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Logística

Inventário de materiais

Esse capítulo tem como objetivo apresentar conceitos de inventário de materiais, ou


seja, informar sobre gestão de materiais para manutenção, sistemas de administração
de estoques análise e compra de sobressalentes.

Inventário de materiais

É constituída pelas funções de controlar estoques e produção, e comprar, armazenar,


receber e expedir materiais, etc.

Sendo assim, é uma atividade fundamental para toda a organização que produz bens
ou serviços.

Habitualmente as empresas dividem os materiais em dois tipos: produtivos e


improdutivos.

Materiais produtivos
São materiais que constituirão o produto a ser fabricado, ou seja, a matéria-prima.

Esses materiais oneram os estoques e necessitam de um planejamento que evite o


seu recebimento antecipado ou o estoque zero.

O recebimento antecipado aumenta os custos da manutenção do estoque e o


recebimento atrasado gera a parada da produção.

Materiais improdutivos
São os materiais usados na fábrica de modo geral - os de consumo indireto na
produção e os materiais de manutenção.

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Os materiais de manutenção devem ter um almoxarifado exclusivo, pois possuem as


seguintes características:
 Grande quantidade de materiais, podendo chegar até 15 000 itens;
 Pouca quantidade de material, por item;
 Baixa rotatividade;
 Muitos materiais necessitam de cuidados especiais;
 Custo do estoque da manutenção representa 20 a 25% do custo do estoque geral
da empresa.

Administração de estoques para manutenção


A administração de estoque para manutenção baseia-se no inter-relacionamento de
vários métodos usados na produção e em métodos próprios, a saber:
 Classificação ABC
 Estoque mínimo
 Estoque médio
 Estoque máximo
 Sistema duas gavetas
 Sobressalente crítico
 Interferência na produção

Classificação ABC

Com o objetivo de reduzir os investimentos em estoques, controlá-los seletivamente e


diminuir os riscos de falta de material foi desenvolvida a classificação ABC, também
chamada curva ABC de materiais.

O método consiste na separação em três grupos de todos os produtos em estoque,


segundo seu valor de uso, dando a cada grupo um tratamento diferenciado.

O valor de uso é o produto do custo unitário do material pela sua média de consumo.

Inventariando um estoque de materiais para manutenção encontra-se a distribuição da


tabela abaixo.

Classe Itens de estoque Valor de uso


A 5% 80%
B 10% 12%
C 85% 8%

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É possível notar pela tabela que há pequena quantidade de materiais na classe A, o


que torna econômico manter um controle cuidadoso sobre esses materiais e
possibilita, ainda, operar com reduzidos estoques de segurança, devido ao alto custo
de proteção.

Os materiais de baixo valor de uso, classe C, podem operar com altos estoques de
segurança e controles simples.

Há, ainda, a classe B que deve operar com médio estoque de segurança e médio
controle.

Os dados da tabela a seguir se colocados num gráfico cartesiano apresentarão o


aspecto do gráfico abaixo.

A distribuição mostrada é ideal, ficando na prática dentro de faixas como na tabela


abaixo.

Classes
Eixo
A B C

Valor de uso (ordenadas) 70 a 80% 10 a 20% 5 a 10%


número de itens de estoque (abscissas) 5 a 10% 10 a 20% 70 a 85%

Estoque de segurança
É um estoque feito propositadamente em demasia para que possa atuar como
proteção contra previsões inexatas e outras eventualidades.

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Ele é indispensável quando se deseja que a manutenção mantenha seu fluxo contínuo
e atenda rapidamente as necessidades da produção.

O estoque de segurança depende da curva de consumo obtida por meio de histórico


ou, na sua falta, de estimativas de consumo. Pode-se calculá-lo pela fórmula.

Es = C . Fa

Onde:
Es - Estoque de segurança
C - Consumo médio (mensal, anual, etc.)
Fa - Fator arbitrário, expresso na mesma unidade de tempo usada em C

O fator arbitrário (Fa) depende do tempo que se deseja garantir o estoque.

Os materiais que devem ter estoque de segurança são os materiais da curva ABC cuja
falta interfira diretamente no processo produtivo.

Estoque máximo
Administrar materiais pelo sistema de estoque máximo é ter um risco apenas acidental
de atingir o estoque zero.

É colocar o estoque em situação tal que, quando a quantidade de materiais atingir o


estoque de segurança, um novo suprimento aconteça. Veja a seguir os principais
pontos e fórmulas que compõem o gráfico do estoque máximo.

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Limite de renovação (L)


É o ponto que indica o momento de ser processado um novo pedido.

L = C . T + Es

Onde:
C - Consumo médio
T - Prazo de entrega do fornecedor
Es - Estoque de segurança

Quantidade a pedir na renovação (Q1)


É a quantidade a pedir quando o estoque for igual a L.

Q1 = C . T

Quantidade no primeiro pedido (Q )


É a quantidade para iniciar o estoque.

Q0 = C . T + 2Es

Exemplo
Uma empresa deseja manter um estoque máximo durante dois meses de um produto
para atender os serviços de manutenção. O consumo mensal é de 50 peças e o prazo
de entrega do fornecedor é de seis meses.

Calcular:
Es, L, Q e Q

Solução:
Es = C . Fa
Es = 50 . 2 = 100 peças
L = C . T + Es
L = 50 . 6 + 100 = 400 peças
Q = C . T + 2Es
Q = 50 . 6 + 200 = 500 peças
Q1 = C . T
Q1 = 300 peças

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O gráfico abaixo mostra como fica a situação do estoque do produto no período de 14


meses quando é mantido o estoque de segurança.

Note que o pedido inicial do produto é maior que todos os outros pedidos pois é
preciso um tempo de adaptação dos setores envolvidos.

Caso se verifique necessidade administrativa pode-se fazer:

Q1 = C . (T = t)

Onde:
t - É um tempo necessário para que um novo pedido seja aprovado e chegue até o
fornecedor.
t - Pode ser também um prazo que complementa o intervalo entre dois pedidos feitos
pelo lote econômico.

Neste caso também Q assumirá a forma:

Q0 = C. ( T + t ) + 2Es

Os materiais que devem ser administrados pelo estoque máximo são os da chuva ABC
que possuam substitutos temporários e interfiram diferentemente na produção, como
rolamentos especiais, válvulas, etc.

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Estoque mínimo
Administrar materiais pelo estoque mínimo é admitir um risco de 15% do estoque
chegar a zero. Este sistema trabalha com a previsão de um novo suprimento ocorrer
quando a última peça for usada.

Assim, as fórmulas ficam reduzidas a:


L=C.T
Q0 = Q1 = C ( T + t )

Os materiais de manutenção que devem ser administrados pelo estoque mínimo são
os materiais classe A e B que não interfiram diretamente na produção e, ainda possam
ser substituídos temporariamente, como o caso de estopa e lâmpadas comuns.

Estoque médio
Administrar materiais pelo estoque médio significa admitir um risco de 3% do estoque
chegar a zero.

Este sistema trabalha com a previsão do novo suprimento ocorrer quando o estoque
de segurança atingir 50% do seu número de produtos

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Os principais pontos e fórmulas que compõem o gráfico do estoque médio são:

Es = C . Fa

L=C.T+

Q0 = C . (T + t) + Es

Q1 = C (T + t)

Os materiais de manutenção que devem ser administrados pelo sistema do estoque


médio são todos da curva ABC que interfiram parcialmente na produção e possam ser
substituídos temporariamente, como é o caso de fusíveis.

Sistema duas gavetas

É um sistema muito usado nos almoxarifados e nos postos de manutenção. É aplicado


para todos os materiais classe C que não interfiram na produção, como é o caso de
parafusos, porcas, arruelas, rebites, eletrodos comuns, papelão para junta, colas, etc.

Funciona com um lote em uso e outro estocado. Quando esgota-se o primeiro, o


segundo entra em utilização. Novo pedido então é feito pelo almoxarifado central ou
compra direta.

Para estes materiais não são feitos inventários e seu custo é diluído no custo da
manutenção.

Sobressalente crítico

É um elemento de grande interferência na produção, não tem demanda normal


prevista e, geralmente, depois de encomendado, tem longo prazo de espera para sua
entrega; portanto sua estocagem deve ser prioritária.

Esses materiais devem ser analisados com muito cuidado quando entrarem para
estoque. E, a cada cinco anos, devem sofrer uma nova análise.

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Em outras palavras, é o sobressalente que, estando em falta, causa um lucro cessante


comprometedor.

O sobressalente crítico pode ser classificado em dois níveis.

Nível 1/0
Existe um sobressalente em estoque e, quando ele for utilizado, deve-se comprar ou
fabricar outro.

Nível 2/1
Existem dois sobressalentes em estoque e, quando um for utilizado, deve-se comprar
ou fabricar outro.

Como exemplo de sobressalente crítico tem-se o fuso principal de um torno ou de uma


fresadora. Ele é um componente que deve ser encomendado ao fornecedor ou
fabricado dentro da própria empresa.

Como a probabilidade de falha do fuso é pequena a curto prazo, ele está no nível 1/0.

Interferência na produção XYZ


É um sistema que classifica os materiais da manutenção quanto a sua importância na
aplicação do processo produtivo e sua interferência no processo produtivo.

Interferência X
É classificado nesta categoria o material que não interfere no processo produtivo ou
interfere mas não causa descontinuidade do processo.

Nesse último caso, existe o reserva imediato (estepe ou "stand by") ou existe material
equivalente para substituição sem prejuízo da qualidade do processo, exemplos:
parafuso, pino, bomba de refrigeração com "stand by".

Interferência Y
É classificado nesta categoria o material que se falhar prejudica, em parte, o processo
produtivo, pois reduz a quantidade produzida (em 15% no máximo) porém não impede
a fabricação do produto.

Esse material não possui equivalente para substituição e pode ser mantido pelo
sistema de estoque médio. Exemplo: fusíveis em geral.

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Interferência Z
É classificado nesta categoria o material cuja falha ocasiona parada do processo, ou
seja, sua interferência é direta no processo produtivo, por isso não deve faltar.
Exemplos: correntes, acoplamentos, etc.

Lote econômico

A determinação do nível de estoque ,ais econômico deve-se ao fato de alguns custos


crescerem com o aumento do estoque e outros diminuírem.

Quando se aumenta o tamanho do lote encomendado, tem-se um custo menor por


unidade, porém sobem os custos de estocagem e aumentam os riscos de absoletismo
e deterioração.

A determinação do lote econômico deve ser fruto de uma boa análise feita por
compras, almoxarifado e manutenção.

Observação
O quadro abaixo mostra o inter-relacionamento dos vários sistemas expostos na
administração de estoques para manutenção.

Análise de sobressalentes
Consiste numa análise feita através do sistema de árvore de possibilidades, com o
objetivo de estabelecer se:
 O sobressalente deve ser estocado conforme o quadro geral?
 Existe necessidade de estocar?
 Deve ser recuperado, reposto, ou substituído quando ocorrer a falha?
 É sobressalente crítico?

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Nas páginas seguintes são apresentados os três passos da análise que levam às
respostas e auxiliam na organização do almoxarifado da manutenção.

Passo 1

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Passo 2

22 SENAI-SP - INTRANET
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Passo 3

SENAI-SP - INTRANET 23
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