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Guia de Acessibilidade e Inclusão

1. INTRODUÇÃO

A acessibilidade e Inclusão são fundamentais no ministério com


crianças. Neste sentido é importante que o ministério infantil
desenvolva uma proposta de inclusão para crianças com deficiência
nas atividades e programações da igreja.
Inclusão é um direito e sem acesso ao ensino da Palavra de Deus
e das atividades desenvolvidas na igreja, a criança com alguma
necessidade específica fica excluída e nunca terá a oportunidade de
vivenciar o que é ser igreja e o que é ser parte do corpo de Cristo,
além de não exercer, plenamente, as suas habilidades no Reino de
Deus.
O processo de incluir implica em formar uma cultura entre os
membros da igreja e se fortalece quando a igreja se coloca à
disposição de todos partindo do princípio de que todos são
diferentes, todos possuem a sua individualidade e que Jesus é o
maior exemplo de inclusão. Ele incluiu toda humanidade no seu
plano perfeito da salvação.
É dever de todo cristão, desempenhar a missão estabelecida por
Jesus, que é cumprir o que está escrito em Mateus 16.15: “Ide por
todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.” E é a partir
dessa conscientização que nasceu esse manual como proposta para
acolher e proporcionar a inclusão e acessibilidade à todas as
crianças.
2- O QUE É INCLUSÃO?

Segundo o dicionário Aurélio inclusão significa ação ou efeito


de incluir. Estado de uma coisa incluída. A etimologia da palavra
inclusão vem do latim INCLUDERE. Inclusão envolve mudança de
mente, ela promove a igualdade de oportunidades e a valorização
das diferenças humanas. Implica a transformação da cultura, das
práticas e das políticas vigentes na igreja e nos métodos de ensino,
de modo a garantir o acesso, a participação e a aprendizagem de
todos, sem exceção.
Entenda a diferença entre inclusão, segregação, integração e
exclusão:
Exclusão: é quando a participação é negada.

Segregação: A segregação acontece quando as crianças ficam em


ambientes separados e não possuem o mesmo acesso e direitos que
as demais.

Integração: é receber as crianças sem dar acesso às atividades e ao


ensino.

Inclusão: é envolver qualquer tipo de diferença, partindo do


princípio de que todos nós somos diferentes. É estar com, é
interagir com o outro, é dar acesso e garantir os mesmos direitos
que as demais crianças.
INCLUSÃO

O trabalho inclusivo na igreja envolve uma


transformação organizacional, é preciso remodelar as
estratégias de trabalho, estruturas físicas e metodologias.
Não é a criança que deve se adaptar a igreja, a igreja que
precisa preparar-se para atender à demanda das crianças e
suas necessidades específicas.
3- O QUE É
ACESSIBILIDADE?

A acessibilidade é transformar o ambiente físico e digital para


promover a autonomia e a liberdade das pessoa com algum
tipo de deficiência.

Conheça o símbolo da acessibilidade:

O novo símbolo da acessibilidade


foi desenhado pela Unidade de
Desenho Gráfico do Departamento
de Informação Pública das Nações
Unidas, em Nova Iorque, a pedido
da Divisão de Reuniões e
Publicações do Departamento de
Assembleia Geral e Gestão de
Conferências das Nações Unidas, e
será daqui em diante referido como
o logo acessibilidade.

O alcance global da logo é transmitido por um círculo, com a


figura simétrica conectado para representar uma harmonia
entre os seres humanos em sociedade. Esta figura humana
universal com os braços abertos simboliza inclusão de pessoas
independente da sua limitação. Foi criada para representar a
acessibilidade para pessoas com deficiência. Isso inclui a
acessibilidade à informação, serviços, tecnologias de
comunicação, bem como o acesso físico.
4- O QUE A BÍBLIA DIZ
SOBRE INCLUSÃO?

“Então disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a


nossa semelhança. Domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves
do céu, sobre os grandes animais de toda a terra e sobre todos os
pequenos animais ¬que se movem rente ao chão". Criou Deus o
homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou.” Gênesis 1.26 e 27
Esse trecho do livro de Gênesis mostra que o homem foi
criado a imagem e semelhança de Deus e isso quer dizer que
perante Deus, todos são iguais. A Bíblia também destaca o
amor incondicional de Jesus para com as pessoas desfavorecidas
e excluídas da época. E dentre tantas histórias do Novo
Testamento, pode-se observar Jesus demostrando compaixão
pelas pessoas com algum tipo de necessidade específica como
uma deficiência ou pecado. Naquela época as pessoas que não
tinham padrões “normais” eram excluídas da sociedade, mas
Jesus se compadecia de todas elas e sempre as incluía
reafirmando que o reino de Deus é acessível a todos.
A Bíblia também fala a respeito da igreja como um corpo em
I Coríntios capítulo 12.12-14:
"Ora, assim como o corpo é uma unidade, embora tenha muitos
membros, e todos os membros, mesmo sendo muitos, formam um só
corpo, assim também com respeito a Cristo. Pois em um só corpo todos
nós fomos batizados em um único Espírito: quer judeus, quer gregos,
quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um único
Espírito. O corpo não é composto de um só membro, mas de muitos.

Esse trecho enfatiza as diferenças


que existem entre as pessoas, mas
que o valor de cada uma, vai além
da diversidade. Todas foram criadas
para cumprir um propósito.
Em II Samuel 9:1-13 conta a história de Mefibosete que
é um modelo de alguém que foi incluído. Um homem que
possuía uma deficiência física e que foi convidado para
assentar-se à mesa do rei.
Davi, um homem segundo o coração de Deus, lembrou da
aliança que fez com Jônatas e quis saber se havia ainda
alguém da casa de Saul, para que ele usasse de
benevolência por amor ao amigo Jônatas.
“E havia um servo na casa de Saul cujo nome era Ziba; e o
chamaram à presença de Davi. Então o rei o perguntou se há
ainda alguém da casa de Saul para que ele usasse com ele da
benevolência de Deus. Então Ziba disse ao rei que ainda havia
um filho de Jônatas, que possuía uma deficiência nos pés.
Então o rei Davi mandou trazer Mefibosete, o filho de Jônatas
de Lo-Debar. E Mefibosete veio a Davi, e se prostrou com o
rosto por terra. E Davi disse a ele: Não temas, porque decerto
usarei contigo de benevolência por amor de Jônatas, teu pai, e
te restituirei todas as terras de Saul, teu pai, e tu sempre
comerás pão à minha mesa. Então chamou Davi a Ziba, moço
de Saul, e disse-lhe: Tudo o que pertencia a Saul, e a toda a
sua casa, dê ao filho de teu senhor.”
Davi faz alusão em usar de benevolência de Deus
baseado na promessa que ele fez com seu amigo Jônatas.
Vemos nesse cenário marcas de compaixão, empatia, amor
ao próximo, misericórdia e bondade. E essa deve ser
também a marca da Igreja.
A identidade de Mefibosete estava completamente
distorcida. Ele não se via como alguém de valor e
merecedor da atenção que Davi lhe prestava. Deus usou o
rei Davi para transformar a identidade de Mefibosete. O
amor e a misericórdia de Deus alcançam a todos. O Seu
amor é incondicional, completo, não faz acepção de
pessoas e não impõe limites para amar e para sentar-se à
mesa.
Assim como o rei Davi concedeu lugar à mesa para
Mefibosete, a igreja precisa dar acesso e acolhimento à
todas as pessoas, independente da sua necessidade ou
limitação. Nossa missão é levar as pessoas até a mesa do
Rei Jesus que é acessível a todas as pessoas.

5- O QUE A LEI DIZ SOBRE


INCLUSÃO?

Inclusão não é uma escolha pessoal ou coletiva, inclusão


é um direito.
Por muito tempo se pensou em separar pessoas com
deficiência em relação ao ambiente de ensino. De forma
progressiva, essa ideia segregadora foi suprida pelo modelo
da inclusão. Em nosso país há leis que protegem o direito de
crianças com deficiência a participarem dos mesmos
ambientes de ensino-aprendizagem.
Na Constituição Federal, o artigo 205 prevê o direito de
todos e o artigo 208 prevê o atendimento especializado, e a
inclusão, fundamentada na atenção à diversidade, exigindo
mudanças estruturais, e traz como objetivo “o acesso, a
participação e a aprendizagem das crianças com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades/superdotação, orientando os sistemas de ensino
para promover respostas às necessidades garantindo”:
- Atendimento individualizado;
- Formação de professores para o atendimento;
- Participação da família e da comunidade;
- Acessibilidade urbanística, arquitetônica, nos mobiliários
e equipamentos, nos transportes, na comunicação e
informação.
Art. 3º Para fins de aplicação desta Lei, consideram-se:

I - acessibilidade: possibilidade e condição de alcance


para utilização, com segurança e autonomia, de espaços,
mobiliários, equipamentos urbanos, edificações,
transportes, informação e comunicação, inclusive seus
sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e
instalações abertos ao público, de uso público ou privados
de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por
pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida;
II - desenho universal: concepção de produtos,
ambientes, programas e serviços a serem usados por todas
as pessoas, sem necessidade de adaptação ou de projeto
específico, incluindo os recursos de tecnologia assistiva;
III - tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos,
equipamentos, dispositivos, recursos, metodologias,
estratégias, práticas e serviços que objetivem promover a
funcionalidade, relacionada à atividade e à participação
da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida,
visando à sua autonomia, independência, qualidade de
vida e inclusão social;
IV - barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou
comportamento que limite ou impeça a participação social
da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de
seus direitos à acessibilidade, à liberdade de movimento e
de expressão, à comunicação, ao acesso à informação, à
compreensão, à circulação com segurança, entre outros,
classificadas em:
a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos
espaços públicos e privados abertos ao público ou de uso
coletivo;
b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios
públicos e privados;
c) barreiras nos transportes: as existentes nos sistemas e
meios de transportes;
d) barreiras nas comunicações e na informação:
qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento
que dificulte ou impossibilite a expressão ou o
recebimento de mensagens e de informações por
intermédio de sistemas de comunicação e de tecnologia
da informação;
e) barreiras atitudinais: atitudes ou comportamentos
que impeçam ou prejudiquem a participação social da
pessoa com deficiência em igualdade de condições e
oportunidades com as demais pessoas;
f) barreiras tecnológicas: as que dificultam ou impedem
o acesso da pessoa com deficiência às tecnologias;

Art. 8º É dever do Estado, da sociedade e da família


assegurar à pessoa com deficiência, com prioridade, a
efetivação dos direitos referentes à vida,(...) à
acessibilidade, à cultura, ao lazer, à informação, à
comunicação, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à
convivência familiar e comunitária, entre outros
decorrentes da Constituição Federal, da Convenção sobre
os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo
Facultativo e das leis e de outras normas que garantam
seu bem-estar pessoal, social e econômico.
6- INCLUSÃO NO
MINISTÉRIO INFANTIL.
COMO COMEÇAR?

" Ouvi então a voz do Senhor que dizia: Quem enviarei


eu? E quem irá por nós? Eis-me aqui, disse eu, enviai-me."
Isaías 6:8

A inclusão começa no coração, com o SIM ao chamado


de Deus. Deus só precisou do SIM de Isaías que era um
homem de lábios impuros, mas que arrependeu e mesmo
se sentindo incapaz, arrependeu dos pecados e se
prontificou a fazer a obra do Senhor.
Deus espera a disponibilidade dos seus filhos para
servi-Lo. A base da inclusão é o amor em atitude como
está escrito em I João 3.18.
Partindo da perspectiva bíblica e legal, é necessário
que um trabalho de acolhimento às famílias das crianças
com algum tipo de deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento, altas habilidades, superdotação, seja
efetivado nas igrejas, com o objetivo de promover
acessibilidade ao ensino da Palavra de Deus e às
programações desenvolvidas para as crianças. A proposta
de inclusão fará com que as crianças sintam parte do
corpo de Cristo e reforçará a identidade de cada uma em
Deus.
O momento pra iniciar o acolhimento é hoje. Comece
com o que você tem, partindo do real até chegar ao ideal.
Dentre as etapas descritas abaixo, avalie o que é possível
fazer, o que é realidade da sua igreja. Começar com o que
tem não significa que o trabalho não será de excelência,
pois tudo que fizer, faça como se fosse para o Senhor.
"Tudo o que fazerem, façam de todo o coração, como para
o Senhor , e não para os homens..." Colossenses 3:23.

Etapas para o início do trabalho:

Conscientizar a equipe e a igreja sobre a


importância de uma proposta inclusiva no
ministério infantil para atender todas as
crianças.

Envolver a igreja e adotar novas práticas de


convivência e colaboração, promover a conscientização
das demais crianças sobre o respeito e o amor ao
próximo independente da necessidade específica, é
entender que o Reino de Deus é para todos e que é
papel da igreja acolher todas as pessoas e levá-las a
conhecer Jesus.

Erradicar as barreiras previstas no Artigo 3º da Lei


Brasileira de Inclusão.

Adaptar o espaço Kids é tão importante quanto a


atitude de recebê-las. As portas precisam ser alargadas,
banheiros adaptados, calçadas niveladas, instalação de piso
tátil, corrimão, construção de rampas, e corrimão. Para o
acesso à comunicação é necessário intérpretes de libras,
inserção de legendas em vídeos, textos alternativos etc.
As barreiras atitudinais também precisam ser eliminadas.
Subestimar a capacidade das crianças, sentir pena, colocá-
las em sala separadas ou pensar que elas atrapalham a
aprendizagem das demais, são exemplos comuns de
barreiras atitudinais e muitas vezes acontecem de forma
inconsciente, mas são impedimentos para que a inclusão
aconteça.
Formação da equipe

A equipe deve ser formada pelas pessoas que estão


servindo no ministério com crianças e por profissionais da
área que são membros da igreja, queiram fazer parte e que
acreditem na proposta.
Em Genesis 11.6 o Senhor diz que "Eis que o povo é um, e
todos têm uma mesma língua; e isto é o que começam a fazer;
e agora, não haverá restrição para tudo o que eles intentarem
fazer."
A Bíblia diz que não há limites para uma unidade
consagrada e um propósito apaixonado. O engajamento da
equipe fará toda diferença.

Treinamento e capacitação dos envolvidos

O treinamento e capacitação são necessários para


estudar e conhecer sobre as deficiências, transtornos
globais do desenvolvimento, altas
habilidades/superdotação, seus conceitos, características,
recursos e as estratégias para fazer as intervenções. A
equipe precisa atuar de acordo com a individualidade de
cada criança, partindo da necessidade que cada uma
apresenta.
Momentos para socialização das experiências obtidas,
também são necessários para a avaliação das estratégias e
planejamento de novas propostas.

Cadastramento das famílias, crianças e entrevista


com os pais
Fazer o cadastro e realizar a entrevista com os pais, é de
suma importância para o início de um trabalho sólido e
coletivo com as famílias, professores da Escola Bíblica e
toda igreja, o que será um caminho para efetivar a
inclusão de fato.
Esse momento é a oportunidade de coletar as
informações necessárias para a elaboração das estratégias
de acesso à aprendizagem na Escola Bíblica. O objetivo da
entrevista é estabelecer o contato inicial com cada família,
oferecer apoio e firmar assim a confiança e o
comprometimento de ambas as partes.

Promover a acessibilidade ao discipulado das


crianças e às atividades do ministério infantil

No tópico anterior falamos sobre conhecer as crianças


e suas necessidades específicas para promover a
acessibilidade. A função da equipe de inclusão é dar
suporte e apoio aos professores do ministério infantil
aplicando metodologias e utilizando recursos que
proporcionarão o acesso dessas crianças a aprendizagem
ou a qualquer atividade que for desenvolvida na igreja
para as crianças.
O acompanhamento individualizado também será feito
para que a equipe de inclusão investigue sobre o melhor
método para cada criança. O foco de todo processo é a
criança conhecer cada vez mais quem é Jesus e o
desenvolvimento das suas habilidades para que possam
servir a Deus na igreja e sentir-se parte do corpo de Cristo.
A obra é do Espírito Santo! Nós somos canais!
7- REDE DE APOIO ÀS
FAMÍLIAS

A igreja é chamada a ser uma comunidade inclusiva. A


amar e acolher a todas as pessoas. Criar a rede de apoio às
famílias é tão importante quanto dar acessibilidade às
crianças.
A rotina dos pais com filhos que possuem alguma
deficiência, transtorno ou síndrome, de maneira geral é
muito exaustiva devido à preocupação, sentimento de
impotência, liberdade restrita, deslocamento diário para
terapias e outras atividades. Essa rotina desencadeia,
muitas vezes, o estresse do cuidador o que pode provocar
insônia, tristeza, ansiedade e até mesmo desenvolver um
quadro depressivo.
A fim de dar apoio espiritual e emocional à essas
famílias, é necessário envolver os pastores e líderes da
igreja para que ofereçam atendimento a esses cuidadores.
Se possível, criar também uma equipe de psicólogos
voluntários para que também façam atendimentos
terapêuticos com esses pais.
8- SALA OU CAIXA DE
RECURSOS

A sala de recursos multifuncionais trará benefícios


significativos na aprendizagem das crianças
proporcionando, através das ferramentas, a acessibilidade
ao ensino, à comunicação e às informações.
Esse é um espaço que conta com mobiliário acessível,
tecnologia assistiva, PECS (peças para comunicação
alternativa), materiais didáticos e recursos pedagógicos.
Caso a sua igreja não tenha um local disponível para
realizar a sala, crie a caixa de recursos.
Na sala de recurso também precisa ter o "Cantinho
volta à calma", um espaço aconchegante com almofadas,
tapete e uma música ambiente para acalmar a criança que
possa se desregular devido aos fatores inesperados.

Conheça alguns recursos:

PLANO ALFABETO VISUAIS PARA


LUPA ABAFADOR INCLINADO HISTÓRIA BÍBLICA E
EM BRAILLE ROTINA.

TESOURA BLOCOS PARA ADAPTADORES ALMOFADAS PARA


ADAPTADA CAIXA TÁTIL MONTAR PARA LÁPIS A VOLTA À CALMA
9- CONHECENDO OS TIPOS
DE DEFICIÊNCIAS

As deficiências são fragmentadas em deficiência física,


visual, auditiva, intelectual, psicossocial e a deficiência
múltipla, conceituada como a associação de duas ou mais
deficiências.
A OMS - Organização Mundial da Saúde - definiu a
deficiência como sendo, “qualquer perda ou anormalidade
relacionada à estrutura ou à função psicológica,
fisiológica ou anatômica”. Ou seja, a deficiência faz parte
da condição humana na medida em que pode ser
congênita ou adquirida ao longo da vida.
Tanto a deficiência congênita quanto a adquirida, deve
ter os mesmos direitos e acessos para promover a
autonomia e cidadania de quem a possui.

Deficiência física

- Definição: uma variedade de condições


que afeta a mobilidade e a coordenação
motora geral de membros ou da fala.
Pode ser causada por lesões
neurológicas, neuromusculares e
ortopédicas, más-formações congênitas
ou por condições adquiridas. Exemplos:
Paralisia cerebral, amputação, paraplegia
(Perda total das funções motoras dos
membros inferiores, Tetraplegia
(perda total das funções motoras dos
membros inferiores e superiores).
- Características: são comuns as
dificuldades no grafismo em função do
comprometimento motor. Às vezes, o
aprendizado é mais lento, mas, exceto
nos casos de alteração na motricidade
oral, a linguagem é adquirida sem
problemas. Muitos precisam de cadeira
de rodas ou muletas para se locomover.
Outros apenas de apoios especiais e
material escolar adaptado, como
apontadores, suportes para lápis etc.

Para atender a demanda da criança com deficiência física,


além de outras adaptações, é necessário elevadores ou
rampas.

Deficiência Visual

- Definição: condição apresentada


por quem tem baixa visão (em
geral, entre 40 e 60%) ou cegueira
(resíduo mínimo da visão ou perda
total), que leva à necessidade de
usar o braile para ler e escrever.

- Características: a perda visual é causada em geral por


duas doenças congênitas: glaucoma (pressão intraocular
que causa lesões irreversíveis no nervo ótico) e catarata
(opacidade no cristalino). Em alguns casos, as doenças são
confundidas com uma ametropia (miopia, hipermetropia
ou astigmatismo), que pode ser corrigida pelo uso de
lentes, o que permite o retorno total da visão. A catarata
também pode ser corrigida, mas só com cirurgia.
Se a criança não percebe expressões faciais, é necessário
estimular a percepção alterando, por exemplo, o tom de
voz. Se a atividade exigir mobilidade, a atenção para a
criança com deficiência visual deve ser priorizada. Também
é preciso identificar os degraus com contraste com faixa
amarela, os obstáculos, como pisos com alturas diferentes,
e, principalmente, os vãos livres e desníveis. A sinalização
para indicar os espaços devem ser feitas com tabuletas e
em braile. Outra ideia é trabalhar maquetes dos ambientes
da igreja para que o espaço seja facilmente identificado.

Utilize de tamanho grande e


fáceis de serem reconhecidos
pelo tato. Coloque as crianças
que têm baixa visão mais à
frente. Para as que não enxergam,
equipamentos necessários devem
ser disponibilizados como
alfabeto em braile e outros.

Deficiência Auditiva

- Definição: condição causada por má-


formação na orelha, no conduto (cavidade
que leva ao tímpano), nos ossos do
ouvido ou ainda por uma lesão
neurossensorial no nervo auditivo ou na
cóclea (porção do ouvido responsável
pelas terminações nervosas). Tem origem
genética ou pode ser provocada por
doenças infecciosas, como a rubéola e a
meningite. Também pode ser temporária,
causada por otite.
- Características: pode ser leve, moderada, severa ou
profunda. Quanto mais aguda, mais difícil é o
desenvolvimento da linguagem.

Pedir que se sente nas carteiras da frente pode ajudar a


criança a aprender melhor. Falar pausadamente e de perto
facilita a compreensão para aqueles que conseguem faler a
leitura labial. Aposte também no uso de recursos visuais e
na diminuição de ruídos - e tente o apoio e a integração
por meio de um intérprete de Libras.

Deficiência múltipla

Ocorrência de duas ou mais


deficiências: deficiência
auditiva e Síndrome de Down;
uma intelectual com outra
física; uma intelectual e uma
visual ou auditiva, por exemplo.
Não há estudos que indiquem
qual associação de deficiência é
a mais comum.
Deficiência intelectual

Definição: funcionamento
intelectual inferior à média (QI),
que se manifesta antes dos 18 anos.
Está associada a limitações
adaptativas em pelo menos duas
áreas de habilidades (comunicação,
autocuidado, vida no lar,
adaptação social, saúde e
segurança, uso de recursos da
comunidade, determinação,
funções acadêmicas, lazer e
trabalho). A origem da deficiência
intelectual, engloba fatores
genéticos e ambientais. Entre elas,
a mais comum é a síndrome de
Down.

SÍNDROME DE DOWN

- Definição: alteração genética


caracterizada pela presença de
um terceiro cromossomo de
número 21. A causa da alteração
ainda é desconhecida, mas existe
um fator de risco já identificado.
A síndrome aumenta para
mulheres que engravidam com
mais de 35 anos.
- Características: além do déficit
cognitivo, são sintomas as
dificuldades de comunicação e a
hipotonia (redução do tônus
muscular). Quem tem a síndrome
de Down também pode sofrer com
problemas na coluna, na tireoide,
nos olhos e no aparelho digestivo,
entre outros, e, muitas vezes, nasce
com anomalias cardíacas,
solucionáveis com cirurgias.

Para que a criança com síndrome de


Down compreenda as informações, é
necessário adotar a técnica da
repetição. A utilização de visuais
facilita a compreensão dos comandos e
de solicitações de tarefas. Dê
preferência às ilustrações grandes e
chamativas, com cores e símbolos fáceis
de compreender.
A linguagem verbal, para se dirigir a
essas crianças deve ser simples. Uma
dificuldade de quem tem a síndrome,
em geral, é cumprir regras. Adotar o
mesmo tratamento dispensado aos
demais colegas é um fator importante
para que sigam as regras. Caso não
consigam ficar o tempo todo no espaço
Kids, estabeleça combinados, mas não
seja permissivo.
Observe as competências cognitivas e faça adaptações
nas atividades no nível das habilidades da criança, com
desafios gradativos. Pausas entre as atividades também são
necessárias porque o esforço ao desenvolver tarefas que
envolvam funções cognitivas é muito grande e o cansaço
diminui o estímulo e causa desinteresse.
Celebre as conquistas e o empenho nas produções.
Quando se sente isolada do grupo e com pouca
importância no trabalho e na rotina escolares, a criança
adota atitudes reativas, como desinteresse,
descumprimento de regras e provocações.
10- TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA

Definição: são distúrbios nas interações sociais recíprocas,


com padrões de comunicação estereotipados e repetitivos e
estreitamento nos interesses e nas atividades. Geralmente
se manifestam nos primeiros cinco anos de vida.

No geral, uma criança do


espectro autista apresenta
dificuldade de socialização,
comunicação, de manter o
contato visual, expressar as
próprias emoções e outros.
Também possuem alterações
comportamentais, como rituais,
apego excessivo a rotinas, ações
repetitivas, interesse restrito em
coisas específicas e sensibilidade
sensorial.

Pelo menos 50% das crianças com autismo apresentam


graus variáveis de deficiência intelectual. Alguns, porém,
têm altas habilidades e se tornam gênios em uma área
específica.
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais rotula este transtorno como um espectro por se
manifestar em diferentes níveis de intensidade. Uma
pessoa diagnosticada como de alta funcionalidade
apresenta prejuízos leves, que não a impede de estudar,
desenvolver a sua carreira profissional e se relacionar.
Outras possuem baixa funcionalidade e vão manifestar
dificuldades severas e costumam precisar de auxílio ao
longo da vida.

Cada indivíduo dentro do


espectro vai desenvolver o seu
conjunto de sintomas variados e
características bastante
particulares. Tudo isso vai
influenciar como cada pessoa se
relaciona, se expressa e se
comporta.
Para reduzir a dificuldade de
relacionamento da criança com
autismo, deve-se criar situações
que possibilitem a interação.
Tenha paciência, pois a criança
pode se desregular. Avise quando
a rotina mudar, pois alterações no
dia a dia não são bem-vindas. Dê
instruções claras e evite
orientações prolongadas.
Classificação do
Transtorno do Espectro Autista

Como era e como ficou


Código em vigor da CID-10 e a nova classificação da
CID-11 que entrará em vigor a partir de janeiro de
2022:

Autismo na CID-10
F84 – Transtornos globais do desenvolvimento (TGD)
F84.0 – Autismo infantil;
F84.1 – Autismo atípico;
F84.2 – Síndrome de Rett;
F84.3 – Outro transtorno desintegrativo da
infância;
F84.4 – Transtorno com hipercinesia associada a
retardo mental e a movimentos estereotipados;
F84.5 – Síndrome de Asperger;
F84.8 – Outros transtornos globais do
desenvolvimento;
F84.9 – Transtornos globais não especificados do
desenvolvimento.
Classificação do
Transtorno do Espectro Autista

Autismo na CID-11 a partir de janeiro 2022

6A02 – Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)


6A02.0 – Transtorno do Espectro do Autismo sem
deficiência intelectual (DI) e com comprometimento
leve ou ausente da linguagem funcional;
6A02.1 – Transtorno do Espectro do Autismo com
deficiência intelectual (DI) e com comprometimento
leve ou ausente da linguagem funcional;
6A02.2 – Transtorno do Espectro do Autismo sem
deficiência intelectual (DI) e com linguagem
funcional prejudicada;
6A02.3 – Transtorno do Espectro do Autismo com
deficiência intelectual (DI) e com linguagem
funcional prejudicada;
6A02.4 – Transtorno do Espectro do Autismo sem
deficiência intelectual (DI) e com ausência de
linguagem funcional;
6A02.5 – Transtorno do Espectro do Autismo com
deficiência intelectual (DI) e com ausência de
linguagem funcional;
6A02.Y – Outro Transtorno do Espectro do Autismo
especificado;
6A02.Z – Transtorno do Espectro do Autismo, não
especificado.
11- TRANSTORNO DE
DÉFICIT DE ATENÇÃO

- Definição: o TDAH é um transtorno neurobiológico,


genético, hereditário. Isso significa que o transtorno
identificado na criança pode vir do pai ou da mãe; de um
primo ou de uma tia. O TDAH também encontra em
fatores ambientais motivos para sua ocorrência, a saber:
nascimento com baixo peso, bebês prematuros. O uso de
outras drogas, inclusive o álcool, também pode influir no
aparecimento do transtorno em crianças.

Tipos de TDAH

Tipo hiperativo/impulsivo: crianças com TDAH


hiperativo/impulsivo sentem necessidade de se
movimentar o tempo todo e têm dificuldade em
permanecer sentadas. Costumam falar demasiadamente e
interrompem as falas de quem está se comunicando ou
completa as frases do outro antes que ele termine o
raciocínio.

Tipo desatento: crianças com TDAH tipo desatento


cometem erros por descuido, pois têm dificuldade em
manter a atenção, em seguir instruções detalhadas e
organizar tarefas e atividades.
Também podem ter uma memória de trabalho reduzida, se
distraírem facilmente com estímulos externos e
constantemente perdem materiais e objetos.

Tipo misto/combinado: o TDAH do tipo


misto/combinado demonstram sintomas de desatenção e
sintomas de hiperatividade e impulsividade.

- Características do TDAH:
dificuldade para manter o foco em
uma atividade que exija esforço
mental prolongado; dificuldade
em tarefas desafiadoras e que
contem regras, prazos. dificuldade
para começar e terminar suas
tarefas. Outra dificuldade é a de
rever situações e erros;
dificuldade de fazer conclusões,
síntese e análise de atitude. As
crianças com TDAH tendem a ser
mais esquecidas, desorganizadas e
perdem-se em tarefas.

Criança com TDAH precisa sentar à frente, pois dessa


forma terá menos fatores que poderão levá-la à distração.
A aula deve ser dinâmica e sempre adotar uma
linguagem simples e objetiva por causa da sua praticidade.
Faça perguntas durante a ministração da palavra, dê
desafios pois isso estimulará a criança a continuar
participando da proposta da Escola Bíblica.
12- TOD - TRANSTORNO
OPOSITIVO DESAFIADOR

- Definição: O TOD é uma condição que afeta


diretamente o aspecto comportamental da criança, uma
vez que ela será acometida pelo sentimento de
irritabilidade. Além disso, a criança pode ter acessos de
raiva e indisciplina. Portanto, a convivência com a criança
necessita de muita cautela e paciência.

- Características: Comportamentos
que demonstrem raiva; agressividade,
desobediência em geral; hostilidade
com o outro; intolerância a
frustrações; desrespeito a solicitações.

Para lidar com crianças com TOD é preciso falar de


forma clara e objetiva ao dar orientações. Isso impede que
a criança ganhe espaço para rebater as instruções dadas.
Fale de forma a convencer antes de qualquer contra-
argumento e assuma a postura de autoridade sem
autoritarismo;
Elogiar o comportamento adequado amenizará as
condutas inadequadas. Conhecer a criança e suas
preferências são excelentes dicas para fortalecer o vínculo
afetivo que, por sua vez, gera na criança um engajamento
no cumprimento das regras e rotinas pré-definidas.
13- REFERÊNCIA
BIBLIOGRÁFICA

BÍBLIA, Português. Bíblia de Recursos para Ministério com


Crianças. Apec -Ed. Hagnos. São Paulo.
Bíblia Sagrada: Nova Versão Internacional [traduzida pela
comissão da Sociedade Bíblica Internacional]. São Paulo: Editora
Vida, 2000.
BRASIL, 2015, Lei n. 13.146, de 6 de jul. de 2015. Lei Brasileira de
Inclusão da Pessoa com Deficiência. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2015/Lei/L13146.htm; acesso em: 22 de outubro 2021.
DARKE, Brenda. Deficiente, o desafio da inclusão na igreja.
São Paulo: Hagnos, 2015.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio: o
dicionário da língua portuguesa. 8. ed. Curitiba: Positivo,
2018.
Fundamentos das deficiências. Disponível em:
https://novaescola.org.br/conteudo/1384/os-fundamentos-das-
deficiencias-e-sindromes
Leis da inclusão no Brasil. Disponível
em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/lei/l13146.htm
RODRIGUES, MM; VILANOVA, LCP. Transtorno do
Neurodesenvolvimento. TRATADO DE NEUROLOGIA INFANTIL.
Transtorno opositivo desafiador. Disponível em:
https://institutoneurosaber.com.br/transtorno-opositivo-
desafiador-no-tdah/
Transtorno de déficit de atenção. Disponível em:
https://institutoneurosaber.com.br/caracteristicas-de-jovens-e-
criancas-com-tdah/
XAVIER, Leila. Shekiná - um ministério de amor e de inclusão
de pessoas com deficiência - Garimpo editorial.
REALIZAÇÃO

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