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RESUMO
O presente artigo tem como objetivo apresentar um dos argumentos que serviram de
apoio no governo do então Presidente da República, Michel Temer, para que fosse
aprovada a MP 746/2016 (Lei n° 13.415/2017) que provocou mudanças na Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB n° 9394/96 e n° 11.494/2007) e discutir
sobre o projeto neoliberal por trás dessa reforma do ensino médio a partir do
financiamento do Banco Mundial e as consequências dessa estrutura de caráter
tecnicista para o ensino de filosofia. A metodologia empregada para a elaboração
desse artigo foi a Pesquisa bibliográfica e documental com abordagem qualitativa.
1. INTRODUÇÃO
2022, ano que começa a ser oficialmente implementado em todas as escolas para as
turmas de 1° ano o que o MEC anuncia como “Novo Ensino Médio”, será também ano
de mais uma jornada de lutas para que a filosofia não seja extinta da grade curricular
assim como ocorreu em 1972, no contexto de ditadura militar. A análise aqui levantada
em torno dessa problemática, visa trazer reflexões partindo de questões relacionadas
ao sistema educacional brasileiro e sua relação com o financiamento do Banco
Mundial, um projeto da elite que põe em risco todas as disciplinas que “não servem"
e que ousam questionar seus métodos.
E de acordo com números mais recentes, como os resultados do censo escolar 2021
(Inep), 5% dos alunos que estavam matriculados no ensino médio das redes
estaduais2 deixaram de frequentar as salas de aula. Estudos realizados pela PNAD
(Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) mostram que as taxas de desemprego
no segundo trimestre de 2022 para quem não possui ensino médio completo (15,3%)
é três vezes maior que a de desempregados com o ensino superior completo (4,7%).
Esses dados estatísticos aparecem num mesmo contexto em que uma reforma da
educação está sendo gradualmente executada, pois, segundo o MEC, isso reforça o
argumento de que para aumentar a permanência do aluno no Ensino Médio e a
qualidade deste, é necessário um modelo de ensino que permite à esse aluno escolher
Em depoimento feito pela aluna Rebeca Costa Prado, do segundo ano do ensino
médio da escola CEAG (Centro de Ensino Anjo da Guarda) para a elaboração desse
artigo, ela respondeu as seguintes perguntas feitas por mim:
- Quais foram as primeiras mudanças que você percebeu em sua escola nesse ano?
professores já falaram disso nas aulas e eu, meus colegas e até aqueles alunos “mais
destacados” percebemos que na teoria é lindo, mas a prática é triste. A gente nem
tem aula prática também porque não tem verba e nem material.
- Nesse ano a carga horária diminuiu bastante. Tenho uma aula de 40 minutos por
semana, ano passado tinha duas ou três.
O Banco age, desde as suas origens, ainda que de diferentes formas, como
um ator político, intelectual e financeiro, e o faz devido à sua condição singular
de emprestador, formulador de políticas, ator social e produtor e/ou veiculador
de ideias em matéria de desenvolvimento capitalista, sobre o que fazer, como
fazer, quem deve fazer e para quem fazer. Ao longo de sua história, o Banco
sempre explorou a sinergia entre dinheiro, prescrições políticas e
conhecimento econômico para ampliar sua influência e institucionalizar sua
pauta de políticas em âmbito nacional, tanto por meio da coerção (influência e
constrangimento junto a outros financiadores e bloqueio de empréstimos) como
da persuasão (diálogo com governos e assistência técnica). (PEREIRA, 2010,
p.29).
Críticos da reforma argumentam que esse projeto cria uma falsa narrativa de que todo
aluno terá possibilidade de escolher um dos cinco itinerários formativos. No entanto,
o projeto de lei não obriga todas as escolas a oferecerem essas cinco disciplinas
eletivas e escolas que carecem de professores e recursos básicos, não teriam
condições de oferecê-las. Além disso, os contrários à reforma também questionam a
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante das discussões levantadas, pôde-se observar como essas interferências do
Banco Mundial no sistema educacional brasileiro, os chamados “acordo de
cooperação”, tem um único propósito: como as alterações feitas na grade curricular,
que rebaixa a filosofia, as ciências humanas e sociais (antes obrigatórias) a “estudos
e práticas”, prejudica tanto professores formados na área (já que qualquer professor
de outra área pode ministrar essas aulas) quanto alunos, que, na maioria das vezes
já veem a disciplina como “desinteressante”, então a não obrigação destas no
currículo reforça essa ideia; formando ideológica e tecnicamente a mão de obra barata
e fundamental para o funcionamento da lógica capitalista.
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REFERÊNCIAS
Banco Mundial libera US$ 10 milhões para apoiar reforma do ensino médio. MEC, 18
de Nov. de 2020. Disponível em: <https://www.gov.br/mec/pt-
br/assuntos/noticias_1/banco-mundial-libera-us-10-milhoes-para-apoiar-reforma-do-
ensino-
medio#:~:text=Uma%20nova%20rodada%20de%20encontros,vig%C3%AAncia%20
de%202018%20a%202023>
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº
13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Brasília, DF, 2017a. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/Lei/L13415.htm. Acesso em: 07
de dez. de 2022.
MANACORDA, Mario. Marx e a pedagogia moderna. 2. ed. Campinas: Alínea, 2010.
MSF 19/2018. Presidência da República. 12 de abr. de 2018
PEREIRA, João Márcio Mendes. O Banco Mundial como ator político, intelectual
e financeiro - 1944 – 2008. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.