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Logística

Armazenagem

As condições de armazenagem não devem abreviar a vida útil do material estocado.


As condições de higiene, limpeza e disciplina de armazenagem são indissociáveis.

Os materiais inflamáveis, os nocivos à saúde, os de alto valor unitário, os que


requerem ambiente controlado, todos devem ser armazenados adequadamente, para
que não se tenha a perda antes da utilização.

Estima-se que no sudeste brasileiro, 2,7% dos sobressalentes estragam-se no


almoxarifado.

Um cuidado de extrema importância é quando à hora do suprimento, pois um estoque


deficiente fatalmente leva à canibalização dos componentes.

Canibalização é a retirada de peças integrantes de conjuntos para atender a outros


que apresentam falhas. Esta atitude, a médio prazo, elevará extremamente o custo da
manutenção.

Indicações para armazenagem

A seguir será apresentada uma pequena lista de procedimentos corretos de estocagem


dos materiais que mais se estragam nos almoxarifados e postos de manutenção.

Diodos e transistores
Devem ser guardados com as pontas curto-circuitadas para que a eventual ionização
do ar em volta não cause estragos internos.

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Correias de borracha
Devem permanecer deitadas e com temperatura controlada entre 20 e 24ºC.

O procedimento comum de pendurá-las ocasiona microfissuras na camada externa,


reduzindo sua vida útil.

Motores de reserva
Devem ser guardados em temperatura ambiente de 40ºC ou em ambiente de
baixíssima unidade para evitar a condensação de água em seu interior nas primeiras
horas de funcionamento.

Outro cuidado importante é o de girar seus eixos (com a mão) a cada 30 ou 45 dias
para evitar danos aos rolamentos.

Rolamentos
Devem permanecer deitados a fim de evitar a corrosão eletrônica, que haverá assim
que seu peso consiga romper o filme lubrificante entre o corpo rolante e a capa, caso
sejam mantidos em pé.

Especificação

Elaborar a especificação para adquirir sobressalentes e materiais para manutenção é


sempre um trabalho demorado e criterioso. Pode ser necessário desmontar o
equipamento para levantar croquis ou, então, no caso de material crítico é preciso
definir quando fazer a especificação.

As regras gerais para especificação de materiais para manutenção são:


 Detalhar todos os dados necessários à identificação técnica e física.
 Usar a denominação normalizada ou, em sua falta, usar a denominação
empregada pela maioria dos fabricantes. O ideal é formar um manual sobre
denominações por especialidade envolvida na manutenção.
 Evitar a colocação da marca ou nome do fabricante sempre que o material for
normalizado e possuir vários fornecedores de mesma qualidade.
 Os itens de materiais normalizados tais como parafusos, arruelas, anéis elásticos,
pinos, etc. não devem ser adquiridos diretamente do fabricante do equipamento
principalmente se isso significar importação.

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 Usar nomenclatura de unidade padronizada, ou seja, peça, conjunto, jogo, rolo,


metro, quilo, litro, metro quadrado, etc.
 Identificar a possibilidade de material similar; o ideal é formar um manual de
equivalências.
 Se for possível, listar os nomes dos fornecedores.

Codificação

Um sistema de codificação bem escolhido deve indicar a finalidade do material


(equipamento no qual será usado) e ser o mais simples possível.

Uma estrutura de codificação usual e bastante eficiente é a seguinte:


 AA.BB.CCCCCC - D
 AA - classe
 BB - subclasse
 CCCCCC - número seqüencial
 D - dígito de controle

Essa estrutura atende aos três tipos de materiais existentes no almoxarifado, a saber:
 Matéria-prima
 Material de consumo
 Sobressalentes de manutenção

Classe e subclasse
Para os dois primeiros tipos de materiais, a classe será estabelecida conforme sua
natureza. A subclasse será definida pela especificação genérica do material.

Exemplos
12.20.CCCCCC - D
12.32.CCCCCC - D

Onde:
12 - Classe dos materiais ferrosos
20 - Subclasse do aço ABNT 1010
32 - Subclasse do aço-prata

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Exemplos
07.20.CCCCCC - D
07.40.CCCCCC - D

Onde:
07 - Classe de lubrificantes e acessórios para lubrificação
20 - Subclasse dos óleos hidráulicos
40 - Subclasse dos filtros

No caso dos sobressalentes, a classe é definida conforme o equipamento no qual será


usado. A primeira classe dos sobressalentes deve ser reservada aos componentes
normalizados que têm uso em mais de um tipo de equipamento.

Exemplos
50.15.CCCCCC - D
54.10.CCCCCC - D
54.13.CCCCCC - D

Onde:
50 - Classe dos sobressalentes de uso geral
15 - Subclasse dos anéis elásticos
54 - Classe dos tornos automáticos
10 - Subclasse dos retentores
13 - Subclasse dos rolamentos de esferas

Número seqüencial
Esse número pode ir de 000001 a 999999 independentemente de classe e subclasse
e, na prática, passa a ser o número de identificação do material, pois a classe e a
subclasse são muito importantes como dados cadastrais e uso em relatórios e estudos
estatísticos.

Costumeiramente, o número seqüencial é devido em faixas conforme a área de


utilização.

Exemplos
De 010 000 a 049 999 - mecânica
De 050 000 a 099 999 - elétrica
De 200 000 a 299 999 - limpeza, segurança e higiene

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Dígito de controle
Usado nos sistemas computadorizados, é fornecido pelo próprio programa de
estocagem do computador, quando se estabelece o código pela primeira vez.

Sua finalidade é tornar confiável a informação enviada ao computador, evitando


eventuais erros de duplicidade de informações.

Fluxo de informações

Um fluxo de informações rápido e confiável é de extrema importância para a


administração de materiais da manutenção.

O departamento de materiais deve elaborar, diariamente, um relatório de itens


requisitados e não atendidos devido a estar o estoque a zero. A partir desse relatório
devem ser analisadas as possibilidades de atendimento entre manutenção, materiais e
compras e a seguir, tomar as providências.

Deverá haver um recurso de compras por emergência para os casos críticos.

Mensalmente, serão feitas reuniões entre as gerências de manutenção, materiais e


compras com objetivo de avaliar a administração de materiais de manutenção.

Sem um bom entrosamento, problemas como quantidades insuficientes ou excessivas


se acumularão, tornando a administração ineficaz.

Deve existir um setor de aprovisionamento central de manutenção que seja o ponto de


convergência das informações, isto é, um setor que compatibilize a linguagem das
áreas de manutenção com a linguagem de compras e com a linguagem de gestão de
materiais.

O aprovisionamento central será, perante as áreas de manutenção, o responsável pela


falta de qualquer material e o encarregado de suprir essa falta.

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Sistema de estocagem

Um sistema de estocagem para manutenção precisa levar em conta as diferenças de


aplicação dos vários itens de materiais, para que o custo da manutenção não seja
mascarado por fatores sem freqüência constante, tais como adaptações e instalações.

O modo adequado para estocar materiais é separá-los em cinco faixas: aplicação


direta, temporária, transitória, normal e prioritária.

Aplicação direta
Materiais que, mesmo constando da lista do almoxarifado, não passam por ele.

São materiais usados em instalações de novos equipamentos, reformas, modificações,


adaptações, etc.; são de compra direta e exclusiva ao fim a que se destinam.

Aplicação temporária
Materiais que, sendo item de estoque ou não, ficam empenhados numa ordem de
serviço por algum tempo.

É o caso de materiais usados em reformas, instalações ou projetos que precisam ficar


estocados até que se complete o lote de compra ou se tenha a disponibilidade de mão-
de-obra para a execução do serviço.

Estocagem transitória
É o caso de materiais que serão substituídos por outros mais modernos ou eficientes.

Esses materiais terão utilização até esgotar o estoque. E após um período (um ano por
exemplo), os ainda restantes serão postos a venda ou sucatados.

Não deve ser permitido o uso do material substituto antes que as condições de
estoque zero ou prazo sejam satisfeitas.

Aplicação normal
É o caso de materiais de uso comum, com rotatividade normal considerados os
padrões da empresa.

Aplicação prioritária
Trata-se, nesse caso, dos sobressalentes críticos.

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Compra de sobressalentes

A compra de sobressalentes precisa ter em conta a quantidade e o custo do material.


Comprar sobressalentes de baixo custo sem considerar a qualidade, aumenta os
estoques, aumenta o volume de compras, diminui a confiabilidade no equipamento e
reduz a qualidade do produto final.

O menor custo de um sobressalente é obtido através do índice do custo de utilização


(I). Esse índice é dado pela fórmula:

I=

Onde:
C - custo da compra
A - custo administrativo da compra, formado por papéis, hora-comprador, etc.
E - custo administrativo do estoque, formado por hora-almoxarife, requisições, etc.
S - custo da substituição
V - tempo de vida útil

Quanto menor o índice do custo de utilização (I), melhor a compra.

Observação
Para calcular o custo de substituição de um sobressalente, considera-se o maior
período de vida útil oferecido pelos fornecedores, ou seja, entre várias alternativas de
vida útil oferecidas pelo mercado, custeia-se a substituição pela maior; o custo dos
outros sobressalentes de vida útil menor, será calculado proporcionalmente.

Assim, se um componente com 120 dias de vida útil tem um custo de substituição de
$8,00, outro componente com 60 dias de vida útil custará $16,00.

Exemplo
 Custo de utilização
Considerando um sobressalente com cinco fornecedores (F1, F2,...) e as condições
expostas no quadro abaixo, qual seu custo de utilização?

C A E
Fornecedores V (dias)
$

F 180 800,00 10,00 14,00

F2 120 600,00 10,00 15,00

F3 240 1.000,00 10,00 10,00

F4 150 700,00 10,00 13,00

F5 200 950,00 10,00 12,00

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O primeiro passo é calcular o custo de substituição (S). Para isso busca-se esse custo
junto à gerência de manutenção e multiplica-se pelo tempo necessário ao serviço.

No exemplo, o tempo é de 30 minutos e o custo hora da manutenção é de $40,00.


Portanto, S = $20,00.

Esse é o valor de S a ser considerado para F3, que é o maior tempo de vida útil
oferecido.

Para os demais fornecedores, o valor é proporcionalmente mais caro, pois são


trocados com maior freqüência.

Assim:
S para F1 = S1 = . $20,00

S = $26,66

S para F2 = S2 = . $20,00

S = $40,00

S para F4 = S4 = . $20,00

S4 = $32,00

S para F5 = S5 = . $20,00

S5 = $ 24,00

Com os valores de S pode-se calcular , usando a fórmula.

I para F1

I1 =

I1 = 4,72

Para os demais, o procedimento é o mesmo e os resultados são os seguintes:


I2 = 5,54
I3 = 4,33
I4 = 5,03
I5 = 4,98

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Portanto, a melhor compra será feita junto ao fornecedor 3, mesmo tendo o maior
preço.

Quantidade de sobressalentes

Estabelecer a quantidade inicial de sobressalentes é bastante difícil devido à incerteza


do consumo.

Para minimizar o problema e dar uma orientação segura, existe uma tabela, construída
com dados práticos e tendo por referência a quantidade de peças instaladas.

Esse tipo de tabela deve ser usada até que o histórico do consumo exija atualização.

Quantidade inicial de sobressalentes


Peças instaladas Estoque de emergência Estoque mínimo Estoque máximo
2 1 1 2
3 1 2 3
4 2 4 6
5 2 5 9
8 3 7 12
10 3 7 13
15 3 8 15
20 4 8 18
25 4 8 18
30 4 10 20
35 5 10 20
40 5 10 22
45 6 12 22
50 6 12 23
70 7 14 27
100 9 16 32
200 10 20 39
300 11 22 43
500 14 25 50
800 16 35 70
1 000 20 40 80

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