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Universidade Católica de Pernambuco

TECNOLOGIAS DA
INFORMAÇÃO E DA
COMUNICAÇÃO NA 1

EDUCAÇÃO BÁSICA
TECNOLOGIAS DA

Universidade Católica de Pernambuco


INFORMAÇÃO E DA
COMUNICAÇÃO NA
EDUCAÇÃO BÁSICA
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Profa. Msc. Kelly Fernandes Pereira

Educação a Distância
Universidade Católica de Pernambuco
EaD
UNICAP
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO - UNICAP

Reitor
Prof. Dr. Pe. Pedro Rubens Ferreira Oliveira, S. J.

Pró-reitor Administrativo
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UNICAP DIGITAL

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Assessor de EaD
Prof. Msc. Valter Avellar

Universidade Católica de Pernambuco


Assessora Pedagógica
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Designers Instrucionais
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Msc. Flávio Santos

Analista de Sistemas
Prof. Msc. Flávio Dias

Secretário
Msc. Valmir Rocha

____
5
Correção Ortográfica
Prof. Msc. Fernando Castim

Diagramação
Msc. Flávio Santos

EDIÇÃO 2020
Rua do Príncipe, 526 - Bloco C - Salas 302 a 305
Boa Vista - Recife-PE - Cep: 50050-900
Telefone +55 81 2119.4335
PALAVRA
PROFES
SORA
Seja bem-vindo(a) à disciplina Tecnologias da Informação e
Comunicação na Educação Básica.

Já parou para perceber que a tecnologia faz parte do seu cotidiano?


Mobilidade, lazer, compras, financeiro, comunicação, vínculos afetivos...
todos podem transcorrer mediados por aparelhos tecnológicos. Imersas
na sociedade da informação e do conhecimento e na cultura digital, as
ferramentas tecnológicas são uma marca do nosso tempo. Você
experimenta que eles assumem nova dimensão e dinâmicas nos
processos sociais, nas instituições e na vida privada. Talvez, você esteja
pensando: percebo as tecnologias no meu dia a dia, mas o que elas têm a
ver com a educação? Qual a necessidade de estudar sobre esse assunto
em meu curso?

Você já percebeu que as tecnologias fazem parte de sua vida, imagina, agora,
na vida de crianças, que têm como brinquedo favorito o smartphone. Um
recurso que possui imagens, sons e meios de comunicação diversificados
que prendem a atenção delas, independentemente da idade que têm.
Desde pequenos, pais utilizam esse recurso para entreter seus filhos e eles,
de uma maneira informal, crescem aprendendo as cores, os números e as
letras ao utilizá-lo em suas rotinas diárias.

Jovens passam mais tempo usando as tecnologias do que brincando de

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bola ou de jogos manuais, por exemplo. Para eles, suas diversões são
garantidas ao estarem conectados nas redes sociais ou assistindo aos
vídeos do YouTube.

Adotar as tecnologias em suas práticas pedagógicas, voltadas para a realidade


e hábitos dessa nova geração, despertará o interesse dos alunos em sala de
aula e, além disso, ampliará as novas formas de aprender e de ensinar.

Tudo bem se você estiver pensando: como fazer isso, então? O objetivo
dessa disciplina é mostrar algumas tecnologias e como aplicá-las em suas
práticas educacionais, no entanto, o assunto não pode ser limitado
apenas aos nossos estudos. Cabe a você, caro(a) aluno(a), pesquisar e se
permitir a vivenciar novas experiências que serão ressignificadas ao
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decorrer do seu processo de autoavaliação, combinado?

E para facilitar o seu aprendizado, a disciplina está estruturada em 4


unidades de aprendizagem, que são:

• Unidade 1: O Papel das Tecnologias de Informação e Comunicação na


Educação.
• Unidade 2: A Internet como Tecnologia para Construção de Conhecimentos.
• Unidade 3: Redes sociais na internet, escrita colaborativa, hipertexto e
hipermídia.
• Unidade 4: Uso de dispositivos móveis na educação, produção de
vídeos, jogos digitais educativos e educação a distância.

E aí, preparado para começar? Então vamos em frente!


OBJE
TIVOS
• UNIDADE 1 - O Papel das Tecnologias de
Informação e Comunicação na Educação

• Reconhecer o impacto da tecnociência na contemporaneidade e suas


implicações no contexto educacional e na produção de outras formas
de ser e estar no mundo.
• Desenvolver formas de comunicação, relacionando a linguagem dos
meios midiáticos à educação.
• Compreender as tecnologias da informação e da comunicação (TICs)
como ferramentas educacionais e como possibilidades de proposição
de práticas pedagógicas significativas.
• Utilizar as tecnologias da informação e da comunicação (TICs) de forma
crítica, criativa e inclusiva, de modo a contribuir com a qualidade social
da educação.
• Atuar em contextos mediados pelas tecnologias digitais, que implicam
formas de viver em sociedade e outras formas de ensinar e aprender.

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1. O Papel das Tecnologias de Informação e
Comunicação na Educação

Tecnologias: O que são? Para que servem?

O homem primitivo marcou sua produção tecnológica a partir das


produções rústicas de caça e pesca, da descoberta do fogo e da invenção
da roda e da escrita. Isso mesmo! A escrita faz parte do hall de tecnologia.

Na era medieval, com as inovações tecnológicas, houve um aumento na


produtividade de lavouras. Época fortemente marcada pela criação de
armas, pelos instrumentos que proporcionaram a expansão da navegação
marítima e pelas invenções de prensa móvel.

Na Revolução Industrial, tivemos soluções tecnológicas voltadas para a


área têxtil e para a construção de transporte coletivo, com a famosa “Maria
Fumaça”, revolucionando a mobilidade dos indivíduos. Fava (2016)
menciona que, diante disso, foi a primeira vez que o homem passou a
consumir capital da natureza em vez de apenas viver do rendimento que
ela fornecia, tudo isso graças à evolução tecnológica.

Historicamente, percebe-se que o homem vivenciou “eras tecnológicas”,


as quais provocaram uma significativa mudança no processo de

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produção da vida do ser humano, impactando na criação de outras
possibilidades vivenciadas atualmente. Uma dessas tecnologias é a
eletricidade.

Com esse recurso tecnológico, foi possível facilitar e melhorar a vida do


homem. Não só isso, mas também de promover, a partir dela, novas
formas de facilitar a vida do ser humano.

Podemos, então, dizer que tecnologia é tudo aquilo que envolve um conjunto
de técnicas e conhecimentos voltados para resolução de problemas. Para
Carmo (2016), tecnologia pode ser conceituada, de modo geral, como tudo
aquilo que o homem cria e/ou usa para atender às suas necessidades.
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Mas não podemos reduzir o conceito de tecnologia a algo como
ferramenta ou instrumento. Ela também está empregada para a
construção científica. Vejamos alguns exemplos: os biólogos têm como
tecnologia tudo aquilo que é aplicado para o estudo das células e da
evolução do planeta.

Os arqueólogos veem tecnologia com respeito à evolução das


ferramentas utilizadas pelo homem ao longo da história. Já para a equipe
da área de informática, tecnologia tem relação com o desenvolvimento de
sistemas e aparelhos que trocam informações entre si.

Mas não fica por aqui, temos também a definição de tecnologia


empregada na pesquisa científica. Se não fossem as tecnologias na área
de saúde, não teríamos tantas evoluções em tratamentos e prevenção de
doenças.

Na tentativa de uma síntese, de uma forma global, podemos dizer que


“tecnologia é um conjunto de elementos que envolve: conhecimento,
ferramentas, processos e materiais criados para atender às necessidades
humanas. Pode também referir-se à técnica para produzir ou utilizar
algo” (CARMO, 2016, p. 12).

Consegue perceber a amplitude que o termo tecnologia envolve? Ela está


presente em nossas vidas e podemos identificá-la em quase tudo que
fazemos, direta ou indiretamente, em nosso cotidiano.

Com o avanço tecnológico, vivenciamos propostas diversificadas de


tecnologias em setores diversos da sociedade e temos, também, as
Tecnologias da Informação e da Comunicação na Educação Básica

chamadas novas tecnologias. Termo esse que você já deve ter ouvido
bastante, não é mesmo?

Novas tecnologias são uma forma de diferenciar recursos tecnológicos


antigos dos mais atuais. Como, por exemplo, utilizava-se carta para se
corresponder com uma pessoa de outro estado ou país. Basicamente, as
tecnologias empregadas nessa situação eram papel, a escrita e a tinta.

Cabe mencionar, como afirma Carmo (2016), que a tecnologia nem


sempre é, necessariamente, algo inovador, pois inovação é algo complexo
de ser entendido, devido à velocidade das mudanças tecnológicas que
ocorrem continuamente. E o surgimento de uma nova tecnologia não
implica necessariamente o desaparecimento da outra tecnologia.

Por exemplo, o surgimento do rádio não excluiu a invenção da roda. Até


hoje, ambas são utilizadas, o que acontece é o aprimoramento delas de
acordo com o desenvolvimento tecnológico. Ao comparar um rádio
antigo com um atual, que possui bluetooth (espécie de conexão sem fio),
podemos dizer que cada um deles emprega tecnologias diferentes, sendo
usadas as tecnologias conforme empregadas em sua época.

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Atualmente, a comunicação entre pessoas geograficamente distantes se
dá por meio das Tecnologias da Informação e Comunicação, as tão
famosas TICs! Com um celular conectado à internet, pode-se fazer uma
chamada de vídeo, em que não apenas ouve a voz da pessoa que está do
outro lado do telefone, mas também ver a sua imagem.

Assim, podemos dizer que “tecnologias da informação e comunicação


servem para informar e comunicar, correspondendo, assim, a todos os
meios e processos que envolvem a comunicação humana” (CARMO, 2016,
p. 13). Para o professor Renato Veloso (2011, p. 49), uma conceituação
razoável sobre as TICs é:

o conjunto de dispositivos, serviços e conhecimentos relacionados a


uma determinada estrutura, composta por computadores, softwares,
sistemas de rede etc., os quais teriam capacidade de produzir, processar
e distribuir informações para organizações e sujeitos sociais.

Fonte: Freepik.com

E a tecnologia que mais provê a produção, o compartilhamento e a


disseminação da informação é a Internet. Você já percebeu quantas

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informações passam pela timeline (também conhecido como feed de
notícias) de seu Facebook, Instagram, WhatsApp ou LinkedIn?

Por isso, a Internet tem sido considerada a maior rede comunicacional


dos últimos tempos. Em poucos segundos, é possível obter inúmeras
informações, alguns relevantes no momento e outras nem tanto.

E vamos além: discernir o que é verídico ou falso é imprescindível, já que


as fake news (notícias falsas) na Internet são tão comuns atualmente. Por
isso, há tanta insegurança em usar os recursos tecnológicos, sobretudo,
aqueles que não nasceram na era digital, isto é, no período em que as
TICs são tão comuns, em que o indivíduo não sabe como viver sem elas.

Lévy (2010a) nos alerta a um ponto muito importante: a cegueira diante


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da evolução tecnológica. Não se trata da visão humana em si. Mas de
impregnar tecnologias antigas de tantos valores, enquanto as novas são
reconhecidas como contrárias à vida.

Vamos ilustrar o alerta de Lévy com um vídeo muito


interessante com relação ao comportamento hu-
mano diante da evolução do pergaminho para o
livro. Assista!
Link do vídeo: https://youtu.be/4ZwJZNAU-hE
Podemos perceber, a partir do vídeo, que toda novidade causa
estranheza, medo e até mesmo dúvidas. Por isso tanta insegurança com
relação às novas tecnologias. Isso resulta em um comportamento que
condena as novidades por uma questão de medo do desconhecido, por
não se ter ainda o controle sobre aquilo que é tão novo.

Pessoas que utilizam a tecnologia como auxílio à solução estão, na


verdade, fazendo uso das tecnologias da inteligência. Calma! Não pense
que tecnologias da inteligência são algo relacionado em fazer com que
máquinas dominem e suprimam o ser humano. São, na verdade, recursos
que auxiliam o homem a desenvolver e resolver problemas complexos.
Lévy (2010a, p. 94), um dos grandes pesquisadores da ciência da
informação e comunicação, nomeia esta tecnologia como “dispositivos
exteriores ao sistema cognitivo humano”.
Tecnologias da Informação e da Comunicação na Educação Básica

Com as tecnologias de aprendizagem, os processos que antes eram


dificultosos, passam a ser verdadeiros aliados no ensinar e aprender.
Estimula o aprendizado do indivíduo ao conteúdo e ao mesmo tempo
torna esses produtores de novos conhecimentos.

Imagine a situação a seguir: ao utilizar um serviço de compra em um


supermercado: o processo de pagamento e recebimento do troco, o que
poderia agilizar esse procedimento? Como fazer um cálculo matemático
que reduziria o tempo na fila de espera? Certamente, o uso da
calculadora auxilia. Ou seja, a ferramenta surge de uma “necessidade” e é
inserida nas práticas sociais num horizonte cultural.

Isso se dá porque a memória humana necessita, muitas das vezes, de


auxílios externos, como equipamentos e técnicas para evoluir a cognição.
Logo, devemos pensar em tecnologias da inteligência como equipamentos
e técnicas que auxiliam a evolução da inteligência humana.

E como estamos conversando sobre as tecnologias, não podemos deixar


de tratá-las na educação, já que fazem parte da formação do sujeito.
Menezes (2001), define tecnologia educacional:

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pode ser entendida como toda a ação educativa convertida em uma
técnica apoiada em uma ciência. No entanto, diante do impacto das
chamadas “novas tecnologias”, a expressão tecnologia educacional tem
sido mais utilizada com referência às ferramentas tecnológicas que
podem ser empregadas no dia a dia do professor, no intuito de
incrementar o processo de ensino (MENEZES; SANTOS, 2001, online).

Observamos que, no início da definição, Menezes emprega tecnologia


educacional “como toda a ação educativa convertida em uma técnica”.
Isso quer dizer que qualquer recurso ou técnica que auxilie no processo
de ensinar e até mesmo de aprender é considerado como tecnologia.

O uso de tecnologia em educação não é recente. A educação desde o


início utiliza diversificadas tecnologias, de acordo com cada época
histórica. Podemos citar o quadro negro, com o giz e apagador; ou o
quadro de pregas, muito utilizado como mural de regras. Esses itens são
recursos didáticos muito conhecidos, por serem invenções que auxiliavam
e auxiliam o educador na sua tarefa de ensinar, levando, consequen-
temente, os estudantes ao ato de aprender.

E as novas tecnologias, sobretudo, as TICs, apresentam-se também como


tecnologias educacionais, por serem aquelas que foram pensadas em
aprimorar ou facilitar o processo educacional. O uso de computadores,
dispositivos móveis, games, entre outros, podem ser citados como
exemplos, já que facilitam e potencializam efetivamente a aprendizagem
dos estudantes.

Assim, Leite e Aguiar (2016) afirmam que as tecnologias educacionais


passaram a ser o estudo teórico-prático da presença e do papel dos
recursos tecnológicos na educação. O conhecimento das tecnologias
disponíveis na sociedade moderna passou a ser fundamental para um
trabalho educacional transformador e de qualidade.

Utilizar tecnologias educacionais de forma planejada é investir no


desenvolvimento socioeducativo dos alunos e  dar a eles mais
possibilidades de acesso à informação e ao conhecimento.

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Assista ao vídeo “Tecnologia na Educação: Por que
usar tecnologia?” e conheça os três grandes desafios
da educação que as tecnologias educacionais
ajudam a superar. Não deixe de listá-los em suas
anotações!
Para acessá-lo, pegue o seu smartphone, ative a
pesquisa QR Code, posicione a sua câmera na
imagem ao lado e clique no endereço do vídeo que
aparecerá.
Link do vídeo: https://youtu.be/IzsHAiCvxR8
15
Diante das evoluções tecnológicas, você já parou para perceber que com
elas passamos a viver em um novo espaço de comunicação? Esse espaço
é conhecido como ciberespaço.

A seguir trataremos sobre esse novo tema. Vamos em frente!

2. Ciberespaço

O que é ciberespaço? Não é um termo muito fácil de descrever, por ser


um espaço novo que, muitas das vezes, não conseguimos enxergá-lo. O
seu termo foi primeiramente atribuído por William Gibson, em seu livro
Neuromancer, de ficção científica, escrito em 1984.
Sua intenção era de encontrar um nome para o mundo virtual, em que
“bilhões de pessoas em todos os países viviam nele diariamente, em uma
relação real e cultural entre indivíduos e máquinas que trabalhavam
dentro dos limites das redes computacionais” (MESQUITA, 2014, p. 33).
Para o escritor, o ciberespaço é um espaço virtual que manifesta o
somatório dos dados do mundo, acessíveis através de consoles de
computadores.

Podemos dizer, portanto, que ciberespaço é o espaço virtual onde


circulam todos os tipos de informações de forma a proporcionar a
interligação entre tecnologias digitais e indivíduos. Nele, as relações
sociais, culturais, econômicas se relacionam em um ambiente não
palpável, mas ele é real.

Lévy destaca o ciberespaço como um novo espaço permeado de


Tecnologias da Informação e da Comunicação na Educação Básica

tecnologias, informações e indivíduos:

É o novo meio comunicação que surge da interconexão mundial dos


computadores. O termo especifica não apenas a infraestrutura material
da comunicação digital, mas também o universo oceânico de
informações que ela abriga, assim como os seres humanos que
navegam e alimentam esse universo (LÉVY, 2010b, p. 17).

Isso tudo não resulta apenas na internet. Mesquita (2014) afirma que até
mesmo computadores que não estejam conectados à internet fazem
parte do ciberespaço, porque suas comunicações com outros
computadores podem dar-se de outras formas, como, por exemplo, por
dispositivos de memória (HD, cartão etc.). Ele também incluiu os próprios
softwares que fazem os computadores funcionares e gerarem dados que
podem ser transmitidos uns pelos outros.

Podemos, então, entender que, no ciberespaço, encontramos as tecnologias,


as informações que circulam por meio dos recursos tecnológicos e os
indivíduos que utilizam as informações desse espaço virtual.

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Fonte: freepik.com
Podemos dizer que, nesse espaço, os indivíduos podem atuar com ideias
e informações que podem servir como palco para discussões e
modificação e disseminação de conteúdo.

Permite uma comunicação bidirecional, onde emissor e receptor podem


trocar informações, a partir dos princípios “um para todos” e “todos para
todos”. Assim, o indivíduo não precisa ser apenas um espectador, o que
apenas recebe informações. Ele pode também ser um agente de
disseminação de informação e um cooperador na produção de uma
notícia, por exemplo.

Vejamos os telejornais: pessoas podem enviar imagens e vídeos para


complementar um noticiário, em que nenhum profissional da área de
jornalismo ou até mesmo cinematográfico não conseguiu registrar.

Indivíduos de toda parte, de diferentes cidades, classes sociais e culturas


podem conectar-se e comunicar por meio desse espaço. Mas, não para
por aqui! Pode-se também guardar fotos, documentos e vídeos no
ciberespaço, a partir de uma conta criada na Internet, muito conhecido
como “armazenamento na nuvem”.

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Compreenda o que é nuvem e conheça algumas
companhias que disponibilizam esse tipo de serviço,
assistindo ao vídeo “Como funciona o armazena-
mento na nuvem?” Pense nisso!
Link do vídeo: https://youtu.be/boq41cOp0-g

E com o avanço das tecnologias, o ciberespaço tornou-se também um


espaço inteligente, com a capacidade de atender às nossas necessidades
de forma personalizada. Sabe como? Quando você faz uma busca na
internet, por exemplo, para saber o preço de um ar-condicionado. Após
alguns dias, com um novo acesso, aparecem propagandas com sugestões
de lojas e preços para comprar o produto pesquisado anteriormente,
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tornando assim, um ciberespaço inteligente.

Isso se deve a uma tecnologia chamada cookies. Arquivos temporários


que armazenam informações de suas buscas, do seu acesso na internet,
para poder “moldar” o seu perfil no ciberespaço.

Se deseja apender um pouco mais sobre cookies e


entender a sua funcionalidade no computador, leia a
matéria da empresa Positivo. Atente para as dicas ali
descritas. Boa leitura!
Link do artigo: https://www.meupositivo.com.br/
doseujeito/tendencias/o-que-sao-cookies/
Consegue perceber o quanto o mundo digital, com as ações que se
desempenham no ciberespaço, interferem em sua vida real? Não há mais
limitações do espaço físico!

E na educação, como podemos ver o ciberespaço? As práticas


pedagógicas, com o avanço das tecnologias, precisam ser repensadas. As
tecnologias, segundo Kenski (2014), alteraram o modo de pensar e de agir
do indivíduo, em como se relaciona com as informações e,
consequentemente, com o saber.

Não basta inserir as tecnologias educacionais no âmbito escolar sem que


mude o método a ser empegado. Vejamos um exemplo clássico de uma
escola que informatizou a sala de aula.

A professora ensinava a tabuada de multiplicação no seu quadro negro


Tecnologias da Informação e da Comunicação na Educação Básica

por meio da repetição e memorização (metodologia tradicional). Com a


inserção de computadores, televisão e datashow, o procedimento de
ensinar permaneceu o mesmo.

Assista ao vídeo “Tecnologia ou Metodologia?”, para


observar o que estamos tratando, e pense em como
você, um futuro docente, aplicaria um método de
ensino inovador para a aula de tabuada. Já tem a
resposta? Isso mesmo! Poderia aplicar jogos
disponíveis em computadores, por meio de
softwares educacionais que instigam o prazer no
aprender, de maneira a despertar a motivação do
aluno e, consequentemente, inserir o ensino em seu
contexto cultura, que é permeado pelas TICs.
Link vídeo: https://youtu.be/xLRt0mvvpBk

Assim não é diferente no ciberespaço! Uma atividade escolar para efetuar


uma “pesquisa” na internet por si só, sem abordar assuntos como coleta,
leitura e análise de informação não desenvolve habilidades e
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competências no corpo estudantil. Cria-se, apenas, um momento para
dispersão total ou somente o ato de copiar e colar, o famoso “Crt+C” e
“Crt+V”, por ter sido desenvolvida sem a menor explicação do que é
pesquisa, para que está sendo feita e como fazê-la.

Vamos além: utiliza-se o armazenamento da nuvem para expor a


belíssima apresentação criada por um educador renomado, que foi
construído em conjunto com demais colegas educacionais, a qual se
tornou um recurso educacional aberto. Um material didático em que
você pode utilizá-lo pela internet sem se preocupar com as concessões de
direitos autorais, já que se trata de um recurso livre.

Embora a apresentação esteja com vários recursos audiovisuais, como


ilustrações, animações e áudios, se você, como docente, torna a aula
monologa, em um princípio de que o receptor, que aqui no caso é o
estudante, seja apenas um agente passivo, sem a menor interação, o
desenvolvimento da aula será sem nenhuma perspectiva de debates
instigantes. E, para isso, não precisaria de ter um recurso digital, bastava
continuar utilizando o quadro e o giz.

Percebemos, então, que a prática pedagógica do educador diante do


ciberespaço deve ser repensada, de maneira que venha a contemplar
situações que incentivem a resolução de problemas, seja ela individual ou
em grupo. Propor problemas que encorajem a apresentação, defesa e, se
necessário, a formulação do ponto de vista sobre o que está sendo
aprendido também é relevante.

Fazer com que a educação ande em conjunto com a realidade do mundo,


imersa no ciberespaço, com formulação de problemas voltados para o
desenvolvimento de competências, contribuirá na formação do cidadão
consolidado em uma nova cultura. É isso mesmo... estamos vivenciando,
por meio das TICs, a cibercultura.

Conheceremos no próximo texto a conceituação e a sua implicação na


educação. Vamos nessa!

3. Cibercultura

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É preciso primeiro entendermos o que é cultura. A sua conceituação é
complexa por abranger definições bastante diversificadas. Temos os
termos “a cultura de nossa escola”, “a cultura ocidental”, “a cultura
religiosa” como exemplos de haver o uso dela voltado para referências
que não sejam necessariamente envolvidas umas nas outras.

Na antropologia, entende-se que cultura é tudo aquilo que inclui


manifestações de conhecimento expressas nas áreas das artes, leis,
morais e até mesmo das crenças religiosas que propiciam o desenvolver
de hábitos e costumes adquiridos pelos indivíduos que são membros de
uma sociedade.

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Para a Roma Antiga, cultura está muito ligado à agricultura, no
entendimento que se deve tratar e cultivar, de uma maneira que acabe
levando o ser humano a cultivar o conhecimento.

Pode-se ainda, definir cultura como manifestações e atividades


específicas de artistas ou técnicas da humanidade. As definições do
termo são tantas quantos os estudiosos que buscam compreender e
defini-la. No entanto, em nossos estudos não queremos definir cultura
em sua exatidão. Queremos, na verdade, pensar cultura como um agente
transformador do comportamento, da compreensão e da corporalidade
do indivíduo.

O homem passa a adquirir hábitos dos modelos que são apresentados no


contexto em que ele está inserido. Isso explica, de certo modo, as
diferentes formas de pensar e agir, as quais refletem atitudes diversi-
ficadas diante de um fenômeno.

Com o ciberespaço, surge a premissa da conexão entre os indivíduos e


não apenas entre as máquinas. E desse novo espaço, nasce um conjunto
de práticas culturais, modos de se viver e expressar a cibercultura.

Para nos ajudar a entender o que é cibercultura, trazemos a fala de Lévy, que
define como o “conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de
atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem
juntamente com o crescimento do ciberespaço” (LÉVY, 2010b, p. 17). É
possível, então, afirmar que o uso das tecnologias com o auxílio da internet
faz surgir essa nova cultura, conhecida como cibercultura, ou cultura digital.
Tecnologias da Informação e da Comunicação na Educação Básica

A Sociedade na Cibercultura. Fonte: freepik.com

Edméa Santos (2011, p. 5), pesquisadora do assunto, conceitua cibercultura


“como a cultura contemporânea estrutura pelo uso das tecnologias digitais em
20
rede”, ou seja, conectadas pela internet. Em sua entrevista para o programa
“Salto para o Futuro”, afirma que as tecnologias estão na base da sociedade. Isso
quer dizer, então, que a cibercultura é um agente transformador de atitudes e
de comportamentos em uma relação com o sujeito.

A TV Escola, com o programa “Salto para Futuro”,


promoveu uma série de entrevistas com a temática
“Cibercultura: O que muda na educação”. O vídeo
mostra, com detalhes, a entrevista da professora
Edméa Santos, nos minutos de 36:27 a 40:12, a qual
menciona o que contribuiu para que todos nós
estejamos inseridos na cibercultura. Assista a ele!
Link do vídeo: https://youtu.be/AoR8Bfo4pG4
Vejamos um exemplo: antigamente, ao se pensar em cozinhar um novo
prato, buscava-se o conhecimento dos ingredientes e dos procedimentos,
em como prepará-lo, nos cadernos de receitas ou nos manuais de
culinárias. Com o ciberespaço, o modelo agora é diferente! Buscam-se as
receitas nos vídeos do YouTube, que não só descrevem os ingredientes,
mas também explicam o procedimento de prepará-los por meio do
recurso audiovisual.

Uma senhora, de mais de setenta anos, mesmo sendo uma


semianalfabeta, adquiriu a cultura de buscar suas receitas no YouTube.
Como isso pode acontecer? Com a ponta dos seus dedos, ela toca a tela
touchscreen do seu smartphone ao ver a imagem de um bolo, por
exemplo. Logo, ela ouve a voz do apresentador, explicando a quantidade
dos ingredientes e visualiza o modo de preparo da receita.

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Disponível em: https://www.pexels.com/pt-br/foto/ao-ar-livre-aparelho-aplicativo-app-1440727/

Muitas das vezes, absorvemos as informações pelo sentido da visão. Os


olhos em contato com o mundo exterior permitem que venhamos
assimilar novas informações.
21
No próprio exemplo mencionado anteriormente, podemos constatar que
a senhora, mesmo com dificuldade em ler e escrever, ao visualizar a
figura de um bolo, logo fez referência à receita desejada. Por isso, Ligia e
Aguiar (2016) chamam a cibercultura como “mídia do cidadão”, que é
aquela em que todos são:

estimulados a produzir, distribuir e reconstruir conteúdos através dos


blogs, podcasts, obras artísticas e softwares livres, potencializando o
compartilhamento, a distribuição, a cooperação e a apropriação dos
bens simbólicos (LIGIA; AGUIAR, 2016, p. 27).

Os estímulos que as tecnologias proporcionam despertam o interesse e a


curiosidade do indivíduo. E se esse indivíduo está inserido em uma
sociedade contemporânea permeada pela cibercultura. Como fica o
papel na educação frente a essa realidade?

As tecnologias proporcionam a autoaprendizagem, a interatividade


(comunicação baseada na colaboração) e a troca de informações, mas
não garante o sucesso do aprendizado. Cabe ao educador ser o
estimulador, como mediador do conhecimento a ser construído, para que
o aprendizado ocorra na cibercultura.

Quando se trata das TICs na educação, podemos encontrar sujeitos que


ressaltam um comportamento tecnofóbico, isto é, uma atitude
caracteriza da pelo medo e recusa frente à tecnologia.

Os tecnofóbicos acreditam que a familiarização com os novos avanços é


ruim e que algo desagradável pode acontecer, não reconhecem a
Tecnologias da Informação e da Comunicação na Educação Básica

necessidade dessas novas tecnologias e ainda acreditam que esse é um


processo simplesmente de escravização do homem (FREIRE; BATISTA,
2014, p. 43).

Por esses, os recursos digitais são compreendidos como instrumentos


que geram um ensino repetitivo e artificial, sem falar da dispersão que se
sobrepõe ao ensinamento.

Essa rejeição, muitas vezes, dá-se pela falta de familiaridade com as


tecnologias, sobre a forma de como utilizá-las para adquirir praticidade no
processo de ensino e, consequentemente, do aprendizado.

Um outro fato que colabora é a falta de infraestrutura da própria


instituição de ensino. Sem internet ou até mesmo sem computador,
lousas interativas, entre outros, comungados pela falta de possibilidades
de capacitação continuada por parte da instituição, o professor se vê
imerso em métodos tradicionais de ensino.

Método esse que coloca o professor como a figura central no processo de


ensino. Configura-se como o transmissor do conhecimento, com um
relacionamento altamente autoritário que exige atitude passiva dos
22
estudantes, sem qualquer comunicação entre eles durante a aula.

Os indivíduos possuem necessidades de novas demandas de


aprendizagem diante da velocidade que a informação chega ao ser
humano, sobretudo na cibercultura. Por isso, o educador não deve ser
aquele que apenas repassa o conhecimento que possui.

É imprescindível que ele tenha uma postura que estimule a comunicação e o


diálogo, de maneira a incentivar a troca e a participação entre os estudantes.

Isso requer uma modificação na organização escolar e no currículo no


próprio espaço de sala de aula, além de requerer competências
pedagógicas, relacionada ao saber fazer e ensinar, já que as tecnologias
oferecem inúmeras possibilidades educativas.
É possível vislumbrar crianças com seus smartphones criando seus
próprios canais no YouTube. Pode-se constatar inúmeros vídeos com elas
ensinando a fazer slime, a nova moda de massa de modelar, que se
tornou a brincadeira preferida da garotada.

Jovens e outros são youtubers! Aqueles que produzem e publicam vídeos


de diversos assuntos no Youtube, os quais passam a ter seguidores,
inclusive jovens que estão na educação básica. Como, então, trazer essa
realidade cultural para dentro da sala de aula?

A produção de vídeos é uma possibilidade educativa. Um pesquisador


enfatiza que o uso desse recurso tecnológico “aproxima a sala de aula do
cotidiano, das linguagens de aprendizagem e comunicação da sociedade
urbana, mas também introduz novas questões no processo
educacional” (MORÁN, 1995, p. 27).

Na educação básica, específica na aula de matemática, educadores


aderiram à produção de vídeos. Nas aulas de matemática? Isso mesmo!
Os estudantes se tornaram os protagonistas dessa produção, com
atividades que englobam todas as etapas dela, desde a concepção da
ideia até a edição das gravações dos vídeos.

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Cada uma dessas etapas pode ser conferida no
artigo “Etapas da Produção de Vídeos por Alunos da
Educação Básica: uma experiência na aula de
matemática”. Fique atento aos modelos de roteiro, os
quais podem ser uma inspiração em sua prática
pedagógica, e aos programas que podem ser
aderidos por você. Fica a dica!
Link do artigo: apas-da-producao-de-videos-por-
alunos-da-educacao-basica-uma-experiencia-na-
aula-de-matematica/

23
Logo, podemos dizer que vivemos na cultura digital. Somos cidadãos
inseridos no mundo contemporâneo permeado pelas tecnologias.

Buscar formas de apropriação delas, da melhor maneira possível, para a


educação é um dever nosso como cidadão, daquele cuja função é educar.
Cabe ao educador a postura de explorar novas possibilidades e os limites
das tecnologias para a educação.

A educadora Martha Gabriel, a única brasileira na lista do programa Best


Online Universities, de 2012, que aponta os 100 professores mais experts
em tecnologia do mundo, enfatiza que “as novas tecnologias tanto
podem auxiliar como atrapalhar nos processos educacionais. A sua mera
presença em si não é uma vantagem, mas o seu uso apropriado o
é” (GABRIEL, 2013, p. 12).
Para ela, a criatividade não pode faltar na prática pedagógica. Defende
que deveria ser uns dos elementos essenciais a serem incentivados, além
do desenvolvimento das habilidades técnicas e racionais.

Expõe ainda que, quanto mais conexão e comunicação haja entres os


indivíduos, mais criatividade se desenvolverá, que contribuirá
significativamente para a educação. Para que isso aconteça, a escola
precisa fomentar um ambiente que favoreça a conexão entre os pares,
com formação e expertises distintas, de modo que possam colaborar
conjuntamente.

Como um dos objetivos da educação é preparar o sujeito e torná-lo


inserido na sociedade, é preciso pensar em práticas culturais
desenvolvidas na cibercultura. Convidamos, então, a conhecer, no
próximo texto, as tecnologias adotadas na educação.
Tecnologias da Informação e da Comunicação na Educação Básica

Vamos nessa?

4. Tecnologias na Educação

O mundo, a partir da Cultura Digital, tem vivido transformações que


afetam às práticas sociais e pedagógicas. Aplicativos, redes sociais, vídeos,
fotos, entre outros têm levado o ser humano a mudanças no modo de
comportamento, estilo de vida, desenvolvimento de novas habilidades e
competências.

A escola como uma instituição fundamental na socialização e formação


do ser humano não pode deixar de contemplar as tecnologias em suas
salas de aula. As tecnologias fazem parte do nosso cotidiano e
transformaram a maneira como lidamos, por exemplo, como comércio,
serviços, entretenimento e a relacionamento interpessoal. O que a escola
tem proporcionado a esse novo perfil de estudante?

Na educação, é possível utilizar recursos tecnológicos que dinamizem o


processo de aprendizagem. Esses recursos tornam-se instrumentos
essenciais para despertar a curiosidade dos estudantes, de maneira que
24
venha melhorar o desempenho deles e, consequentemente, a qualidade
da educação.

Do quadro de giz aos recursos digitais ligados à internet, sejam


computadores, laptops, ipads, smartphnones, lousas interativas, entre
outros, quando utilizados adequadamente auxiliam o docente no
processo educacional.

O quadro de giz é um dos recursos mais utilizados até hoje. Embora seja
considerado uma tecnologia educativa antiga, já teve os seus momentos
de louvor, por falta, na época, de recursos didáticos de visualização de
conteúdo:
Os professores agora tinham um recurso visual versátil, que era tanto
livro (quando preenchido) quanto uma página em branco, ou melhor,
em preto. E, o mais importante, tinham um ponto de foco, que atraia e
mantinha a atenção dos alunos. O quadro negro, como passou a ser
chamado, ilustra e é ilustrado. Os alunos não somente ouviam o
professor, mas também viam o que ele falava (DOMINGUES, 2015,
online).

É barato, de fácil uso e cumpre bem a sua função, mesmo com o


incômodo do docente dar as costas para os estudantes quando está
escrevendo suas anotações. No entanto, no dias atuais, utilizar o quadro
de giz para preenchê-lo inteiramente com textos, que os estudantes
devem copiar está longe de ser o melhor método de uso.

De modo adequado, serve para “esquematizações e representações do


conteúdo ensinado, facilitando ao professor mostrar relações e
sequências, destacar características, identificar semelhanças e
diferenças, reforçar conceitos ou fórmulas” (DOMINGUES, 2015, online,
grifo nosso).

Na educação infantil, especificadamente no pré-escolar, e no primeiro


ano do ensino fundamental, muito é utilizado para o ensino das primeiras
lições de leitura e escrita. O alfabeto é conhecido pelos estudantes por ele

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e também a forma de como desenhar as letras.

Como uma nova tecnologia, substituindo o quadro de giz, temos o quadro


branco, que com sua caneta específica e uma marcação quadriculada
facilitam a vida do professor ao desenhar as letras no formato bastão, até
mesmo as letras cursivas.

Sem a necessidade de preencher informações no quadro para ministrar a


aula, promovendo uma solução ao docente, surge o retroprojetor.

Com uma lâmpada potente dentro de uma caixa, projetava as imagens


contidas em uma folha chamada transparência. A sua lente dava foco
para espelhar na parede ou tela o que se estava impresso na folha.
25
Ao contrário da postura de uso de quadro de giz, o professor com o
retroprojetor, volta-se para os estudantes. O seu uso é muito indicado
para apresentação ou discussões de textos mais extensos.

Devido ao incômodo de ter que ficar imprimindo transparências e pelas


dificuldades de aplicar correções ou até mesmo de acrescentar
informações necessárias nelas, apresenta-se o projetor de slides multimídia,
também conhecido como datashow. Com o cabo que interliga o datashow
ao computador, pode-se fazer apresentações aos alunos de vídeos,
imagens, simulações, aulas, palestras, animações didáticas, entre outras.

O professor, com o datashow, busca otimizar a duração da aula,


possibilitando mais tempo para o desenvolver do conteúdo que está
sendo estudado. Ao invés de procurar recortes em revistas e encartes, o
educador consegue planejar uma aula com uma imagem retirada da
internet. Assim, os alunos podem observá-la e como atividade, desenhá-la
em um papel com lápis coloridos. Isso ajudará no desenvolvimento da
coordenação motora fina.

Em uma sala de aula, o cuidado que se deve ter com o datashow é o


apagar das luzes. As luzes apagadas por muito tempo levarão os
estudantes à monotonia e, consequentemente, provocarão sono ou
desinteresse por parte dos alunos. O ideal é que nem todas as luzes da
sala sejam apagadas.

Com o objetivo de tornar a tela em um recurso interativo, sensível ao


toque, encontramos as lousas digitais. Por meio de softwares
(programas) e com a conexão à internet, possibilita movimentos e
Tecnologias da Informação e da Comunicação na Educação Básica

interação na própria tela, promovendo aulas interativas que estimulem o


aprendizado e ampliem os recursos didáticos (jogos, entrevistas,
animações, etc.) que vão auxiliar o trabalho dos educadores junto aos seus
estudantes.

Nas lousas digitais, é possível fazer anotações e desenhar nas mais cores
diversificadas, com o objetivo de realçar a explicação do professor em um
determinado conteúdo da própria página da internet ou até mesmo de
um vídeo pausado.

Pode ser explorado, por exemplo, na aula de geografia, os mapas. Com a


ferramenta Google Maps, que está disponível na internet, o educador para
tratar de assuntos sobre o globo terrestre, as divisões entre os continentes
e até as imagens satélites das regiões desejadas.

Em uma aula de ciência, os estudantes podem identificar as


características e as diferenças entre os animais terrestres, aquáticos e
voadores. Com a atividade de agrupar os animais nas suas devidas
classificações, os estudantes podem reunir-se na lousa para fazer o
agrupamento na própria tela. E com a internet, o professor pode explorar
imagens ou pequenos vídeos de habitat desses animais.
26
Com o recurso de 3D é possível também aprender acerca do corpo
humano na aula de ciência. Possibilita, assim, os estudantes de verem as
características e todas as partes da estrutura do corpo humano de uma
forma interativa.

Todas as anotações, os desenhos produzidos e as edições que ocorrem na


aula podem ser gravados e salvos, por meio do próprio recurso da lousa
digital. Isso fornece a possibilidade de utilizar a mesma aula em uma
outra oportunidade ou até mesmo de ser encaminhada aos alunos, para
poderem revê-la em casa.
Que tal conhecer alguns dos recursos da lousa
digital? No vídeo, o analista de tecnologias
educacionais de uma companhia demonstra três
dicas bem legais do uso desse recurso didático
interativo. Confira cada uma delas!
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?
v=pZmu1BlUMi8

Atualmente, crianças possuem em suas próprias mãos recursos


tecnológicos como smartphone e tablet para entretenimento. Algumas
escolas estão aproveitando essa realidade e inserindo-a no contexto
escolar, aderindo os tablet sem suas salas, para promover aulas mais
próxima da realidade desses indivíduos.

O tablet é um recurso que pode estimular a criatividade, a atividade


lúdica e interação dos conteúdos com o sujeito, por meio de aplicativos
educacionais. Com uma mediação pedagógica adequada, torna-se um
excelente instrumento para auxiliar o processo de ensino e da
aprendizagem.

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O seu uso não deve ser restrito a jogos sem finalidade pedagógica ou
simplesmente para informar que você dispõe de recursos tecnológicos
em suas aulas quando questionado:

As tecnologias trazem muitas possibilidades, mas, sem ações de


formação sólidas, constantes e significativas, boa parte dos professores
tende, após a empolgação inicial, a um uso mais básico, conservador -
repositório de informações, publicação de materiais - enquanto os alunos
podem seguir utilizando-as para inúmeras formas e redes de
entretenimento, como jogos, vídeos e conversa online (MORAN, 2012, p.1).

Obter resultados positivos com tablet envolve planejamento adequado


com propósito claro para o seu uso. Saber identificar as necessidades é 27
essencial para adequá-lo a melhorar as práticas de ensino.

Vejamos um exemplo de aplicação do tablet na educação infantil. Com


um planejamento voltado para o ensino da matemática, no saber contar,
na escrita numérica e na operação matemática, o educador utiliza jogos
educacionais gratuitos disponíveis em tablet para estimular o interesse e
atenção das crianças de forma lúdica.

Utilizar o jogo na Educação Infantil significa transportar para o campo


de ensino-aprendizagem condições para maximizar a construção do
conhecimento, introduzindo as propriedades do lúdico, do prazer, da
capacidade de iniciação e ação ativa e motivadora (RCNEI, 1998, p. 37).
Os jogos, no ensino da matemática, proporcionam a sensação de prazer e
bem-estar, devolvem o gosto pelos números, deixando a criança livre para
se expressar, não tendo medo de errar e expor as suas opiniões.

Confira uma reportagem sobre o uso do tablet em


escolas públicas. A professora desenvolve a aula com
a temática “mosquito da dengue”. Nela, é enfatizado
o desenvolvimento da linguagem da escrita e as
formas de se proteger. Com desenhos e jogos, a
criançada não só aprende como também desenvolve
sua autonomia no aprendizado e no cuidado consigo
e com o próximo. Assista!
Tecnologias da Informação e da Comunicação na Educação Básica

Link do vídeo: https://globoplay.globo.com/v/7113431/

Um dos cuidados no uso do tablet é o risco de distração por parte dos


estudante durante as aulas. Alternativas como criar uma cultura de uso
adequado promove a diminuição do problema.

Outra possibilidade é instituir sistema de recompensa para os estudantes


que realizarem o uso adequado do tablet. Elencar atividades que
proporcionem engajamento na construção do conhecimento também
ajudará a resolver essa questão.

Com o objetivo de promover a inclusão digital, escolas passaram a adotar


laboratório de informática ou até mesmo computadores em sala de
aula. Sua intenção é levar os estudantes ao acesso à informática de
maneira mais democrática, para prepará-los a viver em uma sociedade
digital, a cibercultura.

Programas do Governo Federal foram desenvolvidos com a intenção de


promover a imersão dos estudantes e educadores na cultura digital. Com
o projeto inicial “Um computador por aluno”, conhecido como UCA,
propôs a distribuição de um computador para cada estudante. Para os
28
educadores, temos o “Projeto Computador Portátil para o Professor”
também inserido como políticas de governo voltadas aos processos de
inclusão digital e de alcançar novas práticas pedagógicas ao
enriquecimento do processo de aprendizagem.

Com o uso de notebook, estudantes e educadores possuem um


instrumento para romper com as limitações de tempo e espaço fixadas
em escolas tradicionais. Por meio da portabilidade, o notebook pode ser
usado dentro ou fora da sala de aula, tanto no horário formal da escola
quanto em outros momentos do dia a dia fora das atividades
educacionais.

Com o auxílio de softwares educacionais, essas escolas, no uso de


notebooks, buscam promover atividades que desenvolvam o raciocínio e
simulação de situações problemas a serem solucionados. Papert (1994),
um dos maiores defensores do uso do computador no ensinar, enfatiza
que o desenvolvimento cognitivo é mais eficazmente alcançado com o
computador, o que acelera a passagem do pensamento infantil para o
pensamento adulto.

Para ele, esta tecnologia transforma-se numa poderosa ferramenta para ajudar
a pensar com inteligência e emoção, sendo, pois, revolucionária. Entende-se,
assim, que o computador potencializa o aprendizado, e cognitivamente,
desenvolve uma série de atividades importantes no ser humano.

Uma forma simples, mas, ao mesmo tempo interessante de atuar com


crianças, aquelas que ainda não estão alfabetizadas, é promover
atividades em que elas possam digitar as letras ou até mesmo os seus
nomes. Com programas que permitem também o desenhar e colorir, elas
serão motivadas nessa tarefa, fazendo com que o desenvolvimento dessa
atividade seja prazeroso.

Em uma turma do 5º ano do Ensino Fundamental, houve a proposta da


utilização do “Game da Reforma Ortográfica”, como um software gratuito
na internet. Em um tabuleiro do mundo de átomos, o estudante escolhe
uma das cinquentas questões e para cada acerto, move a casa à frente
com sua peça. O recurso permite que o aluno teste suas habilidades nas

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novas regras ortográficas, com ênfase no uso do acento e hífen.

As atividades lúdicas, com o auxílio do computador, favorecem a


criatividade e a aprendizagem. Programas como “Paint” e “Super Artista
Mágico” dão possibilidade de se trabalhar atividade lúdica com os
estudantes da educação infantil. Com momentos de desenhar e de
aprender de forma divertida, por meio da paleta de cores, pode-se pedir à
criançada que faça um desenho do planeta terra como complemento da
aula sobre “Os Cuidados com o Planeta Terra”.

Percebe-se que muitas são as possibilidades do uso das tecnologias na


educação. Não queremos aqui reduzir e nem muito menos abordar todas
elas. Cabe ao educador permitir-se vivenciar cada uma dessas
29
possibilidades e avaliá-las como recursos de apoio aos processos de
ensino e aprendizagem.

Portanto, convido você, futuro docente, a pesquisar e buscar métodos de


inserir as tecnologias em suas práticas educacionais. Enquanto um
agente essencial da transformação social, é preciso que seja capaz de
compreender as funções das tecnologias e aplicá-las com ações
pedagógicas eficientes.

Síntese

Com o estudo apresentado, evidenciamos que as tecnologias


acompanham a evolução da humanidade desde os primórdios, de forma
a facilitar e enriquecer a vida do ser humano.
Diante do exposto, a conexão entre indivíduos e máquinas, surge como,
novos espaços de transição de negócios, informações, conhecimentos,
entre outros. A esse espaço denominou-se ciberespaço, do qual emana
uma nova cultura de abrangência mundial, a cibercultura.

As TICs, na contemporaneidade, estão inseridas em todos os processos de


comunicação do homem e também da inteligência dele. Quanto mais
capacitado em sua inteligência, mais o indivíduo necessita de apoio
tecnológico.

Esse apoio, de um modo geral, pode ser percebido por meio das
potencialidades que as tecnologias proporcionam, quando bem
aproveitadas pelo educador em sala de aula. É preciso, portanto, interligar
as tecnologias nas práticas educativas a serem exerciadas como
cibercultura, pois um dos objetivos da educação é preparar o sujeito e
Tecnologias da Informação e da Comunicação na Educação Básica

torná-lo inserido na sociedade contemporânea.

Isso requer uma postura diferenciada das escolas e, consequentemente,


dos professores. Será essencial identificar o papel que as TICs podem
desempenhar no processo de desenvolvimento educacional, a fim de
utilizá-las para acelerar o processo em direção a educação para todos com
qualidade.

Assim, conhecer novas metodologias, concepções e situações de


aprendizagem, com o intuito de aprimorar cada vez mais os processos de
ensino e aprendizagem, será um diferencial rumo à democratização do
ensino e à superação da exclusão de indivíduos no ciberespaço.

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