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GESTÃO DE

ARMAZENAMENTO,
ESTOQUE E
DISTRIBUIÇÃO

Joaquim Jose
Rodrigues da Fonseca
Escolha, manutenção
e substituição de
equipamentos de
movimentação
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Definir os equipamentos e as máquinas de movimentação na logística.


 Identificar a depreciação de máquinas e equipamentos.
 Reconhecer as regras de uso de equipamentos conforme as NR-12.

Introdução
A movimentação de cargas acontece por todo o arranjo físico da em-
presa, seja na fábrica, no armazém ou em áreas externas. Nesses locais se
encontram e interagem equipamentos, materiais, operários e instalações,
que servirão de base para toda a movimentação logística.
Neste capítulo, você vai identificar os equipamentos e as máquinas
que estão envolvidos na movimentação de curtas e médias distâncias.
Você vai entender de que forma a escolha, a manutenção e a substituição
adequada da força mecânica pode influenciar no alcance dos objetivos
estratégicos da empresa, já que a busca por efetividade a longo prazo
envolve a escolha das melhores formas de se manter competitivo. Você
vai também identificar como a operação de movimentação de cargas
pode alcançar a efetividade operacional, que é a habilidade de obtermos
performances superiores às de nossos concorrentes.
2 Escolha, manutenção e substituição de equipamentos de movimentação

Equipamentos e máquinas
de movimentação logística
Já sabemos que carga é toda a mercadoria protegida, embalada ou alocada
em compartimento apropriado, visando a facilitar o transporte. Mas será que
sabemos qual a melhor forma de movimentar essa carga desde o momento
em que a recebemos até o instante em que ela será transportada? Antes de
nos atermos à questão da movimentação propriamente dita, é preciso planejar
essa operação. As vantagens de um bom planejamento incluem a redução de
custos, a garantia de segurança, a ergonomia, o aumento de produtividade,
entre outras. Na Figura 1 são apresentadas as etapas que antecedem e procedem
a movimentação.

Figura 1. Etapas antes e depois da movimentação.

Após o conhecimento das etapas de movimentação, é hora de conhecermos


alguns dos equipamentos mais usados nas operações de movimentação. O
Quadro 1 apresenta a classificação que subdivide os equipamentos em quatro
categorias, apresentadas na sequência.
Escolha, manutenção e substituição de equipamentos de movimentação 3

Quadro 1. Tipos de equipamentos

Tipos de equipamentos

Veículos Veículos Veículos Veículos


industriais industriais industriais industriais

 carrinho  elevadores de  rampas;  caixas;


plataforma; carga;  transportadores  contêineres;
 empilhadeira;  transelevadores; de rolos,  paletes;
 empilhadeira  monta-carga; roletes;  gaiola/
top loader;  talhas;  transportadores caçamba;
 rebocadores;  pontes-rolantes; de correia/  bombonas,
 paleteiras,  guindaste; esteiras etc.
etc.  grua; rolantes;
 reach stackers;  transportadores
 transtainers; de rosca
portainer, etc. sem fim e de
caneca, etc.

 Veículos industriais: podem ser manuais ou motorizados. Necessitam


de piso e espaço apropriado para a realização de uma operação perfeita
e servem para transportar os itens dentro de um espaço delimitado.
 Equipamentos para elevação e transferência: são equipamentos
mecânicos destinados à elevação e movimentação de cargas diversas
de um ponto a outro. A principal característica é movimentar materiais
pesados, volumosos e disformes, em curtas distâncias.
 Transportadores contínuos: são equipamentos mecânicos ou que
trabalham pela ação da gravidade e movimentam, por um percurso
fixo e de maneira contínua, cargas uniformes.
 Embalagens, recipientes e unitizadores: são considerados como
auxiliares à movimentação e de uso repetitivo. Alguns autores não
costumam classificá-los como equipamentos propriamente ditos, já que
a principal função é conter e proteger os itens durante os processos de
transporte e armazenagem.
4 Escolha, manutenção e substituição de equipamentos de movimentação

Estima-se que os gastos com a movimentação de materiais representem de 15% a 70%


dos custos totais de um produto manufaturado. Já em relação à qualidade, de 3% a 5%
do material produzido ao ser movimentado sofrerá algum dano que cause prejuízo.

A depreciação de máquinas e equipamentos


Ao escolhermos um tipo de equipamento ou de máquina para apoio em
processos logísticos, é preciso estudar os custos do investimento, da ope-
ração e da manutenção para que seja possível mensurar os custos totais e,
por meio de análises, verificar se eles realmente terão máxima utilização
e flexibilização.
Depreciação é uma palavra muito conhecida no ambiente contábil-finan-
ceiro e consiste em uma diminuição periódica que algumas espécies de bens
sofrem, seja por uso, obsolescência ou desgaste natural. Essa perda geralmente
é taxada anualmente, fixada em relação ao prazo durante o qual se espera
uma utilização econômica (ENCARGOS..., [2018]). A depreciação gera:

 diminuição da produtividade, já que as interrupções operacionais passam


a ser frequentes;
 aumento de custos de manutenção;
 ineficiência e inadequação dos processos, que passam a não mais atender
às necessidades dos clientes.

A Receita Federal do Brasil é o órgão indicado na hora de se obter


informações sobre as taxas de depreciação de ativos. Na Tabela 1 podemos
observar um demonstrativo reduzido da tabela de depreciação, retirado do
Anexo III da Instrução Normativa RFB nº. 1700, de 14 de março de 2017.
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Tabela 1. Demonstrativo reduzido da tabela anual de depreciação disponibilizada na RFB


nº. 1.700/2007

Prazo de vida Taxa anual de


Bens
útil (anos) depreciação

Instalações 10 10%

Edificações 25 4%

Artigos de transporte ou de
embalagem, de plásticos:
 caixas, caixotes, engradados e artigos
semelhantes; 5 20%
 garrafões, garrafas, frascos e artigos
semelhantes;
 outros vasilhames.

Obras de couro:
 correias transportadoras ou correias 2
50%
de transmissão.

Obras de madeira:
 caixotes, caixas, engradados, barricas
e embalagens semelhantes, de
madeira; carretéis para cabos, de
5 20%
madeira; paletes simples, paletes-
caixas e outros estrados para carga,
de madeira; taipais de paletes, de
madeira.

Construções, de ferro fundido, ferro


ou aço, exceto as construções pré-
fabricadas da posição 9406: 25 4%
 pontes e elementos de pontes;
 torres e pórticos.

Empilhadeiras; outros veículos para


movimentação de carga e semelhantes, 10 10%
equipados com dispositivos de elevação.

Fonte: Adaptada de BRASIL (2017).

Todo equipamento utilizado nas operações logísticas deve ser selecionado


com base no tipo de carga a ser movimentada e levando-se em consideração
o local ou as instalações por onde vai transitar.
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As regras de uso de equipamentos


conforme a NR-12
Antes de darmos início ao estudo da NR-12, precisamos compreender o que
é uma NR. Essa é a sigla representativa de Normas Regulamentadoras, uti-
lizadas para regimentar e orientar no tocante aos procedimentos obrigatórios
relacionados à segurança e à medicina do trabalho. As NRs são citadas no
Capítulo V — Da Segurança e da Medicina do Trabalho, do Título II — Das
Normas Gerais de Tutela do Trabalho, da Consolidação das Leis do Trabalho
(Decreto-Lei nº. 5.452, de 1º de maio de 1943). São de cumprimento obriga-
tório a todas as empresas brasileiras, privadas e públicas, regidas pela CLT, e
periodicamente são revisadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
A NR-12, estabelecida pela Portaria MTb nº. 3.214, de 08 de junho de
1978 (BRASIL, 1978), e constantemente atualizada, trata especificamente
sobre máquinas e equipamentos e seu objetivo principal é diminuir o número
de acidentes envolvendo esses utilitários, exigindo das empresas medidas
de proteção para os profissionais que fazem uso dos mesmos durante a exe-
cução de seu trabalho. Seu alcance chega às etapas de projeto, fabricação,
importação, comercialização e utilização de vários tipos de equipamentos
e máquinas.
Um conceito muito trabalhado na NR-12 é o da falha segura, também
chamada intertravamento, que se configura da seguinte forma: no caso de
haver uma falha de qualquer natureza durante a operação do maquinário, esta
será reduzida a um nível de segurança tolerável, que não traga riscos elevados
aos profissionais. Ou seja, são sistemas que identificam uma não conformidade
e respondem com uma ação preventiva.
A NR-12 (BRASIL, 2010) apresenta doze anexos, que são normativos e
informativos, e mais o texto principal. São eles:

 Anexo I – Distâncias de Segurança e Requisitos para o Uso de


Detectores de Presença Optoeletrônicos: abrange todas as espé-
cies de máquinas e equipamentos que apresentam riscos quando
acessadas as zonas perigosas, seja por parte do corpo ou por ele
inteiro. Define também como deve ser preparado um sistema de
detecção de presença.
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 Anexo II – Conteúdo Programático da Capacitação: explica como


um profissional deve ser treinado (teoria e prática) para ter contato com
uma determinada máquina ou equipamento.
 Anexo III – Meios de Acesso Permanentes: nesse anexo são apresen-
tados os tipos de escadas e rampas, além do guarda-corpo.
 Anexo IV – Glossário: é um dicionário de termos e nomes técnicos
utilizados pela norma; inclui algumas figuras.
 Anexo V – Motosserras: trata sobre a operação de motosserras, apre-
sentando dispositivos e atitudes de segurança.
 Anexo VI – Máquinas para Panificação e Confeitaria: apresenta
especificações de segurança para todas as máquinas usadas em con-
feitarias e panificadoras.
 Anexo VII – Máquinas para Açougue e Mercearia: traz considerações
sobre máquinas para açougue e mercearia.
 Anexo VIII – Prensas e Similares: são aquelas máquinas usadas
na conformação e no corte de vários materiais, por meio de pressão,
contínua ou intermitente, de martelo ou punção.
 Anexo IX – Injetoras de Materiais Plásticos: fala sobre o maquinário
que faz a conformação de plástico quente por meio da injeção do material
em um molde resfriado.
 Anexo X – Máquinas para Fabricação de Calçados e Afins: traz
vários desenhos que mostram os sistemas de proteção que se fazem
necessários nas máquinas.
 Anexo XI – Máquinas e Implementos para Uso Agrícola e Florestal:
trata dos equipamentos usados na agroindústria, em especial tratores
e similares.
 Anexo XII – Equipamentos de Guindar para Elevação de Pessoas
e Realização de Trabalho em Altura: fala sobre as plataformas
elevatórias.
8 Escolha, manutenção e substituição de equipamentos de movimentação

Para aprofundar seus conhecimentos, acesse os links a seguir:

No link abaixo é possível assistir ao vídeo do armazém automatizado utilizado pela


Força Aérea Brasileira que utiliza a estrutura miniload, para ver como a tecnologia
otimiza os processos.
https://goo.gl/7MhMhX

Site interessante com artigos técnicos sobre logística e cadeia de suprimentos.


Acesse o link abaixo e dedique um tempo para ler sobre o que os profissionais da
área estão pensando.
https://goo.gl/4JHHbs

No link abaixo, você verá o vídeo da operação realizada pelos robôs Kiva, que estão
revolucionando o cenário da armazenagem e movimentação pelo mundo.
https://goo.gl/JJdGhT

Site referência quando o assunto é logística. Além de incrível e atual, traz informações
de suma importância para novatos e profissionais experientes da área.
https://goo.gl/aHE8YM

Norma da Receita Federal Brasileira sobre depreciação.


https://goo.gl/QxJTBo

A polêmica sobre a NR-12


Os empresários afirmam que a NR-12 trará perda de produtividade em razão do
alto número de checagens e sistemas de segurança que devem ser acionados antes
e durante os processos. Porém, a vertente em favor da norma argumenta que um
trabalho mais seguro gera profissionais mais produtivos, enquanto que as perdas, tanto
materiais quanto humanas, causadas por acidentes e incidentes, acontecem em níveis
bem mais elevados do que uma eventual diminuição da produtividade ocasionada
pela atualização da NR-12. Sendo assim, existe sim a necessidade de se padronizar a
segurança em atividades que envolvam máquinas e equipamentos.
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BRASIL. Ministério do Trabalho. NR-12: segurança no trabalho em máquinas e equi-


pamentos. 2010. Disponível em: <http://www.trabalho.gov.br/images/Documentos/
SST/NR/NR12/NR-12.pdf>. Acesso em: 11 jun. 2018.
BRASIL. Ministério do Trabalho. Portaria nº. 3.214, de 08 de junho de 1978. Aprova as
Normas Regulamentadoras - NR - do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do
Trabalho, relativas a Segurança e Medicina do Trabalho. Disponível em: <http://www.
ctpconsultoria.com.br/pdf/Portaria-3214-de-08-06-1978.pdf>. Acesso em: 11 jun. 2018.
BRASIL. Receita Federal. Instrução Normativa RFB nº. 1700, de 14 de março de 2017. Dispõe
sobre a determinação e o pagamento do imposto sobre a renda e da contribuição
social sobre o lucro líquido das pessoas jurídicas e disciplina o tratamento tributário
da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins no que se refere às alterações intro-
duzidas pela lei nº 12.973, de 13 de maio de 2014. Disponível em: <http://normas.
receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action? idAto=81268&visao=anotado>.
Acesso em: 11 jun. 2018.
ENCARGOS de depreciação. [2018]. Disponível em: <http://www.portaldecontabili-
dade.com.br/guia/depreciacao.htm>. Acesso em: 11 jun. 2018
NR-12 - segurança no trabalho em máquinas e equipamento: o que é a NR 12? Dis-
ponível em: <https://areasst.com/nr-12-seguranca-no-trabalho-em-maquinas-e-
-equipamentos/>. Acesso em: 11 jun. 2018.

Leituras recomendadas
BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos/logística empresarial. 5. ed.
Porto Alegre: Bookman, 2005.
CAXITO, F. Logística: um enfoque prático. São Paulo: Saraiva, 2011.
PAOLESCHI, B. Logística industrial integrada: do planejamento, produção, custo e
qualidade à satisfação do cliente. São Paulo: Érica, 2011.
TAXA de depreciação de máquinas e equipamentos. Você calcula? Disponível em:
<https://muitomaisdigital.com.br/taxa-de-depreciacao-de-maquinas-e-equipamen-
tos-voce-calcula-confira-dicas/>. Acesso em: 11 jun. 2018.

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