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Colégio Estadual Maria Zulmira Tôrres

Disciplina: Processos de Alfabetização e Letramento


Professor: Fabrício Freiman
Aluno(a):_________________________________ Turma:CN 3001

AULA 1 - 10/02/2023 (Reposição)

PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS VOLTADOS À (NÃO)


ALFABETIZAÇÃO DAS CRIANÇAS: RETALHOS ORIUNDOS DA
INEFICÁCIA DA ESCOLA
Por: Fabrício Freiman
Trecho da Dissertação de Mestrado1 – UFF – Pg. 54 a 61

Os Programas lançados pelo governo federal surgem como alternativa à


ineficácia da escola contemporânea que, ao longo de quase duas décadas do século XXI,
não atinge sua função enquanto agente alfabetizadora, responsável pelo ensino da leitura
e escrita. Muitos alunos ainda estão saindo do Ciclo de Alfabetização das instituições
escolares sem dominar ortograficamente o código escrito e com baixa proficiência em
leitura, segundo os dados obtidos desde 2013 com a ANA e com base nos relatórios de
Fluxo da SME de Cachoeiras de Macacu. Além disso, certas políticas públicas de
alfabetização revelam-se inócuas, pois desconhecem as realidades das escolas básicas e
não atingem um de seus objetivos principais, que é “alfabetizar todas as crianças, no
máximo, até o final do 3º (terceiro) ano do ensino fundamental”, conforme dispõe o
Plano Nacional de Educação (PNE) [BRASIL, 2014].
Para pensar sobre essas questões é importante refletir também sobre qual
governo do Brasil, no século XXI, assumiu a educação como prioridade. Ao analisar os
Programas Federais voltados para a alfabetização nos sistemas de educação pública,
torna-se de suma importância questionar: Quem formula esses Programas? Quem (qual)
é o foco de ações de tais programas? Há investimento público específico para
implementá-los e avaliá-los? E os resultados correspondem ao esperado? De que modo
são feitas as avaliações e a divulgação dos resultados? Com base em que conceito de

1Título da Dissertação de Mestrado: E A ALFABETIZAÇÃO COMO VAI? ANÁLISE DE PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS


FEDERAIS VOLTADOS À (NÃO) ALFABETIZAÇÃO DAS CRIANÇAS NO SÉCULO XXI: PERSPECTIVAS DO MUNICÍPIO DE
CACHOEIRAS DE MACACU – RJ; Fabricio Freiman, UFF, Niterói, 2020.
alfabetização os Programas são formulados? De que forma os Programas voltados para
a alfabetização na escola básica discutem (se é que discutem!) o papel social da escola
nessa tarefa?
Foi possível, por meio do Censo Escolar 2015, apurar dados relevantes quanto à
situação educacional brasileira. Em mais de 192 mil estabelecimentos de Educação
Básica do país, estão matriculados mais de 50 milhões de alunos, dos quais 83,5% em
escolas públicas e 16,5% em escolas privadas. Diante deste dado, faz-se necessário
propor políticas públicas dotadas de características próprias de acordo com as
características regionais de cada parte do Brasil da educação básica, visto o nosso país
possuir diferenças socioeconômicas, culturais, sociais e regionais significativas e a
maior parte das crianças e jovens se encontrar matriculada em unidades educacionais
públicas.
A respeito dos programas voltados à alfabetização, é importante lembrar que tais
projetos são voltados, na prática, para as classes populares brasileiras, e farão parte do
chão da escola pública. Desta forma, os professores atuantes no segmento precisam ter
voz ativa na elaboração de tais propostas, mas, na prática, elas emanam dos órgãos
governamentais, sem sequer conhecer a realidade da qual farão parte.
Pensar a alfabetização da classe popular requer, a priori, pensar o que é a classe
popular e quem a compõe enquanto sujeito. Ao pensar políticas públicas para esse
público, é necessário considerar as especificidades dos alunos e como se dará a
contribuição do plano de ação proposto para eles. Nesse aspecto, a atuação das
universidades públicas pode ser um diferencial, pois as pesquisas desenvolvidas podem
sulear o estudo e desenvolvimento dos programas voltados à escola básica.
Não se pode perder de vista quem (qual) é o foco das ações de tais programas.
Se, ao longo do desenvolvimento da história da educação, o foco do processo de ensino-
aprendizagem passou por diversas transformações – desde o professor (na concepção
mecanicista), a metodologia (na proposta tecnicista), a escola (nas ideias tradicionais) e
os índices (uma proposta meritocrática) – e, com muita dificuldade, passou a
concentrar-se no aluno, é importantíssimo pensar o âmago dos programas de
alfabetização.
Em que momento das implementações o aluno foi/é o cerne? Considerar a
realidade do aprendente da classe popular é um caminho fundamental para o sucesso
das propostas, pois permitir que o contexto social se torne a base da criação dos projetos
de intervenção é considerar as diferenças como alicerce de toda a ação educativa,
contrapondo-se à educação bancária e valorizando as práticas educacionais libertadoras
(FREIRE, 1986).
Outro ponto que não pode ser perdido de vista é o investimento público nas
ações desenvolvidas. Há sim gasto de recursos públicos, grande parte destinado de
forma direta às unidades escolares, verbas geridas pelo Diretor da instituição para
pagamento de eventuais despesas com a execução da ação e compra de bens para a
unidade. Outra forma de investimento é o pagamento de bolsas de estudo/pesquisa aos
agentes (coordenadores e tutores) envolvidos com a formação dos professores
alfabetizadores. Houve também, em certos Programas, pagamento de bolsas de
estudo/pesquisa aos próprios professores alfabetizadores das escolas públicas.
A respeito das instituições responsáveis por gerir os Projetos, há privadas e
públicas, dependendo do programa e do gestor que lança a política. Ora as instituições
públicas são valorizadas, ora esquecidas. Por vezes, instituições privadas, que não
vivenciam as práticas das escolas básicas públicas, são as responsáveis por gerirem os
projetos governamentais; o que, a nosso ver, é mais um fator a se somar à ineficácia de
muitos programas.
Ressalte-se que é de extrema importância avaliar os resultados obtidos com a
implementação dos programas governamentais. Ao olhar o cenário da alfabetização
hoje, faz-se fundamental pensar o que é perceptível pela ótica de larga escala (Avaliação
Nacional da Alfabetização) e pelo contexto escolar no qual os alunos estão inseridos
(fluxo interno de cada unidade escolar). Após tal análise, fazer o comparativo das
avaliações, verificar a viabilidade das ações e se se trata de uma proposta inócua, que
não atinge os objetivos a que se propõe. A esse respeito, ao analisar os resultados da
ANA, fica evidente a necessidade de se repensar as propostas elaboradas, visto que a
maior parte dos alunos não atingiu os níveis desejáveis de leitura e escrita.
Figura 5: Resultado da ANA em leitura (2016). Fonte: INEP/2017

Figura 6: Escala de Proficiência SAEB/ANA em leitura (2016). Fonte: INEP/2017


Figura 7: Resultado SAEB/ANA em escrita (2016). Fonte: INEP/2017

Figura 8: Escala de proficiência SAEB/ANA em escrita (2016). Fonte: INEP/2017


Figura 9: Escala de proficiência SAEB/ANA em escrita (2016). Fonte: INEP/2017

Ao analisar os resultados da ANA apresentados acima, é possível depreender as


mazelas que a alfabetização enfrenta. Ressalte-se que os resultados foram obtidos em
uma avaliação em larga escala realizada com alunos do 3º Ano Escolar, em sua maioria
com 8 anos de idade. Tais alunos, em geral, passaram pelo menos cinco anos
frequentando a escola, considerando a matrícula obrigatória a partir dos 4 anos de idade.
No que concerne à leitura, em 2014, 56,17% do total de alunos avaliados no país
encontravam-se na faixa de insuficiência e, em 2016, 54,73% estavam na mesma faixa.
Ou seja, no período de dois anos, mesmo com os investimentos feitos de programas
governamentais, a “melhora” foi de apenas 1,44%. É fundamental perceber que
avaliação insuficiente (elementar) significa que os alunos não são capazes de ler com
fluência palavras com estrutura canônica e não canônica, nem conseguem compreender
a finalidade e o assunto de textos, bem como não conseguem neles localizar
informações explícitas. Desta forma, estudantes do 3º Ano Escolar não conseguem
realizar atividades básicas relativas ao processo de alfabetização.
A respeito da escrita, com base nos dados da ANA de 2016, 33,85% dos alunos
encontravam-se na faixa da insuficiência (básica), mostrando que apresentam
dificuldades acentuadas na escrita de palavras não canônicas, grafando de forma não
convencional à norma culta da Língua Portuguesa. É importante destacar ainda que, dos
57,87% do total de alunos na faixa adequada, apenas 8,28% encontram-se no nível 4 –
desejável –, escrevendo ortograficamente palavras e produzindo textos com sequência
lógica: início, meio e fim.
Nesse cenário, o PNE, que determina diretrizes, metas e estratégias para a
política educacional, aprovado em 26 de junho de 2014 com validade de 10 anos, é um
importante aliado na busca por uma educação de qualidade, pois determina caminhos
para a política educacional. É composto por vinte metas, que envolvem os níveis de
formação dos alunos da Educação Infantil ao Ensino Superior, focando em aspectos
significativos, como educação inclusiva, aumento da taxa de escolaridade média dos
brasileiros, capacitação e o plano de carreira dos professores, além de envolver os
gestores e o financiamento do projeto.
Especificamente sobre a alfabetização, a quinta meta objetiva alfabetizar todas
as crianças brasileiras até o final do 3º ano da Educação Básica; o que, com base nos
resultados da ANA, não tem sido confirmado.
O PNE é uma política de educação de médio prazo, com o intuito de orientar
sobre todos os procedimentos, na área da educação, requerendo sobriedade e empenho
de todas as partes. Direcionando aos estados e municípios o planejamento regional,
alinhado às metas preestabelecidas pelo programa.
Apesar de amplamente discutido, o Plano Nacional de Educação ainda está
longe de garantir um processo educacional de qualidade, como um direito social
público, pois muitas de suas metas estão com o prazo intermediário vencido, e, ao
analisar o velocímetro2 é perceptível que nenhuma de suas metas foi totalmente
cumprida. Por dependerem diretamente do governo federal, as metas acabam sendo
comprometidas, visto que o cenário político brasileiro não é favorável ao
desenvolvimento de ações voltadas à qualidade do setor público, principalmente no que
concerne à educação.
No entanto, em relação ao que especificamente se relaciona à alfabetização, o
documento coloca a etapa da educação básica como prioridade no país, alavancando
discussões e permitindo que a etapa inicial do Ensino Fundamental ganhe visibilidade,
visto sua enorme importância, já que o processo de alfabetização reflete na jornada
pessoal e profissional do sujeito, sendo instrumento de emancipação humana. Como

2
Disponível em: <http://simec.mec.gov.br/pde/grafico_pne.php>. Acesso em 11 jun. 2019.
afirma Freire (2002, p. 30): “só faz sentido se os oprimidos buscarem a reconstrução de
sua humanidade e realizarem a grande tarefa humanística e histórica dos oprimidos –
libertar-se a si e os opressores”. Mas, apesar de dar vulto à alfabetização, ainda não se
mostra eficaz na consolidação do processo, nem de forma elementar, conforme os dados
obtidos pelas avaliações de larga escala, especificamente a ANA.
A universalização da educação básica constitui uma das diretrizes do Plano
Nacional de Educação 2014-2024, consubstanciado no Projeto de Lei nº 8.035/2010 e
aprovado pela Lei nº 13.005/2014. Nesse sentido, nos últimos anos, duas mudanças
importantes foram introduzidas na educação básica: a matrícula obrigatória no Ensino
Fundamental a partir de 6 anos completos, ampliando a duração do segmento para 9
anos; e a obrigatoriedade de matrícula/frequência escolar a partir dos 4 anos de idade,
introduzida pela Emenda Constitucional nº 59 de 2009 e pela Lei nº 12.796/2013,
alterando a LDB (nº 9.394/1996); mudanças essas que deveriam estar implementadas
até 2016. Desta forma, todos os entes federados deverão garantir o acesso à escola a
todas as crianças a partir dos 4 anos de idade, zelando por sua permanência e frequência
em unidades escolares de educação básica.
A educação básica – composta por Educação Infantil, Ensino Fundamental e
Ensino Médio – tem o intuito de possibilitar aos alunos a construção de valores
indispensáveis à prática da cidadania, propondo-lhes condições de desenvolvimento nas
áreas educacionais e profissionais, tendo em vista a redução das desigualdades sociais,
conforme dispõe a Lei de Diretrizes e Bases.
É de suma importância considerar os princípios da equidade e da valorização da
diversidade, os direitos humanos, a gestão democrática do ensino público, a garantia de
padrão de qualidade, a acessibilidade, a igualdade de condições para o acesso e
permanência do educando na escola.

ATIVIDADE

1 – “Ao analisar os resultados da ANA (...) é possível depreender as mazelas que a


alfabetização enfrenta.” Fabricio Freiman. Na sua visão, que mazelas são essas?

2 - Elencar as dificuldades enfrentadas na alfabetização das crianças atualmente.


Colégio Estadual Maria Zulmira Tôrres
Disciplina: Processos de Alfabetização e Letramento
Professor: Fabrício Freiman
Aluno(a):_________________________________ Turma:CN 3001

AULA 2 - 03/03/2023

ALFALETRAR
Magda Soares, 2020

Pág. 23
Pág. 24

Pág. 25
Pág. 27
ATIVIDADES
1. Criar, no caderno de PAL, dois acrósticos: um com a palavra Alfabetização e outro
com a palavra Letramento. Os acrósticos precisam ser compostos por palavras que
representem/expliquem cada um dos conceitos.

2. Registrar, no caderno de PAL, as respostas das questões 1, 2 e 3 do box “pare e


pense”.
Colégio Estadual Maria Zulmira Tôrres
Disciplina: Processos de Alfabetização e Letramento
Professor: Fabrício Freiman
Aluno(a):_________________________________ Turma:CN 3001

AULA 3 - 24/02/2023 (Reposição)


ALFALETRAR
Magda Soares, 2020

Pág. 29
Pág. 30
ATIVIDADES

1. No caderno de PAL:

a). Registre as respostas 2 e 3 do Box “pare e pense”.


b). Diferencie Alfabetização de Letramento.
c). Comente: Alfabetizar e letrar são processos distintos, mas na prática pedagógica
precisam ser indissociáveis.

TRABALHO AVALIATIVO

Em dupla, registre em uma folha à parte e entregue ao professor de PAL as respostas da


questão número 1 do Box “pare e pense”.
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Disciplina: Processos de Alfabetização e Letramento
Professor: Fabrício Freiman
Aluno(a):_________________________________ Turma:CN 3001

AULA 4 – Reposição – Lançar 2 tempos extras em fevereiro


1. Após a leitura da parte inicial do capítulo 1, do livro “Alfabetizar e letrar, um diálogo
entre a teoria e a prática”, preencha o quadro abaixo com base no texto e em suas
percepções sobre o mesmo.

Você acha que a


Escritor Como foi alfabetizado? experiência foi boa ou
ruim? Justifique.
Ana Maria Machado

Graciliano Ramos
Bartolomeu Campos de
Queirós
Fançoise Dolto

2. Ainda com base no capítulo lido:


a. Registre alguns fatores que Marlene Carvalho elenca como responsáveis pelo fracasso
na alfabetização.
b. Você concorda com a autora? Por quê?
c. Você acrescentaria ou retiraria algum fator? Explique.

3. Marlene Carvalho enfatiza, as páginas 16 e 17, hipóteses sobre as dificuldades que


muitos professores enfrentam ao ensinar uma criança a ler.
a. Quais são essas hipóteses?
b. Você concorda com a autora? Por quê?

4. O que é método de alfabetização?

5. Diferencie métodos sintéticos de métodos analíticos de alfabetização.


Colégio Estadual Maria Zulmira Tôrres
Disciplina: Processos de Alfabetização e Letramento
Professor: Fabrício Freiman
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AULA 5 - 10/03/2023

O BÊ-Á-BÁ DOS MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO


Conheça, a partir dos estudos da pesquisadora Isabel Frade, as formas clássicas de
ensinar a língua escrita e o que as pesquisas afirmam sobre elas

MÉTODOS SINTÉTICOS
Vão das partes para o todo, começando com as unidades sonoras ou gráficas

MÉTODO ALFABÉTICO OU SOLETRAÇÃO


COMO É: É considerado o mais antigo dos métodos. A proposta é que o indivíduo
aprenda os nomes das letras, reconheça-as fora da ordem alfabética e, por fim, tente
redescobri-las em palavras ou textos, a partir da soletração.
COMO FUNCIONA: Ensinam-se estratégias de soletração que ajudam o aluno a
associar o nome da letra à sua representação visual e ao som que ela adquire na palavra.
A palavra “banana”, por exemplo, pode ser soletrada como be a ba (ba), ene a na (na),
ene a na (na).
VANTAGENS: Reconhecer as letras é etapa fundamental e inescapável do processo de
aquisição da escrita, já que as relações entre os sinais gráficos e os sons que eles
representam são o princípio básico de qualquer sistema alfabético.
RISCOS: A memorização fora de contexto das letras e de algumas sílabas afasta o
aluno do significado das palavras. É possível desenvolver o conhecimento sistemático
do alfabeto em textos com sentido e com o uso de materiais como letras móveis.

MÉTODO FÔNICO OU FONÉTICO


COMO É: Desenvolvido na França e na Alemanha, parte da relação direta entre o
fonema e o grafema. Começa sempre dos sons mais simples para os mais complexos,
das vogais para as consoantes. Por fim, formam-se as sílabas e as palavras.
COMO FUNCIONA: Há várias maneiras de apresentar os fonemas, partindo de
palavras significativas para os alunos ou relacionando uma palavra a uma imagem e a
um som. Há exemplos na clássica Cartilha Nacional, do século 19.
VANTAGENS: Ao aproximar fonemas e grafemas, o método estabelece relação direta
entre a escrita e a fala, outra característica básica de sistemas alfabéticos, abrindo
caminho para a codificação e a decodificação dos textos.
RISCOS: Na nossa língua, as relações entre letras e sons variam muito. Uma mesma
letra pode representar diferentes sons e vice-versa. O sistema de escrita é uma
representação complexa, e a abordagem fônica, sozinha, pode não dar conta dela.
MÉTODO SILÁBICO
COMO É: Considera a sílaba a unidade linguística fundamental, já que, na prática, só
se pode pronunciar a consoante juntamente com a vogal. Começa-se pelas sílabas
formadas por uma consoante e uma vogal, até chegar às mais complexas.
COMO FUNCIONA: Em geral, o processo se apoia em cartilhas que apresentam as
famílias silábicas, que podem ser associadas a desenhos ou palavras-chave, cujas sílabas
iniciais são destacadas. Aos poucos, o aluno entra em contato com pequenos textos.
VANTAGENS: O método enfatiza uma unidade facilmente identificável com o som, já
que, na fala, pronunciamos sílabas, e não letras ou sons separados. Assim, não é preciso
analisar cada elemento da palavra para decifrá-la.
RISCOS: O foco excessivo em uma unidade sonora, assim como em outros métodos
sintéticos, pode tirar do aluno o contato com textos reais, dotados de estrutura e função
social, dando lugar a frases sem nexo, como “vovô viu a uva”.

MÉTODOS ANALÍTICOS
Vão do todo para as partes, originando-se de unidades de significado

PALAVRAÇÃO
COMO É: A unidade linguística é a palavra que deve ser reconhecida graficamente
sem a necessidade de decompô-la em sílabas, letras ou mesmo fonemas e grafemas. A
proposta é de que se forme um repertório antes de construir frases e pequenos textos.
COMO FUNCIONA: Apresenta-se um grupo de palavras que os alunos tentam
reconhecer pelas características gráficas. São propostas atividades de memorização de
palavras, às vezes associadas a imagens, exercícios de movimento de escrita etc.
VANTAGENS: É um meio-termo entre as práticas sintéticas e as analíticas, pois
permite trabalhar em unidades menores, sem dissociá-las do significado. O aluno
aprende estratégias de leitura inteligente e associa a leitura com prazer e informação.
RISCOS: Focar só no reconhecimento gráfico das palavras pode prejudicar a análise
das sílabas, letras e grafemas, afetando o reconhecimento de palavras novas. Isso
costuma ser amenizado pelo uso de palavras estáveis, como o nome próprio.

SENTENCIAÇÃO
COMO É: A proposta é partir de uma unidade de significado mais completa, que é a
frase. O estudante deve reconhecer e compreender o sentido de uma sentença para só
depois analisar as suas partes menores (palavras e sílabas).
COMO FUNCIONA: A pedagoga argentina Cecilia Braslavsky ensina que é possível
partir da oralidade das crianças, a partir da qual se extraem orações simples, escritas em
faixas expostas na sala de aula. As frases podem depois ser consultadas
permanentemente.
VANTAGENS: A exemplo do método de palavração, a sentenciação permite que os
alunos se relacionem com o significado dos textos e aprendam, desde o início da
alfabetização, a utilizar estratégias de leitura inteligente.
RISCOS: O ensino por sentenciação pode acarretar problemas semelhantes aos
encontrados na palavração, como a dificuldade de decodificar textos novos por falta de
uma análise mais detida nas unidades que compõem a base do sistema de escrita.

MÉTODO GLOBAL
COMO É: Parte-se de um texto, trabalhado por certo tempo, no qual o aluno memoriza
e entende o sentido geral do que é “lido”. Só depois se analisam as sentenças e se
identificam as palavras, comparando as suas composições silábicas.
COMO FUNCIONA: No Brasil, o método é associado aos contos, conforme as
práticas difundidas pela educadora Lúcia Casasanta nos anos 30. As cinco fases vão da
compreensão geral da história à análise comparativa da composição silábica das
palavras.
VANTAGENS: Com práticas semelhantes às adotadas pela moderna alfabetização de
linha construtivista, o método mantém o foco no sentido dos textos e proporciona, desde
o início da aprendizagem, o contato com o texto.
RISCOS: O trabalho sistemático com as unidades menores, que são parte da estrutura
básica da língua escrita, pode ficar enfraquecido. Além disso, o uso só de textos para
fins escolares não é positivo: a criança precisa conviver com textos reais.
Por: Pedro Annunciato
Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/17568/o-be-a-ba-dos-metodos-de-
alfabetizacao

SINOPSE DAS FASES DOS MÉTODOS


ESTRUTURA DOS MÉTODOS

Por: Onaide Schwartz Mendonça - Faculdade de Ciências e Tecnologia – Departamento


de Educação UNESP/ Presidente Prudente

EXEMPLOS DE ATIVIDADES ENCONTRADAS EM CARTILHAS


DE ALFABETIZAÇÃO
COMENTÁRIOS DO PROFESSOR FABRICIO, SOBRE OS
MÉTODOS TRADICIONAIS DE ALFABETIZAÇÃO

Com o surgimento da Proposta Construtivista (Construtivismo não é método, é


proposta!) onde o aluno passa a ser o cerne do processo educacional e suas hipóteses
passam a ser consideradas no decorrer da aprendizagem da leitura e escrita
(alfabetização), muitas críticas são tecidas aos tradicionais métodos de alfabetização,
dentre as quais elenco:

Falta de trabalho com textos reais, focando em pseudotextos;


Utilização de cartilha como principal (e até único) suporte à leitura, escrita e
desenvolvimento de atividades pedagógicas;
Excessiva carga de memorização no decorrer das atividades;
Foco em codificar e decoficar a língua, esquecendo-se que o Sistema de Escrita
Alfabética não é um código, mas um sistema notacional;
Falta de contextualização;
Passo a passo a ser seguido, homogeneizando os alunos;
Culpabilidade do aluno pelo fracasso na alfabetização (segue-se o passo a passo, não foi
alfabetizado por culpa do aluno!);
Foco na alfabetização em detrimento ao letramento;
Educação bancária;
Foco na escrita em detrimento à fala;
Precariedade na produção escrita (em especial textos!).
Colégio Estadual Maria Zulmira Tôrres
Disciplina: Processos de Alfabetização e Letramento
Professor: Fabrício Freiman
Aluno(a):_________________________________ Turma:CN 3001

AULA 6 - 17/03/2023

MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO

ATIVIDADES PARA COPIAR E FAZER NO CADERNO

1. Preencha corretamente o quadro abaixo com os nomes dos principais métodos


sintéticos e analíticos de alfabetização estudados nas aulas de PAL.

Métodos Sintéticos de Alfabetização Métodos Analíticos de Alfabetização


1. 1.
2. 2.
3. 3.

2. Organize um passo a passo de cada método de alfabetização estudado nas aulas de


PAL, ou seja, o caminho pronto que os professores seguiam na tentativa de alfabetizar.

3. Por que, na concepção de Marlene Carvalho e com base nas aulas de PAL, podemos
chamar os métodos sintéticos e analíticos de alfabetização de receita de bolo?

4. Teça três críticas a cada método de alfabetização estudado nas aulas de PAL.

Métodos Sintéticos de Alfabetização Métodos Analíticos de Alfabetização

5. Para Marlene Carvalho há pouca diferença entre os métodos sintéticos e analíticos de


alfabetização. Analise o trecho a seguir, de Maria Auxiliadora Cavazotti, que concorda
com Carvalho:
“Embora, à primeira vista, os procedimentos sintéticos e analíticos de alfabetização
pareçam radicalmente opostos, tais métodos têm em comum o privilegiamento do
domínio do sistema gráfico em detrimento do conteúdo discursivo que se materializa
neste sistema. Por essa razão, elimina-se a dimensão mais importante da língua escrita:
sua significação construída na produção social e histórica da vida dos homens e
reconstruída no processo de interação verbal entre seus falantes”. Você concorda com as
autoras? Justifique.
Colégio Estadual Maria Zulmira Tôrres
Disciplina: Processos de Alfabetização e Letramento
Professor: Fabrício Freiman
Aluno(a):_________________________________ Turma:CN 3001

AULA 7 - 24/03/2023

OS (DES)AVANÇOS DA POLÍTICA NACIONAL DE ALFABETIZAÇÃO (PNA)

Fabrício Freiman
¹Mestre em Educação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Professor na Secretaria de Estado de
Educação do Rio de Janeiro - Seeduc RJ e na Rede Municipal de Educação de Cachoeiras de Macacu/RJ

INTRODUÇÃO: Neste momento histórico, onde a política é marcada por retrocessos em


educação e demais direitos básicos da Classe Popular, não posso deixar de refletir
acerca da Política Nacional de Alfabetização (PNA), instituída pelo Decreto nº 9.765,
de 11 de abril de 2019. Ela evidencia mais uma vez que a política pública educacional
muda conforme é alterada a filiação partidária do Governo, mas mantém o mesmo eixo
tecnicista, homogeneizador e, como sempre, deixa a voz o professor à margem do
processo de elaboração e implementação das propostas. OBJETIVO: Refletir acerca da
Política Nacional de Alfabetização (PNA) e seus impactos no processo educacional.
DESENVOLVIMENTO: A PNA prioriza, na política de Alfabetização, uma proposta
metodológica pautada no método fônico. Apesar de o documento em si não instituir
nominalmente um método, no texto fica claro a escolha metodológica, indicando os
aspectos que o professor precisa levar em consideração na alfabetização: a relação
fonema-grafema, pois o aluno começa a aprender pelo som da letra; as sílabas, palavras
e frases; e, apenas ao final, devem ser dados textos. Além disso, usa como referência as
experiências internacionais em detrimento dos estudos e conhecimentos produzidos por
instituições brasileiras. Percebe-se uma concepção tecnicista da alfabetização com foco
em competências e habilidades. A avaliação pressupõe o cumprimento de metas
(melhora nos índices nacionais e internacionais). A leitura e a escrita são vistas como
um simples processo de decifração de um código, desconsiderando assim a questão
social, histórica e cultural do processo de aquisição da língua escrita pelos estudantes.
Como suporte ao professor, o Governo Federal lançou o curso Tempo de aprender 1 que,

1
Disponível em http://alfabetizacao.mec.gov.br/tempo-de-aprender. Acesso em 26 de junho de
2020, às 22h.
apesar de não nomear, lança mão do método fônico como principal estratégia
educacional para alfabetizar. Os professores alfabetizadores têm acesso ao curso na
modalidade Educação a Distância (EaD), com vídeo-aulas (aulas expositivas gravadas
em vídeo). Têm ainda acesso ao Sistema On-line de Recursos para Alfabetização (Sora),
com fichas de atividades prontas para serem aplicadas (planejamentos), exercícios de
fixação dos conteúdos estudados, propostas de estratégias de ensino. No decorrer de
todo o curso a fala “siga os passos a seguir” é muito presente em todas as vídeo aulas,
fortalecendo a ideia de receita de alfabetização, o que desconsidera as diferenças
regionais, socioeconômicas, de desenvolvimento infantil, no decorrer do processo.
Além disso, desconsidera também os avanços que houve no Brasil em relação aos
estudos da alfabetização de classes populares, desvalorizando todo legado do Educador
Paulo Freire (1921-1997), que propõe um processo educacional que atenda às
necessidades dos excluídos dos direitos humanos básicos e da formação de sujeitos
críticos – cônscios do seu papel na sociedade e construtores de sua própria história.
Junto à discussão dos métodos, é necessário refletir acerca do sujeito que aprende, seu
desenvolvimento e tempo pedológico (VIGOTSKI, 2018), visando superar processos
obsoletos de alfabetização e elencar propostas que levem os alunos ao exercício da
prática social da leitura e escrita, questões essas desconsideradas pela PNA. Não está
em jogo a simples eliminação do que é considerado tradicional. É preciso dar voz à
experiência em alfabetização vivenciada pelos professores e possibilitar-lhes acesso a
teorias que podem colaborar com práticas de alfabetização que tenham por base a
diversidade do desenvolvimento humano, ou seja, a ideia de que não há um único
padrão para se ensinar e aprender a ler e a escrever. CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Observa-se que a PNA, oriunda de uma determinada política partidária, portanto, sem
compromisso de continuidade com as Políticas Educacionais, sem diálogo com a escola
básica, surge como “penduricalho” frente às dificuldades enfrentadas pela escola no
decorrer do processo de alfabetização de crianças, que chegam ao final do Ciclo de
Alfabetização sem dominar os conceitos básicos do código escrito, conforme dados da
Avaliação Nacional da Alfabetização. Nesse contexto, a política tem se mostrado
ineficaz, ao não atingir um objetivo básico elementar: alfabetizar as crianças.
REFERÊNCIAS:

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São
Paulo: Autores Associados: Cortez, 1989.

VIGOTSKI, Lev Semionovitch. Sete aulas de L. S. Vigotski sobre fundamentos da


Pedologia. (Tradução e organização de Zoia Prestes e Elizabeth Tunes). Rio de Janeiro:
E-papers, 2018.

Palavras-chave: Política Nacional de Alfabetização; Métodos de Alfabetização;


Políticas Educacionais.

ATIVIDADES PARA COPIAR E FAZER NO CADERNO

1. Observe o trecho: “(...) a PNA, oriunda de uma determinada política partidária,


portanto, sem compromisso de continuidade com as Políticas Educacionais, sem
diálogo com a escola básica, surge como “penduricalho” frente às dificuldades
enfrentadas pela escola no decorrer do processo de alfabetização de crianças (...)” –
Fabricio Freiman. Em sua opinião, quais as dificuldades que a escola enfrenta ao
alfabetizar as crianças?

2. Para o autor, a Política Nacional de Alfabetização (PNA), ”(...) evidencia mais uma
vez que a política pública educacional muda conforme é alterada a filiação partidária
do Governo, mas mantém o mesmo eixo tecnicista, homogeneizador e, como sempre,
deixa a voz o professor à margem do processo de elaboração e implementação das
propostas.” – Fabricio Freiman. Você acha que o professor alfabetizador (aquele que
está em sala de aula alfabetizando) deveria ser “mais ouvido” na elaboração de
propostas e programas para a alfabetização? Por quê?

3. No decorrer do texto, o autor chama atenção para propostas que “(...) fortalecendo a
ideia de receita de alfabetização, o que desconsidera as diferenças regionais,
socioeconômicas, de desenvolvimento infantil, no decorrer do processo.” – Fabricio
Freiman. O que a escola pode (e deve!) fazer para superar essa homogeneização dos
alunos, considerando a diversidade como ponto de partida para alfabetizar?
Colégio Estadual Maria Zulmira Tôrres
Disciplina: Processos de Alfabetização e Letramento
Professor: Fabrício Freiman
Aluno(a):_________________________________ Turma:CN 3001

AULA 8 - 31/03/2023

Prova

Colégio Estadual Maria Zulmira Tôrres


Disciplina: Processos de Alfabetização e Letramento
Professor: Fabrício Freiman
Aluno(a):_________________________________ Turma:CN 3001

AULA 9 - 14/04/2023

Recuperação da Prova

Colégio Estadual Maria Zulmira Tôrres


Disciplina: Processos de Alfabetização e Letramento
Professor: Fabrício Freiman
Aluno(a):_________________________________ Turma:CN 3001

AULA 10 - 28/04/2023

Filme: uma professora muito maluquinha

Colégio Estadual Maria Zulmira Tôrres


Disciplina: Processos de Alfabetização e Letramento
Professor: Fabrício Freiman
Aluno(a):_________________________________ Turma:CN 3001

AULA 11 - 05/05/2023

Festival de talentos

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