massa (particularmente a TV),
instituição social, sendo assim ela precisa estar presente têm cumprido na educação da criança e do adolescente,
nessa etapa. A família mais uma vez é o alicerce dessa os quais estão expostos, cada vez mais cedo, às
relação. Muitas vezes a família se dispõe a diversos tipos influências destas agências socializadoras, exposto a uma
de arranjos como disponibilizar espaços para as atividades grande variedade de estímulos visuais e auditivos desde
de APD, dentre eles a sala com TV para aulas interativas que nasce. “Apontar estas questões em um capítulo sobre
e a varanda ventilada nos dias de calor. Vão além, para a família é necessário para que possamos estar atentos —
ambientalizar, incluem artefatos escolares nas decorações o tempo todo — às múltiplas determinações do humano,
domésticas, na verdade fazem o possível para que o seu do mais íntimo de si, desde o nascimento” (p.331). Nesse
lar aparentemente fique próximo do ambiente escolar, modo, em seu interior, a família reproduz a cultura que a
a fim de favorecer não apenas o interesse da criança ou criança internalizará a partir de sua subjetividade como
do adolescente com uma situação de saúde debilitada ser no mundo, do nascimento a fase adulta.
37
Unidade III A Prática Pedagógica Domiciliar

Diante desses fatos “será sempre necessário que o no momento que forem indagadas e estabelecer momentos
professor conheça a realidade de vida de seu aluno — sua de atividades entre professor e aluno apenas, mesmo que
classe social, suas experiências de vida, suas dificuldades, na presença dos pais. O aluno tem o direito a se expressar
a realidade de sua família etc.” (p.157). Nesta perspectiva, é sempre, mesmo que sua deficiência não permita a oralidade,
necessário o professor estar atento, “não há possibilidade o professor está capacitado para o atendimento educacional
de sobrevivência física e psíquica no desamor” (p.254), e especializado.
infelizmente o fenômeno da violência domestica (maus-
tratos, negligência) é universal em todas as esferas Nossa natureza é social, nosso desenvolvimento e nossas
econômicas e sociais. Por um lado, famílias que lidam com atividades foram conquistadas por gerações. “A criança
a doença e com as limitações físicas em uma perspectiva não está de modo algum sozinha em face do mundo que
relacionada à finitude da vida, vivenciando um luto diário rodeia” (LEONTIEV, 2004, p. 285), nesse sentido a vida
enquanto há vida, sentenciando-os. em sociedade é condição para nos tornarmos sociais
implicando o aprendizado para além do que essa criança
Já, outras famílias carregam em si persistência e pode aprender sozinha. Viver em sociedade é partilhar
perseverança apesar de todas as adversidades no lidar com normas e experiências grupais e quando o professor busca
a cura, a vida e a morte, como se fosse um subir e descer de observar e compreender essa partilha, ele capta o processo
uma montanha russa e que apesar de todas as adversidades de subjetividade do aluno como ser histórico e social
no lidar com a cura e a morte, “ancorados no próprio centro vigorosamente marcado por vínculos afetivos.
de si, superando as adversidades, as desilusões, as críticas
para resistir aos “golpes do destino” ( FURLEY; PINEL, 2020, É preciso evidenciar que esse aluno do APD não é apenas
p. 51) e consequentemente, nesse movimento, produz-se um ser doente. Essas crianças e adolescente “continuam
subjetividades. crescendo e se desenvolvendo mesmo que com alguns
A subjetividade é um dos campos da realidade, visto que é comprometimentos causados pela enfermidade ou pelo
uma síntese individual e singular, no âmbito do registro da tratamento médico necessário (intervenções cirúrgicas,
memória, que cada um de nós vai construindo em nossa exames invasivos, fármacos com efeitos colaterais) [...]”
trajetória de vida a partir de nossas experiências cotidianas. (FONSECA, 2015, p.16).
Compreender a subjetividade do aluno e da família é dar
Com esse olhar sensível, ao final do APD é preciso enquanto
visibilidade ao processo de formação dos modos de ser e
professor retornar à família, dar o feedback/retorno, acerca
estar no mundo.
dos avanços ou não, do aluno atendido buscando parceria
A família é elo, é suporte, é incentivo ao aluno por isso é e demonstrando o seu desejo enquanto professor em
muito importante que o relacionamento seja orientado por caminhar ao lado do seu aluno. Isso é respeito por seu
uma conduta ética, é preciso de antemão esclarecer dúvidas aluno, mas também é respeito por seu oficio de educar.

38
Unidade

IV
O APD tem bases legais que
sustentam suas ações

4.1 Legislações Nacionais 40


4.2 Legislações Estaduais 42

39
Unidade IV O APD tem bases legais que sustentam suas ações

O APD tem bases legais que família, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação
sustentam suas ações para o trabalho. Nessa prerrogativa de direitos, a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)20 apresenta
a educação como direito gratuito e de responsabilidade
4.1 Legislações Nacionais do Estado, delimitando níveis e atendimentos de ensino,
donde dentro da educação especial, & 2º O atendimento
Considerando que a Constituição de 182416, assegura no educacional será feito em classes, escolas ou serviços
Art. 32 ,o direito à educação primária e gratuita a todos os especializados, sempre que, em função das condições
cidadãos, o Decreto-Lei nº 1.044 de 21 de Outubro de 196917, específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas
garante tratamento excepcional aos alunos portadores classes comuns de ensino regular.
das afecções visto que as condições de saúde nem sempre
permitem frequência do educando, no qual enfatiza no O documento Diretrizes Nacionais para a Educação Especial
Art 2º , ser de responsabilidade da escola: Atribuir a esses na Educação Básica (Resolução nº 2 de 11/09/2001)21 destaca:
estudantes, como compensação da ausência às aulas,
exercício domiciliares com acompanhamento da escola, Art. 13. Os sistemas de ensino, mediante
ação integrada com os sistemas de saúde,
sempre que compatíveis com o seu estado de saúde e as
devem organizar o atendimento educacional
possibilidades do estabelecimento. especializado a alunos impossibilitados de
frequentar as aulas em razão de tratamento
No ano de 197518, a partir do Decreto-Lei acima, sancionou-se
de saúde que implique internação hospitalar,
a Lei nº 6.202 de 17 de Abril de 1975, que ampliou o direito de atendimento ambulatorial ou permanência
atendimento domiciliar para as estudantes a partir do oitavo prolongada em domicílio. § 1o As classes
mês de gestação e pós-parto mediante a apresentação de hospitalares e o atendimento em ambiente
atestado médico apresentado na direção da escola. domiciliar devem dar continuidade ao processo de
desenvolvimento e ao processo de aprendizagem
A Constituição Federal de 198819 define, no artigo 205, a de alunos matriculados em escolas da Educação
educação como um direito de todos e dever do Estado e da Básica, contribuindo para seu retorno e

16
Constituição de 1824. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao24.htm
17
Decreto-Lei nº 1.044 de 21 de Outubro de 1969. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del1044.htm
18
Lei nº 6.202 de 17 de Abril de 1975. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/l6202.htm
19
Constituição Federal de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
20
Lei nº 9.394 de 20 de Dezembro de 1996. Disponivel em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1996/lei-9394-20-dezembro-1996-362578-publicacaooriginal-1-pl.html
21
Resolução nº 2 de 11 de Setembro de 2001. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/resolucao2.pdf
40
Unidade IV O APD tem bases legais que sustentam suas ações

reintegração ao grupo escolar, e desenvolver Nessa perspectiva, a proposta pedagógica curricular passa
currículo flexibilizado com crianças, jovens e a agregar à educação especial e ao seu público alvo, alunos
adultos não matriculados no sistema educacional com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
local, facilitando seu posterior acesso à escola altas habilidades/superdotação. Nesses casos e em outros,
regular. § 2o Nos casos de que trata este Artigo,
como os transtornos funcionais específicos, a educação
a certificação de frequência deve ser realizada
especial atua de forma articulada com o ensino comum,
com base no relatório elaborado pelo professor
especializado que atende o aluno (BRASIL, 2001). orientando para o atendimento desses estudantes. A
educação especial direciona suas ações para o atendimento
Logo a seguir, no ano de 2002, o Ministério da Educação e às necessidades desses estudantes no processo educacional
Cultura (MEC), através da Secretaria de Educação Especial, e, no âmbito de uma atuação mais ampla na escola,
lançou o documento Classe hospitalar e atendimento orientando a organização de redes de apoio, a formação
pedagógico domiciliar: estratégias e orientações, com continuada, a identificação de recursos, os serviços e o
o objetivo de estruturar ações políticas de organização desenvolvimento de práticas colaborativas.
do sistema de atendimento educacional em ambientes
hospitalares e domiciliares. Documento este, que em muitos No dia 24/09/2018 foi sancionada a Lei nº 13.71623 que
locais do Brasil, segue sendo o único norteador de práticas alterou a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de
pedagógicas nesses espaços de atendimento pedagógico. Diretrizes e Bases da Educação Nacional), a fim de assegurar
o atendimento educacional ao aluno da educação básica
Apenas no ano de 2008, com a Política Nacional de Educação internado para tratamento de saúde em regime hospitalar
Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva22, pode-se ou domiciliar por tempo prolongado:
observar a educação fundamentada na concepção dos
Art. 1º A Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996
direitos humanos, conjugando igualdade e diferença como
(Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional),
valores indissociáveis. passa a vigorar acrescida do seguinte art. 4º-A:·.
Sendo assim, nos apontando a necessidade de afrontarmos “Art. 4º-A. É assegurado atendimento educacional,
essas práticas excludentes implicando numa mudança durante o período de internação, ao aluno da
educação básica internado para tratamento
estrutural e cultural da escola para que todos os estudantes
de saúde em regime hospitalar ou domiciliar
tenham suas necessidades atendidas a partir de novos por tempo prolongado, conforme dispuser o
referenciais que possam repensar uma nova organização de Poder Público em regulamento, na esfera de sua
escolas e classes especiais existentes. competência federativa.” (BRASIL, 2018).

22
Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf

23
Lei nº 13.716 de 24 de Setembro de 2018. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2018/lei-13716-24-setembro-2018-787190-publicacaooriginal-
156470-pl.html
41
Unidade IV O APD tem bases legais que sustentam suas ações

Esse atendimento é garantido ao aluno da educação básica, escolar assegurar o direito à educação disponibilizando a
Educação Infantil (0 a 6 anos), Ensino Fundamental (de 7 esse aluno atividades e estudos para serem desenvolvidos
a 14 anos) e Ensino Médio (de 15 a 17 anos) internado para fora do ambiente escolar. No caso desse aluno apresentar
tratamento de saúde em regime hospitalar ou domiciliar por deficiências ou Transtornos Globais do Desenvolvimento
tempo prolongado, desde o dia 24/09/2018, esse direito está – TGD será disponibilizado o profissional do AEE para
garantido por uma lei federal. o atendimento escolar com o objetivo de viabilizar o
desenvolvimento e a construção do conhecimento,
garantidos por lei (SEDU, 2002 b). De acordo com o relatório
4.2 Legislações Estaduais disponibilizado pela Assessoria de Educação Especial
(SEDU, 2021 a) foram atendidos no ano de 2020 um total de
Diante disso, cabe destacar mais uma vez, que o APD 19 alunos em APD pela Rede Estadual de Ensino em todo o
é direito a todo aluno matriculado na educação básica Estado do Espírito Santo.
e que cada ente federado organiza esse atendimento
seguindo a legislação nacional. No entanto, nem sempre No Estado da Bahia (BA) o APD é realizado a partir da
seguem as mesmas direções, como por exemplo, o tempo Resolução CME nº 03824 de 20 de Setembro de 2013,
de afastamento escolar e a contratação dos profissionais que “estabelece normas para a Educação Especial, na
para atuarem nesse atendimento pedagógico. A seguir Perspectiva da Educação Inclusiva, para todas as Etapas e
apresentarei alguns Estados que possuem organizações Modalidades da Educação Básica no Sistema Municipal de
próprias. Ensino de Salvador-Bahia”, onde:

No Estado do Espírito Santo o APD é garantido através Art. 6º O Atendimento Educacional Especializado
da Portaria nº 168-R (SEDU, 2020 b), de 23/12/2020, que tem como função complementar ou suplementar
considerando o que preceitua a Resolução CEE/ES nº a formação do aluno com vistas à autonomia
e independência na escola e fora dela, sendo
3.777/2014 (CEE/ES, 2014) e a Resolução CEE/ES nº 5.077/2018
realizado: [...]
(CEE/ES, 2018), estabelece normas e procedimentos
complementares aos alunos da Rede Estadual de Ensino V - atendimento domiciliar.
matriculados na Educação Básica, que se encontraram
impossibilitados de frequentar o ambiente escolar por mais Parágrafo único. Em caso de Atendimento
de 90 dias ou interruptas por meio de uma flexibilização Educacional Especializado em ambiente
curricular e/ou metodológica favorecendo ingresso, retorno hospitalar ou domiciliar, será ofertada aos
ou adequada integração à comunidade escolar, como parte alunos, pelo respectivo sistema de ensino, a
Educação Especial de forma complementar ou
do direito de atenção integral.No caso de ausência inferior a
suplementar.
90 dias e ciente da condição do estudante, caberá à unidade

24
Resolução CME nº 038 de 20 de Setembro de 2013. Disponível em: http://educacao3.salvador.ba.gov.br/conselhos-municipais/07-res-cme-038-2013-educacao_especial 42
Unidade IV O APD tem bases legais que sustentam suas ações

As professoras de APD, Milani e Vale (2020) relatam No ano de 2019, com a implementação da Instrução nº
que na cidade de Salvador (BA), 20 alunos tem acesso 02 26 , a partir da Superintendência de educação SUED/SEED,
ao atendimento pedagógico domiciliar, sendo este foi estabelecido no Estado do Paraná, os procedimentos
regulamentado e acompanhado pela Secretaria Municipal para a implantação e funcionamento do Atendimento
de Educação (SMED), através da Escola Municipal Hospitalar Pedagógico Domiciliar do Serviço de Atendimento à
e Domiciliar Irmã Dulce. A experiência dessas duas Rede de Escolarização Hospitalar e Domiciliar – SAREH.
professoras e pesquisadoras será compartilhada com No qual terão direito a esse atendimento, domiciliar os
você cursita e com toda a equipe envolvida nesse curso estudantes impossibilitados de frequentar a escola por
de extensão, a partir do recurso tecnológico, uma roda 90 (noventa) dias ou mais. Essa instrução delibera as
de conversa para conhecermos o rosto, a voz, o sorriso e orientações para a definição de atendimento, oferta,
podermos estar, de certa forma, próximo ao profissional que vínculo dos professores, procedimentos necessários para
atua no espaço que dedicamos nossa energia estudando. a autorização do atendimento, abertura da demanda,
organizações e atribuições, garantindo ao aluno a
No Estado do Paraná (PR), o atendimento pedagógico continuidade em seu processo de escolarização e o
domiciliar foi atribuído como serviço especializado vínculo com seu ambiente escolar.
possibilitando a inclusão social desses alunos, a partir
da Deliberação nº 02/200325, do Conselho Estadual de Considerando os documentos analisados, cabe-nos aqui
Educação, Indicação nº 01/2003, descrito abaixo: pontuarmos que Estados e Municípios organizam seus
sistemas de ensino e que o público contemplado pelo
d) Atendimento pedagógico domiciliar - serviço APD são os alunos matriculados na educação básica e EJA
destinado a viabilizar a educação escolar de quando necessário acometidos por condições e limitações
alunos com necessidades educacionais especiais
específicas, decorrentes de comprometimentos de
que estejam impossibilitados de frequentar as
aulas, em razão de tratamento de saúde que saúde, que impossibilitam a participação nas atividades
implique permanência prolongada em domicílio, curriculares na escola e que nos dias atuais, esse tipo de
mediante atendimento especializado realizado atendimento é garantido através da Lei de Diretrizes e Bases
por professor habilitado ou especializado em da Educação Nacional, sendo custeado como recurso para a
educação especial vinculado a um serviço Educação Básica através do Fundeb27.
especializado.

24
Deliberação nº 02/2003 Disponível em: http://celepar7cta.pr.gov.br/seed/deliberacoes.
nsf/7b2a997ca37239c3032569ed005fb978/93946370948cd82903256d5700606b9e/$FILE/_p8himoqb2clp631u6dsg30chd68o30co_.pdf
25
Instrução nº 02/2019. Disponível em: http://www.educacao.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/documento/2019-12/instrucao_022019_sued_seed.pdf
26
https://www.fnde.gov.br/financiamento/fundeb
43
Unidade

V
O uso de imagens de alunos
e professores do APD

5. 1 Ética 45
5. 2 O uso de imagens 45
5.3 A autorização para o uso de imagens 46

44
Unidade V O uso de imagens de alunos e professores do APD

O uso de imagens de alunos e que atuaram nesses espaços. A palavra ética, nos remete,
como de imediato a outra palavra, a palavra “moral”, que
professores do APD tem origem no termo latino “morales” que significa “relativo
aos costumes”, ou seja, “Conjunto de regras de conduta ou
hábitos julgados válidos, quer universalmente, quer para
5. 1 Ética grupo ou pessoa determinada” (FERREIRA, 2008, p. 563).
A preocupação ética é descrita por Humberto Maturana, a Esse convívio entre professor, aluno e família precisa ser
partir de uma experiência que o autor teve no ano de 1955, estabelecido a partir de princípios éticos e morais de ambos
período que era estudante na Inglaterra, e foi visitar uma os lados. Ser ético não significa gostar, tratar bem, ir a uma
exposição de quadros de um pintor japonês no qual ele festa de aniversário, ao contrário, é ser com. Muitas vezes
descreve na obra Emoções e linguagem na educação e na o professor do APD é o único elo do aluno com a escola, e
política (1998, p. 73): “Visitei, com vários amigos chilenos, mais, às vezes é a única pessoa externa que convive naquele
uma exposição de quadros de um pintor japonês sobre a lar. É preciso ser professor e deixar bem claro a sua função,
destruição e o sofrimento gerados pela bomba atômica enquanto profissional. Diante dessa possibilidade destaco,
lançada sobre Hiroshima. Ao sair, um dos meus amigos nesse espaço tempo, os direitos de ambas as partes no uso
disse: “— Que me importa que tenham morrido cem mil de imagens.
japoneses em Hiroshima, se eu não conhecia nenhum”!”.
Assim, concluiu que a preocupação ética, como preocupação
com as consequências que nossas ações têm sobre o outro,
é um fenômeno que tem a ver com a aceitação do outro e
5. 2 O uso de imagens
pertence ao domínio do amor. Por isso, a preocupação ética Vamos refletir um pouco. Mentalmente responda: Você
nunca ultrapassa o domínio social no qual ela surge . professor faz registros de seus alunos e posta em
suas redes sociais? Você se resguardou ao agir assim?
A palavra “ética” vem do Grego “ethos” que significa “modo
Resguardou seu aluno? Antes de qualquer coisa, o que você
de ser” ou “caráter”.  A ética é o conjunto de normas e
deseja postar? Qual seu interesse nisso?
princípios que norteiam a boa conduta do ser humano
(FERREIRA, 2008, p. 383). A ética nas relações profissionais Após dialogarmos sobre a ética e a moral, desejo apresentar
dá-se por meio do comprometimento e responsabilidade a você cursista um tema sensível, mas que urge por
com o trabalho, pela afetividade e respeito no trato com as condutas responsáveis. Você sabe o que diz a legislação
pessoas, visto que: “Pode-se, assim, depreender que, sem nacional a respeito? De acordo com a Constituição Federal
os princípios éticos que orientam as relações humanas, de 1988, “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a
torna-se até mesmo inviável a convivência entre as pessoas” honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
(CHACON; MARIN, 2012, p.153). Os autores destacam que essa indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
proposta de intervenção deve ser instrumentalizada em violação”. No mais, o artigo 20 do Código Civil brasileiro, por
processos de formação para os profissionais que atuam e sua vez, afirma que:
45
Unidade V O uso de imagens de alunos e professores do APD

Salvo se autorizadas, ou se necessárias à Livre e Esclarecido (TCLE) de acordo com o Comitê de ética
administração da justiça ou à manutenção em Pesquisa (CEP)28. Muitas escolas possuem esse TCLE,
da ordem pública, a divulgação de escritos, no entanto as imagens devem ser divulgadas apenas pelo
a transmissão da palavra, ou a publicação, site institucional. O documento resguarda pais, alunos,
a exposição ou a utilização da imagem de
professores, escola, pesquisadores, enfim todos que tenham
uma pessoa poderão ser proibidas, a seu
acesso ao APD e ao aluno de forma geral. É sempre bom
requerimento e sem prejuízo da indenização que
couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama avaliar o texto e a imagem antes de publicar29.
ou a respeitabilidade, ou se destinarem a fins
comerciais (BRASIL, 1973).
Como pesquisadora submeti o meu projeto de pesquisa ao
Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), e não apenas eu, como as
Não obstante, o Estatuto da Criança e do Adolescente: demais colegas que vão apresentar a Roda de conversa para
Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem vocês. A experiência que as professoras do APD de Salvador
autorização devida, por qualquer meio de (BA) vão relatar possibilitará a você e a mim, conhecermos
comunicação, nome, ato ou documento de
como se dá o uso de imagens no dia a dia delas. Posso
procedimento policial, administrativo ou judicial
relativo a criança ou adolescente a que se relatar, nesse espaço tempo, que passar por esse processo
atribua ato infracional: Pena - multa de três é cansativo, porém compensador. Existe uma troca de
a vinte salários de referência, aplicando-se o confiança, existe um contrato que o pesquisador estabelece
dobro em caso de reincidência. § 1º Incorre na enquanto contratante, desde onde e como se dará a pesquisa
mesma pena quem exibe, total ou parcialmente, e isso deve ser respeitado acima de qualquer interesse. É
fotografia de criança ou adolescente envolvido a garantia que tenho de cuidado e respeito comigo e com
em ato infracional, ou qualquer ilustração o outro. Como professora escuto de colegas que muitas
que lhe diga respeito ou se refira a atos que pessoas vão até o nosso local de trabalho, colhem o
lhe sejam atribuídos, de forma a permitir sua depoimento de quem interessar, registra imagens sem sequer
identificação, direta ou indiretamente (BRASIL, apresentar o projeto aprovado pelo CEP e só ficamos sabendo
1990).
dos resultados, quando estamos expostos. Isso é muito sério.
Como agir para resguardar ambas as partes, é o que
veremos a seguir. Para saber mais

Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal


5.3 A autorização para o uso de imagens de Mato Grosso do Sul - https://propp.ufms.br/comite-de-
etica-em-pesquisa-em-seres-humanos/comite-de-etica-em-
O que fazer caso o aluno permita a divulgação? Faz-se
pesquisa-em-seres-humanos-2
necessário a elaboração de um Termo de Consentimento

28
Comitê de ética em Pesquisa (CEP) https://conselho.saude.gov.br/biblioteca/livros/Manual_ceps.pdf
29
Para saber mais acesse: https://blog.softwaregeo.com.br/uso-de-imagem-de-alunos-e-professores-conheca-o-que-diz-a-lei-brasileira-e-evite-problemas/ 46
Unidade V O uso de imagens de alunos e professores do APD

Atividade 2

Vamos assistir a película Cuerdas? Nesse contexto, vamos refletir juntos!

Data de lançamento: 26 de O filme apresenta um personagem, um aluno com


novembro de 2013 necessidade educacional especial no espaço escolar. A partir
desse processo de inclusão, convido você a refletir sobre o
Diretor: Pedro Solís García aluno do APD.

Roteiro: Pedro Solís García O aluno do APD, pode estar em contato com os demais alunos
através de práticas inclusivas através de vídeo chamadas,
Prêmios: Prêmio Goya de Melhor visitas dos colegas a sua residência, enfim, possibilidades de
Curta-Metragem de Animação “pertencimento”. Mas também pode ser que esse aluno de
APD nunca tenha tido contato com os colegas da escola. Ou
O filme é baseado na vida do diretor ainda, ele pode estar sem ter contato com os demais alunos
Pedro Solís, que é pai de um outro temporariamente no caso de afastamento por motivo de
Nicolás, que também sofre de tratamento a curto ou médio prazo, certo? Possivelmente, ele
paralisia cerebral e de Alejandra que, deve sentir saudades da escola, eu no lugar dele sentiria. Se
assim como Maria, faz de tudo pelo irmão se sentir pleno esse aluno não teve contato com nenhum colega e sempre foi
em sua infância. Ao vencer a premiação, Solís agradeceu atendido pelo APD, o que ele deve pensar sobre a escola? Será
seus filhos pelos ensinamentos e à esposa Lola, por todas que ele acredita ser o único aluno?
as vezes que ela não chorou na sua frente. “Há cordas que
não amarram e sim libertam”, concluiu sua fala, durante a Sendo um professor de APD, essa é a intenção nessa
premiação, no dia 9 de fevereiro, em Madri, na Espanha. atividade, que você possa assumir esse papel, a partir desse
estudo. Porque será que precisamos tanto de Cuerdas, de
(Fonte: https://educacaointegral.org.br/reportagens/ cordas? O que precisamos tomar para junto de nós? O que
animacao-cordas-emociona-ao-relatar-amizade-entre-uma- você faria para que o aluno do APD se sentisse pertencido
garota-um-menino-paralisia-cerebral/). ao espaço escolar?

47
Unidade V O uso de imagens de alunos e professores do APD

Roda de conversa
Com 3 profissionais convidados que compartilharão conosco suas práticas e
vivências no que tange o APD e direito à educação em espaço hospitalar e domiciliar.

Márcia Pereira Martins Vale Ive Carolina Fiuza Figueiredo Milani Paulo da Silva Rodrigues

Mestranda em Políticas Sociais Mestranda em Educação e Doutorando em Educação e Mestrado em


e Cidadania UCSAL. Especialista Contemporaneidade pela Universidade Educação pelo PPGE/CE/UFES. Graduado
em Educação Especial e Educação do Estado da Bahia (UNEB), Linha de em Ciências pela Faculdade de Filosofia,
Inclusiva, Psicopedagoga Clínica e Pesquisa IV: Educação, Currículo e Ciências e Letras Madre Gertrudes de
Institucional – UNEB, Especialista em Processos Tecnológicos, integrante São José – Cachoeiro do Itapemirim.
Atendimento Educacional Especializado do Grupo de Pesquisa Formação, Complementação de estudos na área da
e Neuropsicopedagogia ambas pela Tecnologias, Educação a Distância e Matemática na UNIG – RJ. Especializou-
Universidade Cândido Mendes. Pedagoga Currículo ; Licenciada em Pedagogia pela se em Planejamento Educacional pela
UCSAL. Atualmente é Coordenadora Faculdade de Educação da Bahia (FEBA), UNIVERSO – RJ e em Gestão Escolar pela
Pedagógica da Educação de Jovens Especialista em Tecnologia e Novas Escola de Gestores da Educação Básica
e Adultos e Pedagoga Hospitalar e Educações pela UFBA. Professora da MEC/UFES/SEME/PMV. Docente concursado
Domiciliar na rede Municipal de Salvador Escola Municipal Hospitalar e Domiciliar do município de Vitória na área de
onde já atuou em vários hospitais e Irmã Dulce, há 12 anos. Matemática. Foi eleito diretor da EMEF “Irmã
domicílios. Há dez anos atua na área e Jacinta Soares de Souza Lima” no período
ministra aula em duas casas-lares na de 2003 a 2008, e da EMEF” Álvaro de
Escola Municipal Hospitalar e Domiciliar Castro Mattos” no triênio 2012/2018. Atuou
Irmã Dulce. Integrante do Grupo de como docente de cursos de graduação e
Pesquisa de Políticas Públicas e Gestão especialização na área educacional, com
Escolar (GEPPGE) do Programa de as disciplinas de Gestão e Organização da
Pós-graduação em Políticas Sociais e Escola, Currículo e Avaliação Educacional,
Cidadania da Universidade Católica do Princípios e Métodos da Administração
Salvador. Escolar, Prática de Ensino. Desenvolve
estudos e pesquisas na área da Gestão
Escolar e Políticas Públicas para a Gestão
Educacional e Educação Especial. Autor de 3
livros publicados na área da educação.
48
Unidade V O uso de imagens de alunos e professores do APD

Leituras de apoio
BRASIL. Secretaria de Educação Especial. Portal de ajudas técnicas para educação: equipamento e
material pedagógico para educação, capacitação e recreação da pessoa com deficiência física: recursos
pedagógicos adaptados. Brasília: MEC: SEESP, 2002, fascículo 1. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/
seesp/arquivos/pdf/rec_adaptados.pdf

BRASIL. Secretaria de Educação Especial.Portal de ajudas técnicas para educação: equipamento e


material pedagógico especial para educação, capacitação e recreação da pessoa com deficiência física:
recursos para comunicação alternativa. Brasília: MEC/SEESP, 20022006. Disponível em: http://portal.mec.
gov.br/seesp/arquivos/pdf/ajudas_tec.pdf

ABREU, Maria Emília Araujo França. APD digital: o seu e-book inclusivo [livro eletrônico]. Santos, SP: Ed.
da Autora, 2018. Disponível em: https://www.apddigital.com.br/

Segue um link bem interessante de um aplicativo chamado Expressia (comunicação alternativa).


Disponível para Android / PC. Disponível em: https://linktr.ee/expressia.life

GEPEDEH- Grupo de Estudos e Pesquisas em Direito à Educação: âmbito hospitalar e domiciliar Disponível
em: https://gepedehd.com.br

https://decarapicuiba.educacao.sp.gov.br/educacao-especial/

49
Referências
ABREU, Maria Emília Araujo França de; SANTOS, Elaine Marcílio; MALAVASI, Abigail. Implementação de estratégias pedagógicas
facilitadoras no âmbito da educação inclusiva. In: Jornadas Trasadinas de aprendizaje 2016/Educação emancipatória na América
Latina: Construindo caminhos para a equidade social. 2016.

BRASIL. Código de Processo Civil (1973). Código de Processo Civil Brasileiro. Brasília, DF: Senado, 1973.

_____. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Imprensa Oficial, 1988.

_____. Lei n° 8.069 de 13 de Julho de 1990. Estatuto da Criança e do Adolescente. Brasília: Imprensa Oficial, 1990.

_____. Conselho Nacional de Defesa dos Direitos da Criança e Adolescente. Resolução nº 41, 13 de outubro de 1995. Dispõe sobre
os direitos da criança hospitalizada. Diário Oficial da Republica Federativa do Brasil 1995 17 Out; Seção I: 163, 1995. Disponível
em: https://www.mpdft.mp.br/portal/pdf/unidades/promotorias/pdij/Legislacao%20e%20Jurisprudencia/Res_41_95_Conanda.pdf

_____. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei no. 9394, de 20 de Dezembro de 1996.
Brasília/DF: Imprensa Oficial. 1996. Disponível em: https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/70320/65.pdf

_____. Ministério da Educação. Resolução CNE/CBE nº 2 de 11/09/01. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação
Básica. Diário Oficial da União nº 177, Seção 1E de 14/09/01, pp.39-40. Brasília: Imprensa Oficial, 2001. Disponível em: http://portal.
mec.gov.br/arquivos/pdf/resolucao2.pdf

_____. Ministério da Educação. Classe hospitalar e atendimento pedagógico domiciliar: estratégias e orientações. Brasília, DF:
Ed. MEC/SEESP, 2002. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/livro9.pdf

_____. Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI. Diretrizes para Elaboração. 2004. Disponível em: http://www.proplad.ufu.
br/sites/proplad.ufu.br/files/media/arquivo/diretrizes-mec-para-elaboracao-pdi.pdf

_____. Ministério da Educação Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. MEC/SECADI.
Brasília, 2008 a. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-
nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192

50
_____. Ministério da Educação. Decreto nº 6.571, de 17 de Setembro de 2008. Dispõe sobre o atendimento educacional
especializado, regulamenta o parágrafo único do art. 60 da Lei nº 9.394, de 20 de Dezembro de 1996, e acrescenta dispositivo
ao Decreto nº 6.253, de 13 de Novembro de 2007. Casa Civil; Subchefia para Assuntos Jurídicos, Brasília, DF, set. 2008b.
Disponível em: https://www.andi.org.br/file/51322/download?token=iPduFKyi

_____. Ministério da Educação. Resolução nº 4, de 02 de Outubro de 2009. Institui Diretrizes Operacionais para o
Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial. Brasília, DF: Ed. MEC/CNE/CEB,
2009. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_09.pdf

_____. Ministério da Educação. Resolução nº 4, de 13 de Julho de 2010. Define Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a
Educação Básica. Brasília, DF: Ed. MEC/CNE/CEB, 2010. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_10.pdf

_____. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução n. 466, de 12 de Dezembro de 2012. Aprova diretrizes e
normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Brasília, Diário Oficial da União, 12 Dez. 2012. Disponível
em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2013/res0466_12_12_2012.html

_____. Lei n° 13.146/15. Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). 2015.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm

_____. Ministério da Saúde. Política Nacional de Humanização – Humaniza SUS. 2015. Disponível em: http://www.saude.gov.br/
saude-de-a-z/projeto-lean-nas-emergencias/693-acoes-e-programas/40038-humanizasus.

_____. Orientações para a implementação da política de educação especial na perspectiva da educação inclusiva. NOTA
TÉCNICA Nº 15 / 2015 / MEC / SECADI /DPEE. 2015 a. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_
docman&view=download&alias=17237-secadi-documento-subsidiario-2015&Itemid=30192

_____. Lei n°13.716/18. Assegura atendimento educacional ao aluno da educação básica internado para tratamento de
saúde em regime hospitalar ou domiciliar por tempo prolongado. 2018. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm

_____. Projeto de Lei 2401/19. Dispõe sobre o exercício do direito à educação domiciliar, altera a Lei nº 8.069, de 13
de Julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente, e a Lei nº 9.394, de 20 de Dezembro de 1996, que estabelece
as diretrizes e bases da educação nacional. 2019. Disponível em: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_
mostrarintegra;jsessionid=C5F58BD34BAD023F686924361C638DD3.proposicoesWebExterno2?codteor=1739762&filename=Avul
so+-PL+2401/2019
51
_____. Decreto nº 9.465. Aprova a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das Funções
de Confiança do Ministério da Educação, remaneja cargos em comissão e funções de confiança e transforma cargos em
comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS e Funções Comissionadas do Poder Executivo - FCPE. 2019.
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