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AUTARQUIA EDUCACIONAL DO BELO JARDIM - AEB


FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E APLICADAS DO BELO JARDIM - FABEJA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

GABRIELLA DE ALMEIDA CALADO


NÚBIA SIDLANE CAVALCANTE TORRES

INCLUSÃO SOCIAL DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA, NO


AMBIENTE ESCOLAR, A PARTIR DO OLHAR DA ACESSIBILIDADE

BELO JARDIM – PE
2013
1

GABRIELLA DE ALMEIDA CALADO


NÚBIA SIDLANE CAVALCANTE TORRES

INCLUSÃO SOCIAL DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA, NO


AMBIENTE ESCOLAR, A PARTIR DO OLHAR DA ACESSIBILIDADE

Monografia apresentada ao Curso de


Licenciatura em Ciências Biológicas da
Faculdade de Ciências Humanas e
Aplicadas do Belo Jardim – FABEJA como
requisito final para obtenção do título de
graduação.
Orientador: Prof. Dr. Ivanildo Mangueira da
Silva.

BELO JARDIM – PE
2013
2

GABRIELLA DE ALMEIDA CALADO


NÚBIA SIDLANE CAVALCANTE TORRES

INCLUSÃO SOCIAL DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA, NO


AMBIENTE ESCOLAR, A PARTIR DO OLHAR DA ACESSIBILIDADE

Aprovada em____/____/____

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________
Prof. Dr. Ivanildo Mangueira da Silva
Orientador
___________________________________________________
Prof. Dr. Mirivaldo de Barros e Sá

___________________________________________________
Profª. Drª. Márcia Maria Costa Assunção
3

Aos meus familiares, em especial aos meus


pais: Sebastião torres da Silva e Maria José
Cavalcante Torres, que se fizeram presente
nesta longa caminhada, e que nunca medirão
esforços para me ajudar, foram eles que me
apoiaram para que eu pudesse conquistar essa
vitória.
Núbia Sidlane Cavalcante Torres

Aos meus familiares em especial meus pais,


João Alves Calado e Maria do Socorro de
Almeida Calado que sempre acreditaram em
mim, me apoiando em todas as minhas
decisões. Ao meu tio Jose Alves calado (in
memorian) e ao meu noivo Carlos Eduardo por
esta sempre ao meu lado me incentivando em
todos meus ideais. Amo muito todos vocês!

Gabriella de Almeida Calado


4

AGRADECIMENTOS

Agradecemos aquele, que nos permitiu tudo isso, ao longo de toda a nossa
vida, e não somente nestes anos como universitárias, é a Ele que dirigimos nossa
maior gratidão. Deus, mais do que nos criar, deu propósito à nossa vida. Sempre
estiveste ao nosso lado, nas nossas quedas, nas nossas fraquezas, nas lutas e
vitorias. Sabemos que, principalmente neste momento de vitória, estais ao nosso
lado. Obrigado por este presente que agora nos ofereces. Obrigado por tudo que
vimos, ouvimos e aprendemos.
Aos nossos Pais, familiares e amigos, hoje, neste momento especial, envolto
em clima de encantamento e sonho, procuramos seus olhos na platéia... E quando o
encontram consegue-se ler no nosso rosto as palavras que a emoção nos impede
de falar.
Aos verdadeiros Mestres que marcaram às nossas vidas, peças
fundamentais no caminho do saber, que nos orientaram além dos preceitos técnicos
científicos, ofereceram aprendizado para a vida.
Aos colegas, como não falar-lhes? Foram momentos de lutas, fracassos e
vitórias, em uma longa jornada, mas que serviram de aprendizagem e experiências.
Hoje vemos em nós um pouco de cada um que convivemos durante esses anos.
Agradecemos ao nosso orientador Ivanildo Mangueira da Silva, que nos
proporcionou momentos de aprendizagem, possibilitando desenvolver nossos
conhecimentos e potencialidades.
Enfim agradecemos aqueles que de forma direta ou indiretamente nos
ajudaram a chegar até aqui, onde será apenas o início de muitas outras conquistas
que ainda estão por vir.
HÁ TODOS NOSSO MUITO OBRIGADO!
5

Se você deixa de ver a pessoa, vendo


apenas a deficiência, quem é o cego? Se
você deixa de ouvir o grito de seu irmão
por justiça, quem é o surdo? Se você não
pode comunicar-se com sua irmã e a
separa de você, quem é o mudo? Se sua
mente não permite que seu coração
alcance seu vizinho, quem é o deficiente
mental? Se você não se levanta para
defender os direitos de todos, quem é o
aleijado? Nossa atitude com as pessoas
deficientes pode ser nossa maior
deficiência...

(Autor desconhecido)
6

RESUMO

Este estudo busca demonstrar a importância do direito à inclusão da pessoa com


deficiência e os benefícios que a inclusão desses cidadãos traz a sociedade
brasileira. Os deficientes encontram-se impedidos de exercerem plenamente sua
cidadania, na medida em que encontram sérias dificuldades para se locomover no
ambiente construído, tanto dos edifícios públicos como do espaço escolar. Apesar
da legislação existente e do conjunto de normas disponíveis, observa-se que a
maioria das edificações públicas não estão adaptadas para atender as necessidades
de acessibilidade da grande diversidade de usuário. Atualmente todos os esforços
das pessoas com deficiência são no sentido de promover uma inclusão social justa,
possibilitando melhores condições de vida. A pesquisa deste trabalho teve como
requisito os estudos exploratórios, descritivos e explicativos, com métodos
dedutivos, realizada por meio de pesquisa de campo, através de registros
fotográficos e tabelas, onde de forma especifica, se busca verificar a inclusão da
pessoa com deficiência a sociedade por intermédio da educação, e quais os
benefícios que essa inclusão traz não apenas a essas pessoas, mas, notadamente,
para a sociedade como um todo. No entanto, é apresentado o conceito da pessoa
com deficiência, a discriminação por eles sofrida; a análise do principio da igualdade
e do principio da dignidade da pessoa humana e a inclusão social da mesma no
aspecto educacional.

Palavras-chave: inclusão social, pessoa com deficiência e acessibilidade.


7

ABSTRACT

This study seeks to demonstrate the importance of the right to inclusion of people
with disabilities and the benefits that the inclusion of these citizens brings Brazilian
society . Disabled people are prevented from fully exercising their citizenship , in that
encounter serious difficulties in getting built, both public buildings such as the school
environment space . Despite the existing legislation and set of standards available , it
is observed that most of the public buildings are not adapted to meet the accessibility
needs of the wide range of user. Currently all efforts of people with disabilities in
order to promote a just social inclusion , providing better living conditions . The
research of this study was to requirement exploratory , descriptive and explanatory
studies with deductive methods , conducted through field research , through
photographic records and tables where specific manner , we seek to verify the
inclusion of persons with disabilities to society through education , and what benefits
this brings include not only these people , but , notably , for society as a whole.
However , the concept of the person with disabilities is presented , the discrimination
faced by them and the analysis of the principle of equality and the principle of human
dignity and social inclusion in the educational aspect of it.

Keywords : social inclusion , people with disability and accessibility.


8

LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


ONU Organização das Nações Unidas
PCNs Parâmetros Curriculares Nacionais

LISTA DE FIGURAS
9

Figura 1 Entrada principal da escola


Figura 2 Corredor principal da escola
Figura 3 Rampa de acesso a quadra esportiva
Figura 4 Rampa de acesso ao refeitório
Figura 5 Elevador que dar acesso ao 1º andar
Figura 6 Banheiro para cadeirantes
Figura 7 Banheiro sem apoio de barras de apoio
Figura 8 Cadeirante na saída da escola
Figura 9 segunda entrada de acesso
Figura 10 Intérprete na sala de aula com um aluno surdo
Figura 11 Entrada principal da escola
Figura 12 Rampa de acesso ao banheiro
Figura 13 Rampa de acesso a quadra
Figura 14 Rampa de acesso ao refeitório
Figura 15 Refeitório
Figura 16 Corredor principal
Figura 17 Acesso a sala dos professores
Figura 18 Acesso à secretaria
Figura 19 Banheiro
Figura 20 Rebaixamento na entrada da escola
Figura 21 Entrada principal da escola
Figura 22 Corredor principal
Figura 23 Acesso a quadra esportiva
Figura 24 Auditório
Figura 25 Porta de acesso ao banheiro
Figura 26 Banheiro adaptado
Figura 27 Entrada principal da escola
Figura 28 Rampa que dar acesso a cozinha
Figura 29 Rampa de acesso a quadra esportiva
Figura 30 Corredor de acesso a biblioteca
Figura 31 Escada de acesso ao 1º andar
Figura 32 Rebaixamento da entrada da escola
Figura 33 Banheiro com barras de apoio
10

Figura 34 lavatório acessível


Figura 35 Entrada principal da escola
Figura 36 Corredor principal
Figura 37 Espaço para leitura
Figura 38 Rampa de acesso a quadra esportiva
Figura 39 Entrada para o banheiro
Figura 40 Banheiro acessível

SUMÁRIO
11

AGRADECIMENTOS
LISTA DE FIGURAS
RESUMO
ABSTRACT
INTRODUÇÃO ............................................................................................ 1
1
.. 3
FUNDAMENTAÇÃO 1
2
TEÓRICA .................................................................... 6
2. Barreiras Arquitetônicas e Ambientais nas 1
1 Escolas ...................................... 8
2. Barreiras Atitudinais: Pessoas com 2
2 Deficiência ............................................. 4
2. Normas Legais de Garantia dos Direitos das Pessoas com 2
3 Deficiência ....... 6
2. Direitos na Constituição 2
4 Federal .................................................................... 6
2. Tipos de 2
5 Deficiência ....................................................................................... 8
2.5.1 Deficiência 2
Auditiva ............................................................................... 8
2.5.2 Deficiência 2
Física .................................................................................. 8
2.5.3 Deficiência 2
mental ................................................................................. 9
2.5.4 Deficiência 2
Visual .................................................................................. 9
2.5.4.1 2
cegueira ............................................................................................. 9
2.5.4.2 visão 3
reduzida .................................................................................... 0
2.5.4.3 deficiência 3
múltipla ............................................................................. 0
2. Pessoas deficientes e atividades educacionais na 3
6 escola ............................ 0
2. Estrutura Física das escolas e adaptações estruturais para pessoas com
12

deficiência ................................................................................................... 3
7
... 2
2. Família na inclusão de filhos 3
8 deficientes ....................................................... 5
METODOLOGIA ........................................................................................... 3
3
... 7
RESULTADOS E DISCUSSÃO 4
4
....................................................................... 0
4.1 Colégio Cônego João 4
Rodrigues .................................................................. 0
4.2 Escola Rodolfo 4
Paiva .................................................................................... 2
4.3 Escola Estér Siqueira de 4
Souza .................................................................... 5
4.4 Escola Elpídio Barbosa 4
Maciel ...................................................................... 7
4.5 Escola Estadual Lenita F. 4
Cintra ................................................................... 9
CONSIDERAÇÕES 5
5
FINAIS.............................................................................. 2
REFERÊNCIAS ........................................................................................... 5
.. 4
13

1 INTRODUÇÃO

Uma das discussões mais frequentes em grupos de inclusão social é sobre a


igualdade entre as pessoas com deficiência e as demais em termos de direitos e
dignidade, para isso, surge a necessidade de exigir a equiparação de oportunidades,
atendendo às diferenças individuais, sendo dever do Ministério Público Estadual e
do Ministério Público Federal defender o cumprimento das leis e assegurar os
direitos coletivos das pessoas com deficiência.
Para Soares et.al, (2006, p.01) é preciso desmistificar a terminologia
deficiente, independente do tipo que está se tratando. Com o passar do tempo
surgem terminologias tidas como “corretas” ao passo que outras são abandonadas
com o argumento de que estão politicamente incorretas. O que seria mais adequado
falar? Portador de deficiência, pessoa portadora de deficiência, portador de
necessidades especiais ou pessoas com deficiência? Todos são considerados
inadequados por representar valores agregados à pessoa, com exceção do termo
pessoas com deficiência, é comum o uso da terminologia “portadores de
deficiência”.
Todavia, o termo pessoa com deficiência é o que está sendo utilizado na
proposta de Convenção Internacional, para que proteja, defenda e promova os
direitos humanos das pessoas com deficiência em todo o mundo, elaborada e
14

discutida pela Organização das Nações Unidas – ONU; também para indicar que a
deficiência é só mais uma característica dessa pessoa. São indivíduos ativos que
usam outros meios além das pernas para se movimentar, que decifram o ambiente
com outras partes do corpo e não simplesmente com olhos e ouvidos, são aqueles
que lêem com os dedos ou que falam com gestos e pensam por imagens. Vale
lembrar que o uso dessas expressões estava inserido em um contexto social da
época (SOARES et.al 2006, p.01).
A inclusão social de pessoas com deficiência a partir do olhar da
acessibilidade á ambientes escolares na cidade de São Bento do Una, reside na
necessidade de socializar, e consequentemente, incluir socialmente os sujeitos com
as mais diversas deficiências e seus direitos a acessibilidade existentes nesta
cidade. É necessário proporcionar a sociedade e principalmente as pessoas com
deficiência a condição de ter uma deficiência faz parte da pessoa, no entanto, a
mesma não porta sua deficiência.
Os motivos da elaboração desse trabalho apontam o reconhecimento que as
pessoas com deficiência têm capacidade, mesmo que ainda considerada reduzida.
Diante dessas situações observadas em meio à sociedade  e do processo de
inclusão social e socialização de pessoas com deficiências, em idade escolar na
Cidade de São Bento do Una. Por conseguinte serão analisados a educação e
outros direitos das pessoas com deficiência, como: a igualdade social, adaptações
materiais, físicas e sociais, visando proporcionar-lhes condições adequadas de
acesso aos bens sociais de locomoção e que estes se tornem o mais independente
possível, além do direito ao ensino especializado, sempre que necessário, ou seja, a
Educação Especial.
A problemática da acessibilidade de pessoas com deficiência na Cidade de
São Bento do Una vem sendo analisada na perspectiva do conhecimento, das
atitudes e do espaço físico, além de prover uma educação de qualidade, modificar
atitudes discriminatórias, criando comunidades acolhedoras. Enquanto no espaço
social deve, portanto, apresentar condições de acessibilidade as pessoas com
deficiência ou mobilidade reduzida.
A proposta de analisar o comportamento e as dificuldades que as pessoas
com deficiência enfrentam no cotidiano resultou na realização dessa pesquisa como
tentativa de minimizar a situação de precariedade que ainda assola o meio social,
15

onde é de grande relevância enfatizar a prática de inclusão social relacionada a


execução de projetos para essa população.
Este trabalho foi realizado com a finalidade de socializar a inclusão, no
sentido que as pessoas com deficiências pudessem conviver com outras pessoas,
sem que fossem percebidos simplesmente como “deficientes”, mas como cidadãos
dignos de respeito, atenção e oportunidades, ressaltando a obstrução das barreiras
encontradas relacionadas ao preconceito.
Outro aspecto importante desse trabalho foi oportunizar a discussão sobre
um espaço de vivência coletiva, de experiência e de novas relações, socializando e
incluindo estes sujeitos. Não se trata apenas de prestar um atendimento, e sim, de
desenvolver atividades que possam estar sendo coniventes com a proposta de
inclusão social de pessoas com deficiência, estes fatores partem de um diagnóstico
social e buscam contribuir de alguma maneira para a transformação da situação
identificada, fator este que irá modificar de alguma forma, embora a inclusão social
das pessoas com deficiência esteja em pauta nas discussões teóricas, nas
legislações e na mídia, na prática ela ainda reluta por uma naturalidade.
É importante salientar também o interesse do Poder Público em destinar
recursos financeiros em seu orçamento por meio dos planos plurianuais a fim de
efetivar a política pública de atendimento a esta população.
Este trabalho teve como objetivo principal analisar a ocorrência da inclusão
social de pessoas com deficiência a partir do olhar da acessibilidade física em
ambientes escolares. Visando alcança-lo foram traçados os seguintes objetivos
específicos: avaliar a inserção de pessoas com deficiência a partir da observação
das relações sociais estabelecidas no contexto escolar; verificar como se dá o
envolvimento dos deficientes nas atividades educacionais vivenciadas na escola;
averiguar na estrutura física das escolas as adaptações estruturais voltadas para
atender as necessidades das pessoas com algum tipo de deficiência e examinar o
papel da família na inclusão de filhos deficientes nos desafios a serem superados ao
longo da vida.
16

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A discussão sobre a adaptação às pessoas com deficiência não é um fato


novo, mas trata-se da prática de cidadania, partindo da comunidade escolar,
juntamente com a sociedade e apoio dos movimentos sociais de inclusão
principalmente no que diz respeito aos direitos da pessoa com deficiência e da
prática de ensino na diversidade.
Ao reconhecer que as dificuldades enfrentadas nas escolas evidenciam a
necessidade de confrontar as práticas discriminatórias e criar alternativas para
superá-las, a educação inclusiva assume espaço de suma importância no debate
acerca da sociedade contemporânea e do papel da escola na superação da lógica
da exclusão. Os avanços no processo de inclusão social de pessoas com deficiência
referente às necessidades educacionais especiais dependem do interesse político,
legislativo e da própria população.
Para as pessoas sem problemas de locomoção as barreiras passam
despercebidas, mas a disposição da arquitetura estrutural dos mais diversificados
tipos de imóveis são injustas para parcela da população. Esses obstáculos, quando
presentes em empreendimentos de uso público, segregam e discrimina essa
considerável parcela da população ao negar-lhe a possibilidade de acesso utilização
desses.
17

Em decorrência disso, raramente se vê um deficiente físico em locais


públicos. O que se pensa é que os deficientes são uma minoria tão grande que não
se justifica tanto investimento em adaptações, equipamentos e acessos exclusivos.
Porém, na verdade, é o inverso que ocorre, pois as pessoas com deficiência não
frequentam locais públicos por falta de acesso na maioria das oportunidades.
Para reflexão a respeito da inclusão, é importante salientar sua extensão em
relação à acessibilidade em escolas e edifícios públicos, ressaltando-se a
importância de estabelecer o acesso não somente no interior dessas edificações
concretas, mas também a relevância de se adaptar as condições das vias,
estacionamentos e passagens e eliminar o máximo de barreiras que impeçam e
dificultam a circulação das pessoas com algum tipo de deficiência. A inclusão é uma
possibilidade que se abre para o aperfeiçoamento da educação escolar e para o
benefício do aluno com ou sem deficiência. (Gaio, Meneghetti 2010)
É preciso criar possibilidades para que um deficiente se insira na sociedade
e possa exercer sua cidadania. Uma sociedade democrática precisa garantir direitos
individuais e coletivos, incluindo os direitos nos quais os discursos precisam ser
realizados na medida do possível, sem interferência de violência ou de ideologia,
bem como que não haja a negação de direitos que permitam as condições materiais
e culturais para a inserção de cada sujeito na produção do discurso.
Vale salientar que a igualdade deve ser concebida como um procedimento
de inclusão formal e material presente nos discursos de justificação e aplicação das
normas e o direito só é legitimado quando se assegura mecanismos de igualdade de
participação dos sujeitos na sua produção, de modo que cada indivíduo seja
favorecido na pratica inclusiva em todos os segmentos da sociedade.

Só garantindo a igualdade de direitos uma sociedade pluralista será


compreendida também como uma sociedade democrática. Deste modo,
numa sociedade democrática o pluralismo é exercitado através da
convivência de diversos projetos de vida realizados por todos os cidadãos,
na medida do possível (HABERMAS, 2003).

Diante do divulgado acima à inclusão de alunos com deficiências


educacionais no ensino regular, o principio de igualdade lhes garante o direito de
conviver e aprender com os demais alunos, com igualdade de oportunidades e sem
qualquer tipo de discriminação em quaisquer circunstâncias, independente de
qualquer deficiência e suas limitações, porém com capacidade para desenvolver as
18

atividades escolares, tendo em vista que o processo de aprendizagem inclui a


necessidade de interação uns para com os outros.
Segundo Mendes (2006), ”no século XVI iniciou-se a prática da educação
especial por médicos e pedagogos que acreditavam ser possível educar pessoas
vistas na época como ineducáveis”.
Este percurso é necessário destacar as mudanças advindas da ascensão do
capitalismo e da modernização, percebe-se grandes modificações no âmbito escolar
havendo um grande avanço, onde os profissionais da área da educação estão sendo
capacitados para adaptar-se ao novo modelo de ensino, pelo qual as pessoas com
deficiências são inseridas, e neste contexto pode destacar-se a inclusão dos
mesmos.
Atualmente as pessoas com deficiências em virtude do espaço escolar vêm
sendo detectado a inserção dessas pessoas em diversas atividades desenvolvidas
pela gestão, com esta maneira elas não irão se sentir exclusas, e sim aptas para
ampliar suas competências diante das distintas situações encontradas no decorrer
da sua aprendizagem mesmo com suas restrições.
A funcionalidade dos espaços oferece um maior grau de independência
proporcionando conforto para seus usuários. Na verdade, quem possui deficiência
são os meios de transporte, comunicação e edificações em geral. É preciso facilitar
o acesso com menos transtornos, como mais um ato da vida diária. Portanto, o
conceito de acessibilidade é requisito fundamental para Inclusão Social, permitindo
que pessoas com deficiências ou mobilidade reduzida participem de atividades que
incluem o uso de produtos, serviços e informação, além de permitir o uso destes por
todas as parcelas da população. A ideia de acessibilidade [...] oferecem condições
seguras e de autonomia para os usuários com limitações motoras ou com
mobilidade reduzida, no uso dos espaços urbanos, dos equipamentos e das
edificações. (BAPTISTA, CAIADO, JESUS, 2010).

2.1 Barreiras Arquitetônicas e Ambientais nas Escolas

Os obstáculos que a sociedade constrói no espaço urbano, nos edifícios,


nos transportes, nos mobiliários e equipamentos impedem e dificultam a livre
circulação de pessoas, sobretudo as pessoas que sofrem alguma incapacidade
transitória ou permanente.
19

A acessibilidade deve ser garantida a pessoa com deficiência física, visual,


auditiva, mental e múltipla, o que gera várias situações, de acordo com a Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), de acordo com a NBR 9050/94, esta
acessibilidade pode ser garantida com: rampas de acesso ao imóvel, elevadores de
acesso à área externa do imóvel (equipamento eletromecânico de descolamento
vertical) como também internamente, sanitários, piso tátil e direcional,
estacionamento ou garagens reservados, escadas com corrimão, circulação interna
acessível (ABNT, 2004).
Art. 244 - Dispõe sobre a adaptação dos logradouros, dos edifícios de uso
público e dos veículos de transporte coletivos atualmente existentes, a fim de
garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência, conforme o
disposto no artigo 227, § 2º.
Atualmente houve um avanço progressivo em relação a inclusão social,
educacional e no mercado de trabalho de todos os cidadãos. Tal transformação tem
priorizado as melhorias nos meios de acesso e comunicação de pessoas com
deficiência. Muitos destes direitos esbarram em barreiras arquiteturais e sociais. Um
espaço construído, quando acessível a todos, é capaz de oferecer oportunidades
igualitárias a todos os usuários.
Em contrapartida a esses avanços, outros pontos levantados são os que
dizem respeito às infrações e penalidades sobre o compromisso do poder público
com a promoção de campanhas educativas, dirigidas à população em geral,
objetivando conscientiza-la quanto à acessibilidade. Tais progressos visam à
facilitação na transposição de barreiras, no atendimento prioritário e nas ajudas
técnicas, resultando em maior inclusão de deficientes e pessoas com mobilidade
reduzida nos âmbitos sociais, educacionais, profissionais e da saúde.
Segundo Arendt (2009, p.198): “Identificar uma meta não é uma questão de
liberdade, mas de julgamento do certo e errado” [...]. Com tais palavras ficam sendo
aplicado, implementado e desenvolvido de forma correta (como por exemplo, as
melhorias relacionadas a maior promoção de acessibilidade) para que, assim,
possam ser identificadas e viabilizadas futuramente algumas metas a serem
atingidas e cumpridas a respeito da acessibilidade a pessoa com deficiência.
Para que a escola proporcione o acesso à socialização, mencionado acima,
elas devem fornecer as condições mínimas de acessibilidade. Segundo a Lei Nº
8.069, de 13 de Julho de 1990, toda criança deve ter garantia do acesso,
20

permanência e sucesso na escola. Mas, na prática isso não acontece, pois a


mencionada “inclusão” da pessoa com deficiência é estigmatizada por não haver
condições para o seu acesso e permanência nas escolas, sendo responsável pelo
grande índice de evasão escolar.
Para que uma escola tenha acessibilidade, é necessária a inserção de
serviços de apoio especializados na escola regular, atendendo as peculiaridades da
clientela de educação especial. Nessa perspectiva, a fisioterapia deve intervir e
auxiliar no processo de inclusão por meio de ações, como educação em saúde para
os funcionários da escola, pais e alunos, eliminação de barreiras arquitetônicas,
seleção e adaptação de materiais e mobiliários, bem como criação de condições
para que a pessoa com deficiência, com movimentos e posturas favoráveis consiga
realizar as tarefas escolares, tanto na sala de aula, como em atividades extraclasse.

[...] o processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir, em seus
sistemas sociais gerais, pessoas com necessidades especiais e,
simultaneamente, estas se preparam para assumir seus papéis na
sociedade. A inclusão social constitui, então, um processo bilateral no qual
as pessoas, ainda excluídas, e a sociedade buscam, em parceria,
equacionar problemas, decidir sobre soluções e efetivar a equiparação de
oportunidades para todos (SASSAKI, 1997, p. 41).

A escola, enquanto espaço social deve, portanto, apresentar condições de


acessibilidade a todos, inclusive pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.
Além de prover uma educação de qualidade a todas as crianças tem como função,
modificar atitudes discriminatórias, criando comunidades acolhedoras.
Existe um caminho a ser percorrido, contudo, a organização da sociedade e
as administrações escolares inseridas em um novo contexto, apoiadas pelo Sistema
Educacional e Ministério Público podem transformar a situação de exclusão e gerir
uma cultura inclusiva.
A inclusão pressupõe a interação entre pessoas com e sem deficiência,
exigindo ajustes no contexto social. Com isso, a nova concepção da educação de
pessoas com deficiência, na perspectiva da escola inclusiva, põe em evidência a
necessidade da organização do ambiente escolar para ser considerado um espaço
verdadeiramente inclusivo.
Muitas escolas não fornecem condições mínimas de acessibilidade,
enfrentando dificuldades tanto em relação à falta de preparo do corpo docente para
21

trabalhar e orientar os alunos com deficiência física nas atividades físicas ou de


recreação como nas atividades em sala de aula em relação à postura, materiais
escolares, mobiliário adaptado, entre outros, pois não existe nenhum treinamento
que os habilite para desempenhar essas funções.
Constata-se que o impedimento está no ambiente e nas barreiras criadas
neste, que impedem a pessoa com deficiência física de deter isonomia de
possibilidades e igualdade de direitos.
“Compreende-se assim que uma cidade sem barreiras é uma cidade onde
os preconceitos foram minorados” (Paula, Bueno, 2006).
Assim, é possível afirmar que as cidades estão em constante transformação
com o intuito de atender as necessidades de seus habitantes. A aprendizagem e o
lazer são necessidades inerentes ao ser humano, que busca satisfazê-las indo a
bares, cinemas, praça, parques, etc. Portanto, é necessário analisar as condições de
acesso para as pessoas com deficiência das escolas, verificando se as mesmas
possuem acessibilidade que permitem a inclusão das pessoas com deficiência e
analisando se essas pessoas levam em consideração as condições de acesso das
escolas quando selecionam os locais para seus momentos de aprendizagem e lazer.
A acessibilidade deve estar presente no meio urbano, nos transportes e nas
suas mútuas interações, conforme a exigência legal. O objetivo da acessibilidade é
permitir um ganho de autonomia e de mobilidade a uma gama maior de pessoas, até
mesmo àquelas que tenham reduzidas a sua mobilidade ou dificuldade em se
comunicar, para que usufruam dos espaços e das benesses que os ambientes
podem lhe proporcionar.
Para analisar o processo de promoção de acessibilidade nos dias de hoje,
se torna necessário observar várias características na estrutura de barreiras
arquitetônicas de vias e espaços públicos, dos meios de comunicações e
transportes.
As autoridades públicas devem agir dando exemplos e, portanto, são os
primeiros, mas não os únicos protagonistas neste processo. Elas devem:
fortalecer a legislação sobre acessibilidade para garantir que as pessoas
com deficiência tenham o mesmo direito de acesso a todos os recintos
públicos que as outras pessoas (DECLARAÇÃO DE MADRI, 2002).

As pessoas com deficiência também são agentes capazes de modificar o


espaço onde vivem muito se tem feito para permitir que essas pessoas tenham o
direito de viver com mais autonomia e independência, mesmo sabendo que ainda
22

existem inúmeras barreiras que impedem o acesso dessas pessoas a uma vida mais
digna.
Cabe ressaltar a importância dada ao desenvolvimento de contextos
políticos favoráveis para a articulação de parcerias Inter setoriais e priorização das
ações em busca da qualidade e eficácia desde a primeira infância, no entanto se o
que se pretende é abordar o conceito de inclusão na perspectiva de uma analise
social, é necessário um amplo leque de possibilidades que vai da prevenção de
agravos à proteção da saúde, passando pela reabilitação: proteger a saúde da
pessoa com decência; reabilitar a pessoa com decência na sua capacidade
funcional e desempenho humano, contribuindo para a sua inclusão em todas as
esferas da vida social e prevenir agravos que determinam o aparecimento de
deficiências.
As barreiras, relativas a atitudes negativas, arquitetura, comunicações,
sistemas de ensino e aprendizagem, avaliação, exames e organização
educacionais inacessíveis, bem como segregação, precisam ser
erradicadas em um programa planejado e financiado. Alunos cegos e
surdos e aqueles com necessidades de comunicação também precisam ter
total acesso à educação inclusiva em sua forma escolhida de comunicação
(por exemplo, braile, áudio, língua de sinais) (DECLARAÇÃO DE KOCHI,
2003)

Desse modo é importante ressaltar a convivência com os demais, colocando


que ninguém visto isoladamente produz valores, daí a relevância da condição de
convivência, tanto no processo de formação de identidade e aprendizagem quanto
na personalidade. Esse contexto deve englobar a convivência na família, na escola e
na comunidade, visando à participação e inclusão de todos.
Garantir para todas as pessoas o acesso à educação, respeitando a
diversidade e as habilidades individuais. Esse direito deve ser assegurado com
ações inclusivas, levando-se em conta as condições educacionais específicas.
Atender tais necessidades consiste em proporcionar o conhecimento através de
intervenções pedagógicas adaptadas. Para isso, são necessárias adequações:
professor braillista, professor intérprete, materiais adaptados e espaços acessíveis.
Realização de atividades de sensibilização e conscientização, promovidas
dentro e fora da escola a fim de eliminar preconceitos, estigmas e estereótipos, e
estimular a convivência com alunos que tenham as mais diversas características
atípicas (deficiência, síndrome, etnia, condição social etc.) para que todos aprendam
a evitar comportamentos discriminatórios. Um ambiente escolar (e também familiar,
23

comunitário etc.) que não seja preconceituoso melhora a auto-estima dos alunos e
isto contribui para que eles realmente aprendam em menos tempo e com mais
alegria, mais motivação, mais cooperação, mais amizade, mais felicidade e o auxílio
de Pessoas capacitadas em atitudes inclusivas para dar atendimento aos usuários
com deficiência de qualquer tipo.
A escola é a instituição que deve dar o começo de tudo, pois acredita-se que
se ela não alterar seus princípios jamais teremos uma sociedade inclusiva. Cabe a
escola dar o ponto de partida para que outras inclusões ocorram ,preparando-os para
a cidadania, isto inclui orientá-lo para valorizar a particularidade de seu povo.
A inclusão, portanto, causa uma mudança de perspectiva educacional, pois
não se limita a ajudar somente os alunos que apresentam dificuldades na escola,
mas apóia a todos como professor, aluno, pessoal administrativo e para que
obtenham sucesso na corrente educativa geral é preciso que todos estejam
envolvidos.
Segundo Kortmann (apud STOBAUS e MOSQUERA, 2006, p. 229) muitas
vezes, em famílias mal estruturadas, ocorre um desagregador processo de
negação, que pode levar a alienação e a negligência do problema. Outros
pais, após o período inicial imediato de revolta e de não aceitação do fato,
peregrino por consultórios, clínicas e escolas especiais, na ânsia de
encontrar alguém que lhes diga que seu filho não tem nada de anormal.

Compreendendo que a família tem o papel fundamental de amar, educar,


apoiar a criança tendo ela deficiência ou não, esses fatores são fundamentais para
que ela desenvolva sua aprendizagem dentro da sociedade interagindo com outras
pessoas, buscando conhecer outras culturas e trocando conhecimento.
No processo de inclusão é de extrema importância o auxilio da família para
que seus filhos não se sintam prejudicados nem excluídos do meio social e
educacional, onde a inserção começa dentro do lar, e deste meio que ela absorverá
as primeiras e principais informações para que comece a se comunicar com outras
pessoas, pois chegará o momento que ela irá para a escola, no qual esta instituição
de ensino possibilite a interação com outras pessoas ditas normais.
A escola que recebe crianças com deficiências também acabam por
desempenhar, dentro de suas funções educacionais, um papel de assistência às
famílias. O que por consequência poderá trazer maiores possibilidades de êxito em
resultados para os alunos.
24

Essa relação de parceria entre família e escola acontece de forma primordial


nas entrevistas familiares. É importante que os integrantes da escola, sobretudo os
professores e os coordenadores pedagógicos, construam um vínculo com os
membros da família do aluno deficiente . No entanto, os profissionais melhorarão as
suas relações com os familiares tratando a criança deficiente como um indivíduo,
não como um caso. Referindo-se a ela pelo nome, interessando-se em conhecer
suas capacidades, incapacidades e características individuais, em vez de tentar,
simplesmente, classificá-la, categorizá-la.
Contudo, sempre que possível, a escola deve estar acessível à família. Os
familiares que não são receptivos à realidade do filho num dado momento poderão
sê-lo numa outra ocasião. Todavia, os problemas podem mudar, e o melhor para o
aluno seria que os familiares deixassem a escola com o sentimento de que poderão
voltar a ela.
O papel da escola também é acolher o aluno deficiente em seu meio
educacional, levando em consideração que a escola deve se adaptar ao aluno e não
o aluno a escola a partir do momento que existe inclusão escolar, a escola deve
estar com seu plano político pedagógico e professores capacitados a atender as
necessidades especiais desses alunos deficientes. A partir desse contato com
outros alunos essa troca de experiências se tornará necessário, quanto mais cedo
ela começar a brincar com as crianças mais rápidas ela irá se desenvolver
socialmente e também emocionalmente.
A visibilidade de um movimento pela inclusão se refere não apenas as
pessoas com deficiência impulsiona a valorização da diversidade como fator de
qualidade da educação, trazendo à tona a questão do direito de todos à educação e
ao atendimento às necessidades educacionais especiais dos alunos com deficiência.
Nessa visão, promover a participação e o respeito as diferença significa enriquecer o
processo educacional, reconhecendo a importância do desenvolvimento das
potencialidades, saberes, atitudes e competência de todos os alunos.
De acordo com Sanchez, 2005: “ao tratar da educação inclusiva afirma que
esta visa apoiar as qualidades e necessidades de cada um e de todos os alunos da
escola”.
Neste contexto, a educação inclusiva constitui uma proposta educacional
que reconhece e garante o direito de todos os alunos de compartilhar o mesmo
espaço escolar, sem discriminação de qualquer natureza. Dessa forma a educação
25

especial realiza um atendimento especializado e disponibilizando um conjunto de


serviços, recursos e estratégias específicas que favoreçam um processo de
escolarização dos alunos com deficiência.

2.2 Barreiras Atitudinais: Pessoas com Deficiência

Muitas ações aparentemente sem importância nutrem, no dia-a-dia, as


barreiras atitudinais; por exemplo, quando se acredita que só as pessoas que têm
amigos, parentes ou mesmo alunos com deficiência é que devem buscar a inclusão.
Essa ideia, além de fortalecer as barreiras de atitude, constitui um conceito
equivocado de inclusão, pois o ato de incluir não se refere apenas às pessoas com
deficiência, mas a todos os grupos vulneráveis, a todas as pessoas, enfim, a toda a
sociedade. O objetivo não é restringir, mas acolher a singularidade de cada
indivíduo. Daí é que muitos de nós já estamos engajados no processo de
transformação social, mesmo porque desejamos uma sociedade mais humana.
A suposição do professor de que ter um aluno com deficiência é uma
providência divina para que ele possa praticar o bem e a ética, constitui igualmente
uma barreira atitudinal. Nessa linha, alguns professores manifestam a crença de que
a pior coisa que pode acontecer a um estudante é nascer com deficiência. Na
verdade, uma das piores coisas que pode acontecer a um aluno é não ser visto
como sujeito social, pessoa humana que tem conhecimentos preexistentes,
expectativas, sonhos, desejos, etc. As pessoas não são iguais, logo, as diferenças
existentes entre as várias manifestações de deficiência não podem ser niveladas de
uma só maneira, principalmente, por baixo. Desconsiderar a singularidade de cada
aluno é uma barreira atitudinal que interfere na aprendizagem do estudante.
Ao professor, cabe ficar alerta para que não estimule essas barreiras ou as
nutra com seu próprio exemplo, uma vez que muitas outras barreiras atitudinais
podem ser praticadas na escola. Para evitá-las, é importante que nos atentemos
para nosso comportamento e sentimentos em relação ao aluno com deficiência. As
barreiras atitudinais, por vezes, estão imbricadas de tal forma que se confundem,
confundindo ao professor. Mas isso não pode servir de argumento para a
manutenção implícita de preconceitos e discriminações entre os alunos, contra os
alunos, ou contra quem quer que seja.
26

As barreiras atitudinais não são concretas, em essência, na sua definição,


no entanto, materializam-se nas atitudes de cada pessoa. Com efeito, não há como
explicitar todas as suas formas numa lei, mesmo porque não se têm classificados
todos os tipos de barreiras atitudinais. Esse é um desafio para as pessoas que se
preocupam com a educação, a sociedade e a inclusão.
Com efeito, a forma de exclusão manifestada nas falas de alguns
profissionais da educação, bem como de alguns pais e de estudantes sem
deficiência (por exemplo, designando um aluno como “especial”, adjetivando-o como
“agressivo” e substantivando-o como a pessoa com “síndrome de Down”, o “surdo”,
o “retardado”, o “doido”, etc.) leva o aluno com deficiência a uma situação de
segregação, sustentando o modelo de educação especial, fortalecendo o
preconceito e a marginalização da pessoa com deficiência no contexto escolar.
De acordo com Sassaki (2003), em junho de 1994, com a Declaração de
Salamanca, preconizou-se a educação inclusiva. Contudo, nem isso, nem o
fato de se ter passado a reconhecer os indivíduos com deficiência como
pessoas foram suficientes para derrubar barreiras atitudinais, as quais
dificultam e, mesmo impedem o ingresso e permanência de crianças com
deficiência nas escolas.

Não obstante, o status de pessoa, recentemente adquirido, não impediu as


pessoas com deficiência de continuarem a sofrer com as várias formas de barreiras
atitudinais, comunicacionais, de acessibilidade, entre outras. Assim, e esteados no
entendimento de que as barreiras atitudinais alicerçam as demais, como a
manutenção de estigmas e de ações de marginalização em relação às pessoas com
deficiência está presente no cotidiano da escola e como se enraízam no ambiente
escolar.

2.3 As Normas Legais de Garantia dos Direitos das Pessoas com Deficiência

Pode-se perceber que a inclusão social das pessoas com deficiência


depende do seu reconhecimento como pessoas, que apresentam necessidades
especiais geradoras de direitos específicos, cuja proteção e exercício dependem do
cumprimento dos direitos humanos fundamentais.
27

2.4 Normas Legais de Garantia dos Direitos das Pessoas com Deficiência,
Direitos na Constituição Federal

Logo no artigo 1° da Constituição são mencionados dois dos fundamentos


que amparam os direitos de todos os brasileiros, incluindo, é claro, as pessoas com
deficiência: a cidadania e a dignidade.

Cidadania: é a qualidade de cidadão. E cidadão é o indivíduo no gozo de


seus direitos civis, políticos, econômicos e sociais numa sociedade, no desempenho
de seus deveres para com esta.

Dignidade: é a honra e a respeitabilidade devida a qualquer pessoa provida


de cidadania. São fundamentos que orientam os objetivos de nossa República, tais
como, “construir uma sociedade livre, justa e solidária “; “erradicar a pobreza e a
marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais” e “promover o bem
de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminação”.

A expressão o bem de todos indica que os direitos e deveres da cidadania


pressupõem que todos são iguais perante a lei, com a garantia de que são
invioláveis o direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade
(Artigo 5°).

Todavia, as pessoas com deficiência possuem necessidades especiais que


as distinguem das outras. Desta forma, é importante compreender que, além dos
direitos relativos a todos, as pessoas com deficiência devem ter direitos específicos,
que compensem, na medida do possível, as limitações e/ou impossibilidades a que
estão sujeita. Por isto é preciso repetir que os não deficientes e as pessoas com
deficiência são iguais, no sentido de uma igualdade apenas abstrata e formal, isto é,
que não considera as diferenças existentes entre os dois grupos. E que as pessoas
com deficiência apresentam necessidades especiais, que exigem um tratamento
diferenciado para que possam realmente ser consideradas como cidadãos.

É fundamental criar oportunidades para que as pessoas possam inserir-se


na sociedade do conhecimento visando atender as necessidades sociais. Não
restam dúvidas sobre a importância da inclusão no cenário mundial e nacional como
meio de propiciar a construção-reconstrução e socialização de conhecimentos,
visando à transformação da realidade para um melhor contexto individual e social.
28

Para incluir todas as pessoas, a sociedade deve ser modificada a partir da


compreensão de que ela é que precisa ser capaz de atender às necessidades de
seus membros.

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais – Necessidades


Educacionais Especiais (BRASIL, 1998, p.18), a prática da inclusão social repousa
em alguns princípios importantes, como a aceitação das diferenças individuais;
valorização de cada pessoa; convivência dentro da diversidade humana e
aprendizagem através da cooperação.

A igualdade social deve ser vista como um instrumento estratégico para


desenvolvimento econômico, social, cultural e político do Estado e de seu povo, e
para a garantia dos direitos básicos de cidadania e da liberdade pessoal,
concebendo a escolarização como um direito do cidadão e um patrimônio da
sociedade. Assim, sua administração, planejamento e execução devem se dar da
forma mais ampla e democrática possível, abrindo espaço para todas as
concepções, culturas, etnias, princípios e orientações, respeitando os conteúdos
expressos na legislação nacional e estadual.

2.5 Tipos de Deficiência

Segundo o Decreto Federal nº 3.956 de 2001, entende-se que deficiência é


a perda ou anormalidade de estrutura ou função psicológica, fisiológica ou
anatômica, temporária ou permanente, que limita a capacidade de exercer uma ou
mais atividades essenciais da vida diária, causada ou agravada pelo ambiente
econômico e social. Incluem-se nessas a ocorrência de uma anomalia, defeito ou
perda de um membro, órgão, tecido ou qualquer outra estrutura do corpo, inclusive
das funções mentais. Representa a exteriorização de um estado patológico,
refletindo um distúrbio orgânico ou uma perturbação no órgão.

2.5.1 Deficiência Auditiva

Perda total ou parcial, congênita ou adquirida, da capacidade de


compreender a fala por intermédio do ouvido e que, segundo os Parâmetros
29

Curriculares Nacionais – Necessidades Educacionais Especiais (BRASIL, 1998b),


que manifesta-se como: surdez leve/moderada: perda auditiva até 70 decibéis, que
dificulta, mas não impede o indivíduo de se expressar oralmente, bem como de
perceber a voz humana, com ou sem a utilização de um aparelho auditivo; surdez
severa/profunda: com perda auditiva acima de 70 decibéis, que impede o indivíduo
de entender, com ou sem aparelho auditivo, a voz humana, bem como de adquirir,
naturalmente, o código da língua oral (p. 25).

2.5.2 Deficiência física:

Pode ser definida como “diferentes condições motoras que acometem as


pessoas comprometendo a mobilidade, a coordenação motora geral e da fala, em
consequência de lesões neurológicas, neuromusculares, ortopédicas, ou más
formações congênitas ou adquiridas” (BRASIL, 2004).

De acordo com o Decreto 5.296 de 2 de Dezembro de 2004, deficiência física é:


[...] alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo
humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se
sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia,
tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia,
ostomia, amputação, ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo,
membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades
estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de
funções (BRASIL, 2004, p. 02).

2.5.3 Deficiência mental

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais – As Necessidades


educacionais Especiais (BRASIL, 1999b) caracteriza-se por registrar um
funcionamento intelectual geral significativamente abaixo da média, oriundo do
período de desenvolvimento, concomitante com limitações associadas a duas ou
mais áreas da conduta adaptativa ou da capacidade do indivíduo em responder
adequadamente às demandas da sociedade, nos seguintes aspectos: comunicação,
cuidados pessoais, habilidades sociais, desempenho da família e comunidade,
independência na locomoção, saúde e segurança, desempenho escolar, lazer e
trabalho (p.26).
30

2.5.4 Deficiência Visual

É a redução ou perda total da capacidade de ver com o melhor olho e após a


melhor correção ótica. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais–
Necessidades Educacionais Especiais (BRASIL, 1999, p. 53), manifesta-se como:

2.5.4.1 Cegueira

Perda da visão, em ambos os olhos, de menos de 0,1 no melhor olho após


a correção, ou um campo visual não excedente a 20 graus, no maior meridiano do
melhor olho, mesmo com o uso de lentes de correção. Sob o enfoque educacional, a
cegueira representa a perda total ou o resíduo mínimo da visão que leva o indivíduo
a necessitar do método Braille como meio de leitura e escrita, além de outros
recursos didáticos e equipamentos especiais para a sua educação.

2.5.4.2 Visão reduzida

Acuidade visual dentre 6/20 e 6/60, no melhor olho, após correção máxima.
Sob o enfoque educacional, trata-se de resíduo visual que permite ao educando ler
impressos a tinta, desde que empreguem recursos didáticos e equipamentos
especiais (p.26-27).

2.5.4.3 Deficiência múltipla

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais - Necessidades


Educacionais Especiais (BRASIIL, 1999b) é a associação, no mesmo indivíduo, de
duas ou mais deficiências primárias (mental/visual/auditiva/física), com
comprometimentos que acarretam atrasos no desenvolvimento global e na
capacidade adaptativa.
31

Uma definição clara destacando a realidade apresentada pelas pessoas com


deficiência: “Falar de vidas que não é tão fácil serem vividas, muitos delas marcada
pelas dificuldades físicas, econômicas e sociais, sem deixar de falar do preconceito
por uma sociedade que desrespeitam e fere os direitos da pessoa com deficiência”
(LIMA, 2007. p. 208).

2.6 Pessoas deficientes e atividades educacionais na escola

A educação escolar é uma instância educativa que trabalha com o


desenvolvimento do educando, estando atenta às suas habilidades sem deixar de
considerar significativamente a formação das convicções. Considerando-se que o
desenvolvimento e a aprendizagem têm natureza interativa, ao identificar as
necessidades educacionais de qualquer aluno, traduzidas como manifestações de
dificuldades, tais dificuldades relacionando-as às respostas educativas da escola, ou
seja, às medidas organizacionaisprovida pela escola e pela professora em sala de
aula, envolvendo recursos humanos, financeiros e materiais para fazer frente a tais
dificuldades. Deve-se analisar o processo de ensino e aprendizagem, com a
colaboração e apoio dos professores, especialistas e a família, fazendo com que
esses estudantes progridam na sua aprendizagem.
Para que os alunos com e sem deficiência possam exercer o direito à
educação em sua plenitude, é indispensável que essa escola aprimore suas
práticas, a fim de atender às diferenças, onde a transformação da escola não é,
portanto, uma mera exigência da inclusão escolar de pessoas com deficiência e/ou
dificuldades de aprendizado. Assim sendo, ela deve ser encarada como um
compromisso inadiável das escolas, que terá a inclusão como consequência.
Uma escola se distingue por um ensino de qualidade, sendo ela capaz de
formar pessoas nos padrões requeridos por uma sociedade mais evoluída e
humanitária, quando consegue aproximar os alunos entre si, seja ele deficiente ou
não, tratar os conteúdos acadêmicos como meios de conhecer melhor o mundo e as
pessoas que os rodeiam. Nessa perspectiva os alunos são ensinados a valorizar as
diferenças, pela convivência com seus pares, pelo exemplo dos professores, pelo
32

ensino ministrado nas salas de aula, pelo clima afetivo das relações estabelecidas
em toda a comunidade escolar.

De acordo com Freire (1978)

Certamente um professor que engendra e participa da caminhada do saber


com seus alunos consegue entender melhor as dificuldades e as
possibilidades de cada um e provocar a construção do conhecimento com
maior adequação.

É fundamental que o professor nutra uma elevada expectativa pelo aluno,


pois o sucesso da aprendizagem está em explorar talentos, atualizar possibilidades,
desenvolver predisposições naturais de cada aluno. As dificuldades, deficiências e
limitações precisam ser reconhecidas, mas não devem conduzir ou restringir o
processo de ensino, como habitualmente acontece.
No campo da educação, a inclusão envolve um processo de reforma e de
reestruturação das escolas como um todo, incluindo o currículo, a avaliação, as
decisões tomadas sobre o agrupamento dos alunos nas escolas e as práticas de
sala de aula, bem como as oportunidades de esporte, lazer e recreação.
Atender às diferenças, atender às necessidades especiais, mudar o olhar da
escola, pensando não a adaptação do aluno, mas a adaptação do contexto escolar aos
alunos. Isso significa torná-lo múltiplo, rico de experiências e possibilidades, pronto para
viver, conviver com o diferente, rompendo barreiras humanas e arquitetônicas, criando
novos conceitos, dando novos sentidos a aprendizagem e, consequentemente, o
desenvolvimento humano.

2.7 Estrutura física das escolas e adaptações estruturais para pessoas com
deficiência

Promover a acessibilidade nos ambientes escolares com ganho de


funcionalidade é garantia de melhor qualidade de vida para todos os cidadãos.
Garantindo autonomia, derrubam-se preconceitos e favorecem-se práticas inclusivas
para todos, mas principalmente para as pessoas com deficiência, incapacidades e
dificuldades na mobilidade.
As barreiras físicas constitui uma forma de exclusão principalmente no
ambiente escolar, um meio físico acessível pode ser extremamente libertador e pode
33

transformar a possibilidade de integração entre as pessoas com deficiência e o seu


desempenho. Os ambientes inacessíveis são fatores que contribuem na dificuldade
de inclusão nas escolas para essas pessoas e podendo determinar que alguns
sejam excluídos. O meio pode reforçar uma deficiência valorizando um impedimento
ou torná-la sem importância naquele contexto.
Segundo Piaget (apud KRAMER, 2000, p.29; LIMA; PINTO e
NASCIMENTO, 2010) "o desenvolvimento resulta de combinações entre que o
organismo traz e as circunstâncias oferecidas pelo meio [...] e os esquemas de
assimilação vão se modificando progressivamente, considerando estágios de
desenvolvimento".
Portanto, a estrutura física de um ambiente interfere de forma significativa no
processo de inclusão e aprendizagem, onde o espaço físico de uma escola deve ser
adaptado para atender as necessidades sociais, cognitivas e motoras dos alunos.
Uma estrutura física de um espaço escolar deve ser elaborada com a devida
consciência de seus usuários, onde as adaptações serão necessária para as
pessoas com deficiência, independente da sua necessidade de locomoção. Vale
ressaltar que a acessibilidade é um fator de inclusão, onde todos os ambientes,
principalmente escolas devem aderir a este conceito.
Ao receber os alunos, onde a instituição de ensino encontra-se com
barreiras que impedem a alguns o simples acesso à sala de aula, ao computador ou
a ida ao banheiro com autonomia, está instaurado um poderoso fator de exclusão
social e não haverá inclusão de fato. É preciso que a infra-estrutura da escola seja
coerente com os princípios de inclusão, e o respeito a estes alunos, através do
cuidado com instalações aptas a recebê-los sem restrições, em um ambiente atento
às suas diferenças.
Augustin Escolano (2001) contribui dizendo que:

A arquitetura escolar é também por si mesma um programa, uma espécie


de discurso que institui na sua materialidade um sistema de valores, como
os de ordem, disciplina e vigilância, marcos para a aprendizagem sensorial
e motora [...]. (2001, p. 26).
.
As barreiras de acessibilidade são referidas como as maiores dificuldades,
pois muitas vezes, são devido à inadequação de rampas, banheiros, corredores,
salas de aula e transportes coletivos, que o aluno com mobilidade reduzida, fica
34

muitas vezes impedido do acesso à educação. Onde muitas vezes o ambiente


educacional costuma apresentar barreiras que impossibilita esses alunos de
participarem das atividades educacionais e não há transporte público acessível
adequado para locomover as pessoas com deficiência.
Em muitos casos de construção, são realizadas obras de adaptação de
escolas devido à solicitação para atendimento às necessidades de determinado
aluno com deficiência, quando encaradas desse modo, resultam em adaptações
pobres em termos de solução, tanto quanto à operacionalidade, como quanto aos
materiais empregados, já que não são entendidas como benfeitorias incorporadas às
melhorias definitivas do prédio e, portanto, não merecedoras de muita atenção ou
investimento.
De modo geral, a "implantação da acessibilidade", sejam em equipamentos,
edifícios e adaptações, é muito artesanal, em termos de produtos ou projetos. Os
resultados são limitados em sua abrangência e custo. Muitas reformas são
executadas de forma improvisada. Às vezes é atendida a condição para
acessibilidade física, mas a falta de informação acaba por anular seus resultados,
como por exemplo, ocorre com os banheiros acessíveis que se tornam depósitos ou
estão sempre fechados.
O direito ao acesso sem restrições está garantido pela legislação brasileira
atual e do ponto de vista econômico e social, é de interesse do Estado e de toda a
sociedade o interesse no incentivo à eliminação de barreiras arquitetônicas e a um
ambiente integrador, que permita o desenvolvimento e produção de todo indivíduo.
O espaço acessível não só agrega qualidade de vida e melhora a produtividade e o
desempenho das funções em geral, mas traduz algo mais sobre os valores culturais
de quem oferece aquele espaço.
Ressalta Ribeiro (2004, p.103) Ao longo do tempo, a noção de espaço foi
sendo reconstruída, ressignificada, enriquecida, deixando de ser vista apenas em
sua dimensão geométrica, para assumir também a dimensão social.
Advém que, em diversos casos, são destinados os recursos necessários e
realizadas as obras de adaptação, mas estas não atendem às normas técnicas ou
padrões mínimos necessários para que sejam eficientes, tornando-se por vezes
inadequadas ou ociosas. É preciso, portanto investir-se na informação técnica dos
profissionais de educação, arquitetura, engenharia, transportes e outras áreas, que
sejam responsáveis pela infra-estrutura das escolas. Podem ser elaborados
35

instrumentos que facilitem às escolas, que percebam e avaliem seu grau de


acessibilidade para pessoas com deficiências físicas, visuais, auditivas, etc.
A acessibilidade em todos os níveis é indispensável à inclusão de todas as
pessoas na sociedade da informação e do conhecimento. Deve-se contar com as
formas adequadas de divulgação sobre os conceitos de inclusão, acessibilidade e
deficiência como importantes aliadas neste processo de inclusão social, e a
eliminação de exclusão, derrubando as barreiras que impedem as pessoas com
deficiência de progredir em seus projetos e atividades.
A acessibilidade é um direito do cidadão assegurado por lei para que os
portadores de deficiência tenham a possibilidade de usufruir de recursos e ações no
âmbito social. Barreiras arquitetônicas interferem na vida destes podendo deixá-los a
parte da convivência e vida social. ( LAMONICA, 2008, p.02)
Não obstante, tais estruturas se tornam insuficientes para suprir as
necessidades das pessoas com deficiência no espaço escolar, devendo ser
organicamente adaptada por meio de intervenções legais e políticas à especificidade
local, pois se não for detido, esta nova visão educacional não será possível romper
com velhos paradigmas e fazer a reviravolta que a inclusão propõe.

2.8 Família na inclusão de filhos deficientes

Ao tratar da visão dos pais a respeito da inclusão de crianças com


deficiências nas escolas regulares, LEYSER e KIRK (2004) relatam que os
pais,muitas vezes, percebem os benefícios sociais e emocionais da inclusão, porém
preocupam-se com um possível isolamento social dentro da escola, atitudes
negativas com relação aos seus filhos e falta de conhecimento por parte dos
professores com relação às necessidades especiais de seus filhos. Os pais das
crianças mais novas ou com deficiências mais leves foram os que mais apoiaram a
inclusão. Como se percebe, a escola, ao preparar-se para incluir todos os alunos,
deve ter um papel relevante de prestar esclarecimentos e oferecer informações
também para os pais das crianças que serão inclusas, visto que estes muitas vezes
não conhecem as possibilidades de seus filhos ou os benefícios dos quais eles
podem usufruir.
A família e a escola são dois elementos muito importantes na socialização
do indivíduo na medida em que os dois influenciam diretamente na educação do
36

mesmo, contribuindo para a sua realização pessoal e concretização dos seus


projetos ao longo da sua vida.

A família corresponde a uma instituição que exerce uma influência


significativa durante todo o processo de desenvolvimento do indivíduo,
sendo encarada, geralmente, como um grupo que apresenta uma
organização complexa e que está inserido em um contexto social mais
amplo, mantendo com este constante interação. (BIASOLI-ALVES, 2004).

Refletindo sobre a importância da família para o desenvolvimento dos


indivíduos, faz-se necessário pontuar que as influências exercidas por essa
instituição variam de acordo com as transformações inerentes ao próprio âmbito
familiar, as quais exigem adaptações constantes nas relações estabelecidas entre
os membros que constituem a mesma.
Uma das dificuldades dessas famílias é a de encontrar um ambiente escolar
efetivamente preparado, as constantes recusas e eventuais preconceitos que ainda
se fazem presentes, mas os responsáveis por essas crianças e jovens não podem
desanimar no cumprimento do seu dever: o de garantir aos seus filhos o direito de
acesso à educação.
Devemos lembrar que as pessoas com deficiência têm sua cidadania
usurpada quando seus direitos são negados. O importante é que a família esteja
sempre pronta a garantir o acesso à escola, ciente de suas responsabilidades nesse
papel. Deixar de mandar seu filho à escola pode significar solução imediata, mas em
longo prazo as consequências podem ser danosas, tendo em vista que a educação
é um direito humano fundamental. Sendo assim, difundir essas mudanças de ideias,
de atitudes, de relacionamentos com as diferenças individuais e com o modo como
cada um se constitui busca-se, com a participação da família a construção de uma
sociedade inclusiva, visando, o desenvolvimento pessoal e a igualdade de condições
para o acesso e permanência na escola.
37

3 METODOLOGIA

A presente pesquisa trata-se de um estudo exploratório, descritiva e


explicativa, com métodos dedutivos, realizada por meio de pesquisa de campo,
centrada em fatos objetivamente observáveis, mapeando as condições de
acessibilidade ao deficiente no ambiente escolar da cidade de São Bento do Una,
abordando como categoria de analise: a deficiência de forma geral, dando ênfase a
inclusão e a acessibilidade a pessoa com deficiência.
A coleta de dados da pesquisa foi realizada durante os meses de março a
Junho de 2013. Foi elaborado a partir dos parâmetros estabelecidos pela Norma
Brasileira - NBR 9050 da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT 2004,
discriminando as condições ideais de acesso estabelecidas nesta norma, permitira
mobilidade e permanência dos alunos com deficiência na escola selecionada.
O instrumento de coleta de dados foi realizado através de registro fotográfico
e pesquisa que constou de dados de identificação da escola; existência de
deficientes, dados referentes às condições de acesso, nos quais se abordou o
acesso ao prédio e seu interior, circulação interna; acesso por rampas e escadas;
espaços das salas de aula, características dos mobiliários presentes, instalações
sanitárias quanto à localização, lavatórios, tipo de piso e existência de barras de
apoio, bem como suas características e a existência de bebedouros adaptados.
Os dados foram apresentados em forma de tabela e registro fotográfico,
para a análise dos dados, e apresentação da frequência de ocorrências que facilitam
a mobilidade da pessoa com deficiência. Nessa perspectiva de estudo das pessoas
38

com deficiência objetivou-se superar as dificuldades que impedem que as práticas


do educador se articulem no processo de ensino e aprendizagem, no aspecto
inclusivo, com o propósito de orientar para que as políticas de inclusão educacional
sejam reconhecidas, analisando também as adaptações necessárias para a pessoa
com deficiência no âmbito escolar.
Foram estudadas cinco escolas, sendo elas: Colégio Cônego João
Rodrigues, Escola Estadual Lenita Fontes Cintra, Escola Rodolfo Paiva, Escola
Elpídio Barbosa Maciel e Ester Siqueira de Souza, sendo elas escolas públicas,
todas localizadas no espaço Urbano.
As escolas em pesquisa evidenciam variáveis independentes, a estrutura
física muitas vezes impossibilita a pessoa com deficiência de participar do âmbito
escolar, por esta instituição apresentar dificuldades de locomoção, ausência de
intérpretes para que o aluno surdo tenha a possibilidade de interagir juntamente com
os outros alunos não surdos. Até mesmo no ambiente tecnológico, é possível
observar a carência de aparelhos adaptados para atender a demanda da população
com deficiência. A falta de braillistas que consequentemente acarreta na exclusão.
Vale ressaltar a importância da participação dos pais no desenvolvimento do seu
filho com deficiência, onde a interação da família possibilita um grande desempenho
nas atividades educacionais.
Dessa forma ambientes que não são devidamente preparados para receber
essas pessoas, podem contribuir para a exclusão das mesmas que acabam por se
sentir as margens do contexto social. São fatores que permeiam a sociedade e
quem sofre as consequências são as pessoas que por algum motivo tem mobilidade
reduzida.
Todos os ambientes devem ser desenhados de forma a não segregar ou
excluir pessoas, promovendo a socialização e a integração entre indivíduos
com diferentes condições físicas, mentais e sensoriais. Desta forma,
ambientes e equipamentos adaptados não devem ser isolados dos de mais
espaços, possibilitando o uso independente, na medida do possível, por
indivíduos com habilidades e restrições diferentes (SCHIRMER et al, apud
DISCHINGER,2007,p.106).

Dentre os vários entraves que limitam a inclusão social estão as barreiras


físicas, como: obstáculos físicos, naturais ou construídos que dificultam ou impedem
o livre acesso e a circulação de pessoas que sofrem de alguma incapacidade
transitória ou permanente. Todos esses empecilhos levam a pessoa com deficiência
39

a se sentir desmotivada e sem apoio para continuar sua trajetória no espaço


educacional.
Diante da pesquisa realizada é notável as variáveis dependentes, onde cabe a
escola ingressar no “mundo” acessível, que permita novos métodos de ensino para as
pessoas com deficiência, onde são aspectos de grande relevância para essas pessoas. É
necessário que os direitos das mesmas sejam cumpridos, pois educação de qualidade se
obtém através dos comprometimentos de leis que visão a igualdade para todos
independente de deficiências.
Nessa perspectiva pode ser analisado que esses indivíduos ainda sofrem
com a falha na arquitetura, na educação e no ambiente social, onde são fatores que
contribuem na evasão escolar, na discriminação, em outras palavras na exclusão,
assim são consequências fáceis de serem observadas.
Nesse contexto, se faz necessário a eliminação total de barreiras que
bloqueiam as oportunidades das pessoas com deficiência de serem incluídas no
espaço educacional e social, possibilitando grandes avanços.
40

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 O Colégio Cônego João Rodrigues

É composto de quatro blocos, não interligados, cada um deles está


construído em níveis iguais, pois o terreno da escola é amplo. O percurso interno da
escola possui piso com cerâmica antiderrapante, existem rampas de acesso aos
cadeirantes, dentro dos padrões da norma técnica (NBR 9050/2004), todas as salas
de aula são acessíveis, com banheiro acessível, mas não possuem barra de apoio, a
escola possui elevador que dar acesso ao primeiro andar.

Figura 1: Entrada principal da escola Figura 2:Corredor principal da escola


41

Figura 3:Rampa de acesso a quadra esportiva Figura 4:Rampa que dar acesso ao refeitório

Figura 5:Elevador que dar acesso ao 1º andar Figura 6: Banheiro para cadeirantes
42

Figura 7: Banheiro sem barras de apoio Figura 8: Intérprete com um aluno surdo

Figura 9: Cadeirante na saída da escola Figura 10:segunda entrada de acesso

Pode-se verificar a dificuldade que uma pessoa com deficiência enfrenta


diante da figura 7, onde é observável a inexistência da barra de apoio, causando
assim constrangimento ao aluno na sua privacidade, pois sem as mesmas ele irá
depender de outra pessoa para se locomover.

4.2 Escola Rodolfo Paiva

É composto de dois blocos, não interligados, cada um deles estão


construídos em níveis iguais, pois o terreno da escola é amplo. O percurso interno
da escola possui piso antiderrapante, existem rampas de acesso aos cadeirantes,
43

dentro dos padrões da norma técnica (NBR 9050/2004), a escola possui rampas que
dão acesso a todos os repartimentos da instituição, todas as salas de aula são
acessíveis, entretanto a mesma não possui banheiro acessível. Mesmo com essas
adaptações a escola não possui alunos com deficiência.

Figura 11: Entrada principal da escola Figura 12: Rampa de acesso ao banheiro

Figura 13: Rampa de acesso a quadra Figura 14: Rampa que dar acesso ao refeitório
44

Figura 15:Refeitório Figura 16: Corredor Principal

Figura 17: Acesso a sala dos professores Figura 18: Acesso à secretaria
45

Figura 19: Banheiro Figura 20: Rebaixamento na entrada da escola

Diante da figura 19, pode-se observar que este repartimento da escola, não
é acessível, onde a largura, o espaço não é adequado para uma pessoa com
deficiência, até mesmo por a ausência das barras de apoio, pois de acordo com a
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a NBR 9050/94, esta
acessibilidade pode ser garantida com: [...] sanitários e piso tátil (ABNT, 2004).

4.3 Escola Ester Siqueira de Souza

É composta de um bloco principal, onde dar acesso a todas as salas, a


escola é construída em níveis iguais, pois o terreno da escola é amplo. O percurso
interno da escola possui piso liso, existem rampas de acesso aos cadeirantes, mas
não está dentro dos padrões da norma técnica (NBR 9050/2004), a escola possui
rampas que dão acesso apenas a entrada principal, todas as salas de aula são
acessíveis, possui banheiro acessível. Entretanto a escola não possui alunos com
deficiência.

Figura 21: Entrada principal da escola Figura 22: Corredor principal


46

Figura 23: Acesso a quadra esportiva Figura 24: Auditório

Figura 25: Porta de acesso ao banheiro Figura 26: Banheiro adaptado

Visivelmente é possível observar que a rampa da figura 21 e a área de


acesso a quadra esportiva como mostra na figura 23, ambas não possui adaptações
necessária para locomoção de pessoas com deficiência, pois há limitações no
acesso. Augustin Escolano (2001) contribui dizendo que:

A arquitetura escolar é também por si mesma um programa, uma espécie


de discurso que institui na sua materialidade um sistema de valores, como
os de ordem, disciplina e vigilância, marcos para a aprendizagem sensorial
e motora [...]. (2001, p. 26).
47

É necessário também destacar a ausência de acessibilidade na figura 24,


onde não é possível um cadeirante por si só ter acesso a este ambiente, com isso
causa a exclusão, pois em atividades diferenciadas este aluno fica impossibilitado de
participar junto aos demais. Como ressalta SASSAKI:

[...] A inclusão social constitui, então, um processo bilateral no qual as


pessoas, ainda excluídas, e a sociedade buscam, em parceria, equacionar
problemas, decidir sobre soluções e efetivar a equiparação de
oportunidades para todos (SASSAKI, 1997, p. 41).

4.4 Escola Elpidio Barbosa Maciel

É composta de dois blocos, não interligados, cada um deles está construídos


em níveis iguais, pois o terreno da escola é amplo. O percurso interno da escola
possui piso antiderrapante, existem rampas de acesso aos cadeirantes, dentro dos
padrões da norma técnica (NBR 9050/2004), a escola possui rampas que dão
acesso a todos os repartimentos da instituição, exceto ao primeiro andar, todas as
salas de aula são acessíveis, possui banheiro acessível. Mesmo com essas
adaptações a escola não possui alunos com deficiência.

Figura 27: Entrada principal da escola Figura 28: Rampa que dar acesso a cozinha
48

Figura 29: Rampa de acesso a quadra esportiva Figura 30: Corredor de acesso a biblioteca

Figura 31: Escada de acesso ao 1º andar Figura 32: Rebaixamento da entrada da escola

Figura 33: banheiro com barras de apoio Figura 34: lavatório acessível
49

Foi possível observar na figura 31, a deficiência na arquitetura, onde mostra


a ausência de rampa ou elevador para que uma pessoa com deficiência tenha
acesso ao 1º andar. Acrescentando com as palavras de KOCHI:

As barreiras, relativas a atitudes negativas, arquitetura, comunicações,


sistemas de ensino e aprendizagem, avaliação, exames e organização
educacionais inacessíveis, bem como segregação, precisam ser
erradicadas em um programa planejado e financiado.[...] (DECLARAÇÃO
DE KOCHI, 2003)

4.5 A Escola Estadual Lenita Fontes Cintra

É composta de dois blocos, não interligados, cada um deles está construído


em níveis iguais, pois o terreno da escola é amplo. O percurso interno da escola
possui piso antiderrapante, existem rampas de acesso aos cadeirantes, mas não
dentro dos padrões da norma técnica (NBR 9050/2004), exceto a rampa da entrada
da escola, a mesma possui rampas que dão acesso a alguns repartimentos da
instituição, todas as salas de aula são acessíveis e possui banheiro acessível.

Figura 35: Entrada principal da escola Figura 36: Corredor principal


50

Figura 37: Espaço para leitura Figura38:Rampa de acesso a quadra esportiva

Figura 39: Entrada para o banheiro Figura 40: Banheiro acessível

Analisando as figuras 38 e 39, percebe-se a ausência de uma estrutura


adaptada para um cadeirante, onde fica evidente nessas figuras. (...) Barreiras
arquitetônicas que interferem na vida destes podendo deixá-los a parte da
convivência e vida social. (LAMONICA, 2008, p.02)

4.6 Estrutura física da e adaptações estruturais para pessoas com deficiência


(1) (2) (3) (4) (5)
VARIÁVEL OBSERVADA Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não

Rampa de Acesso
51

Presença de rampa X X X X
X
Largura livre com mínimo de 1,20 X X X X
X
Ressaltos laterais altura 0,05m X X X X
X
Inclinação 12,5% X X X X
X
Circulação externa

Rampa de acesso na entrada da escola X X X X


X
Rebaixamentos de meio-fio em pontos estratégicos X X X X
X
Circulação Interna

Largura 0,90m X X X X
X
Piso regular, estável e antiderrapante X X X X
X
Quadra com espaço acessível X X X X
X
Banheiros

Largura da porta 0,90m X X X X


X
Presença de barra de apoio X X X X
X
Lavatório acessível X X X X
X
Espaço suficiente para circulação X X X X
X
Refeitório

Vão livre entre a mesa e os bancos X X X X


X
Bancos fixos X X X X
X
Legenda: Escola Cônego João Rodrigues (1); Escola Rodolfo Paiva (2); Escola Ester Siqueira de
Souza (3); Escola Elpídio Barbosa Maciel (4); Escola Estadual Lenita Fontes Cintra (5).

4. 7 Atividades educacionais na escola destinada a Pessoas deficientes


(1) (2) (3) (4) (5)
VARIÁVEL OBSERVADA
Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não
Atividades diferenciadas
Datas comemorativas X X X
Aula de campo X X X
Aulas dinamizadas X X X
Atividades esportivas
Capoeira X X X
Futebol X X X
Vôlei X X X
Aulas normais
Uso do livro didático X X X
Atividades xerocadas X X X
Uso do livro de Braille X X X
Participação do intérprete X X X
Pinturas e desenhos X X X
Legenda: Escola Cônego João Rodrigues (1); Escola Rodolfo Paiva (2); Escola Ester Siqueira de
Souza (3); Escola Elpídio Barbosa Maciel (4); Escola Estadual Lenita Fontes Cintra (5).
52

4.8 Participação da Família na inclusão de filhos deficientes


(1) (2) (3) (4) (5)
VARIÁVEL OBSERVADA Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não

Participação da família na escola

Reuniões com os mestres X X


X
Visita frequentemente a escola X X
X
Acompanhamento nas atividades X X
X
Participa da entrega do boletim X X
X
Participação nas atividades

Tarefa para casa X X


X
Incentivo nas realizações das tarefas X X
X
Legenda: Escola Cônego João Rodrigues (1); Escola Rodolfo Paiva (2); Escola Ester Siqueira de
Souza (3); Escola Elpídio Barbosa Maciel (4); Escola Estadual Lenita Fontes Cintra (5).

Os resultados dessa pesquisa envolvendo todas as escolas, possibilitou


verificar uma evolução lenta da educação inclusiva em um mundo de constantes
transformações, indicando ainda variadas dificuldades para mudar a realidade
escolar de forma que essa possa atender a diversidade de alunos que ali estão com
a expectativa de avançarem em seus conhecimentos.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O referido trabalho poderá trazer grandes contribuições ao estudo da


acessibilidade e inclusão das pessoas com deficiência no ambiente escolar,
buscando uma sociedade mais justa e consciente.
O Brasil sendo um país evoluído em termos de legislação que preconiza o
atendimento às pessoas com necessidades educacionais especiais e a garantia de
53

seus direitos a respeito do acesso escolar. Porém, como inexistência de rampas de


acesso, sanitários, salas, refeitório, entre outros, não adaptados, não são
condizentes com o contexto educacional inclusivo.
Sucederam alguns avanços no ambiente escolar, tanto relacionado à
acessibilidade arquitetônica, quanto de acesso a informação e a comunicação. Em
relação ao acesso arquitetônico, foi possível constatar que essas são mudanças
mais fáceis de serem realizadas, por requererem apenas adaptação dos prédios já
construídos ou um planejamento dentro das normas legais dos prédios novos. E
ainda assim, há poucas mudanças nesse sentido. O fato de mudanças tão
necessárias ocorrerem de forma extremamente lenta, está ligada a falta de
informação das pessoas que se encontram nesse meio, como gestores das escolas,
secretarias responsáveis e até por falta de fiscalização em obras, uma vez que ainda
estão sendo construídas novas obras fora da legislação.
Com as formas de acessibilidade à informação e a comunicação, o processo
de ensino aprendizagem se torna possível em espaço onde antes não era
concebido. Isso mostra o quanto é possível que a inclusão aconteça dentro da sala
de aula, como é possível atender diferentes alunos de diferentes formas dentro da
escola.
Em contrapartida, vimos que há escolas acessíveis, mas que deixa a desejar
em relação a aprendizagem, algumas escolas tem prontamente se esforçado para
atender aos alunos em situação de desvantagem, mas não é só isso que deve ser
feito para uma melhor adaptação desses alunos, porem é necessário que haja o
interesse não só do aluno mas sim dos professores, que possibilite uma ideia
criativa em que a aprendizagem se torne possível para todos.
Não existem respostas certas a todas as questões que foram apresentadas,
mas sabe-se que com a ajuda, e boa vontade de alguns que convivem nesse meio
no qual a acessibilidade se faz presente, muita coisa é possível. E muitas coisas
ainda podem acontecer se cada vez mais pessoas tomarem conhecimento das
legislações e direitos que existem.
É fundamental ultrapassar a fronteira das discussões e implementar ações
efetivas que envolvam a família e a comunidade, juntamente com o Estado, para
que se possa atender as necessidades básicas da criança e do adolescente. Pensar
nas pessoas, na garantia de seus direitos, na formação da cidadania é sempre
54

importante. Acreditamos que através de atitudes como essa podemos tornar o


mundo um pouco melhor e menos desigual.
Diante do exposto acima, finalizamos com a citação de Arendt (2009, p.198):
Identificar uma meta não é uma questão de liberdade, mas de julgamento do certo e
errado. Com tais palavras ficam os julgamentos do que está, sob nosso ponto de
vista, sendo aplicado, implementado e desenvolvido de forma correta (como por
exemplo, as melhorias relacionadas a maior promoção de acessibilidade) para que,
assim, possam ser identificadas e viabilizadas futuramente algumas metas a serem
atingidas e cumpridas no que diz respeito a acessibilidade e a pessoa com
deficiência.

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