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TECNOLOGIA ASSISTIDA NA REABILITAÇÃO

NEUROLÓGICA

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 3
2. O QUE É TECNOLOGIA ASSISTIDA - TA ........................................................... 4
3. AUXÍLIO PARA AS ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA ............................................. 9
4. DESAFIOS NA REABILITAÇÃO DE PACIENTES COM EQUIPAMENTOS DE
TECNOLOGIA ASSISTIVA ....................................................................................... 12
5. QUAL A MELHOR FORMA DE ADAPTAR UMA PRÓTESE? ............................ 14
6. FISIOTERAPIA: O QUE É? QUANDO SURGIU? ............................................... 17
7. TECNOLOGIA ASSISTIVA NA REABILITAÇÃO NEUROLÓGICA..................... 18
8. UMA COMBINAÇÃO PODEROSA ..................................................................... 20
9. COMO A TECNOLOGIA ASSISTIVA AJUDA AS PESSOAS COM ESCLEROSE
MÚLTIPLA ................................................................................................................. 22
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 28
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 29

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários,


em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo
serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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1. INTRODUÇÃO

A aquisição de uma deficiência em qualquer etapa da vida de um indivíduo é


uma condição que pode impactar seu cotidiano no que se refere às estruturas e
funções do corpo, à realização de atividades e à participação social, conforme
preconiza a Classificação Internacional de Funcionalidade1.
Com o intuito de diminuir este impacto, o desenvolvimento tecnológico tem
influenciado o campo da reabilitação e observa-se um crescente investimento na
produção de recursos que passaram a compor o rol de ações terapêuticas destinadas
a atender às necessidades das pessoas com deficiência que, no censo 2010,
representavam cerca de 10% da população brasileira2.
No Brasil, estes recursos têm sido denominados de “Tecnologia Assistia” (TA),
tanto no meio acadêmico como nas organizações de pessoas com deficiência e no
mercado de produtos.
Esta terminologia foi oficializada pelo Comitê de Ajudas Técnicas da
Subsecretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência e é
considerada como uma área interdisciplinar do conhecimento, que engloba produtos,
recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços para promover a
funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência,
incapacidades ou mobilidade reduzida, para lhes proporcionar autonomia,
independência, qualidade de vida e inclusão social3.

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2. O QUE É TECNOLOGIA ASSISTIDA - TA

"Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica


interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e
serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e
participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida,
visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social".
A TA é um fator ambiental e inclui produtos e tecnologias para uso pessoal na
vida diária, facilitação da mobilidade e transporte pessoal, comunicação, educação,
trabalho, cultura, atividades recreativas e desportivas, prática religiosa e
espiritualidade e arquitetura.
É também reconhecida como elemento chave para a promoção dos direitos das
pessoas com deficiência, garantido desde a promulgação do Decreto nos 3.298 de
1999 que conceitua e lista as “ajudas técnicas” previstas para concessão.
No âmbito dos serviços de saúde, na prática clínica e assistencial realizada
com crianças com deficiência, a implementação de TA é fundamental para apoiar as
diferentes etapas do seu desenvolvimento neuropsicomotor, oferecer condições para
sua participação social e auxiliar as famílias nas ações de cuidado.
Takatori, considera a TA como recurso para ajudar essas crianças a conquistar
independência e autonomia nas atividades cotidianas e Pelosi6 destaca sua
importância como apoio ao processo de inclusão escolar dos alunos com deficiência.
No entanto, uma das questões a ser discutida neste processo refere-se à possibilidade
de acesso desta parcela da população aos recursos produzidos pela comunidade
científica e ofertados no mercado de produtos.
No Brasil, muitos recursos desenvolvidos nas universidades não são
incorporados ao mercado, a variedade de produtos fabricados no país é pequena e
grande parte dos dispositivos importados não dispõe de isenção tributária, elevando
significativamente o custo da TA disponível no mercado. Souza e Carneiro , quando
discutem a relação entre deficiência e pobreza, apontam para uma maior
concentração de pessoas com deficiência em famílias de baixa renda, que acessam
de forma restrita a bens e serviços que poderiam favorecer suas condições de
sobrevivência e bem-estar.

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Demonstram que a presença de pessoas com deficiência interfere
negativamente na renda familiar, já que suas famílias precisam assumir o ônus
relacionado aos cuidados que demandam. Outra pesquisa publicada por Cavalcante
e Minayo8 apresentou as principais dificuldades referidas por famílias de crianças com
deficiência, entre elas a falta de condições materiais para lhes oferecer conforto e
assistência.
Diante deste cenário, é importante considerar que, para muitas famílias, o
acesso à TA restringe-se aos recursos disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS),
que constam da lista de concessão de órteses e próteses9 e com somente alguns
modelos básicos de equipamentos para locomoção e de dispositivos para deficiência
visual e auditiva.
Outra questão refere-se à necessidade de reformulação das práticas, pois a
indicação de TA seguindo uma racionalidade puramente tecnológica, como discute
Campos10, pode partir do princípio de que a tecnologia é adequada a priori e não
considerar os contextos singulares do usuário, o que não garante a integração dos
recursos na vida cotidiana das crianças e seus familiares.
Nesta perspectiva, ressalta-se a importância de se compreender que a
indicação e a utilização de TA é um processo multidimensional, conforme define
Castiglioni11. Para a autora, a escolha, por exemplo, de uma cadeira de rodas, deve
basearse nas especificações do produto, em função das necessidades posturais e
funcionais da criança, delimitando uma dimensão mecânico-instrumental.
Mas, além disso, precisa levar em conta os contextos político, social, cultural e
econômico, de maneira a garantir que a criança tenha acesso ao recurso, o que
caracteriza uma dimensão ético-política.
E também é necessário consi- 1775Ciência & Saúde Coletiva, 18(6):1773-
1784, 2013 derar as expectativas e as representações subjetivas envolvidas na
relação da criança e seus familiares com este recurso, o que caracteriza uma
dimensão afetivo-subjetiva de seu uso.
Com base nestas considerações, faz-se necessário o desenvolvimento de
pesquisas que justifiquem a importância da TA e caracterizem o seu uso na vida
cotidiana das pessoas com deficiência, para reforçar a argumentação sobre a
efetivação de seus direitos e fornecer diretrizes para a estruturação de políticas
públicas também no âmbito da concessão de equipamentos.

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Este estudo pretendeu colaborar com esta discussão elegendo a vida cotidiana
como unidade de análise, a partir da concepção que a toma como instância na qual,
ao mesmo tempo em que se reproduzem as relações macrossociais, produzem-se
inovações, resistências à dominação, transformações significativas para o indivíduo e
para a sociedade, tal como afirma Heller. Neste sentido, esta concepção se opõe às
ideias do senso comum que enfatizam somente o aspecto banal, corriqueiro, repetitivo
e privado da vida cotidiana.
A vida cotidiana pode ser analisada considerando as atividades que nela se
instituem, como por exemplo, as Atividades da Vida Diária (AVD), tão enfatizadas no
ambiente idealizado de reabilitação, e definidas pela American Ocupacional Therapy
Association como uma área do desempenho ocupacional, composta pelas
atividades de autocuidado, como banho, alimentação, vestuário, entre outras.
Mas além destas atividades, a análise também precisa incluir as complexas
relações que envolvem o meio, a pessoa e sua participação, com informações que
podem subsidiar abordagens inovadoras, como destacou Law.
Esta autora lembra que a participação nas atividades cotidianas é uma parte
vital do desenvolvimento humano, e que através dela adquirimos competências, nos
conectamos com outros e com nossas comunidades e atribuímos propósitos e
significados à vida.
A espontaneidade é a tendência de que as ações que compõem a vida
cotidiana sejam realizadas de modo dissociado da reflexão sobre seu conteúdo de
verdade material ou formal; o pragmatismo pode ser demonstrado no fato de que a
ação cotidiana não se eleva ao plano da teoria e que o pensamento tem como foco a
concretização da atividade; o economicismo refere-se ao fato de que, na vida
cotidiana, toda categoria de ação e pensamento só é mantida enquanto é
imprescindível para a continuação da atividade.
Essas características, ao lado de outras discutidas pela autora, são
estruturantes da vida cotidiana e evidenciam uma unidade imediata entre o
pensamento e a ação, sem a qual não haveria tempo suficiente para que a vida
cotidiana fluísse em sua regularidade.
Tendo em vista, ainda, que a vida cotidiana reflete o homem enquanto ente
individual e humano-genérico – uma singularidade e uma parte orgânica da
humanidade, simultaneamente – considera-se importante reconhecer que, embora a

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criança compartilhe uma cotidianidade forjada e orientada socialmente, sua motivação
e necessidades são particulares, referidas ao “eu”.
Cada criança, portanto, e também seus familiares, experimentam barreiras e
possibilidades singulares de ação, ligadas às objetivações inerentes à vida cotidiana
e às subjetivações relacionadas à existência de uma deficiência, de modo que a
utilização da TA pode ser vivenciada como fator que amplia ou limita sua participação
nas atividades.
A vida cotidiana de crianças com deficiência, é constituída pelas diferentes
atividades que realizam, em função do tempo, dos espaços em que circulam e das
relações que estabelecem, investigando como, onde e por que a TA é, ou não,
utilizada e levantando elementos que possam contribuir para a construção de práticas
assistenciais.
Sabe-se o quanto a tetraplegia secundária à lesão medular compromete a
qualidade de vida dos indivíduos afetados, tanto por sua instalação súbita quanto pela
grave redução das habilidades pessoais.
A perda de funcionalidade motora gera vulnerabilidades específicas, afetando
a percepção de corporeidade, independência física e autonomia das pessoas, além
de provocar privação social, cultural, psicológica e física.
Nestas circunstâncias, o cumprimento dos direitos fundamentais dessas
pessoas implica necessariamente proporcionar condições que minimizem
vulnerabilidades específicas e garantam qualidade de vida aceitável. Obviamente, seu
bem-estar não será o mesmo de antes da lesão, mas é possível restituir a satisfação
de viver, autoestima, privacidade, ampliar alternativas e reinseri-las na vida social.
O indivíduo tetraplégico necessita de cuidados que enfatizem as relações
interpessoais durante a assistência, com abordagens mais adequadas para se
prevenir comorbidades e obter melhores resultados na reabilitação. No âmbito
coletivo, ressalta-se a proteção que deve receber do Estado, por meio de políticas
públicas intersetoriais que contemplem.
A grave vulnerabilidade decorrente da lesão medular, exacerbada pela
condição de vulneração social prévia à lesão, delineia grandes desafios éticos no
cuidar, que deve ser orientado por questões como liberdade, intimidade, justiça e bem.
Em virtude da grave síndrome neurológica incapacitante e por afetar
principalmente população jovem e socialmente vulnerável, esse tipo de lesão deve ser
compreendido como problema de saúde pública e fenômeno social que surge a partir

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das condições de vida e não apenas como comprometimento físico causado por
evento indesejável.
A ética do cuidado, interpretada como forma de filosofia moral, originou-se
primariamente de manuscritos feministas. Carol Gilligan , na obra considerada marco
da noção contemporânea de cuidado, propõe conciliar a ética do cuidado e a da
responsabilidade.
Segundo a autora, essa perspectiva caracterizaria a moralidade feminina,
enquanto a ética dos princípios imparciais, dos direitos e da justiça configuraria a
moralidade masculina. Nesse sentido, a autora destaca dois conteúdos morais
indispensáveis às ações de cuidado: a consciência da conexão entre pessoas e o
reconhecimento da responsabilidade de uns pelos outros.
Esses pontos devem orientar conduta cooperativa e comunicativa entre todos
os agentes envolvidos, para que o paciente se torne o principal responsável pelas
ações de cuidado.

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3. AUXÍLIO PARA AS ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA

É necessário para todos os produtos de Tecnologia Assistiva. Dessa forma o


prescritor necessita de uma ampla reflexão na forma de elaborar HOJE a prescrição,
quer seja em caráter privado para compra pelo usuário, ou institucional para
concessão por instituições, ou empresarial para concessão por empresas de vínculo
com o usuário.

FIGURA 3: Neurônio

( FONTE:
https://www.google.com/search?q=0+que+%C3%A9+Tecnologia+Assistida+na+Reabilita%C3%A7%
C3%A3o+Neurol%C3%B3gica&sxsrf=ALeKk00c9wfHZT_JRZb-
i4iysJfb27SSzA:1606435772560&source=lnms )

Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo
de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com
diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade, em
igualdade de condições com as demais pessoas (Artigo 1 do Decreto n. 6.949, de 25
de agosto de 2009 (BRASIL, 2009a)).
O conceito de deficiência vem se modificando para acompanhar as inovações
na área da saúde e a forma com que a sociedade se relaciona com a parcela da
população que apresenta algum tipo de deficiência.
Dessa forma, a abordagem da deficiência evoluiu do modelo médico – que
considerava somente a patologia física e o sintoma associado que dava origem a uma
incapacidade – para um sistema como a Classificação Internacional de
Funcionalidade, Incapacidade e Saúde - CIF, divulgada pela Organização Mundial da
Saúde - OMS (World Health Organization - WHO) em 2001, que entende a

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incapacidade como um resultado tanto da limitação das funções e estruturas do corpo
quanto da influência de fatores sociais e ambientais sobre essa limitação.
(INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2010, p.71)
Tecnologias assistivas (TA): área do conhecimento, de característica interdisciplinar,
que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que
objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação, de
pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua
autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social (BRASIL, 2009b, p. 13)
O Sistema Único de Saúde, baseado nos princípios e diretrizes que o orientam,
tem a missão de oferecer assistência integral aos usuários através de ações,
programas e acesso às novas tecnologias, em especial as tecnologias assistivas (TA)
em uma perspectiva de prevenção, promoção e redução de agravos à saúde.
Nesse sentido, para qualquer usuário que venha a necessitar da utilização de
alguma TA, é necessário que seja feita também a indicação terapêutica baseada em
critérios seguros de elegibilidade.
Nessa Unidade 1, a utilização de órteses, próteses e meios auxiliares para
ampliação da habilidade e da autonomia das pessoas com deficiência, considerando
a responsabilidade do serviço e do profissional de saúde sera abordada em três
perspectivas cometa. ilhamento especifico.

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FIGURA: CEREBRO COM AQUARELA

( Fonte : https://www.pinterest.pt/pin/428053139576499358/ )

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4. DESAFIOS NA REABILITAÇÃO DE PACIENTES COM
EQUIPAMENTOS DE TECNOLOGIA ASSISTIVA

Muita gente no Brasil (e no mundo, claro) tem intenção de doar uma prótese
impressa para alguém que precisa, mas não faz a menor ideia de como ajudar ou a
quem procurar.
Embora já existam atualmente programas de alcance mundial, como é o caso
do E-nable, também presente no Brasil, dúvidas básicas quanto à impressão da
prótese sempre persistem: qual material usar? como ajustar o tamanho? vai ficar boa
no paciente?
Muitas outras questões cruciais, no entanto, por vezes longe do entendimento de um
leigo no assunto, acabam passando despercebidas. “Um dado importante antes da
prototipação, e que jamais deve ser ignorado, é: quando a criança perde a mão, ela
tinha a percepção do [esquema corporal] dessa mão? Porque se ela não tiver, será
muito mais difícil a adaptação, uma vez que ela nunca soube o que é ter uma mão”,
explica Patrícia Abe, Terapeuta Ocupacional que, junto com a Prof. Maria Elizete
Kunkel, coordena o Programa,
Antes de nos aprofundarmos na questão das próteses e reabilitação, porém, é
preciso entendermos o significado do termo “tecnologia assistiva”.
Em resumo, entende-se por tecnologia assistiva uma área do conhecimento de
característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias,
estratégias, práticas e serviços que têm por objetivo promover a atividade e autonomia
de pessoas portadoras de algum tipo de deficiência.
Essa é a definição oficial dada em 2004 pela Secretaria Especial dos Direitos
Humanos do Brasil. “A gente tem, de um lado, a pessoa; de outro, a atividade; sendo
que essa atividade tem uma demanda”.
“A deficiência causa o ‘gap’, enquanto a tecnologia assistiva vem para
preencher esse ‘gap’ e atender a demanda para a pessoa poder fazer a atividade
desejada”, explica Patrícia, que também é Mestre em Educação pela UNESP e
especialista em Neurologia.
Patrícia revela alguns dados interessantes. Ela conta, por exemplo, que já
existem pesquisas apontando que a chamada amputação bimanual (quando envolve
os dois braços) tem melhor protetização do que a amputação unimanual (de um

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braço), o que, para a terapeuta ocupacional, é algo até lógico de se supor: afinal, se
um paciente não possui a mão dominante, ele naturalmente usará a outra.
Mas, e quando é então que a outra mão (com a prótese) entra no contexto?
Simples: quando o paciente precisa pegar coisas grandes, ou ainda quando uma mão
cumpre a função de segurar um objeto, por exemplo, enquanto a outra é capaz de
fazer um movimento giratório para executar uma determinada tarefa. Do contrário,
explica a terapeuta, não fará sentido [sob o ponto de vista do paciente] usar a prótese.
“Se eu tenho uma mão com prótese, e outra mão sem prótese, qual das duas
vou usar para beber água? Sem dúvida é a mão sem a prótese. O paciente não vai
usar a mão com a prótese no dia a dia para beber água, uma vez que já possui a outra
mão para fazer isso”.
De acordo com Patrícia Abe, essa é uma das principais razões pelas quais, na
prática, as pessoas acabam deixando a prótese de lado para apenas buscar adaptar-
se com a mão que restou para executar todas as atividades do dia a dia. E faz uma
observação essencial: “
“Esse é um dado importante que também não pode ser ignorado: precisamos
pensar bem se é ou não interessante encaminhar uma prótese para um paciente”. A
razão para a reflexão da terapeuta é simples: todo o foco do tratamento é centrado na
adequação e conforto do usuário do dispositivo de tecnologia assistiva, e é inevitável
que também existam pacientes que não terão interesse em usar uma prótese no dia
a dia.
Outro dado importante é se a protetização aconteceu logo após a amputação.
Porque, conforme conta a terapeuta, muitas vezes o tempo vai passando e a pessoa
simplesmente aprende a organizar a vida sem pensar em incluir a prótese na rotina
diária.
Por outro lado, se uma criança acabou de passar pela amputação, e o esquema
corporal ainda inclui a mão – ou seja, a criança ainda tem a nítida percepção da mão
que perdeu – então se essa criança ganhar uma prótese, no final das contas a
adaptação dela será muito mais fácil.

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5. QUAL A MELHOR FORMA DE ADAPTAR UMA PRÓTESE?

Da pergunta-chave acima, advém uma secundária, não menos importante: como fazer
para imprimir uma prótese que seja confortável no contato com a pele do paciente?
Como fazer com que uma prótese de plástico se ecaixe de forma agradável e o menos
invasiva possível no corpo da pessoa? Qual o melhor material a ser usado na
impressão para fazer essa adaptação? “Tem coisas que eu não sei a resposta, mas
eu acabo trazendo porque são as minhas questões trabalhando com o grupo [do
Programa Mao3D, da Unifesp] e questões que temos que pensar”, já que não existe
uma fórmula pronta, cada caso é um caso, afirma a terapeuta.
Patrícia Abe fez uma apresentação durante evento “Próteses e órteses produzidas
por manufatura aditiva”, na Unifesp de São José dos Campos, onde detalhou como
as etapas do trabalho de confecção de uma prótese de mão, desde a avaliação inicial
de sensibilidade, até uma prescrição detalhada incluindo fatores cirúrgicos, físicos e
protéticos, treinamento, adaptação e principalmente acompanhamento do paciente,
visando a reabilitação e principalmente o conforto do usuário:
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 15% da população
mundial vive com algum tipo de deficiência.
Ainda, segundo a mesma Organização, estima-se que em países de baixa e
média renda, apenas 1 em cada 10 pessoas que necessitam de dispositivos e
tecnologias assistivas tenham acesso a elas (OMS, 2012).
O termo Tecnologia Assistiva (TA) compreende o arsenal de recursos e
serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de
pessoas com deficiência e, consequentemente, promover maior funcionalidade,
independência e inclusão (BERSCH, 2017).
A TA se diferencia das demais tecnologias pela relação estabelecida em sua
oferta, que deve envolver soluções assistivas voltadas para aspectos de saúde.
As ações de TA têm cinco princípios fundamentais: 1) processo centrado na
pessoa e não no recurso; 2) o resultado deve propiciar a participação em atividades
desejadas; 3) ser baseado em evidências; 4) ser prestado de forma ética; e 5) ser
sustentável (COOK; POLGAR, 2015).
A cadeira de rodas é um dispositivo de TA e um importante recurso de
assistência à mobilidade, sendo o mais comumente utilizado por pessoas que

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possuem restrições de movimento, especialmente relacionados a déficits funcionais
nos membros inferiores.
Segundo a OMS estima-se que 70 milhões de pessoas precisem de uma
cadeira de rodas, mas apenas de 5 a 15% têm acesso a uma.
Dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no
censo de 2010, mostram que mais de 734,4 mil pessoas alegaram não conseguir
caminhar ou subir escadas e mais de 3,6 milhões de brasileiros informaram ter grande
dificuldade de caminhar (CAMPOS, 2017).
O Centro Clínico da Universidade de Caxias do Sul (CECLIN - UCS) é um
serviço de média complexidade, especializado em reabilitação física. Anualmente são
concedidas, via Sistema Único de Saúde (SUS), em média 665 cadeiras de rodas,
incluindo manuais, motorizadas e de banho.
Todavia, o ato de concessão de cadeiras de rodas, por si só, não garante
melhora da funcionalidade e mobilidade de seus usuários.
Isso pode ser evidenciado nos estudos feitos por Medola et al (2014), onde os
autores indicam que, em geral, os usuários deste tipo de recurso experimentam
problemas para se 5 moverem independentemente.
Considerando o exposto, este relato técnico, inspirado em experiências
vivenciadas no Centro Clínico da UCS, contempla elementos inovadores por ser um
dos únicos serviços de média complexidade no Brasil a estar desenvolvendo um
programa deste porte.
Engloba ainda, elementos de aperfeiçoamento e qualificação, no que tange a
integração do serviço com o ensino superior, especialmente com cursos da área das
engenharias.
As habilidades em cadeiras de rodas incluem ações de como usar os freios,
manobrar a cadeira, transferir-se, alcançar objetos, transpor obstáculos, sendo
fundamentais para a segurança do usuário da cadeira (CAMPOS, 2017). Existem
testes de avaliações de habilidades para cadeirantes, como o Wheelchair Stills Test
(WST) e Wheelchair Skills Test-Questionnaire (WST-Q).
Eles podem ser usados para determinar a viabilidade de propulsão da cadeira
de rodas manual, para medir o nível de independência em atividades de vida diária na
cadeira ou para avaliar os efeitos das intervenções (KIRBY, 2015).
O WST é um método de avaliação padronizado que define a execução de um
conjunto de habilidades para determinar o quanto capaz a pessoa está para realizar

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certas atividades com a cadeira de rodas (KIRBY, 2015), podendo ser usado como
um instrumento de diagnóstico, resultado e avaliação.
A maior parte das habilidades propostas pode ser agrupada em subitens, de
acordo com a aplicação das mesmas, como por exemplo: como operar as partes da
cadeira de rodas; compreendendo as dimensões da cadeira de rodas; conseguir
entrar, sair e se reposicionar com cuidado na cadeira de rodas, entre outras.

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6. FISIOTERAPIA: O QUE É? QUANDO SURGIU?

A Fisioterapia é uma ciência que auxilia as pessoas na recuperação física de


funções motoras, órgãos e sistemas do corpo. Além disso, o fisioterapeuta trabalha
no tratamento, na promoção de saúde e na melhoria da qualidade de vida, lidando
diretamente com o movimento humano.
Enquanto profissão, a Fisioterapia surgiu por volta do século XX, depois das
grandes guerras mundiais. Porém, o fazer fisioterapêutico surgiu muito antes disso.
Segundo o Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional do Rio de
Janeiro, essa ciência é tão antiga quanto o homem.
Por exemplo, quando nossos antepassados esfregavam com as mãos locais
onde pessoas indicavam sentir dores, de certa forma, já era fisioterapia.
É claro que, com o tempo, a profissão se aprimorou e, principalmente com a
ajuda da tecnologia, se aperfeiçoou no cuidado e na recuperação para se tornar o que
conhecemos hoje.

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7. TECNOLOGIA ASSISTIVA NA REABILITAÇÃO NEUROLÓGICA

FIGURA: PESOA SE REABILITANDO AO COMPUTOR

Produtos de tecnologia assistiva são equipamentos, serviços, estratégias ou


sistemas de produtos que auxiliam e apoiam pessoas com deficiência no acesso a
atividades cotidianas e a habilidades funcionais. Elas são divididas em duas
categorias: recursos e serviços.
A categoria de recursos diz respeito às ferramentas, aos equipamentos e aos
produtos físicos que auxiliam pessoas com deficiência. Eles são divididos entre
recursos simples e sofisticados.
Por exemplo, uma bengala utilizada por uma pessoa cega, para melhor se
locomover, é uma tecnologia assistiva simples. Já o Teclado Inteligente Multifuncional
Tix, inovação que dá a autonomia na hora de usar computadores para pessoas com
qualquer limitação motora, é um recurso sofisticado.
A segunda categoria, assim como o próprio nome sinaliza, é a prestação de
serviços que auxiliam a pessoa com deficiência no uso, na seleção e nas compras
dos recursos. Podemos considerar, então, que a Fisioterapia é um tipo de serviço em
tecnologia assistiva.
Rodini, C.O. et al. Influência da adequação postural em caderia de rodas na
"Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar,
que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que
objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação de

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pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua
autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social".
(ATA VII - Comitê de Ajudas Técnicas (CAT) - Coordenadoria Nacional para
Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE) - Secretaria Especial dos
Direitos Humanos - Presidência da República).
Tecnologia Assistia
 Auxílios para AVD's;
 Comunicação aumentativa e alternativa;
 Recursos de acessibilidade ao computador;
 Sistema de controle de ambiente;
 Projetos Arquitetônicos para Acessibilidade;
 Órteses e Próteses;
 Adequação Postural;
 Auxílios de mobilidade;
 Auxílios para cegos ou com visão subnormal;
 Auxílios para surdos ou com déficit auditivo;
 Adaptações em veículos.

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8. UMA COMBINAÇÃO PODEROSA

A Fisioterapia está ligada à reabilitação, à adaptação, ao tratamento e à


melhora na qualidade de vida de pessoas com deficiência física.
Seja leve ou severa. A tecnologia assistiva tem ocupado, nesse sentido, um
lugar de novas oportunidades para a área.
O profissional de Fisioterapia pode, inclusive, criar recursos assistivos para
melhor atender um quadro específico de deficiência.
Assim como, com seus conhecimentos dessa área da saúde, o fisioterapeuta
pensa estratégias e métodos para aplicar essas tecnologias no dia a dia da pessoa
com deficiência.
O objetivo é, principalmente, facilitar a rotina e o cotidiano dessas pessoas, ou
até mesmo auxiliar no tratamento e adaptação.
Na Tix, buscamos realizar parcerias com fisioterapeutas para aprimorar nossos
produtos, além de acompanharmos o uso de nossos produtos na prática desses
profissionais.
É importante, ainda, diferenciar os produtos assistivos dos recursos já utilizados
na fisioterapia.
Enquanto as primeiras são voltadas especificamente para o auxílio a pessoas
com deficiência, os últimos são equipamentos e técnicas que são utilizados em
tratamentos no geral.
A tecnologia assistiva na Fisioterapia, serve, então, como um apoio ou um
caminho para se seguir na prática fisioterapêutica para melhorar a qualidade de vida
de pessoas com deficiência.

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FIGURA: CRIANÇA REABILITANTO

(FONTE:
https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fbrasil.estadao.com.br%2Fblogs%2Fvencer-
limites%2Frobos-ajudam-na-reabilitacao-de-pessoas-com-deficiencia-na-rede-municipal-de-sao-
paulo%2F&psig=AOvVaw382IJLXAQxA7ZgiwE8odBb&ust=1606753173508000&source=images&cd=
vfe&ved=0CAIQjRxqFwoTCIi0u8GUqO0CFQAAAAAdAAAAABAD )

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9. COMO A TECNOLOGIA ASSISTIVA AJUDA AS PESSOAS COM
ESCLEROSE MÚLTIPLA

A Esclerose múltipla (EM) é uma doença neurológica crônica e autoimune,


onde as células de defesa atacam o próprio sistema nervoso central, e que provoca
lesões cerebrais e medulares.
Atualmente a causa da EM é desconhecida, mas tem sido foco de muitos
estudos no mundo todo, o que vem possibilitando uma significativa evolução para a
qualidade de vida dos portadores de EM.
Segundo a ABEM (Associação Brasileira de Esclerose Múltipla) estima-se que
no Brasil existam 35 mil brasileiros com Esclerose Múltipla, e mesmo com esse
número bastante significativo poucas pessoas conhecem a doença e cabe a nós
conscientizar as pessoas próximas sobre a existência e mostrar onde podemos buscar
maiores informações.
A própria ABEM tem muitas informações, como possíveis sinais e sintomas,
mas é importante lembrar que apenas um médico pode diagnosticar a doença.
Atualmente, com o avanço da Tecnologia Assistiva somos capazes de ajudar
as pessoas com EM, através de equipamentos de primeira necessidade e minimizar
sintomas fazendo com que o paciente tenha uma excelente qualidade de vida.
Dentre esses equipamentos, gostaria de destacar o Estabilizador Supino da
Rifton, um Estabilizador vertical Importado exclusivamente pela Loh Medical, que foi
projetado para fornecer excelente suporte, máxima estabilidade e segurança ao
usuário.
E porque isso é importante?
Pacientes com EM dependendo do seu comprometimento, podem passar muito
tempo sentado e isso pode causar problemas significativos ao paciente.
E em alguns casos é muito importante o “ficar em pé”, pois a posição ortostática
vai promover o alongamento, o fortalecimento da musculatura e vai atuar na
prevenção de problemas como deformidades ósseas, problemas respiratórios e
problemas intestinais.
Sendo assim, podemos dizer que existem diversas formas onde a tecnologia
assistiva pode ajudar pessoas com EM, porém, é de extrema importância que a família
seja conscientizada que com esses dispositivos de reabilitação o paciente não terá só

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uma melhora fisiológica, mas também uma melhor sensação de bem-estar, pois
estando em pé na mesma altura de outras pessoas da mesma idade, ele terá interação
social e envolvimento nas atividades diárias.
A compreensão de Tecnologia Assistiva circuns-crita no recurso ou
equipamento tecnológico em si, a partir da consideração quanto às estra-tégias
vinculadas à ampliação do acesso e participação de seu sujeito alvo em seus múltiplos
contextos de vida.
No âmbito educacional, a literatura tem indicado que as delimitações acerca do
conceito de Tecnologia Assistiva ainda são imprecisas, permitindo discussões sobre
na nomenclatura entre recursos de tecnologia assistiva e recursos pedagógicos
acessíveis (BORGES; TARTUCI, 2017; SANTOS; MENDES; LOURENÇO, 2018, no
prelo).
Além disso, é essencial que os professores tenham conhecimento acerca da
criança, para assim, proporcionar a elas condições favoráveis de aprendizagem.
No estudo de Gonçalves (2010) as adaptações realizadas no recurso tinham o
intuito de facilitar o manuseio do objeto pelo aluno, ou seja, tornar o manuseio mais
funcional pode-se considerar nesse caso a utilização da Tecnologia Assistiva.
Na legislação brasileira a utilização da Tecnologia Assistiva é garantida em
ambientes de Sala de Recursos Multifuncionais, sendo os equipamentos e recursos
previstos na política do governo federal direcionados ao atendimento educacional
especializado (BRASIL, 2015).
De acordo com a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da
Educação Inclusiva (BRASIL, 2008), o Atendimento Educacional Especializado é um
serviço da educação especial que tem com objetivo atender as necessidades
educacionais dos alunos público alvo da Educação Especial e deve atuar de forma
articulada com o ensino regular.
Vale ressaltar que o Atendimento Educacional Especializado faz uso da
Tecnologia Assistiva com objetivo de promover condições de acessibilidade,
participação e aprendizagem para alunos público alvo da educação especial no ensino
regular.
Assim, o ambiente da Sala de Recursos Multifuncionais pode ser utilizado para
a avaliação e implementação de Tecnologia Assistiva, que como citado na literatura e
na legislação brasileira tem o objetivo de promover a inclusão educacional.

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Vale ressaltar que o recurso pertence ao aluno e deve ser utilizado quando
necessário em todos os ambientes que ele frequenta (BRASIL, 2012), com a intenção
de eliminar ou atenuar dificuldades sensórias, motoras e cognitivas (BERSH, 2013).
Esse processo de construção do recurso foi realizado em colaboração com a
professora da Sala de Recursos Multifuncionais, local em que o aluno recebia o
Atendimento Educacional Especializado.
O projeto de pesquisa intitulado “Uso de recursos de Tecnologia Assistiva junto
a Crianças com Paralisia Cerebral nos Espaços do Atendimento Educacional
Especializado”, o qual este estudo se insere, foi submetido e aprovado pelo Comitê
de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
Segundo Triviños (1987) as técnicas, métodos e coleta de dados na pesquisa
descritiva devem ter uma delimitação precisa para ser possível interpretar os dados
coletados e, assim, verificar a validade cinética da pesquisa e acordo com o programa de
implementação de Sala de Recursos Multifuncionais.
(BRASIL, 2012), a Tecnologia Assistiva está prevista como componente dos
materiais disponíveis na sala, além de que a pesquisadora, ao observar o ambiente,
identificou alguns recursos presentes na sala como, jogos adaptados.
Dessa forma, pode-se questionar até que ponto a professora realmente
entende/e ou identifica recursos de Tecnologia Assistiva sem se restringir aos
recursos de acesso ao computador.
Nesse âmbito, a Tecnologia Assistiva como área de conhecimento, pode gerar
alternativa e propor estratégias eficientes para favorecer que a inclusão escolar
atenda e contemple as necessidades individuais dos alunos do público-alvo da
Educação
Especial no acesso ao conteúdo curricular planejado.
No contexto escolar, a Tecnologia Assistiva representa uma possibilidade de
proporcionar maior autonomia ao aluno e, assim, contribuir com o processo de
inclusão escolar, permitindo-lhe ser mais funcional e autônomo na realização cotidiana
de atividades.
No Brasil, entende-se por Tecnologia Assistiva como sendo: Assim, o presente
definição extrapola a compreensão de Tecnologia Assistiva circunscrita no recurso ou
equipamento tecnológico em si, a partir da consideração quanto às estratégias
vinculadas à ampliação do acesso e participação de seu sujeito alvo em seus múltiplos
contextos de vida.

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No âmbito educacional, a literatura tem indicado que as delimitações acerca do
conceito de Tecnologia Assistiva ainda são imprecisas, permitindo discussões sobre
na nomenclatura entre recursos de tecnologia assistiva e recursos pedagógicos
acessíveis (BORGES; TARTUCI, 2017; SANTOS; MENDES; LOURENÇO, 2018, no
prelo).
Porém, mantém-se o consenso sobre a importância da inserção da Tecnologia
Assistiva nos espaços escolares, principalmente quanto às ações junto aos
estudantes com Paralisia Cerebral.
Karlsson, Johnston e Barker (2016) realizaram um estudo na Austrália com 42
alunos com paralisia cerebral que apresentavam limitações motoras nas mãos e
problemas de comunicação e seus respectivos pais.
Um dos objetivos da pesquisa consistia em incentivar os alunos a utilizarem
recursos de Tecnologia Assistiva na sala de aula.
Os resultados apontaram que os alunos apresentavam maior rendimento em
aula e conseguiam atingir os objetivos propostos na sala quando utilizavam as
soluções propostas.
Além de evidenciar que quando incentivados em utilizarem a Tecnologia
Assistiva, os alunos se sentiam mais encorajados.
Rocha (2010) realizou um estudo com objetivo de descrever o processo de
prescrição e confecção de recursos da Tecnologia Assistiva para crianças com
Paralisia Cerebral, nas propriedades físicas modicadas do recurso pedagógico para
facilitação do manuseio de crianças com Paralisia Cerebral.
Contexto da Educação Infantil. Os resultados demonstraram que durante o
procedimento de observação realizado na pesquisa, foi possível identificar que os
participantes manifestavam. Interesse pelas tarefas em todas as atividades propostas
pelas professoras.
Mas, em decorrência. De suas características e falta de recursos disponíveis,
os participantes quase sempre se mantinham como espectadores da atividade
realizada pelos demais estudantes da sala. Dessa forma,
Constatou-se a importância da capacitação do professor, não só para a
confecção do recurso, mas para estabelecer as estratégias de uso dos recursos e
equipamentos.
O estudo de Gonçalves (2010) teve como intuito investigar as adaptações feitas
em um recurso pedagógico utilizado na educação infantil.

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O objetivo do estudo foi analisar Os resultados demonstraram que as
propriedades físicas do recur-so como peso e tamanho influenciavam na atividade de
encaixe realizada por crianças com Paralisia Cerebral do tipo discinética e atáxica.
Assim, concluiu-se que a adaptação em recurso pedagógico é considerada
uma boa estratégia para que crianças com Paralisia Cerebral desempenhem tarefas
motoras.
Além disso, é essencial que os professores tenham conhecimento acerca da
criança, para assim, proporcionar a elas condições favoráveis de aprendizagem.
No estudo de Gonçalves (2010) as adaptações realizadas no recurso tinham o
intuito de facilitar o manuseio do objeto pelo aluno, ou seja, tornar o manuseio mais
funcional pode-se considerar nesse caso a utilização da Tecnologia Assistiva.
Na legislação brasileira a utilização da Tecnologia Assistiva é garantida em
ambientes de Sala de Recursos Multifuncionais, sendo os equipamentos e recursos
previstos na política.
Do governo federal direcionados ao atendimento educacional especializado
(BRASIL, 2015).De acordo com a Política Nacional de Educação Especial na
perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008), o Atendimento Educacional
Especializado é um serviço da educação especial que tem com objetivo atender as
necessidades educacionais dos alunos público alvo da Educação Especial e deve
atuar de forma articulada com o ensino regular.
Vale ressaltar que o Atendimento Educacional Especializado faz uso da
Tecnologia Assistiva com objetivo de promover condições de acessibilidade,
participação e aprendizagem para alunos públicas alvo da educação especial no
ensino regular.
Assim, o ambiente da Sala de Recursos Multifuncionais pode ser utilizado para
a avaliação e implementação de Tecnologia Assistiva, que como citado na literatura e
na legislação brasileira tem o objetivo de promover a inclusão educacional.
Vale ressaltar que o recurso pertence ao aluno e deve ser utilizado quando
necessário em todos os ambientes que ele frequenta (BRASIL, 2012), com a intenção
de eliminar ou atenuar dificul-dades sensórias, motoras e cognitivas (BERSH, 2013).
O presente estudo teve como objetivo avaliar e implementar um recurso de
Tecnologia Assistiva com base nas habilidades e necessidades pedagógicas de um
aluno com Paralisia Cerebral.

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Esse processo de construção do recurso foi realizado em colaboração com a
professora da Sala de Recursos Multifuncionais, local em que o aluno recebia o
Atendimento Educacional Especializado.

FIGURA : HOMEM FAZENDO FISIOTERAPIA

(FONTE:
https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fpos.uninovafapi.edu.br%2Fcursos%2Ffisioter
apia-neurologica-
funcional%2F&psig=AOvVaw382IJLXAQxA7ZgiwE8odBb&ust=1606753173508000&source=images&
cd=vfe&ved=0CAIQjRxqFwoTCIi0u8GUqO0CFQAAAAAdAAAAABAp )

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho apresenta resultados iniciais motivadores.


Baseado no estudo do WSP e dos 8 passos da OMS, percebe-se a
necessidade de padronizar e protocolar os dados coletados para que a cadeira de
rodas prescrita seja a mais adequada para o paciente e cuidadores, levando-se em
conta aspectos biológicos, psíquicos e principalmente sociais (ambiente de uso).
Um aspecto importante percebido é a necessidade de padronização no
processo de avaliação inicial do usuário, baseado nas evidências mais atuais em
nosso meio, com isso, levando à prescrição da TA mais adequada.
Surgiram, também, dúvidas dos participantes que foram além do escopo inicial
do PHR, relacionadas à sua patologia de base, cuidados com a pele, nutrição,
aspectos psicológicos, direitos e deveres, limpeza e manutenção da sua CR, entre
outras.
Considerando isso, está sendo elaborado um Programa Educativo à ser
inserido dentro do PHR. Futuros trabalhos estão relacionados com o uso do
questionário WST-Q como ferramenta de avaliação física, para traçar objetivos a
serem atingidos e acompanhamento da evolução do usuário ao longo do treino
prático.
Também, com base no que foi realizado até o momento, um trabalho está
sendo desenvolvido com alunos de engenharia para o desenvolvimento e a
construção de uma Pista de treino de habilidades sobre rodas.

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REFERÊNCIAS

LOENERT , Laura. Desafios na reabilitação de pacientes com equipamentos de


tecnologia assistiva. 2017.

BERSCH, R. Introdução a Tecnologia Assistiva. 2013. Disponível em: < http://


www.assistiva.com.br/Introducao_Tecnologia_Assistiva.pdf>. Acesso em 06 mar.
2017.

CAMPOS, L.C.B. Adaptação Transcultural do “wheelchair skills test” (versão 4.3) -


Questionário para Usuários de Cadeiras de Rodas Manuais e Cuidadores para a
Língua Portuguesa (Brasil). 2017. 128 p. Dissertação (Mestrado em Terapia
Ocupacional)- Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2017.

COOK, A. M; POLGAR, J.M. Assistive Technologies: Principles and practice. 4 Ed.


ELSEVIER. 2015. KEELER, L., APUD KIRBY, R.L., APUD PARKER, K., MCLEAN,
K.D., HAYDEN, J.A. Effectiveness of the Wheelchair Skills Training Program: a
systematic review and meta-analysis. Disabil Rehabil Assist Technol. 2018 Apr 4:1-
19. K

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