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Centro Universitário de Brasília - UniCEUB

Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais - FAJS


Curso de Bacharelado em Direito / Curso de Bacharelado em Relações Internacionais

BRENDA PÂMELA DE SOUSA TAVARES

ANÁLISE DA CONCILIAÇÃO NA JUSTIÇA DO TRABALHO E SUA


APLICABILIDADE FRENTE AO PRINCÍPIO TRABALHISTA DA
INDISPONIBILIDADE DE DIREITOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO

BRASÍLIA
2022
BRENDA PÂMELA DE SOUSA TAVARES

ANÁLISE DA CONCILIAÇÃO NA JUSTIÇA DO TRABALHO E SUA


APLICABILIDADE FRENTE AO PRINCÍPIO TRABALHISTA DA
INDISPONIBILIDADE DE DIREITOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO

Artigo científico apresentado como requisito


parcial para obtenção do título de Bacharel em
Direito pela Faculdade de Ciências Jurídicas e
Sociais - FAJS do Centro Universitário de
Brasília (UniCEUB).

Orientador: Professor Roberto Krauspenhar.

BRASÍLIA
2022
BRENDA PÂMELA DE SOUSA TAVARES

ANÁLISE DA CONCILIAÇÃO NA JUSTIÇA DO TRABALHO E SUA


APLICABILIDADE FRENTE AO PRINCÍPIO TRABALHISTA DA
INDISPONIBILIDADE DE DIREITOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO

Artigo científico apresentado como requisito


parcial para obtenção do título de Bacharel em
Direito pela Faculdade de Ciências Jurídicas e
Sociais - FAJS do Centro Universitário de
Brasília (UniCEUB).

Orientador: Professor Roberto Krauspenhar

BRASÍLIA, ______ de_____ 2022

BANCA AVALIADORA

_________________________________________________________
Professor Orientador: Roberto Krauspenhar

__________________________________________________________
Professor(a) Avaliador(a)
ANÁLISE DA CONCILIAÇÃO NA JUSTIÇA DO TRABALHO E SUA
APLICABILIDADE FRENTE AO PRINCÍPIO TRABALHISTA DA
INDISPONIBILIDADE DE DIREITOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO

Brenda Pâmela de Sousa Tavares1

Resumo

Este artigo analisa o instituto da conciliação na perspectiva do direito do trabalho, em especial


no que diz respeito ao princípio trabalhista da indisponibilidade de direitos de saúde e segurança
do trabalho. Pretende-se esboçar a importância do princípio da indisponibilidade de direitos de
saúde e segurança do trabalho, diante da conciliação como meio alternativo de solução de
conflitos na esfera judicial e extrajudicial. Tendo como foco um dos principais alicerce do
ordenamento jurídico-trabalhista, qual seja, o princípio da indisponibilidade dos direitos
trabalhistas, por meio do qual se assegura ao trabalhador a manutenção de vantagens e direitos
dos quais não pode abrir mão, mesmo que seja de sua vontade. Nesse contexto, aborda-se a
compatibilidade entre a conciliação e o princípio trabalhista da indisponibilidade de direitos de
saúde e segurança do trabalho, com as limitações decorrentes da própria essência da relação
laboral, mas sem perder o caráter pacificador, racional e democrático desse meio alternativo de
solução de conflitos.

Palavras-chave: Conciliação. Direito do trabalho. Princípio da Indisponibilidade dos direitos


trabalhistas. Saúde e Segurança do Trabalho.

Sumário
1 - INTRODUÇÃO. 2 - CONCILIAÇÃO NA JUSTIÇA DO TRABALHO. 2.1 - Conceito.
2.2 - Fundamentos da Conciliação na Justiça do Trabalho. 2.3 - Tipos de Conciliação do
Direito. 2.3.1 - Conciliação Extrajudicial. 2.3.2 - Conciliação Judicial. 2.4 - Conciliação e o
Princípio da Indisponibilidade do Direitos de Saúde e segurança do Trabalho. 3 - SAÚDE
E SEGURANÇA NO DIREITO DO TRABALHO. 4 - A IMPOSSIBILIDADE DE
CONCILIAÇÃO AS NORMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO. 5 -
CONSIDERAÇÕES FINAIS. REFERÊNCIAS.

1 INTRODUÇÃO

O objetivo desse artigo consiste em examinar a aplicação dos meios alternativos de


solução de conflitos, em especial a conciliação, em face do princípio da indisponibilidade e,

1
Graduanda em Direito pela Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do Centro Universitário de Brasília.
brendapamelaa@sempreceub.com
também, na análise da possibilidade ou não de sua aplicação prática nas situações que envolve
o direito de saúde e segurança do trabalho.
Com efeito, os conflitos são inerentes à convivência humana, e a busca por soluções
justas é uma constante na vida em sociedade.
Diante disso, foram desenvolvidos, ao longo da própria civilização, diversos meios
de solução dos conflitos de interesses: o método estatal de resolução de conflitos, por meio da
jurisdição, em que o juiz decide a quem cabe determinado bem da vida, e os métodos
alternativos, em que as partes, sozinhas ou com a ajuda de terceiros por eles selecionados,
procuram resolver a questão, sem ou com a mínima movimentação da máquina judiciária.
No entanto, hoje, na realidade da Justiça do Trabalho brasileira, verifica-se uma
grande jurisdicionalização dos conflitos, com um número imenso de processos, decorrentes das
constantes violações aos direitos dos trabalhadores, e a falta de aparelhamento do judiciário,
seja físico ou de pessoal, envolvendo servidores e juízes. Assim, tem-se uma justiça lenta e
incapaz de tratar as demandas com a qualidade devida.
Assim, cada vez mais, tem se estimulado a resolução alternativa de conflitos
trabalhistas, com a utilização dos métodos existentes, com intuito de resolver qualquer tipo de
questão decorrente das relações de trabalho. Sendo assim, até que ponto pode-se conciliar em
relação a matéria de saúde e segurança do trabalho, tendo em vista o princípio da
indisponibilidade de direitos de saúde e segurança do trabalho.
É nesse contexto que o presente artigo será desenvolvido, em especial em relação à
conciliação de direitos de saúde e segurança do trabalho.
No primeiro capítulo, será estudado, o mecanismo da conciliação na Justiça do
Trabalho, seu conceito, fundamentos, tipos de conciliação do direito, além de seu exame em
face do princípio da indisponibilidade dos direitos trabalhistas.
Já no segundo capítulo serão explicitados os aspectos gerais da Saúde e Segurança
no Direito do Trabalho.
Em seguida, faz-se-á a análise da Possibilidade de Conciliação frente as Normas de
Saúde e Segurança do Trabalho, diante a análise do princípio basilar do ordenamento jurídico-
laboral, qual seja o princípio da indisponibilidade dos direitos trabalhistas.

2 CONCILIAÇÃO NA JUSTIÇA DO TRABALHO

2.1 Conceito
O instituto da conciliação é uma técnica auto compositiva de conflitos, por meio da qual
as partes litigantes buscam a composição, mas dirigidas por um terceiro imparcial, em que a
força condutora dinâmica conciliatória desse terceiro é real, o qual, muitas vezes, consegue
atingir um resultado sequer imaginado pelos envolvidos, sem, no entanto, decidir a questão.2
Eduardo Borges de Mattos Medina adota o seguinte conceito de conciliação:

Pode-se conceituar conciliação como uma forma compositiva da lide, onde há


um acordo de vontades, realizado, em geral, a partir de concessões recíprocas
feitas pelas partes, com o auxílio de um terceiro interventor, com vistas à
solução do conflito.3

Ademais, tal mecanismo de solução de conflitos constitui um negócio jurídico que pode
ter efeitos substanciais entre as partes e processuais, quando celebrado perante o órgão
judicante, e, segundo Wilson de Souza Campos Batalha, sendo-lhe aplicáveis "os princípios
que regem os contratos e, assumindo efeitos processuais, aplicam-se os princípios pertinentes
à coisa julgada."4
Ao estabelecer um conceito próprio de conciliação, Ricardo Tadeu Marques da Fonseca,
parte da responsabilidade de determinados atores sociais pela administração da Justiça,
conforme previsto na Constituição Federal, quais sejam: os advogados, membros do Ministério
Público e os Magistrados. Assim, chega à seguinte definição:

Penso, finalmente, que a conciliação pode ser conceituada como: ato


pedagógico jurídico empreendido por Advogados, membros do Ministério
Público e Magistrados, judicial ou extrajudicialmente, no sentido de se
oferecer aos litigantes orientações para que busquem a solução do conflito
instaurado, manifestando suas apreensões, temores e soluções aceitáveis para
ambos, a fim de que se aproximem os contendores da justiça resultante da
verdade jurídica, sociológica, política e afetiva que permeia o conflito,
garantindo-lhes, dessa forma, não apenas a dicção do Direito, mas, sobretudo,
a paz e a felicidade.5

2
DELGADO, Maurício Godinho. Arbitragem, mediação e comissão de conciliação prévia no direito do trabalho
brasileiro. Revista Ltr, São Paulo, v. 66, n. 6, junho de 2002. p. 665.
3
MEDINA, Eduardo Borges de Mattos. Meios alternativos de solução de conflitos: o cidadão na administração
da justiça. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 2004. p. 48.
4
SANTOS, Altamiro J. dos. Comissão e conciliação prévia: conviviologia juridical & harmonia social. São Paulo:
LTr, 2001. SANTOS, Enoque Ribeiro de. A negociação coletiva de trabalho como instrumento de pacificação
social. In: THOME, Candy Florencio; Rodrigo Garcia Schwarz (org). Direito coletivo do trabalho: curso de
revisão e atualização. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
5
FONSECA, Ricardo Tadeu Marques da. Conciliação – justiça interativa: as perspectivas da advocacia, do
Ministério Público e da Magistratura. In: Pimenta, Adriana Campos de Souza Freire; Lockmann, Ana Paula
Pellegrina (coord.). Conciliação judicial individual e coletiva e formas extrajudiciais de solução dos conflitos
trabalhistas. São Paulo: LTr, 2014. p. 118.
Nesse sentido, vale destacar os ensinamentos de Ricardo Tadeu Marques da Fonseca:
Como se pode concluir, a conciliação é a mais democrática das atividades
jurisdicionais, mas, para que se opere legitimamente, é fundamental o
empenho do Juiz em agir de forma hábil, a propiciar interação de verdades
que superem a oposição que caracteriza as lides, transformando-as em
convergências possíveis.6

A conciliação, portanto, é um instrumento alternativo de resolução de conflitos que


permite às partes atingir um denominador comum, com a orientação ativa de um terceiro com
habilidade para tanto.

2.2 Fundamentos da Conciliação na Justiça do Trabalho

Buscando afastar o conflito, o conceito de pacificação social tornou-se um dos


elementos base para que, cada vez mais, meios que visem afastar o confronto fossem aplicados
dentro do seio da justiça do trabalho.
O diálogo e a negociação afastam a hostilidade para abrir espaço a uma aproximação
entre as partes, permitindo que de tal forma a divergência existente seja encarada de forma
menos antagônica e mais dialética.
Um dos princípios presentes dentro do processo trabalhista que se relaciona
diretamente com o tema ora abordado e que traz em seu bojo as principais características do
processo agora em análise é o princípio da conciliação.
Embora não existindo de forma expressa, o princípio da conciliação se configura
enquanto herança histórica das antigas constituições e, ainda hoje, ganha destaque devido a sua
importância dentro do contexto processual. Sobre esse aspecto, observa Bezerra Leite em sua
obra da seguinte forma:

O princípio da conciliação encontrava fundamento expresso nas


Constituições brasileiras de 1946 (art. 123), de 1967 (art. 134), de 1969
(art. 142, com redação dada pela EC n. 1/69) e na redação original do
art. 114 da Carta de 1988. Todas essas normas previam a competência
da Justiça do Trabalho para “conciliar” e julgar os dissídios individuais
e coletivos. Com o advento da EC n. 45/2004, que deu nova redação ao

6
FONSECA, Ricardo Tadeu Marques da. Conciliação – justiça interativa: as perspectivas da advocacia, do
Ministério Público e da Magistratura. In: Pimenta, Adriana Campos de Souza Freire; Lockmann, Ana Paula
Pellegrina (coord.). Conciliação judicial individual e coletiva e formas extrajudiciais de solução dos conflitos
trabalhistas. São Paulo: LTr, 2014. p. 118.
art. 114 da CF, houve supressão do termo “conciliar e julgar”, cabendo
agora à Justiça do Trabalho “processar e julgar”.7
A omissão, contudo, não desnatura o princípio em estudo, pois ele
continua existindo no plano infraconstitucional e não se mostra
incompatível com o novo texto da Carta de outubro de 1988. Mesmo
diante da alteração apresentada, a conciliação não deixou de ser
continuamente estimulada dentro do contexto processual trabalhista.

Mesmo diante da alteração apresentada, a conciliação não deixou de ser continuamente


estimulada dentro do contexto processual trabalhista. O método conciliatório de solução de
conflito encontra amparo em três fundamentos: eficientista, social e político.8 O fundamento
eficientista consiste na forma de reduzir o tempo gasto na solução dos conflitos e cicatrizar o
mais rápido possível as feridas sociais decorrentes desses conflitos.
Já o social está relacionado aos efeitos para o futuro da adoção da conciliação, pois
abre a visão das partes para um novo caminho, uma nova percepção sobre o conflito em si. Por
fim, tem-se o fundamento político, em que a conciliação deve ser reconhecida como
instrumento de concretização da democracia, ao permitir uma eficaz forma de pacificação
social.
Como destaca Delgado em sua obra, o que diferencia a conciliação realizada no âmbito
da justiça do trabalho das demais formas de conciliação é justamente a forma com qual a mesma
é realizada, o conteúdo e os sujeitos que participam. Nas palavras do autor:

A conciliação judicial trabalhista é, portanto, ato judicial, mediante o qual as


partes litigantes, sob interveniência do juiz, ajustam solução transacionada
sobre matéria objeto de processo judicial. Embora próxima às figuras da
transação e da mediação, delas se distingue em três níveis: no plano subjetivo,
em virtude da interveniência de um terceiro e diferenciado sujeito, a
autoridade judicial; no plano formal, em virtude de realizar-se no corpo de um
processo judicial, podendo extingui-lo parcial ou integralmente; no plano de
seu conteúdo, em virtude de poder a conciliação abarcar parcelas trabalhistas
não transacionáveis na esfera estritamente privada.9

7
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 7ª ed. São Paulo: LTr, 2009. p.
114-115.
8
FONSECA, Ricardo Tadeu Marques da. Conciliação – justiça interativa: as perspectivas da advocacia, do
Ministério Público e da Magistratura. In: Pimenta, Adriana Campos de Souza Freire; Lockmann, Ana Paula
Pellegrina (coord.). Conciliação judicial individual e coletiva e formas extrajudiciais de solução dos conflitos
trabalhistas. São Paulo: LTr, 2014. p. 118.
9
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho: obra revista e atualizada conforme a lei da
reforma trabalhista e inovações normativas e jurisprudenciais posteriores. 18. ed. São Paulo: LTr, 2019.p. 1732.
Do trecho apresentado percebemos, então, a existência de uma diferenciação entre
conciliação e transação. Por mais que os dois conceitos apresentam como pano de fundo uma
negociação, quando analisados mais a fundo percebemos que diferentes pontos os distinguem.
Conforme esclarece Delgado a transação corresponde a um ato bilateral, podendo ser
eventualmente plurilateral, pelo qual se acertam direitos e obrigações entre as partes acordantes,
mediante concessões recíprocas, envolvendo questões fáticas ou jurídicas duvidosas (res
dubia), ou seja, questões capazes de gerar uma dúvida razoável.
Conciliação, por outro lado, corresponde a um ato judicial por meio do qual as partes
litigantes, sob interveniência da autoridade jurisdicional, ajustam a solução transacionada sobre
matéria objeto de processo judicial. Sobre o conceito complementa Delgado com as seguintes
palavras:

A conciliação, embora próxima às figuras anteriores, delas se distingue em


três níveis: o plano subjetivo, em virtude da interveniência de um terceiro e
diferenciado sujeito, a autoridade judicial; no plano formal, em virtude de ela
se realizar no corpo de um processo judicial, podendo extingui-lo parcial ou
integralmente; no plano de seu conteúdo, em virtude da conciliação poder
abarcar parcelas trabalhistas não transacionáveis na esfera estritamente
privada.10

Diante da diferenciação entre os dois institutos temos também a manifestação por parte
de Schiavi que, apresentando como fundamentação a atuação por parte do conciliador ou
magistrado, assim diferencia os dois conceitos:

Transação é o negócio jurídico pelo qual as partes, mediante concessões


reciprocas, põem fim a uma relação jurídica duvidosa, ou previnem a
ocorrência do litígio. A transação pode ser judicial ou extrajudicial. É
importante destacar que a transação provém das próprias partes, ou seja: elas
próprias, sem a interferência do conciliador ou do magistrado, chegam a uma
solução consensual do conflito.
A conciliação assemelha-se à transação, mas apresenta suas peculiaridades,
pois a conciliação é obtida em juízo, com a presença do juiz ou do conciliador
que participa ativamente das tratativas, inclusive fazendo propostas para a
solução do conflito. A conciliação pode implicar renúncia ao direito ou
reconhecimento do pedido. 11

Sendo assim, podemos afirmar que transação permanece com o foco centrado no processo
negocial que ocorre entre as partes interessadas, enquanto a conciliação vai além. Para além da

10
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho: obra revista e atualizada conforme a lei da
reforma trabalhista e inovações normativas e jurisprudenciais posteriores. 18. ed. São Paulo: LTr, 2019. p. 252-
253.
11
SCHIAVI, Mauro. Manual de direito processual do trabalho. 12. ed. São Paulo: LTr, 2017. p. 43)
negociação, encontramos no processo conciliatório trabalhista a manifestação da autoridade
judicial, a impossibilidade de negociar sobre certos aspectos e a exigência de uma homologação
para que possa surtir seus efeitos.

2.3 Tipos de Conciliação do Direito

A conciliação pode ocorrer tanto judicialmente, em que o terceiro é a autoridade


jurisdicional, quanto extrajudicialmente, em que o terceiro auxiliar é o conciliador,
acrescentando-se que ambos, no papel conciliatório, podem fazer propostas de solução do
litígio.

2.3.1 Conciliação Extrajudicial

A conciliação extrajudicial trabalhista de conflito individual foi legalmente legitimada


com a inserção dos artigos 625-A a 625-H na CLT12, por meio da Lei nº 9.958/00, que criou as
Comissões de Conciliação Prévia pelas empresas e sindicatos, cuja atribuição é conciliar os
conflitos individuais do Trabalho, com o escopo de desafogar a Justiça do Trabalho, diminuindo
o número de demandas judiciais e permitindo às partes a obtenção mais célere da pacificação
do conflito.
Nesse sentido, a lição de Cristiano Campos Kangassu Santana:

A Lei n. 9,958, de 12 de janeiro de 2000, instituiu no ramo juslaboral as


Comissões de Conciliação Prévia, com o propósito de solucionar
extrajudicialmente os dissídios individuais trabalhistas, assegurando aos
jurisdicionados aquelas garantias constitucionais do processo, fazendo,
conforme sintetiza Ada Pellegrini Grinover, a Política judiciária calcada nos
meios alternativos para a solução dos litígios.13

De acordo com o artigo 625-A da CLT, a referida comissão terá composição paritária,
ou seja, com representantes dos empregados e dos empregados e, ainda, poderá ser instituída
pelas empresas ou grupos de empresas e pelos sindicatos, sendo possível, também ter caráter
intersindical.

12
BRASIL. Decreto-Lei n.º 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Rio de
Janeiro, 1943. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm. Acesso em: 24 maio
2022.
13
SANTANA, Cristiano Campos Kangussu Santana, Eficácia do termo de conciliação. In: RENAULT, Luiz
Otávio Linhares; VIANA, Márcio Túlio (coord.). Comissões de conciliação prévia: quando o direito enfrenta a
realidade. São Paulo: LTr, 2003. p. 194.
As Comissões de Conciliação Prévia, conforme dispõe o artigo 625-B, caput,
consolidado, quando instituídas no âmbito da empresa, poderão ter de dois a dez membros,
sendo a metade indicada pelo empregador e a outra, eleita pelos empregados, por meio de voto
secreto. Vale destacar que os empregados que compõem a comissão, titulares e suplentes, têm
estabilidade provisória de um ano após o encerramento do mandato, salvo no caso de falta
grave, na forma do artigo 625-B, § 1º, da CLT.
Já as comissões instituídas pelos sindicatos serão constituídas e terão suas normas de
funcionamento fixadas por meio de convenção ou acordo coletivo (artigo 625-B, § 2º, da CLT).
Ressalta-se, quanto à instituição das comissões, que essa é facultativa, ao contrário do
que foi inicialmente previsto na proposta de lei apresentada ao Congresso Nacional, de que
seria obrigatória nas empresas que tivessem mais de 50 empregados. No entanto, em
contrapartida, foi admitida a fiscalização das eleições pelo sindicato obreiro e, ainda, a sua
extensão a toda e qualquer empresa, independentemente do número de empregados.14
Além disso, o artigo 625-E, parágrafo único, da CLT, prevê que o termo de conciliação
celebrado pela CCP constitui título executivo extrajudicial, com eficácia liberatória geral,
exceto quanto às parcelas expressamente ressalvadas.
Em relação à eficácia liberatória do termo de conciliação extrajudicial, muito ainda se
debate sobre a sua compatibilidade com os princípios que regem o sistema juslaboral.
José Roberto Freire Pimenta, ao tratar da questão, explica que o artigo 625-E da CLT
deve ser interpretado considerando os princípios que amparam o direito do trabalho –
irrenunciabilidade e indisponibilidade dos direitos trabalhistas – e, também, os dispositivos da
própria CLT, como o artigo 625-D, § 2º, que trata da necessidade de descrição do objeto da
conciliação no caso em que essa for frustrada, para que conste na declaração a ser anexada à
ação reclamatória, e, também o artigo 477, § 2º, segundo o qual “o instrumento de rescisão ou
recibo de quitação, qualquer que seja a causa ou forma de dissolução do contrato, deve ter
especificada a natureza de cada parcela paga ao empregado e discriminado o seu valor, sendo
válida a quitação apenas relativamente às mesmas parcelas.”
E conclui o seguinte:

Em suma, pode-se concluir que a segunda parte do parágrafo único do artigo


625-E da CLT, relativa à eficácia geral liberatória geral do termo de

14
PIMENTA. José Roberto Freire. A constitucionalidade da exigência de tentativa de conciliação extrajudicial
para ajuizamento de ação trabalhista e da eficácia liberatória geral do respectivo termo de conciliação (arts. 625-
D e 625-E, parágrafo único, da CLT). In: RENAULT, Luiz Otávio Linhares; VIANA, Márcio Túlio (coord.).
Comissões de Conciliação Prévia: Quando o Direito enfrenta a realidade. São Paulo: LTr, 2003. p. 135.
conciliação extrajudicial, não padece de inconstitucionalidade, desde que se
limitem seus efeitos estritamente aos direitos e parcelas que foram objeto da
demanda do trabalhador (escrita ou reduzida a termo), submetida à Comissão
de Conciliação Prévia. Pelas mesmas razões, aliás, será absolutamente
inaceitável, naquele âmbito extrajudicial, que se inclua naquele termo de
conciliação qualquer quitação sem especificação dos direitos ou parcelas,
objeto daquela transação, especialmente cláusulas que abranjam,
genericamente, todo e qualquer direito relativo ao período até então trabalhado
(se a relação de empregado ainda estiver em curso) ou, ao extinto contrato de
trabalho, ou expressões equivalentes, por absoluta ausência de res dúbia,
requisito indispensável, repita-se a uma verdadeira transação.15

Ainda na perspectiva da conciliação extrajudicial, ênfase é dada para as alterações


realizadas pela Lei 13.467/17 – reforma trabalhista de 2017 - que acrescentaram ao quadro de
possibilidades a oportunidade de realização de acordos extrajudiciais pelas partes, as quais
interpelam a justiça do trabalho visando apenas a homologação do referido acordo por parte do
magistrado.
Entretanto estabelece o artigo 855-B, da CLT, requisitos em relação forma que este
acordo extrajudicial deve acontecer: “O processo de homologação de acordo extrajudicial terá
início por petição conjunta, sendo obrigatória a representação das partes por advogado. § 1º As
partes não poderão ser representadas por advogado comum. § 2º Faculta-se ao trabalhador ser
assistido pelo advogado do sindicato de sua categoria.”
Destaque deve ser dado também a etapa da homologação, pois tanto em caso de
conciliação judicial, quanto extrajudicial, deverá ser ela concedida pelo magistrado para que
efetivamente a conciliação possa surtir seus efeitos.

2.3.2 Conciliação Judicial

A conciliação, para além de princípio do Direito do Trabalho, tornou-se uma etapa


essencial e obrigatória nos processos da referida justiça. Podemos dizer que, no âmbito da
justiça trabalhista, a conciliação surge como um meio de solução de conflitos, no qual as partes
decidem solucionar o problema existente de forma consensual mediante um acordo que será
sucessivamente homologado pelo juiz. Insere-se, portanto, no contexto jurídico como um
instrumento pacífico que auxilia as partes diante dissídios de natureza laboral.

15
PIMENTA. José Roberto Freire. A constitucionalidade da exigência de tentativa de conciliação extrajudicial
para ajuizamento de ação trabalhista e da eficácia liberatória geral do respectivo termo de conciliação (arts. 625-
D e 625-E, parágrafo único, da CLT). In: RENAULT, Luiz Otávio Linhares; VIANA, Márcio Túlio (coord.).
Comissões de Conciliação Prévia: Quando o Direito enfrenta a realidade. São Paulo: LTr, 2003. p. 184-185.
No direito do trabalho, a conciliação é de grande valia, sendo que sua aplicação, na
esfera processual, está expressamente prevista na Consolidação das Leis do Trabalho. De
acordo com o artigo 847 da CLT, a conciliação será proposta pelo juiz assim que aberta a
audiência e, também, após o prazo fixado para razões finais, antes da prolação sentença,
conforme dispõe o artigo 850 consolidado.
O juiz, no exercício do papel de conciliador, atua como instrumento de equalização
jurídica, pois, no direito do trabalho, as partes são essencialmente desiguais, devendo observar
as regras de ordem pública trabalhistas, bem como as questões previdenciárias e tributárias.16
Ademais, a atuação do juiz deve ter em vista a afirmação e o reconhecimento dos
direitos trabalhistas e deve, ainda, ser uma forma de desestimular novas violações a esses
direitos e de induzir o cumprimento espontâneo dessas normas, para que a conciliação possa
ser, realmente, uma forma eficaz de solução de conflitos.
Por fim, o juiz deve estar atento às pretensões das partes, analisando as diferenças e as
peculiaridades do conflito ali colocado. Nesse sentido, explica José Roberto Freire Pimenta:

Para o juiz formular sua própria proposta de conciliação com boas


possibilidades de êxito, é necessário que ele tenha uma adequada compreensão
prévia das posições relativas das partes e de seus advogados na audiência, que
apresentam muitas diferenças e significativas peculiaridades. Em primeiro
lugar, é preciso ter a clara consciência de que os interesses imediatos do
julgador são profundamente diferentes dos interesses dos sujeitos parciais do
processo e dos demais operadores do Direito presentes na audiência. É
importante tal compreensão até mesmo para que ele tenha um pouco mais de
tolerância com as diferentes posturas de cada um e para que possa atuar de
forma eficaz no processo de convencimento das partes para que cheguem a
uma solução conciliatória da lide. O interesse primordial do juiz, nessa fase
processual, é realmente chegar a bom termo na conciliação – o que significa
fazer com que as partes, na maioria dos casos, se componham mediante o
pagamento, pelo demandado, de um valor razoável ao reclamante – e, se isso
não for possível, pelo menos levantar alguns elementos de fato e de direito
que sejam úteis para a solução daquela controvérsia.17

A conciliação judicial, então, para ser considerada boa ou ruim depende,


essencialmente, da ativa atuação do julgador e “de sua sensibilidade maior ou menor para as
questões das partes e do mundo.”18

16
PIMENTA, José Roberto Freire. A conciliação na esfera trabalhista – função, riscos e limites. In: Pimenta,
Adriana Campos de Souza Freire; Lockmann, Ana Paula Pellegrina (coord.). Conciliação judicial individual e
coletiva e formas extrajudiciais de solução dos conflitos trabalhistas. São Paulo: LTr, 2014, p. 36.
17
Ibid., p. 64.
18
VIANA, Márcio Túlio. Os paradoxos da conciliação – quando a ilusão da igualdade formal esconde mais uma
vez a desigualdade real. In: Pimenta, Adriana Campos de Souza Freire; Lockmann, Ana Paula Pellegrina (coord.).
Após alcançada a conciliação entre as partes, o juiz, então, a homologará. Ou não.
A homologação, no caso da conciliação, constitui um ato judicial declaratório e
constitutivo19: declaratório, no que concerne à vontade dos envolvidos, e constitutivo, em razão
dos efeitos jurídicos daí decorrentes, como, por exemplo, a obrigação de pagar determinado
valor por parte de uma delas.

2.4 Conciliação e o Princípio da Indisponibilidade do Direitos de Saúde e segurança do


Trabalho

Conforme analisado anteriormente, o ordenamento juslaboral trata expressamente da


conciliação, o que poderia dar a impressão de que esse instituto já estaria autorizado na seara
trabalhista. No entanto, o simples fato de ter sido inserida no texto consolidado não possibilita
a aplicação pura e simples da conciliação.
Com efeito, esse mecanismo de solução de conflitos deve ter sempre em foco os
princípios da proteção e da indisponibilidade dos direitos dos trabalhadores, inclusive a
jurisdicional, ante o inerente desequilíbrio existente na relação laboral.
Nesse sentido, cumpre destacar a lição de José Roberto Freire Pimenta ao discorrer
sobre o princípio protetivo e a conciliação judicial, a qual, no entanto, vale para toda e qualquer
forma de reflexão a respeito da aplicação de métodos alternativos de solução de conflitos no
âmbito laboral:

Acima de tudo, não poderá ele nunca esquecer que também na conciliação
está presente o protecionismo do Direito do Trabalho, devendo agir sempre
entre dois polos: de um lado, equidade; de outro, a indisponibilidade dos
direitos básicos dos trabalhadores e a incidência obrigatória das normas de
ordem pública que disciplinam as questões de interesse público implicadas em
cada controvérsia trabalhista.20

Conciliação judicial individual e coletiva e formas extrajudiciais de solução dos conflitos trabalhistas. São
Paulo: LTr, 2014, p.83.
19
PIMENTA, op. cit., p. 37.
20
PIMENTA, José Roberto Freire. A conciliação na esfera trabalhista – função, riscos e limites. In: Pimenta,
Adriana Campos de Souza Freire; Lockmann, Ana Paula Pellegrina (coord.). Conciliação judicial individual e
coletiva e formas extrajudiciais de solução dos conflitos trabalhistas. São Paulo: LTr, 2014, p. 62-63.
A conciliação, quando bem dirigida, seja pelo conciliador comum ou por um juiz, pode
sim ser um instrumento útil para a solução rápida dos conflitos trabalhistas sem que haja ofensa
aos princípios protetivo e da irrenunciabilidade.
Com isso, portanto, chega-se à pacificação social pretendida. Nesse sentido, vale
destacar a lição de Adriana Goulart de Sena Orsini:

A conciliação é uma forma adequada de resolução de conflitos. Por meio dela


as partes põem fim ao conflito que deu origem à atuação do Judiciário,
transacionando os limites da pretensão e da resistência inicialmente
apresentadas. Desta feita, não apenas o processo é extinto, mas também a
controvérsia pertinente ao direito material e a lide sociológica porventura
existente. Em outras palavras: ocorre a pacificação do conflito, que é a
finalidade da própria atuação do Judiciário. Todavia, ressalte-se, a
composição das partes não é um fim em si mesma, não ensejando a
homologação passiva pela juiz.21

No âmbito trabalhista, não se admite a conciliação a qualquer custo, mas apenas aquela
que respeite as normas juslaborais, devendo ser coibidas, também, as condutas antijurídicas
daqueles que procuram, com a utilização da conciliação, a defesa de seus interesses particulares,
mesmo que contra a lei e a justiça, aspectos a serem considerados pelo juiz ao homologar, ou
não, a conciliação.22
Aliás, cumpre ressaltar que a própria jurisprudência trabalhista já pacificou
entendimento acerca da inexistência de direito líquido e certo à homologação de acordo judicial,
ou seja, cabe ao juiz, na análise da situação que lhe é posta no momento da celebração do
acordo, decidir se deve ou não chancelar aquela conciliação. Nesse sentido, prevê a Súmula nº
418 do TST:

MANDADO DE SEGURANÇA VISANDO À CONCESSÃO DE LIMINAR


OU HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO (conversão das Orientações
Jurisprudenciais nºs 120 e 141 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e
24.08.2005 A concessão de liminar ou a homologação de acordo constituem
faculdade do juiz, inexistindo direito líquido e certo tutelável pela via do
mandado de segurança.23

21
ORSINI, Adriana Goulart de Sena. Acesso à justiça, solução de conflitos e a política pública de tratamento
adequado de conflitos trabalhistas. In: Pimenta, Adriana Campos de Souza Freire; Lockmann, Ana Paula
Pellegrina (coord.). Conciliação judicial individual e coletiva e formas extrajudiciais de solução dos conflitos
trabalhistas. São Paulo: LTr, 2014, p. 161.
22
PIMENTA, José Roberto Freire. A conciliação na esfera trabalhista – função, riscos e limites. In: Pimenta,
Adriana Campos de Souza Freire; Lockmann, Ana Paula Pellegrina (coord.). Conciliação judicial individual e
coletiva e formas extrajudiciais de solução dos conflitos trabalhistas. São Paulo: LTr, 2014, p. 62.
23
BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Súmula nº 418. Mandado de segurança visando à concessão de liminar
ou homologação de acordo. 25 abr. 2017. Disponível em:
http://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_401_450.html#SUM-418. Acesso em:
24 maio 2022.
Assim, a conciliação judicial, mais do que uma possibilidade, é um verdadeiro princípio
que rege o processo trabalhista, sendo, inclusive, um pressuposto de validade da sentença, nos
termos do artigo 831 da CLT.
É importante destacar, ainda, em relação à conciliação, que o conciliador deve buscar a
realização da transação, que deve conter os elementos básicos do instituto, dentre eles as
concessões recíprocas, e é exatamente esse aspecto que deve ser analisado em face do princípio
da indisponibilidade pelo conciliador, no sentido de que a concessão feita pelo empregado não
poderá envolver direito de indisponibilidade absoluta, mas apenas de indisponibilidade relativa,
sob pena de ser nula de pleno direito.
É o que defende Ana Paula Pellegrina Lockmann:

Diante desse quadro, podemos concluir que é vedada, como regra geral, a
renúncia de direitos trabalhistas, salvo raríssimas exceções expressamente
previstas em lei, sendo possível, contudo, a transação sobre direitos não
revestidos pela indisponibilidade absoluta, desde que presente a res dúbia
(incerteza subjetiva quanto aos direitos e obrigações), bem como os demais
requisitos próprios de qualquer ato jurídico em geral (capacidade do agente,
livre manifestação de vontade, objeto lícito, forma prescrita ou não defesa em
lei).24

Nesse contexto, conclui-se que a conciliação extrajudicial também é possível na esfera


trabalhista, desde que os direitos ali transacionados não sejam relacionados à saúde e segurança
do trabalhador e não haja redução do patamar mínimo civilizatório.

3 SAÚDE E SEGURANÇA NO DIREITO DO TRABALHO

A saúde e segurança do trabalhador e a higiene ocupacional recebeu importante


tratamento na Constituição Federal de 1988, porquanto, em seu artigo 7°, trouxe um rol de
direitos e garantias mínimas a fim de que os empregados fossem alvos de medidas que visem à
redução dos riscos inerentes ao trabalho.
Sendo constitucionalmente tutelada, razão pela qual a Segurança e a Medicina do
Trabalho consistem em um dos diretos sociais previstos no art. 7º da CF:

24
LOCKMANN, Ana Paula Pellegrina. Acesso à justiça, solução de conflitos e a política pública de tratamento
adequado de conflitos trabalhistas. In: Pimenta, Adriana Campos de Souza Freire; Lockmann, Ana Paula
Pellegrina (coord.). Conciliação judicial individual e coletiva e formas extrajudiciais de solução dos conflitos
trabalhistas. São Paulo: LTr, 2014. p. 131.
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social: [...]
XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde,
higiene e segurança do trabalho.25

Além desse inciso, vários outros incisos do art. 7º da CF presumem, de forma


indireta, normas relativas à segurança e saúde do trabalhador: limitação à duração do trabalho
(incisos XII e XIV), férias anuais (incisos XVII), licenças maternidade e paternidade (incisos
XVIII e XIX), adicional e remuneração para atividades penosas, insalubres e/ou perigosas
(inciso XXVIII) e seguro contra acidente de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a
indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa (inciso XXVIII).
Nesse aspecto, a Consolidação das Leis do Trabalho também se preocupou em regular
a matéria no sentido de torna aplicável os comandos estampados no artigo 7° da Constituição
da República, visto que ficou a cargo da CLT a fiscalização, regulamentação e o oferecimento
de diretrizes que visem o cumprimento das medidas de segurança do trabalho.
Na CLT, os dispositivos característicos sobre a Segurança e Medicina do Trabalho se
encontram no Capítulo V do Título II – Das Normas Gerais de Tutela do Trabalho, perfazendo
70 artigos (do 154 ao 223).
De modo geral, vê-se claramente que o propósito é a melhor proteção da saúde e da
integridade física e psicológica dos empregados, criando-se normas mais gerais para que as
iniciativas de resguardo e amparo tomem forma e sejam concretizadas.
Além disso o artigo 200 da CF/88, traz que o SUS tem a competência de colaborar na
proteção do meio ambiente do trabalho. Também em âmbito internacional, há tratados, que
trazem a necessidade de proteção da saúde e segurança do trabalhador, como é o caso do Pacto
Internacional de Direitos Sociais e Culturais. Nesse sentido a súmula do STF de nº 736, vem
trazer a competência da Justiça do Trabalho para julgar as causas, que envolva Normas de
Segurança e Saúde do Trabalhador.
Por fim, o Ministério do Trabalho e Emprego através da Portaria 3.214/1978 editou um
conjunto de Normas Regulamentadoras do Trabalho – NR’s 26
no intuito viabilizar as boas
práticas de prevenção de acidentes e doenças do trabalho, devido ao seu caráter detalhista e ao

25
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 24 maio 2022.
26
BRASIL. Portaria n.º 3.214 de 08 de junho de 1978. Aprova as Normas Regulamentadoras – NR – do Capítulo
V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas a Segurança e Medicina do Trabalho. Diário Oficial
da União, 8 jun. 1978. Disponível em: https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=181059. Acesso em: 24 maio
2022.
mesmo tempo didático que, por sua vez, facilitou a sua implementação por parte do
empregador. A fim de orientar e garantir a implementação de sistemas preventivos de segurança
no ambiente de trabalho, 37 Normas Reguladoras foram criadas em anexo a Consolidação das
Leis Trabalhistas (CLT) pelo governo de modo a diminuir os índices de acidentes.
As normas de proteção ao meio ambiente de trabalho tem o condão de mantê-lo hígido,
de forma a zelar pela integridade física e mental do trabalhador, no entanto “determinadas
atividades econômicas podem não atender ao que preconiza as referidas normas de proteção ao
meio ambiente laboral.”27
Nesse passo, os trabalhadores podem, excepcionalmente, desenvolver suas tarefas
dentro de um ambiente perigoso ou insalubre, desde que haja autorização legal nesse particular.
Cumpre esclarecer que nessas atividades, ainda que o empregador forneça para seus
empregados equipamentos de proteção individual, a exposição aos agentes perigosos e
insalubres, provocaram em maior ou menor quantidade, a depender do tempo de exposição/grau
de intensidade, acidentes e doenças do trabalho.
Ademais, preceitua o artigo 195 da CLT que a caracterização e a classificação da
insalubridade e da periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão
através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho, registrados no
Ministério do Trabalho.
Dessa forma, havendo o reconhecimento da atividade laboral como insalubre ou
perigosa nos termos fixados pelo Ministério do Trabalho e Emprego, os trabalhadores expostos
a essa condição tem por direito a percepção de adicional de insalubridade ou periculosidade,
não podendo haver a cumulação dos referidos adicionais por expressa determinação legal
(artigo 193 §2° da CLT).
Nesse aspecto, cumpre destacar o conceito legal de insalubridade que está insculpido no
artigo 189 Consolidado, in verbis:

Art . 189 Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que,


por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados
a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão
da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus
efeitos.

Assim há insalubridade, para os efeitos das normas pertinentes da legislação do trabalho,


quando o empregado sofre agressão de agentes físicos e químicos acima do nível de tolerância

27
CAIRO JUNIOR, José. Curso de direito do trabalho. 2. ed. São Paulo: Jus podivm, 2008, p. 547.
fixados pelo Ministério do Trabalho, “em razão da natureza e intensidade do agente e do tempo
de exposição aos seus efeitos (critério quantitativo); ou ainda, de agentes biológicos e alguns
agentes químicos relacionados pelo mesmo órgão.”28
O artigo 192 da CLT preceitua que o exercício de trabalho em condições insalubres,
acima dos limites de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção
de adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez
por cento) do salário-mínimo da região, segundo se classifiquem nos graus, máximo, médio e
mínimo.
O referido adicional poderá cessar quando da implantação de medidas protetivas por
parte do empregador que impliquem eliminação ou redução da intensidade dos agentes
agressores, a fim de conservar o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerância fixados
pela NR -15 do MTE29 sejam pela aplicação de medidas de prevenção de ordem individual
e/ou coletiva.
Por seu turno, o art. 193 Consolidado estipula que perigoso será aquele trabalho que,
por sua natureza ou métodos, implique o contato permanente com inflamáveis ou explosivos
em condições de risco acentuado. Por sua vez, a lei 7.369 de 1985, estendeu o direito a esse
adicional ao empregado que exerce atividade em setor de energia elétrica em condição de
periculosidade.
De acordo José Cairo Junior:

[...] o ambiente de trabalho é perigoso quando expõem a vida e a saúde do


empregado a risco acentuado, estando em contato permanente ou eventual
com explosivos, inflamáveis, eletricidade, radiações ionizantes ou substancias
radioativas.30
No que tange aos eletricitários, Arnaldo Sussekind nos ensina que:
O Decreto 93412, de 1986 que regulamento a citada Lei 7.369/85, divide as respectivas
atividades, independentemente do objeto social da empresa ou da sua atividade preponderante. Pouco
importa, assim, que a empresa seja, ou não fornecedora de energia elétrica. Esse quadro, embora dividido
em cinco segmentos, se direciona para os misteres desenvolvidos em sistema elétrico de potencia para
o fim caracterizar a periculosidade como fonte geradora do adicional.31

28
SÜSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio. Instituições de direito do trabalho. 20. ed. São Paulo: LTr,
2002. v. 1, v. 2, p.916.
29
BRASIL. Portaria n.º 3.214 de 08 de junho de 1978. Aprova as Normas Regulamentadoras – NR – do Capítulo
V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas a Segurança e Medicina do Trabalho. Brasília, 1978.
Disponível em: www.mte.gov.br. Acesso em: 24 maio 2022.
30
CAIRO JUNIOR, José. Curso de Direito do Trabalho.2 ed. São Paulo: Jus podivm, 2008, p.547.
31
SÜSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio. Instituições de direito do trabalho. 20. ed. São Paulo: LTr,
2002. v. 1, v. 2, p. 916.
Ademais, a Norma Regulamentadora n.º 16, da Portaria 3.214/74 do Ministério do
Trabalho e Emprego, traz consigo o rol taxativo de atividades perigosa definindo em seu texto,
inclusive, as circunstâncias em que será devido o referido adicional.
Conforme a NR-16, atividade perigosa será aquela que expõe o obreiro diariamente a
risco iminente oriundo de contato com explosivos ou produtos inflamáveis. Assim, nos
termos do §1° do artigo 193 da CLT, o trabalho em condições de periculosidade assegura ao
empregado um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos resultantes
de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa.
Da terceira hipótese de trabalho perigoso, tratam as Portarias de nº 3.393/87 e 518/03
do Ministério do Trabalho e Emprego, baixada nos termos do artigo 200, inciso VI, da CLT.
Essa portaria considera como atividade e operações perigosas o contato com radiações
ionizantes ou substancias radioativas, adotando-as como de risco em potencial.32

4 A IMPOSSIBILIDADE DE CONCILIAÇÃO AS NORMAS DE SAÚDE E


SEGURANÇA DO TRABALHO

A autonomia privada individual sofre limitações nas relações trabalhistas em razão do


princípio da irrenunciabilidade. Este estabelece, em linhas gerais, a impossibilidade de o
trabalhador abrir mão de vantagens asseguradas pelo Direito do Trabalho em seu próprio
benefício, conforme preceitua o art. 9º da CLT: “Serão nulos de pleno direito os atos praticados
com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente
Consolidação”.
O Direito do Trabalho tem como um dos seus principais pilares o princípio da proteção
que busca corrigir as desigualdades existentes, no plano das relações trabalhistas, entre
empregador e trabalhador, tendo em vista a condição de hipossuficiente deste, de forma a criar
uma superioridade jurídica em favor da classe obreira.33
Logo, o Direito do Trabalho procura sempre que possível, proteger o trabalhador, é
admissível que as convenções e acordos coletivos de trabalho estabeleçam normas mais
benéficas para o obreiro do que as previstas na lei.
Nesse sentido, a Constituição Federal trouxe elencados 34 (trinta e quatro) incisos no
seu art. 7º dispondo sobre direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de estabelecer, no

32
MELO, Raimundo Simão. Direito ambiental do trabalho e a saúde do trabalhador. 3. ed. São Paulo: Ltr,
2008, p.158.
33
BARROS, Alice Monteiro de. Curso de direito do trabalho. 10. ed. São Paulo: LTr, 2016.
caput do referido artigo, que poderão ser instituídos outros direitos, além daqueles
constitucionais, que visem à melhoria da condição social do trabalhador.
Em face aos direitos sociais trabalhistas temos, então, um interesse social que transcende
a vontade particular dos sujeitos, justificando consequentemente a restrição sobre a livre
negociação deles.
Do ponto de vista normativo temos que a indisponibilidade de direitos trabalhistas
encontra fundamentação de forma clara no artigo 9° da CLT, para além desse, encontramos
também previsões semelhantes nos artigos 444, caput, e 468, caput, da CLT, que assim
estabelecem:

Art. 444. As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre


estipulação das partes interessadas em tudo quanto não contravenha às
disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam
aplicáveis e às decisões das autoridades competentes.

Art. 468. Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das


respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não
resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de
nulidade da cláusula infringente desta garantia.

No âmbito das conciliações a indisponibilidade dos direitos trabalhistas reflete na


impossibilidade de negociar elementos de interesse coletivo, ou seja, elementos relacionados
ao quadro de direitos de indisponibilidade absoluta. Nesse sentido é a jurisprudência do colendo
Tribunal Superior do Trabalho:

"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. PROCESSO


SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À LEI 13.467/2017.
TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA. ADEQUAÇÃO AO
ENTENDIMENTO DO STF (TEMA 739 DE REPERCUSSÃO GERAL NO
STF - ARE 791.932). TERCEIRIZAÇÃO LÍCITA. VÍNCULO DE
EMPREGO DIRETO COM O TOMADOR DE SERVIÇOS NÃO
CONFIGURADO. [...]. RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A
ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À LEI 13.467/2017 . 1.
ACORDO FIRMADO PERANTE A COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO
PRÉVIA - CCP. AUSÊNCIA DE RESSALVAS. EFICÁCIA. NOVA
INTERPRETAÇÃO DADA À MATÉRIA PELO STF. [...] Releva destacar
que os princípios da irrenunciabilidade e da indisponibilidade, inatos aos
direitos laborais, constituem, talvez, o veículo principal utilizado pelo
Direito do Trabalho para tentar igualar, no plano jurídico, a assincronia
clássica existente entre os sujeitos da relação socioeconômica de emprego.
Para a ordem justrabalhista, não serão válidas quer a renúncia quer a
transação que impliquem, objetivamente, prejuízos ao trabalhador (art. 468,
caput, CLT). A indisponibilidade de direitos trabalhistas pelo empregado
constitui regra geral no Direito Individual do Trabalho do País, estando
subjacente a pelo menos três relevantes dispositivos celetistas: art. 9º, 444,
caput, e 468, caput. Isso significa que o trabalhador, quer por ato individual
(renúncia), quer por ato bilateral negociado com o empregador (transação),
não pode dispor de seus direitos laborais, sendo nulo o ato dirigido a esse
despojamento. Em suma: os ajustes feitos no sentido de preconizar o
despojamento de direitos assegurados por lei não podem produzir efeitos,
considerando também destituída de validade e eficácia a aquiescência
manifestada pelo empregado nesse sentido, ainda que, objetivamente, não
tenha havido vícios na manifestação volitiva. Nesse panorama, a quitação
dada pelo empregado perante a Comissão de Conciliação Prévia não tem o
alcance de quitação plena e irrestrita, tendo em vista os princípios da
irrenunciabilidade e indisponibilidade dos direitos trabalhistas. Efeitos
absolutos e irrestritos ao documento rescisório extrajudicial atentam não só
contra a regra e princípio da indisponibilidade de direitos como também do
amplo acesso à jurisdição. Recurso de revista não conhecido, no aspecto.[...]
Ressalva de entendimento pessoal deste Relator . Recurso de revista
conhecido e provido " (RR-397-36.2013.5.04.0303, 3ª Turma, Relator
Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT 11/03/2022, grifo nosso).34

De igual modo é o entendimento, do Tribunal Superior do Trabalho, tratando-se de


norma de indisponibilidade absoluta, concernente à saúde, higiene e segurança do trabalho:

"RECURSOS DE REVISTA DAS RECLAMADAS. MATÉRIAS


COMUNS. 1. COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA. VERBAS
TRABALHISTAS. QUITAÇÃO. DECISÃO REGIONAL PAUTADA NA
INVALIDADE DI AJUSTE EM DECORRÊNCIA DA CONSTATAÇÃO
DE FRAUDE. RECURSO MAL APARELHADO.. [...]. ADICIONAL DE
PERICULOSIDADE. PAGAMENTO EM PERCENTUAL INFERIOR AO
LEGAL. NORMA COLETIVA. IMPOSSIBILIDADE. 1. À luz da atual
jurisprudência desta Corte, tratando-se de norma de indisponibilidade
absoluta, concernente à saúde, higiene e segurança do trabalho, o
dispositivo legal que fixa o percentual remuneratório do adicional de
periculosidade não comporta transação entre as partes, ainda que mediante
norma coletiva. 3 . Incidência do art. 896, § 7º, da CLT e aplicação da
Súmula 333/TST. Recursos de revista não conhecidos, no tema. [...]. (RR-
85700-61.2009.5.01.0070, 1ª Turma, Relator Ministro Hugo Carlos
Scheuermann, DEJT 11/05/2018, grifo nosso).35

Conforme observa Delgado a importância atribuída a tais direitos é tamanha que


trabalhador, quer por ato individual (renúncia), quer por ato bilateral negociado com o

34
BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Processo Nº TST-RR-1437-75.2015.5.10.0801. Recurso de Revista.
Processo sob a égide da Lei 13.015/2014 e anterior à Lei 13.467/2017. [...]. 3ª Turma. Relator: Min. Mauricio
Godinho Delgado. 11 mar. 2022. Disponível em: https://jurisprudencia-
backend.tst.jus.br/rest/documentos/d5180829f87fc36d99b8fefae8c12383. Acesso: 25 maio 2022.
35
BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Processo Nº TST-RR-1783-04.2012.5.24.0005. Recurso de Revista.
[...]. 1ª Turma. Relator: Min. Hugo Carlos Scheuermann. 11 maio 2018. Disponível em: https://jurisprudencia-
backend.tst.jus.br/rest/documentos/51b67d414a486f4a9d57a6d8c0998676. Acesso: 25 maio 2022.
empregador (transação), não pode dispor de seus direitos laborais, sendo nulo o ato dirigido a
esse despojamento.36
Todavia, diante de uma controvérsia doutrinaria existente sobre a extensão e rigidez da
observância da indisponibilidade, Delgado se posiciona no sentido diferenciar duas
modalidades de indisponibilidade: a absoluta e a relativa. Por meio dessa diferenciação torna-
se possível evidenciar o núcleo central a ser preservado em face aos referidos direitos.
Conforme exposição de Delgado assim temos:

Absoluta será a indisponibilidade, do ponto de vista do Direito Individual do


Trabalho, quando o direito enfocado merecer uma tutela de nível de interesse
público, por traduzir um patamar civilizatório mínimo firmado pela sociedade
política em um dado momento histórico. É o que ocorre, como já apontado,
ilustrativamente, com o direito à assinatura de CTPS, ao salário mínimo, à
incidência das normas de proteção à saúde e segurança do trabalhador.
Também será absoluta a indisponibilidade, sob a perspectiva do Direito
Individual do Trabalho, quando o direito enfocado estiver protegido por
norma de interesse abstrato da respectiva categoria. Este último critério indica
que a noção de indisponibilidade absoluta atinge, no contexto das relações
bilaterais empregatícias (Direito Individual, pois), parcelas que poderiam, no
contexto do Direito Coletivo do Trabalho, ser objeto de transação coletiva e,
portanto, de modificação real. Noutras palavras: a área de indisponibilidade
absoluta, no Direito Individual, é, desse modo, mais ampla que a área de
indisponibilidade absoluta própria ao Direito Coletivo. Relativa será a
indisponibilidade, do ponto de vista do Direito Individual do Trabalho,
quando o direito enfocado traduzir interesse individual ou bilateral simples,
que não caracterize um padrão civilizatório geral mínimo firmado pela
sociedade política em um dado momento histórico.37

Nesse passo, podemos concluir ser possível a transação sobre direitos não revestidos
pela indisponibilidade absoluta, desde que presente a incerteza subjetiva quanto aos direitos e
obrigações, bem como os demais requisitos do ato jurídico em geral (capacidade da parte, livre
Manifestação de vontade, objeto lícito e forma prescrita ou não defesa por lei).
Entretanto, os direitos revestidos pela indisponibilidade absoluta, no âmbito das
conciliações trabalhistas, reflete na impossibilidade de negociar elementos de interesse de
Direito Individual do Trabalho, pois é um direito de tutela de nível de interesse público, por
traduzir um patamar civilizatório mínimo firmado pela sociedade política em um dado momento
histórico, ou seja, tais como a incidência das normas de proteção à saúde e segurança do
trabalhador.

36
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho: obra revista e atualizada conforme a lei da
reforma trabalhista e inovações normativas e jurisprudenciais posteriores. 18. ed. São Paulo: LTr, 2019.
37
Ibid., p. 154.
Na perspectiva da conciliação extrajudicial, ênfase é dada para as alterações realizadas
pela Lei 13.467/17 – reforma trabalhista de 2017 - que acrescentaram ao quadro de
possibilidades a oportunidade de realização de acordos extrajudiciais pelas partes, as quais
interpelam a justiça do trabalho visando apenas a homologação do referido acordo por parte do
magistrado.
Destaque deve ser dado também a etapa da homologação, pois tanto em caso de
conciliação judicial, quanto extrajudicial, deverá ser ela concedida pelo magistrado para que
efetivamente a conciliação possa surtir seus efeitos.
Dos primeiros elementos delineados sobre o assunto percebemos que negociação,
portanto, é o foco central da conciliação. Todavia, é importante observar que, dentro do âmbito
da justiça do trabalho, alguns aspectos sofrem certas limitações e a liberdade fica
comprometida, cabendo em tais casos ao juiz interferir no acordo ali estabelecido, buscando
preservar certa ordem e assegurar direitos, principalmente diante da parte hipossuficiente da
relação, qual seja, o trabalhador.
Uma das grandes inovações também trazidas com a nova Lei, foi a valorização do
princípio da prevalência do legislado sobre o negociado, por meio da inserção dos artigos 611-
A e 611-B à CLT. Isso, por certo, agradou bastante a classe patronal, que encontrou na
negociação coletiva uma forma de negociar direitos trabalhistas previstos em lei, ao mesmo
tempo em que trouxe incertezas para a classe obreira.
No entanto, não pode a negociação coletiva servir apenas como mecanismo de transação
de direitos trabalhistas assegurados por lei, pois, caso contrário, acabaria por perder a sua
essência. Por outro lado, deve-se ter em mente que as relações coletivas trabalhistas continuam
a ser pautadas no princípio da adequação setorial negociada, que traça as possibilidades e
limites da negociação coletiva.
Nesse sentido, são os ensinamentos de M. G. Delgado e G. N. Delgado:
Embora a Lei n. 13.467/2017 tenha alargado o elenco de parcelas de
indisponibilidade apenas relativa, o fato é que há um conjunto normativo
circundante ao novo art. 611-A da CLT, formado por princípios e regras
jurídicas superiores. Esse conjunto normativo não pode ser desconsiderado no
contexto de aculturação dos dispositivos da negociação coletiva trabalhista
firmada no plano concreto do mundo do trabalho.38

Dessa forma, segundo o princípio da adequação setorial negociada, há parcelas de


direitos trabalhistas de indisponibilidade relativa que podem ser livremente transacionados,

38
DELGADO, Gabriela Neves. Reforma trabalhista no Brasil: com os comentários à Lei n. 13.467/2017. São
Paulo: LTr, 2017, p. 170.
enquanto que há direitos trabalhistas de indisponibilidade absoluta que não são passíveis de
sofrer reduções por meio da negociação coletiva.
A Reforma Trabalhista teria seguido esse entendimento ao estabelecer limites jurídicos
à negociação coletiva por meio do art. 611-B da CLT, que são os direitos de indisponibilidade
absoluta, porém, alargou o elenco de direitos de indisponibilidade relativa através do art.611-A
da CLT.
Assim, diante da ampliação das parcelas de indisponibilidade meramente relativa, deve-
se buscar uma interpretação restritiva para o art. 611-A da CLT, de modo a não resultar em
situações absurdas que levariam à precarização dos direitos trabalhistas. Logo, a margem aberta
à negociação coletiva deve ser manejada com sensatez, equilíbrio, prudência, razoabilidade,
proporcionalidade e boa-fé objetiva.39
Além disso, devem ser respeitados os limites impostos à negociação coletiva, que vão
além do rol do art. 611-B da CLT, sendo estabelecidos por meio das normas constitucionais,
das normas internacionais de direitos humanos que possuem status constitucional, bem como
das normas infraconstitucionais de ordem pública que, se violadas, afrontariam diretamente os
princípios constitucionais.
Destarte, caberá ao Poder Judiciário a análise de cada caso concreto para verificar se há
violação, direta ou indireta, ao texto constitucional que seja capaz de impedir a celebração da
negociação coletiva.40
Do mesmo modo, será imprescindível a participação incondicional dos sindicatos
profissionais na elaboração das convenções e acordos coletivos de trabalho, de modo a buscar
evitar a negociação dos direitos trabalhistas sem respeitar os limites jurídicos. 41
Ressalta-se o entendimento recente da terceira turma do Tribunal Superior do Trabalho:

AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.


PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014 E ANTERIOR À LEI
Nº 13.467/2017 . 1. HORAS EXTRAS. TURNOS ININTERRUPTOS DE
REVEZAMENTO. INEXISTÊNCIA DE NORMA COLETIVA
AUTORIZADORA. TRABALHO EM ATIVIDADE INSALUBRE.
PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SETORIAL NEGOCIADA. REDUÇÃO
DOS RISCOS INERENTES À SEGURANÇA E À SÁUDE DO
TRABALHADOR. CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ARTS. 1º, III, 7º, VI,
XIII, XIV, XXII, 170, " CAPUT " , E 225. CONVENÇÃO 155 DA OIT.
DIREITO REVESTIDO DE INDISPONIBILIDADE ABSOLUTA. [...].

39
DELGADO, Gabriela Neves. Reforma trabalhista no Brasil: com os comentários à Lei n. 13.467/2017. São
Paulo: LTr, 2017, p. 171.
40
CORREIA, Henrique; MIESSA, Élisson. Manual da reforma trabalhista. Salvador: JusPODIVM, 2018.
41
LIMA, Francisco Meton Marques de; LIMA, Francisco Péricles Rodrigues Marques de. Reforma Trabalhista:
entenda ponto por ponto. São Paulo: LTr, 2017.
Agravo desprovido" (Ag-AIRR-25957-34.2016.5.24.0071, 3ª Turma, Relator
Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT 18/02/2022, grifo nosso).42

Portanto, somente assim será possível que os artigos 611-A e 611-B da CLT possam
garantir a prevalência do negociado sobre o legislado sem acarretar prejuízos para a classe
obreira que, sem dúvidas, é a parte mais frágil da relação laboral e que merece uma maior
proteção do Direito do Trabalho, principalmente nos direitos relacionados a saúde e segurança
do trabalho, que por sua vez é uma garantia protegida constitucionalmente, como também pela
Convenção nº 155 da OIT, na qual foi ratificada pelo Brasil. Por fim, o próprio obreiro não
pode abrir mão de seus direitos de saúde e segurança do trabalho por meio da conciliação, nem
tão pouco, tais normas não pode ser alvo qualquer alteração in pejus, que causem algum
prejuízo ao trabalhador.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Princípio da Indisponibilidade dos direitos de Saúde e Segurança do Trabalho ainda


é um conceito jurídico muito discutido no âmbito do Direito Trabalho. A eficiência prática deste
instituto frente a conciliação na Justiça do Trabalho, é algo impossível uma vez que trata-se de
normas de saúde e segurança do trabalho de indisponibilidade absoluta.
O conceito doutrinário, é responsável por sistematizar e organizar essa ideia de
impossibilidade de conciliação em se tratando de saúde e segurança do trabalho, ou seja, a
possibilidade de transacionar, se trata apenas as indisponibilidades relativas.
À incidência das normas de proteção à saúde e segurança do trabalhador não é de
indisponibilidade relativa, mas sim absoluta. Que por sua vez, consiste, em um padrão
civilizatório geral mínimo firmado pela sociedade política em um dado momento histórico.
Portanto não existe margens para conciliação para direitos relacionados a saúde e segurança do
trabalho.
Neste artigo, foi discutida a conciliação na justiça do trabalho e seus desdobramentos
frente ao princípio da indisponibilidade de saúde e segurança do trabalho pelos doutrinadores,
trazendo luz, a partir do levantamento doutrinário, ao uso deste instituto, e de que forma ele tem
se estabelecido no universo do direito do trabalho no Brasil.

42
BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Processo Nº TST-AG-AIRR-25957-34.2016.5.24.007. Agravo.
Agravo de instrumento em recurso de revista. Processo sob a égide da Lei Nº 13.015/2014 e anterior à Lei Nº
13.467/2017. [...]. 3ª Turma. Relator: Min. Mauricio Godinho Delgado. 16 fev. 2022. Disponível em:
https://jurisprudencia-backend.tst.jus.br/rest/documentos/ee4342dd28d2f43959ecc13940d0f1f0. Acesso em: 25
maio 2022.
A partir do questionamento da possibilidade de conciliação na justiça do trabalho em
relação as demandas que envolve saúde e segurança do trabalho. Uma vez que é tutelado
constitucionalmente, tratando-se indisponibilidade absoluta. Este estudo se propõe a
demonstrar que nos casos de conciliação que envolva a saúde e segurança do trabalho, em que
se entendeu aplicar o princípio da indisponibilidade, jamais deveriam chegar a uma transação,
mas que, por várias falhas do sistema judiciário, não se é respeitado.
Entretanto, não cabe a este estudo considerar que o instituto da conciliação deva ser
inaplicáveis de pronto para as questões referentes a saúde e segurança do trabalho, mas sim,
que deve ser analisado de forma que respeite a indisponibilidade absoluta o qual se é tutelada
constitucionalmente.
É mister ponderar ainda que, o Princípio da Indisponibilidade dos direitos de saúde e
segurança do trabalho, é um avanço nas conquistas do direito do trabalho, e sua aplicação é
fundamental para que se continue avançando no direito do trabalho brasileiro.
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Acesso em: 24 maio 2022.

BRASIL. Decreto-Lei n.º 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do
Trabalho. Rio de Janeiro, 1943. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-
lei/del5452.htm. Acesso em: 24 maio. 2022.

BRASIL. Portaria n.º 3.214 de 08 de junho de 1978. Aprova as Normas Regulamentadoras


– NR – do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas a Segurança
e Medicina do Trabalho. Brasília, 1978. Disponível em:
https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=181059. Acesso em: 24 maio. 2022.

BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Processo Nº TST-AG-AIRR-25957-


34.2016.5.24.007. Agravo. Agravo de instrumento em recurso de revista. Processo sob a égide
da Lei Nº 13.015/2014 e anterior à Lei Nº 13.467/2017. [...]. INEXISTÊNCIA DE NORMA
COLETIVA AUTORIZADORA. TRABALHO EM ATIVIDADE INSALUBRE. PRINCÍPIO
DA ADEQUAÇÃO SETORIAL NEGOCIADA. REDUÇÃO DOS RISCOS INERENTES À
SEGURANÇA E À SÁUDE DO TRABALHADOR [...]. 3ª Turma. Relator: Min. Mauricio
Godinho Delgado. 16 fev. 2022. Disponível em: https://jurisprudencia-
backend.tst.jus.br/rest/documentos/ee4342dd28d2f43959ecc13940d0f1f0. Acesso em: 25 maio
2022.

BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Processo Nº TST-RR-1437-75.2015.5.10.0801.


Recurso de Revista. Processo sob a égide da Lei 13.015/2014 e anterior à Lei 13.467/2017.
[...]. Acordo firmado perante a comissão de conciliação prévia - CCP. Ausência de ressalvas.
Eficácia. Nova interpretação dada à matéria pelo STF. [...].INEXISTÊNCIA DE NORMA
COLETIVA AUTORIZADORA. TRABALHO EM ATIVIDADE INSALUBRE.
PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SETORIAL NEGOCIADA. REDUÇÃO DOS RISCOS
INERENTES À SEGURANÇA E À SÁUDE DO TRABALHADOR [...]. 3ª Turma. Relator:
Min. Mauricio Godinho Delgado. 11 mar. 2022. Disponível em: https://jurisprudencia-
backend.tst.jus.br/rest/documentos/d5180829f87fc36d99b8fefae8c12383. Acesso: 25 maio
2022.

BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Processo Nº TST-RR-1783-04.2012.5.24.0005.


Recurso de Revista. [...]. COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA. VERBAS
TRABALHISTAS. QUITAÇÃO. DECISÃO REGIONAL PAUTADA NA INVALIDADE
DI AJUSTE EM DECORRÊNCIA DA CONSTATAÇÃO DE FRAUDE. RECURSO MAL
APARELHADO [...]. 1ª Turma. Relator: Min. Hugo Carlos Scheuermann. 11 maio 2018.
Disponível em: https://jurisprudencia-
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