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Disciplina: Tecnologias Assistivas, Comunicação Alternativa e Aumentativa

Autores: M.e Renata Burgo Fedato

Revisão de Conteúdos: Esp. Larissa Carla Costa

Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso

Ano: 2017

Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas


páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de
Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em
cobrança de direitos autorais.
Renata Burgo Fedato

Tecnologias Assistivas,
Comunicação Alternativa e
Aumentativa
1ª Edição

2017
Curitiba, PR
Editora São Braz

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FICHA CATALOGRÁFICA

FEDATO, Renata Burgo.


Tecnologias Assistivas, Comunicação Alternativa e Aumentativa /
Renata Burgo Fedato. – Curitiba, 2017.
70 p.
Revisão de Conteúdos: Larissa Carla Costa.

Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso.

Material didático da disciplina de Tecnologias, Comunicação Alternativa


e Aumentativa – Faculdade São Braz (FSB), 2017.
ISBN: 978-85-5475-097-8

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PALAVRA DA INSTITUIÇÃO

Caro(a) aluno(a),
Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz!

Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier,


nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de
dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão
Universitária.
A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e
comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas
também brasileiros conscientes de sua cidadania.
Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar
comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão
de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e
grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e
estudantes.

Bons estudos e conte sempre conosco!


Faculdade São Braz

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Apresentação da Disciplina

Nesta disciplina será estudado sobre as Tecnologias Assistivas, as


Comunicações Alternativas e Aumentativas, bem como, sobre a inclusão e os
direitos às adaptações ao currículo, ao serviço de apoio especializado
retomando os conceitos e as bases legais.
Os temas que serão estudados são importantes para construir e
descontruir conceitos, colocando em xeque vários paradigmas já enraizados
pela sociedade, a respeito dos alunos com deficiência com diferentes graus de
gravidade e comprometimento.

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Aula 1 - Tecnologia Assistiva

Apresentação da Aula

Na aula será abordado um tema muito expressivo, que colabora para o


bem-estar das pessoas com algum tipo de deficiência. Segundo Bersch (2013),
Tecnologia Assistiva (TA), é um termo ainda novo, utilizado para reconhecer todo
o aparato de serviços, recursos e técnicas que contribuem para proporcionar
uma vida mais independente a essas pessoas. A TA ajuda a promover maior
liberdade de ação, habilidade, para pessoas que se encontram impedidas de
realizar algumas funções no seu dia a dia. Através dessa intervenção as pessoas
com alguma deficiência se tornam mais independentes, livres, com mais
capacidade de comunicação e locomoção, e ainda conseguem avanços no seu
estudo e trabalho, e a aula visa a melhor compreensão sobre o assunto.

1.1 Conceitos Iniciais

Buscando proporcionar a acessibilidade e a autonomia às pessoas com


deficiências, é que o termo “ajudas técnicas” ou “tecnologias assistivas” são
amplamente discutidos e por alguns autores utilizados como sinônimos. Esses
termos e suas práticas advém com a promoção de igualdade de direitos para as
pessoas com deficiência, promovendo independentemente de suas condições a
oportunidade, de alcançarem a autonomia e a independência em todos os
aspectos da vida. O desenvolvimento das Tecnologias Assistivas é uma
expressão relativamente nova e propõe a valorização, a inclusão e a igualdade
dessas pessoas na promoção dos direitos humanos.

Saiba Mais
“O que é tecnologia?” “É muito mais que máquinas,
equipamentos e computadores; refere-se a qualquer produto
criado ou então inovado, que tenha função representada
pela necessidade de utilização no meio em que está inserido”
(CANDIDO, 2015, p. 56).

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[...] os recursos de tecnologia assistiva estão muito próximos do nosso
dia a dia [...] uma bengala, utilizada por nossos avós [...] bem como um
aparelho de amplificação [...] ou um veículo adaptado para uma pessoa
com deficiência. (MANZINI, 2005, p. 82)

O Decreto nº 5.296/2004 no âmbito da Secretaria Especial dos Direitos


Humanos da Presidência da República, em 16 de novembro de 2006, através da
portaria nº 142, instituiu o Comitê de Ajudas Técnicas (CAT), que reúne um
grupo de especialistas brasileiros e representantes de órgãos governamentais,
em uma agenda de trabalho com o objetivo de promover os Direitos Humanos
de todos. A acessibilidade é condição para utilização com segurança e
autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários, e equipamentos urbanos,
desde edificações, dos serviços de transportes e dos dispositivos, sistemas e
meios de comunicação e informação, por pessoa portadora de deficiência ou
com mobilidade reduzida. O CAT foi instituído com os principais objetivos:

• Apresentar propostas de políticas governamentais e parcerias entre a


sociedade civil e órgãos públicos referentes à área de tecnologia
assistiva;
• Estruturar as diretrizes da área de conhecimento;
• Realizar levantamento dos recursos humanos que atualmente trabalham
com o tema;
• Detectar os centros regionais de referência, objetivando a formação de
rede nacional integrada;
• Estimular nas esferas federal, estadual, municipal, a criação de centros
de referência;
• Propor a criação de cursos na área de tecnologia assistiva, bem como o
desenvolvimento de outras ações com o objetivo de formar recursos
humanos qualificados e propor a elaboração de estudos e pesquisas,
relacionados com o tema da tecnologia assistiva (BRASIL – SDHPR,
2012).

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Amplie Seus Estudos
Ciente da crescente demanda sobre o tema, vale a pena
conferir o livro Pesquisa Nacional De Tecnologia Assistiva de
GALVÃO FILHO, T. A., GARCIA, J. C. D. São Paulo: Instituto
de Tecnologia Social - ITS BRASIL e Ministério da Ciência,
Tecnologia e Inovação - MCTI/SECIS, 68 p., 2012.
Disponível em:
http://www.galvaofilho.net/noticias/pesquisa_TA.htm

Então, “por que estudar tecnologia assistiva?” Segundo a cosmovisão


inclusiva, é para se ter uma sociedade mais permeável à diversidade humana,
vislumbrando novos caminhos de inclusão social, pessoas com deficiência e
idosos, principal alvo da TA.
Muito se tem estudado sobre as crianças com autismo e certamente,
muitas especulações também aparecem sobre a causa do autismo. Sabe-se que
o tema e seus contextos são extremamente atuais e contemporâneos e que
estão em processo de desenvolvimento através das pesquisas.
Para isso, é importante retomar brevemente as características mais
específicas do autista, que é a extrema dificuldade de comunicação com o
mundo que o cerca e com as pessoas que fazem parte desse mundo, por mais
íntimas que sejam. As principais características apresentadas, são movimentos
repetitivos, falta/dificuldade de comunicação e a necessidade de uma rotina.
Cientes dessas principais características, foca-se em como a TA pode,
realmente, auxiliar o atendimento ao estudante com autismo.

Saiba Mais
Para aprofundar o conhecimento sobre a Tecnologia
Assistiva, acesse o Portal Nacional de Tecnologia Assistiva.
É um projeto inovador, viabilizado pela Secretaria de Ciência
e Tecnologia para a Inclusão Social (SECIS), do Ministério
de Ciência e Tecnologia (MCT), em parceria com o Instituto
de Tecnologia Social (ITS Brasil) que disponibiliza um
catálogo de produções em nível nacional de TA.
Disponível em:
https://assistivaitsbrasil.wordpress.com/sobre/

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1.2 Tecnologias Assistivas

A Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República


(SDH/PR), assim definiu TA:

Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica


interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias,
estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a
funcionalidade, relacionada à atividade e participação, de pessoas com
deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua
autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social.
(BRASIL, 2009, p. 26).

Segundo Carneiro, et al (2015), os entornos das Tecnologias Assistivas


ainda estão em fase de construção e que o novo paradigma da inclusão das
pessoas com deficiências nas escolas regulares, assim como as leis e os
diversos aspectos que rondam esse assunto promovem o desenvolvimento e
certamente o aprimoramento das tecnologias assistivas.

Atenção, o termo Tecnologia Assistiva é mais utilizado no


singular por referenciar uma área de conhecimento, além de ser
reconhecido também como sinônimos as seguintes
denominações: Ajudas Técnicas, Tecnologias de Apoio e
Tecnologias de Assistência de acordo com a preferência e
entendimento de cada autor. Em 2007, o CAT- Comitê de Ajudas
Técnicas, aprovou o termo “Tecnologia Assistiva” como oficial
para todos os tipos de documentos legais no país. Por isso, este
é o termo adotado neste material.

Entretanto, as Tecnologias Assistivas não trabalham de forma isolada,


pois se utilizam também de outros enfoques, como seu forte entrelaçamento com
as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). Para exemplificar esse
“entrelaçamento” entre as duas atuações, Galvão Filho (2009) exemplifica que
“uma pessoa com graves paralisias pode realizar qualquer atividade no
computador, por meio de Softwares Especiais de Acessibilidade, acionadores
artesanais e outros recursos de fácil acesso nos dias de hoje” (p.26).

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Para Refletir

Será que uma bengala pode ser considerada uma Tecnologia


Assistiva? Será que um ambiente mais acessível ou menos
diferente, propicia um indivíduo mais ou menos limitado em
termos de funcionalidade?

Assim, pode-se afirmar que a TA não se restringe a apenas instrumentos


ou ferramentas facilitadoras, mas engloba também o processo de ideias e
metodologias que visam o despertar na criança o desejo de aprender, através
do empoderamento para as atividades autônomas.
“A aplicação da Tecnologia Assistiva na educação vai além de
simplesmente auxiliar o aluno a “fazer”. [...] Nela encontramos meios de o aluno
“ser” e atuar de forma construtiva em seu desenvolvimento” (BERSCH, 2006,
p.92).
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano
de 2000, somava-se 14,5% de pessoas com deficiência da população mundial,
e em 2010, esse número foi para 23,9%.
Segundo a portaria interministerial nº 3.612 de 2014, há um rol de bens e
serviços de tecnologia assistiva, é ele:

Quando se fala da TIC e da TA, entende-se que o objetivo maior é o de


prevenir, compensar, aliviar ou neutralizar uma deficiência, incapacidade ou

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desvantagem e melhorar a autonomia e a qualidade de vida dos indivíduos
(BRASIL, 2008).

Importante
Estudos de Emer (2011) apontam que ferramentas classificadas
com TA e enviadas pelo governo às escolas são desconhecidas
pelos educadores e permanecem em desuso.

Assim, entende-se como recursos da TA:

• Livros adaptados para baixa visão;


• Tela sensível ao toque;
• Programas de digitalizadores de voz;
• Teclado falado;
• Teclado de conceitos, etc.

A TA na atualidade tem seu conceito, utilização e objetivos ainda em fase


de elaboração, ajustes e concretizações.

Para Refletir
Será que a inserção de TIC e da TA estão sendo acompanha-
dos por uma reflexão pedagógica verdadeiramente compro-
metida com a construção do conhecimento?

Para compreender a Tecnologia Assistiva e fazer bom uso dela, deve-se


antes de tudo, analisar o fluxograma sobre a práxis pedagógica de atuação. O
Portal de Ajudas Técnicas definiu as seguintes etapas desse fluxograma (Portal
de Ajudas Técnicas, 2006, p. 8-9.):

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Fonte: Portal de Ajudas Técnicas, 2006, p. 8

1. Entender a situação que envolve o estudante


• Escutar seus desejos.
• Identificar características físicas/psicomotoras.
• Observar a dinâmica do estudante no ambiente escolar.
• Reconhecer o contexto social.

2. Gerar ideias
• Conversar com usuários (estudante/ família/ colegas).
• Buscar soluções existentes (família/ catálogo).
• Pesquisar materiais que podem ser utilizados.
• Pesquisar alternativas para confecção do objeto.

3. Escolher a alternativa viável


• Considerar as necessidades a serem atendidas (questões do
educador/aluno).
• Considerar a disponibilidade de recursos materiais para a construção do
objeto – materiais, processo para confecção, custos.

4. Representar a ideia (por meio de desenhos, modelos, ilustrações)


• Definir materiais.
• Definir as dimensões do objeto – formas, medidas, peso, textura, cor, etc.

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5. Construir o objeto para experimentação
• Experimentar na situação real do uso. “Como é trabalhar com este
objeto?”

6. Avaliar o uso do objeto


• Considerar se atendeu o desejo da pessoa no contexto determinado.
• Verificar se o objeto facilitou a ação do aluno e do educador.

7. Acompanhar o uso
• Verificar se as condições mudam com o passar do tempo e se há
necessidade de fazer alguma adaptação no objeto.

A partir do fluxograma, pode-se analisar que o intuito de inserir a TA em


sala de aula é como uma forma de apoio ao que entende-se por inclusão, e não
mais um passatempo ou simplesmente a utilização da tecnologia como uma
forma de transmissão de conhecimentos. Para isso, as TICs auxiliam e muito em
relação a TA, contudo, ela se apresenta de diferentes formas, conforme Carneiro
(2015. p. 7396):

Como recursos não relacionados às TICs, estão as órteses -


adaptações físicas ou aparelhos fixados e utilizados no corpo da
pessoa com deficiência. Como exemplos, recursos de adaptação para
segurar o lápis, a escova de dente; produtos facilitadores de
posicionamentos e movimentos são as pranchas de plástico ou acrílico
acopladas à cadeira de rodas, carteira imantada, livros plastificados.
Já os relacionados com as TICS, estão as adaptações de hardwares,
como a máscara do teclado, ponteira para digitação, estabilizador de
punho, pulseira de peso para digitação, entre outros. E também
existem os softwares que possibilitam a interação do aluno com a
máquina.

Portanto, pode-se compreender a TA e as TICs como ferramentas que


auxiliam todo o processo de inclusão em determinadas necessidades. Mas já
que está se falando mais especificamente sobre o Transtorno do Espectro
Autista, remete-se o estudo a ele, a fim de compreender um pouco mais das
características deste transtorno, assim como os atendimentos educacionais aos
estudante com TEA.

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1.3 Transtorno Do Espectro Autista - TEA

Depois de conhecer o acervo que envolve a TA, TICs, e as ferramentas


utilizadas na mediação do aluno com deficiência, volta-se ao ponto central - o
Autismo.

Vocabulario
Autismo vem do grego - autos - que significa “por si só”. A
psiquiatria define autismo como sendo os comportamentos
humanos que se centralizam em si mesmos, que se voltam
ao próprio ser. O termo “autismo” foi difundido pelo psiquiatra
suíço, Bleuler, em 1911, que define a limitação do ser
humano com o mundo externo.

No livro Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo de Léo Kanner (1943), o


psiquiatra escreve que o autista tem dificuldades de estabelecer relações,
apresenta atrasos e alterações na aquisição e uso da linguagem,
obsessividades, tendências a estereopatias - caracterizando assim, esse
conjunto de sintomas com a esquizofrenia.
Orrú (2012, p. 20) descreve o autismo como:

O alheamento em que viviam era extremo, desde os primeiros anos de


vida, como se não estivessem no mundo, sem responder a nenhum
estímulo externo, mantendo-se em um isolamento rígido e peculiar.
Apresentavam, porém, aparência agradável e inteligente, além de
possuírem habilidades especiais e uma memória excepcional (ORRÚ,
2012. p. 18).

Segundo Carneiro (2015, p. 73), “em 1956, o autismo ainda era definido
como um quadro de psicose, devido à exames laboratoriais e clínicos que não
forneciam dados consistentes à sua etiologia”.
Entretanto, foi a partir de Ritvo (1976), que se passa a considerar o
autismo, não uma psicose, mas como uma síndrome e sua relação com déficits
cognitivos inerentes à criança, ocorrida desde o nascimento, com suas
singularidades comportamentais (ORRÚ, 2012).
Hoje, a criança com Transtorno do Espectro Autista está inclusa em
“Transtornos Globais do Desenvolvimento ou TGD”. A criança autista é vista com

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dificuldades de se comunicar e se relacionar com o outro, possui déficits de
linguagem, alterações de comportamento e movimentos repetitivos.
Segundo Carneiro (2015, p. 7397), “em 1981, a Dra. Lorna Wing,
estabeleceu a análise das três principais carências autísticas, a “Tríade de
Wing”, as quais estão na área da imaginação, socialização e comunicação”.
MACIEL e FILHO (2009), apontam que a Tríade de Wing se constitui em:
socialização, comunicação e comportamentos, focalizados e repetitivos:

• Socialização: a dificuldade de se comunicar através de gestos e


expressões faciais e corporais; dificuldade de fazer amizades, quase não
expressa seus sentimentos e não percebe os sentimentos alheios.
• Comunicação: dificuldade para falar, maior dificuldade ainda em manter
uma conversa, uso repetitivo de linguagem estereotipada como frases de
propagandas, filmes, novelas, programas de televisão, músicas. Não
consegue brincar de imitação, tipo papai, mamãe, professora.
• Comportamento: focalizado e repetitivo, preocupação constante em não
misturar alimentos no prato, não ingerir alimentos com determinadas
texturas, seguir rituais para as tarefas, ter “manias” ou focar em um único
assunto de interesse, agitar ou torcer as mãos, bater a mão uma na outra,
olhar fixamente para as mãos, manipular sempre o mesmo objeto, fixação
em partes de um objeto como a roda de um carrinho, ou hélice de
ventilador.

Maciel e Filho (2009), esclarecem que grande parte das pessoas autistas
tem Distúrbio de Integração Sensorial (DIS): seus sentidos podem ser hipo ou
hiperdesenvolvidos. Podem ser capazes de ouvir sons quase inaudíveis, como
um alfinete caindo ao chão ou a água correndo nos encanamentos, ou ter
sensibilidade a ruídos altos, como liquidificadores e furadeiras; sentir cheiros
imperceptíveis para as demais pessoas; podem não suportar luzes
fluorescentes, por perceber a luz oscilando como um estroboscópio devido à
corrente alternada; toques e outros contatos lhes podem ser desagradáveis,
assim como texturas de tecidos e alimentos.

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GRANDINI (1992), engenheira e autista, explica que uma criança autista
cobre seus ouvidos porque certos sons lhe doem. Afirma: “o barulho
frequentemente faz meu coração disparar”.
Toda pessoa com autismo é diferente de outra nas mesmas condições,
assim como toda pessoa é diferente de outra, portanto as práticas educacionais
nem sempre serão as mesmas para duas crianças com o mesmo transtorno.
As principais características de pessoas com TEA, segundo os autores
Teixeira (2013), Pastorello (2007), Perissinoto (2003) e Goldberg (2005):

• Interação social - incompreensão de piadas, ironias, não imitam, não


brincam de “faz de conta”, dificuldade de participar de grupos.
• Linguagem e Comunicação - Ecolalia.
• Inversão pronominal.
• Rigidez de significados.
• Linguagem idiossincrática.

Vocabulario
Ecolalia - patologia apresentada quando um indivíduo repete
várias vezes a última palavra ou sílaba escutada.
Inversão pronominal - uso da terceira pessoa, no lugar da
primeira pessoa.
Rigidez de significados - dificuldade em associar diversos
significados a um único significante.
Linguagem idiossincrática- sons cujo significado só é claro
para aqueles que estão familiarizados com as experiências
passadas da criança.

• Comportamento - atos repetitivos e estereotipados; forte atração por


movimentos circulares, fascinação por luzes, a cor de um objeto, texturas,
cheiros e gostos; necessidade de rotina.

Assim, Teixeira (2013) e Perissinoto (2003) direcionam ao diagnóstico de


autismo, que é clínico, e se baseia em duas fortes fontes de informação:

• A descrição dos pais sobre o comportamento da criança.

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• Informações de um profissional.

No entanto, acerca de tantos estudos sobre essa patologia, a identificação


hoje já pode ser feita nos primeiros meses de vida do bebê. Teixeira (2013),
afirma que com a atenção dos pais, familiares e cuidadores é possível observar
nos bebês, as seguintes características de autismo:

• Mostram pouco interesse na voz humana;


• Não fazem contato visual;
• São indiferentes ao afeto;
• Não têm postura antecipatória (como colocando seus braços à frente para
serem levantados pelos pais);
• Mostram bom desempenho inicial com regressão subsequente;
• Não apresentam expressão facial.

Ainda conforme o autor, estudos também indicam fatores genéticos como


causas do autismo tais como insultos ao cérebro em desenvolvimento durante a
gestação. Abrangeriam assim, alterações estruturais cerebrais, fatores
imunológicos, neurológicos, bioquímicos, além de agentes congênitos como
rubéola, encefalite e meningite.
A pessoa com TEA é considerada como pessoa deficiente é lhe é
garantido o direito ao Sistema Único de Saúde - SUS, e tem também seu direito
assegurado à educação num sistema inclusivo nas escolas de ensino regular.
Muitas são as ferramentas, metodologias e tecnologias oferecidas hoje
para a mediação de aprendizagem para a criança autista.

Saiba Mais
Rafael Moreira Cunha desenvolveu o primeiro software, no
Brasil, com o propósito de sua dissertação de mestrado pela
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Sua
proposta é facilitar o acesso de crianças com TEA na
aquisição de vocabulário e na linguagem. Seu programa foi
denominado de “Aiello” e está disponível para download na
internet desde julho de 2012.
Disponível em: http://www.jogoseducacionais.com/

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O Aiello é um jogo lúdico que tem como protagonista um simpático
esquilo, que ajuda as crianças a ligar nomes a imagens de objetos, com o
objetivo de ampliar seu vocabulário. Ressaltando que o programa foi testado em
três crianças e determinou um resultado significante no vocabulário com cerca
de 94% de novas palavras. Palavras referentes a alimentos, higiene, roupas,
animais, músicas, mobiliário, eletrônicos, meios de transporte e outros.
Há um outro software, criado por um grupo de pesquisadores da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, chamado Sistema SCALA - Sistema
de Comunicação Alternativa para Letramento de pessoas com Autismo, o grupo
é denominado TEIAS (Tecnologia na Educação para Aprendizagem na
Sociedade) e tem como objetivo maior, investigar o tecer entre Educação,
Tecnologia e Inclusão, com ênfase na aplicação das TICs para a promoção de
processos inclusivos. Vygotsky atenta para os processos mentais superiores
(pensamento, linguagem e comportamentos volitivos) se originam dos processos
sociais.
Segundo Moreira (2011, p. 108), “Não é por meio do desenvolvimento
cognitivo que o indivíduo se torna capaz de socializar, é por meio da socialização
que se dá o desenvolvimento dos processos mentais superiores”.
Galvão Filho (2004, p. 87), complementa ainda acerca da teoria da
aprendizagem de Vygotsky:

O ser humano conseguiu evoluir como espécie graças à possibilidade


de ter descoberto formas indiretas, mediadas, de significar o mundo ao
seu redor, podendo, portanto, por exemplo, criar representações
mentais de objetos, pessoas, situações, mesmo na ausência dos
mesmos. Essa mediação pode ser feita de duas formas: através do uso
dos signos e do uso dos instrumentos. Ambos auxiliam no
desenvolvimento dos processos psicológicos superiores.

Carneiro (2015, p. 73), esclarece que para o trabalho de mediação da


aprendizagem, com as crianças com transtorno do espectro autista é necessário
um programa muito bem elaborado, conduzido por diversos profissionais, como
em uma equipe multidisciplinar. São indicados especialistas em várias áreas
como:

• Educação;
• Medicina;

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• Terapia ocupacional;
• Psicologia;
• Fonoaudiologia;
• Psicopedagogia;
• Áreas de apoio como musicoterapia;
• Informática;
• Natação;
• Esportes.

Veja agora como essas áreas de apoio podem ajudar as crianças com TEA:

➢ Música:
• Pode possibilitar a participação das pessoas autistas através de
improvisações com instrumentos.
• Oportunidade de autoexpressão.
• Aprendizagem de regras sociais.
• Assumir responsabilidades com as outras pessoas do grupo.

➢ Natação:
A natação é uma das atividades físicas que desenvolve um trabalho
corporal completo. Sendo assim, oferece possibilidades de estímulos e
desenvolvimento necessários à pessoa autista. Através de músicas, brinquedos
e demais objetos utilizados em aula, claro que cada um no tempo e exercício
certo, fica mais fácil para conseguir sua atenção e executar um trabalho
excelente com ele, visto que, uma das dificuldades do autista é a organização
espaço temporal.
O apoio da TA e TIC, são fundamentais hoje para o educador que deseja
realmente enriquecer seus conhecimentos na sua vida profissional.

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Amplie Seus Estudos
SUGESTÃO DE LEITURA

Mundo Singular, entenda o Autismo, de


Ana Beatriz Barbosa Silva e Mayra
Reveles. As autoras abordam a cada
capítulo, os elementos que influenciam a
vida de quem vive com o transtorno e
daqueles que o cercam. O relacionamento
com familiares, o ambiente escolar, o
diagnóstico, o tratamento, a afetividade, a
vida profissional, as questões legais e as
perspectivas futuras são esmiuçados num
texto escrito com sensibilidade.

O Que Me Faz Pular, de Naoki Higashida.


Delicado, poético e profundamente íntimo,
este livro traz uma nova luz para
entendermos a mente autista. O autor
explica o comportamento muitas vezes
desconcertante das pessoas com essa
condição e nos oferece suas percepções
de tempo, vida, beleza e natureza,
apresentadas em um relato inesquecível.

Resumo da aula

Nesta aula conseguiu-se visualizar um pouco mais do universo da criança


com necessidade especial, bem como as oportunidades que a Tecnologia
Assistiva propicia ao professor e toda a equipe multidisciplinar que atuará com
esses alunos.
Foi visto também a importante referência do Portal de Ajudas Técnicas,
que auxilia cada vez mais no entendimento e na assimilação das necessidades
especiais. Além disso, conseguiu-se debater sobre os sete passos necessários
para a aplicação da Tecnologia Assistiva com os alunos.

Atividade de Aprendizagem
Discorra sobre o que é a Tecnologia Assistiva e sua
importância em sala de aula.

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Aula 2 - Acessibilidade à Escola e Desenho Universal

Apresentação da aula

A aula irá abordar conceitos e legislações pertinentes à Educação


Especial Inclusiva, assim como o conceito de desenho universal, e qual sua
relação com a inclusão.

2.1 Conceitos Iniciais

Ruy do Amaral Pupo Filho, é médico pediatra e escreveu em seu artigo,


sobre como é difícil o momento da descoberta para os pais, e até mesmo para
os profissionais, de alguma síndrome. No artigo, Pupo Filho ajuda a fazer uma
reflexão sobre como os profissionais, envolvidos com essas crianças
diagnosticadas com síndromes genéticas ou não, podem auxiliar e desenvolver
um bom trabalho com a família. Pupo Filho faz a seguinte afirmação:

O que dói mais? Saber, logo após o nascimento, que o filho sonhado e
idealizado tem um problema sério? Ou conviver com ele durante alguns
meses, ou anos, acreditando que tudo está normal, e depois descobrir
um determinado problema que poderá afetar seriamente seu
desenvolvimento? (PUPO FILHO, 2003, p. 1)

Para Refletir
Como se pode desenvolver um bom trabalho com a família e
com a criança com necessidades especiais?

É importante saber que não é fácil este momento para a família, e que
por isso deve-se adotar postura de respeito e entendimento frente as diversas
situações que transita enquanto profissionais. Para que as ações sejam firmes e
baseadas em princípios da igualdade e liberdade de todo sujeito, é que todos
devem estar cientes de todos os aparatos legais que o aluno, filho ou paciente
tem como direito, e que deve-se ajudar a resgatar.

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Segundo Oliveira (2004), não se pode compactuar com práticas que
intensificam os processos de exclusão social. Assim, denunciar e repudiar essa
sociedade exclusiva deve ser o objetivo e meta das pessoas.
A questão da acessibilidade à escola, ao currículo, os serviços de apoio
especializado, são o foco desta aula. Sabe-se que, assim como afirma Aranha
(2004), o Brasil vem definindo políticas públicas que garantem os direitos desses
sujeitos, transformando os sistemas educacionais e efetivando o acesso
universal à escolaridade básica e a satisfação das necessidades de
aprendizagem de todos os cidadãos.
Contudo, Lopes (2010) alerta que a realidade educacional não mostra
essas modificações, pois muitas escolas ainda não estão preparadas nem física
e nem pedagogicamente:

É possível constatar que, no Brasil, há variedade de textos legais e


normativos que acrescentaram, em seu teor, a inclusão e, portanto,
não há carência nesse aspecto. Apesar disso, também, é possível
constatar que faltam ações que levem à efetivação do atendimento
educacional adequado a todos, inclusive aos alunos com deficiência,
visto o sistema educacional brasileiro não ter sofrido grandes
alterações para efetivar a inclusão, ações que reflitam na sociedade
aquilo que se espera da educação inclusiva, a saber, a igualdade de
condições e de direitos à educação (LOPES, 2010, p. 14).

Enquanto profissional, certamente não se está contente e nem satisfeito


com a realidade atual, principalmente quando se fala em alunos com
deficiências, sejam elas quais forem. Mas então, já que não se está diante de
um quadro favorável aos alunos e aos seus direitos, “o que deve se saber para
ser capaz de mudar esta realidade?”
As atitudes devem ser embasadas em princípios de igualdade e
liberdade através dos aparatos legais e novas formas de organização escolar.
Mas, “quais são os aparatos legais que orientam?”
Constata-se que no Brasil, há uma variabilidade de textos legais e
normativos sobre inclusão, mas faltam ações no sistema educacional brasileiro
neste quesito, que ofereçam igualdade de condições e direitos à educação
(LOPES, 2010).

22
Infelizmente a escola ainda desempenha um papel perverso na
manutenção das relações opressoras impostas pela sociedade
capitalista (OLIVEIRA, 2004).

Primeiramente, deve-se conhecer um pouquinho mais sobre a


Declaração de Salamanca. Muitos autores, inclusive Bueno (2008), fala que a
declaração é um marco para o movimento mundial de inclusão.

2.2 Documentos Legais sobre Princípios, Política e Prática para as


Abordagens Educativas Especiais Mundiais

A Declaração de Salamanca é um documento elaborado na Conferência


Mundial sobre Educação Especial, em Salamanca (Espanha, 1994), com o
objetivo de fornecer diretrizes básicas para a formulação e reforma de políticas
e sistemas educacionais, de acordo com o movimento de inclusão social sobre
Princípios, Políticas e Práticas em Educação Especial, garantindo condições
para implementação da inclusão social de pessoas com necessidades especiais.
O Brasil é um dos países signatários da declaração, assumindo para si a
responsabilidade e o compromisso de incluir todas as crianças,
independentemente de suas dificuldades. Mas “o que se pode entender por
incluir, ou até mesmo por uma escola inclusiva?” Segundo Aranha, a “escola
inclusiva é aquela que garante a qualidade de ensino educacional a cada um de
seus alunos, reconhecendo e respeitando a diversidade e respondendo a cada
um de acordo com suas potencialidades e necessidades” (2004, p. 7).
Portanto, incluir não está baseado na diferenciação, mas sim no respeito
à diversidade, compreendendo que cada indivíduo tem diferentes
potencialidades e necessidades.

As escolas devem acolher todas as crianças, independentemente de


suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas
ou outras. Devem acolher crianças com deficiência e crianças bem
dotadas; crianças que vivem nas ruas e que trabalham; crianças de
populações distantes ou nômades; crianças de minorias linguísticas,
étnicas ou culturais e crianças de outros grupos ou zonas
desfavorecidas ou marginalizadas (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA,
1994, p. 17-18).

23
O intuito desse importante documento, está em frisar que as diferenças,
sejam sociais, físicas, intelectuais, entre outras, não torna os indivíduos
diferentes em seus direitos. Portanto, procura igualar os direitos à educação para
todos, colocando a escola como inclusiva e integrada à comunidade. Sabe-se
que a educação e ou escolarização de pessoas com necessidades educacionais,
se constituiu historicamente como algo de caráter filantrópico em classes
especiais.
Contudo, Meletti e Ribeiro (2014) afirmam que a Declaração de Educação
para Todos (Conferência Mundial De Educação Para Todos, 1990) juntamente
com a Declaração de Salamanca, resultado da Conferência Mundial Sobre
Necessidades Educacionais Especiais (1994), foram as responsáveis por incutir
os discursos de universalização do ensino e da educação inclusiva.
Além disso, em 2006, o governo brasileiro, através do Ministério da
Educação, publica o primeiro documento acerca do Atendimento Educacional
Especializado (AEE), e em 2008 publica o Decreto n. 6.571/2008. As Diretrizes
Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação
Básica, modalidade Educação Especial, traz o que deve-se entender por
atendimento educacional especializado:

O AEE é realizado, prioritariamente, na sala de recursos


multifuncionais da própria escola ou em outra escola de ensino regular,
no turno inverso da escolarização, não sendo substitutivo às classes
comuns, podendo ser realizado, também, em centro de Atendimento
Educacional Especializado da rede pública ou de instituições
comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos,
conveniadas com a Secretaria de Educação ou órgão equivalente dos
estados, Distrito Federal ou dos municípios. (BRASIL, 2009)

Então, segundo Meletti e Ferreira (2014), o modo como a escolarização


dos alunos com necessidades educacionais especiais será organizada “em
escolas regulares públicas, nas classes comuns com o AEE ocorrendo no
contraturno” (p. 177).
Meletti (2009), também ajuda a compreender como que a Lei de
diretrizes e Bases,1996, passa a incorporar em seu Artigo 59 os sistemas de
ensino que:
Assegurarão aos educandos com necessidades especiais, entre outros
aspectos: currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e
organização específicos para atender às suas necessidades;
terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível

24
exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas
deficiências (LDB, 1996).

Conforme afirma Meletti, a deficiência entra como “mais uma expressão


da diversidade” (2009, p.1). Portanto, todo o aparato legal, ou seja, as
documentações, os decretos, vieram auxiliar na construção de igualdade de
direitos dos alunos com necessidades. É importante que enquanto Pedagogos e
profissionais que estejam atuando com a Educação Especial, saiba exatamente
de que forma esses documentos auxiliam e fortificam na construção contínua de
melhorias em relação a educação das crianças e das pessoas com necessidades
educacionais especiais.

Pesquise
Declaração de Salamanca: Sobre Princípios, Políticas e
Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais.
Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf
Lei Nº 9394/96 – Lei De Diretrizes e Bases Da Educação
Nacional.
Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei9394_ldbn2.pd
f. Acesso em: 09 ago. 2017.
Para conferir outros documentos, a página do MEC sobre
Legislação Específica / Documentos Internacionais traz mais
de 25 documentos que podem ajudar todos os profissionais
que desejam se atualizar frente a este assunto.
Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/secretaria-de-educacao-especial-sp-
598129159/legislacao.

Além desse importante documento, também tem a Convenção de


Guatemala de 1999, promulgada no Brasil através do Decreto nº 3956/2001,
que prevê a eliminação de todas as formas de discriminação e afirma as
liberdades fundamentais dos mesmos direitos humanos que as demais pessoas.
Com grande ênfase no âmbito educacional, esse documento exigiu uma
reinterpretação e novas formas de vislumbrar a educação especial.

25
Outro momento decisivo para a discussão acerca da inclusão, foi a
Declaração de Montreal, realizada em 5 de julho de 2001, que convocou
governos e representantes de várias partes do mundo para que se
comprometessem com o desenho acessível e inclusivo de ambientes, produtos
e serviços para o benefícios de todos que compõe a população.
Além disso, também teve-se a elaboração ao longo de 4 anos, assinado
em 2007, com o documento Convenção do Direito das Pessoas com
Deficiência, com a participação de 192 países membros da Organização das
Nações Unidas com o principal objetivo de resguardar os direitos e a integridade
das pessoas com deficiência.

Vídeo
Assista ao vídeo Por que Heloísa? (completo – versão Libras),
que mostra uma menina de 6 anos, com paralisia cerebral em
uma escola comum.
Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=BHYuCIuvjnE&feature=you
tu.be

2.3 Documentos Legais sobre Princípios, Política e Prática para as


Abordagens Educativas Especiais Brasileiras

No caso específico do Brasil, se tem a Constituição de 1988, em seu


artigo 208, que estabelece o pleno desenvolvimento dos cidadãos, sem
preconceito de origem, raça, cor, sexo, idade e qualquer outra forma de
discriminação, estabelecendo o direito das pessoas com necessidades especiais
de receberem educação, preferencialmente no sistema regular de ensino.
Segundo o documento de Acessibilidade e tecnologia Assistiva: pensando a
inclusão sociodigital de PNEs, organizado por Andrea Poletto Souza em 2013,
foi a partir disso que:

[...] muitas leis que tratam da questão inclusiva começaram a surgir no


Brasil. Primeiramente, tem-se a Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989,
que dispõe sobre o apoio às pessoas com deficiência e sua integração
social. O Decreto nº. 3.298, de 20 de dezembro de 1999, regulamenta
esta mesma lei, dispondo sobre a política nacional para a integração
da pessoa com deficiência (2013, p. 28).

26
Em se tratando do âmbito educacional, se tem o Estatuto da Criança e
do Adolescente, assegurando o direito à igualdade de condições no acesso e na
permanência na escola, com a Lei nº 8.069 de 1990, além da Lei de Diretrizes e
Bases já comentada anteriormente.

Importante
O ECA (1990) e a LDB (1996), reafirmam a constituição na
igualdade de condições e permanência na escola, garantia de
currículos, métodos, recursos e serviços especiais de ensino,
professores especializados e capacitados.

Portanto, quando se fala e apresenta leis, decretos, portarias e demais


documentos a respeito da inclusão, evidencia cada vez mais o passo relevante
frente a inclusão, promovendo assim a acessibilidade e o direito às pessoas com
necessidades especiais, contudo, precisa-se ressaltar que para que elas
ocorram e se efetivem na prática, como ressalta o documento de Acessibilidade
e tecnologia Assistiva: pensando a inclusão sociodigital de PNEs (2013), é
preciso mudanças individuais, culturais e sociais, que permitam a substituição
de paradigmas em benefícios aos esforços que nos direcionam à inclusão.

Amplie Seus Estudos


Vale a pena realizar a leitura do documento Acessibilidade
e Tecnologia Assistiva: pensando a inclusão sociodigital de
PNEs de 2013.
Disponível em:
http://cta.ifrs.edu.br/files/doc/83caa38ba1f037f639959a9e6c
ea601a.pdf

2.4 Desenho Universal

Se pensar em um ambiente que se adaptasse a pessoa, conseguir-se-


ia, no mínimo, neutralizar as deficiências e as limitações. É para isso que apoia-
se no conceito de Desenho Universal, e mais especificamente, no conceito de

27
Desenho Universal da Aprendizagem, quando foca-se nos intuitos no
processo de ensino e aprendizagem da pessoa com deficiência, seja ela
intelectual, física, entre outras.
Mas então, “o que podemos entender por Desenho Universal, de onde
surgiu este nome e como se dá este conceito?”
Visando a independência da pessoa com deficiência e seu processo real
de inclusão é que deve-se ratificar a necessidade de ampliar os canais
diferenciados de comunicação, cooperação e colaboração (PNEs, 2013).
O conceito de Desenho Universal, foi desenvolvido por profissionais da
área de Arquitetura nos Estados Unidos pela Universidade Estadual da Carolina
do Norte, buscando o benefício para todas as pessoas, sendo elas com
necessidades especiais ou não, visando atender a maior quantidade de
indivíduos, sempre.

O Desenho Universal preocupa-se em conceber ambientes,


serviços, produtos e tecnologias para serem utilizados
equitativamente, oferecendo segurança e maior autonomia,
sem que tenha a necessidade de adaptação ou readaptação.

O verdadeiro sentido, portanto, do Desenho Universal, está em atender


a todos, e não somente aos que se encaixam na classificação de pessoas com
necessidades especiais ou idosos. Busca-se um sentido muito mais amplo de
conforto, segurança, flexibilidade, procurando sempre atender aqueles com
diferentes idades, habilidades, tamanhos, etc.
Os princípios do desenho universal da aprendizagem são: envolvimento,
representação, ação e expressão. Em busca dessa igualdade, o Desenho
Universal, segundo o Centro de Desenho Universal, 2008 (The Center for
Universal Design) sustenta este conceito através de 7 princípios, são eles:

1. Uso equiparável;
2. Uso flexível;
3. Simples e intuitivo;
4. Informação perceptível;
5. Tolerância ao erro;
6. Pouca exigência de esforço físico;

28
7. Tamanho e espaço para acesso e uso.

2.4.1 Uso equiparável

O uso equiparável diz respeito a disponibilizar segurança e conforto de


forma igualitária para todos, ou seja, busca proporcionar que os espaços, objetos
e produtos, possam ser utilizados por diferentes pessoas com diferentes
capacidades. Observe a imagem:

Fonte: Gabrilli (2017)

Com esta imagem, pode-se entender que o tamanho da porta, os


censores e a forma de abrir, está acessível a todos. Assim como na imagem
abaixo, se tem o acesso com rampas, corrimãos e guarda-corpo.

Fonte:http://www.archdaily.com.br/br/01-99592/diretrizes-do-desenho-universal-na-
habitacao-de-interesse-social-no-estado-de-sao-paul
2.4.2 Uso flexível

Quanto ao uso flexível, pode-se compreender que oferece opções de


diferentes formas de uso, como o canhoto ou destros, facilita a precisão do
usuário, adapta-se ao seu ritmo, etc. Observe a imagem:

29
Disponível em: Gabrilli (2017)

Subtende-se que se tem um usuário que ao utilizar um computador


completo, tem ao seu dispor uma interface especializada, ou até mesmo um leitor
de tela nos ambientes, com possibilidades de deslocamento de paredes.

Fonte:http://www.archdaily.com.br/br/01-99592/diretrizes-do-desenho-universal-na-
habitacao-de-interesse-social-no-estado-de-sao-paulo

2.4.3 Simples e intuitivo

De fácil entendimento, proporcionando a compreensão por qualquer


usuário, independentemente de sua experiência, conhecimentos ou habilidades
de linguagem e comunicação. Como pode-se observar a imagem abaixo, as
placas informativas permitem distinguir sanitários femininos e masculinos que
também podem ser utilizados por pessoas com deficiência.

Fonte: Gabrilli (2017)

30
Além disso, projetos que promovam o deslocamento e percursos simples
e intuitivos.

Fonte:http://www.archdaily.com.br/br/01-99592/diretrizes-do-desenho-universal-na-
habitacao-de-interesse-social-no-estado-de-sao-paulo

2.4.4 Informação Perceptível

Comunica efetivamente, independentemente das condições ou das


habilidades dos usuários. Deve-se utilizar diferentes formas de comunicação,
como placas, avisos sonoros, Braille, entre outros que possam auxiliar na
promoção deste princípio. Além de serem conhecidos universalmente, são de
fácil compreensão.

Fonte: Gabrilli (2017)

31
Fonte:http://www.archdaily.com.br/br/01-99592/diretrizes-do-desenho-universal-na-
habitacao-de-interesse-social-no-estado-de-sao-paulo

2.4.5 Tolerância ao erro

Busca-se minimizar os riscos de ações involuntárias ou acidentais,


disponibilizando os elementos mais utilizados dentro de aspectos acessíveis,
eliminando os riscos e protegendo o usuário. Além disso, não permite ações
inconscientes. Observe a imagem deste quinto princípio, ela evidencia os
sensores nas portas

Fonte: Gabrilli (2017)

Independente da altura de quem adentra o local, além de ter altura e


largura acessível a todos, também deve ser utilizado piso tátil de alerta e faixas
contrastantes que evitam acidentes.

32
Fonte:http://www.archdaily.com.br/br/01-99592/diretrizes-do-desenho-universal-na-
habitacao-de-interesse-social-no-estado-de-sao-paulo

2.4.6 Pouca Exigência de Esforço Físico

Usar o mínimo de esforço possível, sem necessidade de movimentos


repetitivos, como girar uma maçaneta. Esse princípio valoriza e prioriza, como
se observa na imagem abaixo, o uso de maçanetas, por exemplo, que não exijam
força para girar e que possam ser acionadas com a utilização dos cotovelos, em
casos do usuário possuir alguma deficiência motora.

Fonte:http://www.archdaily.com.br/br/01-99592/diretrizes-do-desenho-universal-na-
habitacao-de-interesse-social-no-estado-de-sao-paulo

2.4.7 Tamanho e Espaço para Acesso e Uso

Permite o acesso a todos os usuários, independentemente do tamanho,


postura e mobilidade. Proporciona espaço adequado para o usuário em um
sanitário público, por exemplo, que possa ser utilizado por cadeirantes, uma
pessoa alta, um obeso, etc. Além de mobiliário adequado.

33
Fonte: Gabrilli (2017)

Fonte:http://www.archdaily.com.br/br/01-99592/diretrizes-do-desenho-universal-na-
habitacao-de-interesse-social-no-estado-de-sao-paulo

2.5 Desenho Universal da Aprendizagem (DUA)

Quando se referencia a respeito do Desenho Universal da Aprendizagem


(DUA), está se objetivando alterações dos contextos de ensino que favoreçam a
aprendizagem de todos, principalmente no currículo.

Atualmente a abordagem do DUA preconiza que as práticas


pedagógicas devem ser equacionadas, de modo a permitir que alunos
com diversas capacidades possam fazer parte da aprendizagem
comum, não necessitando de ter programas específicos (King-Sears,
2009; Quaglia, 2015; Rose & Mayer, 2002). Na opinião de Katz (2014)
esta abordagem procura a justiça social e visa facilitar a inclusão de
todos os alunos no currículo e na vida escolar. (NUNES E
MADUREIRA, 2015, p. 134)

Mas quando se fala do Desenho Universal da Aprendizagem, pode-se


apresentar 3 aspectos fundamentais que foram desenvolvidos por Cast (2012),
para orientar os professores sobre o modo como podem proceder, para tornar
suas aulas mais acessíveis. (CAST, 2012, 2014; Domingues et al., 2014; Meyer
et al., 2014).

34
Fonte: http://www.udlcenter.org/aboutudl/udlguidelines_theorypractice

É importante observar que esses princípios trazem o estímulo ao


interesse do aluno, e certamente, enquanto professores e profissionais que
estão trabalhando diretamente com as crianças, entende que, como afirma Rapp
(2014), deve-se “perceber quais são os seus interesses, ajudá-los a manter e a
persistir nos objetivos e a autorregular os comportamentos de aprendizagem”
(p.3).
No segundo princípio, é notável que cada aluno assimile de forma
diferente a informação e o conteúdo apresentado, para isso é que deve-se
proporcionar diferentes formas de representação daquilo que se quer ensinar,
focando-se diretamente no seu principal objetivo de ensino.
No terceiro princípio, foca-se nos meios de expressão e comunicação,
pois sabe-se que muitos alunos não gostam de se expressar através da fala ou
de maneira escrita, e por isso se dá como o último princípio desse conceito de
ensino e aprendizagem.
Contudo, Nunes e Madureira (2015) alertam que “no nosso país não se
conhecem estudos relativos ao uso do DUA com alunos com ou sem NEE”. Mas,
apesar disso, as autoras mencionam que segundo estudos fora do Brasil a:

Formação em DUA e o desenvolvimento de planos de aula, realizado


por Spooner, Baker, Harris, Ahlgrim-Delzell e Browder (2007),

35
envolveu 72 participantes (docentes do ensino regular e de educação
especial) e implicou uma hora de formação em DUA. Os resultados
sugerem que uma simples introdução ao DUA pode ajudar os docentes
a desenhar planos de aula acessíveis a todos os alunos. Os autores
referem ainda que quando os docentes planificam a aula tendo por
base os princípios do DUA e os quatro componentes do currículo, têm
possibilidade de implementar um processo de ensino e aprendizagem
que envolve de uma forma mais ativa todos os alunos (NUNES E
MADUREIRA, 2015, p. 139).

Resumo da aula

Durante esta aula, pode-se conhecer mais sobre os conceitos de inclusão,


bem como sobre o Desenho Universal baseado na arquitetura e no Desenho
Universal da Aprendizagem, focalizado no processo de ensino.
Baseado no processo de inclusão, pode-se analisar os documentos que
regem toda a inclusão no país, além dos documentos de cunho universal. Foi
visto sobre a Declaração de Salamanca, a Lei de Diretrizes e Bases, entre outros
aparatos legais, que auxiliam na equiparação de direitos de todos.
Além disso, foi visto sobre o Desenho Universal e sua utilidade para as
pessoas com deficiências, sejam elas físicas, intelectuais, etc.

Atividade de Aprendizagem
Discorra o que você entende sobre o Desenho Universal da
Aprendizagem, e a relação dele com o ensino em sala de aula.

Aula 3 - O Espectro de Manifestações Autistas

Nesta aula será aprofundado o conhecimento sobre o autismo, de forma


a se ter um potencial maior em relação a esse assunto.

3.1 Conceitos Iniciais Sobre Autismo

Muitas vezes na ânsia de conseguir uma comunicação com a criança


autista, os pais se antecipam com respostas, mostram uma figura que eles
“pensam” ser a necessidade da criança naquele momento, e nasce assim a

36
frustração de ambos, pois a comunicação não ocorreu, ou ocorreu de uma forma
equivocada. A comunicação não se restringe à palavras. Ela é muito mais
complexa do que apenas a emissão de sons coerentes. (MACHADO, 2009)
Cabe ao educador e demais profissionais, realizar a mediação da criança
com o mundo, pois através de seu trabalho, proporcionará à criança autista, o
ingressar no cotidiano das pessoas e de si mesmo. Através de muitos recursos,
o professor e possivelmente a equipe multidisciplinar, alcançará a oportunidade
de deixar que a criança se sinta no controle da situação, lhe dando oportunidade
de escolhas.
Serão apontados alguns recursos utilizados na comunicação da criança
autista, segundo o banco de ideias de Manzini e Deliberato (2004):

• Pastas, fichários e pranchas;


• Objetos concretos;
• Miniaturas;
• Símbolos gráficos;
• Figuras temáticas;
• Fotos;
• Figuras de atividade sequencial;
• Expressões faciais.

Lembrando sempre que cada criança autista é um universo diferente, os


recursos utilizados para uma criança talvez não sirva para a outra, todos os
materiais e meios utilizados para a comunicação alternativa, devem ser
personalizados para cada criança de acordo com a sua necessidade.

3.2 O Autismo

O autismo é um distúrbio do desenvolvimento humano que vem sendo


estudado pela ciência há quase seis décadas, mas sobre o qual ainda
permanecem dentro do próprio âmbito da ciência, divergências e grandes
questões por responder. É um Transtorno Global do Desenvolvimento com
influência genética, que descreve crianças que apresentam dificuldades na
interação social e na comunicação.

37
Segundo Mello (2007), ultimamente não só vem aumentando o número
de diagnósticos, como também esses vêm sendo concluídos em idades cada
vez mais precoces, dando a entender que, por trás da beleza que uma criança
com autismo pode ter, e do fato de o autismo ser um problema de tantas faces,
as suas questões fundamentais vêm sendo cada vez reconhecidas com mais
facilidade por um número maior de pessoas. Provavelmente é por isto que o
autismo passou mundialmente de um fenômeno aparentemente raro, para um
muito mais comum do que se pensava.
É bem interessante a afirmação da autora, sobre a relação entre aumento
do número de diagnósticos de autismo e a maior facilidade de reconhecimento
do mesmo por um maior número de pessoas. Pode-se dizer então, que havia
mais desconhecimento do transtorno do que raridade de casos.
O autismo se diferencia de outros transtornos pela aparência da criança,
por sua aptidão, as vezes precoce, para algumas coisas e grande dificuldade
para outras. Há relatos de mães que afirmam que seus filhos desde muito
pequenos, já eram extremamente inteligentes para fazer algo, porém não se
comunicavam, não davam sequência em outras e não expressavam emoções.
Mello (2007), destaca que estudos recentes afirmam que o autismo seria
4 vezes mais frequente em pessoas do sexo masculino, e a prevalência do
autismo é de 1 em cada 150 casos, ou seja, de cada 150 crianças nascidas no
mundo, uma teria autismo.

As causas do autismo são polêmicas. Já afirmaram, alguns estudiosos,


que poderia ser a rejeição materna, suposição que já foi desprezada
há tempos, ainda se fala em causa genética, mas como as causas não
são totalmente conhecidas, o que pode ser recomendado em termos
de prevenção do autismo são os cuidados gerais a todas as gestantes,
especialmente cuidados com ingestão de produtos químicos, tais como
remédios, álcool ou fumo (MELLO, 2007, p. 17).

O autismo pode se manifestar nos primeiros meses de vida da criança, ou


como afirmam alguns pais, há uma regressão na criança, que até então tinha um
comportamento dito “normal”.
Crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem muita dificuldade
em se comunicar, não olham diretamente nos olhos, não aceitam afagos, e
algumas vezes podem se machucar com mordidas e puxões de cabelo.

38
Segundo Mello (2007), a definição de autismo adotada pela Associação
de Amigos dos Autistas (AMA), para efeito de intervenção, é que o autismo é um
distúrbio do comportamento que consiste em uma tríade de dificuldades:
dificuldade de comunicação, na socialização e no uso da imaginação.
É comum que crianças com autismo repitam frases ouvidas anteriormente
e até mesmo algum tempo depois, são os fenômenos da ecolalia imediata
(quando a criança repete uma frase assim que acabou de ouvi-la) e ecolalia
tardia (quando a criança repete uma frase que foi dita há dias).
Existem vários sistemas diagnósticos utilizados para a classificação do
autismo. Os mais comuns são a Classificação Internacional de Doenças da
Organização Mundial de Saúde, ou CID-10, em sua décima versão, e o Manual
de Diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais da Academia Americana de
Psiquiatria, ou DSM-V.

Importante
• Não há idade determinada para o aparecimento dos sintomas,
os sintomas tornam-se evidentes gradativamente.
• Os sintomas variam bastante.
• Muitas crianças podem não apresentar todos os sintomas até
hoje identificados.
• Parecem estar no “mundo deles”.
• Tem atraso no desenvolvimento da linguagem.
• Não brinca de faz de conta.
• Repete movimentos, como girar a roda de um carrinho
constantemente.
Fonte: http://www.ama-ba.org.br/

A autora cita Hans Asperger, que em 1944, descreveu a Síndrome de


Asperger, e acreditava que com um programa educacional apropriado, as
crianças conseguiriam se adaptar.
Alguns sintomas da Síndrome de Asperger são parecidos com os
sintomas do autismo: dificuldade na linguagem, dificuldade no uso do olhar, e
para expressar emoções. Porém, na Síndrome de Asperger, as crianças

39
apresentam memorização de grande sequência, ouvido musical absoluto, entre
outras características.
O professor e os demais profissionais, devem observar o aluno com
alguns sintomas ligados a esses transtornos, mas não deve “diagnosticar”,
apenas observar, conversar com os pais e obter informações. Quando a criança
já é diagnosticada com autismo ou Síndrome de Asperger, cabe ao ambiente
pedagógico conversar com os outros alunos da sala, explicitando o direito a
igualdade e ao respeito, solicitando colaboração de todos.
Em se tratando do professor, Mello (2007) indica uma lista de orientações
bem definidas para que este profissional possa utilizá-la para o
acompanhamento do aluno, como:

1. Sentar o mais próximo possível do professor.


2. Ser requisitado como ajudante do professor algumas vezes.
3. Usar agendas e calendários, listas de tarefas e listas de verificação.
4. Ser ajudado para poder trabalhar e concentrar-se por períodos cada
vez mais longos.
5. Ser estimulado a trabalhar em grupo e a aprender a esperar a vez.
6. Aprender a pedir ajuda.
7. Tenha apoio durante o recreio onde, por exemplo, poderá dedicar-se
a seus assuntos de interesse, pois, caso contrário, poderá vagar,
dedicar-se a algum assunto inusitado ou ser alvo de brincadeiras dos
colegas.
8. Seja elogiado sempre que for bem-sucedido ou apresentar dedicação.

Assim, a inclusão deve manter a criança participativa e acolhida entre as


demais, com ajuda do professor.

3.3 Tipos de Intervenção

O método TEACCH (Tratamento em Educação para Autista e Crianças


com Deficiências Relacionadas à Comunicação), segundo Araújo (2015, s/p) é
“um dos métodos de ensino mais utilizados no Brasil para atender o autista [...]
desenvolvido no início de 1970 pelo Dr. Eric Schopler e colaboradores, na
Universidade da Carolina do Norte, tornando-se conhecido no mundo inteiro”.
40
Utiliza-se uma avaliação chamada PEP-R (Perfil Psicoeducacional
Revisado) para avaliar a criança, levando em conta os seus pontos fortes e suas
maiores dificuldades, tornando possível um programa individualizado. Esse
método visa a independência da criança. O TEACCH se baseia na organização
do ambiente físico através de rotinas - organizadas em quadros, painéis ou
agendas - e sistemas de trabalho, de forma a adaptar o ambiente para tornar
mais fácil para a criança compreendê-lo, assim como compreender o que se
espera dela.

Saiba Mais
Para saber mais sobre o método TEACCH, indico a leitura do
trabalho de Araújo (2015), A Contribuição Do Método Teacch
Para o Atendimento Psicopedagógico, que consiste em um
estudo de caso realizado no Centro de atendimento
Psicopedagógico da Universidade Federal da Paraíba,
objetivando verificar como atividades estruturadas, baseadas
no Método, TEACCH funcionam e se manifestam.
Disponível em:
http://rei.biblioteca.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/1303/1
/ENA27092016

O Picture Exchange Communication System (PECS) “é um sistema de


comunicação que ressalta a relação interpessoal, em que ocorre um ato
comunicativo entre o indivíduo com dificuldades de fala e um adulto, por meio de
trocas de figuras”. Apresenta bons resultados, mostrando à criança que através
da comunicação ela consegue um bom desenvolvimento (MELLO, 2007).

41
Amplie Seus Estudos
Para saber mais sobre o Picture Exchange Communication
System (PECS) vale a pena conferir o artigo Revisão de
Estudos Sobre o Picture Exchange Communication System
(PECS) Para o Ensino de Linguagem a Indivíduos com
Autismo e Outras Dificuldades de Fala.
Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rbee/v19n4/v19n4a11.pdf

A Análise do Comportamento Aplicada (Applied Behavior Analysis;


abreviando: ABA) é um plano de observação da criança com transtorno. De
acordo com o manual de treinamento da ABA, traduzido em 2005 por Margarida
Hofmann Windholz e colaboradores, é um termo advindo do campo científico do
Behaviorismo, que observa, analisa e explica a associação entre o ambiente, o
comportamento humano e a aprendizagem.

A ABA é uma abordagem analítico-comportamental que foi aplicada


pela primeira vez com autistas por Lovaas (1987), psicólogo e
pesquisador do comportamento humano. Consiste em um estudo
científico que explica comportamentos e planeja modificações, visando
aumentar, diminuir, criar, eliminar ou melhorar comportamentos. [...]
profissionais utilizam técnicas para o desenvolvimento da
comunicação, das habilidades sociais, de brincadeira, acadêmicas e
de auto-cuidados. São utilizados reforçadores após a emissão de
comportamentos ou respostas adequadas, além de considerarem os
antecedentes das respostas emitidas pelo indivíduo, para que a função
do comportamento seja observada e estudada. (FIGUEIREDO, 2014,
p. 48-49).

Importante ressaltar que, segundo Tramujas (2010), o currículo a ser


efetivamente seguido, depende de cada criança em particular, mas geralmente
é amplo; cobrindo as habilidades acadêmicas, de linguagem, sociais, de
cuidados pessoais, motoras e de brincar. O intenso envolvimento da família no
programa é uma grande contribuição para o seu sucesso.

42
3.4 Inclusão

Muito se fala em inclusão hoje em dia, no entanto, ainda são grandes as


dificuldades por que passam as crianças especiais.
Segundo Magalhães et al. (2013), a busca por uma educação igualitária
é tema recorrente no atual contexto educacional, principalmente quando se
refere à inclusão de crianças com deficiência em escolas de ensino regular.
Apesar da ampla discussão em torno dessa temática, ainda há uma série de
limitações quanto à prática da inclusão e o papel do professor, para que o mesmo
esteja preparado para lidar com as dificuldades provindas do ensino voltado para
a criança com deficiência.
A autora ainda afirma que a inclusão de crianças com autismo em sala de
aula regular, prevista em lei, assegura ao aluno o direito do acesso ao ensino,
ficando à escolha dos pais matricularem ou não os filhos em escolas regulares.
Para que a instituição de ensino promova inicialmente o desenvolvimento e,
posteriormente, a aprendizagem, é necessário que ela disponha de uma prática
pedagógica coletiva na qual seja esclarecida a importância do envolvimento
familiar com a escola, além de mudanças de caráter estrutural e metodológico,
privilegiando um currículo que se adeque também às necessidades da criança
com autismo.
A inclusão não é somente aceitar o aluno na escola, mas deve haver a
predisposição do professor em manter essa criança participativa e acolhida entre
as demais. A socialização da criança autista vai depender muito do professor e
de toda equipe pedagógica, para adaptá-la ao ambiente escolar.
Magalhães et al (2013), ressalta que se a inclusão se caracteriza como
uma situação mal manejada, as crianças autistas podem acabar exploradas e
ridicularizadas por outras crianças, e que, no entanto, elas querem ser parte do
mundo social e ter amigos, mas não sabem como fazer para se aproximar.
O professor e a equipe pedagógica são responsáveis pela inclusão,
socialização e aprendizado da criança autista, para isso, todos devem ser bem
formados nos parâmetros atuais de convivência e respeito a todos, focando na
harmonia e no respeito às diferenças.
Antes de se falar em Transtorno do Espectro Autista - TEA, há uma
terminologia denominada Transtornos Globais de Desenvolvimento - TGD, que

43
indicam algumas características relacionadas ao autismo, como, dificuldades de
se socializar, atraso de linguagem e comunicação e também comportamentos
agressivos.
Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é o termo adotado pela
Associação Americana de Psiquiatria, sendo veiculado na quinta edição
do Manual de Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais - DSM-5, com
publicação no Brasil a partir do ano de 2013. Essa nova terminologia integra os
diversos tipos de Autismo, bem como o Transtorno de Asperger.
Conforme o DSM-V, o TEA caracteriza-se por déficits persistentes na
comunicação social e na interação social em múltiplos contextos, incluindo
déficits na reciprocidade social, em comportamentos não verbais de
comunicação usados para interação social e em habilidades para desenvolver,
manter e compreender relacionamentos. Além dos déficits na comunicação
social, o diagnóstico do transtorno do espectro autista requer a presença de
padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades.
Em nota, o Manual de Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais
- DSM-5, orienta para que indivíduos com um diagnóstico do DSM-IV bem
estabelecido de Transtorno Autista, Transtorno de Asperger ou Transtorno
Global do Desenvolvimento sem outra especificação, devem receber o
diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista.

3.5 Transtornos Globais de Desenvolvimento (TGD)

Segundo Cirino (2015), o próprio Estatuto da Criança e do Adolescente


reconhece os alunos com TGD, como sujeitos de pleno direito, postula sua
“condição peculiar” de “pessoas em desenvolvimento”. Portanto, é indiscutível a
necessidade de formação dos profissionais que atuarão com estas crianças.
Para entender um pouco mais sobre o TGD, Santos (2014), afirma que:

Os alunos da área dos Transtornos Globais do Desenvolvimento


apresentam um quadro de alterações no desenvolvimento
neuropsicomotor, comprometimento nas relações sociais, na
comunicação, repertório de interesses e atividades restrito, movimento
estereotipado e repetitivo. (SANTOS, 2014, s/p)

44
Estão inclusos na TGD o Autismo, Síndrome de Asperger, Síndrome de a
Rett, e Psicose Infantil.
Sonza et al (2013), cita que são consideradas pessoas com TGD, aquelas
que apresentam “alterações qualitativas das interações sociais recíprocas e na
comunicação, um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e
repetitivo". Incluem-se nesse grupo: Autismo, Síndrome do Espectro Autista
(RETT) e Psicose Infantil.

3.5.1 Transtornos Globais de Desenvolvimento (TGD) - Sindrome de Rett

A Síndrome de Rett é definida pela Associação Brasileira de Síndrome de


Rett, como uma “desordem do desenvolvimento neurológico relativamente rara”.
A prevalência dessa síndrome é no sexo feminino, e começa a ficar evidente
entre 6 meses e 18 meses de idade. Segundo Souza (2013), a partir da idade de
quatro anos manifesta-se uma ataxia (falta de coordenação) do tronco e uma
apraxia (dificuldade em executar movimentos espontâneos), seguidas
frequentemente por movimentos coreoatetósicos (movimentos involuntários
incontroláveis). O transtorno leva quase sempre a um retardo mental grave.

Segundo a ABRETE (Associação Brasileira de Síndrome de


Rett), a cada 5 horas, nasce uma menina com Síndrome de Rett
no mundo.

A síndrome de Rett é uma das causas mais frequentes de deficiência


múltipla severa no sexo feminino. Pelo conjunto de suas
características, trata-se de quadro que deve interessar todos os
profissionais da área da saúde [...] (SCHWARTZMAN, 2003, p. 110)

Para orientar um pouco mais sobre esta Síndrome, visualize com atenção
o quadro clínico dos estágios evolutivos da Síndrome de Rett abaixo:

45
Fonte: Elaborado pelo autor

A Tecnologia Assistiva vem em auxílio aos alunos que não apresentam


oralidade para expressar suas ideias ou vontades.

46
Amplie Seus Estudos
Para compreender um pouco mais do histórico desta
Síndrome de Rett, vale a pena conferir o trabalho
apresentado no I Seminário Internacional de Inclusão
Escolar: práticas em diálogo na UERJ, intitulado de
Síndrome De Rett: Múltiplos Olhares e Diversas
Possibilidades.
Disponível em:
http://www.cap.uerj.br/site/images/stories/noticias/47-
oliveira_et_al.pdf

3.6 Psicose Infantil

É um retardo mental com características autísticas (CID 10, 2009), que


causa um transtorno de personalidade e incapacidade de socialização. Veja
algumas características (Bezerra, 2004; Tecnep, 2008):

• Dificuldade de se afastar da mãe;


• Problemas na compreensão do que vê, de gestos e da linguagem;
• Repete imediatamente palavras e/ou frases ouvidas, a criança se refere
a ela mesma utilizando-se da terceira pessoa do singular ou do seu nome
próprio;
• Alterações marcantes na produção da fala, com peculiaridades quanto à
altura, ritmo e modulação;
• Relacionamento com as pessoas prejudicado;
• Confusão de identidade pessoal;
• Resistência a mudanças;
• Ansiedade excessiva;
• Perturbação da linguagem e da fala;
• Hiperatividade ou hipoatividade.

Também apresentam desordem neurológica, que interferem no


aprendizado, como (CORREIA; MARTINS, 2010):

47
• Dislexia - dificuldade na área da leitura, gerando a troca de linhas,
palavras, letras, sílabas e fonemas. Isso traz como consequência, uma
leitura mais lenta;
• Disgrafia - dificuldade motora na execução da escrita. Os traços variam
entre pouco precisos (muito leves) ou demasiadamente fortes. Apresenta
letras mal traçadas e ilegíveis e desorganização na produção de um texto;
• Discalculia - problema neurológico que traz dificuldades ao indivíduo
para realizar operações matemáticas, cálculos, classificar números ou
colocá-los em sequência. Há dificuldades para reconhecer números e
sinais matemáticos, como também a não compreensão de enunciados de
problemas e de exercícios com sequência lógica.
• Dislalia – deficiência relacionada a fala, apresentando dificuldade na
emissão da fala e na pronúncia das palavras, com trocas de sons, letras
e fonemas.
• Disortografia – deficiência na linguagem, com desmotivação para
escrever, separação indevida das palavras e dificuldade na pontuação e
acentuação.

3.7 A Atuação do Psicopedagogo no TGD

Observem a afirmação de Edith Rubinstein:

O psicopedagogo é visto como um detetive que busca pistas,


procurando selecioná-las, pois algumas podem ser falsas, outras
irrelevantes, mas a sua meta é fundamentalmente investigar todo o
processo de aprendizagem levando em consideração a totalidade dos
fatores nele envolvidos, para, valendo-se desta investigação, entender
a constituição da dificuldade de aprendizagem. (2009, p. 128).

Seu trabalho é de muita observação, e assim ele cria situações para que
possa observar o comportamento da criança e cuidar para que ele possa
desenvolver uma aprendizagem mais significativa (TRAMUJAS, 2010).
Talvez esse profissional não tenha percebido ainda a riqueza dessa
profissão, que além de ajudar no quesito aprendizagem, possui uma função bem
especial que, segundo Bossa, (1994, p. 66) é “a de socializar os conhecimentos

48
disponíveis, promover o desenvolvimento cognitivo e a construção de regras de
conduta, dentro de um projeto social mais amplo”. Dessa forma, esse indivíduo
pode se tornar inserido de maneira mais organizada em um mundo totalmente
novo pra ele. O psicopedagogo irá descobrir as potencialidades das crianças,
treinando o seu lado comportamental através do lúdico e da reabilitação
cognitiva.
Bossa (2006), afirma que é necessário seguir esses quatro passos
básicos para o tratamento:
1) Estimular o desenvolvimento social e comunicativo;
2) Aprimorar o aprendizado e a capacidade de solucionar problemas;
3) Diminuir comportamentos que interferem com o aprendizado e com o
acesso às oportunidades de experiências do cotidiano;
4) Ajudar as famílias.

Lembrando da necessidade de se manter baixo o número de alunos na


sala de aula, manter a rotina e a arrumação dos materiais, trabalhar com
materiais concretos e de apelo visual, manter o tom de voz baixo, e buscar
trabalhar as habilidades do aluno autista que desponta na arte, no computador
e as vezes até na música.
Frequentar a escola é um direito do autista garantido pela legislação
12.764, de 27 de dezembro de 2012, visto que, pode ajudar no desenvolvimento
além de tentar favorecer a aprendizagem da criança. Esta legislação também
garante o incentivo à capacitação dos profissionais para atuar com os autistas,
já que para estar numa sala de aula com crianças com esse transtorno, o
profissional deve estar preparado para não só saber agir, como também ensinar.
Para Schwartzman (1994), quanto mais significativos para a criança forem
os seus professores, maiores serão as chances dela promover novas
aprendizagens, ou seja, independentemente da programação estabelecida, ela
só ganhará dimensão educativa quando ocorrer uma interação entre o aluno
autista e o professor.
Os autores apontam ainda outro fato relevante na educação do autista, é
que o professor promova interações das crianças autistas com outras crianças
do ensino regular. Os autores citados acreditam que o aluno autista ganha
através dos modelos oferecidos pelas crianças do ensino regular, e pela

49
quantidade de estimulação que este ambiente escolar propicia. Trabalhar com
fichas, desenhos, músicas, jogos, sempre é muito bom para o desenvolvimento
da criança com autismo, um ambiente com cartazes e figuras estimulam um
aprendizado significativo.
Um bom profissional deve estar preparado para lidar com crianças, jovens
e adultos. Enfim, lidar com a emoção, a razão, o preconceito e todos os outros
sentimentos que envolvem a interação humana. A educação deve garantir a
estimulação essencial do cidadão desde a infância até o nível superior, formando
cidadãos conscientes e participativos.
Não basta a aceitação de alunos especiais nas escolas, mesmo porque
isso já é garantido pela lei, mas sim oferecer um conjunto de serviços no qual a
criança especial se encontre num processo de desenvolvimento da suas
capacidades e habilidades. Conteúdos teóricos e práticos devem ser
compatíveis com as necessidades de todos os alunos com ou sem necessidade
especial. Segundo Mantoan (2008):

Inclusão é o privilégio de conviver com as diferenças, é estar com, é


interagir com o outro, é a nossa capacidade de reconhecer o outro. E
ainda, a educação inclusiva é uma educação que acolhe todas as
pessoas, sem exceção, isto quer dizer que a inclusão é um direito de
todos os que são discriminados seja pela deficiência, pela cor, ou pela
classe social. Uma vez que a inclusão não admite qualquer tipo de
discriminação, para ser inclusiva, a escola deve ter um bom projeto que
valorize a cultura, a história e as experiências anteriores da turma, com
atividades selecionadas e planejadas para que todos aprendam de
acordo com as suas condições e isso vale para estudantes com ou sem
deficiência. (MANTOAN, 2006, s/p)

Alcântara (2013), afirma que o trabalho com crianças autistas impõe aos
profissionais, desafios como a tolerância com respeito ao tempo que caracteriza
o mundo dessas crianças, mas só quando há uma interação entre família, escola,
professor e aluno é que se pode obter resultados satisfatórios, pois todo autista,
assim como todo indivíduo, é único, e sabe-se que o tratamento não esgota o
problema.
A convivência com essas crianças só traz benefícios para os professores,
uma vez que estarão a cada dia aprendendo que todos têm direito ao seu lugar
no mundo, ninguém está no lugar errado nem tomando o espaço de outro.
Assegurar o direito e a integridade da criança com necessidades especiais na
escola é mediar o saber com a sensibilidade.

50
Resumo da aula

Pode-se notar a insegurança que os pais e os professores de crianças


autistas têm ao inserir seu filho e receber seus alunos nas escolas. A inclusão é
garantida por lei, mas sabe-se que dentro dessa palavra “inclusão” existe um
universo extenso e complicado.
Hoje já se conta com muitos recursos, como visto, e que cada criança
deve ter seu material de apoio personalizado de acordo com as suas
necessidades.
O autismo é caracterizado pela dificuldade de comunicação e da emoção,
e as escolas devem estar bem preparadas para receber essas crianças, para
conduzi-las ao conhecimento.
Abordou-se também sobre a TGD (Transtorno Globais do
Desenvolvimento), no qual estão inclusos o Autismo, a Síndrome de Asperger,
Síndrome de Rett e Psicose Infantil, cada uma dessas especificidades requer
uma condição de trabalho baseado em muita observação. É por onde começa o
trabalho de investigação do pedagogo e da equipe multidisciplinar, voltado para
criar situações em que propicie a participação e o desenvolvimento da criança.

Atividade de Aprendizagem
Discorra sobre o que é o TGD e quais síndromes engloba,
diferenciando-as.

Aula 4 - Comunicação Alternativa e Aumentativa – CAA

Apresentação da aula

A aula irá abordar sobre a comunicação alternativa. Comunicação não é


só o ato de falar. O ato de se comunicar pode envolver palavras, expressões,
ruídos, sentimentos, enfim, tudo que permite o acesso à interação com o outro.
Até mesmo os bebês de tenra idade conseguem se comunicar através de todos

51
esses recursos, o choro, o sorriso, uma careta. A comunicação acompanha as
pessoas desde os tempos mais remotos.
A comunicação a qual será abordada é a alternativa. As crianças com
dificuldade de se comunicar, por algum motivo, podem contar com a assistência
de vários meios para manter contato com outras pessoas e assim conseguir se
socializar e participar do mundo de modo mais ativo.
Ao longo da aula serão conhecidos os métodos disponíveis para efetuar
a comunicação de crianças com deficiência na fala.

4.1 Comunicação Alternativa

Segundo Sartoretto e Bersch (2017), Comunicação Alternativa é a área


da tecnologia assistiva que se destina especificamente à ampliação de
habilidades de comunicação, destina-se a pessoas sem fala ou sem escrita
funcional ou em defasagem entre sua necessidade comunicativa e sua
habilidade de falar e/ou escrever.
É de grande importância a interação entre o aluno com necessidades
especiais e o seu professor, e para que isso ocorra, a comunicação alternativa
será a base que possibilitará esse aluno a se comunicar com as outras pessoas,
expor suas ideias, demonstrar seus sentimentos e ter uma participação mais
ampla na sua vida social.
De acordo com Manzini e Deliberato (2004), a finalidade da comunicação
alternativa é dar suporte à escola e ao profissional da educação a fim de
maximizar a comunicação entre o professor e o aluno com necessidades
especiais.
Quando se fala em comunicação, o que surge na mente é sempre a
comunicação feita através de palavras, conversas e textos. Porém, existem
outras maneiras de se comunicar, tão bem quanto como com as palavras. A
comunicação alternativa vem sendo utilizada, segundo os autores, como um
conjunto de procedimentos técnicos e metodológicos direcionado à pessoas com
deficiência na comunicação.
A CA pode acontecer sem auxílios externos, segundo as autoras,
Sartoretto e Bersch (2017), ela valoriza a expressão do sujeito, a partir de outros
canais de comunicação diferentes da fala: gestos, sons, expressões faciais e

52
corporais podem ser utilizados e identificados socialmente para manifestar
desejos, necessidades, opiniões, posicionamentos, tais como: sim, não, olá,
tchau, banheiro, estou bem, sinto dor, quero (determinada coisa para a qual
estou apontando), estou com fome e outros conteúdos de comunicação
necessários no cotidiano. Crianças e jovens com alguma doença que cause
prejuízo à fala pode se beneficiar da CA.
Para se obter uma comunicação mais ampliada, existem várias
alternativas como cartões ou pranchas de comunicação, pranchas alfabéticas e
de palavras, vocalizadores e o computador por meio de um software específico.
Lembrando que os recursos de comunicação são personalizados para cada
pessoa, levando em conta as necessidades de cada um.
A Comunicação Alternativa Aumentativa (CA), pode ser entendida,
segundo Deliberato (2006); Brasil (2007), como uma área do conhecimento, de
característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias,
estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade,
relacionada à atividade e participação, de pessoas com deficiência,
incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência,
qualidade de vida e inclusão social.

4.2 Picture Communication Symbols - PCS - Símbolos de Comunicação


Pictórica

Segundo Sartoretto e Bersch (2017), um dos sistemas simbólicos mais


utilizados em todo o mundo é o PCS - Picture Communication Symbols, criado
em 1980, pela fonoaudióloga estadunidense Roxanna Mayer Johnson. No Brasil,
o PCS foi traduzido como Símbolos de Comunicação Pictórica. O sistema
PCS possui como características: desenhos simples e claros, fácil
reconhecimento, adequados para usuários de qualquer idade, facilmente
combináveis com outras figuras e fotos para a criação de recursos de
comunicação individualizados. São extremamente úteis para criação de
atividades educacionais. O sistema de símbolos PCS está disponível no Brasil
por meio do software Boardmaker.

53
Fonte: http://www.assistiva.com.br/ca.html

Visualiza-se uma prancha de comunicação com dezoito símbolos gráficos


PCS, cujas mensagens servirão para escolher alimentos e bebidas. Os símbolos
PCS estão organizados por cores nas categorias social (oi, podes ajudar?
obrigada); pessoas (eu, você, nós); verbos (quero, comer, beber); substantivos
(bolo, sorvete, fruta, leite, suco de maçã e suco de laranja) e adjetivos (quente,
frio e gostoso).
Ainda segundo as autoras, Board significa "prancha" e maker significa
"produtor". O Boardmaker é um programa de computador que foi desenvolvido
especificamente para criação de pranchas de comunicação alternativa. Ele
possui em si a biblioteca de símbolos PCS e várias ferramentas que permitem a
construção de recursos de comunicação personalizados. Com o software
Boardmaker são confeccionados recursos de comunicação ou materiais
educacionais que utilizam os símbolos gráficos e que serão posteriormente
impressos e disponibilizados aos alunos.

Pesquise
Saiba mais sobre o Boardmaker, pesquisando na página
oficial:
https://www.boardmakeronline.com/

54
O Boardmaker poderá ser associado a outro programa chamado
de Speaking Dynamically Pro, que significa "falar dinamicamente". Estes dois
softwares em conjunto se tornaram uma importante ferramenta para construção
de pranchas de comunicação, sendo que, a partir da seleção de um símbolo,
acontece a emissão de voz pré-gravada ou sintetizada, representativa da
mensagem escolhida. Para comunicar-se com voz o usuário, utilizará seu
computador ou um vocalizador portátil.
O Speaking Dynamically Pro possui uma série de ferramentas de
programação fáceis de usar e que permitem a criação personalizada de
atividades educacionais, recreativas e de comunicação.
Outra importante característica desse software é a acessibilidade. Um
exemplo disso é que a seleção de teclas de mensagens ou de teclas para escrita,
poderá acontecer por meio de varredura e acionadores.

Amplie Seus Estudos


Vale a pena se aprofundar mais sobre esta ferramenta muito
utilizada no Brasil e no mundo, por isso indico a leitura do
trabalho intitulado de Boardmaker: Tecnologia Assistiva
Ampliando As Possibilidades De Intervenções Pedagógicas
Com Usuários Da Comunicação Aumentativa E Alternativa
No Ensino Regular, Monografia submetida ao Programa de
Especialização em Educação na Cultura Digital da
Universidade Federal de Santa Catarina/PROINFO.
Disponível em:
https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/1697
20/TCC_Fran%C3%A7a.pdf?sequence=1&isAllowed=y

O vocalizador é um recurso de comunicação que emite voz gravada ou


sintetizada. Ao tocar em um símbolo a pessoa ouve uma mensagem. Os
vocalizadores são apresentados em vários modelos e diferem entre si pela
portabilidade, número de mensagens que conseguem armazenar, a maneira de
acesso e a variedade de preços. Com o uso dos vocalizadores as pessoas se
comunicam, fazem perguntas, respondem perguntas, etc.

55
Fonte: http://www.inclusive.co.uk/go-talk-4-p2071

Como visto, existem recursos bem interessantes para a comunicação


alternativa. Através do Boardmaker, pode-se criar uma atividade matemática
sobre “igual” e “diferente”
A imagem apresenta uma atividade de matemática com o tema sobre
"igual" e "diferente" construída com o Boardmaker.

Fonte: http://www.assistiva.com.br/ca.html

Utilizando a "escrita com símbolos" está a pergunta: “Qual é o igual?”


Visualiza-se então o símbolo de uma boneca. Abaixo estão três opções de
símbolos: "carro", "boneca" e "sorvete". O aluno deverá apontar a resposta
correta.

56
Logo abaixo está a outra pergunta sobre "qual é o diferente?" e visualiza-
se o símbolo da "borboleta". Abaixo duas opções de resposta: "vaca" e
"borboleta".
Outra interessante maneira de ver como funciona o Boardmaker é através
de uma receita culinária, segundo Sartoretto e Bersch (2017):

Fonte: http://www.assistiva.com.br/ca.htm
A receita apresentada é dividida em sete frases, escritas com texto e
símbolos e está uma sequência de atividades que deverão ser feitas para a
preparação de um sanduíche de geleia com queijo.
O livro de atividades do aluno deve ser adaptado pelo professor
especializado de acordo com as necessidades do conteúdo, previamente,
através do Boardmaker.
Observe, como fica um calendário personalizado nas pranchas temáticas,
feitas no Boardmaker:

57
Fonte: http://www.assistiva.com.br/ca.html

Na imagem aparece uma folha de calendário do mês de janeiro de 2011,


que foi personalizada com os símbolos PCS.
Visualiza-se símbolos representativos do verão "guarda-sol" e "sorvete",
símbolo da "festa de Ano Novo", "viagem", "praia", "chegada da vovó",
"aniversário" e "retorno a casa". Os símbolos foram aplicados sobre as datas
destes eventos.
Entre os materiais utilizados para a comunicação alternativa, ainda pode-
se contar também com o porta-pranchas, que são folhas com os símbolos
gráficos necessários para cada usuário, arquivadas e encadernadas de maneira
personalizada.
Agendas personalizadas, criadas também no Boardmaker, onde os
alunos terão suas tarefas programadas com antecedência, são de grande ajuda.

58
Converse Com Seus Colegas
Os professores também podem criar alguns tipos de
comunicação alternativa, de acordo com as necessidades de
seus alunos. Veja algumas sugestões:
Pode-se confeccionar um avental do professor com vários
desenhos (colados), que condizem com as regras ou
afazeres na sala de aula, assim seu aluno, mostrando nos
gráficos, terá suas necessidades e dúvidas atendidas.
Pode-se elaborar também um calendário com os
aniversariantes do mês, ou um guia de um futuro passeio no
parque, por exemplo, onde juntamente com seus alunos, fará
o roteiro do passeio com os gráficos pertinentes.
Vale a pena o professor confeccionar seu próprio material,
assim não fica refém do sistema educacional ou até mesmo
da disponibilidade financeira da escola.
Converse com seus colegas sobre opções de tipos de
comunicação alternativa.

Retomando os computadores e seus softwares usados para a


comunicação alternativa, Souza (2013) aborda sobre o Portal ARASAAC, Portal
Aragonês de Comunicação Alternativa e Ampliada, desenvolvido e mantido pelo
Centro Aragonés de Tecnologías para la Educación. É disponibilizado um
sistema de livre distribuição de pictogramas, ferramentas e softwares para
construção de recursos de Comunicação Alternativa e Ampliada - CAA (Portal
Arasaac, 2013).
Esse sistema foi desenvolvido com objetivo de garantir a comunicação
como direito universal, a difusão e uso em qualquer contexto, educativo,
terapêutico e outros. Também há os programas pagos, como TOBII,
PLAPHOON, LIVOX e outros, eles apresentam interessantes formas de
comunicação e interação com alunos com TEA e outros transtornos.
A Pontifícia Universidade Católica (PUC), também colabora com a CA
através do projeto AMPLISOFT, iniciado em 2003. É composto de aplicativos
que possuem licença de Software Livre (GPL) e executáveis em ambiente
Windows. Por serem livres, possuem seus códigos disponibilizados para
download, assim como os pacotes de instalação.

59
O objetivo geral dos softwares é propiciar uma melhora no sistema de
comunicação alternativa através de técnicas que permitam uma utilização
otimizada dos programas com o menor desgaste possível, como: predição e
antecipação de palavras e símbolos, sintetizador de voz, auto clique e varredura.
O público a quem se destina os aplicativos são todas as pessoas que
possuem algum tipo de limitação motora, que necessitem de auxílio de terceiros
para se comunicar ou escrever e que possam ao menos usar um acionador.

Pesquise
Pesquise sobre o LetMeTalk: app de comunicação alternativa
gratuito para Android no link:
http://www.reab.me/letmetalk-app-de-comunicacao-
alternativa-gratuito-para-android/.

Para utilizà-lo, não é necessário estar conectado. Assim, é possível


utilizar o LetMeTalk em praticamente qualquer situação, como hospitais, centros
de saúde ou escolas. Na primeira utilização do LetMeTalk, o app irá fazer o
download de um pacote de dados com todas as imagens (cerca de 70Mb):

60
Fonte: Acervo do Autor (2017)

O Aplicativo (App) foi pensado para:

• Autismo e Síndrome de Asperger;


• Afasia;
• Apraxia do discurso;
• Desordens de articulação/fonológicas;
• Esclerose lateral amiotrófica (ELA);
• Doenças motoras;
• Paralisia cerebral;
• Síndrome de Down.

Características:

• Mais de 9000 imagens da ARASAAC incluídas;


• Apoio de voz para imagens e frases;
• Possibilidade de criar ilimitadamente novas categorias e adicionar
novas imagens;
• Pré-configurada para crianças com distúrbios do espectro do
autismo (ASD);

61
• Apoio de voz para inglês, espanhol, francês, italiano e alemão. São
possíveis outros idiomas, utilizando diversos motores de síntese de voz.
• Outros idiomas suportados sem apoio de voz: Chinês,
Português, Português Brasileiro, Árabe, Russo, Polaco, Búlgaro,
Romeno, Galego, Catalão, Basco.

Curiosidade
Acesse o Portal de Informações sobre Tecnologia Assistiva
para Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais-
PITANE - fruto de um projeto de pesquisa financiado pelo
Fundo de Incentivo a Pesquisa (FIP) e com apoio e suporte
da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. O
PITANE oferece:
Softwares Gratuitos:
MOTRIX (Projeto de Acessibilidade para Deficientes)
É um software que permite que pessoas com deficiências
motoras graves, em especial tetraplegia, possam ter acesso
a microcomputadores, e em especial à Internet, permitindo
dessa forma um acesso amplo à escrita, leitura e
comunicação.
Teclado Virtual Livre:
O Teclado Virtual Livre foi desenvolvido para usuários da
Prancha Livre de Comunicação que estão sendo
alfabetizados e são capazes de formar palavras através de
um teclado alfanumérico. Além da comunicação, permite o
acesso do computador para uso geral, como edição de textos
e planilhas eletrônicas, para pessoas com limitações
motoras decorrentes de doenças ou acidentes que causaram
algum tipo de paralisia.
Brincando com a leitura:
O software Brincando com a Leitura é baseado no Método
Fônico, que é um processo de alfabetização baseado na
memorização dos fonemas através de repetições sucessivas
e associações com imagens, aumentando a percepção de
aprendizagem. O software, inicialmente abrange os fonemas
de forma individual, numa segunda etapa a dificuldade vai
aumentando a medida que seja atingida a meta inicial, na
terceira fase, já há a combinação de fonemas, formando
palavras, e na fase final, seleciona-se em meio a várias
letras, a que está sendo trabalhada, e associar a imagem
com a grafia do fonema. Além disso, esse software abrange

62
qualquer pessoa e faixa etária, inclusive pessoas com
necessidades especiais.

Amplie Seus Estudos


SUGESTÕES DE LEITURA
Livros que auxiliam na compreensão das dificuldades de
comunicação e tecnologias assistivas para alunos com
necessidades especiais.

Sistemas de Sinais e Ajudas Técnicas


para a Comunicação Alternativa e a
Escrita. ALMIRALL, Carme Basil. Editora
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Resumo da aula

Na aula foi visto sobre a comunicação alternativa, mostrando que a


comunicação não é somente o ato de falar, mas tudo aquilo que permite a
comunicação.
Foram mostrados métodos que auxiliam a comunicação e como o
professor pode fazer para ajudar seus alunos, indicando leituras e aplicativos de
tecnologias e compreensão sobre as dificuldades de aprendizagem e linguagem.

63
Atividade de Aprendizagem
Discorra como um professor, sem recursos na escola, pode
ajudar com a comunicação alternativa em sala de aula.

64
Resumo da Disciplina

Nesta disciplina estudou-se sobre as Tecnologias Assistidas (TA), que se


destinam à facilitar a comunicação de pessoas com deficiência, termo esse ainda
novo, e utilizado para reconhecer todos os aparatos de serviços e recursos que
auxiliam as pessoas com algum tipo de deficiência. Foram apresentados
recursos de Tecnologias Assistivas e como utilizá-las. Estudou-se sobre o
Transtorno do Espectro Autista (TEA) e os cuidados profissionais com esses
alunos com TEA.
A dificuldades de se comunicar pode gerar outros transtornos como a
depressão, a angustia e até a agressividade, uma vez que essas pessoas ficam
restritas ao seu mundo particular.
A comunicação alternativa vem ao encontro dessa dificuldade, para dar
suporte às escolas e aos educadores, a fim de facilitar essa interação.
Necessidades tão naturais para uns, podem significar verdadeiros
empecilhos para outros, mas com o auxílio das comunicações alternativas, como
fichas, cartões, vocalizadores e softwares, a complexidade se transforma em
habilidade e ajudou a vida social e cultural das pessoas.

65
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