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BRASÍLIA
2022
BRENDA PÂMELA DE SOUSA TAVARES
BRASÍLIA
2022
BRENDA PÂMELA DE SOUSA TAVARES
BANCA AVALIADORA
_________________________________________________________
Professor Orientador: Roberto Krauspenhar
__________________________________________________________
Professor(a) Avaliador(a)
ANÁLISE DA CONCILIAÇÃO NA JUSTIÇA DO TRABALHO E SUA
APLICABILIDADE FRENTE AO PRINCÍPIO TRABALHISTA DA
INDISPONIBILIDADE DE DIREITOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
Resumo
Sumário
1 - INTRODUÇÃO. 2 - CONCILIAÇÃO NA JUSTIÇA DO TRABALHO. 2.1 - Conceito.
2.2 - Fundamentos da Conciliação na Justiça do Trabalho. 2.3 - Tipos de Conciliação do
Direito. 2.3.1 - Conciliação Extrajudicial. 2.3.2 - Conciliação Judicial. 2.4 - Conciliação e o
Princípio da Indisponibilidade do Direitos de Saúde e segurança do Trabalho. 3 - SAÚDE
E SEGURANÇA NO DIREITO DO TRABALHO. 4 - A IMPOSSIBILIDADE DE
CONCILIAÇÃO AS NORMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO. 5 -
CONSIDERAÇÕES FINAIS. REFERÊNCIAS.
1 INTRODUÇÃO
1
Graduanda em Direito pela Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do Centro Universitário de Brasília.
brendapamelaa@sempreceub.com
também, na análise da possibilidade ou não de sua aplicação prática nas situações que envolve
o direito de saúde e segurança do trabalho.
Com efeito, os conflitos são inerentes à convivência humana, e a busca por soluções
justas é uma constante na vida em sociedade.
Diante disso, foram desenvolvidos, ao longo da própria civilização, diversos meios
de solução dos conflitos de interesses: o método estatal de resolução de conflitos, por meio da
jurisdição, em que o juiz decide a quem cabe determinado bem da vida, e os métodos
alternativos, em que as partes, sozinhas ou com a ajuda de terceiros por eles selecionados,
procuram resolver a questão, sem ou com a mínima movimentação da máquina judiciária.
No entanto, hoje, na realidade da Justiça do Trabalho brasileira, verifica-se uma
grande jurisdicionalização dos conflitos, com um número imenso de processos, decorrentes das
constantes violações aos direitos dos trabalhadores, e a falta de aparelhamento do judiciário,
seja físico ou de pessoal, envolvendo servidores e juízes. Assim, tem-se uma justiça lenta e
incapaz de tratar as demandas com a qualidade devida.
Assim, cada vez mais, tem se estimulado a resolução alternativa de conflitos
trabalhistas, com a utilização dos métodos existentes, com intuito de resolver qualquer tipo de
questão decorrente das relações de trabalho. Sendo assim, até que ponto pode-se conciliar em
relação a matéria de saúde e segurança do trabalho, tendo em vista o princípio da
indisponibilidade de direitos de saúde e segurança do trabalho.
É nesse contexto que o presente artigo será desenvolvido, em especial em relação à
conciliação de direitos de saúde e segurança do trabalho.
No primeiro capítulo, será estudado, o mecanismo da conciliação na Justiça do
Trabalho, seu conceito, fundamentos, tipos de conciliação do direito, além de seu exame em
face do princípio da indisponibilidade dos direitos trabalhistas.
Já no segundo capítulo serão explicitados os aspectos gerais da Saúde e Segurança
no Direito do Trabalho.
Em seguida, faz-se-á a análise da Possibilidade de Conciliação frente as Normas de
Saúde e Segurança do Trabalho, diante a análise do princípio basilar do ordenamento jurídico-
laboral, qual seja o princípio da indisponibilidade dos direitos trabalhistas.
2.1 Conceito
O instituto da conciliação é uma técnica auto compositiva de conflitos, por meio da qual
as partes litigantes buscam a composição, mas dirigidas por um terceiro imparcial, em que a
força condutora dinâmica conciliatória desse terceiro é real, o qual, muitas vezes, consegue
atingir um resultado sequer imaginado pelos envolvidos, sem, no entanto, decidir a questão.2
Eduardo Borges de Mattos Medina adota o seguinte conceito de conciliação:
Ademais, tal mecanismo de solução de conflitos constitui um negócio jurídico que pode
ter efeitos substanciais entre as partes e processuais, quando celebrado perante o órgão
judicante, e, segundo Wilson de Souza Campos Batalha, sendo-lhe aplicáveis "os princípios
que regem os contratos e, assumindo efeitos processuais, aplicam-se os princípios pertinentes
à coisa julgada."4
Ao estabelecer um conceito próprio de conciliação, Ricardo Tadeu Marques da Fonseca,
parte da responsabilidade de determinados atores sociais pela administração da Justiça,
conforme previsto na Constituição Federal, quais sejam: os advogados, membros do Ministério
Público e os Magistrados. Assim, chega à seguinte definição:
2
DELGADO, Maurício Godinho. Arbitragem, mediação e comissão de conciliação prévia no direito do trabalho
brasileiro. Revista Ltr, São Paulo, v. 66, n. 6, junho de 2002. p. 665.
3
MEDINA, Eduardo Borges de Mattos. Meios alternativos de solução de conflitos: o cidadão na administração
da justiça. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 2004. p. 48.
4
SANTOS, Altamiro J. dos. Comissão e conciliação prévia: conviviologia juridical & harmonia social. São Paulo:
LTr, 2001. SANTOS, Enoque Ribeiro de. A negociação coletiva de trabalho como instrumento de pacificação
social. In: THOME, Candy Florencio; Rodrigo Garcia Schwarz (org). Direito coletivo do trabalho: curso de
revisão e atualização. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
5
FONSECA, Ricardo Tadeu Marques da. Conciliação – justiça interativa: as perspectivas da advocacia, do
Ministério Público e da Magistratura. In: Pimenta, Adriana Campos de Souza Freire; Lockmann, Ana Paula
Pellegrina (coord.). Conciliação judicial individual e coletiva e formas extrajudiciais de solução dos conflitos
trabalhistas. São Paulo: LTr, 2014. p. 118.
Nesse sentido, vale destacar os ensinamentos de Ricardo Tadeu Marques da Fonseca:
Como se pode concluir, a conciliação é a mais democrática das atividades
jurisdicionais, mas, para que se opere legitimamente, é fundamental o
empenho do Juiz em agir de forma hábil, a propiciar interação de verdades
que superem a oposição que caracteriza as lides, transformando-as em
convergências possíveis.6
6
FONSECA, Ricardo Tadeu Marques da. Conciliação – justiça interativa: as perspectivas da advocacia, do
Ministério Público e da Magistratura. In: Pimenta, Adriana Campos de Souza Freire; Lockmann, Ana Paula
Pellegrina (coord.). Conciliação judicial individual e coletiva e formas extrajudiciais de solução dos conflitos
trabalhistas. São Paulo: LTr, 2014. p. 118.
art. 114 da CF, houve supressão do termo “conciliar e julgar”, cabendo
agora à Justiça do Trabalho “processar e julgar”.7
A omissão, contudo, não desnatura o princípio em estudo, pois ele
continua existindo no plano infraconstitucional e não se mostra
incompatível com o novo texto da Carta de outubro de 1988. Mesmo
diante da alteração apresentada, a conciliação não deixou de ser
continuamente estimulada dentro do contexto processual trabalhista.
7
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 7ª ed. São Paulo: LTr, 2009. p.
114-115.
8
FONSECA, Ricardo Tadeu Marques da. Conciliação – justiça interativa: as perspectivas da advocacia, do
Ministério Público e da Magistratura. In: Pimenta, Adriana Campos de Souza Freire; Lockmann, Ana Paula
Pellegrina (coord.). Conciliação judicial individual e coletiva e formas extrajudiciais de solução dos conflitos
trabalhistas. São Paulo: LTr, 2014. p. 118.
9
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho: obra revista e atualizada conforme a lei da
reforma trabalhista e inovações normativas e jurisprudenciais posteriores. 18. ed. São Paulo: LTr, 2019.p. 1732.
Do trecho apresentado percebemos, então, a existência de uma diferenciação entre
conciliação e transação. Por mais que os dois conceitos apresentam como pano de fundo uma
negociação, quando analisados mais a fundo percebemos que diferentes pontos os distinguem.
Conforme esclarece Delgado a transação corresponde a um ato bilateral, podendo ser
eventualmente plurilateral, pelo qual se acertam direitos e obrigações entre as partes acordantes,
mediante concessões recíprocas, envolvendo questões fáticas ou jurídicas duvidosas (res
dubia), ou seja, questões capazes de gerar uma dúvida razoável.
Conciliação, por outro lado, corresponde a um ato judicial por meio do qual as partes
litigantes, sob interveniência da autoridade jurisdicional, ajustam a solução transacionada sobre
matéria objeto de processo judicial. Sobre o conceito complementa Delgado com as seguintes
palavras:
Diante da diferenciação entre os dois institutos temos também a manifestação por parte
de Schiavi que, apresentando como fundamentação a atuação por parte do conciliador ou
magistrado, assim diferencia os dois conceitos:
Sendo assim, podemos afirmar que transação permanece com o foco centrado no processo
negocial que ocorre entre as partes interessadas, enquanto a conciliação vai além. Para além da
10
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho: obra revista e atualizada conforme a lei da
reforma trabalhista e inovações normativas e jurisprudenciais posteriores. 18. ed. São Paulo: LTr, 2019. p. 252-
253.
11
SCHIAVI, Mauro. Manual de direito processual do trabalho. 12. ed. São Paulo: LTr, 2017. p. 43)
negociação, encontramos no processo conciliatório trabalhista a manifestação da autoridade
judicial, a impossibilidade de negociar sobre certos aspectos e a exigência de uma homologação
para que possa surtir seus efeitos.
De acordo com o artigo 625-A da CLT, a referida comissão terá composição paritária,
ou seja, com representantes dos empregados e dos empregados e, ainda, poderá ser instituída
pelas empresas ou grupos de empresas e pelos sindicatos, sendo possível, também ter caráter
intersindical.
12
BRASIL. Decreto-Lei n.º 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Rio de
Janeiro, 1943. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm. Acesso em: 24 maio
2022.
13
SANTANA, Cristiano Campos Kangussu Santana, Eficácia do termo de conciliação. In: RENAULT, Luiz
Otávio Linhares; VIANA, Márcio Túlio (coord.). Comissões de conciliação prévia: quando o direito enfrenta a
realidade. São Paulo: LTr, 2003. p. 194.
As Comissões de Conciliação Prévia, conforme dispõe o artigo 625-B, caput,
consolidado, quando instituídas no âmbito da empresa, poderão ter de dois a dez membros,
sendo a metade indicada pelo empregador e a outra, eleita pelos empregados, por meio de voto
secreto. Vale destacar que os empregados que compõem a comissão, titulares e suplentes, têm
estabilidade provisória de um ano após o encerramento do mandato, salvo no caso de falta
grave, na forma do artigo 625-B, § 1º, da CLT.
Já as comissões instituídas pelos sindicatos serão constituídas e terão suas normas de
funcionamento fixadas por meio de convenção ou acordo coletivo (artigo 625-B, § 2º, da CLT).
Ressalta-se, quanto à instituição das comissões, que essa é facultativa, ao contrário do
que foi inicialmente previsto na proposta de lei apresentada ao Congresso Nacional, de que
seria obrigatória nas empresas que tivessem mais de 50 empregados. No entanto, em
contrapartida, foi admitida a fiscalização das eleições pelo sindicato obreiro e, ainda, a sua
extensão a toda e qualquer empresa, independentemente do número de empregados.14
Além disso, o artigo 625-E, parágrafo único, da CLT, prevê que o termo de conciliação
celebrado pela CCP constitui título executivo extrajudicial, com eficácia liberatória geral,
exceto quanto às parcelas expressamente ressalvadas.
Em relação à eficácia liberatória do termo de conciliação extrajudicial, muito ainda se
debate sobre a sua compatibilidade com os princípios que regem o sistema juslaboral.
José Roberto Freire Pimenta, ao tratar da questão, explica que o artigo 625-E da CLT
deve ser interpretado considerando os princípios que amparam o direito do trabalho –
irrenunciabilidade e indisponibilidade dos direitos trabalhistas – e, também, os dispositivos da
própria CLT, como o artigo 625-D, § 2º, que trata da necessidade de descrição do objeto da
conciliação no caso em que essa for frustrada, para que conste na declaração a ser anexada à
ação reclamatória, e, também o artigo 477, § 2º, segundo o qual “o instrumento de rescisão ou
recibo de quitação, qualquer que seja a causa ou forma de dissolução do contrato, deve ter
especificada a natureza de cada parcela paga ao empregado e discriminado o seu valor, sendo
válida a quitação apenas relativamente às mesmas parcelas.”
E conclui o seguinte:
14
PIMENTA. José Roberto Freire. A constitucionalidade da exigência de tentativa de conciliação extrajudicial
para ajuizamento de ação trabalhista e da eficácia liberatória geral do respectivo termo de conciliação (arts. 625-
D e 625-E, parágrafo único, da CLT). In: RENAULT, Luiz Otávio Linhares; VIANA, Márcio Túlio (coord.).
Comissões de Conciliação Prévia: Quando o Direito enfrenta a realidade. São Paulo: LTr, 2003. p. 135.
conciliação extrajudicial, não padece de inconstitucionalidade, desde que se
limitem seus efeitos estritamente aos direitos e parcelas que foram objeto da
demanda do trabalhador (escrita ou reduzida a termo), submetida à Comissão
de Conciliação Prévia. Pelas mesmas razões, aliás, será absolutamente
inaceitável, naquele âmbito extrajudicial, que se inclua naquele termo de
conciliação qualquer quitação sem especificação dos direitos ou parcelas,
objeto daquela transação, especialmente cláusulas que abranjam,
genericamente, todo e qualquer direito relativo ao período até então trabalhado
(se a relação de empregado ainda estiver em curso) ou, ao extinto contrato de
trabalho, ou expressões equivalentes, por absoluta ausência de res dúbia,
requisito indispensável, repita-se a uma verdadeira transação.15
15
PIMENTA. José Roberto Freire. A constitucionalidade da exigência de tentativa de conciliação extrajudicial
para ajuizamento de ação trabalhista e da eficácia liberatória geral do respectivo termo de conciliação (arts. 625-
D e 625-E, parágrafo único, da CLT). In: RENAULT, Luiz Otávio Linhares; VIANA, Márcio Túlio (coord.).
Comissões de Conciliação Prévia: Quando o Direito enfrenta a realidade. São Paulo: LTr, 2003. p. 184-185.
No direito do trabalho, a conciliação é de grande valia, sendo que sua aplicação, na
esfera processual, está expressamente prevista na Consolidação das Leis do Trabalho. De
acordo com o artigo 847 da CLT, a conciliação será proposta pelo juiz assim que aberta a
audiência e, também, após o prazo fixado para razões finais, antes da prolação sentença,
conforme dispõe o artigo 850 consolidado.
O juiz, no exercício do papel de conciliador, atua como instrumento de equalização
jurídica, pois, no direito do trabalho, as partes são essencialmente desiguais, devendo observar
as regras de ordem pública trabalhistas, bem como as questões previdenciárias e tributárias.16
Ademais, a atuação do juiz deve ter em vista a afirmação e o reconhecimento dos
direitos trabalhistas e deve, ainda, ser uma forma de desestimular novas violações a esses
direitos e de induzir o cumprimento espontâneo dessas normas, para que a conciliação possa
ser, realmente, uma forma eficaz de solução de conflitos.
Por fim, o juiz deve estar atento às pretensões das partes, analisando as diferenças e as
peculiaridades do conflito ali colocado. Nesse sentido, explica José Roberto Freire Pimenta:
16
PIMENTA, José Roberto Freire. A conciliação na esfera trabalhista – função, riscos e limites. In: Pimenta,
Adriana Campos de Souza Freire; Lockmann, Ana Paula Pellegrina (coord.). Conciliação judicial individual e
coletiva e formas extrajudiciais de solução dos conflitos trabalhistas. São Paulo: LTr, 2014, p. 36.
17
Ibid., p. 64.
18
VIANA, Márcio Túlio. Os paradoxos da conciliação – quando a ilusão da igualdade formal esconde mais uma
vez a desigualdade real. In: Pimenta, Adriana Campos de Souza Freire; Lockmann, Ana Paula Pellegrina (coord.).
Após alcançada a conciliação entre as partes, o juiz, então, a homologará. Ou não.
A homologação, no caso da conciliação, constitui um ato judicial declaratório e
constitutivo19: declaratório, no que concerne à vontade dos envolvidos, e constitutivo, em razão
dos efeitos jurídicos daí decorrentes, como, por exemplo, a obrigação de pagar determinado
valor por parte de uma delas.
Acima de tudo, não poderá ele nunca esquecer que também na conciliação
está presente o protecionismo do Direito do Trabalho, devendo agir sempre
entre dois polos: de um lado, equidade; de outro, a indisponibilidade dos
direitos básicos dos trabalhadores e a incidência obrigatória das normas de
ordem pública que disciplinam as questões de interesse público implicadas em
cada controvérsia trabalhista.20
Conciliação judicial individual e coletiva e formas extrajudiciais de solução dos conflitos trabalhistas. São
Paulo: LTr, 2014, p.83.
19
PIMENTA, op. cit., p. 37.
20
PIMENTA, José Roberto Freire. A conciliação na esfera trabalhista – função, riscos e limites. In: Pimenta,
Adriana Campos de Souza Freire; Lockmann, Ana Paula Pellegrina (coord.). Conciliação judicial individual e
coletiva e formas extrajudiciais de solução dos conflitos trabalhistas. São Paulo: LTr, 2014, p. 62-63.
A conciliação, quando bem dirigida, seja pelo conciliador comum ou por um juiz, pode
sim ser um instrumento útil para a solução rápida dos conflitos trabalhistas sem que haja ofensa
aos princípios protetivo e da irrenunciabilidade.
Com isso, portanto, chega-se à pacificação social pretendida. Nesse sentido, vale
destacar a lição de Adriana Goulart de Sena Orsini:
No âmbito trabalhista, não se admite a conciliação a qualquer custo, mas apenas aquela
que respeite as normas juslaborais, devendo ser coibidas, também, as condutas antijurídicas
daqueles que procuram, com a utilização da conciliação, a defesa de seus interesses particulares,
mesmo que contra a lei e a justiça, aspectos a serem considerados pelo juiz ao homologar, ou
não, a conciliação.22
Aliás, cumpre ressaltar que a própria jurisprudência trabalhista já pacificou
entendimento acerca da inexistência de direito líquido e certo à homologação de acordo judicial,
ou seja, cabe ao juiz, na análise da situação que lhe é posta no momento da celebração do
acordo, decidir se deve ou não chancelar aquela conciliação. Nesse sentido, prevê a Súmula nº
418 do TST:
21
ORSINI, Adriana Goulart de Sena. Acesso à justiça, solução de conflitos e a política pública de tratamento
adequado de conflitos trabalhistas. In: Pimenta, Adriana Campos de Souza Freire; Lockmann, Ana Paula
Pellegrina (coord.). Conciliação judicial individual e coletiva e formas extrajudiciais de solução dos conflitos
trabalhistas. São Paulo: LTr, 2014, p. 161.
22
PIMENTA, José Roberto Freire. A conciliação na esfera trabalhista – função, riscos e limites. In: Pimenta,
Adriana Campos de Souza Freire; Lockmann, Ana Paula Pellegrina (coord.). Conciliação judicial individual e
coletiva e formas extrajudiciais de solução dos conflitos trabalhistas. São Paulo: LTr, 2014, p. 62.
23
BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Súmula nº 418. Mandado de segurança visando à concessão de liminar
ou homologação de acordo. 25 abr. 2017. Disponível em:
http://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_401_450.html#SUM-418. Acesso em:
24 maio 2022.
Assim, a conciliação judicial, mais do que uma possibilidade, é um verdadeiro princípio
que rege o processo trabalhista, sendo, inclusive, um pressuposto de validade da sentença, nos
termos do artigo 831 da CLT.
É importante destacar, ainda, em relação à conciliação, que o conciliador deve buscar a
realização da transação, que deve conter os elementos básicos do instituto, dentre eles as
concessões recíprocas, e é exatamente esse aspecto que deve ser analisado em face do princípio
da indisponibilidade pelo conciliador, no sentido de que a concessão feita pelo empregado não
poderá envolver direito de indisponibilidade absoluta, mas apenas de indisponibilidade relativa,
sob pena de ser nula de pleno direito.
É o que defende Ana Paula Pellegrina Lockmann:
Diante desse quadro, podemos concluir que é vedada, como regra geral, a
renúncia de direitos trabalhistas, salvo raríssimas exceções expressamente
previstas em lei, sendo possível, contudo, a transação sobre direitos não
revestidos pela indisponibilidade absoluta, desde que presente a res dúbia
(incerteza subjetiva quanto aos direitos e obrigações), bem como os demais
requisitos próprios de qualquer ato jurídico em geral (capacidade do agente,
livre manifestação de vontade, objeto lícito, forma prescrita ou não defesa em
lei).24
24
LOCKMANN, Ana Paula Pellegrina. Acesso à justiça, solução de conflitos e a política pública de tratamento
adequado de conflitos trabalhistas. In: Pimenta, Adriana Campos de Souza Freire; Lockmann, Ana Paula
Pellegrina (coord.). Conciliação judicial individual e coletiva e formas extrajudiciais de solução dos conflitos
trabalhistas. São Paulo: LTr, 2014. p. 131.
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social: [...]
XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde,
higiene e segurança do trabalho.25
25
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 24 maio 2022.
26
BRASIL. Portaria n.º 3.214 de 08 de junho de 1978. Aprova as Normas Regulamentadoras – NR – do Capítulo
V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas a Segurança e Medicina do Trabalho. Diário Oficial
da União, 8 jun. 1978. Disponível em: https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=181059. Acesso em: 24 maio
2022.
mesmo tempo didático que, por sua vez, facilitou a sua implementação por parte do
empregador. A fim de orientar e garantir a implementação de sistemas preventivos de segurança
no ambiente de trabalho, 37 Normas Reguladoras foram criadas em anexo a Consolidação das
Leis Trabalhistas (CLT) pelo governo de modo a diminuir os índices de acidentes.
As normas de proteção ao meio ambiente de trabalho tem o condão de mantê-lo hígido,
de forma a zelar pela integridade física e mental do trabalhador, no entanto “determinadas
atividades econômicas podem não atender ao que preconiza as referidas normas de proteção ao
meio ambiente laboral.”27
Nesse passo, os trabalhadores podem, excepcionalmente, desenvolver suas tarefas
dentro de um ambiente perigoso ou insalubre, desde que haja autorização legal nesse particular.
Cumpre esclarecer que nessas atividades, ainda que o empregador forneça para seus
empregados equipamentos de proteção individual, a exposição aos agentes perigosos e
insalubres, provocaram em maior ou menor quantidade, a depender do tempo de exposição/grau
de intensidade, acidentes e doenças do trabalho.
Ademais, preceitua o artigo 195 da CLT que a caracterização e a classificação da
insalubridade e da periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão
através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho, registrados no
Ministério do Trabalho.
Dessa forma, havendo o reconhecimento da atividade laboral como insalubre ou
perigosa nos termos fixados pelo Ministério do Trabalho e Emprego, os trabalhadores expostos
a essa condição tem por direito a percepção de adicional de insalubridade ou periculosidade,
não podendo haver a cumulação dos referidos adicionais por expressa determinação legal
(artigo 193 §2° da CLT).
Nesse aspecto, cumpre destacar o conceito legal de insalubridade que está insculpido no
artigo 189 Consolidado, in verbis:
27
CAIRO JUNIOR, José. Curso de direito do trabalho. 2. ed. São Paulo: Jus podivm, 2008, p. 547.
fixados pelo Ministério do Trabalho, “em razão da natureza e intensidade do agente e do tempo
de exposição aos seus efeitos (critério quantitativo); ou ainda, de agentes biológicos e alguns
agentes químicos relacionados pelo mesmo órgão.”28
O artigo 192 da CLT preceitua que o exercício de trabalho em condições insalubres,
acima dos limites de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção
de adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez
por cento) do salário-mínimo da região, segundo se classifiquem nos graus, máximo, médio e
mínimo.
O referido adicional poderá cessar quando da implantação de medidas protetivas por
parte do empregador que impliquem eliminação ou redução da intensidade dos agentes
agressores, a fim de conservar o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerância fixados
pela NR -15 do MTE29 sejam pela aplicação de medidas de prevenção de ordem individual
e/ou coletiva.
Por seu turno, o art. 193 Consolidado estipula que perigoso será aquele trabalho que,
por sua natureza ou métodos, implique o contato permanente com inflamáveis ou explosivos
em condições de risco acentuado. Por sua vez, a lei 7.369 de 1985, estendeu o direito a esse
adicional ao empregado que exerce atividade em setor de energia elétrica em condição de
periculosidade.
De acordo José Cairo Junior:
28
SÜSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio. Instituições de direito do trabalho. 20. ed. São Paulo: LTr,
2002. v. 1, v. 2, p.916.
29
BRASIL. Portaria n.º 3.214 de 08 de junho de 1978. Aprova as Normas Regulamentadoras – NR – do Capítulo
V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas a Segurança e Medicina do Trabalho. Brasília, 1978.
Disponível em: www.mte.gov.br. Acesso em: 24 maio 2022.
30
CAIRO JUNIOR, José. Curso de Direito do Trabalho.2 ed. São Paulo: Jus podivm, 2008, p.547.
31
SÜSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio. Instituições de direito do trabalho. 20. ed. São Paulo: LTr,
2002. v. 1, v. 2, p. 916.
Ademais, a Norma Regulamentadora n.º 16, da Portaria 3.214/74 do Ministério do
Trabalho e Emprego, traz consigo o rol taxativo de atividades perigosa definindo em seu texto,
inclusive, as circunstâncias em que será devido o referido adicional.
Conforme a NR-16, atividade perigosa será aquela que expõe o obreiro diariamente a
risco iminente oriundo de contato com explosivos ou produtos inflamáveis. Assim, nos
termos do §1° do artigo 193 da CLT, o trabalho em condições de periculosidade assegura ao
empregado um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos resultantes
de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa.
Da terceira hipótese de trabalho perigoso, tratam as Portarias de nº 3.393/87 e 518/03
do Ministério do Trabalho e Emprego, baixada nos termos do artigo 200, inciso VI, da CLT.
Essa portaria considera como atividade e operações perigosas o contato com radiações
ionizantes ou substancias radioativas, adotando-as como de risco em potencial.32
32
MELO, Raimundo Simão. Direito ambiental do trabalho e a saúde do trabalhador. 3. ed. São Paulo: Ltr,
2008, p.158.
33
BARROS, Alice Monteiro de. Curso de direito do trabalho. 10. ed. São Paulo: LTr, 2016.
caput do referido artigo, que poderão ser instituídos outros direitos, além daqueles
constitucionais, que visem à melhoria da condição social do trabalhador.
Em face aos direitos sociais trabalhistas temos, então, um interesse social que transcende
a vontade particular dos sujeitos, justificando consequentemente a restrição sobre a livre
negociação deles.
Do ponto de vista normativo temos que a indisponibilidade de direitos trabalhistas
encontra fundamentação de forma clara no artigo 9° da CLT, para além desse, encontramos
também previsões semelhantes nos artigos 444, caput, e 468, caput, da CLT, que assim
estabelecem:
34
BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Processo Nº TST-RR-1437-75.2015.5.10.0801. Recurso de Revista.
Processo sob a égide da Lei 13.015/2014 e anterior à Lei 13.467/2017. [...]. 3ª Turma. Relator: Min. Mauricio
Godinho Delgado. 11 mar. 2022. Disponível em: https://jurisprudencia-
backend.tst.jus.br/rest/documentos/d5180829f87fc36d99b8fefae8c12383. Acesso: 25 maio 2022.
35
BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Processo Nº TST-RR-1783-04.2012.5.24.0005. Recurso de Revista.
[...]. 1ª Turma. Relator: Min. Hugo Carlos Scheuermann. 11 maio 2018. Disponível em: https://jurisprudencia-
backend.tst.jus.br/rest/documentos/51b67d414a486f4a9d57a6d8c0998676. Acesso: 25 maio 2022.
empregador (transação), não pode dispor de seus direitos laborais, sendo nulo o ato dirigido a
esse despojamento.36
Todavia, diante de uma controvérsia doutrinaria existente sobre a extensão e rigidez da
observância da indisponibilidade, Delgado se posiciona no sentido diferenciar duas
modalidades de indisponibilidade: a absoluta e a relativa. Por meio dessa diferenciação torna-
se possível evidenciar o núcleo central a ser preservado em face aos referidos direitos.
Conforme exposição de Delgado assim temos:
Nesse passo, podemos concluir ser possível a transação sobre direitos não revestidos
pela indisponibilidade absoluta, desde que presente a incerteza subjetiva quanto aos direitos e
obrigações, bem como os demais requisitos do ato jurídico em geral (capacidade da parte, livre
Manifestação de vontade, objeto lícito e forma prescrita ou não defesa por lei).
Entretanto, os direitos revestidos pela indisponibilidade absoluta, no âmbito das
conciliações trabalhistas, reflete na impossibilidade de negociar elementos de interesse de
Direito Individual do Trabalho, pois é um direito de tutela de nível de interesse público, por
traduzir um patamar civilizatório mínimo firmado pela sociedade política em um dado momento
histórico, ou seja, tais como a incidência das normas de proteção à saúde e segurança do
trabalhador.
36
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho: obra revista e atualizada conforme a lei da
reforma trabalhista e inovações normativas e jurisprudenciais posteriores. 18. ed. São Paulo: LTr, 2019.
37
Ibid., p. 154.
Na perspectiva da conciliação extrajudicial, ênfase é dada para as alterações realizadas
pela Lei 13.467/17 – reforma trabalhista de 2017 - que acrescentaram ao quadro de
possibilidades a oportunidade de realização de acordos extrajudiciais pelas partes, as quais
interpelam a justiça do trabalho visando apenas a homologação do referido acordo por parte do
magistrado.
Destaque deve ser dado também a etapa da homologação, pois tanto em caso de
conciliação judicial, quanto extrajudicial, deverá ser ela concedida pelo magistrado para que
efetivamente a conciliação possa surtir seus efeitos.
Dos primeiros elementos delineados sobre o assunto percebemos que negociação,
portanto, é o foco central da conciliação. Todavia, é importante observar que, dentro do âmbito
da justiça do trabalho, alguns aspectos sofrem certas limitações e a liberdade fica
comprometida, cabendo em tais casos ao juiz interferir no acordo ali estabelecido, buscando
preservar certa ordem e assegurar direitos, principalmente diante da parte hipossuficiente da
relação, qual seja, o trabalhador.
Uma das grandes inovações também trazidas com a nova Lei, foi a valorização do
princípio da prevalência do legislado sobre o negociado, por meio da inserção dos artigos 611-
A e 611-B à CLT. Isso, por certo, agradou bastante a classe patronal, que encontrou na
negociação coletiva uma forma de negociar direitos trabalhistas previstos em lei, ao mesmo
tempo em que trouxe incertezas para a classe obreira.
No entanto, não pode a negociação coletiva servir apenas como mecanismo de transação
de direitos trabalhistas assegurados por lei, pois, caso contrário, acabaria por perder a sua
essência. Por outro lado, deve-se ter em mente que as relações coletivas trabalhistas continuam
a ser pautadas no princípio da adequação setorial negociada, que traça as possibilidades e
limites da negociação coletiva.
Nesse sentido, são os ensinamentos de M. G. Delgado e G. N. Delgado:
Embora a Lei n. 13.467/2017 tenha alargado o elenco de parcelas de
indisponibilidade apenas relativa, o fato é que há um conjunto normativo
circundante ao novo art. 611-A da CLT, formado por princípios e regras
jurídicas superiores. Esse conjunto normativo não pode ser desconsiderado no
contexto de aculturação dos dispositivos da negociação coletiva trabalhista
firmada no plano concreto do mundo do trabalho.38
38
DELGADO, Gabriela Neves. Reforma trabalhista no Brasil: com os comentários à Lei n. 13.467/2017. São
Paulo: LTr, 2017, p. 170.
enquanto que há direitos trabalhistas de indisponibilidade absoluta que não são passíveis de
sofrer reduções por meio da negociação coletiva.
A Reforma Trabalhista teria seguido esse entendimento ao estabelecer limites jurídicos
à negociação coletiva por meio do art. 611-B da CLT, que são os direitos de indisponibilidade
absoluta, porém, alargou o elenco de direitos de indisponibilidade relativa através do art.611-A
da CLT.
Assim, diante da ampliação das parcelas de indisponibilidade meramente relativa, deve-
se buscar uma interpretação restritiva para o art. 611-A da CLT, de modo a não resultar em
situações absurdas que levariam à precarização dos direitos trabalhistas. Logo, a margem aberta
à negociação coletiva deve ser manejada com sensatez, equilíbrio, prudência, razoabilidade,
proporcionalidade e boa-fé objetiva.39
Além disso, devem ser respeitados os limites impostos à negociação coletiva, que vão
além do rol do art. 611-B da CLT, sendo estabelecidos por meio das normas constitucionais,
das normas internacionais de direitos humanos que possuem status constitucional, bem como
das normas infraconstitucionais de ordem pública que, se violadas, afrontariam diretamente os
princípios constitucionais.
Destarte, caberá ao Poder Judiciário a análise de cada caso concreto para verificar se há
violação, direta ou indireta, ao texto constitucional que seja capaz de impedir a celebração da
negociação coletiva.40
Do mesmo modo, será imprescindível a participação incondicional dos sindicatos
profissionais na elaboração das convenções e acordos coletivos de trabalho, de modo a buscar
evitar a negociação dos direitos trabalhistas sem respeitar os limites jurídicos. 41
Ressalta-se o entendimento recente da terceira turma do Tribunal Superior do Trabalho:
39
DELGADO, Gabriela Neves. Reforma trabalhista no Brasil: com os comentários à Lei n. 13.467/2017. São
Paulo: LTr, 2017, p. 171.
40
CORREIA, Henrique; MIESSA, Élisson. Manual da reforma trabalhista. Salvador: JusPODIVM, 2018.
41
LIMA, Francisco Meton Marques de; LIMA, Francisco Péricles Rodrigues Marques de. Reforma Trabalhista:
entenda ponto por ponto. São Paulo: LTr, 2017.
Agravo desprovido" (Ag-AIRR-25957-34.2016.5.24.0071, 3ª Turma, Relator
Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT 18/02/2022, grifo nosso).42
Portanto, somente assim será possível que os artigos 611-A e 611-B da CLT possam
garantir a prevalência do negociado sobre o legislado sem acarretar prejuízos para a classe
obreira que, sem dúvidas, é a parte mais frágil da relação laboral e que merece uma maior
proteção do Direito do Trabalho, principalmente nos direitos relacionados a saúde e segurança
do trabalho, que por sua vez é uma garantia protegida constitucionalmente, como também pela
Convenção nº 155 da OIT, na qual foi ratificada pelo Brasil. Por fim, o próprio obreiro não
pode abrir mão de seus direitos de saúde e segurança do trabalho por meio da conciliação, nem
tão pouco, tais normas não pode ser alvo qualquer alteração in pejus, que causem algum
prejuízo ao trabalhador.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
42
BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Processo Nº TST-AG-AIRR-25957-34.2016.5.24.007. Agravo.
Agravo de instrumento em recurso de revista. Processo sob a égide da Lei Nº 13.015/2014 e anterior à Lei Nº
13.467/2017. [...]. 3ª Turma. Relator: Min. Mauricio Godinho Delgado. 16 fev. 2022. Disponível em:
https://jurisprudencia-backend.tst.jus.br/rest/documentos/ee4342dd28d2f43959ecc13940d0f1f0. Acesso em: 25
maio 2022.
A partir do questionamento da possibilidade de conciliação na justiça do trabalho em
relação as demandas que envolve saúde e segurança do trabalho. Uma vez que é tutelado
constitucionalmente, tratando-se indisponibilidade absoluta. Este estudo se propõe a
demonstrar que nos casos de conciliação que envolva a saúde e segurança do trabalho, em que
se entendeu aplicar o princípio da indisponibilidade, jamais deveriam chegar a uma transação,
mas que, por várias falhas do sistema judiciário, não se é respeitado.
Entretanto, não cabe a este estudo considerar que o instituto da conciliação deva ser
inaplicáveis de pronto para as questões referentes a saúde e segurança do trabalho, mas sim,
que deve ser analisado de forma que respeite a indisponibilidade absoluta o qual se é tutelada
constitucionalmente.
É mister ponderar ainda que, o Princípio da Indisponibilidade dos direitos de saúde e
segurança do trabalho, é um avanço nas conquistas do direito do trabalho, e sua aplicação é
fundamental para que se continue avançando no direito do trabalho brasileiro.
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