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RESUMO

Existem muitas maneiras de o ser humano gerar comunicação, mas nem todos
possuem acessibilidade a elas. A Arte, a dança, música, o canto, a poesia, o teatro são
apenas algumas linguagens que entremeiam as manifestações da vida e representam
nossa Cultura. Por isso, é necessário garantir, a todos, o usufruto do direito à
comunicação. Infelizmente, poucas instituições promovem acessibilidade às pessoas
com deficiência e, portanto, negligenciam direitos fundamentais. Na tentativa de
promover maior acesso a esses direitos, o sistema político brasileiro materializou a luta
da sociedade civil organizada para o campo jurídico, em alguns tipos normativos. Nesta
pesquisa, trataremos dos fatos sociais que geram os deveres de acessibilidade, da
oficialidade da LIBRAS- Língua Brasileira de Sinais, com ênfase aos direitos das
pessoas surdas a partir de algumas normas vigentes no território nacional.
Palavras-chaves: LIBRAS; Legislação; Direitos; Comentários
Leis de LIBRAS

1. Lei de Acessibilidade 10.10.098/2000


“Art 1º Esta Lei estabelece normas gerais e critérios básicos
para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de
deficiências ou com mobilidade reduzida, mediante a supressão de
barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário
urbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte
e de comunicação.”

Falar sobre acessibilidade é falar de isonomia. Entender que nas nossas


diferenças temos direitos que precisam ser resguardados pelo Estado de Direito. Para
tanto, é necessário que os espaços urbanos estejam condizentes com as realidades
distintas dos espaços humanos. Há de ser protegido o acesso à cidade, acesso à
informação e aos próprios direitos advindos da luta das minorias. Instituições Públicas e
Privadas tem o dever de promover o acesso das pessoas com deficiência à cidade e à
comunicação.
2.1 Hermenêutica: Intenção do legislador
A Lei de Acessibilidade 10.10.098/2000, em seu art 1º sinaliza a ordem da Lei,
ou seja, desde já admoesta às pessoas sobre o conteúdo do texto legal, informando aos
leitores as transformações gerais necessárias para um projeto aplicável no âmbito da
acessibilidade das pessoas portadoras de deficiências ou com mobilidade reduzida.
Após essa introdução, a lei organiza e esclarece conceitos a serem utilizados no campo
prático. Suas definições permitem a publicização dos termos a serem utilizados por
pessoas físicas ou jurídicas.
Ainda no Capitulo I, art.2º o texto trata sobre as definições a serem seguidas
como padrão de comunicabilidade para a execução de projetos arquitetônicos ou
supressões necessárias na adaptação do espaço. Assim, do inciso I ao VI encontramos
conceitos técnicos como acessibilidade, barreiras, Pessoas com deficiência, entre
outros.
1. Acessibilidade: Possibilidade e condição de alcance para
utilização, com segurança e autonomia, de espaços,
mobiliários, equipamentos urbanos, edificações,
transportes, informação e comunicação, inclusive seus
sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e
instalações abertos ao público, de uso público ou privados
de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por
pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida.
2. Barreiras: Qualquer entrave, obstáculo, atitude ou
comportamento que limite ou impeça a participação social
da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de
seus direitos à acessibilidade, à liberdade de movimento e
de expressão, à comunicação, ao acesso à informação, à
compreensão, à circulação com segurança, entre
outros.
3. Pessoa com deficiência: aquela que tem impedimento de
longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou
sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras,
pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade
em igualdade de condições com as demais pessoas.
4. Comunicação: forma de interação dos cidadãos que
abrange, entre outras opções, as línguas, inclusive a
Língua Brasileira de Sinais (Libras), a visualização de
textos, o Braille, o sistema de sinalização ou de
comunicação tátil, os caracteres ampliados, os dispositivos
multimídia, assim como a linguagem simples, escrita e
oral, os sistemas auditivos e os meios de voz digitalizados
e os modos, meios e formatos aumentativos e alternativos
de comunicação, incluindo as tecnologias da informação e
das comunicações;

O urbanista François Ascher em Os novos Princípios do urbanismo disserta


sobre a adaptação das cidades às diferentes necessidades. Dos equipamentos coletivos
aos equipamentos de serviços individualizados. Traça a diferença entre um urbanismo
moderno e o que seria o neourbanismo:

O urbanismo moderno privilegiava as soluções


permanentes, coletivas e homogêneas, a fim de responder às
demandas da habitação, do urbanismo, do transporte, do lazer, do
comércio (...) O neourbanismo e os serviços urbanos devem, hoje
em dia, considerar o processo de individualização que marca a
evolução da nossa sociedade. A diversificação das situações e das
necessidades torna assim necessárias uma maior variedade e uma
personalização das soluções. Essa personalização dos serviços
necessita de redes e de sistemas técnicos mais complexos que
recorram de modo determinante às novas tecnologias da
informação e comunicação. (ASHES.p 87)
Pertinente destacar o capitulo VII, inciso que dispõe sobre acessibilidade nos sistemas
de comunicação e sinalização que deverão ser oferecidos ou adaptados pelo Poder
Público na implementação e formação de profissionais intérpretes de escrita em braile,
linguagem de sinais e de guias-intérpretes, para facilitar qualquer tipo de comunicação
direta à pessoa portadora de deficiência sensorial e com dificuldade de comunicação.
Percebendo irregularidades e se estas não forem revistas e atendidas, o Ministério
Público Estadual e/ou a Prefeitura devem ser acionados.

2. Lei de Libras 10. 436/2002

“Paragrafo Único: Entende-se Língua Brasileira de Sinais – Libras -


a forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de
natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem
um sistema linguístico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de
comunidades de pessoas surdas do Brasil.”

A Lei de Libras tem como objetivo sinalizar o dever das instituições Públicas e
Privadas quanto a sua manifestação seja no âmbito público ou privado. Reconhece a
Libras como meio legal de comunicação e expressão e seus desdobramentos - o que
significa que legitima e assegura sua utilização em todo território nacional.
A lei de libras possui apenas cinco artigos, que, no entanto, funcionam como
alicerces para as demais leis complementares e decretos que discorrem sobre a mesma
temática. Conceitua, em seu Paragrafo Único, que Libras – Lingua Brasileira de Sinais,
´´e a forma de comunicação e expressão, em que o sistema lingüístico de natureza
visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema lingüístico de
transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.
Apesar de facilmente identificada pelo senso comum, a LIBRAS ainda tem pouca
receptividade cultural. As políticas linguísticas atuais não são suficientes para a inclusão
eficiente no que tange aos aspectos práticos dos direitos fundamentais. Por isso, o artigo
4º determina que o sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais,
municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de
Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e
superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos
Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente.
3. Decreto 5626/2005

Regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002,


que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras,
e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de
2000.

Conceitos mudam com o tempo e precisam ser atualizados. Nesse sentido, o


Decreto 5626/05 possui o objetivo de esclarecer as nomenclaturas utilizadas pelas leis já
sancionadas, ajustando ou recuperando seu sentido e vigor.
Para este documento, temos as seguintes atualizações e demais providências:
a) O termo correto para tratar de pessoas com perda auditiva:

Art. 1o Este Decreto regulamenta a Lei noº 10.436, de 24 de abril de 2002, e o art. 18 da Lei nº
10.098, de 19 de dezembro de 2000.

Art. 2º Para os fins deste Decreto, considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva,
compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura
principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais - Libras.

Parágrafo único. Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total, de


quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de 500Hz,
1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz.

Tanto o Decreto 5.626/205 quanto a lei 10.436/2002, que tratam da Língua


Brasileira de Sinais, utilizam como termo para tratamento de pessoas com perda de
audição a palavra “surda”. Assim, esta não é uma palavra de cunho pejorativo.
b) A Inclusão da Libras como Disciplina curricular obrigatória
b.1 Todos os cursos de licenciatura, nas diferentes áreas do conhecimento, o curso
normal de nível médio, o curso normal superior, o curso de Pedagogia e o curso de
Educação Especial são considerados cursos de formação de professores e profissionais
da educação para o exercício do magistério.
b. 2§ 2º A Libras constituir-se-á em disciplina curricular optativa nos demais cursos de
educação superior e na educação profissional, a partir de um ano da publicação deste
Decreto.
c) Da formação do professor de libras e do instrutor de libras
Art. 4º A formação de docentes para o ensino de Libras nas séries finais do ensino
fundamental, no ensino médio e na educação superior deve ser realizada em nível
superior, em curso de graduação de licenciatura plena em Letras: Libras ou em Letras:
Libras/Língua Portuguesa como segunda língua.
Parágrafo único. As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de formação previstos
no caput.
c.2 Admite-se como formação mínima de docentes para o ensino de Libras na educação
infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, a formação ofertada em nível médio
na modalidade normal, que viabilizar a formação bilíngue, referida no caput.

§ 2º As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de formação previstos no caput.

Ainda na mesma norma temos a o capitulo que prevê o ACESSO DAS PESSOAS
SURDAS À EDUCAÇÃO, em que inicia com o artigo abaixo:
Art. 14. As instituições federais de ensino devem garantir, obrigatoriamente, às
pessoas surdas acesso à comunicação, à informação e à educação nos processos
seletivos, nas atividades e nos conteúdos curriculares desenvolvidos em todos os níveis,
etapas e modalidades de educação, desde a educação infantil até à superior.
Resguarda ainda a modalidade oral da Língua Portuguesa, na educação básica
que deverá ser ofertada aos alunos surdos ou com deficiência auditiva,
preferencialmente em turno distinto ao da escolarização, por meio de ações integradas
entre as áreas da saúde e da educação, resguardado o direito de opção da família ou do
próprio aluno por essa modalidade.

A FORMAÇÃO DO TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LIBRAS - LÍNGUA


PORTUGUESA
Deve efetivar-se por meio de curso superior de Tradução e Interpretação, com
habilitação em Libras - Língua Portuguesa.
Art. 18. Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto, a
formação de tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa, em nível médio, deve
ser realizada por meio de:
I - cursos de educação profissional; II - cursos de extensão universitária; e III -
cursos de formação continuada promovidos por instituições de ensino superior e
instituições credenciadas por secretarias de educação.
1. Sobre a profissão de tradutor, temos a lei número
12.319/2010 que regulamenta a Profissão de tradutor e
interprete da Língua Brasileira de Sinais. O tradutor e
intérprete terá competência para realizar interpretação
das 2 (duas) línguas de maneira simultânea ou
consecutiva e proficiência em tradução e interpretação
da Libras e da Língua Portuguesa.

4. 13.146/2015 -Estatuto da Pessoa com deficiência


A Lei da Pessoa com deficiência veio como uma forma pedagógica de
reformular a realidade a partir da correção de termos e ações que ajudam sobremaneira
na inclusão da Pessoa com deficiência. O teor da lei é de inclusão, mas sobretudo de
proteção aos direitos fundamentais das pessoas com deficiência.
Art. 4º Toda pessoa com deficiência tem
direito à igualdade de oportunidades com as
demais pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de
discriminação.

§ 1º Considera-se discriminação em razão da


deficiência toda forma de distinção, restrição ou
exclusão, por ação ou omissão, que tenha o
propósito ou o efeito de prejudicar, impedir ou
anular o reconhecimento ou o exercício dos
direitos e das liberdades fundamentais de pessoa
com deficiência, incluindo a recusa de adaptações
razoáveis e de fornecimento de tecnologias
assistivas.
Parágrafo único. Para os fins da proteção mencionada no caput deste artigo, são
considerados especialmente vulneráveis a criança, o adolescente, a mulher e o idoso,
com deficiência.
Art. 7º É dever de todos comunicar à
autoridade competente qualquer forma de ameaça
ou de violação aos direitos da pessoa com
deficiência.

Parágrafo único. Se, no exercício de suas


funções, os juízes e os tribunais tiverem
conhecimento de fatos que caracterizem as
violações previstas nesta Lei, devem remeter peças
ao Ministério Público para as providências
cabíveis.
Art. 8º É dever do Estado, da sociedade e da família assegurar à pessoa com
deficiência, com prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à
sexualidade, à paternidade e à maternidade, à alimentação, à habitação, à educação, à
profissionalização, ao trabalho, à previdência social, à habilitação e à reabilitação, ao
transporte, à acessibilidade, à cultura, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à informação, à
comunicação, aos avanços científicos e tecnológicos, à dignidade, ao respeito, à
liberdade, à convivência familiar e comunitária, entre outros decorrentes da
Constituição Federal, da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e
seu Protocolo Facultativo e das leis e de outras normas que garantam seu bem-estar
pessoal, social e econômico.

5. Lei Estadual 2346/2018


Leis estaduais especificam ainda mais as necessidades das pessoas com
deficiência devido a realidades em que vivem a administração das cidades. Consideram,
ainda, o teor cultural e social de cada município e localidade, dificuldades de trânsito,
especificidades de locomoção, projetos educacionais, acessibilidade urbana, acesso `a
saúde e aos atendimentos protetivos e órgãos fiscalizadores. Todos em consonâncias
com as leis federais e demais deliberações internacionais.
A Lei Estadual 2.342/18 especifica as atribuições do Tradutor e Interprete de
LIBRAS. Dentre as atividades previstas destacam-se:
“Art. 14. São atribuições do Tradutor e Intérprete de Libras -
Língua Portuguesa:
I - acompanhar os docentes e discentes surdos e com deficiência
auditiva nas escolas da rede
estadual, desde que o aluno com necessidades especiais tenha
domínio de Libras;
II - dar apoio à acessibilidade, aos serviços e à atividade fim do
Sistema Estadual de Educação;
III - assegurar aos alunos surdos ou com deficiência auditiva o
acesso à comunicação, à informação
e à educação."
Conclusão

A internalização dos direitos das pessoas com deficiência se dá a partir da


conscientização de toda a sociedade civil organizada. A partir da pesquisa e das aulas
ministradas, vamos cada vez mais nos manifestando sobre importância da inclusão, bem
como do acesso `a comunicação que, dentre outras coisas, promove saúde e estado de
pertencimento tão importantes para a auto estima do ser humano. Esperamos caminhar
sempre no sentido da transformação coletiva pela inclusão das pessoas com deficiência
e na formação de uma nova geração que veja na Língua brasileira de sinais - LIBRAS
parte de sua comunicação desde a infância.
REFERENCIAS

BRASIL. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de


Sinais - Libras e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 25 abr.
2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10436.htm.
Acesso em: 15.03.2023
BRASIL. Lei nº 12.319, de 01 de setembro de 2010. Regulamenta a profissão de
Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS. Diário Oficial da União,
Brasília, DF, 02 set. 2010.
© Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios – TJDFT acesso: 16:03
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12319.htm.
Acesso 15/03/2023
ANGHER, Anne Joyce (Org.). Vade mecum acadêmico de direito Rideel. 15.ed. atual. e
ampl. São Paulo: Rideel, 2012. xi, 2056 p. ISBN 978-85-339-2154-2.
IMMES-INSTITUTO MACAPAENSE DE MELHOR ENSINO
LINGUA BRASILEIRA DE SINAIS
CURSO DE PSICOLOGIA

Barbara Livia Damasceno de Souza


Crisolita Nascimento Travassos
Eduarda Lamarao Monteiro
Igor Francisco Sena dos Santos
Joel Manga
Layana Bentes

NORMAS DE ACESSIBILIDADE E A LEI DA LINGUA BRASILEIRA DE SINAIS-


LIBRAS
MACAPA
2023
IMMES-INSTITUTO MACAPAENSE DE MELHOR ENSINO
LINGUA BRASILEIRA DE SINAIS
CURSO DE PSICOLOGIA

NORMAS DE ACESSIBILIDADE E A LEI DA LINGUA BRASILEIRA DE SINAIS-


LIBRAS

Trabalho de pesquisa apresentado ao


curso de Psicologia na disciplina de
LIBRAS como parte dos requisitos
necessários a AV1, ministrado pela
Professora Elizia Silva da Costa

NORMAS DE ACESSIBILIDADE E A LEI DA LINGUA BRASILEIRA DE SINAIS-


LIBRAS
MACAPA
2023

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