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Universidade Lúrio

UniLúrio Business School

Economia e gestão Empresarial

Consultoria em Gestão

Ricardo Rufino Augusto

Docente Dilu Pamela

Plano estratégicos de Educação Ensino primário 2020-2029

O Plano Estratégico da Educação (PEE) 2020-2029 é um instrumento que orienta as


intervenções do Governo de Moçambique no sector da Educação. A sua elaboração
iniciou com o diagnóstico da situação atual e uma Análise do sector da Educação (ASE)
que permitiram identificar os principais progressos e desafios. Em seguida, realizou-se
um seminário nacional, moderado pelo Ministério da Educação e Desenvolvimento
Humano (MINEDH), em parceria com a UNESCO, dois seminários regionais,
orientados pela equipa de consultoria, e seminários provinciais, com a participação de
todos os distritos, moderados pelos membros da equipa técnica do MINEDH e
coadjuvados pelos técnicos provinciais.

Ao longo do processo participativo de elaboração do PEE, foram realizadas reuniões


entre o MINEDH e seus parceiros sobre: os principais progressos e desafios do Sector; a
definição da visão, missão e objetivos estratégicos principais do PEE e, a definição dos
objetivos estratégicos, ações prioritárias e atividades principais de cada programa do
PEE. Realizaram-se, ainda, sessões de trabalho da equipa técnica para a elaboração das
matrizes de resultados estratégicos.

Os resultados da avaliação do PEE 2012-2016/19 foram igualmente considerados. Os


esboços do PEE foram apreciados e discutidos a nível dos Conselhos Coordenador,
Técnico e Consultivo do MINEDH.

Referente a situação atual, o ensino primário é oferecido em duas modalidades:


monolingue e bilingue e compreende, atualmente, sete classes, organizadas em três
ciclos de aprendizagem, onde o 1º clico (1ª e 2ª classes), 2º ciclo (3ª a 5ª classes) 3º
ciclo (6ª e 7ª classes). O 1º e os 2º ciclos funcionam em regime de monodependencia e o
terceiro ciclo funciona no regime de blocos de disciplinas.
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Como consultor, pode se observar que este subsistema, em que se regista maior oferta e
maior participação da sociedade, será o que representa o maior investimento do Sistema
Nacional de Educação e também o que se encontra sob maior pressão devido as
elevadas taxas de crescimento demográfico e a estrutura etária da população, em que
mais da metade se encontra em idade escolar.

Apesar de haver progressos nos últimos anos, como a redução do abandono escolar, a
expansão da cobertura escolar (com cerca de quatro vezes mais crianças a frequentar o
ensino primário), a eliminação de barreiras a educação da rapariga gravida, com a
revogação do Despacho 39/2003, em 2019 e a implementação da Estratégia de Género
do sector da Educação, prevalecem ainda muitos desafios a que este plano estratégico
pretende dar resposta.

Desafios a nível da inclusão e equidade no acesso, participação e retenção. Ao nível do


acesso, apesar dos progressos registados - sobretudo nas taxas brutas de escolarização
(TBE) do EP1 (129,7%) - no EP2 estas taxas (76,8%) estão ainda longe de alcançar o
acesso universal. Neste contexto o Sector irá desenvolver mais esforços para garantir o
acesso e retenção de todas as crianças até ao final do EP. A TBE no EP1 acima de 100%
indicia a incapacidade do sistema de promover a matrícula na idade certa, um fenómeno
que tem reflexo ao nível da qualidade, contribuindo para o aumento significativo do
rácio alunos/professor.

Assim, a par da melhoria dos resultados de aprendizagem, um dos maiores desafios para
o Sector nos próximos 10 anos consiste em garantir o acesso de todos os alunos até ao
final do Ensino Primário.

As disparidades de acesso, participação e retenção estendem-se aos níveis


socioeconómico e geográfico. Os alunos mais pobres e os de zonas rurais têm piores
níveis de participação, aproveitamento e taxas de conclusão mais baixas que os
habitantes com mais posses e de zonas urbanas, o que se explica, em parte, pelo facto de
os professores com melhores qualificações concentrarem-se nos centros urbanos e com
maiores índices de riqueza.

Desafios a nível de qualidade de aprendizado, um dos principais desafios do Ensino


Primário diz respeito aos fracos resultados de aprendizagem. Segundo a Avaliação
Nacional de Aprendizagem, levada a cabo pelo Instituto Nacional de Desenvolvimento
da Educação, em 2016, apenas 4,9% das crianças da 3ª classe desenvolveram as
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competências básicas de leitura e escrita, o que significa um declínio dos 6,3%
registados em 2013. Trata-se de um problema multidimensional que implica respostas
integradas, variadas e transversais, refletidas neste PEE. Estas relacionam-se com a
necessidade de se mudar a ênfase do ensino para a aprendizagem do aluno.

No geral, a eficiência interna da escola é fraca, a taxa de conclusão do Ensino Primário


é de 42% com as crianças a demorarem, em média, o dobro do tempo que seria esperado
para concluir este nível de ensino. Isto implica um aumento do esforço económico das
famílias e tem repercussões ao nível do elevado rácio alunos-professor (65, em 2019) e
das altas taxas de desistência do EP (8,9%, no EP1 e 7,4%, no EP2, em 2018). A
desistência escolar tem particular incidência nas raparigas que sofrem grandes pressões
associadas a normas culturais e papéis sociais de género (94% das raparigas
matriculam-se no Ensino Primário e mais de metade desistem antes de concluírem a 5ª
classe). As principais causas estão associadas a este fenómeno de gravidez precoce, e as
uniões forcadas.

Um dos fatores que contribui para a baixa qualidade da educação é a limitada


competência de alguns professores, resultante da deficiente base de partida dos
programas de formação e formadores dos IFP, associada à insuficiente supervisão e
apoio pedagógico, no exercício das funções. Nas escolas onde os professores têm mais
conhecimentos e são assíduos regista-se, em regra, melhor aproveitamento. O
rendimento escolar no EP é ainda influenciado pelo facto de o EP estar a ser lecionado
numa língua não familiar para a maioria das crianças, particularmente, nas zonas rurais.

A visão do Ministério da Educação para o ensino primário refere que, “Crianças


participativas, criativas e inovadoras com conhecimentos, habilidades, valores e
atitudes”.

Esta visão está alinhada com os desafios identificados para este subsistema,
nomeadamente o da qualidade e da equidade com foco na igualdade de género para que
todas as crianças possam concluir com qualidade os dois ciclos do EP. Como é referido
na Agenda 2025 é necessário dedicar especial atenção à formação e educação da
rapariga para que possa usar todo o seu potencial.

O Ministério da Educação referente aos seus objetivos, refere que o seu objetivo geral
será, assegurar que todas as crianças tenham oportunidade de concluir o Ensino
Primário inclusivo e de qualidade.
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Referente a isto, ainda pode se ver que na prática não acontece taxativamente, isto, por
diversos fatores, dos quais destacam-se, a trabalho infantil, falta de condições
enfrentadas pelas famílias, a vida da agricultura.

A estratégia para o subsistema inclui três objetivos estratégicos e oito ações prioritárias.

Primeiro objetivo estratégico, refere que será necessário assegurar o acesso e a


participação equitativos de todas as crianças, ate ao final do Ensino Primário, com foco
na redução das disparidades regionais, de género e de integração de crianças com
Necessidades de Ensino Especiais.

Assim, perante o reconhecimento desta realidade, o PEE assume o desafio de criar


mecanismos de resposta às causas do problema, que estão também associados a
questões de inclusão e equidade, mas também de falta de condições nas escolas e nas
salas de aula (a nível de construção e reabilitação), mais meios pedagógicos, materiais
mais inovadores e o recurso às tecnologias.

Segundo objetivo estratégico, será garantir a aprendizagem de qualidade, no que refere


as competências de leitura, escrita, cálculo e habilidades para a vida.

Como consultor, percebe-se que este objetivo estratégico traduz a principal preocupação
do sector com o Ensino Primário e integra ações estratégicas que visam, por um lado,
garantir a implementação eficaz do currículo do Ensino Primário através de praticas
pedagógicas inclusivas, com o apoio do plano de Acão de leitura, escrita calculo, e por
outro lado, garantir a realização regular da Avaliação Nacional da Aprendizagem para
permitir monitorar o progresso das aprendizagens e o ajuste de atividades para melhorar
a qualidade ao longo da implementação do Plano Estratégico de Educação.

Referente as ações prioritárias como foi referido anteriormente, destacam-se:

Referente ao primeiro objetivo estratégico, Implementar medidas para garantir a


inclusão e a equidade de género, incluindo atendimento a crianças com NEE, prevenção
de práticas culturais nocivas (casamento prematuro e alguns ritos de iniciação) e da
violência contra as crianças nas escolas, com particular foco naquelas que afetam as
raparigas; Melhorar as condições de apoio à aprendizagem na escola que garantam a
participação e retenção das crianças; Construir e reabilitar as infraestruturas do Ensino
Primário, segundo padrões de qualidade e resiliência.

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Para o segundo objetivo estratégico, possui as seguintes ações prioritárias: Implementar
o currículo do Ensino Primário, através de práticas pedagógicas inclusivas, incluindo a
modalidade bilingue; garantir a implementação do Sistema acional de Avaliação de
Aprendizagens; Implementar, Monitorar e avaliar o Plano Nacional de Acão de leitura,
escrita e cálculo.

E para finalizar as ações prioritárias referentes ao terceiro objetivo estratégico, são:


Promover uma gestão escolar do Ensino Primário, eficiente e eficaz; Reforçar a
constituição democrática e o funcionamento dos Conselhos de Escola para que estes
desempenhem eficazmente os seus papéis.

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