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COMO AS TECNOLOGIAS ASSISTIVAS E AS

TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO CONTRIBUEM PARA


A INCLUSÃO DE PESSOAS COM NECESSIDADES
ESPECIAIS

Raica Tatiele da Silva1.


raicatatiele@yahoo.com.br
Segunda Licenciatura em Educação Especial²

Declaro que o trabalho apresentado é de minha autoria, não contendo plágios ou citações não
referenciadas. Informo que, caso o trabalho seja reprovado duas vezes por conter plágio
pagarei uma taxa no valor de R$ 250,00 para terceira correção. Caso o trabalho seja reprovado
não poderei pedir dispensa, conforme Cláusula 2.6 do Contrato de Prestação de Serviços
(referente aos cursos de pós-graduação lato sensu, com exceção à Engenharia de Segurança
do Trabalho. Em cursos de Complementação Pedagógica e Segunda Licenciatura a
apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso é obrigatória).

RESUMO
Este trabalho reflete sobre a história da legislação que regulamentou os direitos das
pessoas com deficiência no Brasil e os programas de inclusão que foram implementados. Para
fazer isso, foi feita uma análise das principais legislações que tratam do assunto, com o
objetivo de identificar como a educação brasileira contribuiu para o desenvolvimento e
cidadania dessas pessoas. O foco foi o papel das garantias estatais e das políticas de inserção
social na vida das pessoas com deficiência. O objetivo final é mostrar a importância de se
promover a inclusão escolar como forma de garantir o direito à educação para todos,
independentemente das necessidades especiais que possam ter.
O trabalho também aborda a importância das TICs (Tecnologias de Informação e
Comunicação) e das tecnologias assistivas na educação de pessoas com deficiência. Esses
recursos podem variar desde óculos e bengalas até sistemas computadorizados mais
complexos, e são fundamentais para promover a independência, a qualidade de vida e a
inclusão social dessas pessoas, por meio da ampliação da comunicação, da mobilidade, do
controle do ambiente, do aprendizado e da integração com a família, os amigos e a sociedade.
Para alcançar os objetivos deste trabalho, foi realizada uma pesquisa bibliográfica
baseada em artigos científicos e sites da internet. Conclui-se que o uso das TICs e das
tecnologias assistivas é um processo que envolve todos os envolvidos, incluindo os alunos, os
professores, os pais e a escola, e que precisa de cooperação de todos para ser bem-sucedido.
Palavras-chave: Educação especial. Legislação. Inclusão. Tecnologia Assistiva.

ABSTRACT
1
Graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia – Centro Educacional Internacional Uninter –
2017.
² Educação Especial - UNIFAVENI

1
This work reflects on the history of legislation that regulated the rights of people with disabilities
in Brazil and the inclusion programs that have been implemented. To do this, an analysis of the
main legislation dealing with the subject was carried out, with the aim of identifying how
Brazilian education has contributed to the development and citizenship of these people. The
focus was on the role of state guarantees and social insertion policies in the lives of people with
disabilities. The final goal is to show the importance of promoting school inclusion as a way of
ensuring the right to education for all, regardless of any special needs they may have. The work
also addresses the importance of ICT (Information and Communication Technologies) and
assistive technologies in the education of people with disabilities. These resources can range
from glasses and canes to more complex computerized systems, and are essential for
promoting independence, quality of life, and social inclusion of these people, through the
expansion of communication, mobility, control of the environment, learning and integration with
family, friends and society. To achieve the objectives of this work, a literature review based on
scientific articles and internet sites was carried out. It is concluded that the use of ICT and
assistive technologies is a process that involves all those involved, including students, teachers,
parents and the school, and that cooperation from all is needed for it to be successful.
Keywords: Special education. Legislation. Inclusion. Assistive Technology.

1Introdução

A implementação de uma educação inclusiva, que possa incluir todas


as pessoas em um mesmo ambiente de ensino, é um desafio que enfrentamos
atualmente. O objetivo desta pesquisa é mostrar a importância de
conscientizarmos a população sobre a necessidade de inclusão escolar,
garantindo a todos o direito à educação e combate à discriminação e
preconceito presentes na sociedade e nas escolas em relação aos alunos com
necessidades educacionais especiais. Além disso, destacamos a importância
do uso de tecnologias assistivas e TICs para o desenvolvimento de habilidades
dessas pessoas.
A necessidade de incluir os alunos com necessidades especiais no
sistema de ensino regular e oferecer a todos os educandos um ensino de
qualidade justifica a realização desta pesquisa. Nela, através de uma revisão
de fontes bibliográficas, abordaremos o contexto da Educação Especial e
Inclusiva, explorando sua história, os desafios enfrentados, o papel da escola e
de todos os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem, bem como as
contribuições das tecnologias assistivas e da TICS para esse processo.
Realizar uma análise de alguns artigos da Constituição Federal é
essencial para compreendermos o assunto em questão. Dentre esses artigos,
destacamos o artigo 5º e o artigo 205 e seguintes, que abordam questões
relacionadas à educação, entre outros temas. Além disso, discutiremos

2
algumas propostas de grande importância trazidas pela Declaração Mundial de
Educação para Todos, promovida pela UNESCO em Jomtien em 1990.
As Tecnologias Assistivas têm um papel fundamental no contexto
escolar, pois contribuem para a inclusão de pessoas com necessidades
especiais através da utilização de formas de comunicação que substituem,
complementam ou ampliam as funções da fala. Essas tecnologias podem
incluir gestos manuais, expressões faciais, sinais gráficos e outros. O objetivo
deste estudo é responder a questões como: como trabalhar com educação
especial? O que são TICs e tecnologias assistivas? Como as TICs e
tecnologias assistivas podem ajudar no processo de inclusão na escola? É
importante lembrar que os alunos que não têm uma fala desenvolvida podem
sofrer exclusão em seu ambiente escolar, pois o sistema social atribui à
linguagem falada como o principal meio de comunicação entre os seus
membros.
Neste estudo, buscamos informações através da pesquisa bibliográfica,
incluindo a consulta de fontes secundárias como livros, artigos, sites da internet
e revistas. A abordagem utilizada foi qualitativa, analisando as informações
encontradas sobre o tema em questão. No entanto, notamos que as limitações
impostas pela deficiência podem ser um obstáculo para o aprendizado. Por
isso, acreditamos que a criação de recursos de acessibilidade é uma forma de
vencer essas barreiras e permitir que indivíduos com deficiência participem de
ambientes de aprendizado oferecidos pela cultura.

2 Desenvolvimento

2.1 Evolução histórica da educação especial inclusiva

A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1879 afirma que


"Os Homens nascem e são livres e iguais em direitos". No entanto, é
importante lembrar que, naquele período, os direitos das pessoas com
deficiência não eram respeitados. Apesar disso, o artigo primeiro desta
Declaração já apresenta algumas indicações do que seria o futuro da educação
especial, baseada em valores e princípios fundamentais.

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A Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes, proclamada pela
Resolução 3.4447, XXX, pela Assembleia Geral das Nações Unidas em
setembro de 1975, tem como objetivo promover a elevação dos níveis de vida,
o pleno emprego e as condições de progresso, bem como o desenvolvimento
econômico e social. Isso é reforçado pelos treze artigos da declaração, que
reafirmam os direitos humanos, as liberdades fundamentais, os princípios da
paz, da dignidade da pessoa e da justiça social. O primeiro artigo da
declaração define a expressão "pessoa com deficiência" como qualquer pessoa
que seja incapaz, total ou parcialmente, de garantir por si mesma as
necessidades de uma vida social e individual normal devido a uma deficiência
Para estabelecer um contexto lógico para esta discussão, o Artigo 5º
da Constituição Federal de 1988, especificamente nos parágrafos 2º e 3º
introduzidos pela Emenda Constitucional n.º 45 de 2004, reforça as
informações mencionadas anteriormente e também inclui as garantias
fundamentais em nossa Constituição, declarando que os direitos e garantias
estabelecidos nesta Constituição não excluem outros que decorram de
princípios adotados ou de tratados internacionais dos quais a República
Federativa faça parte. Estas são características que garantem a proteção dos
direitos das pessoas com deficiência, também garantidos em âmbito
internacional.
Artigo 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos
que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos,
por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às
emendas constitucionais.
Vale destacar que, ao estabelecer os objetivos fundamentais no Artigo
3º, inciso IV, da Constituição Federal de 1988, o legislador expressamente
declara que se deve "promover o bem de todos, sem preconceito de origem,
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação". Outro
documento importante no reconhecimento de que a educação deve ser
acessível a todos é a Declaração Mundial sobre Educação para Todos:

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Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendizagem, realizada pela
UNESCO em Jomtien em 1990. É notório que, apesar dos esforços em vários
países para garantir o direito à educação para todos, ainda há grandes
desigualdades e uma parcela significativa está relacionada às pessoas com
deficiência.
Na Declaração Mundial de Educação para Todos, os artigos 3º ao 7º
tratam da universalização do acesso à educação e da promoção da equidade;
da concentração de atenção na aprendizagem; da ampliação dos meios e
alcance da educação básica; e da criação de um ambiente adequado para a
aprendizagem, entre outros. No item 1 do Artigo 3º da referida Declaração, é
destacado que a educação básica deve ser fornecida a todas as crianças,
jovens e adultos, e, portanto, é necessário universalizá-la e melhorar sua
qualidade através de medidas e ações para reduzir as desigualdades.
Desde o passado mencionado no item 2 até os dias atuais, há uma
necessidade urgente de melhorar a qualidade da educação e garantir o acesso
a ela, superando todos os obstáculos que impedem a participação ativa no
processo de aprendizagem. Isso inclui eliminar preconceitos e estereótipos de
todas as naturezas da educação. No artigo 3º, item 5, são abordadas questões
relacionadas às pessoas com deficiência, destacando a necessidade de
atenção especial às suas necessidades de aprendizagem. Além disso, é
reforçada a importância de tomar medidas para garantir a igualdade de acesso
à educação para pessoas com qualquer tipo de deficiência, como parte
integrante do sistema educacional.
O item 7 trata da importância de fornecer um ambiente adequado para
a aprendizagem. É mencionado que a aprendizagem não ocorre de forma
eficaz quando o indivíduo está isolado, e que é necessário fornecer apoio
físico, emocional e outros tipos de apoio para que as pessoas possam
participar ativamente de sua própria educação e se beneficiar dela.
A Declaração de Jomtien (1990) estabelece que as autoridades de
âmbito federal, estadual e municipal são responsáveis pela educação em todos
os níveis e têm a obrigação prioritária de garantir o acesso à educação, mesmo
que não tenham todos os recursos financeiros e organizacionais necessários
para isso.

5
Estabelecer políticas de apoio nos setores social, cultural e econômico
é fundamental para promover a plena utilização da educação individual e
social. Para atender às necessidades básicas de aprendizagem de todos, é
necessário oferecer todos os esforços possíveis através de ações de alcance
amplo, o que requer a mobilização de recursos financeiros e humanos atuais e
novos em vários setores da sociedade.
A Declaração Mundial sobre Educação para todos de Jomtien foi um
importante passo na luta contra padrões preconceituosos e excludentes na
educação. Embora essa declaração tenha sido um avanço significativo, ainda
há muito trabalho a ser feito no que diz respeito à inclusão e à educação para
todos. A Declaração de Salamanca de 1994 também foi um marco importante
na legislação do Brasil no que diz respeito aos direitos das pessoas com
deficiência. Esta declaração iniciou discussões políticas em vários grupos da
sociedade que reconheciam a necessidade de ampliar o debate sobre o
tratamento dado às pessoas com deficiência.
O Decreto nº. 6.949 de 25 de agosto de 2009, que promulgou a
Convenção Internacional sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência e seu
Protocolo Facultativo, assinados em Nova York em 30 de setembro de 2007, é
uma medida importante para garantir os direitos das pessoas com deficiência.
A ratificação deste tratado pelo Brasil é fundamental para combater as
desigualdades provocadas pelas barreiras enfrentadas pelas pessoas com
deficiência, mesmo com o avanço legislativo.
Na Convenção Internacional sobre os Direitos da Pessoa com
Deficiência, os Estados-parte lembram e reconhecem os princípios
consagrados na Carta das Nações Unidas, como o princípio da dignidade da
pessoa e o valor inerente, a igualdade de direitos de todos os membros da
família humana como fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo.
De acordo com SILUK (2012), este trecho do texto destaca alguns pontos
importantes. Em primeiro lugar, é importante notar que a Educação Especial é
uma modalidade de ensino e não um sistema substitutivo de ensino.
Portanto, a Educação Especial não deve ser substitutiva ao ensino
regular, mas sim complementar ou suplementar. Se for oferecida de forma
substitutiva, isso torna-se incompatível com o princípio da igualdade. No

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entanto, se for oferecida de forma complementar ou suplementar, isso não
impede que o aluno frequente o ensino regular.

2.2 Conceito de tecnologias assistivas

O conceito de tecnologia assistiva (TA) é relativamente novo e se


refere a qualquer recurso ou serviço que possa aumentar as habilidades de
pessoas com necessidades especiais e, dessa forma, contribuir para sua
inclusão e independência. De acordo com Bersch (2012), as TAs são "recursos
e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar vida independente e
inclusão". Em outras palavras, são todos os recursos que visam aumentar as
possibilidades de pessoas com necessidades especiais. A tecnologia da
informação e comunicação (TIC) e as tecnologias assistivas vão além do uso
da fala e das palavras. Elas são um componente importante da educação
especial, que abrange todos os níveis, etapas e modalidades de ensino e
fornece atendimento educacional especializado, recursos e serviços para o
ensino regular. No Brasil, o Comitê de Ajudas Técnicas define as tecnologias
assistivas como uma área interdisciplinar que inclui estratégias, recursos,
metodologias, produtos, práticas e serviços para pessoas com deficiência ou
mobilidade reduzida, com o objetivo de promover autonomia, qualidade de
vida, independência e inclusão social (BRASIL, 2006). Assim, a tecnologia
assistiva é o conhecimento e a atuação de indivíduos que desenvolvem
serviços, estratégias e recursos para facilitar, permitir e auxiliar as pessoas
com necessidades especiais, promovendo sua autonomia e independência.
Para maximizar o aprendizado de alunos com necessidades educativas
especiais, o professor pode utilizar recursos de alta e baixa tecnologia. Os
recursos de baixa tecnologia são aqueles que podem ser confeccionados e
providenciados pelo professor a um custo mais baixo e que servem como apoio
ou adaptação de outros recursos. Já os recursos de alta tecnologia são
aqueles que precisam ser solicitados e adquiridos, após a observação e
avaliação das necessidades do aluno, e podem ter um custo financeiro mais
alto, dependendo da disponibilidade de verbas e projetos por parte da
mantenedora.

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É crucial destacar que as tecnologias assistivas, quando
adequadamente avaliadas e selecionadas, podem remover ou reduzir as
barreiras temporárias ou permanentes que dificultam ou impedem o progresso
de alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE). Além de contribuir
para ampliar o aprendizado e facilitar o acesso desses alunos às atividades
curriculares, essas tecnologias também podem beneficiar esses indivíduos
social e afetivamente.

2.3 As tecnologias assistivas e seu papel na educação

A escolaridade é uma etapa crucial da vida de uma criança, pois é


quando ela é reconhecida e avaliada pelas habilidades que desenvolve e pelo
seu desempenho em tarefas valorizadas pela sociedade. Durante essa fase, o
meio social se torna mais exigente em relação às expectativas e menos
tolerante com a dependência, deixando a criança mais vulnerável ao
julgamento e responsabilizando-a por atender às expectativas da família, dos
amigos e dos professores, além da sociedade em geral. A escolarização de
alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE) é desafiadora não só
devido a esses fatores, mas também por conta da necessidade de atingir
metas e de se tornarem mais independentes em sua participação no dia a dia
escolar. É importante lembrar que a tecnologia assistiva é um recurso para o
usuário, e não para o profissional que trabalha com pessoas com NEE.
A tecnologia assistiva (TA) é um recurso que pode ser utilizado em
diferentes ambientes, como na escola, na sociedade e até mesmo durante o
atendimento especializado, para auxiliar indivíduos que precisam dela. Na
escola, a TA pode ser disponibilizada para alunos com Necessidades
Educativas Especiais (NEE) para que eles possam utilizá-la e desenvolver suas
rotinas de sala de aula de maneira que ela os ajude a alcançar seus objetivos
de aprendizado. A presença e o uso correto da TA na escola podem contribuir
significativamente para a inclusão de alunos com NEE, desde que sejam
valorizadas suas potencialidades e estimulada sua participação no processo de
construção de conhecimento através de motivação e estímulo.
As tecnologias assistivas são ferramentas ou dispositivos que ajudam
pessoas com deficiências ou limitações físicas, mentais ou sensoriais a realizar

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tarefas do dia a dia e a participar ativamente da sociedade. Na educação
especial, elas podem ser úteis para promover a inclusão e o acesso ao
conhecimento de pessoas com necessidades especiais. Alguns exemplos de
tecnologias assistivas que podem ser utilizadas incluem softwares de leitura de
tela, dispositivos de escrita, dispositivos de comunicação e adaptações físicas,
como lupas e encostos de braço. É importante lembrar que cada pessoa com
necessidades especiais pode ter necessidades diferentes, então é fundamental
considerar suas necessidades individuais ao escolher e implementar
tecnologias assistivas na educação especial.
Crianças com deficiências físicas, auditivas, visuais ou mentais podem
ter dificuldades que limitam sua capacidade de interagir com o mundo ao seu
redor, o que pode impedir o desenvolvimento de habilidades fundamentais para
o processo de aprendizagem. É importante tomar cuidado para que essas
crianças não adotem uma postura passiva diante de suas limitações,
esperando que outras pessoas resolvam seus problemas. Para evitar essa
passividade, é importante esclarecer as Necessidades Educativas Especiais
(NEE) da criança e manter um diálogo franco e aberto sobre suas
preocupações e as do professor e da família. Além disso, é importante manter
a criança informada sobre o uso de tecnologias assistivas, o que lhe é
permitido e o que se espera dela durante o processo. (VALENTE, 1991, p. 1)
Dessa forma, a criança é vista como um agente ativo no processo de
aprendizagem com tecnologias assistivas, e não apenas como um mero
receptor do que lhe é imposto. É importante manter um diálogo aberto sobre o
uso dessas tecnologias para promover a autonomia da criança e permitir que
ela expresse suas opiniões e desagrados. Ao mesmo tempo, é preciso lembrar
que a expectativa de resultados positivos acompanhará a escolarização de
alunos com NEE, e a tecnologia assistiva pode ajudar a proporcionar a esses
alunos o domínio, o controle e a participação em seu ambiente escolar, além
de aumentar sua independência nas tarefas diárias. Para isso, é necessário
oferecer novas oportunidades para desenvolver habilidades e aperfeiçoar
competências, diminuindo as dificuldades por meio do uso de tecnologias
assistivas.
A inclusão de estudantes com necessidades especiais em salas de
aula regulares tem se tornado cada vez mais comum e é importante que a

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educação se adapte para atender a esses alunos de forma eficiente e garantir
uma educação de qualidade. As tecnologias assistivas (TA) são ferramentas
fundamentais para a integração social desses estudantes, pois permitem
superar ou minimizar as limitações impostas pelas necessidades especiais.
Além disso, a TA permite que pessoas com deficiência realizem atividades do
cotidiano, como se comunicar, se locomover, controlar o ambiente e acessar o
computador. No Brasil, a Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994) assegura
o direito à educação para todos, independentemente de diferenças individuais.
Atualmente, há muita discussão sobre o uso de Tecnologias da
Informação e da Comunicação (TICs) na prática docente e como elas podem
influenciar os processos de aprendizagem e comportamento. A utilização
planejada e adequada dessas tecnologias pode ser beneficiosa para o
desenvolvimento e aprendizado de alunos com necessidades educacionais
especiais e pode ajudar na inclusão desses estudantes em escolas regulares.
De acordo com Mantoan (2000), para serem inclusivas e acessíveis a todos os
alunos, as escolas precisam ser organizadas como sistemas abertos, que
permitem trocas entre seus elementos e com os elementos externos.
Professores também devem fornecer recursos variados nas salas de aula e em
outros espaços pedagógicos, oferecendo atividades flexíveis que atendam aos
interesses, inclinações e habilidades dos alunos.
De acordo com Freitas (2000), para implementar tecnologias assistivas
em salas de aula, os educadores precisam ter criatividade e disposição para
encontrar, junto com os alunos, a melhor maneira de superar obstáculos com
sucesso. Além disso, a escola e os professores precisam rever seus conceitos
e práticas para implementar esse novo sistema de tecnologias assistivas. O
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil reconhece que o
desempenho funcional da comunicação de crianças com deficiência pode
afetar suas habilidades expressivas por meio da fala, como é o caso de
crianças com paralisia cerebral, autismo, deficiência auditiva e visual, entre
outras deficiências adquiridas. Portanto, são necessários recursos e
procedimentos para promover a aquisição da linguagem por meio de sistemas
suplementares e alternativos de comunicação (BRASIL, 1998).
A área da comunicação suplementar e alternativa pode garantir
acessibilidade a diferentes sistemas de comunicação e melhorar a capacidade

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de recepção, compreensão e expressão da linguagem de pessoas com
deficiência e necessidades complexas de comunicação (DELIBERATO, 2005).
Os recursos de comunicação suplementar e alternativa podem ajudar no
processo de aquisição e desenvolvimento da linguagem, no desenvolvimento
da competência comunicativa e na inclusão de alunos com deficiência e
necessidades complexas de comunicação em diferentes atividades
pedagógicas, contribuindo para o processo de ensino e aprendizagem.
Para que as tecnologias assistivas e a TICS (Tecnologia da Informação
e Comunicação em Saúde) possam ser efetivamente utilizadas na educação, é
fundamental que os professores estejam capacitados. De acordo com as
Diretrizes Operacionais da Educação Especial para o Atendimento Educacional
Especializado (AEE) na Educação Básica, os professores devem ter formação
inicial e específica na educação especial, seja inicial ou continuada, para atuar
no AEE (BRASIL, 2008).
Quando se trata de utilizar, desenvolver ou criar meios alternativos de
comunicação, é importante escolher aqueles que ofereçam as condições ideais
para o aluno. Isso pode incluir considerar as necessidades individuais do aluno,
bem como o ambiente em que ele irá utilizar a tecnologia assistiva.
Um programa de comunicação alternativa é composto por três etapas.
Na primeira, são fornecidas orientações sobre linguagem e comunicação,
apresentação de sistemas de comunicação suplementares e alternativos e o
vínculo desses sistemas com a leitura e escrita ao professor. Também é
realizada uma análise do currículo da escola e do planejamento pedagógico da
sala de aula. Na segunda etapa, são identificadas as habilidades dos alunos e
a rotina da escola através de entrevistas com a professora (DELIBERATO,
2009, 2011).
De acordo com Deliberato e Manzini (1997), para estabelecer um
programa eficaz, é necessário avaliar o aluno, o professor, a família, o
fonoaudiólogo e, se possível, uma equipe para avaliar as possibilidades do
aluno e da situação. Em geral, para avaliar o aluno e a situação na qual o
sistema será utilizado, é importante levantar informações sobre as habilidades
físicas e cognitivas do aluno, o ambiente onde o sistema será utilizado, com
quem será utilizado e qual é o objetivo.

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Atualmente, existem professores que atuam em salas de Atendimento
Educacional Especializado (AEE) para ensinar o uso de sistemas de
Comunicação Alternativa e Ampliada (CAA) a alunos com deficiência auditiva,
visual e outras condições, como Transtornos Globais do Desenvolvimento
(TGD) e dificuldades severas de comunicação sem fala funcional.
A comunicação é considerada ampliada quando o indivíduo tem
comunicação insuficiente através da fala e/ou escrita, como quando a fala é
inteligível apenas para o núcleo familiar. Ela é considerada alternativa quando
o indivíduo não possui outra forma de comunicação.
É importante destacar que o uso pedagógico da comunicação
alternativa depende de parcerias, diálogos interdisciplinares e aproximações
entre profissionais da educação e da saúde. O Atendimento Educacional
Especializado e outros recursos de educação especial na perspectiva da
educação inclusiva são fundamentais para o ensino-aprendizagem desses
alunos e podem fazer uma grande diferença na vida deles.
O ensino no Atendimento Educacional Especializado (AEE) é diferente
do ensino escolar e não pode ser considerado um espaço para reforço ou
complementação das atividades escolares. Exemplos de atendimento
educacional especializado incluem o ensino da Língua Brasileira de Sinais
(LIBRAS) e do código BRAILLE, a introdução e formação de alunos na
utilização de tecnologias assistivas, como comunicação alternativa e recursos
de acessibilidade ao computador, orientação e mobilidade, preparação e
disponibilização de material pedagógico acessível, entre outros (SEESP/MEC,
2008).
O AEE é preferencialmente realizado nas escolas comuns, em um
espaço conhecido como Sala de Recursos Multifuncionais (SRM). Essas salas
são destinadas a atender os alunos público-alvo da educação especial,
conforme estabelecido na Política Nacional de Educação Especial na
Perspectiva da Educação Inclusiva e no Decreto N.6.571/2008.
O atendimento no Atendimento Educacional Especializado (AEE) deve
ser realizado no contra turno escolar, preferencialmente na escola onde o aluno
estuda, para que seja possível identificar e discutir as necessidades
educacionais dele com a comunidade escolar (SEESP/MEC, 2008).

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O objetivo principal da TICS (Tecnologia da Informação e Comunicação
em Saúde) e das tecnologias assistivas é ajudar pessoas com necessidades
especiais a ter mais independência, qualidade de vida e inclusão social,
ampliando sua comunicação, mobilidade e habilidades de aprendizado e
trabalho. Essas tecnologias têm o potencial de mudar a vida dessas pessoas e
tornar o aprendizado escolar significativo para aqueles que delas necessitam.

Conclusão

É evidente que houve uma evolução nas legislações que tratam de


pessoas com deficiência, mas na prática, muitas vezes, essas normas ainda
não atingiram os objetivos propostos devido a fatores educacionais,
econômicos, financeiros, sociais, culturais e informacionais. No entanto, é
responsabilidade do profissional da educação exigir que os órgãos públicos
garantam os direitos dessas pessoas no que diz respeito à educação. O
profissional deve cumprir sua função no desenvolvimento do aluno com
deficiência, respeitando sua condição física, mental, intelectual ou sensorial e
proporcionando meios para o avanço da aprendizagem.
O uso da TICS (Tecnologia da Informação e Comunicação em Saúde)
e das tecnologias assistivas é de grande importância para as pessoas com
necessidades especiais, pois aumenta sua capacidade de comunicação e
melhora sua condição dentro e fora da escola. Essas tecnologias são recursos
significativos e transformadores na vida dessas pessoas, promovendo a
inclusão delas na escola e na sociedade.
Conhecer os recursos disponíveis que promovem autonomia,
sensibilidade e sucesso no processo de ensino-aprendizagem para pessoas
com deficiência é garantir a elas o direito de ter acesso a uma educação plena
e de qualidade, que possibilite a formação de cidadãos críticos e participativos
na sociedade.
A capacitação constante dos professores também é importante para o
desenvolvimento da TICS (Tecnologia da Informação e Comunicação em
Saúde) e das tecnologias assistivas, pois é preciso saber como usar os
recursos existentes para o trabalho no Atendimento Educacional Especializado
(AEE), como a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), o código braile, o

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soroban, tablets, computadores adaptados, pranchas de comunicação com
símbolos ou figuras, e produzir e adaptar materiais didáticos e pedagógicos. A
concepção de inclusão se tornou mais complexa e democrática com o uso de
tecnologias assistivas para incluir todos, pois houve avanços significativos na
produção do conhecimento humano que expandiram o processo de inclusão
social emancipatória.

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