Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
8 METODOLOGIA DE ENSINO................................................................... 22
1
1 INTRODUÇÃO AO USO DAS TICS NO AMBIENTE EDUCACIONAL
2
cursos preparatórios para professores e consequente melhoria do processo de ensino
e aprendizagem.
Fonte:educacional.cpb.com.br
3
Sendo o computador, como um exemplo de tecnologia da informação, tão
presente na vida das pessoas, é imprescindível que as instituições educacionais se
adaptem ao seu uso de maneira a incluí-lo como uma ferramenta de ensino. Assim,
as Instituições de Ensino (IE), no meio dessa explosão tecnológica se veem
“obrigadas” a utilizar as TIC para estreitar as relações físicas e virtuais entre os
educadores e educandos, pois estes (em sua grande maioria) fazem parte de duas
gerações marcadas pelo avanço tecnológico que surgiram a partir da década de 90 e
são denominadas gerações y e z (CARDIM, 2009).
É sabido, no entanto, que o acesso à tecnologia enfrenta muitas barreiras como
falta de recursos financeiros, espaço físico deficiente, despreparo de professores e
alunos para receber esse novo método de ensino, etc. Com isso, o processo de
informatização nas IE traz uma constante discussão sobre o antagonismo entre as
aulas modernas e as tradicionais, pois essas aulas precisam ser conduzidas de uma
forma criativa e inovadora para não serem prejudicadas pelo uso das Novas
Tecnologias (REIS, SANTOS, TAVARES, 2012).
Assim sendo, os professores precisam desenvolver metodologias alternativas
para auxiliar o processo de ensino e aprendizagem, onde ele sairá do papel de
transmissor do conhecimento para o de facilitador da construção do mesmo (REIS,
SANTOS, TAVARES, 2012). Compete a eles também criar um ambiente desafiador
ao educando oferecendo metodologias diversificadas mediadas pelo uso das
tecnologias (BRITO, 2012). Desse modo, cabe aos educadores à habilidade para
utilizar essas tecnologias em benefício do processo de ensino, e aos educandos, a
consciência de utilizá-las para o devido fim.
4
Positivos
Negativos
5
As cópias ou plágios dos conteúdos disponibilizados na internet em trabalhos
escolares. Nesse ponto de vista, a internet acaba facilitando a vida do aluno,
prejudicando o seu desenvolvimento intelectual (CRUZ, 2010).
Falta de preparo dos usuários para a utilização das TIC associada à
precariedade de estrutura para a utilização de tais recursos acaba tornando os
equipamentos mal utilizados ou até inúteis (SOLTOSKI, SOUZA, 2011).
Este novo homem precisa ser capaz de resolver problemas, precisa dominar
as novas TIC e estar em constante busca pelo conhecimento para não ser
deixado para trás (BUENO, VARELLA, 2010).
Educar nessa nova sociedade, além de treinar as pessoas para o uso das
novas TIC, significa investir na criação de cidadãos capazes de tomar decisões
fundamentais, operar com fluência os meios e ferramentas em seu trabalho e ensinar
os indivíduos para ‘aprender a aprender', de modo que estes não sejam “atropelados”
pela contínua e acelerada transformação da tecnologia (TAKAHASHI, 2000).
A partir dos teóricos que sustentaram as nossas análises, observamos que é
preciso que alunos e professores saibam filtrar e aproveitar os pontos fortes das TIC
e usem para crescimento e desenvolvimento pessoal e social.
A EAD, por ser uma modalidade de ensino relativamente nova, requer recursos
tecnológicos que sejam adequados para um processo de ensino e aprendizagem de
qualidade.
Nesse contexto, destaca-se o uso do “moodle” – Modular Object-Oriented
Dynamic Learning Environment (ambiente modular de aprendizagem dinâmica
orientada a objetos) – que é uma plataforma de aprendizagem a distância baseada
em software livre (ARAGÃO, 2004) (SANTOS, 2009). Tais sistemas de educação via
Internet podem ser chamados também de Sistemas de Gerenciamento de
Aprendizagem (SGA) ou Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) (FILHO, 2004).
Este recurso, além de utilizado no EAD, é também usado pelo ensino presencial
de algumas para que sejam criados cursos online de qualidade. Os professores e
alunos possuem um login e senha fornecidos pela instituição e a partir daí acessam o
ambiente de onde quiserem. Como exemplo de algumas atividades realizadas no
moodle estão: prova online, questionários, material extra dos assuntos abordados em
sala, etc. (SANTOS, 2009).
Além disso, algumas outras ferramentas são utilizadas na EAD. Estas estão
divididas em ferramentas assíncronas e ferramentas síncronas.
Ferramentas assíncronas são, “são aquelas que independem de tempo e lugar
e podem revolucionar o processo de interação entre professores e estudantes”
(ZAGO, 2008). Tendo como exemplos:
7
E-mail, considerada a ferramenta mais utilizada na Internet e que permite a
troca de mensagens e compartilhamento de informações;
Fórum ou Lista de discussão permite a entrada em um espaço criado para
discutir diversos temas, possibilita a comunicação entre membros de uma comunidade
com interesses afins;
Webblogs ou Blogs que é um veículo de publicação digital de postagens em
ordem cronológica como um diário virtual. Ferramentas síncronas exigem a
participação dos professores e estudantes em eventos marcados. Ocorrem em tempo
real (online), dão aos alunos e aos professores, como também a todos os envolvidos
na instituição, grupos e comunidades interação de forma instantânea (FARIA, 2008).
Sendo exemplos:
Chat (Sala de bate-papo) permite a comunicação síncrona, entre distintas
pessoas conectadas em determinado momento;
Videoconferência, comunicação, de duas ou mais pessoas, através de envio
e áudio e vídeo em tempo real.
Audioconferência, sistema de transmissão de áudio, recebido
simultaneamente por um ou mais usuários;
Teleconferência, todo tipo de conferência à distância, envolvendo
transmissão e recepção de tipos de mídia, com sons e imagens, em tempo real;
Esse conceito de educação que tem sido oferecido, principalmente, pelas IES
consegue atender uma maior diversidade de alunos, pois permite uma “flexibilidade”
que engloba diferentes realidades. No contexto de introdução das TIC nas IES as
habilidades e competências exigidas dos profissionais docentes apontam para uma
preparação acadêmica tanto na área específica do conhecimento de cada um quanto
no uso dos novos recursos tecnológicos para a educação (RIBAS, 2008).
No que se refere a esses aspectos de formação do professor universitário, esta
não ocorre apenas em cursos preparatórios, mas também no exercício profissional
durante sua formação contínua (ALVES, 2012). O novo docente de cursos de Ensino
Superior deve ser alguém criativo, competente e comprometido com o advento das
novas tecnologias.
Sendo assim, o uso das TIC nas IES tem suma importância no que diz respeito
à formação de um cidadão preparado para enfrentar a nova sociedade da informação
8
e comunicação que exige um profissional competente e antenado com o mundo à sua
volta.
9
Fonte:www.lantec.fe.unicamp.br
Para que esse processo através da utilização das TIC de certo, é preciso
entender que o essencial não é a tecnologia, mas sim um novo estilo de pedagogia
baseado na participação, cooperação e feedback de informação dos envolvidos.
Ainda que haja alguns pontos negativos em relação ao uso das TIC na
educação, percebe-se que estes podem ser mudados com o tempo e que o
comportamento das pessoas é de fundamental importância para esse processo.
Observou-se que uso das TIC na educação é uma ferramenta positiva para o
auxílio do processo de ensino e aprendizagem e que a formação contínua dos
professores é fundamental para que ele esteja preparado para atuar nesse novo
cenário.
Sendo assim, percebeu-se que os benefícios que o uso das TIC, no cenário
educacional, traz para a formação do cidadão são muito importantes e relevantes e
merecem ser levados em consideração quando entrar em discussão o uso ou não
destas na educação.1
1
Extraído do link: file:///C:/Users
10
4 AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
11
na mediação do conhecimento. O professor ao usar ferramentas tecnológicas como o
computador em sala se torna um mediador, pois o mesmo não é o dono do saber.
Segundo o dicionário de filosofia de Nicola Abbagnano (1982, p. 906), a
tecnologia é o estudo dos processos técnicos de um determinado ramo de produção
industrial ou de mais ramos.
Nas reflexões de Vieira Pinto (2005) sobre Tecnologia ele a define como
conjunto de todas as técnicas de que dispõe determinada sociedade. Trata de uma
linguagem do cotidiano quando normalmente, não há necessidade de precisão
conceitual. Conforme o autor a técnica ganha mais centralidade, do que o ser humano
que reside no local que irá recebê-la. O autor compara ainda o conceito de técnica
com a ideologização da tecnologia, onde menciona a ideologia da técnica, quando fica
estabelecida certa relação entre o estado de desenvolvimento das técnicas e a
elevação delas à ideologia social. Envolve um estado de espírito eufórico e uma
cresça no seu poder demiúrgico. Afirma o autor que supostamente, o ser humano, por
meio da tecnologia, irá construir uma vida feliz para todos. Afirma também que o ser
humano, na ideologização em vez de fazer da máquina instrumento de transformação
a vê como instrumento de adoração e que não é à toa que muitos atribuem nomes
próprios a essas máquinas como se fossem serem vivos. Diz ainda que a máquina
representa o aspecto estático e incorpora um programa de ação, visível na sucessão
de atos que ela própria executa.
A tecnologia para Vieira Pinto (2005), torna-se a grande ideologia do nosso
tempo justamente em função desses interesses políticos; tecnologia que, de fato,
obtém significativa utilidade no “enfeitiçamento da maioria da população”. O autor
acrescenta ainda, as formas de ideologização da tecnologia como sendo incluir o
esforço para mostrar que a tecnologia supostamente mais avançada só pode ser fruto
dos países centrais; procurar mostrar que a técnica desenvolvida nos países centrais
é uma “benção para a humanidade em geral” e denunciar que as tentativas de se opor
a esse desenvolvimento tecnológico correspondem a uma visão retrógrada de
estudiosos românticos. Fala ainda dos resultados desta ideologização da tecnologia
com sendo: revestir a sociedade de valor ético positivo e utilizar a técnica como
instrumento para silenciar as manifestações políticas. Alerta ainda que a nova
tecnologia tem de se relacionar à antiga, mesmo que, venha a ocorrer entre elas um
salto evolutivo e acrescente que a realidade das massas ou das sociedades “não
12
tecnológicas” não pode ser vista como se estas fossem destituídas de tecnologia. Para
ele transplantar tecnologia como se não existisse alguma instalada é pressupor que a
máquina faz o ser humano e não que o ser humano faz a máquina.
13
Os meios digitais ou ferramentas tecnológicas, são ótimos auxiliares para os
professores quando se trata de envolver os alunos em sala, além de deixar a aula
mais agradável e prazerosa, faz com que os alunos sejam agentes ativos no processo
de ensino aprendizagem.
A tecnologia não é uma panaceia para a reforma do ensino, mas ela pode ser
um canalizador significativo para a mudança. Para aquele que procuram uma solução
simples e inovadora, a tecnologia não é resposta. Para aqueles que procuram uma
ferramenta poderosa para apoiar ambientes de aprendizagem colaborativos a
tecnologia tem um enorme potencial (SANDHOLTZ, 1997. p.175).
A escola deve oferecer ferramentas necessárias para que o professor possa
fazer um ensino de qualidade, oferecendo recursos e materiais adequados e
diversificados para facilitar o seu trabalho.
As tecnologias usadas em sala de aula contribuem muito para uma
interatividade entre alunos e conhecimento, alunos e professores, pois os alunos se
sentem mais à vontade quando se utiliza o computador. Alguns se sentem mais à
vontade de relatar algo e escrever textos no computador do que se expressar para o
professor ou para os colegas (SOUZA e ZAKABI, 2006).
As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) oferecem recursos para
favorecer e enriquecer as aplicações e os processos, principalmente na área de
educação. A adoção dos recursos das TIC para a aprendizagem abre novas
possibilidades para complementar a educação formal. (CARITÁ, PANDOVAN,
SANCHES, 2011, p.2).
Com o computador em sala de aula, os alunos podem criar algo e compartilhar
com o professor e seus colegas sala. É valido lembrar que textos ou imagens criadas
por um aluno não precisam ficar expostos apenas para seus colegas e professores.
Ao usar a rede mundial de computadores o mundo todo pode ter acessos aos
trabalhos e criações de cada indivíduo (VALENTE, 2005).
Essa divulgação on-line de trabalhos poderá ajudar o aluno a se desenvolver
suas habilidades, pois, ao mesmo tempo em que algo é disponibilizado na internet,
pode receber comentários os quais podem levar ao crescimento cultural e intelectual,
ou até mesmo crítica construtiva que contribuirá para o aprimoramento no seu
trabalho. Caberá ao mesmo considerar o que irá ou não o ajudar em seu
desenvolvimento (BELLONI, 2001).
14
O papel do computador como mediador, interfere de forma complexa e
ambivalente em nossos processos mentais por apresentar características ao mesmo
tempo semelhantes e diferentes das nossas: transformação da representação e do
raciocínio em objetos manipuláveis através do seu poder em registrá-los numa
memória ilimitada e inalterada; rapidez de execução dos comandos e efeitos
recursivos, ou seja, a volta sistemática da informação sobre si mesma. Tudo isso
produz formas de interatividade e ritmos novos, que levam os efeitos diversos,
positivos, não só no plano cognitivo da aprendizagem, como também no plano psico
afetivo e social. (LINARD, 1990, P.86).
É dever do educador, escolher se deverá incluir tais ferramentas em seu
método de ensino ou apenas deixá-las de lado. Quando acontece essa inclusão, o
professor além de inovar o processo de ensino aprendizagem, leva para sala de aula
um leque de informações para auxiliá-lo no seu trabalho.
As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) oferecem recursos para
favorecer e enriquecer as aplicações e os processos, principalmente na área de
educação. A adoção dos recursos das TIC para a aprendizagem abre novas
possibilidades para complementar a educação formal. (CARITÁ, PANDOVAN,
SANCHES, 2011, p.2).
A educação acompanhada de certa forma, o progresso científico e tecnológico
da sociedade, mesmo que, ainda, de maneira não satisfatória. Nesse sentido, a
Informática Educativa representa um meio de estimular e desenvolver as funções
perceptivas, cognitivas e sociais dos alunos (OLIVEIRA, 2003).
As tecnologias nas escolas aliada a uma boa proposta pedagógica, facilita ao
aluno construir seu próprio conhecimento, e o aluno passa a ter papel ativo na
aprendizagem, buscando resolver suas necessidades, resolver situações problemas,
realizar pesquisas, etc. (MORAN, 2000, p. 45). É um momento que precisa ser
analisado pela comunidade escolar, afim de que se possam buscar metodologias
novas que contemplem essa realidade.
Para Levy (2000) o mundo virtual pode simular fielmente o mundo real, mas de
acordo com escalas imensas ou minúsculas. Pode permitir ao explorador que construa
uma imagem virtual muito diferente de sua aparência física cotidiana… O explorador
do mundo virtual deve poder controlar seu acesso a um imenso banco de dados de
15
acordo com princípios e reflexos mentais análogos aos que o fazem controlar o acesso
a seu ambiente físico imediato.
As Novas Tecnologias da inteligência individual e coletiva mudam
profundamente os dados da inteligência individual e coletiva mudam profundamente
os dados dos problemas da educação e da formação. O que é preciso aprender não
pode mais der planejado nem precisamente definido com antecedência. Os percursos
e perfis de competências são todos singulares e podem cada vez menos ser
canalizados em programas ou cursos válidos para todos. E que devemos construir
novos modelos do espaço do conhecimento.
Segundo Levy (2000) as reflexões e as práticas sobre a incidência das novas
tecnologias na educação desenvolveram-se em vários eixos. Há, por exemplo,
numerosos trabalhos versando sobre a multimídia como suporte de ensino ou sobre
os computadores como substitutos incansáveis dos professores (ensino assistido por
computador). Nessa visão, segundo ele é a mais clássica possível -, a informática
oferece máquinas de ensinar. De acordo com outra abordagem, os computadores são
considerados como instrumentos de comunicação, de pesquisa de informações, de
cálculo, de produção de mensagens (textos, imagens, som) a serem colocados nas
mãos dos estudantes.
Diante dessa realidade, delineiam os desafios da escola sobre esse tema na
tentativa de responder como ela poderá contribuir para que as crianças e jovens se
tornem usuários criativos e críticos dessas ferramentas, evitando que se tornem meros
consumidores compulsivos de representações novas de velhos clichês (BELLONI,
2001, p.8).
O que marcará a modernidade educativa será a didática do aprender a
aprender, ou do saber pensar, englobando, num só toda a necessidade de
apropriação do conhecimento disponível, e seu manejo criativo e crítico… A
competência que a escola deve consolidar e sempre renovar é aquela fundada na
propriedade do conhecimento como instrumento mais eficaz da emancipação das
pessoas e da sociedade. (DEMO, 1995, p.45).
16
7 EDUCAÇÃO NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO
Fonte: www.itforum365.com.br
17
distintas, condição para que travem uma relação fecunda na compreensão e
encaminhamento da solução dos problemas postos pela prática social
(problematização), dispor os instrumentos teóricos e práticos para sua compreensão
e solução (instrumentação) e viabilizar sua incorporação como elementos integrantes
da própria vida dos alunos (SAVIANI, 2005, p. 263).
O papel de dono do saber não cabe mais ao professor, pois ele não é o detentor
absoluto da verdade. Ele tem o papel de transformar a sala de aula num ambiente
desafiador e fazer com que o aluno busque a verdadeira essência do conhecimento,
além de aumentar sua criticidade do mundo e sua autoestima. Pois não somente o
aluno, como também o professor vive num constante processo de formação e
transformação.
Mediar significa estar no meio, estar entre o que poderia ser entendido como
barreira, afastando extremidades. Mas o significado de mediação para a educação é
oposto. Mediar é estar no meio, para que se possa mais facilmente perceber as
necessidades de ambos os lados e interceder buscando um maior equilíbrio. Logo,
estar “entre” não é permanecer inerte, sendo apenas uma ponte que interliga
extremos. É interagir, construindo um todo significado. (SPONHOLZ, 2003, p. 206).
Quase todas as escolas têm seu laboratório de informática e cabe ao professor,
fazer uma mediação entre os alunos e o computador, tirar dúvidas e apresentar
propostas de trabalho aos mesmos, para que ocorra a construção do conhecimento
(MOTTA, 1997).
O professor nunca deixa de ser um aprendiz, deverá sempre buscar novos
métodos de ensino, no que implica a utilização de novas ferramentas para auxiliá-lo.
Esse preparo de professores para a inclusão das tecnologias em sala de aula, a
vontade de aprender e mudar deverá partir do próprio professor, para que depois ele
possa buscar uma formação nesse sentido de introdução à tecnologia, para que ele
possa aprender e mudar seu método de ensino (TARDIFF, 2002).
A formação de professores para essa nova realidade tem sido crítica e não tem
sido privilegiada de maneira efetiva pelas políticas em educação nem pelas
Universidades. As soluções propostas inserem-se, principalmente, em programas de
qualificação de recursos humanos. O perfil do profissional de ensino é orientado para
uma determinada “especialização”, mesmo por que, o tempo necessário para essa
apropriação não o permite. Como resultado, evidencia-se a fragilidade das ações e da
18
formação, refletidas também através dos interesses econômicos e políticos. (COSTA
E XEXÉO, 1997).
A escola é uma instituição social que se caracteriza como um local de trabalho
coletivo voltado para a formação das novas gerações, diferente de outras tantas
instituições sociais. Segundo Valente (1999, p. 3), a tecnologia como ferramenta
educacional representa um poderoso recurso a ser utilizado pelo aluno em seu
processo de aprendizagem, pois permite ao mesmo criar, comunicar-se e resolver
problemas.
Nos estudos de Moran (2000), essa escola deve ser uma escola
redimensionada para ajudar na construção de cidadãos reais, capazes não só de
explicar o mundo, como transformá-lo, em benefício da humanização de todos.
Sabe-se que a melhoria da qualidade do ensino e aprendizagem mediante as
implicações que o novo contexto impõe a escola depende, dentre outras condições,
do profissional da educação na produção do conhecimento.
“O profissional do ensino é alguém que deve habitar e construir seu próprio
espaço pedagógico de trabalho de acordo com limitações complexas que só ele pode
assumir e resolver de maneira cotidiana, apoiando necessariamente em visão de
mundo, de homem e de sociedade. (Tardiff, 2002, p.149)
No trabalho pedagógico desenvolvido com o uso da tecnologia, o professor é o
profissional que vai ajudar na compreensão, utilização, aplicação e avaliação crítica
das inovações, em um sentido amplo. Assim, o professor em relação as novas
tecnologias, tem o papel de utiliza-las de maneira criativa, através de atividades que
podem colaborar para tornar suas aulas dinâmica e atrativa. Assim, o aluno terá
condições de entrar em contato com material diversificado e construir novos conceitos
(MOREIRA, MASINI, 2006, p. 33).
Valente (2005), adverte que o professor ao trabalhar com as novas tecnologias
deve estar atento ao processo ensino aprendizagem, uma vez que são inúmeras
oportunidades que essas oferecem. A escola tem como função possibilitar aos que
nela estão inseridos o seu crescimento intelectual, além de constituir-se como um
espaço de inclusão sociocultural (GOMES, 2002, p. 88).
As novas tecnologias contribuem para o professor desenvolver ações
metodológicas que promovam o desenvolvimento de práticas pedagógicas
significativas priorizando o aperfeiçoamento da aquisição do conhecimento.
19
Assim sendo, o educador precisa estar ciente que as novas tecnologias no
espaço escolar é uma contribuição para facilitar a aprendizagem, para tanto todas as
atitudes e ações concernentes ao processo devem ser revistas cotidianamente, a fim
de se construir um espaço de criação, onde os educandos se sintam livres para agir,
tornando-se agente de seu desenvolvimento, sem receber ensinamentos prontos
(PERRENOUD, 2000, p. 55).
A prática pedagógica do professor ao utilizar as novas tecnologias no meio
educacional, precisa considerar o interesse do aluno, bem como a liberdade para que
ele possa criar, escolher e fazer suas próprias produções. Cabe ao professor
desenvolver sua prática pedagógica visando estimular seu aluno a querer aprender, a
conhecer, enfim a buscar (FREIRE, 2002, p. 109).
Para isso, é fundamental que o professor esteja consciente de que:
(…) ensinar já não significa transferir pacotes sucateados, nem mesmo significa
meramente repassar o saber. Seu conteúdo correto é motivar o processo
emancipatório com base em saber crítico, criativo, atualizado, competente. Trata-se,
não de cercear, temer, controlar a competência de quem aprende, mas de abrir a
chance na dimensão maior possível. Não interessa o discípulo, mas o novo mestre
(Demo, 1995, p. 153).
O professor não pode ser repassador de conhecimento, deve ser criador de
ambientes de aprendizagem e facilitador do processo de desenvolvimento intelectual
do aluno, proporcionando a este o despertar da curiosidade, da dúvida, da pergunta,
da investigação e da sua própria criação, desafiando-o a sentir o prazer de aprender
(VALENTE, 2005, p. 98).
Segundo Moran (2000, p. 34) adequar a prática pedagógica do professor frente
às novas exigências que a sociedade impõe não significa não abandonar os antigos
métodos de ensinar, mas utilizá-los dentro de uma visão pedagógica nova e criativa
para mediar à aprendizagem e a descoberta, contribuindo para melhoria da qualidade
de ensino.
Nesse sentido, a prática pedagógica do professor deve estar voltada entre o
real e o virtual, sendo desenvolvida a potencialidade do aluno que está em processo
construtivista, e, através da tecnologia, alunos e professores aprendem juntos,
conforme é mostrada a proposta de Freire “saber ensinar não é transferir
20
conhecimento, mas criar as possibilidades para sua própria produção ou sua
construção”. (FREIRE, 2002, p.52).
Moran (2000) contribui com seus estudos, mostrando que as novas tecnologias
desempenham diferentes papéis no âmbito educacional. No entanto, algumas vezes
estas não são utilizadas de forma que venha contribuir para a melhoria do ensino,
diante disso, é papel do professor, ser mediador e facilitador do processo ensino –
aprendizagem de seus alunos e proporcionar um ambiente capaz de estabelecer
conexões individuais e coletivas.
O professor deve utilizar metodologias que melhor relacione o ensino com as
novas tecnologias, uma vez que não basta ao professor possuir apenas
conhecimentos técnocientíficos para transmitir aos alunos, é preciso uma série de
outras competências relacionadas à didática do saber ensinar, uma vez que “o saber
transmitido não possui, em si mesmo nenhum valor formador: somente a atividade de
transmissão lhe confere esse valor”. (Tardif, 2002, p. 44).
Nesse sentido, cabe ao professor planejar suas aulas e construir uma prática
educativa que seja desenvolvida dentro de uma coerência ética, educativa,
pedagógica e criativa de conteúdos. Moran (2000, p. 65) entende que a prática
pedagógica do professor com as novas tecnologias implica a releitura da função do
professor como profissional reflexivo e da escola como organização promotora do
desenvolvimento do processo educativo.
Assim sendo, as estratégias pedagógicas do professor devem ser adequadas,
capazes de solucionarem as possíveis dificuldades que vão surgindo com as inúmeras
oportunidades que o mundo tecnológico oferece (Moran, 2000, p. 65)
Portanto, no desenvolvimento do ensino aprendizagem o professor deve
proporcionar uma aprendizagem significativa para seus alunos e ensinar a utilizar a
tecnologia de forma significativa, educando democraticamente, visando alcançar a
todos, para que possam participar discutir e refletir as novas descobertas (BARRETO,
2000).
A informática na escola vem contribuir com uma educação transformadora, com
o olhar voltado para o aluno, contribuindo com a formação de cidadãos capazes de
observar, opinar, decidir e transformar o meio em que vivem. Para Belloni (2001, p.
55), a informática deve habilitar e dar oportunidade ao aluno para aquisição de novos
21
conhecimentos servindo de complemento aos conteúdos escolares, visando o
desenvolvimento integral dos indivíduos.
Motta (1997) afirma que enquanto não forem criadas possibilidades através de
substancial mudança na estrutura do ensino continuaremos na situação de
dependência e servidão. No entanto, o computador e sua capacidade técnica podem
sob forma contraditória, ser usado no sentido da democratização, humanização,
transformando as desigualdades existentes na sociedade.
Gomes (2002, p.123) assegura que a tecnologia contribuiu em levar as pessoas
a acreditarem que inovação tecnológica é sinônimo de progresso humano; que é
circundado por fatores afetivos, cognitivos, sociais e econômicos, sendo que numa
economia globalizada isto significa muito mais que uma simples ascensão.
Partindo do princípio que toda pessoa é capaz de aprender, e estas só
aprendem a partir da sua ação e interação com o mundo a sua volta, a tecnologia
torna-se um importante meio facilitador do processo de aprendizagem desde a
primeira etapa da educação, desde a educação infantil ao Ensino Superior
(BRANDÃO, 1995).
A mídia-educação se ocupa de muitas questões que constituem seu objeto: a
comunicação e a formação; os pontos de vistas instrumentais e temáticos que
caracterizam as mídias para formação e a formação para as mídias; a atenção às
dimensões expressivas e críticas para escrever/ler com e sobre as mídias; os níveis
operativos práticos e teóricos para ensinar as mídias e refletir sobre elas em termos
de contextualização, de metarreflexão e de capacitação; os âmbitos da intervenção
escolar para a educação formal, informal, extraescolar, tais como animação
sociocultural, terceiro setor, empresas sem fins lucrativos e/ou instituições
assistenciais, empresas comerciais e formação profissional para atuar nas indústrias
da comunicação. (RIVOLTELLA, 2002, p. 99- 107).
8 METODOLOGIA DE ENSINO
22
Fonte:conservacaodefloraefauna.blogspot.com/
23
multimídia, Internet, visitas técnicas etc., considerando, entretanto, que esses
recursos tecnológicos não podem se configurar como um fim em si mesmo, mas como
um instrumento facilitador do processo de construção e assimilação do conhecimento,
um mecanismo capaz de desenvolver no aluno à cultura investigativa, metodológica
e uma postura criativa que lhe permite avançar frente ao desconhecido.2
9 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO
2
Extraído do link: www.nucleodoconhecimento.com.br
24
A contribuição da compreensão das redes faz-se necessária, uma vez que ela
instrumentaliza juntamente com a internet a difusão das informações. A sociedade da
informação é, então, alicerçada pelo fluxo de informações intenso, uma nova era que
coloca à disposição inúmeras maneiras de aprender, ultrapassando o espaço físico
dos estabelecimentos de ensino formal. (COUTINHO; LISBÔA, 2011).
Assim, a tecnologia encurta distâncias, possibilitando o acesso ao
conhecimento àqueles que desejam possuí-lo, mas moram longe das instituições de
ensino que, geralmente, localizam-se nos grandes centros urbanos. Daí a importância
de falar-se em Ensino a Distância – EaD nesse contexto, proporcionando a
democratização do ensino e ainda a inclusão social. Trata-se de um novo viés
educacional que favorece “ao mesmo tempo as aprendizagens personalizadas e a
aprendizagem coletiva em rede” (LÉVY, 2010, p. 160), tornando o aluno mais
autônomo, criativo e flexível em seu processo de aprendizagem. Além disso, o uso
das Tecnologias da Informação e da Comunicação – TIC também facilita a formação
contínua do docente, desenvolvendo suas competências para o ensino.
Nesse aspecto, a escola é desafiada a encontrar maneiras de adequar o ensino
à nova ordem que se impõe. O aluno precisa desenvolver competências que o façam
ser capaz de lidar, de maneira crítica, com o volume de informações que chega até si.
As instituições de ensino contemporâneas não só podem, mas devem incentivar e
desenvolver nos professores e alunos competências que contribuam para romper com
o paradigma tradicional da educação. Cabe à escola, segundo Coutinho e Lisbôa
(2011, p. 17), “educar crianças, jovens e adultos de maneira diferente para um mundo
mutante”.
Percebe-se, pois, que ao contrário do contexto da prática educativa tradicional,
o processo de ensino-aprendizagem não ocorre unicamente dentro da sala de aula,
no âmbito formal, mas em todos os lugares, inclusive nos espaços virtuais. Estes
podem, inclusive, contribuir para a difusão de informações sobre o patrimônio cultural,
auxiliando sobremaneira no processo de educação patrimonial que será abordado de
forma mais consistente no próximo item.
O uso de tecnologias faz-se importante para a democratização do
conhecimento e inclusão social, uma vez que possibilita fazer esse conhecimento
chegar às localidades mais remotas do país. Para isso, tanto professor quanto aluno
devem desenvolver competências que favoreçam a utilização dos meios tecnológicos.
25
Nesse sentido, vê-se no uso das tecnologias a possibilidade de proporcionar
formas de trabalho mais significativas com a educação patrimonial, oportunizando que
alunos que não moram em cidades históricas, conheçam esse patrimônio a partir das
TIC, por exemplo. Dessa forma, poderiam ser utilizados vídeos, podcasts, blogs e
jogos através das redes sociais. Assim, torna-se conhecida a diversidade cultural
nacional, chamando a atenção para a sua preservação.
Essa diversidade cultural é contemplada a partir dos PCN’s, devendo, portanto,
ser abordada transversalmente nas práticas pedagógicas da educação básica. Porém,
a realidade mostra que em muitos contextos educacionais do Brasil não há essa
preocupação desde o planejamento das aulas. Às vezes, os próprios professores
desconhecem aspectos referentes ao patrimônio, o que dificulta o trabalho com essa
temática.
Além disso, a realidade do ensino público, hoje, obsta o emprego de
tecnologias, posto que para sua utilização faz-se necessário uma infraestrutura
mínima como, por exemplo, ter disponível uma internet banda larga, wifi, tablets,
computadores, datashow. Este fato não é observado em muitas escolas públicas
nacionais. No caso das escolas privadas, onde se detém um maior poder econômico,
apesar de se observar uma infraestrutura mínima, em muitos casos, a conexão da
internet não é de qualidade ou os professores não se encontram devidamente
preparados para o trabalho com as TIC.
No contexto que ultrapassa a sala de aula, constata-se que os alunos estão
acessando a internet, em sua maioria, dos smartphones e também de dispositivos
digitais. Há, inclusive, pesquisas que apontam que os jovens têm aumentado o seu
acesso à internet e o tempo em que utilizam seus dispositivos digitais e celulares fora
da escola. Tais pesquisas serviram para constatar a importância de se estar
conectado e a facilidade com que a população tem tido acesso às mais diversas
informações.3
3
Extraído do link: tecedu.pro.br
26
9.1 Estratégias de Ensino: Experiência na disciplina Metodologia do Ensino
Superior com TIC.
27
Mercado (2014, p. 65) afirma que “os métodos ativos são inovadores por contribuírem
para formar nos alunos o pensamento criador; oferecem um conjunto de situações
problemas que precisam de solução; permitem que o docente, ao orientar o
pensamento do aluno, não precise abordar todo conteúdo em sala de aula;
possibilitando relacionar os novos conhecimentos com os conteúdos de outras
disciplinas”.
É pensando em tornar a aula significativa e dinâmica que a integração das TDIC
ao currículo é fundamental, assim como o desenvolvimento de estratégias didáticas,
que segundo Mercado (2016) torne o curso “[...] mais dinâmico, desafiador, criativo e
renovado. ” Para Rios e Santos, (2011, p.8), as "TDIC contribuem para o
desenvolvimento das habilidades e competências dos docentes e estudantes numa
perspectiva crítica e colaborativa. A inovação no fazer pedagógico contribui
significativamente na formação crítica, participativa e autônoma do indivíduo". De
acordo com Pozo (1996, p.195) boas estratégias concederão, certamente um melhor
processo de aprendizagem. Mercado (2014, p. 70) afirma que “as estratégias de
ensino designam os procedimentos e recursos didáticos utilizados para atingir os
objetivos desejados e previstos". Berbel (2011, p. 29), afirma que as “metodologias
ativas se baseiam em formas de desenvolver o processo de aprender, utilizando
experiências reais ou simuladas, visando às condições de solucionar, com sucesso,
desafios advindos das atividades essenciais da prática social”. As estratégias
inovadoras contribuem assim, para criar novas metodologias que favorece a
construção de conhecimento e aprendizagem entre docentes e estudantes, sendo
assim, o fazer pedagógico dinâmico oportunizado pelas TDIC contribuem diretamente
na capacidade de aprendizagem do estudante.
Visando contribuir para a prática docente e estudos na área, este artigo
apresenta algumas estratégias de ensino com uso das TDIC, experienciadas na
disciplina de Metodologia do Ensino Superior com TIC do Programa de Pós-
Graduação em Educação da UFAL, ofertada em 2016, que apresentou nas aulas
metodologias voltadas para o ensino superior, com atividades utilizando diversos
recursos digitais. Inicialmente apresentamos um estudo a respeito do docente
universitário e suas competências frente o uso das TDIC no ensino superior,
suscitando a importância de metodologias que conduzam satisfatoriamente a um
ensino contextualizado e de qualidade, conduzindo a reflexão sobre as atribuições
28
docente no ensino que “em lugar de meros instrutores ou apresentadores, sejamos
de fato educadores em nosso tempo” (SILVA e SANTOS, 2006, p. 35).
Fonte: notícias.universia.com.ar
10 DOCENTE UNIVERSITÁRIO
29
profissional, à desestabilização de currículos fechados e acabados. Estes termos
apresentam-se como características essenciais para o saber deste profissional.
Masetto (1998) afirma que, para o docente universitário adquirir a conotação de
profissionalismo e realizar atividades de sua competência como à pesquisa, o
processo de ensino-aprendizagem e a gestão pedagógica e administrativa, se exige
deste profissional também o desenvolvimento de competências próprias:
Quadro-1: Competências do Docente do Ensino Superior.
Quadro-1: Organizado a partir de Masetto (1998).
O docente universitário está em volto em inúmeras atuações e funções dentro
e fora da IES. Zabalza (2004) e Masetto (1998) revelam que, atualmente, podem ser
atribuídas como competências gerenciais ao docente do ensino superior “divulgação
cientifica, produção científica, gestão acadêmica universitária, orientação e
supervisão, participação de bancas e comissões julgadoras, avaliação institucional,
extensão, docência e pesquisa”. Além destas competências, na era digital, segundo
Perez Gomes (2015), o docente universitário enfrenta novos desafios. Novas
possiblidades de conhecimentos são produzidos com as TDIC, através das redes
sociais, internet e plataformas digitais.
Neste novo cenário o docente adquire outras habilidades em suas práticas
pedagógicas integradas o uso das TDIC. Mercado (2015) afirma que o desafio
consiste em adaptar-se ao novo modelo de ensino com TIC, propiciar vivências e
experiências com tecnologias na prática educativa multiletradas com saberes
coletivos que exigem participação, iniciativas, cooperação na solução de problemas,
letramento digital, sonoro e informacional; aprender e desenvolver atividades
dinâmicas que envolva as TDIC na perspectiva da Pedagogia da Autoria com
competências para lidar com estudantes multitarefas. Com o desenvolvimento
tecnológico, ampliam-se as competências gerencias do docente do ensino superior,
Mauri e Onrubia (2010) afirmam que o docente em ambientes virtuais aprende a
dominar e valorizar nova cultura da aprendizagem; domina as TDIC com formações
contínuas e neste processo acontece a interação entre docente-estudante, que passa
a conhecer as diversas ferramentas tecnológicas flexibilizando o ensino através de
atividade interativa institucional a organizar e atribuir significado e sentido as novas
informações, como também desenvolver habilidades e capacidade de gestão do
aprendizado, do conhecimento e da informação. Isto porque as TDIC proporcionam,
30
segundo Bernabé (2012), novas oportunidades para educação e formação, facilitando
a colaboração, a inovação e a criatividade tanto dos estudantes, como dos docente e
IES. Diante do atual cenário do ensino superior, ser docente universitário se revela
como atividade complicada, devido as várias funções que desempenha. No entender
de Zabalza (2004, p. 111), “[...] ensinar é uma tarefa complexa na medida em que
exige conhecimento consistente acerca da disciplina ou das suas atividades”. Por isso,
segundo Maseto (1998) o docente, além de conhecer os conteúdos deve ter
desenvolvimento na área do conhecimento; desenvolvimento no aspecto afetivo
emocional; desenvolvimento de habilidades e desenvolvimento de atitudes e valores,
o que significa que a identidade e habilidades do docente do ensino superior
acontecem pela prática pedagógica, pela formação profissional, pelo processo
evolutivo e singular das experiências dinâmicas e culturais. (RAMOS, 2010).
A formação da identidade do docente universitário é evolutiva e singular,
acontece pela dissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, de forma individual
e institucional. A formação profissional acontece simultânea com a formação
acadêmica que fornece competências para uma determinada área, domínio na área
pedagógica no exercício de dimensão política. Os saberes teóricos e práticos
construtores da identidade docente acontece pela formação contínua e permanente,
regida pelo art. 66 da Lei de Diretrizes e Bases - IDBEN Lei nº 9.394/96 (BRASIL,
196), prioritariamente determina formação em mestrado e doutorando.
A construção da identidade docente é processual e dinâmica dentro de uma
conjuntura para desconstruir visões como “quem sabe, automaticamente, sabe
ensinar” ou “só quem sabe investigar, pode realmente ensinar” (RAMOS, 2010, p. 33).
Segundo Fávero e Tauchen (2013), a gestão profissionalizante do docente se
desenvolve pela produção do “pesquisador docente, que desenvolve prática de
produção científica e aulas acessórias e docente pesquisador, que tem como foco
principal o ensino como pesquisa, desenvolve ações de extensão, mas, não possui
produção de pesquisa”. A construção da identidade do docente universitário
inicialmente atende o desejo do próprio docente, em buscar caminhos para docência
voltada para o ensino, para uma docência baseada na aprendizagem (FÁVERO;
TAUCHEN, 2013). A expansão das atividades do docente do ensino superior ocorrida
nas últimas décadas, tem redesenhado o perfil e a identidade dos mesmos. A prática
docente, por sua vez, não fica limitada em mostrar o que está feito ou acumulado
31
historicamente, pois necessita de ações que englobam conhecimentos tanto
cognitivos, quanto não cognitivos, com propostas de conteúdos e tarefas que
envolvam atividade construtiva individual e coletiva. Os usos das TDIC no processo
de aprendizagem interligam as novas tecnologias as metodologias de trabalho que
podem melhorar as habilidades dos docentes em criar novas maneiras para enfrentar
as tarefas que, por sua vez mudam a natureza da atividade universitária.
32
O processo da construção do saber não é fácil de ser desenvolvida, pois, em
muitos casos a dificuldade não está em abordar o conteúdo, mas especificamente na
metodologia que atenda as expectativas dos estudantes. (ABREU e MASETTO, 1990)
afirmam que “ O conhecimento e o domínio das estratégias é uma ferramenta que o
docente maneja de acordo com sua criatividade, sua reflexão e sua experiência, para
alcançar os objetivos da aprendizagem”.
A pesquisa, um estudo de caso de natureza qualitativa foi realizada na
disciplina “Metodologia do Ensino superior com TIC”, no curso de Mestrado e
Doutorado em Educação, na turma do segundo semestre de 2016. A escolha desta
abordagem de pesquisa qualitativa é justificada pelo objetivo de divulgar metodologias
educacionais com o uso das TIC como ferramentas norteadoras no processo de
promoção e inovação da qualidade do ensino superior. Segundo Oliveira (2014, p.
37), a pesquisa qualitativa é um processo de reflexão e análise da realidade através
da utilização de métodos e técnicas para a compreensão detalhada do objeto de
estudo em seu contexto histórico e/ou segundo sua estruturação.
Destacaremos as metodologias envolvendo o uso de diversas estratégias
didáticas com TIC, utilizadas na disciplina analisada, como debate no Whatsapp,
elaboração de mapas conceituais e circulares, seminários temáticos com estratégias
didáticas com TIC no ensino superior – aprendizagem com simulação/dramatização,
aprendizagem com projetos: webquest, webinquirity project, webgincanas,
aprendizagem a partir de casos, aprendizagem com laboratórios ou experimentos
virtuais, aprendizagem com jogos online, aprendizagem baseada em problemas,
elaboração de plano de ensino para uma disciplina do curso superior utilizando as
TIC, entrevista com docente utilizando ferramentas como Facebook, e-mail, chat do
Gmail, Whatsapp ou Twitter, elaboração de sequências didáticas empregando TIC,
elaboração de plano de aula utilizando um aplicativo móvel, a partir das propostas
disponíveis no livro Apps para dispositivos móveis: manual para professores,
formadores e bibliotecários (carvalho, 2015), construção do blog coletivo para as
atividades da turma, avaliação da disciplina e elaboração de um artigo contendo
estratégias didáticas com TIC no ensino superior.
33
11.1 Análise das estratégias de ensino na disciplina metodologia do ensino
superior com TIC
34
no blog coletivo, passaram de passivos para ativos no processo de construção do
saber, do conhecimento ativo/reflexivo.4
Fonte: www.ebay.com.au
4
Extraído do link: encuentros.virtualeduca.red
35
É nesse sentido que as ideias e tese de Vigotski (2007, 2008) tornam-se vivas
e necessárias no sentido de contextualizar e explicar, sob o ponto de vista da
abordagem histórico-cultural, de que forma o sistema social e cultural e, mais
especificamente, o funcionamento cognitivo humano, são alterados pela inclusão de
novos instrumentos culturais, como as TICs, por exemplo. A presença ou chamada
“inserção” das TICs no ensino vem sendo explorada por diversos estudos, tanto em
âmbito nacional como internacional (COSTA, 2007a, 2007b, 2010; COSTA; VISEU,
2007; GIRAFFA, 2013; KURTZ, 2015; MARCELO, 2013), em grande parte
destacando os pontos positivos trazidos ou propiciados pela relação do ensino com
as tecnologias. A mera utilização desses instrumentos, por outro lado, sem alterar
práticas tradicionais, tem sido, de modo específico, pauta de muitas pesquisas, entre
as quais incluímo-nos, considerando que a falta de conhecimento técnico por parte
dos professores é apenas a ponta do iceberg.
O foco é, a nosso ver, desconstruir a concepção instrumental e tecnicista de
mero “uso” de tecnologias no ensino e mesmo na formação docente, enfatizando a
necessidade de um processo formativo que contemple os aspectos sociais e políticos
das TICs no contexto histórico-social e o papel do professor na formação de seus
alunos em meio a esse cenário. Futuros professores não podem ser concebidos sob
um olhar paternalista, cuja formação é meramente técnica, mas sim como indivíduos
capazes de refletir sobre o mundo em que vivem, de forma crítica e criativa. O ponto
de partida de tal discussão deve envolver também o prisma sociológico e psicológico
quanto ao uso das TICs no contexto vigente, ainda na formação inicial docente, de
modo transversal, e não em uma ou outra disciplina, como estudos têm apontado.
Logo, o objetivo deste estudo é construir entendimentos teóricos e conceituais
no que diz respeito a um olhar integrado entre TICs e formação inicial docente,
considerando, essencialmente, duas questões que se mostram ainda timidamente
investigadas no Brasil: a relação entre pensamento computacional e a formação de
professores, e a concepção das TICs como ferramentas cognitivas, que empoderam
o aluno, servindo como uma espécie de parceiras intelectuais dos sujeitos, sob uma
perspectiva emancipatória e crítica, se considerarmos a abordagem histórico-cultural
vigotskiana como suporte teórico (VIGOTSKI, 2007; WERTSCH, 2003). Resultados
construídos em Kurtz (2015) e desenvolvidos posteriormente em Kurtz (2016a;
2016b), Kurtz, Vargas e Ávila (2017a) e Kurtz e Silva (2017b), vinculados a pesquisas
36
realizadas junto ao Grupo de Pesquisa (grupo de pesquisa dos autores), embasam as
discussões ora realizadas.
Nesse sentido, é impossível desconsiderar o que Castells (1999) observa sobre
o novo paradigma tecnológico, organizado em torno das TICs e associado a
transformações sociais, econômicas e culturais, como Coll e Monereo (2010)
retomam. Diferentemente, porém, da perspectiva de “atender” a um perfil, é
fundamental que a escola e mesmo a universidade, em seus cursos de Licenciatura,
atentem ao fato de que somente darão um salto de qualidade quando o caráter
exclusivamente preparatório para o mercado de trabalho deixar de ser o elemento
central, desconsiderando aspectos humanos, filosóficos e universais da educação.
Essa postura é visivelmente transferida para o ensino, quando as TICs passam
a ser concebidas sob uma perspectiva mecanicista e instrumental, regida, muitas
vezes, por um descontentamento por parte de alunos e professores. Ao contrário,
estudos mostram que o computador, se entendido como ferramenta cognitiva, como
defendem Jonassen (2000) e Salomon, Perkins e Globerson (1991), amplifica
determinadas habilidades, como qualquer outra ferramenta cultural.
É sob essa perspectiva que as ideias e tese do psicólogo soviético Lev
Semenovich Vigotski tornam-se vivas e necessárias no sentido de contextualizar e
explicar, sob o ponto de vista da abordagem sociocultural, de que forma o sistema
social e cultural e, mais especificamente, o funcionamento cognitivo humano, são
alterados pela inclusão de novos instrumentos culturais.
Interlocutores próximos das ideias de Vigotski, como o psicólogo norte- -
americano James V. Wertsch, discutem essa questão, contribuindo,
fundamentalmente, à aproximação dos estudos socioculturais à compreensão da
mente humana, ou seja, propõem uma investigação acerca do fenômeno da mente a
partir da abordagem histórico-cultural, que considera o meio social e concreto/
material no qual esse fenômeno se manifesta.
Nesse sentido, esta pesquisa assume que, tanto os processos cognitivos
quanto as ações humanas são orientados, direcionados ou “moldados” (utilizando o
termo shaped empregado por Wertsch (2002a, 2002b)) por instrumentos culturais
empregados pelos sujeitos, e, sendo as TICs instrumentos culturais, introduzidos no
fluxo de atividades sociais, deve-se atentar às mudanças qualitativas dessa ação e
não apenas ao seu desenvolvimento ou outra mudança quantitativa qualquer.
37
Considerando essa dimensão, reiteramos o que Wertsch (1985) revela sobre
ser comum, em momentos de transição comportamental como o que se vive, a
introdução de novas formas de mediação ou uma versão mais antiga de mediação
poder simplesmente ser reelaborada, reestruturada. Isso implica que mudanças no
desenvolvimento humano sempre estão relacionadas ao surgimento de novas formas
de mediação. Este surgimento, no entanto, não apaga as formas anteriores, mas
simplesmente as reformula, aperfeiçoa.
Obviamente, tendo Vigotski escrito em 1930, não poderia ter incluído hardware
e software em sua lista, mas hoje sua teoria é largamente entendida como se
aplicando, de maneiras interessantes, a esses elementos também. Daí a necessidade
de se entender como essas novas formas de mediação pelo computador podem
“alterar o fluxo e estrutura das funções mentais” (WERTSCH, 2002a, p. 106).
Assim, a consequência direta da abordagem histórico-cultural como
embasamento central é o abandono total da concepção das TICs, no âmbito
educacional, como meras ferramentas que devem apenas ser “usadas”, ou que se
deva, unicamente, “aprender sobre” as tecnologias. Olhares e posturas tecnicistas
quanto ao papel das TICs no ensino passam a ser questionados, como o fazem
Jonassen (2000), Teixeira da Silva (2004), Matos (2001), Miranda (2007), Gomez
(2015), entre outros.
Logo, devem ser explicitadas as potencialidades e limitações das tecnologias,
como novas formas de linguagem, no âmbito educacional, pelo fato de estas poderem
ser exploradas para facilitar ou impedir o acesso ao conhecimento e ao poder social.
Para tanto, é necessário questionar o papel da educação e da universidade em meio
a esse contexto; como se formam – ou deveriam ser formados – os professores que
irão atuar em uma sociedade permeada, caracterizada, e mesmo transformada por
TICs, e até que ponto esses professores – e seus formadores – percebem limites e
potencialidades das TICs, concebendo- -as não simplesmente por seu caráter
instrumental (aprender “sobre” as TICs), mas seus aspectos políticos e sociais na
sociedade, como destaca Matos (2001) (aprender “com” as TICs).
Isso demanda, certamente, um profundo conhecimento envolvendo como o
indivíduo se desenvolve, aprende e vive em um contexto histórico-social permeado
por TICs, e até que ponto os computadores e demais tecnologias podem, como
Jonassen (2000) afirma, ser configurados como ferramentas cognitivas. A literatura
38
internacional sustenta isso. Cabe, agora, investirmos em pesquisas em âmbito
nacional de forma a extrapolarmos essa etapa voltada ao instrumental e ao domínio
de tecnologias, comprovadamente secundários no âmbito educacional, como
discutiremos nas seções a seguir.
No âmbito metodológico é importante destacar que as questões ora
apresentadas derivam de um processo preliminar de análise, considerando elementos
já explicitados em Kurtz (2015) e Kurtz e Silva (2017b). Assim, nesta etapa,
verificamos, na literatura, de que forma estudos de diferentes países, incluindo o
Brasil, têm demonstrado experiências quanto à integração das TICs em processos
formativos docentes, seja recorrendo a frameworks recentemente verificados em
nossas pesquisas, como é o caso do TPACK, seja no sentido de coadunar outros
conceitos, também emergentes em nosso mapeamento teórico, como pensamento
computacional e TICs como ferramentas cognitivas.
39
seja, como uma ferramenta cognitiva, como defende Jonassen (2000), numa
perspectiva de se aprender “com” as tecnologias, e não unicamente “sobre” elas.
Os educadores, assim, devem empoderar seus alunos a partir dessa
perspectiva de forma conjunta à utilização desses recursos, em que diversos
programas e aplicativos disponíveis podem ser empregados, como sugere Jonassen
(2000), especialmente quanto às ferramentas de busca, linguagens de programação
e quanto à própria noção de hipermídia e hipertexto, a partir do momento em que os
estudantes criam suas próprias bases de dados multimídia segundo suas perspectivas
e ideias.
Desse modo, entendemos que as mudanças necessárias devem iniciar pelos
cursos de formação de professores, em diálogo com a escola, posto que esta é
pautada por estruturas criadas em outro contexto histórico, visível nos meios que
utiliza e nos objetivos que visa, como Costa (2007a) destaca, o que impossibilita
propostas que extrapolem o que está estabelecido, como Maldaner (2006) também
verifica.
Esse conjunto ou repertório também vem sendo pauta de estudos advindos de
áreas além do campo educacional, como Ciência da Computação, por exemplo, e, em
vários países questões têm sido destacadas de modo a serem incorporadas no
currículo da Educação Básica, bem como da formação inicial de professores. Isso faz
com que, em âmbito internacional, a literatura seja vasta no sentido de apresentar
como isso tem acontecido em diferentes países, bem como quais conceitos embasam
a maior presença de disciplinas ou temáticas ligadas a competências digitais nesses
currículos.
Assim, disciplinas ou temas ligados à Ciência da Computação, Programação e
Pensamento Computacional, como Duncan, Bell e Atlas (2017) apontam, passaram a
compor os currículos escolares em países como Inglaterra, Austrália e, mais
recentemente, a Nova Zelândia incorporou essas temáticas desde o primeiro ano do
Ensino Fundamental, com ênfase em Pensamento Computacional e, até 2018, cobrir
áreas de aprendizagem consideradas centrais: programação, algoritmos,
representação de dados, dispositivos e aplicativos digitais, e a relação entre humanos
e computadores, evidenciando a necessidade, nesses países, de estudos e
profissionais envolvidos com essas questões. Em países em que isso ainda não é
uma realidade plenamente difundida, como o Brasil, percebemos essas questões
40
como perspectivas futuras no âmbito mais ampliado dos currículos escolares e de
Licenciaturas e, por esta razão, pesquisas são fundamentais de modo a conceber em
que termos essa integração pode acontecer.
Fonte:95cordobadiana.blogspot.com
41
considera um conjunto de processos mentais (ferramentas mentais) utilizados por
profissionais da computação quando operam com vistas a solucionar problemas por
meio de técnicas, ferramentas, práticas e conceitos de computação, mesmo sem a
presença do computador.
A partir de contribuições de outros pesquisadores, Wing (2014) acrescentou à
sua definição de Pensamento Computacional (WING, 2006) a concepção de que tal
processo de pensamento envolve a formulação de problemas e expressão de suas
soluções de forma que seres humanos ou máquinas podem efetivamente realizá-las.
A autora destaca algo bastante interessante, especialmente aos sujeitos não
envolvidos diretamente com a área de computação, ao afirmar que as pessoas podem
desenvolver o Pensamento Computacional sem máquinas.
Assim, ao cunhar e divulgar o conceito de Pensamento Computacional, essa
autora popularizou o conceito, especialmente entre estudantes da Educação Básica,
no sentido de evidenciar aquilo que Jonassen (2000) já enfatizava, ao reconhecer a
necessidade de o computador ser considerado uma ferramenta cognitiva, isto é, um
instrumento que potencializa a capacidade cognitiva do sujeito/estudante/professor, o
que, por sua vez, aproxima-se, como discutido na seção anterior deste texto, do
próprio framework TPACK.
As características relacionadas ao Pensamento Computacional, conforme
proposto inicialmente em Wing (2006), são:
1) Conceitualização – sem programação: “pensar como” cientista da
computação vai além da habilidade de programar computadores, pois a área em si
não se trata necessariamente de saber programar; pensar, neste contexto, requer
múltiplos níveis de abstração
2) Habilidade fundamental, algo não mecânico: uma habilidade fundamental é
algo que todo ser humano deve possuir para atuar/interagir plenamente na sociedade
moderna e que não seja ligada à memorização ou repetição.
3) Uma forma de pensamento humana, e não de máquinas: o Pensamento
Computacional é um modo pelo qual os seres humanos resolvem problemas. Não
significa seres humanos pensando como computadores, uma vez que computadores
não pensam. Por intermédio da inteligência e imaginação, os seres humanos tornam
os computadores úteis, ou seja, temos a possibilidade de enfrentar problemas que,
antes da era da computação, não era possível.
42
4) Complementação e combinação entre pensamento matemático e de
engenharia: a Ciência da Computação está intimamente relacionada ao pensamento
matemático, uma vez que suas bases formais têm origem a partir de conceitos
matemáticos, bem como das engenharias, uma vez que os cientistas da computação
desenvolvem sistemas que interagem com o mundo real e, devido às conhecidas
restrições e limites dos dispositivos de computação, os sujeitos são levados a pensar
“computacionalmente”, e não apenas matematicamente.
5) Ideias, não artefatos: os conceitos computacionais utilizados para abordar e
resolver problemas, gerenciar nossas vidas e interagir com outras pessoas estão
presentes em todos os lugares. Eles são mais importantes e transcendem aos
recursos de software e hardware produzidos a partir deles.
6) Para todos, em toda parte: o Pensamento Computacional será uma
realidade quando for plenamente integrado aos empreendimentos humanos, deixando
de ser uma “filosofia” explicitada.
Essas questões trazem, obviamente, desconforto aos educadores, como a
própria literatura da área sugere (DUNCAN; BELL; ATLAS, 2017). Documentos legais
difundidos em vários países orientam questões ligadas à competência digital, mas já
se se verifica uma tendência em associar, por exemplo, o Pensamento Computacional
como tema “incorporado” em outras disciplinas e temáticas. Isso faz com que
referências a termos estranhos à educação, como aqueles explicitados por
especialistas da área computacional, a exemplo de Wing (2006), sejam alterados de
forma a perceber sua conexão de modo mais positivo, o que pode ser devido a
motivações políticas, inclusive, como Duncan, Bell e Atlas (2017) propõem.
Dessa forma, em vez de chamar uma dada disciplina ou temática curricular de
“Ciência da Computação”, seria possível optar-se por “resolução de problemas”, por
exemplo. A presença do conceito de Pensamento Computacional é vista como
perpassando todas as disciplinas e temáticas, pois fortalece e altera o sentido da
presença dessas competências no âmbito educacional, fazendo com que não sejam
competências repetitivas, mecânicas, descontextualizadas ou meramente técnicas.
Isso tudo, em nosso entendimento, deve ser pauta das discussões envolvendo
formação docente já no presente, considerando que uma quantidade substancial de
trabalhos – no cenário internacional, em grande parte, diga-se – vem sendo publicada
em periódicos e eventos ao redor do mundo, relacionados a relatos de experiências,
43
propostas de cursos, reformulações curriculares, avaliação, formação de professores,
entre outros, como os de Barcelos (2012), Bower et al. (2015), National Research
Council (2011) e Werner, Denner e Campe (2012).
Pesquisas atuais como a de Duncan, Bell e Atlas (2017), junto a um grupo de
professores na Nova Zelândia, destacam o que apontamos neste texto, no que diz
respeito, fundamentalmente, ao grau de confiança destes profissionais não apenas
quanto ao uso de recursos tecnológicos, mas dos conceitos subjacentes a essa
prática. Conforme esses autores argumentam, sua pesquisa-piloto indicou que os
professores se sentem plenamente capazes de desencadear processos com seus
alunos, quanto ao tema em questão, se receberem um suporte adequado. Além disso,
os professores manifestaram que se sentem aptos a trabalhar uma gama de tópicos
curriculares sobre competências digitais e que isso ocupou menos espaço no currículo
do que pensavam. Os autores apontam que os equívocos conceituais apresentados
pelos professores sobre a área podem plenamente serem resolvidos no início do seu
desenvolvimento profissional.
Essas questões reiteram nosso entendimento da importância de repensarmos
e reorganizarmos os currículos de Licenciatura no Brasil. A chamada atomização de
disciplinas ou áreas na formação inicial de professores seria um elemento a ser
questionado, sob esse ponto de vista, pois dificulta a transversalidade necessária para
se aprofundar a discussão e reflexão envolvendo o ensino com tecnologias. O ponto
de partida de tal discussão deve ser o prisma sociológico e psicológico quanto ao uso
das TICs no contexto vigente. O movimento feito por várias instituições, de restringir
a discussão a uma disciplina ou o fato de as TICs serem apenas o instrumento ou
metodologia de trabalho faz com que o futuro professor seja um utilizador acrítico das
TICs, induzindo, provavelmente, seus futuros alunos a pensarem da mesma forma
envolvendo Pensamento Computacional em programas de formação de professores,
de modo transversal, é fundamental para o desenvolvimento de habilidades e
competências ligadas à vivência destes sujeitos no mundo e, consequentemente, à
sua atuação profissional no âmbito educacional. Não se trata de uma preparação para
o mercado de trabalho (mesmo que seja), mas sim de viabilizar o contato e a
experiência de futuros docentes com conceitos que os auxiliem a ampliar sua
compreensão e, porque não, suas atitudes em relação às TICs e suas possibilidades
educacionais, de modo amplo.
44
Em um sentido mais específico, como Hodhod (2016) e Ramos e Espadeiro
(2014) sugerem, a partir dos conceitos e práticas de Pensamento Computacional, é
possível ampliar e, ao mesmo tempo, aprofundar as compreensões de “letramento
digital”, ou seja, não se trata apenas da aquisição de competências básicas de
letramento informacional ou de conhecimentos básicos de operação do computador
ao futuro professor. É um letramento que se ampara em estruturas cognitivas e sociais
da sociedade do conhecimento com o intuito de rever nossos modos de refletir e agir
diante dos desafios impostos pelas tecnologias na sociedade e na educação, como
Kurtz (2015, 2016b) destaca.
Conforme Ramos e Espadeiro (2014), a introdução do pensamento
computacional na formação inicial docente pode ser justificada pelo fato de
professores poderem integrar Pensamento Computacional no currículo com o objetivo
de auxiliar na resolução de problemas, integrando esse conceito em suas próprias
disciplinas. Para esses autores, “a aprendizagem de uma nova linguagem e de um
novo código correspondem a um esforço muito exigente para os estudantes, futuros
professores” (p. 21).
Temos muito a estudar nesse sentido. Pesquisas nessa área, especialmente
em âmbito nacional, são necessárias dadas as inúmeras questões em aberto, desde
como o Pensamento Computacional e demais temáticas ligadas a competências
digitais dos sujeitos/estudantes/professores podem ser inseridos no currículo dos
cursos de formação de professores, até que concepção teórica pode sustentar essa
integração. Entendemos que a teoria histórico-cultural vigotskiana contribui nesse
processo, conforme já verificado em trabalhos anteriores (KURTZ, 2015, 2016a).
45
13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, M.E.B de. Educação, ambientes virtuais e interatividade. In: SILVA, Marco
(org.). Educação Online. São Paulo: Loyola, 2003.
ANDRADE, Ana Paula Rocha de. O Uso das Tecnologias na Educação: Computador
e Internet. Consórcio Setentrional de Educação à Distância. Universidade de Brasília
e Universidade Estadual de Goiás. Curso de Licenciatura em Biologia à Distância.
Brasília, 2011.
BERNABÉ, Iolanda. Os professores como aprendizes com as TIC. In: BARBA, Carme;
CAPELA, Sebastiá (Orgs). Computadores em sala de aula: métodos e usos. Porto
Alegre: Penso, 2012, p. 77-83.
BRITO, Glaucia da Silva. BOENO, Raul Kleber de Souza. BOENO, Renate Kottel.
Inserção de tecnologias na prática docente: fazendo o mesmo de forma diferente. IX
ANPED Sul. Seminário de pesquisa em educação da região sul, 2012.
46
COLL, C.; MONEREO, C. Psicologia da educação virtual: aprender e ensinar com as
REIS, Simone Rocha; SANTOS, Felipe Alan Souza; TAVARES, Jorge Alberto Vieira.
O uso das TICs em sala de aula: uma reflexão sobre o seu uso no colégio Vinícius de
Moraes/São Cristóvão. 3º Simpósio Educação e Comunicação. Infoinclusão:
possibilidades de ensinar e aprender. De 17 a 19 de Set. de 2012.
47