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Os impactos das novas formas de contratação

introduzidas pela reforma trabalhista.

Alícia Lopes Souza¹


João Vitor Gomes Scheffer
Juliano Alves Coelho
Vinícius Soares de Carvalho
Cleiton Dada dos Santos²

1. INTRODUÇÃO

A Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) foi criada em 1943 para garantir os
direitos dos trabalhadores. De lá para cá, as relações de trabalho sofreram grandes
mudanças ao longo dos anos. Por isso, a reforma trabalhista de 2017 foi criada para
acompanhar essas mudanças e abranger todas as relações de trabalho, que antes
não eram previstas na lei.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Desde a criação da CLT, em 1943, muitas mudanças ocorreram


nas Relações de trabalho com o passar dos anos.

“A reforma poderá impactar a


Produtividade, sendo um dos principais pontos a forma como a
valorização da negociação coletiva, a representação dos
trabalhadores na empresa e o fim da contribuição sindical (gerando
melhores sindicatos) podem levar a um melhor diálogo entre os
trabalhadores e a empresa, elevando a duração dos vínculos e
aprimorando condições e relações de trabalho. Para Campos (2017.
p. 63) ’’

Colocando de forma simples, o objetivo da lei da Reforma Trabalhista foi


flexibilizar as relações de trabalho e favorecer a geração de empregos no país.

1 Alícia Lopes Souza, João Vitor Gomes Scheffer, Juliano Alves Coelho, Vinicius Soares de Carvalho.

2 Cleiton Dada dos Santos tutor externo

Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Curso FLC34750CTB – Prática do Módulo 4 - 28/11/2023
Neste trabalho, será apresentado o conceito da reforma trabalhista, as novas
formas de contratações e as principais mudanças.

Principais mudanças:

-Parcelamento de férias;

-Alterações na jornada de trabalho;

-Acordos coletivos são prevalecentes sob a legislação;

-Não obrigatoriedade da contribuição sindical;

-Para as grávidas e lactantes o trabalho só pode ser em ambientes com


insalubridade de graus médio e mínimo.

-No que concerne às férias, essas podem ser divididas em até 3 períodos, porém um
dos períodos deve ser superior a 15 dias e outro deve ter no mínimo 5 dias.

Acordos na jornada de trabalho

A jornada de trabalho permitida pelas normas é de 44 horas semanais e 220


mensais sendo permitido apenas 2 horas extras por dia.

Com a reforma trabalhista, a jornada poderá ser flexibilizada, ou seja, é possível


trabalhar no máximo 12 horas por dia, com 36 horas de descanso. Porém, deve-se
respeitar o máximo de 44 horas semanais e 220 horas mensais.

Além disso, o formato de contrato de trabalho intermitente também foi criado para
possibilitar, ainda mais, a flexibilização da jornada de trabalho.
Jornada parcial

Antes da reforma, era permitido apenas contratações sem horas extras, de 25 horas
semanais. Agora é permitido a contratação de 30 horas totais ou 26 horas semanais,
além de ser possível realizar até 6 horas extras.

Tele trabalho e Home Office

O tele trabalho não era regulamentado por nenhuma lei antes da reforma trabalhista
de 2017. Com a publicação das novas normas, passou-se a haver previsão
contratual para essa modalidade.

Mas, além de inserir essa modalidade, o artigo 62 da CLT determina que, no tele
trabalho, não existe a obrigatoriedade de realizar o registro de ponto confira:

“Art. 62. Não são abrangidos pelo regime previsto neste capítulo:

I – Os empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação


de horário de trabalho, devendo tal condição ser anotada na Carteira de Trabalho e
Previdência Social e no registro de empregados;

II – Os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos


quais se equiparam, para efeito do disposto neste artigo, os diretores e chefes de
departamento ou filial. ”

Contudo, é preciso ressaltar que o tele trabalho e o home office são modalidades
diferentes. Além disso, em nenhum momento da CLT, é citado o termo “home
office”. Em 2019, a Lei da Liberdade Econômica determinou que, caso o
empregador possua mais de 20 funcionários na sua empresa, o controle de ponto é
obrigatório. Então, mesmo que os empregados celetistas estejam em regime de
trabalho home office, a empresa deve seguir as normas previstas pela CLT, ou seja,
deve fazer o controle de jornada, mesmo que à distância.

No geral, fazer o controle de ponto no home office, não é uma tarefa simples,
principalmente pensando na distância dos colaboradores. Por isso, hoje existem
ferramentas que utilizam a localização para fazer a marcação do ponto.
Além disso, fazer a gestão de horas dos trabalhadores, acompanhar faltas, atrasos e
horas extras é muito importante, tanto para a empresa, quanto para os
colaboradores. Pois, sem realizar o controle de horas, alguns colaboradores podem
agir de má-fé e dizer que estão cumprindo a jornada de trabalho quando, na
verdade, não estão.

Por outro lado, os colaboradores, também podem estar trabalhando mais horas do
que deveriam, sem informar aos gestores. Podendo gerar esgotamento, burnout
entre outros problemas para a saúde mental.

Nos anos 2000, houve um movimento contraditório para a proteção e regulação


do trabalho, com avanços e retrocessos. Constata-se que não houve reforma
trabalhista ou Sindical, porém, algumas mudanças foram percebidas na direção do
prosseguimento da Agenda de flexibilização, iniciada nos anos de 1990, com alguns
recuos no âmbito da Normatização do Estado e da negociação coletiva. Apesar de
se observarem avanços como a elevação do poder de compra dos trabalhadores e a
ampliação da agenda de luta pela Igualdade de gênero, no âmbito da ação coletiva,
“continuaram se consolidando os programas de remuneração variável (PLR), a
terceirização e a flexibilidade e intensificação da jornada de trabalho” (Krein, 2018, p.
83).

No Brasil, a partir de diversas perspectivas, alguns estudos procuraram


mapear os processos de expansão da flexibilização e desregulamentação,
causadores de precarização e elevação da insegurança no trabalho (Leite, 2000;
Costa, 2005; Tosta, 2008; Krein, 2013b).

E na ânsia de proteção a essas relações, destaca Silva que naquele momento


histórico a legislação trabalhista visava reger de forma absoluta, de modo imperativo
e categórico, não considerando válido o exercício da autonomia da vontade das
partes (Empregador X Empregado), que decidissem sobre quaisquer dos direitos
afetos ao exercício empregatício. Do mesmo modo, viu-se uma intensa produção de
decretos que regravam uma atividade laboral em específico ou um determinado
componente da relação empregatícia, a exemplos, a instituição da Carteira
Profissional, a limitação da duração da jornada de trabalho para os que trabalham no
comércio, nas indústrias, nas farmácias, nas casas de diversões, nas casas de
penhores, nos bancos e casas bancárias, nos transportes, na educação, entre
outros (Silva, 2012).
Análises preliminares indicaram que a reforma trabalhista aprofunda o
processo de deterioração do mercado de trabalho e fragiliza as instituições públicas
do trabalho, com ênfase na Justiça do Trabalho e nas entidades sindicais. A
proliferação de diferentes tipos de contratos precários afeta a base de representação
dos sindicatos, geralmente circunscrita aos assalariados formalizados, aumentando
o percentual de trabalhadores não cobertos por convenções e acordos coletivos 2.
Desse modo, ela promove a fragmentação da classe trabalhadora e a pulverização
da representação dos sindicatos, pois a legislação sindical brasileira estabelece que
os trabalhadores contratados de modo diferente pertencem a categorias
profissionais distintas, ainda que exerçam a mesma atividade e atuem no mesmo
local de trabalho (GALVÃO et al., 2017; DIEESE, 2017)

3. METODOLOGIA

Esta pesquisa foi realizada pelo método qualitativa. Pesquisada através de Internet,
em sites confiáveis e escritas de forma discursiva.

TABELA 1 - TAXA DE DESEMPREGO


Ocupados Desocupados

8,6000

13,0000

13,7000

98,9000
91,4000 86,1000

2017 2020 2023


Fonte: Disponível em: IBGE
A análise das taxas de ocupação e desemprego é fundamental para compreender a
dinâmica econômica de uma sociedade. Os dados de 2017, 2020 e 2023
apresentam informações valiosas sobre o mercado de trabalho em um período de
seis anos. Vale destacar que essas estatísticas não incluem pessoas que não estão
na idade de trabalhar, ressaltando a importância de se concentrar na população em
idade economicamente ativa.

Em 2017, a taxa de ocupação era de 91.4000, o que significa que uma grande
parcela da população em idade estava ativa. Entretanto, também havia 13.0000
desempregados, mostrando que o desemprego era uma preocupação significativa
naquele ano.

A situação mudou consideravelmente em 2020. Nesse ano, o mundo foi atingido


pela pandemia de COVID-19, que desencadeou uma série de impactos econômicos.
A taxa de ocupação caiu para 86.1000, refletindo a perda de empregos em muitos
setores, à medida que as empresas enfrentam desafios sem precedentes.
Paralelamente, o número de desempregados aumentou para 13.7000, diminuindo
que a pandemia causou uma instabilidade crescente no mercado de trabalho. Esse
aumento nos desempregados é uma consequência direta das medidas de
isolamento social e restrições comerciais impostas para conter a propagação do
vírus.

No entanto, em 2023, observamos uma recuperação notável. A taxa de ocupação


subiu para 98,9000, demonstrando uma recuperação robusta e a resiliência da
economia. O número de desempregados também diminuiu para 8.6000, sinalizando
uma melhoria no mercado de trabalho. Essa recuperação pode ser atribuída a uma
série de fatores, incluindo a retomada das atividades econômicas à medida que a
pandemia foi controlada, bem como os esforços para reativar a economia.
Em resumo, os dados revelam uma complexa interação entre eventos econômicos,
como a pandemia de COVID-19, e as taxas de ocupação e emprego. Eles enfatizam
a importância de monitorar essas estatísticas para entender as tendências do
mercado de trabalho e tomar medidas adequadas para enfrentar desafios
econômicos, como os causados por crises de saúde pública.

A análise das taxas de ocupação e desemprego nos anos de 2017, 2020 e 2023
destaca a importância de monitorar de perto o mercado de trabalho e adaptar as
políticas econômicas e trabalhistas de acordo com a economia. O impacto da
pandemia de COVID-19 em 2020, com uma queda na taxa de ocupação e um
aumento no desemprego, foi um lembrete contundente de quão vulnerável o
mercado de trabalho pode ser diante de crises inesperadas.

Essa experiência recente ressalta a necessidade de flexibilidade nas políticas


trabalhistas. À medida que a economia se recupera e se adapta a novos desafios, é
importante considerar como as reformas trabalhistas podem desempenhar um papel
crucial na promoção do emprego e na estabilidade econômica. Novas abordagens,
como a reforma trabalhista, podem ser essenciais para equilibrar a proteção dos
direitos dos trabalhadores com a necessidade de incentivo ao crescimento
econômico e à criação de empregos.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A reforma trabalhista pode ser um instrumento valioso para ajudar a flexibilizar o


mercado de trabalho, simplificar regulamentações e promover a contratação,
especialmente em momentos de recuperação econômica. No entanto, é
fundamental garantir que essas reformas não comprometam os direitos
fundamentais dos trabalhadores, como estratégias justas, condições de trabalho
seguras e proteções contra a exploração.

É importante observar que a nova reforma trabalhista pode introduzir novas formas
de contratação que se tornem cruciais em um cenário de recuperação econômica e
de mudanças nas dinâmicas do mercado de trabalho. Contratos de trabalho
intermitentes, temporários e por projeto podem oferecer maior flexibilidade tanto
para os trabalhadores quanto para os trabalhadores. Isso pode ajudar a atender às
demandas sazonais ou flutuações na produção, permitindo que as empresas
contratem recursos adicionais quando necessário, sem os encargos financeiros de
contratos de tempo integral. No entanto, é fundamental garantir que essas novas
formas de contratação não sejam usadas de maneira abusiva para contornar os
direitos dos trabalhadores ou criar uma força de trabalho instável e precarizada. É
necessário encontrar um equilíbrio entre a flexibilidade necessária para a economia
e a proteção dos direitos dos trabalhadores, garantindo que as novas formas de
contratação sejam benéficas para ambas as partes e contribuam para a redução das
taxas de desemprego, como vimos na análise dos dados de 2017 , 2020 e 2023.
5. REFERÊNCIAS

CAMPOS, A. et al. Instituições trabalhistas e produtividade do trabalho: uma análise do


caso brasileiro. [s.l.]: [s.n.], 2017. Mimeo.

DIEESE. (2017). A reforma trabalhista e os impactos para as relações de trabalho no


Brasil.
Nota Técnica n. 178, maio 2017.

Krein, J. D. (2018). O desmonte dos direitos, as novas configurações do trabalho e o


esvaziamento da ação coletiva: consequências da reforma trabalhista. Tempo Social,
30(1),77–104.

Krein, J. D. (2013b). As formas de contratação: flexibilidade. In J. D. Krein, J. C.


Cardoso Jr., M. Biavaschi, & M. Teixeira (Orgs.), Regulação do trabalho e instituições
públicas (vol. 1, pp.167-186). São Paulo: Editora Fundação Perseu bramo.

Silva, Cássia Cristina Moretto da Silva. (2012). A proteção ao trabalho na constituição


federal de1988 e a adoção do permissivo flexibilizante da legislação trabalhista no
Brasil. Revista da Academia Brasileira de Direito Constitucional, 4(7), Jul/dez., p. 274-
301.

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