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AUTISTA- TEA
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 4
2 O DIREITO À INCLUSÃO............................................................................. 5
6.3 TDAH.................................................................................................. 32
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TRANSTORNO DO ESPECTRO
AUTISTA- TEA
7.1 Método ABA e TEACCH..................................................................... 37
9 BIBLIOGRAFIA........................................................................................... 47
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TRANSTORNO DO ESPECTRO
AUTISTA- TEA
1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
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TRANSTORNO DO ESPECTRO
AUTISTA- TEA
2 O DIREITO À INCLUSÃO
Fonte: https://diariodainclusaosocial.com/
A inclusão ocorre não apenas nas placas indicativas em filas preferenciais, mas
por meio de ações que contribuem de fato para o reconhecimento das pessoas com
deficiência. Entre essas ações, você pode considerar:
1. o ensino de Libras para todos, independentemente do curso ou da vivência,
para que essa língua seja disseminada no Brasil, tendo em vista que é a segunda
língua oficial do País (BRASIL, 2002);
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TRANSTORNO DO ESPECTRO
AUTISTA- TEA
2. o uso de piso tátil e de placas indicativas, de semáforo sonoro, materiais e
móveis em Braille para os cegos;
3. o uso da comunicação alternativa para todas as pessoas com deficiência
intelectual e TEA;
4. a adaptação da arquitetura dos imóveis, dos carros, dos transportes públicos
e das calçadas para os deficientes físicos.
Assim, com respeito a todos e prezando pela igualdade, a sociedade, de fato,
caminhará para a inclusão. Na Figura 1, a seguir, você pode ver a evolução do
emprego formal das pessoas com deficiência no Brasil, conforme relatório do
Ministério do Trabalho (BRASIL, 2017).
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AUTISTA- TEA
acessibilidade e inclusão de pessoas com deficiência, são necessárias mudanças nos
hábitos e costumes da população.
Em relação ao transporte, é necessário que exista gratuidade ou desconto em
passagens no transporte público, intermunicipal e interestadual. Com isso, a
adequação e a acessibilidade devem ser garantidas pelas empresas para que a
mobilidade seja atendida. Há também a necessidade de reserva de vagas para as
pessoas com deficiência, que têm prioridade para ocupar os assentos. Além disso,
devem ser reservadas vagas em estacionamentos públicos e privados (desde que o
automóvel esteja cadastrado para o transporte de pessoas com deficiência, seguindo
a legislação de trânsito). Já no campo trabalhista, os concursos devem garantir a
reserva de no mínimo 5% das vagas para as pessoas com deficiência. Muitas pessoas
não sabem, mas a Lei de Cotas garante horário de serviço reduzido a essa população,
dependendo de suas limitações, sem prejuízo salarial, desde que a deficiência seja
comprovada com laudo médico.
A recusa de empregar pessoas com deficiência sem uma justificativa plausível
ou aceitável pelo Ministério do Trabalho é motivo para que a empresa seja denunciada
e processada com multa. No que se refere à educação, as pessoas com deficiência
têm o direto de ocupar 5% do total de vagas nas universidades públicas; em
instituições privadas, devem existir programas para atender a esses estudantes. Na
educação básica, é fundamental que a lei seja cumprida, ou seja, todos devem ter a
escolarização garantida. Todavia, para que os direitos das pessoas com deficiência
sejam garantidos, é necessário que o preconceito e a discriminação sejam
continuadamente descontruídos e combatidos.
As pessoas com deficiência também estão isentas de tributos previstos na
Constituição Federativa do Brasil (BRASIL, 1988), tais como: IPVA e IPI em
automóveis utilitários. Para que isso ocorra, o Código Nacional de Trânsito Brasileiro
regulamentou que não há necessidade de o carro ser adaptado, mas o comprador
deve apresentar os documentos necessários para a aquisição do veículo. No caso de
pessoas com deficiência física e mobilidade reduzida, os carros devem ser adaptados.
Vale destacar que os automóveis das pessoas com deficiência devem manter o selo
de identificação no vidro dianteiro.
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TRANSTORNO DO ESPECTRO
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Além disso, a Lei nº. 9.394/1996 (BRASIL, 1996) se refere à importância do uso
do cão-guia, o que se relaciona ao direito dos deficientes visuais de transitar e se
locomover em todo o território brasileiro, inclusive em viagens nacionais e
internacionais.
De acordo com o art. 8º da Lei nº. 7.853/1989 (BRASIL, 1989), será punido com
pena de reclusão de 1 a 4 anos e multa:
a) quem recusar, suspender, cancelar ou fazer cessar, sem justa causa, a
matrícula de aluno com deficiência;
b) impedir o acesso de pessoa com deficiência a qualquer cargo público;
c) negar trabalho ou emprego ao deficiente;
d) recusar, retardar, diminuir ou dificultar a internação hospitalar ou deixar de
prestar assistência médico-hospitalar ou ambulatorial, quando possível à pessoa com
deficiência.
Ao longo dos séculos, os deficientes foram adquirindo seus direitos e também
deveres para a convivência em uma sociedade justa e igualitária. Em resumo, a
Constituição Federal regulamenta o direito à igualdade de todos, bem como o direito
ao acesso e à permanência das pessoas com e sem deficiência em espaços públicos
e privados, além do direito à vida e à segurança. Para tanto, é importante a
colaboração, a participação e o envolvimento do Estado e dos cidadãos. Assim, de
fato, é possível construir uma sociedade justa, igualitária e sem discriminação.
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TRANSTORNO DO ESPECTRO
AUTISTA- TEA
As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado
diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo substitutivas
à escolarização. Esse atendimento complementa e/ou suplementa a formação dos
alunos com vistas à autonomia e independência na escola e fora dela (BRASIL, 2008,
p. 10). Com base nessa definição, a caracterização desse serviço e do público a que
se destina precisa ser compreendida. Afinal, quem é o grupo de alunos que poderá
frequentar e ser matriculado no atendimento educacional especializado? Somente os
alunos com alguma deficiência? Será que os alunos com dificuldades na leitura e na
escrita, aqueles que não conseguem se alfabetizar, os alunos agitados ou com déficit
de atenção e os hiperativos também podem frequentar o AEE?
O mesmo questionamento vale para os alunos com dificuldades de conduta, os
agressivos e aqueles que têm dificuldades em acompanhar o currículo escolar.
Historicamente, a educação especial organizou os seus serviços de forma que todos
os alunos com necessidades educacionais especiais eram atendidos por essa
modalidade de ensino. Porém, a Política Nacional de Educação Especial na
Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008) — e todas as normativas que se
seguiram ao seu lançamento, como a Resolução CNE/ CEB nº. 4/2009, que institui as
Diretrizes Operacionais para o atendimento educacional especializado na Educação
Básica, na modalidade Educação Especial — define, em seu Artigo 4º, quem são os
alunos a quem se destina o atendimento educacional especializado:
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TRANSTORNO DO ESPECTRO
AUTISTA- TEA
claramente um grupo específico de alunos, e não mais todos os alunos que
apresentam necessidades educacionais especiais. Dessa forma, é importante que
você compreenda que sujeitos com dificuldades de aprendizagem, distúrbios
emocionais e de comportamento, déficit de atenção, hiperatividade, atraso no
desenvolvimento neuropsicomotor, dislexia, entre outros, não fazem parte do público-
alvo da educação especial.
É importante destacar que a partir da Nota Técnica nº 04/2014 - MEC/
SECADI/DPEE cai a obrigatoriedade da exigência de um laudo médico para incluir os
alunos com deficiência ou dificuldades no Atendimento Educacional Especializado -
AEE. Nesse sentido, muitos alunos com diversas dificuldades de aprendizagem têm
a garantia de ingresso no AEE, mesmo não tendo nenhuma deficiência diagnosticada.
A partir da compreensão do grupo de alunos que poderá frequentar o AEE,
esse serviço é organizado de forma complementar e/ou suplementar ao ensino regular
— ou seja, não substitui a escolarização. Portanto, o atendimento educacional
especializado caracteriza-se como um serviço pedagógico que opera na oferta de
recursos de acessibilidade que visam à participação e aprendizagem dos alunos
público-alvo da educação especial no ensino regular.
O Decreto nº. 7.611/2011, no Art. 30, dispõe sobre os objetivos do atendimento
educacional especializado:
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TRANSTORNO DO ESPECTRO
AUTISTA- TEA
O AEE é realizado prioritariamente, na sala de recursos multifuncionais da
própria escola ou em outra escola de ensino regular, no turno inverso da
escolarização, não sendo substitutivo às classes comuns, podendo ser
realizado, também em centro de atendimento educacional especializado da
rede pública ou de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas
sem fins lucrativos, conveniadas com a Secretaria de Educação ou órgão
equivalente dos Estados, Distrito Federal ou dos Municípios (BRASIL, 2009,
documento on-line).
Fonte: ttps://www.saobentodouna.pe.gov.br/
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AUTISTA- TEA
3 DO TGD PARA O TEA NO DSM-5
Fonte: educarepedagogia.com.br
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manual ajuda a estimular uma série de revisões de questões relacionadas à doença
mental. O DSM-II, que foi desenvolvido em paralelo com o CID-8, foi publicado em
1968 e é muito semelhante ao DSM-I, com uma ligeira mudança na terminologia
(ARAÚJO; NETO, 2013).
Ainda segundo Araújo e Neto (2013), em 1980, a APA publicou a terceira
edição do seu manual, introduzindo importantes mudanças metodológicas e
estruturais, as quais foram parcialmente retidas para a edição mais recente. Além de
promover pesquisas empíricas, sua publicação representa um importante avanço no
diagnóstico dos transtornos mentais. O DSM-III propõe um método mais descritivo
que organiza critérios diagnósticos claros em um sistema multieixo, com o objetivo de
fornecer ferramentas aos médicos e pesquisadores, ao mesmo tempo que facilita a
coleta de dados estatísticos. O manual foi revisado e corrigido, levando à publicação
do DSM-III-R em 1986.
Em 1994, uma onda de pesquisas, revisões de literatura e testes de campo
levaram a APA a apresentar o DSM-IV. A evolução do manual representa um aumento
significativo de dados, incluindo diversos novos diagnósticos descritos com padrões
mais claros e precisos. A versão revisada desta versão foi lançada como DSM-IV-TR,
em 2000, e foi usada oficialmente até o início de 2013 (ARAÚJO; NETO, 2013).
O DSM-5 foi lançado oficialmente em 18 de maio de 2013. É a versão mais
recente do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da American
Psychiatric Association. A publicação é resultado de doze anos de pesquisas,
resenhas e pesquisas de campo realizadas por centenas de profissionais divididos em
diferentes grupos de trabalho. O objetivo final é garantir que a nova classificação que
inclui, reformula e exclui diagnósticos forneça uma fonte segura e científica para
aplicações em pesquisa e prática clínica, (ARAÚJO; NETO, 2013).
Para fechar o diagnóstico do TEA, a criança deve apresentar pelo menos três
sintomas dos três critérios A e dois sintomas dos quatro critérios B, bem como o
critério C + D. Além disso, as características clínicas são registradas pelo uso dos
especificadores supracitados (sem comprometimento intelectual, por exemplo).
Fonte: https://secad.artmed.com.br/
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TRANSTORNO DO ESPECTRO
AUTISTA- TEA
como contato visual reduzido, expressões faciais limitadas e formas incomuns de
interação com as outras pessoas. Você pode ter observado que, juntamente com
interesses em geral limitados e muitas vezes intensos, muitas crianças com TEA
também são altamente sensíveis a certos toques, texturas, sons ou visões – e
preferem a mesma rotina todos os dias.
Embora essas características ainda sejam essencialmente as mesmas que
usamos para descrever o autismo nos dias atuais, temos, agora, uma compreensão
mais complexa sobre o caminho de vida para aqueles com TEA. Os sintomas
raramente são perceptíveis durante os primeiros 6 meses de vida e costumam surgir
em torno dos 8 a 12 meses. Contudo, para cerca de um terço das crianças que irão
ter autismo, o desenvolvimento é aparentemente normal até o fim da primeira infância,
seguido por perda de habilidades no mesmo período.
Independentemente da época do desenvolvimento, a severidade do transtorno
varia de modo considerável – alguns indivíduos vivem e trabalham de forma
independente; outros não conseguem. Alguns desenvolvem habilidades de linguagem
adequadas; outros nunca a desenvolvem. Para a maioria, os desafios são contínuos
ao longo de toda a vida, mas toda criança faz progressos e adquire habilidades,
embora com ritmos muito variados. Em outras palavras, é certo que nem tudo o que
dissermos sobre autismo vai se aplicar ao seu filho.
Na verdade, embora por décadas os cientistas tenham tratado esse transtorno
como uma condição única, isso já não faz mais sentido. As crianças com autismo
diferem tanto umas das outras que é vital tomarmos os princípios gerais que iremos
abordar e, então, adaptá-los ao seu filho individualmente. Sem dúvida nenhuma você
já iniciou esse processo; faremos mais sugestões à medida que avançarmos. Por
enquanto, é importante entender que a ciência concorda com a intuição de muitos pais
de que existem vários tipos diferentes de autismo.
Essas diferenças podem ser enormes. Os pais cujo filho não sabe falar ou fazer
operações matemáticas irão questionar como ele pode ter a mesma condição que
uma criança que resolve um problema de álgebra ou consegue explicar a tabela
periódica dos elementos.
Da mesma forma, embora as causas sejam apenas parcialmente conhecidas,
estamos seguros agora de que há mais de uma causa para esse transtorno. De fato,
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TRANSTORNO DO ESPECTRO
AUTISTA- TEA
a visão científica mais recente é a de que o TEA é um conjunto de várias condições
relacionadas, com características identificáveis e parcialmente compartilhadas. Essa
nova compreensão abriu caminho para ganhos importantes no entendimento das
causas – e nova esperança para tratamentos efetivos para crianças com TEA.
Embora este livro explique muitos avanços recentes em nossa compreensão
do TEA, alguns dos mais significativos para os resultados que podemos esperar para
crianças com o transtorno – e os mais importantes para os pais estarem cientes – são
apresentados a seguir.
4.1 O autismo se estende ao longo de um espectro
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AUTISTA- TEA
os comportamentos devem estar causando prejuízos na vida da criança. Se eles não
resultarem em desafios nesses domínios, não serão definidos como um transtorno no
DSM.
O autismo como uma entidade independente foi incluído pela primeira vez
como uma entrada em 1980, na terceira edição do DSM (DSM-III), com a
denominação “autismo infantil”.
Em 1987, a APA publicou uma edição revisada (DSM-III-R), na qual o termo
“transtorno autista” foi apresentado com alguns critérios mais formalizados com base
em novas análises estatísticas. Em 1994, foi publicado o DSM-IV. O transtorno autista
permaneceu, mas uniu-se a condições associadas sob o termo abrangente de
“transtornos invasivos do desenvolvimento” (TID).
A designação incluía transtorno autista, síndrome de Asperger e TID não
especificado (esses três subgrupos se transformaram no futuro “espectro”), além da
síndrome de Rett e do transtorno desintegrativo da infância.
Outros termos associados, como transtorno de aprendizagem não verbal,
(TANV), foram excluídos por não serem considerados cientificamente rigorosos.
Assim, por quase duas décadas, de 1994 a 2013, tentamos estudar e tratar o autismo
dentro de três subcategorias oficiais: transtorno autista, síndrome de Asperger e TID.
Entretanto, como detalharemos em seguida, esse esforço para criar subtipos
fracassou. Em 2013, o novo DSM-5 eliminou as subcategorias, tais como síndrome
de Asperger versus transtorno autista, e criou um único transtorno do espectro autista
– desse modo, ampliando os critérios para autismo e simplificando a tarefa diagnóstica
do clínico.
Os critérios atuais abrangem essencialmente o que já mencionamos – desafios
de comunicação e interação social e comportamentos restritos e/ou repetitivos que
aparecem no início da vida e causam prejuízos significativos.
Embora os primeiros anos seguintes à identificação do TEA pelo psiquiatra Leo
Kanner na década de 1940 tenham focado na descrição das semelhanças no TEA,
com o passar do tempo, a ampla gama de desafios, pontos fortes e variabilidade
tornou-se aparente – culminando na tentativa malfadada no DSM-IV de criar
subcategorias formais. Várias descobertas convenceram o campo da psiquiatria a
abandonar os diagnósticos separados para síndrome de Asperger e TID.
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TRANSTORNO DO ESPECTRO
AUTISTA- TEA
Um fator importante foi que não havia tratamentos específicos para os
diferentes subgrupos. Ou seja, não havia diferenças padronizadas em como uma
criança diagnosticada com síndrome de Asperger e outra diagnosticada com
transtorno autista seriam tratadas. Mais importante ainda, descobriu-se que, na
verdade, os clínicos especializados não eram muito fidedignos na determinação de
quais crianças deveriam ser designadas a qual subclassificação diagnóstica.
Um achado decisivo em 2012 que ajudou a solidificar a importância de
conceituar o autismo como um transtorno de espectro, e não como três subgrupos
distintos, ilustra isso. O achado envolvia a avaliação de práticas diagnósticas para 2
mil crianças em 12 centros universitários na América do Norte, onde as pesquisas
clínicas estavam realizando avaliações diagnósticas para autismo exatamente da
mesma maneira.
Em cada localidade, os clínicos especializados nessas instituições de destaque
usaram ferramentas diagnósticas com padrão de excelência para avaliar o autismo e
administraram uma bateria de testes padronizada para qualificar outras
características, como cognição e linguagem. Para assegurar que todos estivessem de
fato conduzindo avaliações da mesma maneira e seguindo as diretrizes apropriadas
do DSM-IV, todas elas foram gravadas em vídeo.
A análise final mostrou que não havia diferenças nos tipos de crianças no
estudo – nenhum dos locais viu mais crianças com deficiência intelectual, ou mais
crianças com déficit na linguagem, irritabilidade, problemas motores, ou alguma das
outras centenas de variáveis –, embora os clínicos tenham chegado a índices
radicalmente diferentes das subclassificações.
Um dos locais apenas diagnosticou crianças com transtorno autista. Outro local
diagnosticou mais da metade das crianças com síndrome de Asperger. Outro, ainda,
não diagnosticou nenhuma criança com TID. Em outras palavras, os clínicos
concordaram que todas essas crianças satisfaziam os critérios diagnósticos para o
termo abrangente “autismo”, mas não conseguiram entrar em um acordo quanto à
subclassificação.
A mensagem final foi a de que mesmo os principais diagnosticadores na
América do Norte falharam no uso consistente e efetivo das subclassificações
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TRANSTORNO DO ESPECTRO
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baseadas no comportamento. Por fim, também não foram encontradas diferenças
biológicas convincentes entre os subtipos.
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genético denominado fenilcetonúria, ou PKU. Antes da identificação dessa mutação
genética, as crianças com PKU eram simplesmente diagnosticadas com deficiência
intelectual com base em seus sintomas (BERNIER; DAWSON; NIGG, 2021).
No entanto, a descoberta de que o gene associado à PKU é responsável pelo
processamento da fenilalanina no corpo acabou conduzindo a um caminho simples
para prevenir a PKU. Os bebês podem fazer um teste do pezinho no nascimento, e,
quando este for positivo, a prevenção desse subtipo de deficiência intelectual é uma
simples questão de retirar da dieta do bebê muitos alimentos que contêm fenilalanina.
Embora seja improvável que a história termine assim para o TEA, a lógica é similar –
os subgrupos biológicos e causais não serão óbvios na superfície, porém ainda há
muito a ser aprendido para ajudar as crianças em vários pontos ao longo do espectro.
Para nos debruçarmos sobre a genética por um momento, desde os primeiros
estudos de gêmeos, na década de 1970, já sabíamos que a genética desempenha um
papel no autismo. A partir de então, já foram identificadas muitas contribuições
genéticas para o transtorno e cerca de mil genes diferentes e regiões genômicas
implicados no autismo. Embora eles não determinem quem terá TEA da mesma forma
que o fazem para alguns dos mil tipos de deficiência intelectual, os achados sugerem
que o autismo é provavelmente mais bem entendido como um conjunto de muitas
condições relacionadas e que existem diferentes caminhos para o desenvolvimento
dos sintomas do que chamamos de autismo. Descobrir quais efeitos esses genes têm
em comum, se houver algum, será um importante objetivo para pesquisas futuras. Nos
próximos capítulos, nos aprofundaremos no que se sabe sobre as influências
genéticas e ambientais no TEA (BERNIER; DAWSON, 2016).
Até que os cientistas consigam identificar com precisão certos subtipos com
base na biologia, nos genes e nas causas ambientais, pais e clínicos podem obter
informações sobre como ajudar cada criança em particular entendendo em que ponto
a criança se localiza ao longo do espectro.
O ponto no qual uma criança específica se localiza no espectro depende em
grande parte da gravidade da condição, bem como do nível de desenvolvimento da
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TRANSTORNO DO ESPECTRO
AUTISTA- TEA
criança e da sua idade cronológica. De modo muito geral, se as características
definidoras de autismo forem consideravelmente severas e restritivas em uma criança,
e ela tiver um nível de desenvolvimento muito inferior ao padrão para sua idade
cronológica (digamos, um nível de desenvolvimento de 3 anos em uma criança de 12
anos), a criança se localiza no extremo do espectro e necessitará de muito suporte e
intervenção. Mas, como demonstraram pesquisas recentes, esse próprio suporte e
intervenção podem acabar melhorando a condição da criança e reduzir a quantidade
de suporte que ela precisa na vida diária para seguir em frente (GEORGIADES;
KASARI, 2018).
Gostamos da ideia de um espectro, pois ela pode nos ajudar a focar no perfil
individual, nos pontos fortes específicos e nos desafios da criança. Essa atenção
individualizada permite que sejam feitos planos para incorporar os pontos fortes que
uma criança tem, tais como processamento visual ou memorização mecânica, a fim
de compensar os desafios no processamento social ou as dificuldades com
transições.
Além desses sintomas específicos para autismo, pesquisas feitas nos últimos
20 anos nos mostram que existe uma gama de outras condições frequentemente
associadas ao transtorno, e estas também irão afetar o tipo de tratamento e suporte
que a criança precisa. É por isso que é tão importante que pais e clínicos identifiquem
tais fatores em cada criança que está sendo diagnosticada. Não são apenas os
sintomas nucleares que precisam ser considerados para produzir um bom resultado
para a criança, mas também essas outras condições (GEORGIADES; KASARI, 2018).
Nesse sentido, apresentamos a classificação do TEA de acordo com o DSM-V
da Associação Americana de Psiquiatria classifica (APA, 2014):
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TRANSTORNO DO ESPECTRO
AUTISTA- TEA
Nível 2 – “Requerendo suporte substancial”. Déficits acentuados nas
habilidades de comunicação social verbal e não verbal; deficiências sociais
aparentes mesmo com suportes no local; iniciação limitada de interações
sociais; e respostas reduzidas ou anormais à aberturas sociais de outros. Por
exemplo, uma pessoa que fala frases simples, cuja interação é limitada a
interesses especiais restritos e que tem uma comunicação não verbal
marcadamente estranha. A inflexibilidade do comportamento, a dificuldade
em lidar com a mudança ou outros comportamentos restritos/ repetitivos
aparecem com frequência suficiente para serem óbvios para o observador
casual e interferir no funcionamento em uma variedade de contextos. Aflição
e/ ou dificuldade em mudar o foco ou a ação.
Nível 1 – “Requerendo suporte”. Sem suportes, os déficits na comunicação
social causam deficiências visíveis. Dificuldade em iniciar interações sociais
e exemplos claros de resposta atípica ou malsucedida à aberturas sociais de
outros. Pode parecer ter diminuído o interesse em interações sociais. Por
exemplo, uma pessoa que é capaz de falar em frases completas e se engajar
em comunicação. Mas cuja conversa para frente e para trás com os outros
falha, e cujas tentativas de fazer amigos são estranhas e normalmente
malsucedidas. A inflexibilidade do comportamento causa interferência
significativa no funcionamento em um ou mais contextos. Dificuldade de
alternar entre atividades. Problemas de organização e planejamento
dificultam a independência (APA, 2014, p. 52).
Fonte: ttps://www.unama.br/
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TRANSTORNO DO ESPECTRO
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justos, a complexidade do que causa o autismo pode tornar um desafio explicá-lo ou
entendê-lo (BERNIER; DAWSON; NIGG, 2021).
De fato, nos últimos anos, os cientistas descobriram que o autismo é ainda mais
complexo do que pensávamos. Sobretudo, o reconhecimento, agora, é o de que o
TEA é um termo abrangente que provavelmente inclui diferentes condições com
diferentes causas. Na maioria dos casos, não podemos determinar a causa de
autismo para uma criança em particular (exceto em uma minoria dos casos, nos quais
pode ser identificada uma mutação genética) (BERNIER; DAWSON; NIGG, 2021).
O que realmente sabemos, com base na ciência mais recente, é que o
transtorno é causado por uma mescla de mutações genéticas raras em um subgrupo
de casos e por uma combinação de suscetibilidade genética comum e
desencadeantes ambientais em outros casos (provavelmente na maioria) (BERNIER;
DAWSON; NIGG, 2021).
Você provavelmente já ouviu argumentos sobre “natureza versus ambiente”.
Na verdade, a história das teorias sobre autismo está repleta de argumentos que
favorecem uma causa em relação a outra. Com nossos novos conhecimentos,
reconhecemos que essas teorias do tipo “ou... ou...” são falsas. Uma interação entre
genes e ambiente está quase sempre envolvida (BERNIER; DAWSON; NIGG, 2021).
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TRANSTORNO DO ESPECTRO
AUTISTA- TEA
filho é irresponsivo ou difícil de compreender. Em outras palavras, a causa e o efeito
são o oposto do que aqueles primeiros clínicos supunham (BERNIER; DAWSON;
NIGG, 2021).
Felizmente, a área avançou. Na década de 1960, uma teoria biológica e
genética do autismo já estava conquistando espaço. Um momento decisivo foi a
publicação de um estudo de gêmeos em 1977. Naquele estudo pioneiro, os cientistas
viajaram pela Inglaterra identificando todos os pares de gêmeos em que pelo menos
um deles tinha o transtorno – encontraram 21 pares ao todo. Então, examinaram com
que frequência gêmeos idênticos, que compartilham quase 100% do seu DNA, tinham
autismo, comparados com gêmeos fraternos, que compartilham cerca de 50% do seu
DNA.
Os cientistas relataram que ambos os gêmeos idênticos tinham TEA muito mais
frequentemente do que os gêmeos fraternos. De fato, nesse estudo em particular,
nenhum dos gêmeos dos pares fraternos tinham, ambos, autismo, mas, em 36% dos
pares de gêmeos idênticos, os dois tinham. Mesmo com o pequeno tamanho da
amostra (pelos padrões atuais), foi impossível conciliar o resultado com a hipótese da
“mãe geladeira”, o que enfatizou o papel desempenhado pela genética no
desenvolvimento do autismo.
Estudos posteriores de gêmeos que usaram definições diagnósticas mais
recentes de TEA e superaram algumas das limitações metodológicas daquele primeiro
estudo confirmaram esse quadro, identificando que em quase todos os pares de
gêmeos idênticos ambos tinham autismo, ressaltando ainda a forte influência genética
no transtorno.
Desde aquele estudo inicial pioneiro, a história genética assumiu a posição
central – algumas vezes, talvez, tendo sido excessivamente enfatizada, já que agora
também temos conhecimento das muitas influências ambientais no autismo (embora
a paternidade não pareça estar entre elas).
É importante entender que os pais não causam TEA, que a genética tem uma
participação importante e que os primeiros insultos ambientais também
desempenham um papel. Vamos separar os elementos genéticos e os ambientais
para maior clareza e, depois, voltaremos a reuni-los no final (BERNIER; DAWSON;
NIGG, 2021).
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TRANSTORNO DO ESPECTRO
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5.2 Genética e autismo
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TRANSTORNO DO ESPECTRO
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provável que resultem em TEA – nesses casos raros, estamos muito confiantes a
respeito do que causou o autismo da criança.
Outros genes são comuns, porém desempenham apenas um papel pequeno
no peso da balança. Além disso, certas mutações raras estão associadas a índices
mais altos de determinadas condições médicas, como convulsões ou problemas GI.
Pode ser importante ter essa informação para que você esteja atento a essas
condições e garanta que elas sejam tratadas rapidamente. É por isso que a testagem
genética é atualmente recomendada quando uma criança tem o transtorno, embora
ainda seja raro ter um teste genético positivo mesmo que uma criança tenha autismo
(HANSON et al, 2014).
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TRANSTORNO DO ESPECTRO
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5.4 O cérebro no autismo
Fonte: https://blog.matheustriliconeurologia.com.br/
Um dos aspectos mais óbvios no qual as crianças com autismo diferem entre
si são as outras condições que frequentemente ocorrem paralelas ao transtorno. Elas
podem ser físicas e comportamentais.
A razão para essas frequentes sobreposições, embora elas representem uma
pista potencial importante para as causas, de modo geral, não é bem conhecida. No
entanto, a forte sobreposição destas tem feito parte da motivação para a crescente
visão científica contemporânea de que o TEA e várias das condições listadas aqui
constituem uma família de comorbidades relacionadas e associadas a alterações
específicas, ainda a serem identificadas, no desenvolvimento inicial do cérebro e no
crescimento (Lord et al, 2018).
6.3 TDAH
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TRANSTORNO DO ESPECTRO
AUTISTA- TEA
sentimentos de ansiedade ou tristeza. Mas você pode ser capaz de identificar isso no
comportamento do seu filho, por exemplo, se ele é excessivamente receoso ou perde
o interesse em atividades de que as crianças costumam gostar.
Se o seu filho se encontra nesse grupo, um plano comportamental que leve em
conta a ansiedade ou as questões de humor pode ser útil, assim como métodos para
reduzir o estresse e melhorar o enfrentamento relacionado ao estresse, habilidades
que seu clínico pode recomendar como parte do tratamento do seu filho.
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TRANSTORNO DO ESPECTRO
AUTISTA- TEA
melhorar a higiene do sono têm efeitos significativos na aprendizagem e na redução
de comportamentos problemáticos. A melhora no sono do seu filho também tem um
impacto positivo na sua capacidade para dormir (BERNIER; DAWSON; NIGG, 2021).
A filha de Silvia, em idade escolar, tinha dificuldades para dormir, e sua família
estava recebendo apoio de um especialista em sono. Ela tinha autismo e deficiência
intelectual e havia experimentado problemas de sono significativos por toda a sua
vida. Além disso, dormia apenas duas horas por noite e, algumas vezes, passava um
dia ou dois sem dormir, o que também interferia no sono de todos os outros na família.
Nas semanas seguintes à intervenção no sono, que incluía uma combinação de
treinamento comportamental e prescrição de melatonina, Silvia foi ficando menos
pálida, a vibração em seus olhos castanhos emergiu de suas grandes pálpebras, e
até mesmo sua postura estava muito mais ereta. Ela disse que havia esquecido depois
de 9 anos como era dormir uma noite inteira. Silvia sentiu-se revitalizada e se envolveu
no mundo como não fazia havia quase duas décadas. As intervenções no sono que
foram adaptadas para indivíduos com autismo podem ser muito eficazes, e os efeitos
positivos se estendem além de simplesmente uma boa noite de sono para o seu filho
(BERNIER; DAWSON; NIGG, 2021).
De modo similar ao que ocorre com o sono, os problemas GI são comuns no
TEA. E isso não é uma coincidência, e sim um forte indício das causas do transtorno.
Apenas para dar uma ideia, nos dias atuais, estamos fazendo progresso na
compreensão da relação entre problemas GI e autismo. Isso ocasionou uma rápida
mudança na prática clínica. Até recentemente, os clínicos costumavam desvalorizar
as queixas GI, considerando-as apenas de interesse secundário ou incidental. Você
pode estar entre os pais aos quais foi dito “Precisamos focar no autismo” ou “Não
tenho certeza do que podemos fazer quanto a isso”. Entretanto, tornou-se evidente
que as queixas GI impactam significativamente o comportamento – crianças com tais
queixas têm comportamentos mais problemáticos e desafiadores do que aquelas sem
queixas. E isso faz sentido. Se você se sente desconfortável, ou com dor, estresses
ou frustrações superáveis podem rapidamente se tornar insuperáveis. Com o tempo,
a comunidade médica começou a levar a sério os comentários dos pais, e, atualmente,
as intervenções GI para crianças com esses problemas são incorporadas aos planos
de tratamento (BERNIER; DAWSON; NIGG, 2021).
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TRANSTORNO DO ESPECTRO
AUTISTA- TEA
Em suma, deficiência intelectual e de linguagem, TDAH, sono, problemas GI e
outras condições associadas complicam o planejamento para seu filho, mas também
fornecem pistas científicas úteis que transformaremos em dicas práticas ao longo
deste livro. O objetivo é capacitá-lo a criar mais facilmente o plano individual “mais
adequado” para o seu filho.
Fonte: ttps://www.autismoemdia.com.br/
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7.1 Método ABA e TEACCH
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dados de pesquisa e clínicos mais do que suficientes para recomendar a utilização de
práticas de análise aplicada de comportamento no tratamento de crianças autistas
(ROTTA; OHLWEILER; RIESGO, 2016).
Nesse tipo de terapia comportamental, o foco principal é a conduta observada
na criança, que nos permite compreender como o indivíduo aprende um padrão de
comportamento que lhe proporciona reforços e que leva a alguma forma de resposta.
Crianças com autismo frequentemente conseguem algum tipo de “resposta” ou
“reforço” por meio de comportamentos inadequados (como comportamentos
autoestimulantes, automutilantes, entre outros). Comportamentos socialmente mais
apropriados podem ser “aprendidos” por meio de princípios de reforço. Esses,
inicialmente, devem ser oferecidos rápida e frequentemente, de tal maneira que
aumentem o “valor” de comportamentos mais novos e mais adaptados socialmente
(ROTTA; OHLWEILER; RIESGO, 2016).
Entre os modelos que utilizam princípios de ensino estruturado, o mais
conhecido talvez seja o TEACCH (do inglês Treatment and Education of Autistic and
Related Comunication-handicapped children), criado por Schopler e colaboradores na
Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Tal programa é responsável pelo serviço de
avaliação, intervenção e coordenação de suporte em nível estadual na Carolina do
Norte. Combina estratégias cognitivas e comportamentais, com ênfase em
procedimentos com base em reforço para modificação de comportamento e em
intervenções para déficit de habilidades que possam estar subjacentes a
comportamentos inapropriados.
Esse programa parte do princípio de que crianças com autismo têm uma
interação diferente de crianças típicas e que o entendimento dessas diferenças
proporciona a criação de programas para melhorar o seu potencial de aprendizagem.
O programa tenta enfocar as capacidades visuoperceptivas de crianças com autismo
e tem um papel importante no desenvolvimento de medidas diagnósticas que usam
métodos de integração, bem como na proliferação dos sistemas visuais para essa
população especial (ROTTA; OHLWEILER; RIESGO, 2016).
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8 TECNOLOGIA ASSISTIVA PARA ALUNOS COM TEA
Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/
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comunicação. Dessa forma, segundo o dicionário on-line de português, comunicar
significa “transmitir informação, dar conhecimento de; fazer saber, participar”, ou seja,
colocar o mesmo assunto em questão num diálogo entre um grupo de pessoas. Se o
assunto é recebido e compreendido da mesma forma, então podemos dizer que a
comunicação e o diálogo estão acontecendo.
Segundo Nunes (2003), a comunicação é uma necessidade básica entre os
homens. A comunicação é um dos aspectos fundamentais da sobrevivência humana,
logo de todos nós. Ao nascermos nos comunicamos através choro para que
compreendam nossas vontades. Nosso contato vai aos poucos sendo refinado na
medida em que aprendemos a falar mantendo assim contato com os demais e,
simbolicamente nos formando humano como os demais. Dessa forma, não é incorreto
afirmamos que a comunicação refere-se a comportamentos sinalizadores que
ocorrem na interação de duas ou mais pessoas e que proporcionam uma forma de
criar significados entre elas.
A linguagem assim é entendida como um sistema composto por símbolos e
códigos arbitrários, construídos e convencionados socialmente e governado por
regras, que representam ideias sobre o mundo e serve primariamente ao propósito da
comunicação (NUNES, 2003).
Vygotsky estabelece uma relação da linguagem em seus aspectos sociais
como a origem das interações que compõem a consciência humana. A linguagem
assume um papel importante na formação da consciência, uma vez que, atravessados
por constructos sociais, são ressignificados em sentidos e servem de elementos para
construção de mundo dos sujeitos, de maneira contínua. Através da linguagem, por
meio da palavra, surgem significados, que se transformam em sentidos pessoais a
partir das emoções ou necessidades que estabeleceram o seu uso.
A linguagem transforma os sujeitos, e quando estes não desenvolvem, estes
sujeitos ficam afetados, sem poder se expressar o que reduz suas manifestações e o
circunscreve num universo restrito e individualizado, o que o afasta de algumas
condições básicas para socializar-se e buscar novas experiências. Nesta
circunstância, se faz primordial que se estabeleça uma comunicação funcional,
desenvolvida a partir da capacidade de transmitir e receber mensagens, com base no
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TRANSTORNO DO ESPECTRO
AUTISTA- TEA
contexto sociocultural. Ao se transmitir uma comunicação, existe uma finalidade, que
no caso da educação inclusiva é contribuir para o êxito do processo inclusivo.
Dessa forma, parte deste processo cabe aos profissionais responsáveis, que
devem em parceria com a família do aluno com deficiência identificar quais fatores
influenciam na dificuldade da comunicação dos alunos. Quando o professor se
disponibiliza a ajudar e identificar algum fator que impeça a inclusão, e, ao conversar
e interagir busque utilizar uma linguagem compreensível para a família este diálogo
será entendido gerando melhor qualidade deste processo.
Estabelecer com a família um espaço de comunicação e cooperação
possibilitará ao professor, um espaço de compreensão maior quando este necessitar
auxiliar a família na capacitação do recurso que se concordou utilizar. No caso da
Comunicação Aumentativa Alternativa, a família precisa estar ciente de que mais do
que a função comunicativa o processo auxilia no desenvolvimento das habilidades
motoras, cognitivas e afetivas.
A família poderá participar ativamente do processo de escolha do melhor
recurso para desenvolver a comunicação se compreender que ao trabalhar com o
sistema de comunicação, o professor também dará ênfase às habilidades motoras e
as habilidades cognitivas, nos aspectos referentes a percepção, atenção, memória,
raciocínio, conceituação, linguagem e alfabetização. Ainda que seja de conhecimento
comum que as famílias de alunos com deficiência buscam orientações, sobretudo com
TEA que gera dificuldade de relacionamento interpessoal e compreensão da
linguagem (quando desenvolvem), cabe ao professor e equipe capacitar esta família
para o processo. Faz-se crucial assim, que seja compreendido o que é a Comunicação
Alternativa e Ampliada (C.A.A.), e quais motivos para a adoção de um dos recursos
que ela proporciona (NUNES, 2003).
A família precisa estar informada de que a CAA refere outras formas de
comunicação além da modalidade oral, como o uso de gestos, língua de sinais,
expressões faciais, o uso de pranchas de alfabeto, símbolos pictográficos, uso de
sistemas sofisticados de computador com voz sintetizada, dentre outros. Também
importa consideravelmente que tenham conhecimento de que o uso da comunicação
alternativa é direcionado para sujeitos com grande defasagem na comunicação, como
autistas, pessoas com deficiência mental severa, surdos.
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TRANSTORNO DO ESPECTRO
AUTISTA- TEA
Nesses casos se faz necessária a comunicação alternativa para subsidiar essa
dificuldade, mas podem optar por recursos de baixa tecnologia ou recursos de alta
tecnologia, sendo Baixa Tecnologia, recursos mais acessíveis que possibilitam a
comunicação quando inexiste a linguagem oral, podendo ser representados através
de gestos manuais, expressões faciais, código Morse e signos gráficos como a escrita,
desenhos, gravuras, fotografias. Os recursos de Alta Tecnologia oferecem sistemas
de comunicação mais sofisticados, com utilização do computador como, por exemplo,
o software SCALA (NUNES, 2003).
Indivíduos com TEA têm uma afinidade natural com computadores. Instrução
assistida por computador é uma intervenção eficaz para alunos com TEA em uma
variedade de situações, tais como aquisição de vocabulário e identificação de
palavras; melhoria das competências comportamentais, das habilidades sociais e do
reconhecimento de expressões faciais. Essa categoria de intervenção mostrou
respostas no ambiente escolar na faixa etária dos quatro anos até a idade adulta. É
extremamente importante que professores, terapeutas e outros profissionais de saúde
sejam treinados para utilizar essas tecnologias (ROTTA; OHLWEILER; RIESGO,
2016).
Fonte: https://www.editorarealize.com.br/
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O projeto SCALA – Sistema de Comunicação Alternativa para Letramento de
Pessoas com Autismo configura-se como um plano articulado de investigação,
desenvolvimento tecnológico e formação. O desenvolvimento do Sistema SCALA visa
apoiar o processo do desenvolvimento da linguagem em sujeitos com autismo e com
déficits de comunicação, embasado epistemologicamente na teoria sócio histórica. O
software é desenvolvido de forma livre e gratuita com aproximadamente na atualidade
uma base pictográfica de 4000 símbolos de Arasaac e alguns desenvolvidos pela
equipe para atender a nossa diversidade cultural. (PASSERINO, 2015).
Na atualidade o SCALA conta com duas versões: Web e Android. A primeira
para utilização na Internet a partir de qualquer tipo de dispositivo e a segunda para
dispositivos móveis, do tipo tablet. O software atualmente encontra-se armazenado
num servidor, com um banco de dados contendo as imagens disponíveis para
utilização na construção das pranchas e das histórias, diretamente em
http://scala.ufrgs.br/ScalaWeb (PASSERINO, 2015).
Na prática o uso do software possui um módulo para a construção de pranchas
de comunicação e um de narrativas visuais para construção de histórias.
O módulo prancha possui as seguintes funcionalidades:
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1.Físicas: Avaliar a acuidade auditiva e visual, habilidades motoras
(preensão manual, flexão e extensão dos membros superiores),
habilidades perceptivas, dentre outras;
2. Emocionais: Com quem o sistema será utilizado o sistema? pais,
professores, amigos;
3. Cognitivas – local onde o sistema será utilizado, verificar nível de
escolaridade, compreensão, por parte dos alunos dos acontecimentos
cotidianos;
Competências de autonomia pessoal – o que ele já desenvolve com
autonomia;
Nível geral de conhecimento - que conhecimentos prévios este aluno
apresenta sobre o que é questionado;
Problemas de comportamento - que tipos de desajustes
comportamentais este aluno apresenta.
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AUTISTA- TEA
9 BIBLIOGRAFIA
BRASIL. Lei nº. 7.853, de 24 de outubro de 1989. Dispõe sobre o apoio às pessoas
portadoras de deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para
Integração da Pessoa Portadora de Deficiência - Corde, institui a tutela jurisdicional
de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério
Público, define crimes, e dá outras providências. 1989.
BRASIL. Lei nº. 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de
Sinais e dá outras providências. 2002.
BRASIL. Ministério da Educação. Política nacional de educação especial na
perspectiva da educação inclusiva. Brasília: MEC/SEESP, 2008. Disponível em: .
Acesso em: 29 jul. 2018.
BRASIL. Resolução nº. 4, de 2 de outubro de 2009. Institui Diretrizes Operacionais
para o atendimento educacional especializado na Educação Básica, modalidade
Educação Especial. 2009.
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BRASIL. Decreto nº. 7.611, de 17 de novembro de 2011. Dispõe sobre a Educação
Especial, o atendimento educacional especializado e dá outras providências. 2011.
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Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). 2015
HANSON, E., BERNIER, R., PORCHE, K., JACKSON, F., GOIN-KOCHEL, R.,
GREEN-SNYDEr, L., et al. The cognitive and behavioral phenotype of the deletion in
a clinically ascertained population. Biological Psychiatry, 2014, 77 (9), p. 785–793.
LORD, C., PETKOVA, E., HUS, V., GAN, W., MARTIN, D. M., OUSLEY, O., et al.
(2011). A multi-site study of the clinical diagnosis of different autism spectrum
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