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de Educação (2014)
RESUMO
ABSTRACT
1
Estudante de Pós-graduação. Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). E-mail:
samueljunior.ns@gmail.com
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Doutora. Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). E-mail:
1 INTRODUÇÃO
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Educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação (BRASIL, 1996; idem 2008; 2011; 2013; 2014)
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A redação original da Constituição Federal (1988) previa apenas a oferta do Ensino Fundamental
como obrigatório e gratuito. Posteriormente, essa obrigatoriedade/gratuidade passa a ser estendida à
parte da Educação Infantil e ao Ensino Médio, como pode ser observado na Emenda Constitucional
nº 59/2009 e na Lei nº 12.796/2013.
Tabela 1 – Frequência à escola por população brasileira residente por sexo
Sexo Frequentavam Não frequentavam, Nunca Total
mas já frequentaram frequentaram
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Utiliza-se nesse estudo a definição para deficiência, apresentada no Decreto nº 3.298/1999, como
“toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que
gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser
humano” (BRASIL, 1999).
GONZALEZ, 2014, p. 737). Nesse sentido, os dados de levantamentos realizados
contribuem e de pesquisas realizadas em diferentes regiões podem contribuir para avaliar
como está sendo implantado o PNE e quais os desafios para a educação na próxima
década.
Corroborando com Tezani (2008):
6
Na redação dada pela Lei nº 12,796/2013, a Lei de Diretrizes e Bases tem o termo “portadores de
necessidades especiais”, substituído pelos termos “educandos com deficiência, transtornos globais
do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação” (BRASIL, 2013).
formação de recursos humanos e a garantia de recursos financeiros e serviços de apoio
pedagógico especializado para que assegurar ao educando com deficiência o
desenvolvimento educacional.
Em 2008, a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva (PNEEPEI) é publicada pelo MEC, objetivando a articulação intersetorial nas
políticas públicas e na formação de professores e demais profissionais da educação para a
inclusão escolar. Para tanto, os sistemas de ensino devem promover respostas às
necessidades do alunado (BRASIL, 2008).
Os dados do Censo Escolar da Educação Básica, fornecidos pelo Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (INEP), apontam que de 2012 para 2013
houve um aumento de 2,8% no número de matrículas na educação especial. Ou seja, o
número passou de 820.433 educandos em 2012 para 843.342 educandos matriculados em
2013 (INEP, 2014). Segundo o instituto de pesquisa, a iniciativa da educação inclusiva “[...]
trouxe consigo mudanças que permitiram a oferta de vagas na educação básica, valorizando
as diferenças e atendendo às necessidades educacionais de cada aluno” (INEP, 2014, p.
26).
Para Machado e Pan (2012), o documento PNEEPEI apresenta como resultados
um panorama do crescimento das matrículas em instituições regulares em comparação com
as escolas especiais e das matrículas em escolas públicas em comparação com as escolas
privadas, em resposta aos compromissos assumidos junto a organismos internacionais.
Sendo assim, mais uma vez o Brasil implanta uma política, mesmo com ampla discussão,
atendendo recomendações de organismos multilaterais.
Ao mesmo tempo em que os direitos dessas pessoas passam a ser
reconhecidos, o discurso legislativo nacional incorpora prerrogativas de documentos
internacionais. A Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência,
realizada em 30 de março de 2007 em Nova York, é promulgada no Brasil por meio do
Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009. O documento reafirma que:
Por que o novo PNE deveria trazer em seu bojo o Sistema Nacional de Educação? A
resposta a essas indagações pode estar nos obstáculos que o regime federativo
impõe à gestão e organização da educação, na pouca integração revelada entre
estados e municípios, na persistência de desigualdades e desequilíbrios históricos
entre regiões, na fragmentação entre as redes públicas nos seus distintos níveis
(municipais, estaduais e federal). (OLIVEIRA, 2011, p. 330)
Assim sendo, mais uma vez está posto o desafio da implantação de um plano
nacional – a diminuição das desigualdades sociais e dos desequilíbrios históricos e
regionais. O artigo 8º, parágrafo 1º, inciso 3º, normatiza que deve-se garantir o atendimento
das necessidades específicas na educação especial, assegurando um sistema educacional
inclusivo em todos os níveis, etapas e modalidades, bem como a articulação interfederativa
na implementação das políticas educacionais (BRASIL, 2014).
A meta quatro (4) do PNE propõe a universalização, para a população de quatro
(4) a dezessete (17) anos público alvo da educação especial, o acesso à educação básica e
ao AEE7, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema
educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços
especializados, públicos ou conveniados.
Para o cumprimento da meta são propostas dezenove (19) estratégias, das
quais destacamos: a) oferta da educação bilíngue; b) Repasse financeiro às escolas
públicas e instituições especializadas; c) Implantação de salas de recursos multifuncionais;
d) Formação de professores para o atendimento educacional especializado; e) Manutenção
e ampliação de programas suplementares; etc.
Pode-se dizer que só o fato de se propor universalização do acesso à escola
para esse público alvo já soa como uma utopia, tendo em vista que muitos alunos que não
integram esse grupo estarem ainda excluídos do processo de escolarização. Além disso,
não há meios para que se implemente uma universalização do atendimento desse público
em apenas dez (10) anos.
Os dados do INEP (2014), referentes ao Censo Escolar da Educação Básica
(2013) apontam uma queda na matrícula de educandos público alvo da educação especial
nas classes/escolas especiais e evidenciam um aumento significativo na matricula desses
educandos nas classes comuns, no período de 2007 a 2013, como ilustra o gráfico a seguir:
Fonte: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP, 2014)
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O atendimento educacional especializado (AEE) é o conjunto de atividades, recursos de
acessibilidade e pedagógicos organizados institucional e continuamente, que pode ser prestado de
forma complementar (aos educandos com deficiência e transtornos globais do desenvolvimento) ou
suplementar (educandos com altas habilidades ou superdotação), vide Decreto nº 7.611/2011.
Mesmo que os dados elencados no gráfico 1 tenham apontado um crescimento
no contingente de matrículas nas classes comuns, não se pode afirmar que o acesso à
escolarização vem se universalizando, nem se pode afirmar que os estudantes das
classes/escolas especiais estão migrando para as classes comuns. Além do problema
encontrado na concretização dessa meta já evidenciado anteriormente, encontra-se o tema
em destaque – a formação de professores. Segundo Mendes (2010):
5 CONSIDERAÇÔES FINAIS
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