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PEDAGÓGICAS
INCLUSIVAS
Patricia Gonçalves
Práticas pedagógicas
inclusivas
Patricia Gonçalves
IESDE BRASIL
2023
© 2023 – IESDE BRASIL S/A.
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detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Macrovector/Shutterstock
Gonçalves, Patricia
Práticas pedagógicas inclusivas / Patricia Gonçalves. - 1. ed. - Curitiba [PR] :
IESDE, 2023.
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-5821-217-1
13/01/2023 18/01/2023
Objetivos de aprendizagem
Isso nos revela que cada vez mais teremos alunos inclusos em nos-
sas salas de aula, aumentando a diversidade de estudantes e ressal-
tando a importância de algumas medidas que devem ser tomadas não
somente para a inclusão escolar, mas também para a promoção de
uma educação de qualidade para todos os estudantes PAEE. É impor-
tante que os profissionais da secretaria da instituição de ensino sejam
devidamente treinados para que possam, com muita educação e res-
peito, perguntar aos pais ou responsáveis que efetivarão a matrícula se
o estudante que será matriculado possui algum laudo ou avaliação clí-
nica ou psicoeducacional como parte integrante de sua documentação.
Essa é uma orientação que auxilia posteriormente a equipe pedagógica
a organizar as turmas e seu quadro de professores, além de auxiliar
na organização geral e arquitetônica da escola com o objetivo de que
todos os estudantes sejam bem atendidos (GONÇALVES, 2021).
Quadro 1
Modelos básicos de aprendizagem
A título de exemplo, uma das decisões que precisará ser tomada pela
equipe é a respeito da necessidade de o estudante precisar de profes-
sores de apoio para acompanhá-lo na escola. Na hipótese de haver es-
tudantes com deficiência visual e auditiva, por exemplo, a presença do
professor intérprete é obrigatória. Já com relação a estudantes dentro
do espectro autista, é essencial considerar que eles podem apresentar
um dos sentidos mais aguçado do que os outros e, por isso, podem se
mostrar hipersensíveis a estímulos visuais muito fortes, cheiros ou sons
ruidosos e altos. Portanto, é muito importante que o professor obtenha
o maior número de informações sobre esse aluno e realize uma conver-
sa com os pais para saber mais informações, no intuito de se planejar
para evitar que haja alguma crise ou situação constrangedora durante
a aula. Neste sentido, quanto mais o professor souber a respeito das
características individuais de seus estudantes, mais direcionadas serão
as suas aulas no sentido de aproximar os seus conteúdos das formas de
aprendizagem e interesse desses estudantes (GONÇALVES, 2021).
como auxílio (GONÇALVES; PEIXOTO, 2021). Outra opção é utilizar instru- GONÇALVES, P. Curitiba:
Intersaberes, 2021.
mentos que possam contribuir para a aprendizagem – filmes, documentá-
rios, quadrinhos, visitas a museus, podcasts e recursos digitais.
Juan Ci/Shutterstock
Dito de outra forma, uma vez que as escolas informam por meio
do Censo Escolar o número de estudantes PAEE matriculados – assim
como suas necessidades escolares de adaptação –, as instituições têm
assegurado o direito de receber os recursos necessários para realizar a
inclusão e aprendizagem desses estudantes no ensino regular. Assim,
para fornecer a esses alunos os recursos necessários – de acordo com
a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva (BRASIL, 2008) –, a Educação Especial deve ser um modelo
transversal de ensino responsável por oportunizar serviços e romper
barreiras removendo tudo o que possa impedir ou dificultar o acesso,
a participação e a aprendizagem de todos os estudantes.
Sob essa lógica, para que os alunos com NEE sejam incluídos
na rede regular de ensino e possam participar de forma efetiva do
processo de ensino-aprendizagem, é preciso que todos os agentes
envolvidos no processo escolar realizem algumas adaptações no
currículo regular para oportunizar novas condições que favoreçam
a sua inclusão e seu aprendizado, seja por meio da adaptação de
conteúdos, métodos ou objetivos.
Todavia, essa não deve ser uma ação intuitiva e isolada. O plane-
jamento dessas ações adaptativas deve ser realizado por meio de
uma construção coletiva, prevendo e respaldando as adaptações a
serem realizadas. Ainda para Heredero (2010, p. 194), “a primeira
atuação será descrever no Projeto Político-pedagógico, como marca
de identidade, o desejo de fazer da atenção à diversidade uma for-
ma de trabalho da escola que responda às suas necessidades edu-
cativas especiais”.
Por outro lado, realizar uma adaptação curricular não é apenas separar
do currículo comum os tópicos mais relevantes para o aluno nos critérios
do professor. Para aprender um conhecimento realmente significativo, o
aluno precisa ser comparado consigo mesmo e com suas capacidades de
aprendizagem e não ser medido apenas em relação ao currículo.
Para Aranha (2000a), além das ações realizadas em sala de aula pelo
professor, a direção escolar tem grande importância no planejamento
e na implementação das adaptações curriculares significativas ou de
grande porte, pois, nesse modelo de adaptação, “podem ser necessá-
rias adaptações no ambiente físico escolar e nos materiais de uso co-
mum em sala de aula, além de aquisição de mobiliário, equipamentos
e recursos materiais específicos” (ARANHA, 2000a, p. 15). Segundo o
autor, cabe à direção escolar:
1. permitir e prover suporte administrativo, técnico e científico
para a flexibilização do processo de ensino, de modo a atender à
diversidade;
2. adotar propostas curriculares diversificadas e abertas, em vez de
adotar concepções rígidas e homogeneizadoras do currículo;
3. flexibilizar a organização e o funcionamento da escola, de forma
a atender à demanda diversificada dos alunos;
4. viabilizar a atuação de professores especializados e de serviços de
apoio para favorecer o processo educacional. (ARANHA, 2000a, p. 12)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos concluir, por meio das seções apresentadas, o quão importante
é que profissionais da educação conheçam mais a respeito das NEE de seus
estudantes. Nesse momento, a inclusão faz parte da realidade escolar, e não
é mais possível usar a justificativa de que você não aprendeu em sua forma-
ção inicial ou que não sabe como trabalhar com estudantes PAEE.
Todos os agentes envolvidos no sistema educacional precisam estar
atentos às especificidades dos estudantes, elaborando estratégias que ve-
nham ao encontro de suas necessidades e que os auxiliem a se sentirem
verdadeiramente incluídos.
Precisamos estar atentos às nossas práticas, procurar mediante as
nossas atividades e metodologias formas de apresentar os conteúdos
e até mesmo nossas falas e promover a equidade educacional de ma-
neira a disponibilizar a cada aluno os recursos necessários para asse-
gurar a sua aprendizagem.
Atividade 2
Descreva sobre a legislação que defende a não obrigatoriedade de
laudo médico para que os estudantes PAEE sejam atendidos.
Atividade 3
Escolha um dos públicos da Educação Especial apresentados no
texto (estudantes com TEA, TDAH, superdotação, dislexia etc.) e
descreva suas principais características.
REFERÊNCIAS
ARANHA, M. S. F. Garantindo o acesso e permanência de todos os alunos na escola: Alunos
com necessidades educacionais especiais – Adaptações Curriculares de Grande Porte.
Brasília: MEC/SEE, 2000a. (Projeto Escola Viva, v. 5).
ARANHA, M. S. F. Garantindo o acesso e permanência de todos os alunos na escola: Alunos
com necessidades educacionais especiais – Adaptações Curriculares de Pequeno Porte.
Brasília: MEC/SEE, 2000b. (Projeto Escola Viva, v. 6).
BERNARDES, L. C. G. et al. Pessoas com Deficiência e Políticas de saúde no Brasil: Reflexões
Bioéticas. Ciência & Saúde Coletiva, v. 14, n. 1, 2009.
BRANDÃO, S. H. A.; MORI, N. N. R. Alunos com altas habilidades/superdotação no Estado
do Paraná. In: 30º REUNIÃO ANUAL DA ANPED. Anais [...] Caxambu: ANPED, 2007. p.1-17.
BRASIL. Lei n. 4.024, de 20 de dezembro de 1961. Diário Oficial da União, Poder Executivo.
Brasília, DF, 27 dez. 1961. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4024.
htm. Acesso em: 27 out. 2022.
BRASIL. Lei n. 5.692, de 11 de agosto de 1971. Diário Oficial da União, Poder Executivo,
Brasília, DF, 12 ago. 1971. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l5692.htm#:~:text=LEI%20No%205.692%2C%20DE%2011%20DE%20AGOSTO%20DE%20
1971.&text=Fixa%20Diretrizes%20e%20Bases%20para,graus%2C%20e%20d%C3%A1%20
outras%20provid%C3%AAncias. Acesso em: 30 set. 2022.
Segundo Glat e Nogueira (2003), o ato de incluir alunos com NEE não
se resume apenas em fazer com que eles fiquem na mesma sala que os
demais, muito menos negar – principalmente àqueles que necessitam –
a utilização de serviços especializados. Incluir alunos que necessitam de
atendimento especializado implica diversas mudanças e adap-
tações, como uma reorganização do sistema educacional e
uma revisão de algumas práticas, concepções e paradigmas
educacionais, tudo com o objetivo de possibilitar o desenvolvi-
mento social, cultural e cognitivo desses alunos, sempre se-
guindo um princípio: o respeito às diferenças e às
necessidades de cada estudante.
Por outro lado, ainda para Ferreiro (2015), o fracasso escolar tem
várias manifestações que podem estar relacionadas à ausência de
práticas pedagógicas adequadas às necessidades individuais, consi-
derando que a frustração e a decepção de não conseguir compreen-
der e executar tarefas simples podem desencadear um sentimento
de baixa autoestima, de exclusão e de diferenciação entre os demais
alunos. Assim, é imprescindível que o professor realize avaliações
diagnósticas ao iniciar seu processo de ensino em uma sala que te-
nha alunos com NEE, para que possa identificar não apenas o nível
da turma como um todo, mas especialmente as áreas de dificuldade
e potencialidade dos alunos PAEE, o que ele já compreendeu do seu
conteúdo e o que será necessário retomar, analisando e planejando
as próximas ações de modo a desafiar o estudante a superar seus
conhecimentos sem estabelecer barreiras que o desmotivem a con-
tinuar sua jornada escolar.
New Africa/Shutterstock
campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60º;
ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições ante-
riores. (BRASIL, 2004)
2.4 Surdocegueira
Vídeo
De acordo com a literatura, a surdocegueira consiste no compro-
metimento, em diferentes graus, dos sentidos receptores de distân-
cia (audição e visão). A combinação dos comprometimentos pode
acarretar sérios problemas de comunicação, mobilidade, informa-
ção e, consequentemente, a necessidade de estimulação e atendi-
mentos educacionais específicos.
Em 1859, Bertha Galeron, cega aos seis anos e surda aos 30 anos,
aprendeu o Sistema Braille com freiras em Paris. Em 1873, na Noruega,
Ragnhild Kaat com quatro anos perdeu a visão, audição, olfato e pala- Filme
dar. Ela frequentou ensino formal tendo como professor o diretor da Este belíssimo filme, O
escola (AMARAL, 2002). Milagre de Anne Sullivan, é
baseado na história real
Mas o caso mais conhecido nessa área é o de Hellen Keller e sua pro- de Helen Keller. Ele apre-
senta toda a trajetória da
fessora Anne Sullivan. Keller ficou doente em 1882, quando ainda tinha professora Anne Sullivan,
apenas um ano e meio de idade, perdendo sua audição e sua visão. A que ajuda essa criança
surdocega a aprender
partir de 1887, a professora Anne Sullivan iniciou seus trabalhos com a a ler e a se comunicar,
menina e progrediu sua capacidade de se comunicar, soletrando em lín- tornando-se poste-
riormente uma grande
gua de sinais, na palma de sua mão, os nomes dos objetos que apresen- escritora e defensora dos
tava para ela tocar. Keller estudou, passou na faculdade e formou-se em direitos das pessoas com
deficiência.
1904. Em 1920, ela ajudou a fundar a American Civil Liberties Union (ACLU)
Direção: Arthur Penn.
e durante toda sua vida recebeu muitas honrarias em reconhecimento a EUA: Playfilme Production, 1962.
suas realizações e publicações de obras (GONÇALVES, 2021).
Artigo
https://www.scielo.br/j/rbee/a/94xxGnpmMwvyMxR8bPHQdGf/?format=pdf&lang=pt
ATIVIDADES
Atividade 1
Acerca da teoria de Feuerstein Klein e Tannenbaum, o que é o
conceito de mediação?
Atividade 2
Descreva com suas palavras a história da grande pesquisadora
surdocega Hellen Keller e de sua professora Anne Sullivan.
Atividade 3
Tomando por base as discussões do capítulo sobre deficiências
físicas, por que é tão importante não reduzir o estudante a suas
características?
Figura 1
Níveis do espectro autista
Ammus/Shutterstock
Menor necessidade Precisa de um pouco mais de Precisa de um apoio ainda
de apoio no dia a dia. apoio em sua rotina. maior nas atividades
Consegue se comunicar com Necessita de intervenção da vida diária.
as outras pessoas com clareza. para iniciar e conduzir Precisa de muito estímulo para
Pode ter dificuldades uma conversa. se comunicar, necessitando de
em situações sociais, Pode ter dificuldades intervenção constante.
comportamentos em situações sociais, Apresenta dificuldades
restritivos e repetitivos, comportamentos restritivos em situações sociais,
demandando pouco suporte e repetitivos, demandando comportamentos restritivos
nas atividades da rotina. suporte em parte das e repetitivos constantes,
atividades da rotina. demandando suporte nas
atividades da rotina.
Pensando na prática
Descrição
Emitem frases desconexas/sem sentido, podendo estar relacionadas a problemas de
concentração e perda de memória recente.
Realizam brincadeiras que – muitas vezes – não possuem relação entre si, e tendem a
não interagir coletivamente com outras crianças nesses momentos.
Apresentam delírios, alucinações e alterações bruscas no comportamento e nas emoções.
Tendem a ter uma baixa produtividade em atividades rotineiras. Têm um comportamento
mais antissocial – preferindo ficar isoladas – e sedentário durante grande parte do dia.
Falam ou riem sem razão aparente, apresentam transtornos de fala/linguagem – atra-
so na fala, repetições verbais etc. –, redução cognitiva e condução motora não com-
patível com a faixa etária.
Artigo
https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=291059507005
Pensando na prática
Em relação à inclusão de estudantes com psicose infantil dentro do
ambiente escolar, é imprescindível que professores, gestores e funcio-
nários estejam atentos para que esses estudantes não se coloquem
em risco, ajudando-os a diferenciar fantasia de realidade. Outro ponto
muito importante é o fato de que nem sempre as atividades realiza-
das chamarão a atenção desses estudantes, considerando que nem
sempre crianças com psicose infantil têm constituída essa curiosidade
primordial dos demais estudantes na primeira infância. Logo, é funda-
mental que o professor considere que essa criança não está nessa po-
sição de curiosidade como todas as outras e procure diferentes formas
de instigar sua curiosidade diferenciando seu modo de atuar.
Artigo
https://docs.bvsalud.org/biblioref/2016/09/2048/v34_n1_2016_p53a57.pdf
Pensando na prática
É importante lembrar também que, em alguns casos, o profissional
de apoio pode ser recomendado no sentido de auxiliar o estudante em
sua locomoção, alimentação e comunicação com os professores e de-
mais colegas. Esse pode ser um funcionário da escola, ou um Professor
de Auxílio à Comunicação (PAC).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste capítulo, percebemos o quanto é importante que os profes-
sores estejam sempre atentos ao desenvolvimento de nossas crianças.
Acompanhar cada fase da sua infância, ter um acompanhamento médico
frequente e estar atento aos sinais que elas demonstram, são essenciais
para que as NEE sejam identificadas de modo precoce.
Assim, a busca por profissionais especializados que entendam da
condição é essencial para um diagnóstico correto e encaminhamentos
adequados no sentido de desenvolver todo o potencial do indivíduo, in-
dependentemente de sua condição.
Além disso, os professores precisam conhecer essas diferentes condi-
ções para que possam trabalhar em sala de aula de maneira atraente e
significativa para esses estudantes adaptando as atividades e recursos ne-
cessários para seu melhor aproveitamento escolar. Contudo, nem sempre
a inclusão é possível. Há casos em que a família, o estudante e a equipe
multidisciplinar que o acompanham precisam refletir se o melhor para
seu desenvolvimento e autonomia é estar incluso em uma escola regular
ou em uma escola especial. Lembrando mais uma vez que essa não deve
ser uma decisão unilateral, mas discutida com os pais e os profissionais
que acompanham o estudante.
Atividade 1
Faça um quadro comparativo apresentando as diferenças entre os
três níveis de autismo.
Atividade 2
Sobre a decisão de matricular um estudante com Necessidades
Educativas Especiais em uma sala de aula comum ou uma escola
especial, a quem cabe essa decisão?
Atividade 3
Analise o seguinte estudo de caso:
1994, considerada mundialmente um dos mais importantes docu- Caso queira saber mais
sobre a Declaração de Sa-
mentos que visam à inclusão da pessoa com deficiência. A declaração lamanca, acesse o texto na
apresenta uma resolução das Nações Unidas que trata dos princípios, íntegra no site da bibliote-
ca digital da Unesco.
políticas e práticas em Educação Especial.
Disponível em: https://unesdoc.
Mais tarde, em 2006, foi promulgada em nosso país a Convenção unesco.org/ark:/48223/
pf0000139394. Acesso em: 27
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência – por meio do Decre- dez. 2022.
to n. 6.949/2009 –, a qual tinha como compromisso garantir e adotar
medidas para o acesso das pessoas com deficiência a um sistema edu-
cacional inclusivo em todos os níveis, para que esse público não tenha
o acesso negado ao ensino regular, independentemente do tipo de
atendimento que precisem (BRASIL, 2010). Considerando os objetivos
desse atendimento, de acordo com Rodrigues e Batista (2015, p. 4), o
principal deles
foi garantir o desenvolvimento de políticas que facilitassem o pro-
cesso de inclusão dos deficientes no sistema escolar e, acima de
tudo a busca por aprimorar e facilitar um serviço que atenda a
especificidade de cada aluno, pois esse método visa garantir a per-
manência e a inclusão das crianças no ambiente escolar, uma vez
que um dos seus princípios é auxiliar na quebra das barreiras do
Figura 1
Objetivos do AEE
Promover condições de acesso,
PixMarket/Shutterstock
Proporcionar condições que participação e aprendizagem no Ensino
assegurarão a continuidade Regular, de forma a garantir acesso a
de estudos de um estudante serviços de apoio compatíveis
nos demais níveis, etapas e com as necessidades de cada
modalidades de ensino. estudante.
Objetivos
siva, possibilitando o acesso efetivo dos alunos em todos os ambientes Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=4INwx_
da escola, sejam eles físicos ou pedagógicos, por meio das adaptações
tmTKw. Acesso em: 22 dez. 2022.
e atendimentos que se façam necessários para sua real inclusão.
Quadro 1
Etapas de organização do PTI
Etapa Descrição
Além de ler os laudos, relatórios e avaliações, é importante que o professor dialogue com
seu aluno e construa um perfil com suas habilidades e necessidades. Conhecer sua história,
Conhecer o aluno
seus gostos, seus conhecimentos já adquiridos e o que ele precisa aprender é fundamental
para a elaboração das metas que o docente pretende que ele atinja.
Essa etapa auxilia na definição de metas de curto e médio prazo que estimulem o estudante
Estabelecer a continuar se esforçando. Não consideraremos as metas a longo prazo, tendo em vista que
metas possíveis o plano individual deve ser revisto e reelaborado pelo menos a cada dois ou três meses, ou
seja, em uma rotina escolar bimestral ou trimestral.
Após estabelecer as metas, é preciso definir quando cada uma delas será executada. É mui-
Elaborar um
to importante que as datas planejadas sejam realizadas, pois a não realização das atividades
cronograma
pode deixar os estudantes pouco comprometidos com os objetivos.
Essa etapa se refere a elaboração das atividades que o professor realizará para atingir as
metas e objetivos propostos. Passeios, excursões, visitas a museus e demais locais educa-
Planejar as estratégias
tivos são muito bem-vindos, assim como parcerias com outros profissionais que podem
ajudar no desenvolvimento de algum conceito que o docente não domine.
Esse não pode ser considerado o ponto final do seu plano, mas um pontapé inicial para
novas conquistas, considerando, agora, tudo o que o estudante já desenvolveu. Assim, é
Fazer a avaliação
importante que o professor registre os avanços do aluno por meio de materiais, relatos e
demais atividades, a fim de repensar seu planejamento, caso seja possível.
Identificação:
Nome:
Data de nascimento:
Grupo/ano:
Período:
Desenvolvimento do plano
Ciências
Matemática
Linguagem
Geografia
História
Artes
Educação física
PixMarket/Shutterstock
Relacionar os
conhecimentos referentes
às necessidades dos alunos, Definir cronograma
vindas das áreas da e atividades para
saúde, assistência, atender o estudante.
trabalho etc.
Orientar os professores do
Ensino Regular e as famílias
da comunidade escolar
Elaborar, executar e
sobre a aplicabilidade e
avaliar o plano de AEE do
funcionalidade dos recursos
estudante.
utilizados pelo estudante.
Atribuições
no AEE
Articular com professores Organizar estratégias
das classes comuns, pedagógicas; identificar
nas diferentes etapas e e produzir recursos
modalidades de ensino. acessíveis.
Acompanhar a
funcionalidade e Ensinar e
usabilidade dos recursos de desenvolver
tecnologia assistiva na sala atividades próprias
1
de aula comum e demais do AEE . 1
ambientes escolares.
Algumas dessas ativida-
Fonte: Elaborada pela autora com base em Brasil, 2015. des são: Libras, braille,
orientação e mobilidade,
Língua Portuguesa para
Nesse sentido, podemos perceber que é fundamental que, para alunos surdos, informática
acessível, Comunicação
assumir alguma modalidade de AEE, o professor tenha uma forma-
Alternativa e Aumentativa,
ção mínima voltada para essa especialidade para que possa junto aos atividades de desenvol-
vimento das habilidades
outros profissionais da escola e demais profissionais que atendem a
mentais superiores e ativi-
esse aluno – seja na área da educação ou da saúde – desenvolver um dades de enriquecimento
curricular.
trabalho efetivo.
Artigo
https://periodicos.utfpr.edu.br/recit/article/download/4227/Marlenec
Logo, a falta de apoio financeiro não pode ser uma desculpa para
deixar de realizar pequenas adaptações – especialmente no contex-
to escolar –, que podem facilitar o dia a dia educacional de nossos
estudantes. É claro que existem recursos que necessitam de investi-
mentos financeiros mais significativos para que tenhamos acesso a
eles, mas muitas vezes materiais pensados e construídos pelo pró-
prio professor e voltados às necessidades específicas do estudante
podem auxiliá-lo e aprimorar suas habilidades e melhorar seu apro-
veitamento em sala de aula.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste capítulo, compreendemos um pouco mais sobre os aspectos
legais e pedagógicos do AEE, que deve ser ofertado aos estudantes PAEE
nas salas de recursos utilizando as tecnologias assistivas, as quais contri-
buem para sua inclusão dentro do sistema de ensino regular.
Neste sentido, observamos que a legislação assegura o direito ao aces-
so dos estudantes com algum tipo de NEE nas salas de aula do ensino
regular e nas salas de recursos, para que possam frequentar o AEE de
forma integrada e ativa.
ATIVIDADES
Atividade 1
Pensando nos estudantes superdotados, elabore uma lista com
cinco atividades que podem ser realizadas com o objetivo de
desenvolver o potencial de um estudante que tem como foco de
interesse as artes cênicas.
Atividade 2
Crie um mapa conceitual tendo como tema o plano individualizado.
Insira palavras que ajudem o professor a lembrar dos aspectos mais
importantes antes, durante e depois da elaboração desse plano.
Atividade 3
De acordo com os autores estudados, diferencie as tecnologias
assistivas de baixa e alta tecnologia.
antoniodiaz/Shutterstock
https://www.metodista.br/revistas/revistas-metodista/index.php/PINFOR/article/view/3857/3481
limitações de cada um. Dito de outro modo, se julgarmos um peixe ba- Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=dqTTojTija8.
seando-se em sua habilidade de subir em árvores, ele sempre se sen-
Acesso em: 9 jan. 2023.
1
tirá inferior aos outros seres. Esse exemplo também é dado no vídeo
Artigo
https://web.unifil.br/docs/revista_eletronica/educacao/Artigo_04.pdf
wavebreakmedia/Shutterstock
braile, que só deve ser realizada se o estudante sentir segurança em
realizar a leitura sozinho, considerando que se trata de uma avaliação
escolar e não de um teste de braile.
holisticcare/nappy
conteúdos escolares – como os que têm habilidades cinestésicas, intra-
pessoais e interpessoais. Segundo, como vimos, a avaliação não deve ter
caráter punitivo, e oferecer uma avaliação mais complexa ou com maior
número de questões para o superdotado pode soar como uma punição.
Outra pesquisa de igual teor foi realizada por Dores (2007), sobre
a importância dos recursos adaptados para alunos com deficiência fí-
sica. A autora utilizou recursos como quebra-cabeça, dominó de cores
e jogos de encaixe. Ela pôde concluir que a utilização dos recursos é
necessária, contribuindo para o desenvolvimento das capacidades e
possibilidades dos alunos, aumentando a potencialidade deles.
De acordo com Glat (1996 apud MASSOLI; ALVES; ESPER, 2020, p. 2):
no nascer de uma criança ocorre muitas alterações no contex-
to familiar, transformando profundamente o exercício familiar,
mudando os papéis sociais (marido para marido e pai, espo-
sa para esposa e mãe, por exemplo), modificando assim a
individualidade de seus integrantes e mudando as relações
Ermolaev Alexander/Shutterstock
Artigo
https://e-revista.unioeste.br/index.php/educereeteducare/article/view/26112/17614
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vimos neste capítulo o quão importante é o professor orientar a famí-
lia a buscar ajuda especializada quando percebe que o estudante pode
apresentar dificuldades em aprender, se comunicar e se relacionar com
os demais colegas, no intuito de realizar uma avaliação especializada que
ajude a família a compreender melhor o desenvolvimento do filho.
Também compreendemos a importância de realizar avaliações adap-
tadas para os estudantes com NEE, sempre tendo em vista que os recur-
sos devem ser apenas um meio para avaliar o que o estudante aprendeu
e que a avaliação não deve ser um processo punitivo.
ATIVIDADES
Atividade 1
Quem pode realizar avaliação/diagnóstico de estudantes com
Necessidades Educativas Especiais?
Atividade 2
Sobre a avaliação escolar dos superdotados, os professores
podem acrescentar questões, considerando que esse grupo de
alunos é mais inteligente que os demais? Justifique sua resposta.
Atividade 3
Acerca das adaptações arquitetônicas para adequar os espaços
físicos escolares, a quem cabe essa responsabilidade?
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição Federal (1988). Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília,
DF, 05 out. 1988. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicao.htm. Acesso em: 10 jan. 2023.
BRASIL. Decreto n. 5.296, de 2 de dezembro de 2004. Diário Oficial da União, Poder
Executivo, Brasília, DF, 3 dez. 2004. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2004-2006/2004/decreto/d5296.htm. Acesso em: 10 jan. 2023.
DORES, J. P. A importância da utilização de recursos pedagógicos na educação de alunos com
deficiência física. 2007. Monografia (Especialização em Educação Especial) – Faculdade de
Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília.
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Demais
Conhecer o
atendimentos
aluno
Plano
individualizado
Conversar com
os pais e com o
Planejar atividades aluno
adaptadas
Realizar Adaptar a
Sugerir alterações
testagens avaliação
para os docentes
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