A Proteção Constitucional das Pessoas Portadoras de Deficiência e os Aspectos Jurídicos
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JurídicoInforma WebNovaprolink Bom Dia, Ano X - 11 de Maio de 2011ISSN 2177-028XContato: Matriz: (32) 4009-2900 / Filial: (11) 2526-6451 - comercial@novaprolink.com.br Universo JurídicoHome Novidades Doutrinas Índices Econômicos Modelos de Petição Modelos de Contrato Notícias Você Sabia? Peças Processuais Eventos Jurídicos Fórum de Discussões Parceiros Promoções 27ª ExamePME Resultado do Sorteio AcessoInforma Jurídico Web Cálculos judiciais ProdutosOffice Jurídico CP-Pro Informa Jurídico Web Site do Advogado Perito Web Downloads ServiçosConsultoria/Treinamento Links Úteis Boletins por E-mail RSS VídeosNovaprolink Vídeos Treinamento CP-Pro 9 NovaprolinkA Empresa Representantes Suporte Técnico Registro Softwares Blog PLKNews
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Carregando... DoutrinasPublique sua Doutrina no UJ Preparar para: Impressão Enviar por: E-mail Fonte:AAA Protegido pela Lei nº 9.610, de 19/02/1998 - Lei de Direitos Autorais A Proteção Constitucional das Pessoas Portadoras de Deficiência e os Aspectos Jurídicos para sua Efetivação SUMÁRIO: 1 Introdução; 2 Conceito de Pessoa Portadora de Deficiência; 3 O Princípio da Igualdade Formal e Material; 4 Da Proteção Judicial das Pessoas Portadoras de Deficiência; 5 Dos Legitimados Ativos na Proteção das Pessoas Portadoras de Deficiência; 6 Da Efetivação dos Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência; 7 Considerações Finais; 8 Referências. 1 Introdução A Constituição Federal de 1988 estabeleceu como fundamentos principais da República Federativa do Brasil a cidadania, a dignidade da pessoa humana e os valores sociais do trabalho. E mais, previu como objetivos a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, com promoção do bem estar de todos, sem quaisquer formas de discriminação. Nessa esteira, o presente artigo tem por objetivo trazer à baila a questão da proteção constitucional das pessoas portadoras de deficiência e as dificuldades enfrentadas para e efetivação desses direitos previstos constitucionalmente. Com efeito, a Carta Política visa a assegurar a pessoa portadora de deficiência, o seu ingresso na vida social e no mercado de trabalho, através de um conjunto de normas compensatórias. Entretanto, a implantação dessas normas compensatórias, previstas constitucionalmente, não é vista com bons olhos por parte de setores do poder público e privado, opondo-se grande resistência à efetivação e implantação dos direitos da pessoa portadora de deficiência. Nada obstante, impõe-se a adoção de medidas judiciais por parte dos legitimados ativos na defesa da pessoa deficiente e a utilização de todas as armas jurídicas existentes, a fim de que se possa implantar e garantir os direitos fundamentais individuais e coletivos da pessoa portadora de deficiência. Enfim, a empreitada aqui proposta consiste em expor algumas das normas jurídicas constitucionais que asseguram condições mínimas de inserção da pessoa portadora de deficiência no meio social e as dificuldades enfrentadas para sua concreta efetivação. 2 Conceito de Pessoa Portadora de Deficiência O conceito e a concepção do termo deficiente detiveram suas origens na Declaração dos Direitos dos Deficientes (1), aprovada pela Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas, em 9 de dezembro de 1975. Segundo o art. 1º da Resolução 3447, o termo deficiente designa toda pessoa em estado de incapacidade de prover por si mesma, no todo ou em parte, as necessidades de uma vida pessoal ou social normal, em consequência de uma deficiência congênita ou não de suas faculdades físicas ou mentais. Posteriormente, em 1980, a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu deficiência como sendo qualquer perda ou anormalidade da estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica. No âmbito interno foi editado o Decreto nº 3.298/99 (2), o qual, no art. 3º, faz a distinção entre deficiência, deficiência permanente e incapacidade, ou seja: I deficiência é toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano; II deficiência permanente é aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altere, apesar de novos tratamentos; e III incapacidade que é uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função ou atividade a ser exercida. Ademais, o art. 4º estipula que é considerada pessoa portadora de deficiência a que se enquadra nas seguintes categorias: I deficiência física alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções; II deficiência auditiva perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e 3.000Hz; III deficiência visual - cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60o; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores; IV deficiência mental funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: a) comunicação; b) cuidado pessoal; c) habilidades sociais; d) utilização dos recursos da comunidade; e) saúde e segurança; f) habilidades acadêmicas; g) lazer; e h) trabalho; e V deficiência múltipla associação de duas ou mais deficiências. Em suma, pode-se conceituar deficiência como uma limitação física, mental, sensorial ou múltipla, que incapacite a pessoa de desempenhar as atividades da vida diária e para o trabalho e que, em razão dessa incapacitação, a pessoa tenha dificuldades de inserção no meio social. 3 O Princípio da Igualdade Formal e Material Segundo Gregório Assagra de Almeida, em sentido vulgar o vocábulo princípio (3) tem o significado de origem, começo, nascedouro. Por outro lado, alega que no campo do direito a palavra princípio tem significado de normas elementares ou preceitos primordiais instituídos como alicerce de alguma coisa. Aduz que nessa concepção, os princípios exprimem sentido mais importante que as regras jurídicas e significam pontos básicos que constituem o próprio alicerce do direito (4). Sob tal enfoque, Celso Antônio Bandeira de Mello define princípio como sendo mandamento nuclear de um sistema, o alicerce, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas, compondo-lhes o espírito e servindo de critério para a sua exata compreensão e inteligência. Segundo este, violar um princípio é mais grave que transgredir uma norma. (5) Com efeito, a Constituição Federal de 1988 consagrou tanto o princípio da igualdade formal, quanto o princípio da igualdade material. Pode-se dizer que a igualdade material encontra-se assentada no art. 3º do texto Constitucional, o qual determina que são objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil erradicar a pobreza e a marginalização, bem como a redução das desigualdades sociais e regionais. De outra banda, o caput do art. 5º da Constituição Federal prevê a igualdade formal, ou seja, a igualdade de todos perante a lei. Noutras palavras, a igualdade formal impede que pessoas que se encontrem na mesma situação fática tenham tratamento desigual. Lado outro, em face do princípio da igualdade material, impõe-se à adoção de medidas reparadoras objetivando a redução das desigualdades de fato, por meio de tratamento diferenciado as pessoas de se encontrem em situações de desigualdade. O tema entabulado também é tratado por Luiz Alberto David Araújo, para quem o princípio da igualdade tem duas vertentes: I igualdade formal ou igualdade perante a lei: não se admite qualquer privilegio, tratando-se igualmente todas as pessoas; II igualdade material ou igualdade na lei: o texto constitucional cuida de realçar certos valores, direitos de pessoas ou grupos, os quais necessitam de proteção especial. Ou seja, está-se diante de uma autorização para desigualar. (6) Na esteira desse entendimento, manifesta-se a professora Regina Quaresma dispondo que o legislador constituinte originário, impregnado pelo espírito de inegável igualdade e impulsionado pelos movimentos sociais, presente naquele momento, reservou a devida atenção à questão relacionada aos direitos pertinentes às pessoas portadoras de deficiência, às quais dispensou um tratamento visivelmente protetivo ao estabelecer normas que não apenas previnem eventuais discriminações, bem como também determinam prestações de cunho positivo, a serem prestadas pelo Poder Público, sempre visando à integração deste contingente de seres humanos à vida social. (7) Nessa conjuntura, insta ressaltar que o objetivo da Constituição Federal é a aplicação do princípio isonômico, tratando-se desigualmente os desiguais, ao se estabelecer um tratamento especial à pessoa portadora de deficiência para: (i) ingresso no mercado de trabalho; (ii) acesso diferenciado ao sistema de saúde; (iii) educação especializada; e (iv) eliminação das barreiras arquitetônicas e culturais. Portanto, o princípio da igualdade surge como ponto de equilíbrio entre os direitos das pessoas normais e das pessoas portadoras de deficiência. É razoável entender que a pessoa deficiente tem, pela sua própria condição, direito à quebra da igualdade, em situações nas quais concorra com pessoas sem deficiência. 4 Da Proteção Judicial das Pessoas Portadoras de Deficiência Ao garantir as pessoas portadoras de deficiência diversos direitos, a Constituição Federal tem por objetivo principal a busca constante da igualdade com as outras pessoas. Na esteira desse raciocínio, urge ressaltar que qualquer lesão ou ameaça aos direitos das pessoas portadoras de deficiência permite a busca de proteção judicial, nos termos do art. 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal. Trata-se do princípio da inafastabilidade jurisdicional. Nesse sentido, a proteção judicial para defesa dos direitos das pessoas portadoras de deficiência pode ser buscada de forma individual ou coletiva. No que tange a proteção judicial individual, a própria pessoa deficiente pode buscar a tutela jurídica de forma pessoal, cabendo a esta, demonstrar que o seu direito foi lesionado ou encontra-se ameaçado de lesão. Noutro viés existe a defesa da pessoa portadora de deficiência no plano dos interesses difusos e coletivos, tais como a ação civil pública, o mandado de segurança coletivo, o mandado de injunção e a ação popular. A ação civil pública adentrou no ordenamento jurídico pátrio através da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, a qual dispõe sobre a proteção de quaisquer interesses difusos ou coletivos. Tem como legitimados ativos o Ministério Público, a Defensoria Pública (8), a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, a associação constituída há mais de um ano (9), as autarquias, as empresas públicas, as fundações e as sociedades de economia mista. Entretanto, com relação às associações, a legitimidade destas para ajuizar ação civil pública na defesa de interesses relacionados com as pessoas portadoras de deficiência está condicionada a relação entre os fins institucionais e a proteção dessa minoria. Por outro lado, o mandado segurança (10) coletivo, previsto no inciso LXX (11) do art. 5º da Constituição Federal pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano (12). Registre-se que às organizações sindicais, entidades declasse ou associação legalmente constituída somente têm legitimidade para defesa dos interesses deseus próprios membros ou associados. Com relação aos partidos políticos, a única ressalva feita éa representação no CongressoNacional, em outras palavras, o partido deve possuir pelo menos um Deputado Federal ou um Senador. O mandado de segurança coletivo tem por objetivo proteger direito líquido e certo não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. Ademais, o art. 5º, inciso LXXI, da Constituição Federal reza que se concederá mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Assim, o mandado de injunção tem como pressupostos: (i) Ausência de norma que regulamente norma constitucional; e (ii) impossibilidade de exercício de direito, liberdade ou prerrogativa. Segundo a doutrina e jurisprudência, pode-se citar como legitimados a propor mandado de injunção: (i) a pessoa física; (ii) a pessoa jurídica; (iii) associações ou coletividades, em analogia ao mandado de segurança coletivo, previsto no art. 5º, inciso LXX, da Constituição Federal; (iv) o Ministério Público. Portanto, é plenamente possível a propositura de mandado de injunção coletivo para defesa dos interesses das pessoas portadoras de deficiência. Por fim, impõe-se uma análise da ação popular (13), a qual se encontra prevista no inciso LXXIII do art. 5º da Constituição Federal, prevendo que qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. Contudo, a doutrina e a jurisprudência somente tem admitido a propositura de ação popular para anulação de ato lesivo ao patrimônio público e reparação desse dano (14). Noutro sentido, mas em boa medida, Carlos Eduardo de Freitas Fazoli e Danilo César Siviero Ripoli dizem que a ação popular é um instrumento que pode é deve ser utilizado na proteção dos direitos fundamentais, tratando-se de uma ação de índole constitucional, cuja aplicação deve ser maximizada na concretização dos direitos. Estes concluem que qualquer ação, inclusive a popular, pode e deve ser utilizada quando for capaz de propiciar adequada e efetiva tutela dos direitos coletivos fundamentais. (15) 5 Dos Legitimados Ativos na Proteção das Pessoas Portadoras de Deficiência O art. 3º da Lei nº 7.853/1989 estabelece que poderá ser interposta ação civil pública destina à proteger interesses coletivos ou difusos das pessoas portadoras de deficiência. E mais, prevê que são legitimados ativos para propor ação civil pública no interesse de pessoa portadora de deficiência: (i) o Ministério Público, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; (ii) a associação constituída há mais de 1 (um) ano, nos termos da lei civil, a autarquia, a empresa pública, a fundação ou sociedade de economia mista que inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção das pessoas portadoras de deficiência. Pode-se dizer, assim, que a legitimidade ativa para interpor ação civil pública objetivando a defesa das pessoas portadoras de deficiência, divide-se em três grupos: (i) pessoas jurídicas de direito público, ou seja, a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, as autarquias, as empresas públicas, as fundações e as sociedades de economia mista (16); (ii) as associações civis; e (iii) o Ministério Público. Sobre o tema entabulado, isto é, quanto as pessoas legitimadas ativamente para propor ação civil pública, Luiz Alberto David Araújo faz uma correlação entre os agentes envolvidos, tecendo comentários de três ordens, haja vista a participação na defesa das pessoas portadores de deficiência: (i) vontade política interesse em ver cumprida a tarefa de defesa dos direitos das pesoas portadoras de deficiência; (ii) estrutura jurídica pessoas habilitadas para atuar juridicamente e meios materiais próprios para a defesa coletiva dessa minoria; e (iii) conhecimento específico conhecimento dos problemas próprios de cada grupo, como saber qualificado para que sejam exercidos outros direitos. (17) Num primeiro momento, o autor analisa a legitimidade ativa das Pessoas Jurídicas de Direito Público para propor ação civil pública em defesa das pessoas portadoras de deficiência. Segundo Luiz Alberto David Araújo, as Pessoas Jurídicas de Direito Público não tem vontade política de defender os direitos das pessoas portadoras de deficiência. Aduzindo que são raras as ações civis públicas propostas por estes autores. E mais, para este, os entes públicos são os maiores infratores das regras ao deixarem de cumprir tarefas mínimas necessárias a inclusão desse grupo vulnerável. (18) Quanto a estrutura jurídica, Luiz Alberto David Araújo diz que se encontra presente nas pessoas de direito público, sendo inegável que os quadros de procuradores são formados por excelentes advogados públicos, todas com vasta experiência, haja vista que passaram por concursos difíceis. Ou seja, o quadro de presentantes judiciais das pessoas de direito público é formado por profissonais com experiência em diversas áreas, especialmentem na tutela coletiva. (19) Por fim, de citar-se o conhecimento específico. Para Luiz Alberto David Araújo, nesse particular, as pessoas de direito público estão muito bem aparelhadas, isto é, tem em seus quadros profissionais qualificados que conhecem profundamente os problemas das pessoas portadoras de deficiência, nas áreas de saúde e serviço social. (20) Num segundo momento, cabe falar sobre as associações civis. Segundo Luiz Alberto David Araújo, as associações têm vontade política, tendo em vista que a proteção das pessoas portadoras de deficiência é o ponto principal da sua constituição. Uma vez que, as associações, em sua grande maioria, são formadas por pais, parentes e interessados na defesa dos direitos da pessoas portadoras de deficiência. (21) Com relação ao conhecimento especifíco, a doutrina de Luiz Alberto David Araújo estabelece que a associação conhece melhor que ninguém os problemas emfrentados pelas pessoas portadoras de deficiência. Ou seja, quais os problemas que estão impedindo a inclusão de determinado grupo; quais as questões que poderiam melhorar a situação de cada grupo etc. (22) Por fim, quanto a estrutura jurídica, a associação encontra-se aquem do desejado. Segundo Luiz Alberto David Araújo seria necessário que houvesse um departamento jurídico bem estrutrurado, formado por advogados com experiência e conhecimento em matérias de ações coletivas, principalmente em ação civil pública, para defesa dos direitos das pessoas portadoras de deficiência.(23) Num terceiro momento e por último, cabe analisar a legitimidade ativa do Ministério Público. Nesse viés, Luiz Alberto David Araújo dispõe que o Ministério Público tem vontade política de defender os direitos das pessoas portadoras de deficiência, sendo o mais atuante dentre os três grupos. Segundo este, o Ministério Público tem mais do que vontade, esclarecendo que a atuação do Parquet na defesa dos direitos das pessoas portadoras de deficiência é um dever constitucional. (24) Por lado outro, o Ministério Público não tem conhecimento técnico sobre os problemas enfrentados pelas pessoas portadoras de deficiência, haja vista que os seus membros são obrigados a atuar nas diversas áreas jurídicas, o que tem dificultado o domínio especifíco da matéria Em compensação, quanto à estrutura jurídica, Luiz Alberto David Araújo dispõe que o Ministério Público apresenta as melhores condições dentre os três agentes. Para este, os membros do Parquet são dotados de um conhecimento extraordinário em matéria de ação civil pública, sendo esta, um instrumento muito utilizado nas atividades ministeriais. (25) Em tempo, há que se registrar que o inciso II do art. 5º da Lenº 7.347/1985, altepeLenº 11.448/2007, prevê que a Defensoria Pública tem legitimidade ativa para propor ação civil pública (26). Nesse contexto, nos filiamos à doutrina e jurisprudência que admitem a possibilidade da Defensoria Pública ingressar com ação civil pública em defesa dos direitos das pessoas portadoras de deficiência. Álias, sob tal perspectiva, há que se esclarecer que o papel fundamental da Defensoria Pública é o atendimento de forma gratuita aos necessitados. Dessa forma, a Defensoria Pública somente poderá ajuizar ação civil pública para defender os interesses dos necessitados. Corrobora esse entendimento, a doutrina de Pedro Lenza, ao estabelecer que a ação civil pública ajuizada pela Defensoria Pública deverá se adequar à finalidade constitucional específica, qual seja, a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados, nos termos do inciso LXXIV do art. 5º da Constituição Federal. (27) Portanto, tem-se que a Defensoria Pública pode interpor ação civil pública para defender interesses das pessoas portadoras de deficiência, mas desde que estas sejam pessoas necessitadas. Em suma, observa-se que há legitimidade ativa concorrente entre a Administração Pública Direta e Indireta, Associações Civis, Defensoria Pública e Ministério Público para ajuizar a ação civil pública, visando à proteção dos direitos das pessoas portadoras de deficiência. 6 Da Efetivação dos Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência A Constituição Federal de 1988 determina a inclusão social e o tratamento isonômico material e processual de todos. Tarefa das mais árduas é efetivar a inclusão social dos portadores de deficiência e garantir uma convivência igualitária a este grupo. No Plano social e econômico o país tem demonstrado alguns avanços, como a melhoria do acesso à educação, alimentação e projetos sociais, reduzindo, ainda que pouco, as desigualdades sociais. Contudo, apesar do mandamento constitucional de inclusão dos portadores de deficiência, caminhamos pouco neste sentido, enfrentamos sérios problemas para a efetivação, seja por desconhecimento das pessoas portadoras de deficiência sobre seus direitos, seja pela indiferença da sociedade e do Estado em admitir as diferenças e promover a devida inclusão. A luta das pessoas portadoras deficiência, como é comum acontecer nas lutas das minorias, demanda sempre grandes esforços para a obtenção do que lhes é de direito. Tal constatação, porém, longe de desestimular esses lutadores, como que os impelem a abrir novas frentes de batalha, certos de que, mais dia menos dia, atingirão seus objetivos. Sob tal enfoque, urge ressaltar que as políticas afirmativas ou inclusivas frequentemente adotadas nas sociedades contemporâneas, marcadamente pluralistas, têm ganhado um significado político e jurídico enorme. Registra-se a mobilização do Estado e da sociedade civil no sentido de assegurar às minorias a efetividade do direito à igualdade. Assim, tratar os desiguais na medida de sua desigualdade, com vista a dar-lhes tratamento jurídico mais isonômico tem sido a tônica das políticas afirmativas de minorias, a fim de que o princípio constitucional da igualdade entre as pessoas materialize-se e não reduza a uma mera declaração de intenções. Tal temática é tratada pela professora Flávia Piovesan, incansável lutadora na proteção dos direitos fundamentais, definindo as ações afirmativas como sendo medidas concretas que viabilizam o direito à igualdade, como crença de que a igualdade deve se moldar no respeito à diferença e diversidade. E mais, segundo esta, é pelas ações afirmativas que se transita da igualdade formal para a igualdade substancial ou material. (28) Sob tal perspectiva, a concretização do direito à igualdade importa a implementação de duas estratégias: (i) o combate à discriminação e (ii) a promoção da igualdade, considerando-se que ambas não podem ser dissociadas. Para tanto, além de normas proibitivas de comportamentos discriminatórios, deve-se atentar para aquelas normas que prescrevem uma discriminação positiva de maneira a incluir os grupos historicamente marginalizados ao núcleo da sociedade. No caso em tela, as pessoas portadoras de deficiência. Nesse contexto, há uma série de direitos que deverão ser garantidos às pessoas deficientes, sem nenhuma exceção, distinção ou discriminação, destacando-se: (i) o direito ao respeito à sua dignidade como pessoa humana; (ii) à adoção de medidas próprias a capacitá-las a tornarem-se, quanto possível, autoconfiantes; (iii) o direito a tratamento médico, psicológico e funcional para desenvolvimento de capacidades e habilidades; e (iv) à segurança material em nível de vida decente, em atividades produtivas e remuneradas de acordo com as aptidões. Na esteira desse raciocínio, não se pode mais obstar o exercício pleno da cidadania pelas pessoas portadoras de deficiência, bem com relativizar a dignidade e independência desses seres humanos por tempo indeterminado. Ou seja, não há como esperar até que a Administração Pública e a sociedade, como um todo, se organizem e desenvolvam meios que permitam à efetivação dos mandamentos constitucionais e infraconstitucionais de proteção as pessoas portadoras de deficiência. Ainda a respeito do tema entabulado, manifesta-se Viviane Ceolin Dallasta, escrevendo que é por tudo isso que se deve recorrer à utilização da via judicial para compelir a Administração Pública, considerada em suas três esferas, a implantar as medidas necessárias, a fim de conferir agilidade à prestação estatal, e mais que isso, iniciar um processo de modernização e democratização, minimizando a dicotomia verificada entre a teoria e a realidade vivenciada em nosso país. (29) Nesse sentido, ilustrativas são as palavras de Norberto Bobbio ao falar sobre a diferença existente entre a teoria e a prática, asseverando que: Num discurso geral sobre os direitos do homem, deve-se ter a preocupação inicial de manter a distinção entre teoria e prática, ou melhor, deve-se ter em mente, antes de mais nada, que teoria e prática percorrem duas estradas diversas e a velocidades muito desiguais. Quero dizer que, nestes últimos anos falou-se e continua a se falar de direitos do homem, entre eruditos, filósofos, juristas, sociólogos e políticos, muito mais do que se conseguiu fazer até agora para que eles sejam reconhecidos e protegidos efetivamente, ou seja, para transformar aspirações (nobres, mas vagas), exigências (justas, mas débeis), em direitos propriamente ditos (isto é, no sentido e que os juristas falam de direito ). (30) Desta feita, impõe-se a União, aos Estados, ao Distrito Federal (31), aos Municípios, ao Ministério Público, a Defensoria Pública (32), bem como as associações civis (33), as autarquias, as empresas públicas, as fundações ou as sociedades de economia mista (34), uma atuação judicial mais ativa com o objetivo de se ver cumprido os mandamentos constitucionais e infraconstitucionais, possibilitando-se que, de fato, aconteça a inclusão das pessoas portadoras de deficiência no meio social. Em suma, toda essa discussão tem por objetivo colocar em prática um verdadeiro Estado Democrático de Direito, com ampla participação social, onde a igualdade, a dignidade e a diferença sejam respeitadas por toda sociedade e pelo Estado Brasileiro. 7 Considerações Finais Face o exposto, pode-se concluir que a Constituição Federal de 1988 cuidou de elencar diversas normas de proteção à pessoa portadora de deficiência. Nesse viés, esses direitos visam a possibilitar a participação desses seres humanos na vida ativa da sociedade brasileira. Há que se registrar que a proteção do ser humano portador de deficiência vem crescendo ao longo dos anos, atingindo seu ápice legislativo com a Constituição Federal de 1988. Noutra palavras, foi a partir da Constituição Cidadã que o tema referente à pessoa portadora de deficiência ganhou maior realce e conquistou destaque constitucional e infraconstitucional, recebendo por certo, o tratamento devido, mesmo que muito ainda se tem a alcançar, pois as conquistas ainda estão longe de se findar. Esse grande salto civilizatório nos permite visualizar o portador de deficiência como uma pessoa igual, em direitos, obrigações e oportunidades. Nessa perspectiva, devemos assumir nossa responsabilidade, enquanto sociedade, a fim de haja a efetivação dos direitos fundamentais dessa minoria. Com efeito, para uma efetiva inclusão da pessoa portadora de deficiência na sociedade, impõe-se que sejam tomadas algumas medidas tais como: a eliminação das barreiras sociais, naturais, arquitetônicas ou mesmo legais, para que a desigualdade se torne à exceção, jamais à regra. Cumpre ressaltar que a proteção jurídica diferenciada dada pela Constituição Federal às pessoas portadoras de deficiência não é um ato de caridade que o Estado e a sociedade devam ter em relação a estes seres humanos, mas sim, a garantia de igualdade e dignidade dessas pessoas como igual. Por outro lado, não bastam leis e decretos, se estes forem apenas retóricos, sem aplicação prática, ou seja, normas meramente formais e não materiais. A proteção da pessoa portadora de deficiência deve ter efetivado através de ações afirmativas de forma a incluí-la na sociedade de maneira justa e igualitária, diminuindo as exclusões e concretizando a cidadania. Em suma, não há como se alcançar um Estado Democrático de Direito que contemple a cidadania se não priorizarmos a efetivação dos direitos das minorias, pois a busca por uma vida digna a todos os indivíduos em uma sociedade democrática é um dos seus pilares fundamentais. 8 Referências ALMEIDA, Gregório Assagra de. Direito material coletivo: superação da summa divisio direito público e direito privado por uma nova summa divisio constitucionalizada. Belo Horizonte: Del Rey, 2008. ARAÚJO, Luiz Alberto David. A proteção constitucional das pessoas portadoras de deficiência. 2. ed. Brasília: CORDE, 1996. ______. A proteção constitucional das pessoas portadoras de deficiência: algumas dificuldades para efetivação dos direitos . In: Daniel Sarmento; Daniela Ikawa e Flávia Piovesan (coordenadores), Igualdade, diferença e direitos humanos. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2008. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988. ______. Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989. Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência - Corde, institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público, define crimes, e dá outras providências. DOU de 25.10.89. ______. Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999. Regulamenta a Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, consolida as normas de proteção, e dá outras providências. DOU de 21.12.1999. ______. Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985. Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagismo e dá outras providências. DOU de 25.7.1985. ______. Lei nº 11.448, de 15 de janeiro de 2007. Altera o art. 5º da Lei n. 7.347/85, que disciplina a ação civil pública, legitimando para a sua propositura a Defensoria Pública. DOU de 16.1.2007. BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Tradução de Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Campus, 1992. DALLASTA, Viviane Ceolin. A situação das pessoas portadoras de deficiência física. Cotejo entre os instrumentos teóricos existentes e as limitações impostas por uma infra-estrutura urbana inadequada e excludente. Disponível em: . Acesso em: 09 ago. 2009. FAZOLI, Carlos Eduardo de Freitas; RIPOLI, Danilo César Siviero. A ação popular como instrumento de proteção das pessoas portadoras de deficiência: uma crítica ao positivismo. Disponível em: . Acesso em: 8 ago. 2009. LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 11 ed. São Paulo: Método, 2007. PIOVESAN, Flá. Temas de Direitos Humanos. 2 ed. SãPaulo: Editor Max Limonad, 2003. QUARESMA, Regina. Comentários à legislação constitucional aplicável às pessoas portadoras de deficiência. Revista diálogo jurídico, Bahia, n. 14, jun./ago. 2002. SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. Rio de Janeiro: Forense, 1989. 3 v. MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Elementos de direito administrativo. São Paulo: Malheiros, 1990. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Declaração dos direitos das pessoas deficientes. Resolução 3447, aprovada em 9 de dezembro de 1975. Notas: (1) ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Declaração dos direitos das pessoas deficientes. Resolução 3447, aprovada em 9 de dezembro de 1975. (2) "Princípio derivado do latim principium (origem, começo) em sentido vulgar quer exprimir o começo da vida ou o primeiro instante em que as pessoas ou as coisas começaram a existir. É, amplamente, indicativo do começo ou origem de qualquer coisa. No sentido jurídico, notadamente no plural, quer significar as normas elementares ou os requisitos primordiais instituídos como base, como alicerce de alguma coisa. E, assim, princípios revelam o conjunto de regras ou preceitos, que se fixaram para servir de norma a toda ação jurídica, traçando, assim, a conduta a ser tida em qualquer operação jurídica. Desse modo, exprimem sentido. Mostram-se a própria razão fundamental de ser das coisas jurídicas, convertendo-se em axiomas". (SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. V.III. Rio de Janeiro: Forense. 1989. p. 433.). (3) BRASIL. Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro 1999. Regulamenta a Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, consolida as normas de proteção, e dá outras providências. DOU de 21.12.99. (4) ALMEIDA, Gregório Assagra de. Direito material coletivo: superação da summa divisio direito público e direito privado por uma nova summa divisio constitucionalizada. Belo Horizonte: Del Rey, 2008. p. 443. (5) MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Elementos de direito administrativo. São Paulo: Malheiros, 1990. (6) ARAÚJO, Luiz Alberto David. A proteção constitucional das pessoas portadoras de deficiência. 2. ed. Brasília: CORDE, 1996. (7) QUARESMA, Regina. Comentários à legislação constitucional aplicável às pessoas portadoras de deficiência. Revista diálogo jurídico, Bahia, n. 14, jun./ago. 2002. (8) O inciso II do art. 5º da Lei nº 7.347/1985, alterada pela Lei nº 11.448/2007, prevê que a Defensoria Pública tem legitimidade ativa para propor ação civil pública. (9) O juiz poderá dispensar o requisito de constituição da associação há mais de um ano, caso esteja presente manifesto interesse social, nos termos do art. 5º, § 4º, da Lei nº 7.347/85. (10) O mandado de segurança é ação civil de rito sumário especial cujo objetivo é invalidar ou suspender os efeitos do ato ou da omissão de autoridade coatora, capaz de lesar direito líquido e certo. (11) "LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados; (12) Esclareça-se que a exigência de funcionamento há pelo menos um ano não pode ser dispensada pela legislação ordinária, face constar na Constituição Federal. (13) A ação popular é regulamentada pela Lei nº 4.717, de 29 de junho de 1965. (14) Em síntese, pode-se dizer, segundo a doutrina e a jurisprudência, que a ação popular tem como finalidade principal a proteção do erário e dos princípios constitucionais previstos no art. 37, em especial da moralidade administrativa. (15) FAZOLI, Carlos Eduardo de Freitas; RIPOLI, Danilo César Siviero. A ação popular como instrumento de proteção das pessoas portadoras de deficiência: uma crítica ao positivismo. Disponível em: http://www.conpedi.org/manaus/arquivos/anais/bh/ca rlos_eduardo_de_freitas_fazoli.pdf. Acesso em: 8 ago. 2009. (16) A associação, a autarquia, a empresa pública, a fundação e a sociedade de economia mista somente poderão ingressar com ação civil pública caso incluam entre suas finalidades institucionais, a proteção das pessoas portadoras de deficiência. (17) ARAÚJO, Luiz Alberto David. A proteção constitucional das pessoas portadoras de deficiência: algumas dificuldades para efetivação dos direitos . In: Daniel Sarmento; Daniela Ikawa e Flávia Piovesan (coordenadores), Igualdade, diferença e direitos humanos. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2008. p. 919. (18) Ibidem, p. 920. (19) Ibidem, p. 920. (20) Ibidem, p. 920. (21) Ibidem, p. 919. (22) Ibidem, p. 920. (23) Ibidem, p. 919-920. (24) Ibidem, p. 921. (25) Ibidem, p. 920. (26) A Associação Nacional do Ministério Público (CONAMP) ajuizou perante o STF ação direta de inconstitucionalidade, ADI nº 3.943, sob o fundamento de que tal inclusão afronta os arts. 5º inciso LXXIV e 134, da Constituição Federal. Alegação de que a Defensoria Pública foi criada para atender, gratuitamente, aos necessitados, ou seja, aqueles que não possuem recursos suficientes para se defender judicialmente ou que precisem de orientação jurídica. Aduz que com essa legitimidade extraordinária conferida pela nova lei não se pode individualizar ou identificar se realmente a pessoa atendida pela instituição não possui recursos suficientes para ingresso em Juízo. Resta-nos aguardar como o STF vai interpretar a modificação trazida pela Lei nº 11.448/2007. (27) LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 11 ed. São Paulo: Método, 2007. p. 623. (28) PIOVESAN, Flávia. Temas de Direitos Humanos. 2ª ed. São Paulo: Editor Max Limonad, 2003. (29) DALLASTA, Viviane Ceolin. A situação das pessoas portadoras de deficiência física. Cotejo entre os instrumentos teóricos existentes e as limitações impostas por uma infra-estrutura urbana inadequada e excludente. Disponível em: . Acesso em: 09 ago. 2009. (30) BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Tradução de Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Campus, 1992. (31) A União, os Estados, os Municípios, o Distrito Federal atuarão quando o agente violador for particular. (32) O inciso II do art. 5º da Lei nº 7.347/1985, alterada pela Lei nº 11.448/2007, prevê que a Defensoria Pública tem legitimidade ativa para propor ação civil pública. (33) As associações civis devem estar constituídas há mais de um ano. Registre-se que o juiz poderá dispensar o requisito de constituição da associação há mais de um ano, caso esteja presente manifesto interesse social, nos termos do art. 5º, § 4º, da Lei nº 7.347/85. (34) A associação, a autarquia, a empresa pública, a fundação e a sociedade de economia mista somente poderão ingressar com ação civil pública caso incluam entre suas finalidades institucionais, a proteção das pessoas portadoras de deficiência.
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(1) Cidinei Bogo Chatt Atuações e qualificações (1) Procurador da Fazenda Nacional. Mestrando da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões - URI.
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