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PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO DE FAMÍLIA E SUCESSÕES

MÓDULO: DIREITO DE FAMÍLIA I

TEMA:CURATELA. REGIME DAS INCAPACIDADES. PROCEDIMENTO.


TOMADA DE DECISÃO APOIADA.

Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência

A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu


Protocolo Facultativo foram assinados em Nova York, em 30 de março
de 2007.

O Congresso Nacional aprovou o Decreto Legislativo 186, de 9 de julho


de 2008, sendo que os atos internacionais entraram em vigor para o
Brasil, no plano jurídico externo, em 31 de agosto de 2008.

O propósito da Convenção é “promover, proteger e assegurar o


exercício pleno e equitativo de todos os direitos humanos e liberdades
fundamentais por todas as pessoas com deficiência e promover o
respeito pela sua dignidade inerente” (art. 1, primeira parte).

Em 06 de julho de 2015 foi sancionada a Lei 13.146, que instituiu a Lei


Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, também denominada

Estatuto da Pessoa com Deficiência, tendo como base a Convenção


Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.

A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência é destinada “a


assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos
direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência,
visando à sua inclusão social e cidadania” (art. 1º).

O Estatuto da Pessoa com Deficiência


A Lei nº 13.146/2015 seguiu as diretrizes elencadas no art. 3º da
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, as quais se
sustentam nos seguintes princípios: o respeito pela dignidade inerente,
pela independência da pessoa, inclusive a liberdade de fazer as
próprias escolhas, e autonomia individual; a não discriminação; a plena
e efetiva participação e inclusão na sociedade; o respeito pela
diferença e pela aceitação das pessoas com deficiência como parte da
diversidade humana e da humanidade; a igualdade de oportunidades; a
acessibilidade; a igualdade entre o homem e a mulher e o respeito
pelas capacidades em desenvolvimento de crianças com deficiência e
respeito pelo seu direito de preservar sua identidade.
Neste tema Rosa e Nelson Nery ensinam:
“Embora a lei preconize a proibição de a pessoa com deficiência ser
submetida a tratamento ou institucionalização forçada, se estiver sob
curatela poderá ter seu consentimento suprido (EPD art. 11), após,
entretanto, lhe ter sido assegurada sua participação, no maior grau
possível, para a obtenção de seu consentimento. A lei instiga a todos o
cumprimento de deveres para com os deficientes, especificando atos e
atividades relacionadas com o tratamento de deficientes, como, por
exemplo, exorta a família, médicos e serviços públicos e privados a

empregar cuidado extra para a obtenção de eventual autorização para


a submissão do deficiente a pesquisa científica, mormente se em
situação de tutela ou curatela (EPD art, 12 e § 2.º), ressalvadas
evidentemente as hipóteses de estado de necessidade (risco de morte
e emergência de saúde), quando então o tratamento pode ser
ministrado, sem o consentimento do paciente, em estado emergencial,
mas, então, segundo protocolos médicos. A lei fala no “direito ao
exercício da capacidade legal em igualdade de condições com as
demais pessoas” (EPD art. 84), dispondo especificamente sobre a
pessoa submetida à curatela, ressalvando que tal situação não implica
exposição pública da situação pessoal do curatelado (EPD art.86).1

A referida lei consolidou as premissas trazidas pela Convenção das


Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência –
CDPC, representando notável avanço para a proteção da dignidade
da pessoa portadora de ausência ou disfunção de uma estrutura
psíquica, fisiológica ou anatômica. As inovações buscam e retratam a
evolução pela inclusão social e ao direito à cidadania plena e afetiva.

Conforme Cristiano Chaves de Farias : “ Para atingir os fins a que se


propõe, nos termos de seu art. 1º, a nova Lei brasileira tem como
principais missões assegurar e promover, “em condições de igualdade,
o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com
deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania”. 2

1
NERY JUNIOR, Nelson. NERY, Rosa Maria de Andrade. Leis Civis e Processuais Civis
Comentadas. 4ª ed. São Paulo: Revistas dos Tribunais, 2015.
2
FARIAS, Cristiano Chaves de; CUNHA, Rogério Sanches; PINTO, Ronaldo Batista. Estatuto da
Pessoa com Deficiência: comentado artigo por artigo. Salvador: Juspodivm, 2018. p. 25.

Rodrigo da Cunha Pereira ao comentá-la, assevera que ela representa


a “consolidação e reconhecimento do valor e princípio da dignidade da
pessoa humana” e que ao alterar e revogar diferentes artigos do
Código Civil relativos à capacidade da pessoa traduziu “em seu texto
toda a evolução e noção de inclusão social” 3.

A fim de possibilitar a inclusão da pessoa com deficiência, considerada


como aquela “que tem impedimento de longo prazo de natureza física,
mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais
barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade
em igualdade de condições com as demais pessoas” (art. 2º, caput, da
Lei nº 13.146/2015), foi necessária, por um lado, a revisão do conceito
de deficiência.

No que diz respeito à avaliação biopsicossocial, determinada pela nova


lei, Cristiano Chaves de Farias, Rogério Sanches Cunha e Ronaldo
Batista Pinto comentam: “É aquela que considera aspectos sociais que
circundam o deficiente, além, por óbvio, de dados médicos capazes de
demonstrar sua incapacidade. Na avaliação psicossocial há, portanto, a
junção desses dois aspectos na abordagem do deficiente, superando-
se nessa linha de raciocínio, o simples modelo biológico, para se
considerar, em acréscimo, fatores sociais outros como nível de
escolaridade, profissão, composição familiar, etc” .4

Um dos temas profundamente alterados pela Lei n. 13.146/2015 é o


referente à capacidade civil. Houve, aí, uma verdadeira revolução.

3
PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Direito das Famílias, 2ª ed. Forense, 2020.
4
FARIAS, Cristiano Chaves de; CUNHA, Rogério Sanches; PINTO, Ronaldo Batista. Estatuto da
Pessoa com Deficiência: comentado artigo por artigo. Salvador: Juspodivm, 2018.

Deu-se nova redação aos arts. 3º e 4º do Código Civil, que tratam,


respectivamente, dos absolutamente e dos relativamente incapazes.

Conforme Flavio Tartuce:


“A Lei n. 13.146/2015 veio quebrar um antiquíssimo entendimento: o
que relacionava e vinculava deficiência mental com incapacidade
jurídica. A partir dessa lei, a pessoa com deficiência - seja física,
mental, intelectual ou sensorial - tem de ser considerada plenamente
capaz, não pode sofrer qualquer restrição, preconceito ou
discriminação por isso. A não ser que não possa exprimir a sua
vontade, e, então, é enquadrada não mais como absolutamente
incapaz, mas como relativamente incapaz, sendo-lhe nomeado um
curador num processo judicial, e esta medida é considerada
excepcional. Note-se: a incapacidade relativa não decorre,
inexoravelmente, da deficiência, em si e por si só, mas pela
circunstância de o portador de deficiência estar impossibilitado de
manifestar a sua vontade. Mais: o ato praticado pelo curatelado sem a
assistência do curador não é nulo, mas anulável (CC, art. 171, I)”5.

As pessoas antes sujeitas à interdição em razão de enfermidade ou


deficiência passam, por força da nova lei, a serem consideradas
plenamente capazes. Essa garantia reconhece uma presunção geral
de plena capacidade a favor das pessoas com deficiência, o que
somente por meio de relevante inversão probatória sucederia à
incapacidade, excepcional e amplamente justificada. Inexistindo para
estes, ressaltasse a incapacidade absoluta.

5
TARTUCE, Flavio. Estatuto da pessoa com deficiência. Uma nota
crítica.https://flaviotartuce.jusbrasil.com.br/artigos/338456458/estatuto-da-pessoa-com-deficiencia-
uma-nota-critica.Acesso em 24/04/2022.

Nesse passo, o Estatuto inova no Instituto da Curatela, que


reconhece o direito da pessoa com deficiência ao exercício de sua
capacidade legal em igualdade de condições com as demais
pessoas, passando a ter o caráter de medida excepcional,
extraordinária, devendo ser adotada somente quando e na medida
em que for necessária.

O deficiente, o enfermo ou o excepcional, sendo pessoa plenamente


capaz, poderá celebrar negócios jurídicos sem qualquer restrição,
pois não mais se aplicam as invalidades previstas nos artigos 166, I e
171, I do Código Civil.

Tomando-se por base tais alterações, não há mais que se falar em


impedimentos para os deficientes em constituir união estável ou
celebrar casamento, permitindo a expectativa de inclusão social, uma
vez que a incapacidade antes prevista, não mais possui
aplicabilidade.

A partir da edição da lei 13.146/15, somente os menores impúberes é


que estariam contemplados com a regra protetiva do art. 198, I, do
aludido Código, já que os demais deixaram de compor o rol de seu
art. 3º.

O Prof. Paulo Lôbo, sustenta que, a partir da entrada em vigor do


Estatuto," não há que se falar mais de 'interdição', que, em nosso
direito, sempre teve por finalidade vedar o exercício, pela pessoa com
deficiência mental ou intelectual, de todos os atos da vida civil,

impondo-se a mediação de seu curador. Cuidar-se-á, apenas, de


curatela específica, para determinados atos" 6.

Na medida em que o Estatuto é expresso ao afirmar que a curatela é


extraordinária e restrita a atos de conteúdo patrimonial ou econômico,
desaparece a figura da "interdição completa" e do" curador todo-
poderoso e com poderes indefinidos, gerais e ilimitados".
Mas, por óbvio, o procedimento de interdição (ou de curatela)
continuará existindo, ainda que em uma nova perspectiva, limitada
aos atos de conteúdo econômico ou patrimonial, conforme o
entendimento do Prof Rodrigo da Cunha Pereira. 7

Da igualdade e da não discriminação


Consoante menciona o Estatuto: “Toda pessoa com deficiência tem
direito à igualdade de oportunidades com as demais pessoas e não
sofrerá nenhuma espécie de discriminação” (art. 4º).

Conforme Cristiano Chaves de Farias: “Com efeito, considera-se


discriminação em razão da deficiência “toda forma de distinção,
restrição ou exclusão, por ação ou omissão, que tenha o propósito ou o
efeito de prejudicar, impedir ou anular o reconhecimento ou o exercício
dos direitos e das liberdades fundamentais de pessoa com deficiência,
incluindo a recusa de adaptações razoáveis e de fornecimento de
tecnologias assistivas” (art. 4º, § 1º).8

6
LÔBO. Paulo. Direito Civil, Famílias. 7º ed, Saraiva, 2017.
7
PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Direito das Famílias, 2ª ed. Forense, 2020.
8
FARIAS, Cristiano Chaves de; CUNHA, Rogério Sanches; PINTO, Ronaldo Batista. Estatuto da
Pessoa com Deficiência: comentado artigo por artigo. Salvador: Juspodivm, 2018.

Insere-se como discriminação a recusa de adaptações razoáveis e de


fornecimento de tecnologias assistivas.

O Estatuto relaciona que a pessoa com deficiência não está obrigada à


fruição de benefícios decorrentes de ação afirmativa (art. 4º, § 2º).

Cristiano Chaves de Farias pondera: “O Estatuto contempla ainda que


“a pessoa com deficiência será protegida de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, tortura, crueldade, opressão e
tratamento desumano ou degradante” (art. 5º), considerando os
especialmente vulneráveis: a criança, o adolescente, a mulher, o idoso
e a pessoa com deficiência (art. 5º, parágrafo único). Ademais, “é dever
de todos comunicar à autoridade competente qualquer forma de
ameaça ou de violação aos direitos da pessoa com deficiência” (art.
7º); e “se, no exercício de suas funções, os juízes e os tribunais tiverem
conhecimento de fatos que caracterizem as violações previstas nesta
Lei, devem remeter peças ao Ministério Público para as providências
cabíveis” (art. 7º, parágrafo único)”.9

Cristiano Chaves ainda nos ensina: “Ao deixar de ser confundida com
atributos pessoais, abandona-se a naturalização” da deficiência, que
passa a ser reconhecida enquanto opressão social, na medida em que
se compreende que a inacessibilidade aos direitos fundamentais, na
verdade, resulta dos obstáculos físicos, atitudinais, linguís-ticos,
culturais, econômicos etc., erigidos pela própria sociedade”.10

9
Ibidem.
10
Ibidem.

Assim, finalmente a pessoa com deficiência passou a ser visualizada


enquanto sujeito de direitos. Afastadas as barreiras sociais existentes
no meio, o indivíduo se torna capaz de levar uma vida independente.

A resposta adequada à exclusão social, econômica e cultural da


pessoa
com deficiência deixa de ser a implementação das medidas de
caridade e passa pela sua proteção como uma questão de direitos
humanos.

Capacidade civil
O art. 6o, caput, da Lei n. 13.146/2015 institui que “a deficiência não
afeta a plena capacidade civil da pessoa”, enquanto o art. 84, caput,
da mesma lei, estabelece que “a pessoa com deficiência tem
assegurado o direito ao exercício de sua capacidade legal em
igualdade de condições com as demais pessoas”.

O argumento que as pessoas com deficiência não teriam autonomia


necessária para decidirem a respeito de si mesmas, condizente com o
ultrapassado modelo médico, revela-se falso quando submetido a uma
análise criteriosa.

Para Flávia Piva de Almeida Leite: “Ao considerar autonomia a


possibilidade de decidir por si mesmo, de tomar as próprias decisões, é
forçoso concluir que a pessoa com deficiência ostenta essa qualidade.
É necessário não confundir a possibilidade de fazer escolhas com a

aptidão para, pessoalmente e sem auxílio, colocar em prática certos


atos ou executar determinadas ações”.11

Nesse sentido, o Estatuto estabelece que, em regra geral, toda pessoa


com deficiência tem capacidade para exercer os seus direitos. Vale
observar que a lei não faz distinção quanto ao tipo de deficiência, de
modo que estão incluídas nesse preceito as pessoas com deficiência
mental e intelectual.

Para Augustina Palacios: “Significa dizer que não cabem eventuais


restrições à capacidade civil com base em critério médico, ou seja, a
existência de um diagnóstico não é fundamento bastante para justificar
restrições ao exercício de direitos, uma vez que tal diagnóstico não
significa necessariamente risco de produzir danos em si mesmo ou ao
patrimônio”.12

Além disso, de forma expressa, a Convenção da ONU determinou no


art. 12 que “os Estados-Partes reconhecerão que as pessoas com
deficiência gozam de capacidade legal em igualdade de condições com
as demais pessoas em todos os aspectos da vida”, ou seja, fixou
presunção geral de capacidade de exercício em favor de todas as
pessoas com deficiência.

Conforme Flávia Piva de Almeida Leite: Assim, a plena capacidade de


exercício dos atos e negócios jurídicos passa a ser o novo paradigma

11
LEITE, Flávia Piva de Almeida Coord. Comentários ao Estatuto da Pessoa com Deficiência - Lei
n. 13.146/2015 / 2. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2019.
12
Cf. PALACIOS, Agustina; KRAUT, Alfredo Jorge. Artículos 31 a 50. In: LORENZO, Miguel
Federico de; LORENZETTI, Pablo (Coords.). Código Civil y Comercial de la Nación comentado.
Buenos Aires: Rubinzal – Culzoni Editores, 2014, p. 126-128

acerca da autonomia moral da pessoa com deficiência. Por esse


motivo, as situações descritas nos incisos do do art. 6º da Lei n.
13.146/2015 têm caráter meramente enunciativo, uma vez que as
hipóteses em que ela poderá agir pessoalmente e sem a necessidade
de representação atualmente são a regra, e não a exceção.13

Da Curatela
O instituto da curatela destina-se a suprir a incapacidade das pessoas
para a prática de atos da vida civil, protegendo os incapazes maiores
ou emancipados, que são representados por um curador.

Assim, a curatela é um encargo conferido a alguém, para ter sob a sua


responsabilidade uma pessoa maior de idade, que não pode reger sua
vida sozinha e, em especial, administrar os seus bens.

É uma medida protetiva extraordinária, proporcional às necessidades e


às circunstâncias de cada caso, sendo restrita a interdição aos atos de
natureza negocial e patrimonial.

Definição
Para Rodrigo da Cunha Pereira: “ Do Direito Romano curare, cuidar,
olhar, velar. É um dos institutos de proteção aos incapazes , compondo
uma trilogia assistencial, ao lado da tutela e do poder familiar, guarda.
É o encargo conferido judicialmente a alguém para que zele pelos
interesses de outrem, que não pode administrar seus bens e direitos
em razão de sua incapacidade ou uma insanidade permanente ou

13
LEITE, Flávia Piva de Almeida Coord. Comentários ao Estatuto da Pessoa com Deficiência - Lei
n. 13.146/2015 / 2. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2019.

temporária, que inviabiliza o discernimento, entendimento e


compromete o elemento volitivo do sujeito”14.
O sujeito passivo é indivíduo maior de 18 (dezoito) anos, incapaz para
os atos da vida civil, elencados no rol do art. 1.767, do CC, ou seja,
aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem
exprimir sua vontade, os ébrios habituais, os viciados em tóxicos e os
pródigos.
Para Rolf Madaleno: “ São características da curatela: caráter
publicista, ou seja, o Estado dever zelar pelos interesses dos
incapazes; é medida assistencial; objetiva suprir a capacidade do
curatelado, ou melhor, quando a incapacidade não pode ser suprida
pelos pais ou pela tutela; não é definitiva, mas sim temporária, uma vez
que só pode perdurar enquanto houver a necessidade; certeza da
incapacidade, quer dizer, somente pode ser decretada por meio de
procedimento judicial “. 15
Podem ser curadores as pessoas que tenham relação direta com o
curatelado, tal como seus pais, irmãos, cônjuge e filhos. Na ausência
deles, o Ministério Público poderá suprir a ausência.
Os sujeitos ativos da curatela são denominados, por sua vez,
curadores.

Nesse sentido, o legislador dispôs sobre a ordem preferencial de


escolha do curador em seu art. 1.775, do CC, no entanto o rol, como
na tutela, não é vinculativo, porquanto deve-se verificar o melhor para
o curatelado.

14
PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Dicionário de Família e Sucessões Ilustrado.2º ed, Ed. Saraiva
2017.
15
MADALENO, Rolf. Direito de família – 12. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2022.

A curatela da pessoa com incapacidade para os atos da vida civil


passou a se restringir aos atos negociais e patrimoniais.

A curatela, em sua atual configuração jurídica, visa prestar assistência


ao incapaz, zelar por suas rendas e seus bens e tomar as decisões de
seu interesse, devendo prestar contas, em juízo, dos rendimentos,
despesas e bens do interditado.

Ademais, como com refere Maria Berenice Dias, “o atual escopo da


curatela é ser uma medida protetiva extraordinária, proporcional às
necessidades e às circunstâncias de cada caso, com a menor duração
possível (EPD, art. 84, § 3º), restringindo-se aos aspectos de natureza
negocial e patrimonial. Assim, a curatela não mais atinge os direitos
pessoais, ou seja, não mais impede o casamento nem o exercício do
poder familiar, e assegura à pessoa com deficiência o direito de
trabalhar, de votar, de ser testemunha e de obter documentos oficiais
que sejam do seu interesse”.16

O juiz concederá a curatela e indicará os atos para os quais a mesma


será necessária. Assim, nos termos do artigo 755, I do Código de
Processo Civil, o juiz nomeará curador e fixará expressamente os
limites da curatela.

Cabe ao curador, independentemente de autorização judicial,


representar o curatelado nos atos da vida civil, receber as rendas e
pensões, fazer-lhe as despesas de subsistência, bem como as de
administração, conservação e melhoramentos de seus bens.

16
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias, 14ª ed. Juspodivum, 2020..

Nos termos do art 1.774 do CC aplicam-se à curatela as disposições


concernentes à tutela.

Segundo Rolf Madaleno: “Assim, os curadores não podem conservar


em seu poder dinheiro dos curatelados além do necessário para as
despesas ordinárias com seu sustento e administração de seus bens
(artigo 1.753 do CC), devendo eventuais valores decorrentes de
objetos e móveis serem convertidos em títulos ou obrigações e
recolhidos ao estabelecimento bancário oficial ou aplicado na aquisição
de imóveis, conforme for determinado. O mesmo destino deverá ter o
dinheiro proveniente de qualquer outra procedência (parágrafo 2º do
referido artigo 1.753)”.17

Isso significa que o curador não terá a livre movimentação de contas


bancárias e ativos financeiros do curatelado, tendo acesso somente às
rendas existentes, provenientes de benefícios previdenciários ou
salários, que deverão ser utilizados para as despesas ordinárias. Em
havendo sobras, estas deverão ser depositadas em conta bancária.
Esse é o entendimento que se faz da análise sistemática dos artigos
1.747 e 1.753 do Código Civil, c.c. artigos 1.774 e 1781 do mesmo
código.

Conforme Maria Berenice Dias: “Por último, o curador deverá


apresentar balanços anuais e prestar contas a cada dois. Esta
obrigação tem previsão legal (artigos 1.755, 1.756 e 1.757, c.c. artigo
1.774, todos do Código Civil e artigo 84, parágrafo 4º, da Lei
13.146/15), sendo inerente ao próprio exercício da administração de

17
MADALENO, Rolf. Direito de família – 12. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2022

coisas alheias, não podendo ser dispensada sob o fundamento de


idoneidade dos curadores, principalmente em razão da existência de
bens, com patrimônio cuja gestão deve ser fiscalizada em benefício do
incapaz”.18

Os valores que existirem em banco oficial, ou seja, depositados em


conta judicial, somente poderão ser levantados por ordem judicial para
as despesas com o sustento do incapaz, desde que devidamente
comprovadas, ou para administração de seus bens, dentre outros, nos
termos do artigo 1.754 do CC.

Curatela Especial
O Código Civil de 2002, inovou ao trazer o que chamamos de curatela
especial, tendo como sujeito passivo: primeiramente, o nascituro até o
nascimento na hipótese do pai ser falecido e a mãe não deter o poder
familiar, se não houver poder familiar com o nascimento passará a ser
tutelado, pelo art. 1.779 do CC.

Além da curatela do nascituro, prevê o CC (arts 22 à 25) nomeação


de curador ao ausente que desapareceu de seu domicílio sem deixar
notícia ou representante para administrar os seus bens, até o ausente
retornar ou a seus herdeiros. Esta curadoria objetiva a administração
dos bens do ausente.

Autocuratela e curatela mandato


Sobre a autocuratela e curatela mandato Maria Berenice Dias ensina:

18
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias, 14ª ed. Juspodivum, 2020.

“É admissível a eleição antecipada do curador, pelo próprio curatelado,


enquanto plenamente capaz. É o que se chama de autocuratela.
Possível, inclusive, a curatela compartilhada, quando a pessoa com
deficiência pode escolher mais de uma pessoa como curador. Também
o juiz pode nomear mais de um curador. É uma forma de suavizar o
árduo trabalho com o exercício da curatela e dividir responsabilidades.
A tomada de decisão apoiada pode ser determinada judicialmente,
para a prática de determinado negócio jurídico, o que não se pode
chamar de curatela” 19.

O mandato cessa com a curatela ou do mandante ou do mandatário


(CC 682 II). No entanto, apesar do silêncio legal, vem sendo
sustentada a possibilidade da outorga de mandato permanente ou
procuração preventiva, que recebe o nome de autotutela: uma pessoa
capaz firma uma declaração de vontade para quem, diante de uma
situação de incapacidade, previsível ou não, organize sua futura
curatela.

A autocuratela permite que a pessoa designe quem gostaria que a


protegesse e cuidasse.

Segundo Thaís Câmara Maia Fernandes Coelho:


“A autocuratela é o instrumento que possibilita uma pessoa capaz,
mediante um documento apropriado, deixar de forma preestabelecida
questões patrimoniais e existenciais de forma personalizada, para
serem implementadas em uma eventual incapacidade como, por
exemplo, um coma. Segundo ela, a autocuratela é uma forma de evitar

19
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias, 14ª ed. Juspodivum, 2020.

conflitos, pois impediria as discussões judiciais entre familiares sobre


quem seria o melhor curador para aquele incapaz” 20.

Já para Nelson Rosenvald: “Ademais, o raio da autocuratela como


negócio jurídico atípico, amplia o seu perímetro em dois pontos:
primeiro, as diretivas antecipadas são apropriadas para a manifestação
de orientações futuras quanto aos cuidados quanto à saúde do
paciente, porém, pode não ser interpretado como o espaço adequado
para que alguém exteriorize as suas preocupações quanto a questões
afetivas e existenciais, que envolvam a sua intimidade ou o espaço
familiar de privacidade; segundo, a autocuratela na versão mais ampla
da CDPD permite a pessoa não apenas a programação futura de sua
esfera existencial, como também lhe faculta a organização e
administração de sua dimensão patrimonial, mesmo que esse enfoque
econômico seja acessório, no sentido de que a escolha de um curador
que eficazmente zele pela manutenção de um certo padrão de vida
será a garantia de que o curatelado preservará o seu padrão financeiro
e, consequentemente, terá acesso a um tratamento condigno” 21.

Continua Nelson Rosenvald : Evidentemente, ao tempo que as


condições psíquicas da pessoa demonstrem a necessidade da
curatela, o projeto pessoal será submetido a um controle de
legitimidade em dois níveis: primeiro, abstratamente será aferido se o
conteúdo do ato de autodeterminação não ofende o ordenamento
jurídico; segundo, concretamente será avaliado se as condições de

20
Autocuratela evita discussões entre familiares.
http://ibdfam.org.br/noticias/6078/Autocuratela+evita+discuss%C3%B5es+judiciais+entre+familiare
s. Acesso em 24/04/2022.
21
ROSENVALD, Nelson. https://www.nelsonrosenvald.info/single-post/2017/05/16/Os-confins-da-
autocuratela. Acesso em 24/04/2022.

saúde da pessoa demandam uma correção qualitativa ou quantitativa


dos limites por ela previamente apresentados à atuação do curador.22
Esta possibilidade pode beneficiar pessoas idosas, que não disponham
de condições físicas, senão com muito sacrifício, de se locomover, a
fim de gerir os seus bens. A vantagem em relação à procuração
consiste no fato de esta perder sua eficácia caso o outorgante incida
em alguma das causas de curatela.

Curatela e Interdição
Estabelecendo relação com a curatela apontamos que esta ocorre
após a interdição, que é o processo judicial, onde se visa apurar a
incapacidade de uma pessoa.
Assim, após a declaração de interdição, a pessoa será submetida à
curatela, lhe sendo nomeado um curador.
No documento de curatela está descrito o nome do curado e os atos
que poderá realizar pelo interditado.
O procedimento para se decretar ou declarar a interdição está
disciplinado a partir do art. 747 e vai até o art. 756 do Código de
Processo Civil de 2015, com a aplicação de vários dispositivos para a
curatela, que se estendem do art. 759 ao art. 763, § 2º, do mesmo
diploma.

Arnaldo Rizzardo nos ensina: Relativamente à petição inicial, encerra o


art. 749: “Incumbe ao autor, na petição inicial, especificar os fatos que
demonstram a incapacidade do interditando para administrar seus bens
e, se for o caso, para praticar atos da vida civil, bem como o momento
em que a incapacidade se revelou.” Havendo urgência, o parágrafo

22
Ibidem

único aponta para a possibilidade da curatela provisória: “Justificada a


urgência, o juiz pode nomear curador provisório ao interditando para a
prática de determinados atos”.23

Continua Arnaldo Rizzardo : “É de capital importância instruir a inicial


com alguma prova da incapacidade, como atestado médico, ou laudo
circunstanciado, com a descrição minuciosa do estado clínico e a
conclusão sobre o tipo de doença mental. Se induvidosa esta prova, e
mais a inspeção judicial do juiz, é possível dispensar a perícia, pois
seria uma redundância a confecção de novo laudo. Sobre essa prova
inicial, há exigência do art. 750 da lei processual de 2015: “O
requerente deverá juntar laudo médico para fazer prova de suas
alegações ou informar a impossibilidade de fazê-lo”. Se não
conseguida a prova, por dificuldades como econômicas, comunica-se o
fato ao juiz, viabilizando a obtenção através de recursos do Poder
Público. Cabe a anexação, também, de documentos pessoais do
interditando e da pessoa que promove a curatela, como os
concernentes à filiação, à identidade, ao cadastro na Receita Federal, à
residência e domicílio, e outros pertinentes à idoneidade e ao
patrimônio”.24

O juiz designará audiência, quando entrevistará o interditando,


conforme o art. 751: “O interditando será citado para, em dia
designado, comparecer perante o juiz, que o inquirirá minuciosamente
acerca de sua vida, negócios, bens, vontades, preferências e laços
familiares e afetivos e sobre o que mais lhe parecer necessário para

23
RIZZARDO, Arnaldo. Direitos de Família , 10. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2019.
24
Ibidem.

convencimento quanto à sua capacidade para praticar atos da vida


civil, devendo ser reduzidas a termo as perguntas e respostas”.
Conforme Arnaldo Rizzardo: “Reputa-se de grande importância a
audiência de entrevista. Será este o momento em que o juiz aferirá, de
perto, o estado e as condições do interditando. Explicava Eduardo
Sócrates Castanheira Sarmento a técnica que deveria empregar o juiz:
“As perguntas e respostas são reduzidas a auto que passará a ser
peça indispensável do processo. Além das perguntas formalmente
exigidas, recomenda-se que as indagações não sejam genéricas nem
desconexas, devendo obedecer ao plano de desenvolvimento lógico,
contido nos fundamentos de pedido vestibular”.25

Uma boa entrevista deve registrar as observações relativas à atitude do


interrogando, seus gestos e expressões, suas reações, seu
relacionamento com os parentes, sua afetividade, sobre seu
patrimônio, para que se possa aferir, efetivamente, se é capaz de se
governar.

O juiz deve formar uma ideia da realidade do interditando, lançando-a a


termo nos autos. Cabe-lhe também examinar fisionomicamente a
pessoa que está à sua frente, descrevendo o aspecto externo, as
reações, a postura e outras circunstâncias dignas de nota.

Tomada de Decisão Apoiada


A tomada de decisão apoiada é um procedimento judicial, de
iniciativa da própria pessoa com deficiência, que dele se valerá

25
Ibidem.

quando pretender a obtenção de auxílio de terceiros para realizar


certos atos de sua vida.

Comentando o Direito brasileiro, refere Nelson Rosenvald que, “na


tomada de decisão apoiada, o beneficiário conservará a capacidade
de fato, não sofrendo restrição alguma acerca de sua plena
capacidade. Ele será apenas privado de legitimidade para praticar
episódicos atos da vida civil. Prossegue o autor: “assim, esse modelo
poderá beneficiar pessoas deficientes com capacidade psíquica
plena, porém com impossibilidade física ou sensorial”,89 sendo este
instituto responsável pela eliminação da função antes exercida pelo
artigo 1.780 do Código Civil, que restou totalmente revogado”.26

Pelo artigo 1.783-A do Código Civil, para formular pedido de tomada


de decisão apoiada, a pessoa com deficiência e os apoiadores
devem apresentar termo em que constem os limites do apoio a ser
oferecido e os compromissos dos apoiadores, inclusive o prazo de
vigência do acordo e o respeito à vontade, aos direitos e aos
interesses da pessoa que devem apoiar (§ 1º).

O pedido de tomada de decisão apoiada será requerido pela pessoa


a ser apoiada, com indicação expressa das pessoas aptas a
prestarem o apoio previsto no caput do artigo 1.783-A (§ 2º).

Para Rolf Madaleno: “Antes de se pronunciar sobre o pedido de


tomada de decisão apoiada, o juiz, assistido por equipe

26
ROSENVALD, Nelson. A tomada de decisão apoiada. Primeiras linhas sobre o novo modelo
jurídico promocional da pessoa com deficiência. Famílias nossas de cada dia. Anais do Congresso
Brasileiro de Direito de Família. Belo Horizonte: IBDFAM, 2016. p. 506.

multidisciplinar, após a oitiva do Ministério Público, ouvirá


pessoalmente o requerente e as pessoas que lhe prestarão apoio. A
decisão tomada por pessoa apoiada terá validade e efeitos sobre
terceiros, sem restrições, desde que esteja inserido nos limites do
apoio acordado (§ 4º)”.27

Terceiro com que a pessoa apoiada mantenha relação negocial pode


solicitar que os apoiadores contra-assinem o contrato ou acordo,
especificando, por escrito, sua função em relação ao apoiado (§ 5º).
Se o apoiador agir com negligência, exercer pressão indevida ou não
adimplir as obrigações assumidas, poderá a pessoa apoiada ou
qualquer pessoa apresentar denúncia ao Ministério Público ou ao
juiz.

Se procedente a denúncia, o juiz destituirá o apoiador e nomeará,


ouvida a pessoa apoiada e se for de seu interesse, outra pessoa para
prestação do apoio (§ 8º).

A pessoa apoiada pode, a qualquer tempo, solicitar o término de


acordo firmado em processo de tomada de decisão apoiada.
Segundo Carvalho:
“Neste novo sistema da tomada de decisão apoiada, por iniciativa da
pessoa com deficiência são nomeadas pelo menos duas pessoas
idôneas "com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua
confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de decisão sobre atos da
vida civil, fornecendo-lhes os elementos e informações necessários

27
MADALENO, Rolf. Direito de família – 12. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2022

para que possa exercer sua capacidade." Note-se que a tomada de


decisão apoiada não se relaciona, necessariamente, com o portador de
transtorno mental, podendo ser requerida por qualquer sujeito
classificável como deficiente nos termos do Estatuto” 28.

Assim, o portador de transtorno mental pode constituir em torno de si


uma rede de sujeitos baseada na confiança que neles tem, para lhe
auxiliar nos atos da vida. Justamente o oposto do que podia antes
acontecer, em algumas situações de curatela fixadas à revelia e contra
os interesses do portador de transtornos mentais.
Destaque-se, portanto, que a tomada de decisão apoiada poderá ser
diferente para cada sujeito, já que o termo que for apresentado é que
especificará os limites do apoio. Um questionamento que pode surgir
no que toca ao “prazo de vigência do acordo” é se pode ele ser
indeterminado.

Paula Távora Vítor, analisando na legislação europeia medidas que


seguem a mesma lógica da tomada de decisão apoiada, “ afirma que a
determinação mais comum nelas é pelos prazos determinados,
embora, na prática, haja tendência em perpetuá-las”29.

Dúvida que pode surgir também é se o sujeito, ao requerer a tomada


de decisão apoiada, tem a sua capacidade afetada de alguma forma.

28
CARVALHO, Newton Teixeira. O procedimento de tomada de decisão apoiada.
https://domtotal.com/artigo/7049/07/11/o-procedimento-da-tomada-de-decisao-apoiada/ Acesso
em 24/04/2022.
29
VÍTOR, Paula Távora. A administração do património das pessoas com capacidade diminuída.
Coimbra: Coimbra, 2008, p.175-176.

No caso brasileiro a tomada de decisão apoiada parece não implicar


em perda da capacidade do sujeito que a requer, mas sim em caminho
que oferece reforço à validade de negócios por ele realizados.

Conforme Armaldo Rizzardo: “A tomada de decisão apoiada’ não se


restringe apenas aos vulneráveis portadores de deficiências ou
problemas mentais, mas estende-se aos deficientes em geral, nos
campos da saúde física, intelectual; e nos sentidos, constando a
abrangência no art. 2º do mencionado diploma: Considera-se pessoa
com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de
natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação
com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e
efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais
pessoas. Não é considerada a pessoa plenamente incapaz, pois
mantém algum entendimento e poder de decisão, expressando
manifestações da vontade”.30

É que, em se tratando de negócio realizado com base e nos limites do


acordo da tomada de decisão apoiada, não haverá brecha para
invalidação do mesmo por questões relativas à capacidade do sujeito
apoiado (artigo 1783-A, §4°). Em busca de maior segurança pode,
inclusive, o terceiro com quem se negocia solicitar que os apoiadores
contra assinem o contrato ou acordo, especificando a sua função em
relação ao apoiado (artigo 1783-A, §5°).31
Assim sendo, o papel do apoiador deve ser positivo ao sujeito que ele
apoia, sendo aquele destituído a partir de denúncia fundada feita por

30
Direitos de Família / Arnaldo Rizzardo. – 10. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2019.
31
REQUIÃO, Maurício. https://www.conjur.com.br/2015-set-14/direito-civil-atual-conheca-tomada-
decisao-apoiada-regime-alternativo-curatela Acesso em 24/04/2022.

qualquer pessoa ao Ministério Público ou ao juiz, caso haja o apoiador


com negligência ou exerça pressão indevida sobre o sujeito que apoia
(artigo 1783-A, §7°).

Código Civil - artigos 1.767 a 1.783


Lei 13.146/2015.
Lei 10.216, de 06 de abril de 2001.
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (Decreto
6.949/2009)

PROCESSO
AgInt no AREsp 1809508 / GO
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL
2020/0337075-0
RELATOR(A)
Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI (1145)
ÓRGÃO JULGADOR
T4 - QUARTA TURMA
DATA DO JULGAMENTO
22/11/2021
DATA DA PUBLICAÇÃO/FONTE
DJe 25/11/2021
EMENTA
AGRAVO INTERNO. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE
PRESTAÇÃO DE CONTAS. VIOLAÇÃO DO ART. 1.022 DO CÓDIGO

DE PROCESSO CIVIL. NÃO OCORRÊNCIA. ART. 84, § 4°, DO ES-


TATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA. FUNDAMENTAÇÃO DIS-
SOCIADA DO ACÓRDÃO RECORRIDO. SÚMULA N. 284 DO STF.
ALEGAÇÃO DE COISA JULGADA. REEXAME FÁTICO DOS AUTOS.
SÚMULA N. 7 DO STJ. CURADOR. DEVER DE PRESTAR CONTAS.
1. O acórdão recorrido analisou todas as questões necessárias ao des-
linde da controvérsia, não se configurando omissão, contradição ou
negativa de prestação jurisdicional.
2. A deficiência na fundamentação do recurso especial no tocante ao
art. 84, § 4°, do Estatuto da Pessoa com Deficiência atrai a incidência
da Súmula n. 284/STF.
3. Não cabe, em recurso especial, reexaminar matéria fático-probatória
(Súmula n. 7/STJ).
4. "Escolhido o curador ('a curatela deve ser atribuída a quem melhor
possa atender aos interesses do curatelado' - CPC/15, art. 755, § 1°),
assim como na tutela, deverá haver a prestação de contas de sua ad-
ministração, haja vista estar ele na posse de bens do incapaz (CC, arts.
1.755, 1.774 e 1.781)" (REsp 1.515.701/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 2.10.2018, DJe de
31.10.2018) 5. Agravo interno a que se nega provimento.

PROCESSO
REsp 1795395 / MT
RECURSO ESPECIAL
2019/0029747-0
RELATOR(A)
Ministra NANCY ANDRIGHI (1118)
ÓRGÃO JULGADOR
T3 - TERCEIRA TURMA

DATA DO JULGAMENTO
04/05/2021
DATA DA PUBLICAÇÃO/FONTE
DJe 06/05/2021
EMENTA
RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. ESTATUTO DA
PESSOA COM DEFICIÊNCIA. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMEN-
TO. SÚMULA 7/STJ. AÇÃO DE INTERDIÇÃO. AUDIÊNCIA DE IN-
TERROGATÓRIO OU ENTREVISTA. INTERVENÇÃO DO MINISTÉ-
RIO PÚBLICO. DESNECESSIDADE. CURADOR ESPECIAL. INTIMA-
ÇÃO PESSOAL. NECESSIDADE. NULIDADE. DEVER DE DEMONS-
TRAÇÃO DE PREJUÍZO. AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO. COMPARE-
CIMENTO DO INTERDITANDO. DESNECESSIDADE. TOMADA DE
DECISÃO APOIADA. FIXAÇÃO DE OFÍCIO PELO JUIZ. IMPOSSIBI-
LIDADE. NECESSIDADE DE REQUERIMENTO. PESSOA COM DE-
FICIÊNCIA. LEGITIMIDADE EXCLUSI-
VA. CURATELA COMPARTILHADA. FIXAÇÃO DE OFÍCIO PELO JU-
IZ. IMPOSSIBILIDADE. OBRIGATORIEDADE. AUSÊNCIA.
1- Recurso especial interposto em 17/8/2018 e concluso ao gabinete
em 14/3/2019.
2- O propósito recursal consiste em dizer se: a) é nula a convalidação
de atos processuais sem o deferimento de nova vista ao curador espe-
cial; b) foi indevida a nomeação de curadora ao interditado em virtude
da existência de conflito de interesses; c) é obrigatória a redução a
termo das perguntas e respostas efetivadas em audiência de instrução;
d) o acórdão considerou mero atestado médico como laudo pericial; e)
há nulidade por ter o Tribunal estadual negado a realização de perícia
pleiteada pelo curador especial; f) o curador especial, em ação de in-
terdição, deve ser prévia e pessoalmente intimado da designação da

audiência de instrução, sob pena de nulidade; g) é obrigatória a pre-


sença do interditando na audiência de instrução; h) na ação de interdi-
ção, é obrigatória a participação do Ministério Público, de defensor e de
curador especial na audiência de interrogatório ou entrevista; e i) é
obrigatória a fixação pelo juiz, de ofício, das medidas de tomada de de-
cisão apoiada e de curatela compartilhada.
3- No que diz respeito às teses relativas (a) à existência de conflito de
interesses entre curador e curatelado, (b) à nulidade em virtude da não
redução a termo das perguntas e respostas efetivadas em audiência,
(c) à impossibilidade de convalidação de atos processuais sem o defe-
rimento de nova vista ao curador especial, (d) à nulidade em virtude da
ausência de participação de defensor na audiência de interrogatório,
(e) à negativa de realização de perícia pleiteada pelo curador especial
e (f) à necessidade de nomeação de curador especial para o interroga-
tório do interditando, tem-se, no ponto, inviável o debate, porquanto
não se observa o indispensável prequestionamento.
4- Derruir a conclusão a que chegou o Tribunal a quo, verificando se foi
ou não realizada perícia judicial, demandaria o revolvimento de fatos e
provas, o que é vedado pelo enunciado da Súmula 7 do STJ.
5- Não há que se falar em nulidade do processo por ausência de inter-
venção do Ministério Público na audiência de interrogatório, seja por-
que o Parquet foi devidamente intimado, dando-se por ciente, seja por-
que não houve demonstração de efetivo prejuízo.
6- Na ação de interdição, é imprescindível a constituição de advogado
ou nomeação de curador especial ao interditando, porquanto não se
admite processo de interdição sem defesa.
7- Nomeado curador especial, é necessária a sua intimação pessoal
para a prática dos atos processuais.
8- Esta Corte Superior perfilha o entendimento de que "mesmo nas hi-

póteses em que se configuram os vícios mais graves, como é a nulida-


de por falta de intimação pessoal do curador especial, eles serão reco-
nhecidos somente quando devidamente demonstrado o prejuízo supor-
tado pela parte, em homenagem ao princípio da pas de nullité sans
grief" (AgInt no REsp 1720264/MG, TERCEIRA TURMA, julgado em
11/09/2018, DJe 21/09/2018).
9- O exame sobre a ocorrência de prejuízo deve se circunscrever ape-
nas ao ato de intimação e à sua validade, devendo-se perquirir somen-
te se a intimação efetivada por meio oficial distinto daquele previsto em
lei impediu a ciência inequívoca da decisão pela parte.
10- Não restando demonstrado o prejuízo suportado em virtude da ale-
gada ausência de intimação pessoal, não há como se reconhecer a
apontada nulidade.
11- Na ação de interdição, muito embora seja possível a convocação
do interditando, não é obrigatório o seu comparecimento na audiência
de instrução, máxime tendo em vista que este já foi interrogado anteri-
ormente em audiência.
12- Conforme se extrai da interpretação sistemática dos parágrafos §
1º, § 2º e § 3º do Art. 1.783-A, a tomada de decisão apoiada exige re-
querimento da pessoa com deficiência, que detém a legitimidade ex-
clusiva para pleitear a implementação da medida, não sendo possível a
sua instituição de ofício pelo juiz.
13- A curatela compartilhada é instituto desenvolvido pela jurisprudên-
cia que visa facilitar o desempenho da curatela ao atribuir o munus a
mais de um curador simultaneamente.
14- Muito embora as normas jurídicas e os entendimentos fixados
acerca da guarda compartilhada devam servir de norte interpretativo
para a exata compreensão e aplicação da curatela compartilhada, de-
ve-se respeitar não só as peculiaridades de cada instituto, mas também

as disposições legislativas próprias que regulam cada uma das maté-


rias.
15- Ao contrário do que ocorre com a guarda compartilhada, o disposi-
tivo legal que consagra, no âmbito do direito positivo, o instituto
da curatela compartilhada não impõe, obrigatória e expressamente, a
sua adoção. A redação do novel art. 1.775-A do CC/2002 é hialina ao
estatuir que, na nomeação de curador, o juiz "poderá" estabele-
cer curatela compartilhada, não havendo, portanto, peremptoriedade,
mas sim facultatividade.
16- Não há obrigatoriedade na fixação da curatela compartilhada, o
que só deve ocorrer quando (a) ambos os genitores apresentarem inte-
resse no exercício da curatela, (b) revelarem-se aptos ao exercício do
munus e (c) o juiz, a partir das circunstâncias fáticas da demanda, con-
siderar que a medida é a que melhor resguarda os interesses do cura-
telado.
17- Em virtude do caráter rebus sic stantibus da decisão relativa
à curatela, não há óbice a que se pleiteie, nas vias ordinárias, a fixa-
ção da curatela compartilhada ou que, futuramente, comprovada a
inaptidão superveniente da curadora para o exercício do munus, o de-
cisum proferido neste feito venha a ser modificado.
18- Recurso especial conhecido em parte e, nesta extensão, não provi-
do.

PROCESSO
REsp 1927423 / SP
RECURSO ESPECIAL
2020/0232882-9
RELATOR(A)
Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE (1150)

ÓRGÃO JULGADOR
T3 - TERCEIRA TURMA
DATA DO JULGAMENTO
27/04/2021
DATA DA PUBLICAÇÃO/FONTE
DJe 04/05/2021
EMENTA
RECURSO ESPECIAL. FAMÍLIA. CURATELA. IDOSO. INCAPACIDA-
DE TOTAL E PERMANENTE PARA EXERCER PESSOALMENTE OS
ATOS DA VIDA CIVIL. PERÍCIA JUDICIAL CONCLUSIVA. DECRE-
TADA A INCAPACIDADE ABSOLUTA. IMPOSSIBILIDADE. REFORMA
LEGISLATIVA. ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA. INCA-
PACIDADE ABSOLUTA RESTRITA AOS MENORES DE 16 (DEZES-
SEIS) ANOS, NOS TERMOS DOS ARTS. 3° E 4° DO CÓDIGO CIVIL.
RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
1. A questão discutida no presente feito consiste em definir se, à luz
das alterações promovidas pela Lei n. 13.146/2015, quanto ao regime
das incapacidades reguladas pelos arts. 3º e 4º do Código Civil, é pos-
sível declarar como absolutamente incapaz adulto que, em razão de
enfermidade permanente, encontra-se inapto para gerir sua pessoa e
administrar seus bens de modo voluntário e consciente.
2. A Lei n. 13.146/2015, que instituiu o Estatuto da Pessoa com Defici-
ência, tem por objetivo assegurar e promover a inclusão social das
pessoas com deficiência física ou psíquica e garantir o exercício de sua
capacidade em igualdade de condições com as demais pessoas.
3. A partir da entrada em vigor da referida lei, a incapacidade absoluta
para exercer pessoalmente os atos da vida civil se restringe aos meno-
res de 16 (dezesseis) anos, ou seja, o critério passou a ser apenas etá-
rio, tendo sido eliminadas as hipóteses de deficiência mental ou intelec-

tual anteriormente previstas no Código Civil.


4. Sob essa perspectiva, o art. 84, § 3º, da Lei n. 13.146/2015 estabe-
lece que o instituto da curatela pode ser excepcionalmente aplicado às
pessoas portadoras de deficiência, ainda que agora sejam considera-
das relativamente capazes, devendo, contudo, ser proporcional às ne-
cessidades e às circunstâncias de cada caso concreto.
5. Recurso especial provido.

2262757-80.2021.8.26.0000
Classe/Assunto: Agravo de Instrumento / Curatela
Relator(a): Fernanda Gomes Camacho
Comarca: São Paulo
Órgão julgador: 5ª Câmara de Direito Privado
Data do julgamento: 25/03/2022
Data de publicação: 25/03/2022
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO.TOMADA DE DECISÃO
APOIADA. PRESTAÇÃO DE CONTAS. Pai idoso. Obrigação
de prestação de contas devida pelo administrador de seus bens. Art.
533, caput, do CPC. Pedido de prestação de contas que não foi genéri-
co, prestação restritiva ao período de administração pelo réu dos bens
do genitor das partes. Decisão mantida. Recurso não provido.

2188040-97.2021.8.26.0000
Classe/Assunto: Agravo de Instrumento / Curatela
Relator(a): Alexandre Coelho
Comarca: Limeira
Órgão julgador: 8ª Câmara de Direito Privado
Data do julgamento: 21/03/2022
Data de publicação: 21/03/2022

Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO – CURATELA – TOMADA DE


DECISÃO APOIADA – PRINCÍPIO DA ELASTICIDADE – Em pedido
de curatela, deparando-se o juiz com circunstâncias indicativas do ca-
bimento em tese da tomada de decisão apoiada e não sobrevindo ris-
co à pessoa com deficiência, mostra-se cabível primeiro cogitar em
conversão do processo antes de instituir a curatela provisória, mediante
aplicação do princípio da elasticidade, segundo o qual todo modelo le-
gal de procedimento é suscetível de alguma modificação se o caso
concreto assim recomendar - Caso em que a se trata de pessoa com
retardo mental leve aos 33 anos de idade, a qual trabalha sob víncu-
lo de emprego e convive afetivamente com outra pessoa, situação na
qual sua genitora pediu para ser sua curadora – Decisão recorrida que,
diante de tais circunstâncias, determinou prévia intimação da deficiente
para se manifestar sobre eventual interesse em tomada de decisão
apoiada , hipótese na qual o processo precisaria de algumas adapta-
ções, se convergentes os interesses das partes – Inconformismo da
autora – Rejeição – Ausência dos requisitos legais para a instituição da
curatela provisória antes do contraditório – Artigo 300, do Códi-
go de Processo Civil – Curatela que passou a ser medida extraordiná-
ria, limitada e temporária - Elasticidade procedimental plenamente justi-
ficada na espécie, à luz dos interesses tutelados na Lei Brasilei-
ra de Inclusão e na preferência legal de se preservar ao máximo a au-
tonomia da pessoa com deficiência - Decisão mantida -
Decisão mantida – NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO.

- GONCALVES, Carlos Roberto. Direito Civil brasileiro, volume 6:


direito de família, 19. ed. – São Paulo: Saraiva, 2021.

- LEITE, Flávia Piva de Almeida Coord. Comentários ao Estatuto da


Pessoa com Deficiência - Lei nº 13.146n. 13.146/2015 / 2. ed. – São
Paulo : Saraiva Educação, 2019.

- LOBO, Paulo Luiz Netto . Famílias. 11º ed. São Paulo. Saraiva, 2021
- MALUF, Carlos Alberto Dabus. Curso de Direito de Família.
Saraiva.2018.

- PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Dicionário de Direito de Família e


Sucessões. São Paulo, Ed. Saraiva. 2018.

- PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Divórcio. São Paulo, 5º Ed. Saraiva.


2016.

- TARTUCE, Fernanda. Processo Civil no Direito de Família. Teoria e


Prática. 5º ed. Método. 2021.

- BRAGA, Isadora. Os impactos do Estatuto da Pessoa com Deficiência


para o Instituto da Curatela.
https://jus.com.br/artigos/54653/os-impactos-do-estatuto-da-pessoa-
com-deficiencia-para-o-instituto-da-curatela. Acesso em 24/04/2022

- LISITA, Kelly Mora Oliveira. Direito das Famílias. Tomada de Decisão


Apoiada (TDA). Curatela e Tutela e breves Análises Jurídicas
https://jus.com.br/artigos/96554/direito-das-familias-tomada-de-decisao-
apoiada-tda-curatela-e-tutela-em-breves-analises-juridicas
Acesso em 24/04/2022

- REQUIÃO, Maurício.Conheça a Tomada de Decisão Apoiada, novo


regime alternativo à Curatela.
https://www.conjur.com.br/2015-set-14/direito-civil-atual-conheca-
tomada-decisao-apoiada-regime-alternativo-curatela
Acesso em 24/04/2022

- SANTIAGO, Patrícia. Curatela do Idoso Incapaz. Documentops


necessários para a propositura da ação.
https://advpatriciasantiago.jusbrasil.com.br/artigos/787272433/curatela-
do-idoso-incapaz-documentos-necessarios-para-propositura-da-acao
Acesso em 24/04/2022

- SILVA PINTO. Larissa. Tomada de Decisão Apoiada na Perspectiva


do Direito de Família.
https://ibdfam.org.br/index.php/artigos/1583/A+Tomada+de+Decis%C3
%A3o+Apoiada+na+Perspectiva+do+Direito+de+Fam%C3%ADlia
Acesso em 24/04/2022

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