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DIREITO CIVIL – DANIEL CARNACCHIONI

TEORIA DA INCAPACIDADE e TEORIA DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE


TEORIA DA INCAPACIDADE e TEORIA DOS
DIREITOS DA PERSONALIDADE

.
TEORIA DA INCAPACIDADE e VALORES
SOCIAIS CONSTITUCIONAIS

.
INCAPACIDADE – POSITIVISMO e PÓS
POSITIVISMO.

.
INCAPACIDADE X CAPACIDADE DE
DIREITO

.
INCAPACIDADE versus CAPACIDADE DE
FATO (Exercício de Direitos)

INCAPACIDADE: Excepcional e Legal.

.
FUNDAMENTO DA TEORIA DA
INCAPACIDADE

PROTEÇÃO

.
CAPACIDADE DE FATO = PODER DE
EXERCÍCIO

INCAPACIDADE de FATO = RESTRIÇÃO AO


PODER DE AÇÃO

.
INCAPACIDADE FORMAL (artigos 3º e 4º do
Código Civil) versus INCAPACIDADE
MATERIAL (concretização de situações
existenciais – dignidade da pessoa
humana).

INCAPACIDADE e GRAU DE PROTEÇÃO –


ABSOLUTA e RELATIVA
.
INCAPACIDADE – CAUSAS DE INCAPACIDADE
CAUSA OBJETIVA
Idade (requisito meramente objetivo – critério
biológico)
CAUSA SUBJETIVA
Enfermidade que não caracteriza deficiência e que
prejudica o discernimento: Os ébrios habituais e os
viciados em tóxico; aqueles que, por causa transitória
ou permanente, não
. puderem exprimir sua vontade e
pródigos
INCAPACIDADE E PRODIGALIDADE

.
QUAIS OS INSTITUTOS RELACIONADOS À
PROTEÇÃO DOS INCAPAZES?

PODER FAMILIAR, TUTELA, CURATELA e


TOMADA DE DECISÃO APOIADA.

.
INCAPACIDADE e DEFICIENTES FÍSICOS E
MENTAIS

INCAPAZES?

.
A questão dos critérios para a
incapacidade

Formal/abstrato (Código Civil) – positivista


Material/concreto (Lei de Inclusão –
Portador de Deficiência) – pós-positivista

.
LEI 13.146/2015

Art. 2º: Considera-se pessoa com deficiência aquela


que tem impedimento de longo prazo de natureza
física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em
interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir
sua participação plena e efetiva na sociedade em
igualdade de condições com as demais pessoas.

.
LEI 13.146/2015

Art. 6º: A deficiência não afeta a plena capacidade civil


da pessoa, inclusive para: I - casar-se e constituir união
estável; II - exercer direitos sexuais e reprodutivos; III -
exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de
ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e
planejamento familiar; IV - conservar sua fertilidade,
sendo vedada a esterilização compulsória; V - exercer o
direito à família e à convivência familiar e comunitária; e
VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à
adoção, como adotante. ou adotando, em igualdade de
oportunidades com as demais pessoas.
Deficiente – capacidade e igualdade

Art. 84. A pessoa com deficiência tem assegurado o


direito ao exercício de sua capacidade legal em
igualdade de condições com as demais pessoas.

§ 1º Quando necessário, a pessoa com deficiência


será submetida à curatela, conforme a lei.

§ 2º É facultado à pessoa com deficiência a adoção de


processo de tomada.
de decisão apoiada.
§ 3º A definição de curatela de pessoa com
deficiência constitui medida protetiva extraordinária,
proporcional às necessidades e às circunstâncias de
cada caso, e durará o menor tempo possível.

§ 4º Os curadores são obrigados a prestar,


anualmente, contas de sua administração ao juiz,
apresentando o balanço do respectivo ano.

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QUAL O OBJETIVO DA CURATELA DO DEFICIENTE?
Art. 85. A curatela afetará tão somente os atos
relacionados aos direitos de natureza patrimonial e
negocial.
§ 1º A definição da curatela não alcança o direito ao
próprio corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à
privacidade, à educação, à saúde, ao trabalho e ao voto.
§ 2º A curatela constitui medida extraordinária, devendo
constar da sentença as razões e motivações de sua
.
definição, preservados os interesses do curatelado. .
§ 3º No caso de pessoa em situação de
institucionalização, ao nomear curador, o juiz deve dar
preferência a pessoa que tenha vínculo de natureza
familiar, afetiva ou comunitária com o curatelado.

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Da Tomada de Decisão Apoiada

Art. 1.783-A. A tomada de decisão apoiada é o


processo pelo qual a pessoa com deficiência elege
pelo menos 2 (duas) pessoas idôneas, com as quais
mantenha vínculos e que gozem de sua confiança,
para prestar-lhe apoio na tomada de decisão sobre
atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e
informações necessários para que possa exercer sua
capacidade.
.
§ 1º Para formular pedido de tomada de
decisão apoiada, a pessoa com deficiência e
os apoiadores devem apresentar termo em
que constem os limites do apoio a ser
oferecido e os compromissos dos apoiadores,
inclusive o prazo de vigência do acordo e o
respeito à vontade, aos direitos e aos
interesses da pessoa
.
que devem apoiar.
§ 2º O pedido de tomada de decisão
apoiada será requerido pela pessoa a ser
apoiada, com indicação expressa das
pessoas aptas a prestarem o apoio previsto
no caput deste artigo.

.
§ 3º Antes de se pronunciar sobre o pedido
de tomada de decisão apoiada, o juiz,
assistido por equipe multidisciplinar, após
oitiva do Ministério Público, ouvirá
pessoalmente o requerente e as pessoas
que lhe prestarão apoio.

.
§ 4º A decisão tomada por pessoa apoiada
terá validade e efeitos sobre terceiros, sem
restrições, desde que esteja inserida nos
limites do apoio acordado.

.
§ 5º Terceiro com quem a pessoa apoiada
mantenha relação negocial pode solicitar
que os apoiadores contra-assinem o
contrato ou acordo, especificando, por
escrito, sua função em relação ao apoiado.

.
§ 6º Em caso de negócio jurídico que possa
trazer risco ou prejuízo relevante, havendo
divergência de opiniões entre a pessoa
apoiada e um dos apoiadores, deverá o
juiz, ouvido o Ministério Público, decidir
sobre a questão.

.
§ 7º Se o apoiador agir com negligência,
exercer pressão indevida ou não adimplir
as obrigações assumidas, poderá a pessoa
apoiada ou qualquer pessoa apresentar
denúncia ao Ministério Público ou ao juiz.

.
§ 8º Se procedente a denúncia, o juiz
destituirá o apoiador e nomeará, ouvida a
pessoa apoiada e se for de seu interesse,
outra pessoa para prestação de apoio.

.
§ 9º A pessoa apoiada pode, a qualquer
tempo, solicitar o término de acordo firmado
em processo de tomada de decisão apoiada.

§ 10. O apoiador pode solicitar ao juiz a


exclusão de sua participação do processo de
tomada de decisão apoiada, sendo seu
desligamento condicionado à manifestação do
juiz sobre a matéria.
.
§ 11. Aplicam-se à tomada de decisão apoiada,
no que couber, as disposições referentes à
prestação de contas na curatela.”

.
TOMADA DE DECISÃO APOIADA NO CÓDIGO
ARGENTINO

• ARTICULO 43.- Concepto. Función. Designación. Se


entiende por apoyo cualquier medida de carácter
judicial o extrajudicial que facilite a la persona que lo
necesite la toma de decisiones para dirigir su persona,
administrar sus bienes y celebrar actos jurídicos en
general.
.
Las medidas de apoyo tienen como función la de promover
la autonomía y facilitar la comunicación, la comprensión y
la manifestación de voluntad de la persona para el ejercicio
de sus derechos.
El interesado puede proponer al juez la designación de una
o más personas de su confianza para que le presten apoyo.
El juez debe evaluar los alcances de la designación y
procurar la protección de la persona respecto de
eventuales conflictos de intereses o influencia indebida. La
resolución debe establecer la condición y la calidad de las
medidas de apoyo . y, de ser necesario, ser inscripta en el
Registro de Estado Civil y Capacidad de las Personas.
INCAPACIDADE – CAUSA SUBJETIVA –
INTERDIÇÃO

INTERDIÇÃO - natureza da sentença e a


validade dos atos praticados pelo incapaz antes
da sentença de interdição.

INTERDIÇÃO e REPERCUSSÃO NA
ADMINISTRAÇÃO
.
DO CASAMENTO.
INCAPACIDADE e AUSÊNCIA.

.
PROTEÇÃO DO INCAPAZ – REGRAS
ESPECIAIS

.
INCAPACIDADE e RESPONSABILIDADE
CIVIL (exclusiva, solidária e subsidiária).

.
Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos
que causar, se as pessoas por ele
responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo
ou não dispuserem de meios suficientes.

Parágrafo único. A indenização prevista neste


artigo, que deverá ser eqüitativa, não terá
lugar se privar do necessário o incapaz ou as
pessoas que dele
.
dependem.
- teoria do patrimônio mínimo (vinculação do
patrimônio à personalidade – Deve ser
assegurada à pessoa um mínimo de
patrimônio para que viva com dignidade).

- Ver enunciado 39 da I Jornada de Direito


Civil.

.
40 – Art. 928: O incapaz responde pelos prejuízos
que causar de maneira subsidiária ou
excepcionalmente como devedor principal, na
hipótese do ressarcimento devido pelos
adolescentes que praticarem atos infracionais
nos termos do art. 116 do Estatuto da Criança e
do Adolescente, no âmbito das medidas
socioeducativas ali previstas.
.
41 – Art. 928: A única hipótese em que poderá
haver responsabilidade solidária do menor de 18
anos com seus pais é ter sido emancipado nos
termos do art. 5º, parágrafo único, inc. I, do novo
Código Civil.

.
INCAPACIDADE – CAUSA OBJETIVA –
EMANCIPAÇÃO

Espécies de Emancipação (voluntária –


poder familiar; judicial e legal).

Emancipação – revogação versus


invalidação (casamento)
.
INCAPACIDADE e DOMICÍLIO

.
INCAPACIDADE e EXERCÍCIO DE EMPRESA
Obs: PATRIMÔNIO DE AFETAÇÃO –
PATRIMÔNIO MÍNIMO E DIGNIDADE.

Enunciado n.º 203: O exercício da empresa por


empresário incapaz, representado ou
assistido somente é possível nos casos de
incapacidade superveniente
.
ou incapacidade
do sucessor na sucessão por morte.
INCAPACIDADE – PRESCRIÇÃO e
DECADÊNCIA

.
INCAPACIDADE e ADIMPLEMENTO

Art. 310. Não vale o pagamento cientemente feito


ao credor incapaz de quitar, se o devedor não
provar que em benefício dele efetivamente
reverteu.

Art. 335. A consignação tem lugar: III - se o credor


for incapaz de receber, for desconhecido,
declarado ausente,
.
ou residir em lugar incerto ou
de acesso perigoso ou difícil;
INCAPACIDADE e DOAÇÃO

Art. 542. A doação feita ao nascituro valerá,


sendo aceita pelo seu representante legal.

Art. 543. Se o donatário for absolutamente


incapaz, dispensa-se a aceitação, desde que
se trate de doação
.
pura.
INCAPACIDADE e EMPRÉSTIMO (comodato
e mútuo)

.
INCAPACIDADE e MANDATO

.
INCAPACIDADE – JOGO OU APOSTA e
FIANÇA

.
CAPACIDADE DE FATO

A capacidade de fato é o poder de exercer,


pessoalmente, os direitos subjetivos de que é
titular em razão da capacidade de direito:

Os direitos devem ser exercidos de acordo


com a finalidade e a função atribuída pelo
ordenamento jurídico
.
a estes direitos.
Poder condicionado aos paradigmas
constitucionais: Capacidade de Fato é
dinâmica.

Benefício de Restituição e intervalos lúcidos.

.
EMANCIPAÇÃO

Antecipação dos efeitos da maioridade para


categoria específica de incapazes (menores).

Incapacidade cessa com o fim da causa. A


maioridade, como causa de término da
incapacidade, é antecipada.
.
Emancipação não suprime toda a proteção ao
menor, mesmo emancipado (artigos 227 e 228
da CF). A redução do limite etário e questões
previdenciárias (enunciado 5 do CJF).

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Espécies de Emancipação (voluntária – poder
familiar; judicial e legal).

Enunciado 397 da V Jornada:

A emancipação, embora irrevogável, pode ser


desconstituída por vício de vontade, quando
por concessão dos pais ou sentença do juiz.
Invalidação do . casamento: Efeitos em relação
à emancipação.
397 – Art. 5º: A emancipação por concessão
dos pais ou por sentença do juiz está
sujeita à desconstituição por vício de
vontade.

530 – A emancipação, por si só, não elide a


incidência do Estatuto da Criança e do
Adolescente. .
Responsabilidade civil e emancipação: Resp. nº
122573 e enunciados 41 do CJF e 450 (Considerando
que a responsabilidade dos pais pelos danos
praticados pelos filhos menores é objetiva, e não por
culpa presumida, ambos genitores, no exercício do
poder familiar, são, em regra, solidariamente
responsáveis por tais atos, ainda que estejam
separados, ressalvado o direito de regresso em caso
de culpa exclusiva de um dos genitores) do CJF.
.
O emblemático caso objeto do Resp. n.º 764.488.
3 – Art. 5º: A redução do limite etário para a
definição da capacidade civil aos 18 anos não
altera o disposto no art. 16, I, da Lei n.
8.213/91, que regula específica situação de
dependência econômica para fins
previdenciários e outras situações similares
de proteção, previstas em legislação especial.
.
138 – Art. 3º: A vontade dos absolutamente
incapazes, na hipótese do inc. I do art. 3º é
juridicamente relevante na concretização de
situações existenciais a eles concernentes,
desde que demonstrem discernimento
bastante para tanto.

.
TEORIA DOS DIREITOS DA
PERSONALIDADE DA PESSOA HUMANA
(artigos 11 a 21 do Código Civil);

.
QUAL A CONCEPÇÃO CONTEMPORÂNEA
DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE?

.
QUAL O FUNDAMENTO DESTES
DIREITOS?

.
Princípio da dignidade da pessoa humana –
cláusula geral e fundamento dos direitos que
decorrem da personalidade (valor-referência
das situações existenciais)

.
274 – Art. 11: Os direitos da personalidade,
regulados de maneira não-exaustiva pelo
Código Civil, são expressões da cláusula geral
de tutela da pessoa humana, contida no art. 1º,
inc. III, da Constituição (princípio da dignidade
da pessoa humana). Em caso de colisão entre
eles, como nenhum pode sobrelevar os
demais, deve-se aplicar a técnica da
ponderação. .
PERSONALIDADE e TUTELA ESPECIAL (Relações
Existenciais)

FINALIDADE DOS DIREITOS DA


PERSONALIDADE DA PESSOA HUMANA?

Proteger a Personalidade: Tutela da Integridade


Física, Moral e Intelectual

CONCRETIZAÇÃO DA DIGNIDADE DO SER


.
HUMANO
Artigo 1º da CF: Valores fundamentais e
estruturantes do Estado – A pessoa considerada
como um fim em si mesmo – A dignidade da pessoa
humana irradia valores e vetores de interpretação
para todos os direitos fundamentais;

DWORKIN – O princípio da dignidade da pessoa


humana procura conciliar igualdade e liberdade:
Reconhecer a importância de cada projeto de vida e,
ainda, tutelar a. autonomia individual para a
persecução desse projeto.
A questão do “mínimo existencial” (material e
espiritual) – núcleo essencial da dignidade:
Exemplo: Lei federal 11.346/06 – alimentação
adequada como direito fundamental do ser
humano inerente à sua dignidade.

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TITULARIDADE DOS DIREITOS DA
PERSONALIDADE

.
DIREITO DA PERSONALIDADE e
TIPICIDADE ABERTA

O QUE SIGNIFICA?

.
Resposta

DIREITOS POSITIVADOS

DIREITOS NÃO POSITIVADOS –


RECONHECIDOS SOCIALMENTE

EXEMPLO: (direito ao esquecimento – decisões


do STJ: Recurso Especial n.º 1.335.153-RJ e
.
Recurso Especial n.º 1.334.097-RJ)).
Portanto, direito da personalidade é tudo que
for necessário para resguardar a dignidade
do titular do direito.

.
DIREITO DA PERSONALIDADE: É
POSSÍVEL UM CONCEITO?

.
Direitos subjetivos, essenciais, inatos,
permanentes e fundamentais para a
proteção da dignidade da pessoa humana
no seu aspecto físico, moral e intelectual

.
OBJETO DOS DIREITOS DA
PERSONALIDADE HUMANA

Atributos – qualidade - projeções físicas e


psíquicas da pessoa humana, que não se
confunde com a pessoa em si (por
exemplo: vida, integridade física, nome,
imagem, intimidade, vida privada, honra,
liberdade, entre outros);
.
FONTES DOS DIREITOS QUE DECORREM
DA PERSONALIDADE DA PESSOA
HUMANA

.
CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS DA
PERSONALIDADE!!

COMPREENSÃO DA NATUREZA JURÍDICA


DE TAIS DIREITOS

.
INDISPONÍVEIS e IRRENUNCIÁVEIS (artigo 11
do Código Civil).
Indisponibilidade Relativa ou Absoluta?
A limitação voluntária: DIREITOS DA
PERSONALIDADE versus AUTONOMIA
PRIVADA – “Titular consigo mesmo”
TITULARIDADES DIVERSAS
.
A disposição não pode ser genérica,
permanente e tão intensa que viole o núcleo
essencial da dignidade.

Tutela do Núcleo Essencial da Dignidade x


Cessão do Exercício.

.
ENUNCIADOS SOBRE INDISPONIBILIDADE

- 4 – Art. 11: O exercício dos direitos da


personalidade pode sofrer limitação
voluntária, desde que não seja permanente
nem geral.

.
- 139 – Art. 11: Os direitos da personalidade
podem sofrer limitações, ainda que não
especificamente previstas em lei, não
podendo ser exercidos com abuso de direito
de seu titular, contrariamente à boa-fé objetiva
e aos bons costumes.

Lei de Transplantes – lei 9434/97).


.
ABSOLUTOS.
Oponibilidade erga OMNES
Eficácia vertical e horizontal dos direitos
fundamentais da personalidade (RE 201819);

Relativização dos direitos da personalidade (HC


82424 – STF – não é admitida a liberdade
absoluta de expressão – caso do livro
antissemita – não
. se admite no Brasil o “hate
speech”).
EXPATRIMONIAIS – EXISTENCIAIS

Caráter não patrimonial e dano moral


(Enunciado 444 do CJF – O dano moral
indenizável não pressupõe necessariamente a
verificação de sentimentos humanos
desagradáveis como dor ou sofrimento).

.
IMPRESCRITÍVEIS

(tutela para questões existenciais –


resguardar o pleno exercício destes direitos)

prescrição, direitos da personalidade e tortura


(Recursos Especiais n.ºs 797.989; 651.512; e
959904).
.
INATOS, VITALÍCIOS e IMPENHORÁVEIS.

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AMPLA TUTELA: Artigo 12 do CC

.
Classificação dos direitos da personalidade
no Código Civil

.
Vida, integridade física (artigos 13 a 15 do
CC), nome (artigos 16 a 19), intimidade,
vida privada (artigo 21), honra e imagem
(artigo 20 do CC e Súmula 403 do STJ);

.
Integridade física

Artigos 13 a 15 do CC:

Proteção do corpo vivo – art. 13

Proteção do corpo morto – art. 14 e

Autonomia do paciente ou livre consentimento


informado – 15.
.
Artigo 15

Autonomia do paciente gera dever de


informação precisa pelo médico.

Proibição de internação forçada – no direito


brasileiro a internação depende do
consentimento do paciente ou exigência
médica. .
276 – Art. 13: O art. 13 do Código Civil, ao permitir
a disposição do próprio corpo por exigência
médica, autoriza as cirurgias de
transgenitalização, em conformidade com os
procedimentos estabelecidos pelo Conselho
Federal de Medicina, e a conseqüente alteração
do prenome e do sexo no Registro Civil.

.
401 – Art. 13: Não contraria os bons costumes a
cessão gratuita de direitos de uso de material
biológico para fins de pesquisa científica, desde
que a manifestação de vontade tenha sido livre,
esclarecida e puder ser revogada a qualquer
tempo, conforme as normas éticas que regem a
pesquisa científica e o respeito aos direitos
fundamentais.
.
277 – Art. 14: O art. 14 do Código Civil, ao
afirmar a validade da disposição gratuita do
próprio corpo, com objetivo científico ou
altruístico, para depois da morte, determinou
que a manifestação expressa do doador de
órgãos em vida prevalece sobre a vontade dos
familiares, portanto, a aplicação do art. 4º da
Lei n. 9.434/97 ficou restrita à hipótese de
silêncio do potencial
. doador.
ENUNCIADOS RELEVANTES SOBRE
TRATAMENTO MÉDICO

403
Art. 15: O Direito à inviolabilidade de consciência
e de crença, previsto no art. 5º, VI, da Constituição
Federal, aplica-se também à pessoa que se nega a
tratamento médico, inclusive transfusão de
sangue, com ou sem risco de morte, em razão do
tratamento ou . da falta dele, desde que
observados os seguintes critérios:
a) capacidade civil plena, excluído o suprimento
pelo representante ou assistente;

b) manifestação de vontade livre, consciente e


informada;

c) oposição que diga respeito exclusivamente à


própria pessoa do declarante.
.
Artigo 15: O paciente plenamente capaz poderá
deliberar sobre todos os aspectos concernentes a
tratamento médico que possa lhe causar risco de
vida, seja imediato ou mediato, salvo as situações
de emergência ou no curso de procedimentos
médicos cirúrgicos que não possam ser
interrompidos.
.
Direito à imagem – art. 20 do CC
O direito à imagem é o direito à identificação da
pessoa: Tridimensional:
Imagem retrato – corresponde aos caracteres
fisionômicos. É o pôster da pessoa.
Imagem atributo – são características
psicológicas.
Imagem voz – é o timbre sonoro identificador.
.

AUTONOMIA
279 – Art. 20: A proteção à imagem deve ser
ponderada com outros interesses constitucionalmente
tutelados, especialmente em face do direito de amplo
acesso à informação e da liberdade de imprensa. Em
caso de colisão, levar-se-á em conta a notoriedade do
retratado e dos fatos abordados, bem como a
veracidade destes e, ainda, as características de sua
utilização (comercial, informativa, biográfica),
privilegiando-se medidas que não restrinjam a
divulgação de informações.
.
Direito à vida privada – art. 21 do CC
Autonomia jurídica (“Círculos Concêntricos”).
A privacidade é a esfera mais ampla/larga de um
círculo que contém, internamente, o segredo e a
intimidade (que é o núcleo desses círculos).
Segredo são informações privadas que, embora
pertençam ao titular, eventualmente podem ser
compartilhadas com terceiros em nome de um
eventual interesse
.
público.
Intimidade são as informações que pertencem ao
titular.

.
Exemplos:
(I) movimentação bancária – SEGREDO;
(II) declaração de imposto de renda – SEGREDO;
(III) orientação sexual – INTIMIDADE;
(IV) opção religiosa – INTIMIDADE.
Não é toda a informação privada (privacidade) que é
intima, embora toda a intimidade seja privada.
Entre a intimidade
.
e a privacidade repousa o
segredo.
A privacidade e o caso “Garrincha”: Recurso
Especial n.º 521.697/RJ.
A autonomia constitucional do direito de
privacidade impede a aplicação da exceptio
veritatis (exceção da verdade).
Admitir a exceção da verdade em matéria de
privacidade seria causar uma nova violação
de direito.
.

AS BIOGRAFIAS NÃO AUTORIZADAS – STF -


ENUNCIADOS RELEVANTES sobre PRIVACIDADE
404
Art. 21: A tutela da privacidade da pessoa humana
compreende os controles espacial, contextual e
temporal dos próprios dados, sendo necessário seu
expresso consentimento para tratamento de
informações que versem especialmente o estado de
saúde, a condição sexual, a origem racial ou étnica,
as convicções religiosas,
.
filosóficas e políticas.
405

Art. 21: As informações genéticas são parte da


vida privada e não podem ser utilizadas para
fins diversos daqueles que motivaram seu
armazenamento, registro ou uso, salvo com
autorização do titular.
.
Imagem e pessoas públicas: Função social da imagem
Há proteção há imagem, embora de forma mais
flexível.
Tal tutela será afastada quando houver legítimo
interesse na sua divulgação por força do ofício ou
profissão.
Deve haver o interesse legítimo da informação
Resp. n.º 1.082.878 (proteção da imagem de ator
fotografado beijando outra mulher que não era a
cônjuge – caracterizado
. o abuso na informação –
ponderação de interesses);
Decisões paradigmáticas relevantes
relacionadas a direitos da personalidade:
Resp. n.º 1.008.398 (alteração do prenome e do
designativo do sexo do transexual);
Resp. n.º 737.993 (retificação no registro civil
de prenome e sexo do transexual);
Resp. n.º 270.730 (proteção da imagem e
autonomia deste direito em relação à honra –
caso Maitê Proença);
.
Resp. n.º 885.248 (imagem, direito de resposta e
limites deste direito);
Resp. n.º 1.026.981 (dignidade da pessoa humana e
direito previdenciário em favor de pessoas do mesmo
sexo);
ADPF n.º 54;
HC-STF 71373 (integridade física e DNA);
Súmula 331 do STJ (colisão entre direito à identidade
biológica e a intangibilidade
. do corpo);
ADPF 132 – Liberdade para dispor da sexualidade
e emanação da dignidade (equiparação de união
estável e união homo afetiva);

Caso Bradesco (homem que ejaculou em roupa


de mulher em fila de banco).

.
MARCO CIVIL DA INTERNET – LEI N.º
12.965/2014

INTIMIDAÇÃO SISTEMÁTICA – LEI N.º


13.185/2015

.
ALGUMAS QUESTÕES RELAVANTES SOBRE OS
DIREITOS DA PERSONALIDADE

PRIVACIDADE E INTIMIDADE DO CASAMENTO

TRANSEXUAL

GESTAÇÃO EM ÚTERO ALHEIO

REPRODUÇÃO MÉDICA
. ASSISTIDA HETERÓLOGA
WANNABES – APOTEMNÓFILOS

ESTERILIZAÇÃO HUMANA – LEI 9.263/96

LEI DE BIOSSEGURANÇA – 11.105/2005

DIREITO AO CORPO DE OUTREM – DÉBITO


CONJUGAL
.
Direito à integridade intelectual

Lei 9.610/98 e inciso XXVII do artigo 5º da


CF (proteção à criação intelectual).

Lei 9.609/98 (proteção à propriedade


intelectual de programas de computador).
.
NATUREZA, OBJETO e TITULARIDADE

Direitos incorpóreos e interditos possessórios


(Súmula 228 do STJ);

Direito autoral: bem móvel, para efeitos legais


(artigo 3º) e interpretação restrita sobre NJ
relacionados a direito autoral (artigo 4º);
.
Objeto: é a criação HUMANA, seja uma obra
literária, artística, científica e arquitetônica. Quais
as obras intelectuais protegidas? Artigo 7º da lei
9.610/98;

Titular: É o criador da obra, pessoa física ou


jurídica (Artigos 11 a 17 da lei de direitos
autorais);
.
NATUREZA JURÍDICA SUI GENERIS

Direito de autor é direito da personalidade


(criação intelectual) e direito real sobre
bem imaterial (propriedade intelectual –
exercício);

.
CONSEQUÊNCIA DESTA NATUREZA?

Os direitos autorais se subdividem em


“direitos morais do autor” e “direitos
patrimoniais do autor”

.
PROTEÇÃO DOS DIREITOS DO AUTOR e
REGISTRO? (artigo 18 da lei);

.
DIREITOS MORAIS DO AUTOR
(personalíssimos): artigo 24 a 27 da lei 9610/98:
inalienáveis e irrenunciáveis.
Projeção da própria personalidade do autor.
Exemplos destes direitos: direito à paternidade da
obra – decorre da criação; direito de conservar a obra
inédita; direito à integridade da obra – artigo 621 do
CC; direito à modificação da obra; direito de
arrependimento –. retirá-la da exposição ao público;
direito de acesso a exemplar único e raro da obra;
O Pseudônimo como objeto de tutela
(artigo 19 do CC e artigos 12, 24, II, 40 e 43,
da lei de direitos autorais);

.
DIREITOS PATRIMONIAIS DO AUTOR – LIMITADO

O caráter patrimonial permite a sua transmissão


por ato inter vivos (presumidamente onerosa e
direito à percepção de, no mínimo, 5% sobre o
preço de comercialização da obra – artigo 38 e 50)
– (direitos patrimoniais e comunicação no
casamento – artigo 39) ou causa mortis (perduram
por 70 anos – após caem no domínio público –
artigos 40 a 45); .
Direitos patrimoniais – utilização e exploração
econômica da obra (execução pública de obra
sem proveito econômico não garante ao autor
direito econômico sobre a obra – Recurso
Especial n.º 514.082);

Recolhimento de taxa por retransmissão da


execução de obra em estabelecimentos
comerciais (Súmula
. 63 do STJ).
Algumas violações de direitos autorais:
Plágio (imitação de obra alheia)
Contrafação (publicação ou reprodução abusiva
de obra alheia sem autorização do autor - Recurso
Especial n.º 979.379 e 1.032.014)
Usurpação de nome ou de pseudônimo (atribuir
obra estranha a outrem)
Alteração da obra
.
sem a prévia autorização do
autor.
TÉRMINO DA PERSONALIDADE DA
PESSOA NATURAL

MORTE REAL e MORTE PRESUMIDA

.
CRITÉRIO DE MORTE

LEI DE TRANSPLANTES

.
Situações Jurídicas relativas ao término da
personalidade

.
1 - Artigo 43 do CPC/73 – atual artigo 110
do CPC/2015 (morte no curso do processo
e sucessão) – o morto não transmite
direitos da personalidade

.
2 - Artigo 943 do CC/02 - transmissão do
direito à reparação do dano - lesão a direito da
personalidade de pessoa viva que falece sem
propor a ação, o espólio pode propor a ação
no seu nome. O espólio pode propor a ação se
ainda não ocorreu a prescrição. A morte do
titular não suspende nem interrompe o prazo
prescricional. O titular da indenização é o
morto. O direito.
da personalidade não se
transmitiu – apenas o direito à reparação.
3 - Artigo 12, §único, do CC – instituto dos
lesados indiretos – se caracterizam quando uma
pessoa sofre lesão a direito da personalidade
depois de sua morte. Ex.: alguém se utiliza da
imagem do morto. A violação atinge diretamente o
morto. Essa violação gera algum efeito para o
morto? Não, porque a personalidade dele
terminou e o direito da personalidade foi atingido
depois da morte. O uso atinge indiretamente os
familiares vivos.. Eles são os lesados indiretos.
O CC dispõe que são eles: os descendentes,
ascendentes, cônjuge, companheiro e colateral
até o 4o grau.

Legitimidade ordinária, autônoma?

Polêmica

Se é direito próprio,
. nada se transmite!!
Superação do binômio LESÃO X SANÇÃO
Artigo 12 do CC: Tal dispositivo dispõe que a
tutela jurídica dos direitos da personalidade se
apresenta de forma binária/dualista: Prevenção
e/ou compensação.
A proteção preventiva se dá através do instituto
da tutela específica do art. 461 do CPC. Já a tutela
compensatória se dá através de indenização por
danos morais (art.
. 5o, V, X, e XII, da CF).
TESTAMENTO VITAL

Eutanásia (morte piedosa), ortotanásia (deixar


de prolongar o processo de morte por meios
artificiais), distanásia (prolongamento artificial
do processo de morte), mistanásia ou
eutanásia social e o direito à morte digna:

.
O “testamento vital” ou living Will e sua
validade (o direito de morrer dignamente)!! A
Resolução n.º 1995 de 09/08/2012 (respeito à
vontade manifestada pelo paciente – o
paciente pode definir os limites terapêuticos a
serem adotados em seu tratamento de saúde):
“diretiva antecipada da vontade”.

.
As diretivas antecipadas se contrapõem à
distanásia

Testamento vital e dignidade humana –


também se projeta na morte – compatibilidade
com o artigo 15 do CC.

Mais uma vez análise positivista e pós-


positivista .
Testamento: Negócio Jurídico Unilateral
(formação), personalíssimo, gratuito, solene e
revogável

Objeto: declaração de vontade para ter efeito para


depois da morte, com ou sem conteúdo
econômico – exemplos disposição do corpo
humano para fins altruístas ou científicos (art. 14),
reconhecimento de filhos (art. 1609), deserdação
de herdeiro necessário
. (art. 1961), instituição de
bem de família (art. 1711),
constituição de fundação (art. 62), nomeação de
tutor para filhos incapazes (artigo 1.729),
nomeação de testamenteiro (art. 1976 do CC),
instituição de condomínio (art. 1332), servidão
sobre imóvel (art. 1378), perdão do indigno (artigo
1.818).

.
§ 2º do artigo 1.857 – são válidas as disposições
testamentárias de caráter não patrimonial.
Duas manifestações: patrimonial e não patrimonial
(existencial)
O que é a função promocional do testamento? Tutela
das disposições testamentárias que concretizem
objetivos qualificados pelo testador
Testamento genético: Destinação de Material genético
para a reprodução. assistida post mortem
ARTICULO 60 CCA.- Directivas médicas anticipadas.
La persona plenamente capaz puede anticipar
directivas y conferir mandato respecto de su salud y
en previsión de su propia incapacidad. Puede también
designar a la persona o personas que han de expresar
el consentimiento para los actos médicos y para
ejercer su curatela. Las directivas que impliquen
desarrollar prácticas eutanásicas se tienen por no
escritas. Esta declaración de voluntad puede ser
libremente revocada
.
en todo momento.
EFEITOS DO TÉRMINO DA PERSONALIDADE

Extinção dos direitos da personalidade e de


alguns patrimoniais intransmissíveis, como
usufruto, uso, habitação, mandato, entre
outros de caráter personalíssimo. A situação
patrimonial transmissível se transmite aos
herdeiros. .
MORTE PRESUMIDA – sem o procedimento
da ausência (artigo 7º)

.
MORTE PRESUMIDA E AUSÊNCIA

Morte presumida e ausência (artigos 22 a 39


do CC): Caracterização da ausência e fases da
ausência (curadoria dos bens do ausente,
sucessão provisória e sucessão definitiva)

.
A ausência, a teoria da incapacidade e a
dignidade da pessoa humana (Recurso
Especial n.º 1.016.023): Preservação dos bens
em benefício do ausente;

Se a probabilidade de vida do ausente diminui


as concessões em favor dos herdeiros
aumentam, até se chegar ao estágio final, a
sucessão definitiva.
.
AUSÊNCIA e PROCEDIMENTO
1ª Fase (curadoria dos bens – providências nesta
fase – O juiz nomeia um curador – Enunciado 97
do CJF - que terá o encargo e a responsabilidade
de administrar e conservar o patrimônio do
ausente, enquanto este não retornar ou até o
momento da abertura da sucessão provisória,
determina o recolhimento ou arrecadação do
patrimônio e manda publicar editais – Nesta 1ª
fase não há transferência
.
de patrimônio, pois o
objetivo é a tutela e proteção do ausente);
2ª fase (sucessão provisória –
caracterizada por medidas para preservar
os bens em favor do ausente e a tutela dos
interesses dos herdeiros – Restrições de
caráter geral e restrições de caráter
específico)

.
3ª fase (sucessão definitiva – caracterizada
por efeitos patrimoniais e não
patrimoniais).

.
Os efeitos jurídicos do retorno do ausente
em cada uma das fases: Patrimoniais e
Extrapatrimoniais.

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