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PERSPECTIVA
ciso compreender cada aluno na sua indivi-
dualidade e ter a certeza de que todos são
capazes de aprender.
Quando o assunto é o currículo escolar em uma perspecti-
INCLUSIVA
va inclusiva, dois procedimentos precisam estar articulados
para que a aprendizagem de todos os estudantes se efetive
com qualidade: o conhecimento teórico e a atuação prática
das pessoas envolvidas no processo de ensino.
Nesse sentido, esta obra tem o objetivo de contribuir com
a inclusão educacional, possibilitando o conhecimento das
IESDE BRASIL
2020
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Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: sukmaraga/ENVATO ELEMENTS
Em síntese, currículo é:
Essa realidade tem razão de existir, pois se trata de uma cultu- Saiba mais
ra enraizada no sistema escolar, considerando que, por muitas dé- Ensinar na homogeneidade é
cadas, o currículo foi compreendido como uma ferramenta utilizada acreditar que os estudantes são
todos iguais e que aprendem
para controlar o professor: apresentava uma sequência de ensino com as mesmas estratégias
pré-elaborada e que deveria ser aprendida por todos os alunos. Se- de ensino, no mesmo tempo
e espaço, por meio de um
gundo Goodson (1995), a história do currículo tem relações com os
planejamento único.
momentos que a sociedade vive, estando ligada a fatores políticos e Ensinar na heterogeneidade é
à realidade educacional. Assim, pode ser que essa maneira de com- considerar a diversidade, que
preender o currículo como rol de disciplinas tenha sido necessária e os estudantes não são iguais,
que apresentam habilidades
alcançado os seus objetivos, à época. No entanto, com essa prática específicas inerentes à pessoa e
curricular, pensar em uma escola inclusiva é praticamente impossível, que também têm dificuldades
específicas, por isso, aprendem
pois não se considera a diversidade, as habilidades e as potencialida-
em ritmos diferenciados.
des; ensina-se de modo homogêneo.
lemono/Shutterstock
alpha paperart/Shutterstock
Quando as peças não se Quando as peças se encaixam, o
encaixam, não é possível resultado aparece, sendo possível
visualizar o todo, compreender o visualizar o todo e entender a
sentido da mensagem, a intenção função de cada peça, bem como
da proposta. os seus objetivos comuns.
VIDAL, L.; LOMÔNACO, J. F. B. Um documento de importante leitura para ampliar a teoria e a prá-
Joinville: Clube de Autores, 2007. tica sobre a inclusão, principalmente sobre as possibilidades de traba-
lhar com a diversidade, é a Declaração de Salamanca.
A maior participação de governos, de grupos de apoio, de gru-
pos comunitários e de pais e, especialmente, de organizações de
pessoas com deficiências nos esforços para melhorar o acesso,
ao ensino, da maioria das pessoas com necessidades especiais
que continuam marginalizadas. (BRASIL, 2005, p. 15)
Vale a pena conhecer o documento na íntegra, especialmente o capí- Após a reflexão sobre o que é
currículo, responda: qual é a
tulo IV, no qual se encontra explícito o direito de a pessoa com deficiência diferença entre uma proposta de
ter acesso e permanência nas escolas em todos os níveis de ensino. A lei currículo inclusivo e de currículo
assegura condições de acesso, participação e aprendizagem, ressaltando que se limita a um documento
escrito, apresentando um rol de
a importância da formação dos professores e das medidas necessárias conteúdos a ser trabalhado?
para a consolidação de um currículo inclusivo.
2 7
Exercitar a curiosidade intelectual e
recorrer à abordagem própria das
ciências, incluindo a investigação, a Argumentar com base em fatos,
dados e informações confiáveis.
reflexão, a análise crítica, a imaginação
e a criatividade.
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Reconhecer e fruir as diversas Conhecer-se, apreciar-se e cuidar
manifestações artísticas e culturais, de sua saúde física e emocional,
locais e mundiais, e participar de compreendendo-se na diversidade
práticas diversificadas da produção humana e reconhecendo as suas
artístico-cultural. emoções e as dos outros, com autocrítica
e capacidade para lidar com elas.
4
Utilizar diferentes linguagens – verbal
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(oral ou visual-motora, como Libras,
e escrita), corporal, visual, sonora e Exercitar a empatia, o diálogo, a
digital –, bem como conhecimentos resolução de conflitos e a cooperação.
das linguagens artística, matemática e
científica.
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Compreender, utilizar e criar Agir pessoal e coletivamente com
tecnologias digitais de informação autonomia, responsabilidade,
e comunicação de maneira crítica, flexibilidade, resiliência e determinação,
significativa, reflexiva e ética nas tomando decisões com base em
diversas práticas sociais (incluindo as princípios éticos, democráticos,
escolares). inclusivos, sustentáveis e solidários.
Figura 2a Figura 2b
Julgamento Rampa de acesso
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GoodStudio/Shutterstock
Figura 2c
Comunicação
Figura 2d
Leis e decretos
Macrovector/Shutterstock
SkyPics Studio/Shutterstock
Surge, assim, uma pergunta que não deve se calar e que todos os
profissionais envolvidos com a educação precisam saber a resposta:
qual é a diferença entre uma escola que integra e uma escola que inclui
o estudante com deficiência?
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esperamos que os estudos deste capítulo tenham ampliado o seu co-
nhecimento prévio sobre o currículo e que você tenha percebido a exis-
tência de muitos elementos contribuintes para um currículo inclusivo. Não
é possível considerar uma definição isolada ou uma única prática. Traba-
lhar com a diversidade, construindo uma escola de qualidade, que ofereça
aprendizagem para todos os alunos, requer a formulação de pensamen-
tos e ações articulados, bem como a quebra de paradigmas educacionais
e de conhecimentos e atitudes por parte de todos os envolvidos no pro-
cesso. O assunto não se esgota aqui, há ainda muito o que aprender para
nos tornarmos agentes no processo de inclusão educacional.
GABARITO
1. A construção de um currículo é muito mais do que listar disciplinas, pois envolve a
participação de muitos elementos: família, professores, legislação, sociedade etc. O
currículo deve conter estratégias de ensino, adaptações e planejamento para ensinar
a todos os alunos.
Você deve estar se perguntando: qual é a função do planejamento A obra Saber escolar, currí-
nessa tríade? Vamos partir do pressuposto de que planejar faz parte culo e didática: problemas
da unidade conteúdo/
do dia a dia de todos nós. Planejamos uma construção, uma compra, método no processo peda-
uma refeição diferenciada, uma festa, um encontro com os amigos, gógico trata basicamente
de questões relativas à
enfim, planejamos, planejamos e planejamos e podemos afirmar que, conversão do conheci-
enquanto fazemos isso, estudamos, porque realizamos pesquisas, mento em saber escolar
e sua manifestação na
comparamos preços, definimos datas etc. elaboração de currículos
e na constituição tanto
Para planejar o ensino, é necessário estudar os conteúdos, a das disciplinas esco-
realidade e a forma de ensinar e planejar o processo de avaliação. lares quanto dos seus
respectivos programas,
O planejamento norteia todo o processo educacional; ele ocorre em relação a aspectos
no desenvolvimento do currículo e das aulas, na distribuição do do desenvolvimento do
processo pedagógico.
tempo escolar e na elaboração da avaliação. Para Mittler (2003, p.
SAVIANI, N. 5. ed. Campinas:
43), “ao planejar os professores devem estabelecer expectativas al- Autores Associados, 2006.
tas e criar oportunidades para todos os alunos aprenderem com
sucesso”.
Exemplo 1
Um estudante do 2º ano do ensino fundamental, com déficit cognitivo, iniciou o
ano letivo conhecendo parcialmente as letras do alfabeto e, ao final do ano, con-
seguiu aprender a ler e escrever palavras compostas por duas sílabas simples,
enquanto os demais estudantes da turma aprenderam a ler e escrever textos
completos. Isso não significa que esse aluno deva ser reprovado, pois é preciso
considerar o que ele conseguiu, seu progresso na aprendizagem, e não o que
ele teria que ter atingido. É necessário considerar seus limites de aprendizagem.
Exemplo 2
Um estudante da Educação de Jovens e Adultos (EJA) tem 68 anos e inicia a
primeira etapa da escolaridade com o desejo de aprender a escrever. Consegue,
após muito esforço, escrever o seu nome e o de seus netos em letras maiúsculas.
Esse aluno precisa ser avaliado pelo seu esforço, considerando suas dificuldades
de coordenação motora fina, comparando o que ele sabia anteriormente e o que
conseguiu aprender.
Na sala de aula
Fica claro que, para o docente estar bem preparado para ensinar
na diversidade e garantir a aprendizagem dos estudantes com os quais
trabalha, precisa constantemente estudar e aperfeiçoar a sua prática.
No entanto, essa atitude é pessoal e não pode ser obrigatória, pois não
surtiria os mesmos efeitos. Ser um professor inclusivo é acreditar em si
e no aluno, não ter preconceitos, observar a realidade e estudar muito
para entender a diversidade.
Mas será que todo professor pode atuar na sala de recursos? Sim,
desde que atenda aos seguintes requisitos:
ter curso de graduação, pós-graduação e ou formação conti-
nuada que o habilite para atuar em áreas da educação especial
para o atendimento às necessidades educacionais especiais dos
alunos. A formação docente, de acordo com sua área especifica,
deve desenvolver conhecimentos acerca de: Comunicação Au-
mentativa e Alternativa, Sistema Braille, Orientação e Mobilida-
de, Soroban, Ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras, Ensino
de Língua Portuguesa para Surdos, Atividades de Vida Diária, Ati-
vidades Cognitivas, Aprofundamento e Enriquecimento Curricu-
lar, Estimulação Precoce, entre outros. (ALVES, 2006, p. 17)
Exemplo 1
O professor tem na sala de aula um estudante com Transtorno de Déficit de Atenção
e Hiperatividade (TDAH). Esse aluno é muito inteligente e não apresenta dificulda-
des de compreensão; o que o torna diferente do restante da turma é sua agitação
motora. Ficar muito tempo sentado em uma mesa de estudos, para ele, é um gran-
de sacrifício e atrapalha seu aprendizado. Pensando em um currículo menos rígido
e tradicional, o professor conversa com o estudante e orienta que, se necessário,
durante a aula, poderia sair alguns minutos da sala e dar uma volta no pátio, desde
que não demasiadamente. Dessa forma, o docente consegue melhores rendimen-
tos do estudante na aprendizagem. O professor também explica ao restante da
turma a necessidade de sua atitude, sem discriminar o aluno com TDAH, com a
intenção de trabalhar o conceito e a prática da inclusão na sala de aula.
Exemplo 2
O professor, atuante na educação de jovens e adultos (EJA), combina com seus
alunos que na terça-feira todos devem ler um texto, na íntegra e fluentemente,
e, portanto, não podem faltar à aula. Muitos alunos estão iniciando o processo de
alfabetização e, quando chegam à sala de aula no dia estipulado, nota-se em seus
semblantes a preocupação, desmotivação e certeza de um possível fracasso na
atividade. O professor distribui os textos e, quando chama o primeiro aluno para
ler, este se dirige à frente da sala, tremendo de preocupação. O docente solicita,
então, que, antes de começar a ler, esse estudante convide mais dois colegas da
turma para lhe fazer companhia. O texto é dividido em três partes, uma para cada
um deles, e é permitido que primeiro seja feita a leitura silenciosa e, depois, a em
voz alta. Essa flexibilização na atividade faz com que todos os alunos se sintam
mais confortáveis e animados para estudar.
Pode ser que esse seja um motivo pelo qual projetos efetivos da
participação de pais na escola não se concretizam, mas não é o único.
Diante da necessidade, o professor precisa buscar a formação conti-
nuada e aprender a olhar para o outro lado, entender o dia a dia das
famílias que têm filhos com deficiência e aprender a se colocar no lu-
gar do próximo, compreendendo suas limitações e angústias. Essas
famílias, muitas vezes, culpam-se por seus filhos terem nascido dife-
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme vimos neste capítulo, a garantia de ensino e aprendizagem
para todos os estudantes contribui significativamente para o processo de
inclusão educacional. Mas para que isso se torne realidade e não fique
apenas na teoria, é preciso que exista firmeza e envolvimento de todas as
pessoas que estão inseridas no contexto educacional. Esperamos ter con-
tribuído para a compreensão da importância do professor diante da inclu-
são, dos compromissos que ele deve ter e das relações que precisa manter
entre os processos de ensino e a família; afinal, ações isoladas que fortale-
cem apenas o trabalho individual, não favorecem a inclusão educacional.
REFERÊNCIAS
ALVES, D. de O. Sala de recursos multifuncionais: espaços para atendimento educacional
especializado. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2006.
BEYER, H. O. Educação inclusiva ou integração? Implicações pedagógicas dos conceitos
como rupturas pragmáticas. In: BRASIL. Ensaios Pedagógicos. Brasília: Ministério da
Educação, Secretaria de Educação Especial, 2006. p. 277-280.
BRASIL. Constituição Federal (1988). Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 5
out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.
htm. Acesso em: 22 jul. 2020.
BRASIL. Equipe da Secretaria de Educação Especial/MEC. Política de Educação Especial, na
perspectiva inclusiva. Brasília, 2008. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/
politicaeducespecial.pdf. Acesso em: 22 jul. 2020.
BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
Brasília, DF, 26 dez. 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.
htm. Acesso em: 22 jul. 2020.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização,
Diversidade e Inclusão. Política Nacional de Educação Especial. Equitativa, Inclusiva e ao
longo da vida. Brasília: MEC, 2018. Disponível em: https://pnee.mec.gov.br/integra. Acesso
em: 22 jul. 2020.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Parâmetros Curriculares
Nacionais: adaptações curriculares - estratégia para a educação de alunos com
necessidades educacionais especiais. Brasília, DF: MEC, 1998. Disponível em: http://portal.
mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/serie4.pdf. Acesso em: 14 set. 2020.
3. Sugestões:
• colocar-se no lugar dos pais que têm filhos com deficiência, procurando compreen-
der suas aflições;
• acolher e orientar as famílias, para que confiem no seu trabalho como professor;
• aproximar-se das famílias, conhecendo sua realidade, e parabenizar os pais pelas
conquistas dos filhos;
• envolver os pais nas atividades de sala de aula, convidando-os a participar.
Por que é importante o professor sideradas pelo professor. A missão do professor é ensinar a todos, pois
conhecer cada estudante e ter na sala de aula se deparará com a diversidade; para alguns estudantes,
conhecimento sobre as defi- a aprendizagem é algo fácil, para outros, exige um pouco mais de em-
ciências, no momento de propor
adaptações curriculares? penho do professor, porém, com o trabalho em equipe, o conhecimen-
to e a prática, a aprendizagem se efetivará para todos.
Exemplo 1
No primeiro dia de aula, a professora recebe seus alunos na porta da sala solicitan-
do que cada um deles observe o crachá e sente-se na cadeira na qual havia fixado
um pedaço de papel, com a mesma forma e cor do crachá recebido na entrada.
Um estudante cego fica estagnado na porta, sem saber o que fazer, enquanto os
demais alunos o apressam para que entre de uma vez na sala, pois dizem que ele
está atrapalhando. Somente depois das reclamações dos alunos, tumulto e gritos, a
professora percebeu que o estudante era cego e ela não tinha sido informada ante-
riormente pela escola, nem pela família. Ela nota que a proposta inicial de atividade
não foi adaptada para esse aluno, gerando desconforto entre os estudantes. Na sua
opinião, se a professora soubesse sobre o estudante cego, de que forma poderia ter
adaptado a atividade? Reflita sobre isso.
Estudantes com baixa visão geralmente fazem uso de recursos óp- Saiba mais
ticos, como lupas, óculos bifocais e telescópios, os quais favorecem a Os Recursos ópticos “possi-
visualização de objetos, materiais escritos e, até mesmo, pessoas. Isso bilitam a ampliação de imagem
e a visualização de objetos,
porque, dependendo do grau de dificuldade, um aluno com baixa vi- favorecendo o uso da visão
são, quando olha para uma pessoa, apenas identifica vultos e não os residual para longe e para perto”
detalhes, por exemplo, olhos, boca, nariz, cor da roupa. (DOMINGUES, 2010, p. 11).
Além disso, sempre que o professor for trabalhar com imagens, de-
verá descrevê-las ou adaptá-las em alto relevo, para que o estudante
possa interagir por meio do tato. Vejamos um exemplo a seguir.
Exemplo 2
A professora que ministra aula no 2º ano do ensino fundamental resolve contar
para seus alunos a história O macaco vermelho, de autoria de Mario Vale.
O texto conta a história de um macaco que resolve viver na cidade grande, mas um
balde de tinta o transforma num animal raro e ele é preso pelo dono de um circo,
tornando-se sua atração principal.
Na sala de aula há um estudante cego, por isso, a professora adapta o material,
colando barbante ao redor das imagens do livro, para que o aluno compreendesse
a história. Ela coloca vendas nos olhos dos alunos que não têm problemas visuais e
oportuniza a vivência de serem privados da visão, utilizando o tato para identifica-
rem as imagens contornadas com barbante. Também, busca saber, anteriormente,
com a família, a qual objeto o aluno cego associa a cor vermelha e descobre que
é com o morango, então, associa a atividade à experiência prévia do aluno. Assim,
consegue incluir todos os alunos em sua aula.
• Sistema Dosvox: é um programa gratuito que oferece edição de texto, leitor de docu-
mentos, formatação de texto em tinta e braille, jogos, calculadora, programas sonoros,
ampliador e leitor simplificado de telas.
• Deltatalk: é um programa desenvolvido pela empresa Micropower e permite a intera-
ção com o computador por meio da voz.
• Non Visual Desktop Access (NVDA): é um leitor de tela livre e gratuito para o
Windows.
• Virtual Vision: permite a utilização do ambiente Windows, os aplicativos Office, nave-
gação pela internet e o uso de programas de comunicação.
• Jaws: permite operar no ambiente Windows e em seus aplicativos.
• Orca: é um leitor de tela livre que permite acesso ao ambiente Linux e suas ferramentas.
A ideia de currículo adaptado não pode estar voltada para alunos que
não conseguem acompanhar a aprendizagem, mas sim para garantir a
acessibilidade daqueles que precisam de modificações curriculares, para
tendo ou não deficiência auditiva. Significa planejar aulas que per- Disponível em: https://www.
direitodeouvir.com.br/blog/
mitam a aprendizagem de todos os estudantes inseridos na turma, implante-coclear. Acesso em: 16
de acordo com a acessibilidade pedagógica prevista na Política Na- jul. 2020.
E a aula? Como deve ser conduzida para que o estudante surdo con-
siga compreender o conteúdo, estando inserido no grupo? Basta apenas
a presença do professor intérprete de Libras? Para Lacerda (2014), o pro-
fessor intérprete educacional é de fundamental importância nas salas
Saiba mais de aula em que há estudantes surdos, pois esse profissional fará o elo
A profissão de intérprete de de comunicação entre o professor da turma e o aluno surdo, e, também,
Libras foi reconhecida em 2010, entre o aluno surdo com os demais alunos da sala de aula e toda a equi-
pela Lei n. 12.319, que regula-
pe escolar. Quando não há o intérprete, o aluno surdo é prejudicado,
menta o exercício da profissão,
exigindo, desse profissional, desmotivado e, muitas vezes, até desiste de estudar.
a capacidade de realizar a
Na Educação de Jovens e Adultos (EJA), é comum encontrarmos es-
tradução e a interpretação da
língua portuguesa para a Libras tudantes surdos e com outras deficiências que desistiram de estudar
e vice-versa (BRASIL, 2010). quando estavam no início dos anos iniciais, por falta de adaptações
Exemplo 3
O professor está ensinando adição para os estudantes do 2º ano do ensino funda-
mental e escreve na lousa a seguinte operação: 28 + 11 = 39.
Que tal construir esse conceito passo a passo?
Passo 1: entregar objetos com duas cores diferentes para que sejam juntados e
somados – Exemplo: 28 bolinhas azuis + 11 bolinhas vermelhas (quantidade).
Passo 2: sentenças: o que significa 28 e 11? Utilizar o ábaco como recurso:
• Duas dezenas e oito unidades: 20 + 8 = 28.
• Uma dezena e uma unidade: 10+ 1 = 11.
Passo 3: reprodução da operação na lousa.
Exemplo 4
Observe os dois textos transcritos a seguir: um texto construído por um aluno ou-
vinte e outro por um aluno surdo, ambos alunos do 2º ano do ensino fundamental.
A proposta era escrever um pequeno texto respondendo três perguntas:
• Qual é o nome do seu cachorro e do que ele gosta?
• Como é o cachorro?
• O que você sente por ele?
Texto do aluno ouvinte
Meu cachorro
O nome do meu cachorro é Bidu, ele gosta muito de correr na grama e brincar
comigo com a bola.
Bidu é um cachorro muito inteligente, quando nós vamos sair ele vai para debaixo
do sofá e não tem o que o faça sair.
Eu amo o Bidu, é o meu melhor amigo.
Texto do aluno surdo
Meu cachorro Rex gosta de latir portão.
Rex branco pequeno amigo.
Eu amo o Rex.
Exemplo 5
Em uma aula de Ciências, a professora do 3º ano do ensino fundamental se propõe
a ensinar os estados físicos da água. Se a aula for ministrada apenas com o texto
impresso, a leitura no livro didático, a explicação oral da professora e, quem sabe,
algumas imagens, o estudante com deficiência intelectual não aprenderá os con-
ceitos e talvez muitos outros estudantes não compreendam. Contudo, se a profes-
sora contextualizar o assunto, perguntar para as crianças se sabem explicar como
se forma o gelo e o vapor, relacionar com experiências do dia a dia, levar para a sala
de aula a água nos três estados (líquido, sólido e gasoso), apresentar aos alunos
e permitir que experimentem tomar a água, tocar o gelo e sentir o vapor saindo
de uma xícara de chá, a aprendizagem se consolida. Nesse caso, a professora faria
uma adaptação dos objetos que utilizaria para ministrar a aula, além dos textos e
da oralidade, inserindo a experimentação e o objeto concreto.
Exemplo 6
Um estudante com deficiência intelectual frequenta o 4º ano, mas ainda não con-
segue produzir textos. A professora prepara uma aula para trabalhar o texto descri-
tivo com seus alunos. Leva a turma para um passeio nos arredores da escola e pede
que observem o entorno. Ao voltarem para a sala, sugere aos alunos a produção
textual, e, sabendo que não conseguiria ainda produzir um texto, solicita ao aluno
com deficiência uma lista de palavras. Depois que os textos dos demais alunos são
escritos, corrigidos e colocados em exposição, a professora inclui o texto do aluno
especial, como fechamento dos demais, explicando que as palavras escritas por ele
estão em todos os textos escritos pela turma.
D.F Definição
Comprometimento motor total abaixo da cintura, cuja causa
Paraplegia
geralmente é uma lesão na medula espinhal.
A professora tem em sua sala de aula um estudante com paralisia cerebral. Ele consegue
compreender todos os conteúdos ensinados, porém, apresenta muitas dificuldades na
escrita e não consegue falar, o que dificulta a percepção do quanto aprendeu. A pro-
fessora utiliza com esse aluno a comunicação alternativa: por meio de um tabuleiro
contendo símbolos gráficos, desenhos, letras, números e sentenças, ela sugere que o
estudante aponte, fazendo-se entender.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer do capítulo, oferecemos o conhecimento teórico e aborda-
mos as possibilidades práticas para ensinar estudantes com deficiência. Por
meio desse estudo, concluímos que promover adaptações curriculares não
significa individualizar o atendimento do estudante com deficiência, ou seja,
oferecer a ele um currículo especial e diferente, mas sim permitir que tenha
oportunidade de aprender como os demais alunos, por meio de adaptações
nas atividades, recursos e técnicas de ensino. As adaptações curriculares exi-
gem um trabalho de equipe, do conhecimento, da atitude e do planejamento
organizado pelo professor.
GABARITO
1. O conhecimento sobre esses aspectos é importante, porque vai possibilitar com-
preender o estudante com deficiência e entender as suas necessidades, para, assim,
elaborar um planejamento com adaptações curriculares. Além disso, conhecendo as
possibilidades de adaptações para cada tipo de deficiência, poderá garantir a aprendi-
zagem de todos os estudantes.
2. É necessário propor adaptações que envolvam o tato, utilizando, por exemplo, contor-
no em relevo nas formas, objetos concretos e frutas vazadas. Uma sugestão é preen-
cher as formas com materiais de diferentes texturas: algodão, lixa, raspas de lápis,
bolinhas de papel etc.
específico de aprendizagem. Para Zorzi (2008), o indivíduo disléxico SECCO, P. E. São Paulo:
tem um déficit nas habilidades de linguagem, especificamente na lei- Melhoramentos, 2006.
tura, o que faz com que ele tenha dificuldades para compreender as
estruturas sonoras das palavras e fazer a correspondência dos fone-
mas às letras, tornando a aprendizagem da leitura algo que demanda
tempo e muito esforço.
C
mas isso apenas reforça a importância de
o professor estar informado para motivar o
aluno e tornar a aprendizagem acessível.
Exemplo 2
Você sabia que a baleia não é um peixe? Isso mesmo, a baleia é um mamífero. Dife-
rentemente dos peixes, elas produzem leite para seus filhotes. Outra característica é
que a baleia respira pelos pulmões, e os peixes, pelas brânquias.
Direção: Aamir Khan; Amole Gupte. O aluno com dislexia precisa se sentir amparado e confiante de que
Índia: Ásia Mundi, 2007. sua dificuldade não impedirá o seu sucesso escolar.
A palavra discalculia “vem do grego (dis, má) e do latim (calculare, contar), forman-
do assim o ‘malcontar’” (OLIVEIRA, 2019b, p. 5).
Acho que ele tem problema na cabeça. Está com 9 anos e pedi para ir comprar pães
para o café. Dei para ele uma nota de R$ 5,00. A compra deu R$ 3,00, ele voltou com
uma nota de R$ 2,00 e os pães para casa. Falei para ele ficar com o troco, só pedi
que me desse a nota que eu dava duas moedas de R$ 1,00 para que colocasse no
cofrinho que ele tem. Ele chorou e não entendeu que a nota de R$ 2,00 correspondia
ao mesmo valor de duas moedas de R$ 1,00, dizia que eu queria enganar ele.
Ensino Vida
Etapa
Educação
infantil fundamental adulta
• Organizar os brinquedos
• Estimar custos.
de maneira lógica. • Entender valores.
• Fazer compras.
• Escrever os números na
Dificuldades
• Fazer contagem e
• Ter controle financeiro.
entender o significado de ordem correta.
• Compreender o tempo.
contar. • Compreender frações e
• Fazer cálculos mentais.
• Reconhecer conceitos de medidas.
• Entender gráficos e
maior, menor, alto, baixo. • Acompanhar a
Fireofheart/Shutterstock
planilhas.
• Relacionar o número à pontuação de um jogo.
• Estimar velocidade e
quantidade.
julgar distâncias.
• Escrever os números
sem invertê-los.
Karla tem 6 laranjas e gostaria de distribuí-las entre duas amigas. Quantas laranjas
Karla poderá entregar para cada amiga?
Essa situação-problema pode ser facilmente resolvida por um estudante com discal-
culia se for apresentada da seguinte forma:
• Solicite que o estudante distribua as laranjas, interligando-as às amigas.
Valentyn Volkov/
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amiga 1 amiga 2
(Continua)
Na sala de aula
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“será disgráfica toda criança cuja escrita seja defeituosa, quando não tem algum
déficit neurológico ou intelectual importante que justifique”.
Disgrafia Disortografia
•• Incentivar a aprendizagem de habilidades de digita- •• Evitar o uso de canetas vermelhas na correção dos
ção. cadernos e provas.
•• Permitir que o estudante receba ajuda de um escriba •• Manter-se calmo diante dos erros ortográficos e gra-
(colega que poderá ajudar nos registros). maticais.
•• Oferecer atividades digitalizadas. •• Usar material multissensorial para estimular os senti-
•• Permitir o uso de abreviaturas em alguns escritos. dos, especialmente o tato e a audição.
•• Quebrar a escrita em fases e ensinar os alunos a fazer •• Proporcionar exercícios de trava-língua a fim de pro-
o mesmo. mover a consciência fonológica da criança com dificul-
•• Permitir que o aluno use letra cursiva ou de forma, dade em leitura, escrita e ortografia.
optando pelo que for mais legível. •• Trabalhar a ortografia com jogos.
•• Permitir que o aluno utilize o instrumento de escrita •• Orientar a produção escrita.
que é mais confortável para ele. •• Reescrever textos em parceria com o estudante, aju-
•• Considerar se o uso de software de reconhecimento dando-o a perceber o erro.
de voz poderá ser útil. •• Trabalhar a consciência fonológica, a percepção das
•• Reduzir as tarefas de cópia. letras, palavras e sílabas.
•• Fornecer estrutura extra e prazos intermitentes para •• Estimular a percepção visual.
tarefas de longo prazo. •• Não dar muita ênfase à escrita correta no momento
•• Remover “nitidez” ou “ortografia” (ou ambos) dos cri- da avaliação, procurando considerar a dificuldade e
térios avaliativos. o esforço.
•• Ampliar o tempo das avaliações e priorizar a oralidade
e as questões de múltipla escolha.
Além das adaptações que podem ser feitas na sala de aula, os mo-
mentos individualizados de ensino são muito importantes, porque
tornam possível utilizar técnicas que vão ao encontro da necessidade
específica do estudante. Por exemplo, se ele está com muita dificulda-
de em segurar o lápis (disgrafia), poderá fazer exercícios de fortaleci-
mento de braço, mãos e dedos e praticar a escrita com um adaptador.
A utilização do adaptador em sala de aula poderá constranger o es-
tudante pelo fato de somente ele utilizar o recurso; sendo assim, é
possível trabalhar no atendimento especializado de modo individual
e também orientar a família para que o adaptador seja usado nas
tarefas de casa.
1. Relato da professora
Todos os dias é assim, quando estou explicando o conteúdo, ele fica na mesa
de trabalho batendo os pés no chão e, quando para de bater os pés, começa
a bater o lápis na mesa, depois de alguns minutos pede para ir ao banheiro.
(Continua)
3. Relato do aluno
Um dia desses, eu não conseguia ficar sentado na sala de aula, não aguentava
mais ouvir a professora explicar o texto, minhas pernas não me obedeciam, fi-
cavam balançando o tempo todo e me deu um aperto no peito. Então pedi para
ir ao banheiro, a professora deixou, ainda bem. Voltei para a sala e me sentei.
Passada uma meia hora, pedi para tomar água, a professora deixou. Quando
voltei para a sala de aula, a atividade era fazer uma leitura silenciosa de um texto
de duas folhas, pensei que iria enlouquecer fazendo a leitura e sabia que a pro-
fessora não iria me deixar sair novamente da sala, então joguei uma borracha
embaixo da mesa da professora e fui rastejando buscar. Ela imediatamente me
mandou sair da sala de aula e ir falar com a diretora. Que alívio!
Exemplo 3
A professora do 4º ano preparou um filme com duração de duas horas para os
alunos assistirem. No momento de preparar a aula, pensou no seu aluno com
diagnóstico de TDAH e, conhecendo o estudante e a teoria sobre o transtorno, teve
certeza de que o estudante iria atrapalhar a aula, pois não conseguiria ficar em
silêncio assistindo ao filme. Pensou em mudar a estratégia, mas gostaria muito
de trabalhar o conteúdo com base do contexto do filme, que era ótimo. Pensou
em sugerir que o estudante fosse para a sala dos professores no momento do fil-
me, assim não atrapalharia os demais alunos, mas não achou a atitude correta, e, Atividade 3
considerando que o estudante com TDAH tinha habilidades para o desenho, modi- Quando há um estudante com
ficou o planejamento. Fragmentou o filme em dois dias: no primeiro dia, passou a transtorno do déficit de atenção
metade do filme e fez algumas pausas durante a exibição para que os estudantes e hiperatividade (TDAH) em
sala de aula, o ensino-apren-
registrassem as cenas, construindo com desenhos uma história em quadrinhos. dizagem se torna um desafio
No segundo dia, concluiu a exibição do filme, e os estudantes finalizaram suas tanto para o professor quanto
produções. Além disso, a professora decidiu passar o filme no primeiro horário da para o estudante. Para que
aula, considerando que o estudante com TDAH ficava mais concentrado no início ambos consigam trabalhar em
das atividades escolares diárias. Assim, a estratégia atingiu os resultados esperados harmonia, é imprescindível
que o professor tenha algumas
com todos os estudantes da turma.
práticas atitudinais. Relacione
três atitudes que o professor
poderá adotar em sala de aula
Considerando o exemplo apresentado, é possível perceber o quanto
com estudantes TDAH.
é importante o professor conhecer o estudante e os principais aspec-
ECOLOGIA Economize
Doe coisas combustível
desnecessárias
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REFERÊNCIAS
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sobre-tdah/o-que-e-tdah/. Acesso em: 20 ago. 2020.
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Gonçalves: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, 2018.
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dislexia e outros transtornos específicos de aprendizagem. 2015. Disponível em: https://
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OLIVEIRA, D. Avaliação, intervenção, diagnóstico. Discalculia. Rio de Janeiro: Psique Easy,
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OLIVEIRA, D. Avaliação, intervenção, diagnóstico. TODA, TDAH. Rio de Janeiro: Psique Easy,
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PEREIRA, R. S. Dislexia e Disortografia. Programa de Intervenção e Reeducação. Montijo:
You Books, 2009. v. 1 e 2.
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ZORZI, J. L. Guia prático para ajudar crianças com dificuldades de aprendizagem: dislexia e
outros distúrbios – um manual de boas e saudáveis atitudes. Pinhais: Melo, 2008.
2. Disgrafia diz respeito à incapacidade de escrever com letra adequada, legível. Disor-
tografia está relacionada à escrita irregular, com erros ortográficos, trocas, omissões
e substituição de letras.
3. Entre as práticas indicadas neste capítulo, temos: construir uma relação afetiva com o
estudante; colocar ele sentado no meio da sala de aula, distante de portas e janelas;
evitar muitos estímulos visuais; combinar quando ele poderá sair da sala; e evitar ati-
vidades muito longas.
Saiba mais
Sinais de desordem sensorial:
⋅ sensibilidade à luz;
⋅ sensibilidade a sons altos (o autista geralmente coloca a mão nos ouvidos e pode
gritar ou chorar);
⋅ sensibilidade à textura de alguns alimentos e tecidos (roupas), e as etiquetas tam-
bém podem incomodar;
⋅ resistência ao toque;
⋅ resistência a cortar o cabelo ou escovar os dentes;
⋅ falta de reação a estímulos ou extrema reação (quente, frio, dor etc.).
kco
tsrett
ria, desenho etc. (BRASIL, 2003, p. 26)
uhS/ue.e
Sempre que os alunos fizerem pergun-
ehpargotohP
tas a respeito da inclusão do estudante
autista, o professor deverá responder li-
Filme mitando-se ao que foi perguntado e ficar
atento às intenções das perguntas, observando se essas não têm
caráter discriminatório – muitas vezes, por falta de conhecimento e
sensibilização, os autistas sofrem rejeição no contexto escolar.
O filme Uma viagem Goldstein (2012) argumenta que a inclusão do estudante autista
inesperada é baseado em deve envolver a escola como um todo. Desse modo, os funcionários
fatos e conta a história de
irmãos gêmeos autistas devem receber informações sobre as características do transtorno
discriminados pelo pai e compreender que: ao falar com a criança, é importante gesticu-
e pelo sistema escolar.
Com o apoio incansável lar; mesmo que ela não estabeleça o contato visual, é necessário
da mãe, os meninos continuar falando; se o autista não olhar nos olhos da pessoa não é
conseguem superar as
dificuldades. porque não está interessado no assunto, mas sim uma dificuldade
Disponível em: https:// que ele tem.
pedagogiaaopedaletra.com/filme-
uma-viagem-inesperada-missao-
Na hora do lanche, muitas vezes, o autista se mostra desorganiza-
especial-com-zac-efron/. Acesso do e/ou recusa a alimentação. Por isso, é preciso que as pessoas que
em: 17 ago. 2020.
trabalham no refeitório da escola compreendam que ele seleciona ali-
mentos e que pode ter dificuldades motoras para segurar o talher, po-
Atividade 3 dendo acontecer de derramar o alimento na mesa ou no chão. Ainda,
A comunicação é uma das difi- se o local possui muito barulho e movimento, é sugerido encontrar um
culdades que a criança com TEA
lugar mais calmo para o estudante com TEA.
apresenta. Quais são os recursos
que o professor poderá utilizar Além disso, a formação continuada dos professores é essencial para
para se comunicar melhor com o
aluno autista?
a compreensão das características do transtorno e a prática de um en-
sino inclusivo.
Exemplo
A professora prepara uma atividade para os alunos do 1º ano, em que cada um
irá até a frente da sala, escutará o numeral mencionado pela professora e, na
sequência, deverá representar com desenhos no quadro a respectiva quantidade
(exemplo: número 3 → representação: ***). Um aluno autista se recusa a ir até a
lousa, então, a professora sugere uma atividade na carteira com o mesmo objetivo,
em que o estudante deverá representar a quantidade com material concreto.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esperamos que o conteúdo deste capítulo tenha ajudado na com-
preensão do transtorno espectro autista (TEA) e de suas características.
Como vimos, o autista deve ser inserido na escola comum, com direito
a professor auxiliar quando for necessário. O atendimento educacional
especializado (AEE) também é responsável por dar o suporte educacional,
contribuindo com o trabalho do professor regente da sala de aula.
O estudante com TEA aprende de um jeito diferente e, por esse moti-
vo, o diferencial deverá acontecer por meio das adaptações curriculares e
da capacitação dos professores.
GABARITO
1. A área considerada a base dos sintomas é a socialização. Como exemplos práticos, po-
demos citar: a criança fica isolada, não gosta de festas, não participa das brincadeiras
com os colegas, entre outros.
2. O aluno reagiu assim porque os autistas têm desordens sensoriais, isto é, são sensí-
veis a barulhos, luzes e texturas. Uma opção seria realizar a atividade com bolas feitas
de papel, no lugar de balões de ar.
3. Poderá utilizar imagens, quadros e dicas visuais que permitam ao aluno apontar, di-
zendo o que quer e demonstrando suas emoções e seus sentimentos.
Na sala de aula
Um livro interessante para o trabalho da valorização da diversidade
na sala de aula é Flicts, do cartunista Ziraldo. O texto tem como perso-
nagens as cores e apresenta a história de uma cor que não consegue se
encaixar em lugar nenhum por ser diferente. Nem mesmo na caixa de
lápis de cor ela é aceita, e por ser excluída, fica muito triste, à procura
de um lugar que possa ser compreendida.
O medo é uma sensação que todo ser humano tem, surge quando
estamos muito preocupados com alguma situação ou porque estamos
diante do novo, da mudança.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esperamos que este livro tenha ampliado o seu conhecimento teórico
sobre a inclusão educacional e que os relatos apresentados neste capítu-
lo tenham sido sensibilizadores para a certeza de que a inclusão é possível
quando há conhecimento e disposição de todos. As pessoas envolvidas
no processo de inclusão passam por medos e incertezas que são comuns
e aprendem a superar e a encontrar a beleza na diversidade.
REFERÊNCIAS
CARNEIRO, M. A. O acesso de alunos com deficiência às escolas e classes comuns: possibilidades
e limitações. Petrópolis: Vozes, 2007.
MANTOAN, M. T. E. Inclusão escolar: o que é? Por quê? Como fazer? São Paulo: Moderna,
2003.
PAULA, A. R. de; COSTA, C. M. A hora e a vez da família em uma sociedade inclusiva. Brasília:
Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2007. Disponível em: https://
www.construirnoticias.com.br/a-hora-e-a-vez-da-familia-em-uma-sociedade-inclusiva/.
Acesso em: 26 ago. 2020.
PETEAN, E. B. L.; PINA-NETO, J. M. Investigações em aconselhamento genético: impacto
da primeira notícia – a reação dos pais à deficiência. Medicina, Ribeirão Preto, n. 2, v. 31,
p. 288-295, 1998. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/rmrp/article/view/7675/9213.
Acesso em: 26 ago. 2020.
SILVA, A. B. B. Mundo singular: entenda o autismo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
2. O medo é um sentimento comum que temos quando nos deparamos com situações
novas e somos convidados a enfrentar desafios. No processo de inclusão, não significa
que o professor tem medo do estudante, mas, sim, medo de não conseguir enfrentar
a realidade, de ter que mudar as estratégias de ensino e principalmente medo de não
garantir a aprendizagem do aluno.
PERSPECTIVA
INCLUSIVA
MARISTELA C. METZ SASS
MARISTELA C. METZ SASS