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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4

2 TECNOLOGIA ASSISTIVA: CONCEITO .................................................... 5

3 A IMPORTÂNCIA DA TECNOLOGIA ASSITIVA COMO UMA PRÁTICA


INCLUSIVA NA FORMAÇÃO ACADEMICA................................................................ 6

4 DESAFIOS NA INCLUSÃO DOS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA NA


ESCOLA PÚBLICA ..................................................................................................... 9

4.1 O que diz a lei .................................................................................... 11

4.2 Adaptação e previsão de recursos em sala ........................................ 12

4.3 Qualidade do ensino e da aprendizagem ........................................... 13

5 INCLUSÃO ESCOLAR, UM DIREITO DE TODOS ALUNOS, COM E SEM


DEFICIÊNCIA............................................................................................................ 14

6 TECNOLOGIA ASSISTIVA NO PROCESSO DE INCLUSÃO ESCOLAR:


CONSIDERAÇÕES SOBRE OS RECURSOS PEDAGÓGICOS ADAPTADOS ....... 17

7 A TECNOLOGIA ASSISTIVA COMO RECURSO DE ALFABETIZAÇÂO DE


JOVENS E ADULTOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL..................................... 26

8 A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL ............................................................... 28

8.1 Alfabetização de jovens e adultos ...................................................... 31

8.2 A tecnologia assistiva no contexto da leitura e da escrita de jovens e


adultos com deficiência intelectual ........................................................................ 32

9 ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO – AEE..................... 36

9.1 O que é tecnologia assistiva e que relação ela tem com a Sala de
Recursos Multifuncional? ....................................................................................... 37

9.2 Como se organiza o serviço de tecnologia assistiva na perspectiva da


educação inclusiva? .............................................................................................. 37

9.3 A tecnologia assistiva é uma área de atuação da educação ou é


exclusiva da área clínica? ...................................................................................... 39
10 A TECNOLOGIA ASSISTIVA E OS PROCESSOS DE FORMAÇÃO
DOCENTE 40

11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 44

12 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 45
1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!

O grupo educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao


da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno
se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta,
para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse
aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta.
No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão
ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que
lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!
2 TECNOLOGIA ASSISTIVA: CONCEITO

A evolução tecnológica caminha com o objetivo de tornar a vida mais fácil. Sem
perceber utilizamos constantemente ferramentas que foram especialmente
desenvolvidas para favorecer e simplificar as atividades do cotidiano, como os
talheres, canetas, computadores, controle remoto, automóveis, telefones celulares,
relógio, enfim, uma enorme lista de recursos, que já estão assimilados à nossa rotina
e, num senso geral, são os instrumentos que facilitam a nossa atuação em funções
pretendidas.
A Tecnologia Assistiva deve ser entendida como um auxílio que promoverá a
ampliação de uma habilidade funcional deficitária ou possibilitará a realização da
função desejada e que se encontra impedida por circunstância de deficiência ou pelo
envelhecimento.
O objetivo maior da Tecnologia Assistiva é proporcionar à pessoa com
deficiência maior independência, qualidade de vida e inclusão social, através da
ampliação de sua comunicação, mobilidade, controle de seu ambiente, habilidades de
seu aprendizado e trabalho.

“a tecnologia assistiva é uma expressão utilizada para identificar todo o


arsenal de recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar
habilidades funcionais de pessoas com deficiência e, consequentemente,
promover vida independente e inclusão”. Bersch,R. (2007, p.31)

Fonte:oficinadanet.com.br
A tecnologia assistiva conta com várias categorias classificadas da seguinte
maneira:
• Auxílios para a vida diária;
• Comunicação aumentativa (suplementar) e alternativa;
• Recursos de acessibilidade ao computador;
• Sistemas de controle de ambiente;
• Projetos arquitetônicos de acessibilidade;
• Órteses e próteses;
• Adequação postural;
• Auxílios de mobilidade;
• Auxílios para cegos ou com visão subnormal;
• Auxílios para surdos ou com déficit auditivo;
• Adaptações de veículos.

3 A IMPORTÂNCIA DA TECNOLOGIA ASSITIVA COMO UMA PRÁTICA


INCLUSIVA NA FORMAÇÃO ACADEMICA

Fonte: g1.globo.com

Inclusão significa: Incluir, fazer parte, inserir, introduzir, torná-las participantes


da vida econômica, política e social, assegurando o respeito aos seus direitos no
âmbito da sociedade, do Estado e do poder público. A educação inclusiva acolhe todas
as pessoas, sem exceção. É para o estudante com deficiência física, para os que têm
comprometimento mental, para os superdotados, para todas as minorias e para a
criança que é discriminada por qualquer outro motivo.
O avanço da tecnologia contribui cada vez mais para a inclusão dos alunos com
deficiência. Softwares, equipamentos de comunicação alternativa, materiais protéticos
e diversos outros itens ampliam a habilidade funcional dos jovens, tornando-se
ferramentas muito importantes para a independência e o aprendizado.

“A Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica


interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias,
práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à
atividade e à participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou
mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de
vida e inclusão social" (ATA VII - Comitê de Ajudas Técnicas – CAT, Apud
SANTOS Marília da Silva et al, 2013).

É possível perceber o quanto a Tecnologia é importante na vida de todas as


pessoas, não sendo diferente na vida das pessoas com deficiência, que ao utilizarem
da Tecnologia Assistiva, segundo Bersch (2008), será “um auxílio que promoverá a
ampliação de uma habilidade funcional deficitária ou possibilitará a realização da
função desejada e que se encontra impedida por circunstância de deficiência ou pelo
envelhecimento.
O desenvolvimento trazido pelas tecnologias tem inovado cada vez mais o
modo de agir na sociedade, tornando as tecnologias um meio fundamental para o
melhor funcionamento da sociedade. Sem ser diferente as tecnologias estão ligadas
à educação, trazendo diversos benefícios e facilidades no processo de ensino e
aprendizagem. Na interação do aluno com o computador ele pode se autodescobrir,
sendo o construtor de seu conhecimento por meio de pesquisas e tarefas exercidas
no computador. A interação entre o aluno e o computador se dá por meio do uso do
hardware (parte física) e software (parte lógica), sendo essa interação de duas formas;
a utilização do software para ensinar o aluno e a utilização do software para o aluno
comandar o computador, sendo a aprendizagem exercida por meio desses processos.
Nos dois tipos o computador assume uma função educativa, pelo ensino e
aprendizagem. O computador no contexto educativo pode ser entendido como uma
ferramenta a qual o aluno idealiza e desenvolve um conhecimento, seja reproduzindo
um saber ou construindo uma.
Entende-se, portanto, que as tecnologias possuem importância na educação.
Sendo assim a educação tida como democrática deve ser para todos, tendo as
tecnologias uma empregabilidade de modo a suprir e possibilitar ao máximo o
aprendizado de pessoas com alguma necessidade especial. Quando as tecnologias
têm essa funcionalidade elas se identificam como tecnologias assistivas.

O uso das tecnologias assistivas na educação é de importância fundamental,


pois possibilitam o processo de aprendizagem, otimizando as potencialidades
de cada aluno. Tendo em vistas as possibilidades as tecnologias assistivas
se tornam necessárias para o aprendizado dos alunos com deficiência.
(SANTOS Marília da Silva et al, 2013.)

Quando da interação do aluno com deficiência e o computador, limitações de


coordenação e assimilações podem ficar reduzidas, pois pela pratica na utilização do
computador o aluno com deficiência interage de forma autônoma com a máquina e os
processos de comandos fazem com que o aluno melhore a sua coordenação motora,
e por meio dos softwares educativos o aluno pode melhorar a sua cognição.
Programas como paint, mimocas e turma da Mônica são utilizados para
aprimoramento da coordenação e cognição, pois fazem com que o aluno esteja
interagindo com o computador de forma lúdica, de modo que o uso do computador
pelo aluno com deficiência seja positivo, fazendo com que aprenda, mesmo com as
necessidades especiais.

Fonte: google.com
Os alunos obtiveram um bom desenvolvimento das atividades e pode se
concluir que sem dúvidas o computador é uma ferramenta importante para o
aprendizado dos alunos com necessidades especiais, pelo fato de que por meio do
computador eles podem criar e recriar desenhos, formas, pinturas que pelo uso do
lápis e papel se tornariam mais difíceis. O programa paint possibilitou para os alunos
um exercício para a sua coordenação motora, pois o aluno tem que conduzir o mouse
para desenhar e pintar toda a atividade. Outro benefício é que o paint possui formas
prontas, como quadrado, círculo e triangulo, o aluno fazer uso dessas formas para
montar um desenho como boneco, carro, prédio e casa, possibilitando que ele ao
tempo que monte a figura faça o reconhecimento das formas geométricas utilizadas.
Os alunos também exercitam sua cognição por meio de software de reconhecimento
de figuras e jogos da memória.
Os alunos compreendem melhor atividades como brincadeira, caracterizando
um exercício lúdico. Assim, aprender brincando a atividade não se torna cansativa.
No entanto mesmo com os benefícios do computador como ferramenta
pedagógica para os alunos com deficiência, os softwares desenvolvidos para esse
tipo de ensino são poucos e os que existem são de difícil acesso. Cabe, portanto a
conscientização dos que estão nessa área de pesquisa para que a produção de
material eletrônico para a educação especial principalmente pública, cresça e
favoreça a inclusão e promoção da pessoa com deficiência.

4 DESAFIOS NA INCLUSÃO DOS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA NA ESCOLA


PÚBLICA

A escola inclusiva é aquela que oferece espaço para todas as crianças,


incluindo as que apresentam necessidades especiais. As crianças com deficiência têm
direito à Educação em escola regular. No convívio com todos os alunos, a criança com
deficiência deixa de ser “segregada” e sua acolhida pode contribuir muito para a
construção de uma visão inclusiva. Garantir que o processo de inclusão possa fluir da
melhor maneira é responsabilidade da equipe diretiva, formada por: Diretor,
coordenador pedagógico, orientador e vice-diretor, quando houver. Para isso é
importante que tenham conhecimento e condições para aplicá-lo no dia a dia da
escola.
O princípio de inclusão parte dos direitos de todos à Educação,
independentemente das diferenças individuais, inspirada nos princípios da
Declaração de Salamanca (Unesco, 1994). Está presente na Política Nacional de
Educação Especial na Perspectiva de Educação Inclusiva, de 2008. Os gestores
devem saber o que diz a Constituição, e principalmente conhecer o Plano Nacional de
Educação (PNE), que estabelece a obrigatoriedade de pessoas com deficiência e com
qualquer necessidade especial de frequentar ambientes educacionais inclusivos.
“Por ser inovador e diferente em sua concepção da Educação Especial, o
Atendimento Educacional Especializado (AEE) tem sido motivo de dúvidas e
interpretações”, afirma Maria Teresa Eglés Mantoan, coordenadora do Laboratório de
Estudos e Pesquisas em Ensino e Diferença (Leped), na Universidade Estadual de
Campinas Unicamp). Segundo ela, o gestor tem à sua disposição toda informação
necessária para fazer o devido acolhimento ao aluno com deficiência. “O que não se
pode fazer é basear esse acolhimento nos conhecimentos anteriores sobre Educação
Especial”, diz ela. “Porque aí é como tirar uns óculos e colocar outro. É preciso ler
com rigor e responsabilidade, ou seja, trocar de óculos”.
A educadora reforça que “ninguém pode tirar o direito à educação do aluno”. E
lamenta que na leitura feita dos documentos de inclusão, muitas vezes a interpretação
dada para o termo “adaptações razoáveis” seja entendida como adaptações
curriculares. Se um aluno tem deficiência física ou auditiva, ele pode precisar de um
recurso, como uma carteira adaptada ou uma avaliação em braile. Mas não deve ser
confundida com adaptação curricular”, diz. Segundo ela, os docentes não precisam
imaginar atividades completamente diferentes para o aluno com deficiência, nem
tentar simplificar a realização para evitar problemas. “Nós não temos a capacidade de
fazer ninguém aprender. Temos que dar liberdade para que o aluno possa aprender
e considerar o que ele consegue e o que não tem interesse em aprender. O bom
professor considera o ensino igual para todos, mas o aprendizado completamente
díspar”.
Outro ponto que consta da política educacional de inclusão é a criação de salas
de recursos multifuncionais, que não pode ser confundida com uma sala qualquer de
recursos. As salas multifuncionais são pensadas para complementar ou suplementar
a aprendizagem dos estudantes com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Mas o que tem pesado, em
algumas escolas, é a interpretação de que é preciso laudo médico para que a escola
receba o Fundeb em dobro.

“Está nas notas técnicas do MEC e Secadi que nenhuma criança precisa de
laudo médico para isso. Não é o laudo que vai dizer que uma criança precisa
de serviço de Educação Especial e sim o laudo educacional, que é o estudo
de caso feito pelo professor AEE. Infelizmente, poucos fazem por
desconhecer a política”, diz Maria Teresa. (Apud Yoshida S. 2018).

4.1 O que diz a lei

A Lei nº 7.853 estipula a obrigatoriedade de todas as escolas em aceitar


matrículas de alunos com deficiência, e transforma em crime a recusa a esse direito.
Aprovada em 1989 e regulamentada em 1999, a lei é clara: todas as crianças têm o
mesmo direito à educação. Os gestores estaduais e municipais devem organizar
sistemas de ensino que sejam voltados à diversidade, firmando e fiscalizando
parcerias com instituições especializadas e administram os recursos que vêm do
governo federal. Mas é somente um dos documentos que o gestor precisa conhecer.
Do ponto de vista educacional, o maior conteúdo está na Política Nacional de
Educação Especial na Perspectiva de Educação Inclusiva.
A acessibilidade prevista na lei 13.146 de 2015, revigora a importância da
aprovação de financiamento pelo poder público em projetos que contribuam para a
acessibilidade de um direito garantido à pessoa com deficiência ou com mobilidade
reduzida de viver de forma independente e exercer seus direitos de cidadania e de
participação social.
Sendo instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência
(Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada a assegurar e a promover, em
condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por
pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania, sendo considerada
pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza
física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais
barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade
de condições com as demais pessoas.
É dever de todos comunicar à autoridade competente qualquer forma de
ameaça ou de violação aos direitos da pessoa com deficiência, sendo dever do
Estado, da sociedade e da família assegurar à pessoa com deficiência, com
prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à sexualidade, à
paternidade e à maternidade, à alimentação, à habitação, à educação, à
profissionalização, ao trabalho, à previdência social, à habilitação e à reabilitação, ao
transporte, à acessibilidade, à cultura, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à informação,
à comunicação, aos avanços científicos e tecnológicos, à dignidade, ao respeito, à
liberdade, à convivência familiar e comunitária, entre outros decorrentes da
Constituição Federal, da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
e seu Protocolo Facultativo e das leis e de outras normas que garantam seu bem-
estar pessoal, social e econômico.
Quem atrapalhar a entrada de uma pessoa com deficiência em planos privados
de saúde estará sujeito a pena de dois a cinco anos de detenção, além de multa,
sendo que mesma punição se aplica em quem negar emprego, recusar assistência
médico-hospitalar ou outros direitos a alguém, por causa de sua deficiência.
É dever do poder público de garantir o completo acesso em condições de
igualdade, assegurar um sistema educacional inclusivo e ofertar recursos de
acessibilidade, conforme previsto em lei, no que tange as escolas inclusivas, o Estado
tem o dever de oferecer o ensino bilíngue, ou seja, em primeira língua a Libra e
segunda língua o português.
O aluno com deficiência tem direito à educação regular na escola, com aulas
dadas pelos professores, e atendimento especializado que não é responsabilidade do
professor de sala de aula. O estado oferece assistência técnica e financeira. Conforme
a deficiência, o estado deve oferecer um cuidador, que nada mais é do que uma
pessoa para ajudar a cuidar do aluno. Esse cuidador deve participar das reuniões
sobre acompanhamento de aprendizagem. Conforme a jurisdição da escola, o gestor
deve procurar a Secretaria estadual ou municipal para suas reivindicações, além de
buscar informações junto a organizações não governamentais, associações e
universidades.

4.2 Adaptação e previsão de recursos em sala

Cabe ao gestor oferecer tempo e espaço para que professores, coordenador e


especialistas possam conversar e tirar dúvidas sobre a integração do aluno com
deficiência. O coordenador deve estar atento a possíveis alterações no plano político-
pedagógico (PPP) e no currículo para contemplar o atendimento à diversidade e
materiais pedagógicos necessários ao atendimento, além de prever o uso de
projeções, áudio e outros recursos nas atividades.
O ideal é garantir a formação na própria escola, já que o gestor conhece melhor
sua equipe e a comunidade. O gestor pode formar um grupo para levantar as
informações relevantes em relação à deficiência dos alunos (junto a organizações e
sites oficiais) e compartilhar em reunião. É essencial abrir o diálogo para que
professores e funcionários possam tirar dúvidas. Se ficar claro durante as conversas
que é necessário orientar melhor algumas pessoas, o gestor pode recorrer a possíveis
formações oferecidas pela Secretaria de Educação.
Os professores podem conversar com suas turmas sobre a chegada de um
aluno com deficiência para reforçar a visão inclusiva. Sendo um estudante com
deficiência de locomoção, que talvez precise de uma carteira adaptada, pode-se
orientar os alunos como proceder (evitar correrias, empurra-empurra etc). Se o aluno
apresentar comportamento agressivo, é importante analisar a origem do problema
junto a professores, especialistas e familiares. Caso ocorra um incidente, é importante
convidar as famílias para uma conversa. E ao menor indicativo de bullying, a equipe
diretiva e os professores podem conversar sobre ações que envolvam todos os alunos
para reforçar a formação de valores.

4.3 Qualidade do ensino e da aprendizagem

Todas as crianças são capazes de aprender: esse processo é individual e o


professor deve estar atento para as necessidades dos alunos. Crianças com
deficiência visual e auditiva desenvolvem a linguagem e pensamento conceitual.
Alunos com deficiência mental podem enfrentar mais dificuldade no processo de
alfabetização, mas são capazes de desenvolver oralidade e reconhecer sinais
gráficos. É importante valorizar a diversidade e estimular as crianças a apresentar seu
melhor desempenho, sem fazer uso de um único nivelador. A avaliação deve ser feita
em relação ao avanço do próprio aluno, sem usar critérios comparativos.
5 INCLUSÃO ESCOLAR, UM DIREITO DE TODOS ALUNOS, COM E SEM
DEFICIÊNCIA

A inclusão de pessoas com deficiência nas escolas comuns na rede regular de


ensino coloca novos e grandes desafios para o sistema educacional. Talvez nos
últimos tempos esse seja um dos temas que mais provoca professores das escolas
comuns, professores do ensino especial, pais e comunidade a realizar discussões tão
acaloradas a respeito de modificações que devem ser realizadas na escola que nem
mesmo as três leis de diretrizes e bases conseguiram.

Fonte:asemanacuritibanos.com.br

Entender a diferença não como algo fixo e incapacitante na pessoa, mas


reconhecê-la como própria da condição humana inda é muito distante e complexo
para a maioria dos professores que trabalha com o conceito de que todos os alunos
são iguais e que as turmas são homogêneas.
A diferença que se materializa não somente pela deficiência, mas também
pelas diferenças de raça, sexo, religião, existe em todos nós, em todas as salas de
aula, tendo alunos com deficiências ou não.
Analisando a história das pessoas com deficiência, vamos ver que por muitos
anos elas perderam a sua identidade para a sua deficiência, não eram chamadas pelo
seu nome, mas pelo nome da sua deficiência: o cego, o down, o surdo. Por isso, por
muito tempo não tiveram acesso a escola comum: ficavam em casa ou eram atendidas
em espaços segregados convivendo apenas com colegas que também tinham
deficiência. Mesmo quando alguns desses alunos passaram a frequentar as classes
comuns das escolas regulares num processo de integração, havia uma seleção prévia
daqueles que estariam aptos e adequados ao formato da escola. A escola não
precisaria mudar, os alunos, sim, teriam que mudar para se adequar as exigências da
escola.
Mas a partir de 1988, a Constituição Federal garantiu o acesso de todos os
alunos as turmas comuns do ensino regular. Isso tem levado a uma profunda reflexão
sobre o sentido da escola, sobre o seu papel de formador das futuras gerações e
sobre o desafio de considerar as diferenças na sala de aula um fator que qualifique e
enriqueça o ensino.
A convivência entre crianças com e sem deficiência é benéfica para ambas.
Ganham os alunos com deficiência à medida em que convivem em um ambiente
desafiador, provocador, rico em experiências que os incentivem a pensar. E ganham
os alunos ditos normais por terem oportunidade de aprender com a diferenças do
outro, vivenciarem novas formas de construir conhecimento e de se comunicar (libras,
braile, recursos da tecnologia assistiva e da comunicação alternativa e aumentativa,
entre outros) e, acima de tudo, por terem a oportunidade de vivenciar verdadeiros
momentos de colaboração, ajuda mútua e solidariedade, tão necessários em nossos
dias. E essa afirmativa é tão verdadeira que muitos são os pais de crianças ditas
normais que lutam pelo direito de seus filhos terem colegas com deficiências.
Relatos de redes e escolas que estão vivendo a rica experiência de trabalhar
com o objetivo de oferecer uma educação de qualidade para todas as crianças estão
acontecendo em todo o país. E essas escolas e essas redes tem algumas coisas em
comum, principalmente o desejo de sair do papel de mera repassadora de
informações para o de produtora de conhecimento e emancipadora de seus alunos,
tenham eles deficiências ou não.

“Entender a diferença não como algo fixo e incapacitante, mas reconhecê-la


como própria da condição humana ainda é distante e complexo para a maioria
dos professores que trabalha com a ideia de que todos alunos são iguais e
as turmas, homogêneas”. (Apud SARTORETTO M. L. 2017).

A transformação de todas as escolas em escola inclusiva é um grande desafio


que teremos que enfrentar. A redefinição do papel das escolas especiais como
responsáveis pelo oferecimento de atendimento educacional especializado e das
escolas comuns como o local onde os alunos através dos conhecimentos possam
questionar a realidade e coletivamente viver experiências que reforcem o sentimento
de pertencimento é condição para que a inclusão aconteça.
Nesse contexto, o redimensionamento no enfoque da formação dos
professores é imprescindível, e o objetivo não deve ser o de adquirir conhecimentos,
mas, sim, de desenvolver a capacidade de adquirir conhecimentos. Tanto quanto os
seus alunos, os professores também têm que sentir-se incluídos. Nos projetos de
formação duas realidades precisam ser consideradas: a pessoa do professor e a
equipe (professor/escola).
É preciso que os problemas de aprendizagem deem lugar ao estudo e reflexão
dos problemas do ensino, assim como em vez de preocuparmos sobre como devemos
ensinar, precisamos estudar como os nossos alunos aprendem. Atividades tão
comuns como ditar e escrever, falar e ouvir devem ser totalmente eliminadas pelos
professores que nos seus espaços de formação precisam refletir suas práticas e criar
alternativas que reconheçam que educar é muito mais do que preparar os alunos para
fazer exames, decorar a tabuada ou reproduzir formulas e conceitos que não
entendem.
Um bom projeto de formação continuada para professores que querem incluir
não só alunos com deficiência, mas todos os alunos, deve:
– Proporcionar espaços destinados ao trabalho em equipe dos professores,
com o objetivo de fomentar a reflexão sobre a importância do reconhecimento das
diferenças como um fator que qualifica o ambiente escolar;
– Oportunizar encontros periódicos entre os distintos membros da comunidade
escolar para debater iniciativas de melhoria.
Outro aspecto que deve ser considerado é a importância do atendimento
educacional especializado, que deve ser oferecido para os alunos com deficiências,
ou com altas habilidades que dele necessitarem.
O atendimento educacional especializado diferencia-se completamente do
trabalho realizado na sala de aula comum. Deve ser oferecido nas salas de recursos,
no horário oposto ao que o aluno frequenta a escola, individualmente ou em pequenos
grupos, pelo professor com formação específica e abordar aquilo que é
necessariamente diferente do ensino escolar com o objetivo de atender às
necessidades específicas do aluno com deficiência ou com altas habilidades e deverá
apoiar, complementar e suplementar os serviços educacionais comuns.
É através do atendimento educacional especializado que os professores do
ensino comum e do ensino especial devem buscar soluções que venham beneficiar o
aluno, respondendo às suas necessidades específicas, garantindo o acesso e
permanência com sucesso na escola e assim combatendo a exclusão.
Para isso, o professor do Atendimento Educacional Especializado (AEE) deve
articular-se com o professor da sala comum, orientando-o sobre o uso de
equipamentos e materiais de acessibilidade e coletando informações a respeito da
aprendizagem do aluno.
O professor do AEE deve ainda realizar observações dentro da sala de aula
comum da interação do aluno com deficiência com os demais alunos para detectar a
necessidade e a avaliação dos recursos de acessibilidade. Necessita ainda avaliar a
necessidade de ajudas individuais em grupos para a atenção à diversidade de todo o
corpo discente.

6 TECNOLOGIA ASSISTIVA NO PROCESSO DE INCLUSÃO ESCOLAR:


CONSIDERAÇÕES SOBRE OS RECURSOS PEDAGÓGICOS ADAPTADOS

Com o advento da inclusão escolar nos últimos tempos, muitas pesquisas têm
demonstrado a importância de estudar esse tema como forma de possibilitar a
transformação da sociedade e o reconhecimento da diversidade humana e, a partir
disso, oportunizar recursos e/ou estratégias que podem favorecer esse processo
inclusivo.
Segundo Sassaki (1997), a inclusão aparece como um processo de
modificação da sociedade, para possibilitar que as pessoas com necessidades
especiais possam buscar seu desenvolvimento e exercer a cidadania.
A defesa desse ideário causa impactos em diferentes sistemas sociais, o que
suscita desafios à educação, dando origem a vários encontros internacionais que
proporcionaram a elaboração de documentos norteadores com o propósito de
implementar um plano de ação especificamente dirigido à área educacional, quanto à
qualidade e universalização do ensino (SEABRA, 2006)
Silva (2005) aponta os principais encontros que foram realizados como, a
Conferência Mundial de Educação para Todos, em Jomtiem, na Tailândia, em 1990
que resultou na Declaração Mundial sobre Educação Para Todos e a Conferência
Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais: Acesso e Qualidade,
promovida pelo governo da Espanha e pela Unesco, em junho de 1994, que deu
origem à declaração de Salamanca, na qual encontramos referências sobre a
educação inclusiva, importância de se desenvolver uma pedagogia centrada no aluno
e reforço da necessidade de capacitação de professores.
Em meio a esta estruturação de ideias a respeito da inclusão, torna-se de
extrema importância levar em consideração a legislação que determina, orienta e
regulariza o atendimento a pessoa com deficiência, no sentido de promover a
igualdade de direitos entre as pessoas.
Assim, com relação aos aspectos legais relativos à inclusão das pessoas com
necessidades educacionais especiais, um marco fundamental foi a Constituição
Federal de 1988, resultado de um processo histórico que promoveu a dignidade da
pessoa humana e a garantia do exercício de cidadania para que não houvesse
desigualdades sociais e eliminassem quaisquer preconceitos ou discriminação
(BRASIL, 1988).
No que se refere à educação, um passo marcante foi a definição da Lei de
Diretrizes e Bases (LBD) nº 9.394, que sancionada a 12 de dezembro de 1996, destina
o seu capítulo V à Educação Especial que retrata a inserção das pessoas com
deficiência junto às demais pessoas, a fim de exigir uma maior atenção e desempenho
dos que lidam com a área educacional.
Dessa forma, para que a inclusão se concretize, insere-se a necessidade de
adequação do espaço escolar, de seus equipamentos e materiais pedagógicos, além
da capacitação dos recursos humanos.
Ampliar as potencialidades cognitivas do aluno com necessidades
educacionais especiais (NEEs) é um dos grandes desafios do trabalho de inclusão na
sala de aula. Mas, mesmo com poucos recursos, é possível oferecer boas alternativas
para atender às peculiaridades dos educandos adaptando materiais pedagógicos. O
uso deles permite que os alunos sejam capazes de se expressar, elaborar perguntas,
resolver problemas e se tornar mais participativos, permitindo assim uma maior
interação social com os colegas de classe.
Recursos flexibilizados favorecem o aprendizado dos alunos com deficiência e
alguns deles podem ser confeccionados na própria escola, como por exemplo:
Garrafas e tampinhas de plástico servem para trabalhar conceitos de
Matemática, como os de quantidade, com os deficientes visuais. Com o mesmo
objetivo, os alunos com dificuldades motoras usam um jogo de memória, que é
montado com rodinhas de madeira serrada de um cabo de vassoura, o que
facilita o manuseio.
O bambolê com arroz e os dados com diversas texturas, por exemplo,
são confeccionados para as crianças com deficiência visual. "Ao planejar as
atividades, há uma preocupação para que ninguém fique de fora,
independentemente do nível de habilidade.
Com materiais simples, é possível adaptar alguns objetos e proporcionar
grande benefício aos alunos:
- Livros com marcadores. Colocar clipes ou velcro (desses usados nos pés de
móveis) entre as páginas ajuda a manipulação por quem tem dificuldades motoras.
- Cadernos com linhas escurecidas. Usar uma caneta ou hidrocor para reforçar
as linhas das páginas torna a escrita mais fácil das crianças com capacidade visual
reduzida.
- Objetos sonoros. Inserir guizos ou grãos dentro de bambolês ou bolas os deixa
perceptíveis aos deficientes visuais.
- Lápis com engrossador. Encaixar uma bola de borracha na parte de trás do
lápis, ou envolvê-lo com espuma, aumenta a sua circunferência e facilita o uso para
quem tem dificuldade motora.
- Alfabeto ampliado. Colar as letras sobre tampas de garrafa, caixas de vídeo
ou de fósforo, deixa as peças mais altas e fáceis de visualizar para quem possui baixa
visão.
Recursos fazem com que alunos participem das aulas de forma efetiva.
Fonte: gestaoescolar.org.br

Além da capacitação dos professores, as novas tecnologias têm se tornado um


recurso facilitador utilizado na inclusão das pessoas com necessidades especiais.
Esses recursos podem ser denominados como tecnologia assistivas, ou ajudas
técnicas, ou tecnologia de apoio ou de suporte ou autoajudas.

A formação continuada do professor deve ser um compromisso dos sistemas


de ensino comprometidos com a qualidade do ensino que, nessa perspectiva,
devem assegurar que sejam aptos a elaborar e a implantar novas propostas
e práticas de ensino para responder às características de seus alunos,
incluindo aquelas evidenciadas pelos alunos com necessidades educacionais
especiais. (PRIETO, 2006, p. 57 apud BONATO et al., 2011).

Fonte:google.com
A tecnologia assistiva é uma ampla variedade de recursos destinados a dar
suporte (mecânico, elétrico, eletrônico, computadorizado, etc.) às pessoas com
deficiência física, visual, auditiva, mental ou múltipla. Esses suportes podem ser, por
exemplo, uma cadeira de rodas, uma prótese, uma órtese, e uma série infindável de
adaptações, aparelhos e equipamentos nas mais diversas áreas de necessidade
pessoal (comunicação, alimentação, transporte, educação, lazer, esporte, trabalho,
elementos arquitetônicos, e outras).
As tecnologias assistivas podem ser classificadas nas seguintes modalidades:
auxílios para a vida diária e vida prática, materiais pedagógicos e escolares especiais;
comunicação aumentativa e alternativa; recursos de acessibilidade ao computador;
adequação postural (mobiliário e posicionamento) e mobilidade; recursos para cegos
ou pessoas com visão subnormal; recursos para surdos ou pessoas com déficits
auditivos; projetos arquitetônicos para acessibilidade; adaptações em veículos
escolares para acessibilidade, dentre outros.
De acordo com Torres, Mazzoni e Alves (2002) as ajudas técnicas
exemplificadas, para algumas pessoas atuam como complemento, permitindo que
melhorem a forma como desempenham as atividades; para outras elas são
imprescindíveis, sendo por meio delas que seus intelectos conseguem se expressar.
Para este segundo grupo de pessoas, é a tecnologia que intermedia a sua
comunicação com o mundo, tanto nas situações de educação como nas demais
interações sociais.
É importante ressaltar que nem todas as informações do mundo podem ser
recebidas pelo usuário, se não for levado em consideração o aspecto da
acessibilidade em relação às essas informações.
A acessibilidade tem sido empregada em leis como forma para garantir que
todas as pessoas, inclusive as que têm deficiência, tenham acesso a todos os
elementos que possam ser alcançados ou visitados (MANZINI E AUDI, 2006, Apud
CAVALCANTE F. S. Z.2017).
O decreto nº 5.296. de 2 de dezembro de 2004, estabeleceu que a
acessibilidade seria uma condição para utilização, com segurança e autonomia, total
ou assistida, dos espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, das edificações, dos
serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e
informação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida
(BRASIL, 2004).
Nas recomendações da Procuradoria Federal dos Direitos do cidadão (2004)
sobre o acesso de alunos com deficiência física ás escolas e classes comuns da rede
regular, as ajudas técnicas como a comunicação alternativa oral e escrita (pranchas
de comunicação, vocalizadores portáteis), as adaptações de acesso ao computador
(livros digitais, softwares para leitura, livros com caracteres ampliados, acionadores)
e a adaptação de recursos pedagógicos são citadas.
Muitas publicações em torno desta temática estão ocorrendo como, por
exemplo, o quarto fascículo do “Portal de Ajudas Técnicas – equipamento e material
pedagógico especial para a educação, capacitação e recreação da pessoa com
deficiência física: recursos pedagógicos adaptados”. Este documento foi lançado em
2007, pela Secretaria da Educação Especial (MANZINI; DELIBIRATO, 2007, Apud
CAVALCANTE F. S. Z.2017).
Na literatura citada, os recursos pedagógicos adaptados podem ser
considerados como tecnologia assistiva, elementos que permitem compensar uma ou
mais limitações funcionais motoras, sensoriais ou mentais da pessoa com deficiência,
com o objetivo de permitir-lhe superar as barreiras da comunicação e da mobilidade,
dentre outras.
Reganhan (2006) afirma que um trabalho pedagógico requer o uso de recursos,
sendo estes adaptados, quando necessário, de modo a possibilitar ao aluno deficiente
a abstração dos conteúdos no mesmo grau de conhecimento e realizar as atividades
propostas com a mesma intensidade que os demais alunos da sala.
A construção de recursos deve ser adequada às necessidades do aluno e
corresponder à atividade proposta, a fim de beneficiar o aluno, durante o aprendizado,
e o professor, no processo de ensino (MELLO, 2003). Em seu estudo, a autora ainda
pontua que o uso de recursos facilitou e proporcionou uma aula mais produtiva e
dinâmica. Porém, foi necessário adequar, aperfeiçoar ou trocar o recurso, quando
estes não estavam adequados ou não correspondiam às necessidades do aluno, na
atividade proposta.
A possibilidade de adaptação dos recursos é relevante, pois favorece um
ensino e aprendizado correspondente às condições dos alunos, o que pode garantir o
êxito da integração do aluno deficiente, no ensino regular (REGANHAN, 2006).
Blanco (1995) realça a necessidade de observar as necessidades educacionais
especiais dos alunos, para adaptação do material, e a necessidade de um
planejamento com atividades e materiais adequados, para transmitir novos conteúdos.
Esse autor afirma que o tipo de aprendizagem que se quer alcançar é um fator
importante, no processo metodológico.
A adaptação do recurso pedagógico precisa ser realizada de maneira
adequada, para não retirar os próprios objetivos do mesmo, mas sim adaptando as
necessidades que surgirem, a fim de favorecer o ensino e contribuir para o
aprendizado (MANZINI, 1999).
Desenvolver recursos que garantam a acessibilidade às informações seria uma
maneira de neutralizar as barreiras e inserir esse indivíduo em ambientes ricos para a
aprendizagem, proporcionados pela cultura (GALVÃO; DAMASCENO, 2000, Apud
CAVALCANTE F. S. Z.2017).
A importância da necessidade de adaptação de recursos pedagógicos e uso
dos mesmos, como instrumento de ensino e aprendizado se faz necessária,
juntamente com questões relacionadas a acessibilidade, já que o desafio atual é a
elaboração de uma política educacional inclusiva voltada para um ensino de
qualidade, independente das diferenças de cada aluno. Assim, a escola deve ser
capaz de responder às necessidades dos alunos eficazmente, para que não haja
frustração, desistência, segregação e exclusão.

Fonte: galvaofilho.net
Tecnologia Assistiva é uma disciplina de domínio de profissionais de várias
áreas do conhecimento, que se interagem para restaurar a função humana. Ela diz
respeito à pesquisa, fabricação, uso de equipamento, recursos ou estratégias
utilizadas para potencializar as habilidades funcionais das pessoas com deficiências,
é uma área de conhecimento que engloba recursos e serviços com o objetivo de
proporcionar maior qualidade de vida aos indivíduos com perdas funcionais advindas
de deficiência ou como resultado do processo de envelhecimento. Manzini explica
que:

Os recursos de tecnologia assistiva estão muito próximos do nosso dia-a-dia.


Ora eles nos causam impacto devido à tecnologia que apresentam, ora
passam quase despercebidos. Para exemplificar, podemos chamar de
tecnologia assistiva uma bengala, utilizada por nossos avós para
proporcionar conforto e segurança no momento de caminhar, bem como um
aparelho de amplificação utilizado por uma pessoa com surdez moderada ou
mesmo veículo adaptado para uma pessoa com deficiência (MANZINI, 2005,
p. 82, Apud PARREIRA J. S. 2018).

As possibilidades para o uso da Tecnologia Assistiva são incontáveis. Desde


simples recursos a um custo baixo até dispositivos que utilizem caras e aprimoradas
tecnologias, cada recurso deve ser disposto conforme as necessidades dos usuários.
Por entender que o conceito de TA é bastante amplo, a proeminência do estudo
da melhoria na qualidade de vida dos portadores de deficiências, se faz necessário
citar, por sua relevância social não somente no ambiente escolar, mas pela melhoria
na qualidade de vida dos deles.
Diante deste contexto de se buscar melhores usos da tecnologia e de se
construir instrumentos capazes de propor relativo conforto e potencializar a vida dos
que são assistidos pela TA, a qualidade de vida para esses deficientes pode ser
entendida como um conjunto de condições que contribuem para o bem-estar físico e
mental dos indivíduos em sociedade.
Uma vez que atendidas as necessidades básicas dos portadores no ambiente
acadêmico, espaço onde são realizados estudos e desenvolvimentos das
capacidades intelectuais, tanto pela TA quanto as TICs, a garantia do direito de
inclusão no meio social é respeitada. Em pleno século XXI, não podemos viver em
ilhas, isolamentos sociais, tais ações afetam a qualidade mental e física do indivíduo,
não permitido o usufruto da qualidade de vida e inclusão.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em seu artigo 55, afirma que a
matrícula no ensino regular é uma obrigação dos pais ou responsável e indica no seu
art. 5º que “nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na
forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais”.
Sendo o acesso à rede de ensino regular um direito da criança e do
adolescente, faz-se necessário que haja a oferta aos alunos portadores de
deficiências o Atendimento Educacional Especializado – AEE. Este se configura como
um espaço onde seja ofertado todo o arsenal de recursos necessários ao aluno com
deficiência, incluindo o uso de Tecnologia Assistiva para auxiliá-lo em seu processo
formativo.
Segundo o MEC (MEC, p.3, 1996), o Atendimento Educacional Especializado
é: Um serviço da Educação Especial que identifica, elabora e organiza recursos
pedagógicos e de acessibilidade que eliminem barreiras para a plena participação dos
alunos, considerando suas necessidades específicas. Ele deve ser articulado com a
proposta da escola regular, embora suas atividades se diferenciem das realizadas em
salas de aula de ensino comum.
Obviamente que, além dos recursos, a inserção de tecnologias assistivas exige
da escola o treinamento de seus professores e funcionários para que sejam utilizadas
de modo a trazer o efetivo benefício aos seus usuários.
Não se pode negar a importância que a educação tem para a formação do
indivíduo, como também a tecnologia. No entanto, ao contrário do que já vem
acontecendo com outras instituições sociais, as escolas têm demorado de incluir, mais
do que o possível, as tecnologias no seu cotidiano. Sendo o acesso à educação um
direito de todos e uma obrigação de pais e governo, a Tecnologia Assistiva se torna
urgente para a inclusão dos portadores de deficiência no ambiente escolar e,
especialmente, para a garantia dos seus direitos fundamentais.
7 A TECNOLOGIA ASSISTIVA COMO RECURSO DE ALFABETIZAÇÂO DE
JOVENS E ADULTOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

Fonte: diversa.org.br

Se tratando de um público de Jovens e adultos o cenário deve ser analisado


com um pouco mais de cautela, uma vez que, nos reportamos a um público que ficou
por algum tempo afastado do sistema escolar. Sendo assim, o olhar da
psicopedagogia é pertinente neste processo não com uma visão organicista do
processo de aprendizagem, mas com o objetivo de colaborar para a promoção
acadêmica destes sujeitos. Para Masini (2006) quando a criança não aprendia é nela
que recaia o problema e não na escola.
A psicopedagogia lança um novo olhar para os problemas de aprendizagem
dos indivíduos e busca alternativas pedagógicas para melhorar o desempenho
escolar. Assim, o uso da tecnologia assistiva é apresentada como instrumento
pedagógico na alfabetização de jovens e adultos com deficiência intelectual.
A tecnologia assistiva tem sido utilizada como recurso de acessibilidade na
inclusão de pessoas com deficiência promovendo a participação nas atividades
escolares e nas tarefas da vida diária.
Embora a Educação de Jovens e Adultos no Brasil tenha uma história que se
inicia muitos anos antes da promulgação dos instrumentos legais que atualmente a
normatizam, é com a Constituição Federal de 1988 e com a LDB nº 9394/96 que as
demandas de educação dos jovens-adultos são demarcadas como conquista efetiva
dos movimentos sociais.
Deve se destacar que com a LDB temos a instauração da Educação de Jovens
e Adultos - EJA como modalidade de ensino, a ser oferecida sob a responsabilidade
do poder público. Conforme destaca Arroyo (2006, p. 19 apud SIEMS, 2011)

O campo da Educação de Jovens e Adultos tem uma longa história. Diríamos


que é um campo ainda não consolidado nas áreas de pesquisa, de políticas
públicas e diretrizes educacionais, da formação de educadores e
intervenções pedagógicas. Um campo aberto a todo cultivo e onde vários
agentes participam. De semeaduras e cultivos nem sempre bem definidos ao
longo de sua tensa história.

A inclusão social é de responsabilidade da sociedade e espaço escolar de


todos que participam do cotidiano escolar. É preciso garantir um ambiente inclusivo
que elimine as barreiras arquitetônicas e atitudinais. Para que haja acesso,
permanência e, mais importante, aprendizagem desses alunos, a escola precisa
adotar uma perspectiva de uma educação democrática, que esteja equipada com os
recursos pedagógicos específicos para atender às distintas necessidades especiais
dos alunos e tenha professores capacitados para lidar com as diferenças de
aprendizagens. A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) prevê que os sistemas de ensino
assegurarão currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização
específicos, para atender às necessidades dos alunos com deficiência.
(BRASIL,1996).
As escolas inclusivas precisam oferecer a todos os alunos oportunidades
educacionais adequadas e desafiadoras que lhes promovam efetiva escolarização
com promoção acadêmica. A Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994) teve o
objetivo de conscientizar os países de que existe a necessidade de se discutir e lançar
ações que concretizem os princípios da educação inclusiva. Para Mantoan (2008), a
inclusão escolar é a capacidade de compreender e reconhecer o outro e, assim, ter o
privilégio de aceitar e conviver com pessoas diferentes, compartilhando experiências
que possibilitem seu desenvolvimento social e educacional.
Na alfabetização de jovens e adultos com deficiência intelectual a tecnologia
assistiva é uma ferramenta que aumenta a funcionalidade desses indivíduos que,
dependendo do comprometimento, apresentam dificuldades na leitura e na escrita
bem como na comunicação com o mundo. Dessa maneira vale ressaltar o uso da
tecnologia assistiva como ferramenta na inclusão social de jovens e adultos com
deficiência intelectual. Entretanto, faz-se necessário compreender quem é o aluno
com deficiência intelectual, seu processo de aprendizagem e o papel da tecnologia
assistiva na alfabetização.
A metodologia utilizada se constituiu de um levantamento da produção da área
sobre o tema, pesquisa bibliográfica, em diálogo com a literatura especializada.
A pesquisa bibliográfica é um conjunto de conhecimentos humanos que
encontramos nas obras e tem por objetivo guiar o leitor a um dado assunto
contribuindo para a utilização das informações reunidas para a realização da
pesquisa.

É neste momento, que se coloca como desafio coletivo a reconfiguração da


EJA, não mais como suplência, compensação ou assistência, mas como
parte da Educação Básica, destinada a atender jovens e adultos em suas
“trajetórias humanas”; jovens que trazem, para o contexto da escola, os
“tensos processos de sua formação mental, ética, identitária, cultural, social
e política” que compõem seu processo de formação e aprendizagem
(ARROYO, 2006, p. 25 apud SIEMS, 2011).

Na atualidade, no conjunto desses jovens que trazem em seu percurso


formativo as marcas de tantas situações de exclusão social, vamos encontrar a
presença, como em outros campos da vida social, de pessoas jovens e adultas com
deficiência, que buscam, no acesso à educação, meios de dar continuidade ao seu
desenvolvimento humano e social.

8 A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

A deficiência intelectual engloba em uma mesma categoria de análise um grupo


heterogêneo de indivíduos com distintos níveis de comprometimentos. A Política
Nacional de Educação Especial baseia-se na concepção adotada, pela até então
Associação Americana de Deficiência Mental, que atualmente passou a designar:
American Association on Intellectual and Developmental Disabilities - AAIDD, que, na
tradução para o português significa, Associação Americana de Deficiências Intelectual
e de Desenvolvimento- AADID (SASSAKI, 2007).
Segundo a Política Nacional de Educação Especial a deficiência intelectual
caracteriza-se:

Por registrar um funcionamento intelectual significativamente abaixo da


média, oriundo do período de desenvolvimento, concomitante com limitações
associadas a duas ou mais áreas da conduta adaptativa ou da capacidade
do indivíduo em responder adequadamente às demandas da sociedade, nos
seguintes aspectos: comunicação, cuidados pessoais, habilidades sociais,
desempenho na família e comunidade, independência na locomoção, saúde
e segurança, desempenho escolar, lazer e trabalho. (BRASIL, 1994, p. 15,
Apud CORRÊA R. P. 2015).

Os alunos com deficiência intelectual apresentam dificuldades de


aprendizagem por causa do funcionamento intelectual limitado podendo estar
associada a duas ou mais áreas da conduta adaptativa. O comportamento adaptativo
é definido como o conjunto de habilidades conceituais, sociais e práticas adquiridas
pela pessoa para corresponder as demandas da vida diária. (LUCKASSON, 2002).

Fonte: novaescola.org.br

Tais aspectos não podem ser negligenciados nas decisões acerca do


planejamento escolar. Por muito tempo a escolarização deste alunado foi negada
porque os deficientes intelectuais eram rotulados como incapazes e estereotipados
com o mito da “eterna criança”. Assim, as decisões educacionais e intervenções
pedagógicas acerca das competências sociais eram postergadas em suas propostas
educacionais voltadas para este público educativo. (FERNANDES, 2010, Apud
CORRÊA R. P. 2015).
Este cenário vem mudando com um novo paradigma proposto pela American
Association on Intellectual and Developmental Disabilities- AAIDD- Associação
Americana de Deficiência Intelectual que avalia os deficientes intelectuais de maneira
multidimensional pois considera o ambiente, as atitudes sociais e não somente o
quociente intelectual. Entende que os fatores externos são decisivos para 7 o nível de
funcionalidade e competências sociais dos deficientes intelectuais. Esse novo olhar
trouxe para o campo da educação a palavra de ordem que o deficiente intelectual é
capaz de aprender e suas limitações não são apenas de caraterísticas intrínsecas,
mas o resultado de um desajustamento entre as funcionalidades do indivíduo e as
interações sociais estabelecidas (SANCHES et al, 2012, Apud CORRÊA R. P. 2015).
Segundo o Instituto Helena Antipoff (SME/IHA/RJ)2 a deficiência intelectual se
manifesta:

Alunos com deficiência mental apresentam um padrão diferenciado de


desenvolvimento cognitivo, afetivo e motor; possuem uma diferença nos
processos evolutivos de personalidade; têm dificuldades na capacidade de
aprender, na constituição de sua autonomia e nos processos de relação com
o mundo, pois sua forma de organização apresenta-se de maneira
qualitativamente diferente de seus pares da mesma idade, o que lhe faz
peculiar em sua forma de perceber o estar no mundo. (Apud MAGALÂES,
2000, p.3, Apud CORRÊA R. P. 2015).

Embora seja considerado que os deficientes intelectuais englobam um grupo


muito heterogêneo de indivíduos eles apresentam características que os especificam:
apresentam um ritmo de aprendizagem mais lento do que seus pares da mesma faixa
etária o que implica na interação social e no tempo para a realização das atividades,
que deve ser maior. Apresenta capacidade limitada na formação de conceitos,
generalizações, abstração e memória. Atrasos no desenvolvimento psicomotor, na
percepção sensorial, linguagem e comunicação (GLAT, 2011). Contudo, as limitações
que os deficientes intelectuais apresentam não são, de maneira nenhuma, um entrave
na sua escolarização a medida em que são expostos a um ambiente que lhes
ofereçam os suportes necessários para o seu desenvolvimento. A tecnologia assistiva
aparece neste cenário como recurso utilizado na alfabetização de jovens e adultos
com deficiência intelectual bem como na melhoria da qualidade de vida e inclusão
social.
8.1 Alfabetização de jovens e adultos

A Educação de Jovens e Adultos não se refere a reflexões e ações dirigidas a


qualquer jovem ou adulto dentro da sociedade, mas realiza um recorte dentro dessa
faixa etária-social que, com características próprias, os diferencia dos seus pares;
tratando-se, portanto, de especificidade cultural. Para indivíduos com deficiência
intelectual este postulado vai além, uma vez que, em função do seu comprometimento
orgânico e da falta de oferta cultural agravam a disparidade série-idade delineando o
cenário que iremos discutir. Para Oliveira (2001) o traço cultural passa pela condição
de excluídos da escola regular. Entretanto, para além dessa característica gerais
presente na educação de jovens e adultos essa modalidade de ensino proporcionaria
inserção no mercado de trabalho. Portanto, os jovens e adultos que buscam a escola
de EJA trazem consigo uma enorme baixa-estima e uma forte sensação de serem
totalmente rejeitados pela cultura letrada, da qual a escola é legítima representante.
A recíproca dessa afirmação também é verdadeira, uma vez que a escola pensa esse
aluno como alguém que não se enquadra aos seus rituais. (CALHÁU, 2008, p. 207).
Este aluno e especificamente o aluno com deficiência intelectual é visto dentro
de um modelo de “aluno ideal” que a escola preconiza quando relega àquele que tem
dificuldades de aprender a evasão e o fracasso escolar. Não se considera as
necessidades educacionais deste alunado e muitas vezes novos aportes pedagógicos
não são utilizados para que este público aprenda a ler e a escrever.
Acreditamos que a alfabetização é o momento fulcral na escolaridade de um
aluno. É neste que ele irá descobrir entre os objetos e o mundo e assim terá subsídios
para interpretar a realidade que o cerca. Portanto, aprender a ler e escrever não é um
ato mecânico, mas é um ato complexo quando se trata de um jovem ou adulto que se
altera na condição de sujeito com necessidades educacionais especiais.
Vygotsky (1998), relata que as funções superiores do pensamento são
acessadas e desenvolvidas fazendo-se uso das linguagens que estabelece uma forma
de narrativa, pensamos narrativamente ainda que por meio de símbolos, sejam eles
grafo-alfabéticos, matemáticos ou estéticos. Quanto mais qualidade na apropriação
dessas linguagens, maiores as possibilidades de desenvolvimento das capacidades
cognitivas.
Dessa maneira a escolarização para o público de Educação de Jovens e
Adultos, na forma como está posta, incluída em detrimento de inclusiva, não produzirá,
segundo Maria do Socorro Calháu (2010) transformações, se ela não levar em conta
a opinião daqueles que se encontram marginalizados do debate e da reflexão sobre a
sua participação na sociedade em desenvolvimento, ou seja, há que se constituir o
“eu” e considerar o “outro”, sob o risco de se realizar uma educação incompleta e
incapaz de produzir as mudanças que se fazem necessárias.
Acreditamos que alfabetizar é o processo de leitura e de escrita que não pode
ser confundido com letramento. Uma pessoa pode ser alfabetizada e não letrada e
vice-versa. Letramento passa pelo campo dos usos sociais da língua que não é
objetivo em nosso trabalho aprofundar.
Alfabetizar é ensinar a ler e a escrever. Em indivíduos com deficiência
intelectual alfabetizar é um desafio, uma vez que, eles apresentam dificuldades de
abstração, comunicação entre outras, mas quando não são expostos a atividades
desafiadores em ambientes estruturados estes indivíduos não aprendem. Com
relação a alfabetização Paulo Freire nos aponta que:

Alfabetização é mais que o simples domínio mecânico de técnicas para


escrever e ler. Com efeito, ela é o domínio dessas técnicas em termos
conscientes. É entender o que se lê e escreve o que se entende. (...) implica
uma auto formação da qual se pode resultar uma postura atuante do homem
sobre seu contexto. Para isso a alfabetização não pode se fazer de cima para
baixo, nem de fora para dentro, como uma doação ou uma exposição, mas
de dentro para fora pelo próprio analfabeto, apenas ajustado pelo educador.
Isto faz com que o papel do educador seja fundamentalmente diálogos com
o analfabeto sobre situações concretas, oferecendo-lhes os meios com que
os quais possa se alfabetizar. (FREIRE, 1999, p.72, Apud CORRÊA R. P.
2015).

Para os alunos com deficiência intelectual ler e escrever é uma atividade que
proporcionará a leitura de mundo que para este aluno é sinônimo de autonomia social.
É desde ter autonomia para fazer as suas atividades domesticas como ler uma receita
para cozinhar até a inserção no mercado de trabalho. Sendo assim, vamos
compreender que recursos podem ser usados neste processo.

8.2 A tecnologia assistiva no contexto da leitura e da escrita de jovens e


adultos com deficiência intelectual

A aquisição da leitura e da escrita é o processo mais almejado pelas famílias


dos alunos com deficiência intelectual. Sabemos que as limitações impostas pela
deficiência podem se tornar entraves para a escolarização, mas o acesso aos
recursos oferecidos pela escola é determinante para o desenvolvimento do indivíduo.
Desenvolver recursos de acessibilidade com a tecnologia assistiva, 10 apresenta-se
como forma concreta de minimizar as barreiras causadas pela deficiência e inserir
esse indivíduo em ambientes letrados, ricos para a aprendizagem e desenvolvimento,
proporcionados pela cultura. (GALVÃO FILHO; DAMASCENO, 2003, Apud CORRÊA
R. P. 2015).
A escola tem a herança do modelo médico que se atenta à patologia do aluno
e não em suas capacidades que são desenvolvidas a partir da interação entre o
indivíduo e o meio social. Para os jovens e adultos com deficiência intelectual que já
apresentam uma disparidade série/idade em virtude da deficiência, a aquisição da
leitura e da escrita, bem como a formação de conceitos, mostra-se prejudicada devido
ao ensino ofertado nas escolas.

Fonte: jornalsomos.com.br

Atividades elementares nas suas formas tradicionais de preparação para a


alfabetização com metodologias que privilegiam a repetição em detrimento a
construção de significados para o desenvolvimento das funções psicológicas
superiores. Ide (1992) critica as formas tradicionais de ensino que consiste no treino
mecânico de exercícios gafro-motores descontextualizados. A memorização e o treino
mecânico não possibilitam os usos socais da linguagem. Dessa maneira, a escola
acaba deixando o deficiente intelectual a mercê do seu comprometimento orgânico.
A mediação da leitura e da escrita deve ser feita de maneira prospectiva à
medida em que o aluno com deficiência intelectual for se apropriando do
conhecimento. Daí a importância de planejar as atividades para atender as
necessidades educacionais de cada indivíduo que apresente deficiência intelectual,
pois embora tenham a mesma etiologia, necessitam de recursos e estratégias
diferenciadas. Pletsch (2010, p.187) nos atenta para o fato da “aprendizagem não
ocorrer de maneira espontânea, mas a partir de práticas curriculares planejadas e
sistematizadas de forma intencional”.
As intervenções planejadas são cruciais para a alfabetização. A aquisição da
leitura e da escrita é construída numa parceria interativa entre professor/aluno,
aluno/professor e aluno/aluno. Vygotsky (1998) e Freire (1999) ao analisarem este
processo pontuaram a necessidade dessa construção ser desenvolvida a partir da
realidade vivida pelo educando, explorando suas leituras de mundo, ou seja, partindo
do seu meio histórico-cultural. Para Vygotsky (1996) da mesma maneira que se
aprende a falar, aprende-se a ler e a escrever. A alfabetização deve possibilitar uma
nova leitura de mundo funcionando como ferramenta para o desenvolvimento
cognitivo, assim como para a promoção e inserção social.
A alfabetização é a principal tarefa capaz de trazer para si mesmo e para os
outros, um novo significado: Possivelmente seja este o sentido mais exato da
alfabetização: Aprender a escrever sua vida, como autor e como testemunha de sua
história, isto é, biografar-se, existenciar-se, historizar-se. (Freire, 2005).
A tecnologia assistiva é o instrumento que viabiliza a alfabetização dos jovens
e adultos com deficiência intelectual. Ela pode ser usada na sala de aula regular ou
em salas multifuncionais no contra -turno. É um recurso de acessibilidade que rompe
com as barreiras atitudinais de preconceitos na medida em que lhes são ofertadas
condições de aprendizado e interação com seus pares deficientes e não deficientes.
O estigma da incapacidade vai se diluindo com a convivência e o preconceito vai
perdendo espaço para o respeito. A interação é importante para a construção da
autoestima dos alunos com deficiência intelectual que, historicamente, foram
excluídos e rotulados como incapazes. A alfabetização, dessa maneira, viabiliza a sua
autonomia para com o mundo.
A construção da linguagem e a aquisição da escrita passa por diversos estágios
de desenvolvimento até chegar em seu uso social nos diferentes contextos. Ide (1990,
p.43) discute essa construção da linguagem em um trabalho realizado junto a crianças
com deficiência intelectual e observou que:

Na construção da linguagem aceita-se os diversos modos pelos quais os


alunos tentam exprimir suas ideias. Considera-se inclusive, a forma pelas
quais os indivíduos demostram estar elaborando um sistema próprio de
regras de linguagem. Hipóteses sadias de construção do sistema da escrita.
(Apud CORRÊA R. P. 2015).

Inicialmente o aluno constrói diversas hipóteses da escrita que inicia com o


desenho em um estágio em que a linguagem falada já avançou. É pelo simbolismo e
pela interação que o indivíduo formula seu pensamento até que os desenhos vão se
tornando escrita. O uso da tecnologia assistiva trabalha com o simbólico na medida
em que utiliza desde jogos, como recursos de alfabetização, até softwares que
trabalham com recursos de imagem no auxílio da construção da escrita.
O software para a alfabetização e comunicação alternativa de jovens e adultos
com deficiência intelectual desenvolvido pela Universidade de Brasília (UNB), o
projeto Participar é pioneiro e inovador no Brasil, no campo de alfabetização social,
inclusão digital e cidadania, já que o foco é neste público-alvo. Este projeto utiliza a
tecnologia da informação (TIC) é o principal recurso da tecnologia assistiva aplicada
a escolarização dos alunos com deficiência intelectual.
A importância que assumem essas tecnologias no âmbito da Educação
Especial já vem sendo destacada como a parte da educação que mais está e estará
sendo afetada pelos avanços e aplicações que vêm ocorrendo nessa área para
atender necessidades específicas, face às limitações de pessoas no âmbito mental,
físico-sensorial e motoras com repercussão nas dimensões sócio afetivas.
(SANTAROSA, 1997, p. 34).
A tecnologia assistiva apresenta-se assim nas mais variadas formas, ajudando
seus usuários até mesmo em construção de textos, facilitando a “codificação do
sonoro para a escrita, leitura e compreensão”, bem como variados recursos para as
pessoas que apresentam dificuldades com a escrita. (RASKIND & STANBERRY,
2001). Para o público de jovens e adultos com deficiência intelectual estes recursos
permitem, se consolidar na medida em que são alfabetizados eles vão se tornando
autores da sua própria história.
Essa autoria começa na vida diária quando ele é capaz de ler uma receita para
preparar o seu alimento, deixar um recado para um amigo, comunicar-se nos espaços
sociais que frequenta e na escola escolarizar-se para chegar ao mercado de trabalho.

9 ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO – AEE

Fonte: vilavelha.es.gov.br

O que é uma Sala de Recursos Multifuncionais - SRMF?


São espaços físicos localizados nas escolas públicas onde se realiza o
Atendimento Educacional Especializado - AEE.
As SRMF possuem mobiliário, materiais didáticos e pedagógicos, recursos de
acessibilidade e equipamentos específicos para o atendimento dos alunos que são
público alvo da Educação Especial e que necessitam do AEE no contra turno escolar.
A organização e a administração deste espaço são de responsabilidade da
gestão escolar e o professor que atua neste serviço educacional deve ter formação
para o exercício do magistério de nível básico e conhecimentos específicos de
Educação Especial, adquiridos em cursos de aperfeiçoamento e de especialização.
O que é o atendimento educacional especializado (AEE)?

O atendimento educacional especializado (AEE) é um serviço da educação


especial que identifica, elabora, e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade,
que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas
necessidades específicas" (SEESP/MEC, 2008).
O ensino oferecido no atendimento educacional especializado é
necessariamente diferente do ensino escolar e não pode caracterizar-se como um
espaço de reforço escolar ou complementação das atividades escolares. São
exemplos práticos de atendimento educacional especializado: o ensino da Língua
Brasileira de Sinais (LIBRAS) e do código BRAILLE, a introdução e formação do aluno
na utilização de recursos de tecnologia assistiva, como a comunicação alternativa e
os recursos de acessibilidade ao computador, a orientação e mobilidade, a preparação
e disponibilização ao aluno de material pedagógico acessível, entre outros.

9.1 O que é tecnologia assistiva e que relação ela tem com a Sala de Recursos
Multifuncional?

A tecnologia assistiva é um recurso ou uma estratégia utilizada para ampliar ou


possibilitar a execução de uma atividade necessária e pretendida por uma pessoa
com deficiência. Na perspectiva da educação inclusiva, a tecnologia assistiva é
voltada a favorecer a participação do aluno com deficiência nas diversas atividades
do cotidiano escolar, vinculadas aos objetivos educacionais comuns. São exemplos
de tecnologia assistiva na escola os materiais escolares e pedagógicos acessíveis, a
comunicação alternativa, os recursos de acessibilidade ao computador, os recursos
para mobilidade, localização, a sinalização, o mobiliário que atenda às necessidades
posturais, entre outros.

9.2 Como se organiza o serviço de tecnologia assistiva na perspectiva da


educação inclusiva?

No atendimento educacional especializado, o professor fará, junto com o aluno,


a identificação das barreiras que ele enfrenta no contexto educacional comum e que
o impedem ou o limitam de participar dos desafios de aprendizagem na escola.
Identificando esses "problemas" e também identificando as "habilidades do aluno", o
professor pesquisará e implementará recursos ou estratégias que o auxiliarão,
promovendo ou ampliando suas possibilidades de participação e atuação nas
atividades, nas relações, na comunicação e nos espaços da escola.
A sala de recursos multifuncional será o local apropriado para o aluno aprender
a utilização das ferramentas de tecnologia assistiva, tendo em vista o desenvolvimento
da autonomia. Não poderemos manter o recurso de tecnologia assistiva
exclusivamente na sala multifuncional para que somente ali o aluno possa utilizá-lo.

Fonte: pessoacomdeficiencia.curitiba.pr.gov.br

A tecnologia assistiva encontra sentido quando segue com o aluno, no contexto


escolar comum, apoiando a sua escolarização. Portanto, o trabalho na sala se destina
a avaliar a melhor alternativa de tecnologia assistiva, produzir material para o aluno e
encaminhar estes recursos e materiais produzidos, para que eles sirvam ao aluno na
escola comum, junto com a família e nos demais espaços que frequenta.
São focos importantes do trabalho de tecnologia assistiva na perspectiva da
educação inclusiva:
• a tecnologia assistiva numa proposição de educação para autonomia,
• a tecnologia assistiva como conhecimento aplicado para resolução de
problemas funcionais enfrentados pelos alunos, e
• a tecnologia assistiva promovendo a ruptura de barreiras que impedem ou
limitam a participação destes alunos nos desafios educacionais.

9.3 A tecnologia assistiva é uma área de atuação da educação ou é exclusiva


da área clínica?

O tema da tecnologia assistiva nasceu associado à ideia de reabilitação e era


inicialmente vinculado à prática de profissionais da saúde. A mudança de
entendimento sobre o que é a deficiência e especialmente o novo modelo
biopsicossocial e ecológico de compreendê-la como o resultado da interação do
indivíduo, que possui uma alteração de estrutura e funcionamento do corpo, com as
barreiras que estão impostas no meio em que vive; mostram-nos que os impedimentos
de participação em atividades e a exclusão das pessoas com deficiência são hoje um
problema de ordem social e tecnológica e não somente um problema médico ou de
saúde.
As grandes e mais importantes barreiras estão, muitas vezes, na falta de
conhecimentos, de recursos tecnológicos, na não aplicação da legislação vigente, na
forma como a sociedade está organizada de forma a ignorar as diferentes demandas
de sua população.
Nesse sentido, o conceito e a prática da tecnologia assistiva também evolui
saindo da concepção de recursos médicos ou clínicos para um bem de consumo de
um usuário que busca um apoio tecnológico para resolução de um problema de ordem
pessoal e funcional. Nessa perspectiva, o usuário deixa de ser um paciente e assume
o papel de quem busca no âmbito da tecnologia assistiva a informação sobre o que é
mais apropriado para suprir a sua deficiência e os recursos disponíveis para o seu
caso específico. A tecnologia assistiva envolve hoje várias áreas do conhecimento tais
como a saúde, a reabilitação, a educação, o design, a arquitetura, a engenharia, a
informática, entre outras.
A tecnologia assistiva é, acima de tudo, um recurso de seu usuário e a equipe
coloca seu conhecimento à disposição para que ele encontre o recurso ou a estratégia
que atenda a sua demanda de atuar e participar de tarefas e atividades de seu
interesse.
Na prática, em se tratando de crianças com deficiência, o lugar por excelência
da atuação da tecnologia assistiva é a sala de recursos multifuncional, onde se oferece
um serviço que identifica, elabora e disponibiliza recursos que ampliam a participação
do aluno com deficiência nos desafios educacionais propostos pela escola comum.

10 A TECNOLOGIA ASSISTIVA E OS PROCESSOS DE FORMAÇÃO DOCENTE

A partir de uma análise em torno da utilização dos diversos recursos


tecnológicos na vida cotidiana, torna-se inegável que estes vem ocupando lugar de
destaque, seja em atividades educacionais, pessoais ou profissionais. Nesse sentido,
faz-se necessário e até mesmo urgente, que tais recursos sejam criteriosamente
adequados às necessidades específicas de cada deficiência, a fim de que, ainda que
por meios diferentes dos convencionais, todos disponham igualmente, das devidas
condições para o convívio em sociedade de forma genuinamente inclusiva. A fim de
provocar reflexões mais apuradas acerca da relevância do constante desenvolvimento
e ampliação da Tecnologia Assistiva, torna-se válido conceber que, “Para as pessoas
sem deficiência a tecnologia torna as coisas mais fáceis. Para as pessoas com
deficiência, a tecnologia torna as coisas possíveis”. (RADABAUGH, 1993).
Atualmente, diversos movimentos vêm sendo percebidos em torno do mundo,
no sentido da promoção de recursos de Tecnologia Assistiva – TA, os quais sejam
capazes de proporcionar vida independente e autônoma aos indivíduos com
deficiências. No Brasil, esses movimentos ganharam força a partir do ano de 2006,
mais especificamente, em 16 de novembro, com a instauração da portaria nº 142,
através da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República -
SEDH/PR, a qual instituiu o Comitê de Ajudas Técnicas – CAT, que contou com a
contribuição de vários especialistas no assunto, além do apoio de órgãos
governamentais, estabelecendo dentre outros, os seguintes objetivos: “apresentar
propostas de políticas governamentais e parcerias entre a sociedade civil e órgãos
públicos referentes à área de tecnologia assistiva; estruturar as diretrizes da área de
conhecimento; propor a criação de cursos na área de tecnologia assistiva, bem como
o desenvolvimento de outras ações com o objetivo de formar recursos humanos
qualificados e propor a elaboração de estudos e pesquisas, relacionados com o tema
da tecnologia assistiva.” (BRASIL – SDHPR, 2012)
Doravante tais avanços em torno do reconhecimento da Tecnologia Assistiva
enquanto prática educativa capaz de promover a inclusão de pessoas com
deficiências em diversos seguimentos, surge a necessidade da constante
recriação de atividades pedagógicas que caminhem na direção contrária à
paradigmas tradicionais de uma educação que agrega, a fim de acolher as
diferenças e encarar a aprendizagem como um fenômeno heterogêneo e
destoante, com ritmos e características próprias. (ABRAMOWICZ 1997, Apud
SANTOS L. C. 2015)

Nesse contexto, cabe afirmar que a inclusão de alunos com deficiências nos
diversos espaços educativos, requer por parte dos educadores envolvidos, um
trabalho pedagógico diferenciado, com ferramentas e recursos próprios para atender
e acolher cada aluno em sua totalidade, de modo com que suas potencialidades
tenham o devido suporte para serem de fato ampliadas. Portanto, a educação
inclusiva consiste em conceber a escola não como um espaço pronto, acabado e
inflexível, mas como um cenário com contínuas possibilidades de reformulação.
Mantoan (2003). E é nesse aspecto, que se configura a necessidade da contínua
formação de professores para atuação junto aos processos educacionais inclusivos.
Atualmente, a política educacional brasileira, por meio da Lei Brasileira de
Inclusão – LBI nº 13.146, de 6 de julho de 2015, garante aos alunos com deficiências,
o direito de frequentarem as instituições regulares de ensino. Isso se mostra como um
considerável avanço no sentido da promoção da inclusão em detrimento à
segregação, contudo, a presença desses indivíduos nas escolas regulares, representa
um desafio diário aos docentes, os quais se veem frente à emergente necessidade de
atualização de suas práticas. Nesse contexto, a Tecnologia Assistiva mostra-se como
uma poderosa aliada, visto que esta vem aproximando professores e alunos da
possibilidade de romper barreiras limitadoras, tanto nos processos de aprender,
quanto de ensinar. Conforme Reis, (2013, p. 68), “A educação que inclui reforça o
desenvolvimento das capacidades individuais e coletivas, ao mesmo tempo que
contribui para o exercício dos direitos humanos, princípio básico do reconhecimento e
valorização da diversidade. Ser, estar e conviver com o outro são direitos constituídos
que garantem ao ser humano o exercício de sua condição humana e, portanto, de sua
diversidade, de suas diferenças. Por isso, não se constrói a diversidade por uma via
de mão única; ao contrário, vislumbrar uma sociedade mais inclusiva requer do
Estado, da educação, da sociedade civil e da família envolvimento contínuo na defesa
da diversidade humana.”
Nesse aspecto, para que os processos inclusivos obtenham êxito e se
constituam enquanto movimento contínuo dentro e fora das instituições de ensino,
anterior ao desenvolvimento de quaisquer práticas pedagógicas, torna-se
extremamente necessário que os docentes engajados nesses processos se mostrem
sensíveis a enxergar as características e necessidades particulares de cada aluno, as
quais compreendem suas demandas motoras, orgânicas e sensoriais. (Manizi,
Deliberato, 2007).
A partir desse contexto, como forma de ampliação das práticas educacionais
inclusivas, torna-se extremamente válido que os processos dessa natureza estejam
pautados no acolhimento à diversidade por parte dos educadores envolvidos, no
sentido de se manterem abertos e atentos às necessidades de utilização dos inúmeros
recursos de TA disponíveis, a depender de cada situação específica, os quais,
conforme expressam Galvão Filho e Damasceno, (2008), podem compreender desde
as mais simples adaptações, como recursos de mobilidade, até os mais diversos
recursos computacionais.
Portanto, para que as adaptações de determinados recursos de TA surtam
efeitos significativos, a relação direta professor/aluno faz-se fundamental, visto que
esta privilegia a ocorrência de um planejamento conjunto, de forma com que as
sensações e percepções do aluno em relação aos recursos utilizados sejam o ponto
de partida para contínuas evoluções nesses processos. (Gonçalves, 2010).
Outro ponto relevante capaz de promover consideráveis avanços relativos à
utilização de recursos de TA nos ambientes educativos, mostra-se pela direta e
necessária relação entre alunos público-alvo da educação especial, professores de
apoio e professores regentes, a qual, segundo o texto da Política de Educação
Especial, SEESP/MEC, (01/2008), é mediada pelo Programa de Atendimento
Educacional Especializado – AEE, que disponibiliza recursos próprios para o
atendimento educacional especial, além de orientar professores e alunos quanto à
aplicação desses recursos Apesar de expressivos avanços quanto à criação e
implementação de recursos de TA nos mais diversos ambientes educacionais, além
de processos formativos que objetivam a preparação dos docentes para a utilização
desses recursos, estes ainda esbarram na existência de inúmeros obstáculos, dentre
outros, a escassez quanto aos financiamentos destinados à propagação desses
recursos, bem como na contratação de profissionais especializados e oferta contínua
de cursos de capacitação nessa área. (COUPLEY; ZIVIANI, 2004; CRADDOCK, 2006,
Apud SANTOS L. C. 2015).
Os recursos de Tecnologia Assistiva representam um salto significativo rumo à
ascensão social e educacional dos indivíduos com deficiências, visto que esta viabiliza
a execução de tarefas antes inimagináveis de serem desempenhadas, o que sem
dúvida, eleva consideravelmente o nível de confiança desses indivíduos, quanto ao
reconhecimento e valorização de suas próprias habilidades e potencialidades.
Quanto à formação de docentes para atuação junto aos processos de TA,
consideramos ser esta uma prática cada vez mais urgente e essencial, não
dependendo apenas da implementação de políticas públicas e do envolvimento direto
de professores e alunos, mas de um movimento contínuo e incansável de todos os
envolvidos, o qual se permita reinventar-se cotidianamente, na busca por ações que
elevem dia a dia, a qualidade desses processos, rumo às práticas genuinamente
inclusiva
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERSCH, Rita. Introdução à Tecnologia Assistiva. 2013.Informações adicionais.


Disponível em: http://www.assistiva.com.br/Introducao_Tecnologia_Assistiva.pdf.

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PROFESSORES E INCLUSÃO ESCOLAR: O OLHAR DOS DOCENTES DA ÁREA
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Editora: InterSaberes; Edição: 1 (1 de janeiro de 2012). ISBN-13: 978-8582120347.

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