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Cadernos PDE
I
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA COM ALUNOS DEFICIENTES
INTELECTUAIS: O USO DAS HQS NA LEITURA E INTERPRETAÇÃO
DE TEXTOS
RESUMO. O presente artigo teve como foco a deficiência intelectual e visa contribuir com as práticas
educativas dos professores que lecionam na Sala de Recursos Multifuncional (SRM) – Tipo I, cujos
objetivos foram: despertar nos alunos com deficiência intelectual o hábito e o interesse pela leitura de
histórias em quadrinhos (HQs) e, ainda, identificar a partir do contexto dos alunos com deficiência
intelectual, em uma perspectiva histórico-cultural, metodologias que o ajudem na compreensão dos
textos escritos. A pesquisa se justifica por contribuir para a minimização das dificuldades de leitura e
interpretação de textos dos alunos com deficiência intelectual. As perguntas norteadoras desta
pesquisa podem assim ser traduzidas: de que forma a SRM – Tipo I pode auxiliar os alunos com
deficiência intelectual no processo de leitura e interpretação de textos? As HQs podem e devem ser
utilizadas para a minimização destas dificuldades? O gênero textual adotado é a história em
quadrinhos (HQs), porque entendemos que possui linguagem simples e próxima do leitor. O
desenvolvimento da pesquisa ocorreu com três alunos deficientes intelectuais, que frequentam a
SRM – Tipo I, da Escola Estadual Afrânio Peixoto, localizada na cidade de Abatiá. A pesquisa em
questão foi de cunho qualitativo/interpretativista com proposta de intervenção, haja vista, a intenção
desta não ser só coletar dados, mas a partir deles refletir criticamente sobre as dificuldades
apresentadas por esses alunos em relação à leitura e escrita, baseada na abordagem histórico-
cultural. Os resultados alcançados sugerem que: a) a motivação é importante recurso no processo de
ensino - aprendizagem de alunos com deficiência intelectual; b) o planejamento deve contemplar as
especificidades de cada educando; c) o processo de leitura, escrita e compreensão são dinâmicos; d)
o professor da sala regular e da sala multifuncional deve trabalhar em colaboração.
1. INTRODUÇÃO
1
Profa. de Educação Especial e Matemática da Rede Estadual de Educação, lotada na Escola
Afrânio Peixoto Abatiá - PR, PDE turma 2014, E-mail: ericasilva@seed.pr.gov.br
2
Orientador: Professor da Universidade Estadual do Norte do Paraná, campus Luiz Meneghel,
Doutorando e Mestre em Educação Especial pela UFSCar. E-mail: renatotils@uenp.edu.br
responsabilidade tem ficado somente a cargo da escola e isto vem dificultando a
aprendizagem, como nos reporta os dados apresentado por provas que mensuram
os indicadores de leitura:
Cagliari (2005, p.150, grifo do autor), afirma que “A escola que não lê muito
para os seus alunos e não lhes dá a chance de ler muito está fadada ao insucesso,
e não sabe aproveitar o melhor que tem para oferecer aos seus alunos”. Neste
contexto, acreditamos que podemos amenizar tais dados, realizando um trabalho
pedagógico que priorize a leitura e que esta não fique limitada apenas em conhecer
signos para decodificá-los, sem mesmo compreendê-los, ou seja, ler é interpretar e
isso acontece quando o sujeito começa a perceber o mundo ao seu redor. Para
Cagliari (2005, p.150), “a leitura é uma atividade de assimilação de conhecimento,
de interiorização, de reflexão”.
Nesta direção, ressaltamos que esta pesquisa foi produzida com a finalidade
de contribuir com as práticas educativas de professores que lecionam na Sala de
Recursos Multifuncional – Tipo I do Ensino Fundamental. Diante das dificuldades
que os alunos com deficiência intelectual apresentam na leitura e interpretação de
textos e com o intuito de aprimoramento e desenvolvimento de atividades
relacionadas com a prática de leitura e interpretação de textos, almejamos investigar
se estes educandos podem superar ou amenizar essas dificuldades. Partindo deste
contexto, surgiu a seguinte problematização: de que forma a Sala de Recursos
Multifuncional – Tipo I pode auxiliar os alunos com deficiência intelectual no
processo de leitura e interpretação de textos? As HQs podem e devem ser utilizadas
para a minimização destas dificuldades?
O gênero textual adotado foi a história em quadrinhos (HQs), porque
entendemos que possui linguagem simples e próxima do cotidiano do leitor. Para
que os objetivos fossem alcançados utilizamos o programa HagáQuê, sendo este
um editor que facilita no processo de criação de uma HQ, auxiliando no processo de
ensino e aprendizagem da leitura e escrita.
2. A PESSOA COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
[...] alguém que possui um repertório psicológico deficiente, que não possui
memória necessária, a capacidade de percepção adequada ou a
inteligência adequada. Uma pessoa retardada é psicologicamente desvalida
de nascença (VYGOTSKY; LURIA, 1996, p.227).
[a] diferença está apenas no fato de que uma criança normal utiliza
racionalmente suas funções naturais e, quanto mais progride, mais é capaz
de imaginar dispositivos culturais apropriados para ajudar sua memória.
Não é o que se dá com a criança retardada. Uma criança retardada pode
ser dotada dos mesmos talentos naturais de uma criança normal, mas não
sabe como utilizá-los racionalmente. Assim, eles permanecem adormecidos,
inúteis, como peso morto. Ela os possui, mas não sabe como utilizar esses
talentos naturais e isso constitui o defeito básico da mente da criança
retardada. Em consequência, o retardo é um defeito não só dos próprios
processos naturais, mas também do seu uso cultural (VYGOTSKY; LURIA,
1996, p.288-289).
3. METODOLOGIA
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Eu conheço porque na minha casa tem gibi da minha irmã, já andei olhando
um pouco. (A3)
Ajudo sim e bastante, agora até consigo lê mais rápido, também antes eu lia
devagar, agora consigo ler com a mente rápida e com a boca. Quase todo
dia eu leio os quadrinhos. (A1)
Os gibis são legal, porque tem desenhos, balão e palavras, aí isso fez eu
entender melhor as HQs. (A3)
Queria falar que antes do projeto eu nunca fiz uma história em quadrinhos
depois do projeto eu acabei fazendo uma HQs gostei muito de ter feito,
depois disso, isso me ajudou muito nas aulas, nas leituras das aulas. (A3)
Com base na fala dos alunos podemos inferir que o projeto motivou os
alunos no processo de aprendizagem, tornando-os mais autoconfiantes para se
desenvolverem. No caso de alunos com deficiência intelectual isso é extremamente
relevante, visto que muitos deles permanecem às margens do ambiente escolar ao
longo de toda sua trajetória escolar. Portanto, participar de um projeto que
contemple suas especificidades e atenda suas necessidades certamente contribui
sobremaneira para seu crescimento e letramento.
Segundo Soares, letramento é o “resultado da ação de ensinar e aprender
as práticas sociais de leitura e escrita o estado ou condição que adquire um grupo
social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita e de suas
práticas sociais”. (2004, p.39).
Sendo assim, a alfabetização está além de ler e escrever. Então, podemos
afirmar que a aprendizagem da leitura e da escrita depende da alfabetização e do
letramento. Para Soares (2004), alfabetizar e letrar são duas ações distintas, mas
não indissociáveis, o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja, ensinar a ler e a
escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, de maneira que o
sujeito se tornasse, ao mesmo tempo, alfabetizado e letrado.
Fontana e Cruz (1997) afirma que a leitura e a escrita têm presença
constante na escola, pois é objeto de conhecimento, porque as crianças vão à
escola para aprender ler e escrever, sendo assim, é instrumento para apropriação
de outros conhecimentos. Na escola, esse processo deve efetivar-se, pois a leitura e
a interpretação de textos não devem ficar restritas, apenas na área de Língua
Portuguesa, mas em todos os níveis escolares e na relação com outras disciplinas,
visando a interdisciplinaridade.
De acordo com as professoras entrevistadas, a SRM auxiliou e minimizou as
dificuldades apresentadas pelos alunos com deficiência intelectual no processo de
leitura e interpretação de textos.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE E A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA
SAÚDE (OPAS/OMS). Declaração internacional de Montreal sobre inclusão.
Montreal, Quebec, Canadá. Disponível em:
X<http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/decinclu.pdf> Acesso em: 10 mar.
2014.
VAN DER VEER, R.; VALSINER, J. Vygotsky: uma síntese. São Paulo: Loyola,
2001.
1. Alunos
Conhecimento sobre HQs.
Incentivo à leitura e interpretação de HQs.
Contribuição das HQs na interpretação de textos.
Produção de HQs.
2. Professoras
Contribuição da SRM – Tipo I no ensino regular, em relação à leitura e interpretação
de textos.
Autoestima dos alunos deficientes intelectuais.