Conceito De Estoque
Em poucas palavras, estoque é o acúmulo de recursos materiais que visam viabilizar as operações da
empresa. Ou seja, no estoque, são guardados produtos acabados ou matéria prima e insumos para a fabricação
dos produtos de maneira a não afetar o atendimento e a distribuição aos clientes.
“Entende-se por estoque quaisquer quantidades de bens físicos que sejam conservados, de forma
improdutiva, por algum intervalo de tempo; constituem estoques tantos os produtos acabados que aguardam
a venda ou despacho, como matérias-primas e componentes que aguardam utilização na produção”
(MOREIRA, 2008, p. 447).
Pode-se definir ainda estoque como a acumulação armazenada de recursos materiais em um sistema de
transformação. Algumas vezes também é usado para descrever qualquer recurso armazenado.
Em geral, estoque existe para compensar possíveis diferenças entre o oferta e a demanda, isso significa que,
em geral, é impossível que um produto ou serviço seja realizado imediatamente sem que seja necessário o
estoque de algum item.
A existência de stocks deve-se ao facto de não haver um ajuste perfeito entre a procura e a oferta.
Por várias razões e frequentemente, a oferta e a procura diferem, respectivamente, nas quantidades
de stock fornecido e encomendado. Essas razões podem ser explicadas através de quatro factores:
tempo, descontinuidade, incerteza e economia.
O factor tempo está relacionado com o longo processo de produção e distribuição necessário antes
de um produto chegar ao consumidor final.
O factor descontinuidade permite o tratamento de várias operações dependentes (retalho,
distribuição, armazenagem, manufactura e aquisição) de uma forma independente e económica. A
existência de stocks torna desnecessário que se ligue directamente a produção ao consumo ou que
se force o consumo a adaptar-se às necessidades de produção.
O factor incerteza refere-se aos eventos imprevisíveis que interferem nos planos iniciais de uma
organização. Este factor inclui erros nas estimativas da procura; variações nos rendimentos da
produção; avarias nos equipamentos, greves, acções da natureza, atrasos na expedição e mudanças
climatéricas bruscas. Quando há stock disponível, a empresa encontra-se a salvo de casos como estes,
que não foram planeados, nem previstos.
O factor economia permite que uma organização beneficie de alternativas de redução de custos, tais
como a compra/produção de artigos em quantidades económicas. Uma das formas de reduzir os
custos de um modo significantivo é a compra de grandes quantidades, com descontos de quantidade.
Funções dos stocks
Os stocks são parte integrante de um fluxo de materiais, os stocks têm um papel a desempenhar na
gestão da produção. Eliminar ou reduzir stocks sem ter em conta as funções que desempenham pode
causar mais prejuízo que beneficio.
Eis algumas funções dos stocks:
Função serviço (ou função comercial)
o Os stocks asseguraram uma entrega imediata. Resultam de uma diferença entre o prazo de
entrega e o prazo de produção (lead time). Os stocks materializam uma antecipação de uma
encomenda incerta.
Função de regulação da capacidade
o Os stocks servem para compensar desequilíbrios previsíveis entre a carga de trabalho e a
capacidade, por exemplo servem para regular problemas de sazonalidade e picos de trabalho.
Função de circulação
o Os stocks servem para nivelar e sincronizar os fluxos de produção.
A formação de estoque de forma intencional, entre outros, ocorre quando a organização visa obter
vantagem, como a redução de custo de aquisição ou como a redução de custo de transporte, com a
compra de um volume maior de produtos para suprir sua necessidade de matéria-prima. Na produção
de produtos acabados, é possível ocorrer situações em que o lote ótimo de produção gera uma
redução significativa do custo de produção que justifica o custo do estoque.
No caso de estoque ocasionado por ausência de planejamento, não existem desculpas para a área
de logística da organização. É inconcebível admitir a hipótese de tratar da questão de estoque sem
planejamento. Nesse caso, devemos repensar toda a estrutura da equipe de logística e da alta direção
da organização, visando implantar urgentemente o planejamento de estoque e de logística da
organização.
Os estoques em processo de produção (work in progress), ocorrem em indústrias que possuem sua
linha de produção em série, na qual uma célula produz um produto semiacabado que entra na
produção da segunda célula e assim por diante. Esses produtos semiacabados são denominados de
estoques em processo de produção.
O estoque de produtos acabados refere-se ao produto final da produção de uma organização. Nem
sempre o volume produzido está totalmente vendido, gerando, assim, um estoque de produtos
acabados. O estoque de peças de reposição pode ser visto como a necessidade de as organizações
manterem estoque mínimo de peças de reposição para as suas máquinas a fim de se evitar paradas
de produção.
Os Estoques de Segurança (ESs) podem ocorrer para suprimentos ou para produtos acabados. No
suprimento, normalmente, o Estoque de Segurança (ES) é gerado em razão das incertezas do tempo
de entrega dos produtos adquiridos. Essa incerteza pode ser causada por um for necedor que não
seja muito confiável ou por um sistema de transpor te pouco confiável.
Stock corrente (também conhecido como stock cíclico ou do tamanho do lote) é o stock adquirido e
mantido em antecipação às necessidades para que as encomendas possam ser feitas em lotes. O
dimensionamento dos lotes é feito de modo a reduzir os custos de encomenda e de posse, obter
descontos de quantidade ou beneficiar de tarifas de transporte mais baixas. Na generalidade,
o stock corrente de uma organização é constituído pela quantidade média de stock resultante dos
tamanhos dos lotes.
O pavor de toda organização e de toda área de logística é ter estoque obsoleto, ou morto. Esse tipo
de estoque é considerado perdido, em razão de o produto ter sido roubado, deteriorado ou saído de
produção por não conseguir mais colocação no mercado.
Claramente, existem diversos tipos de stocks com o objectivo de servirem variados propósitos. Não
podem ser geridos exactamente da mesma forma, mas devem ser geridos para desempenharem as
suas funções específicas
É importante que o Estoque Mínimo não seja o gatilho para a compra de produtos. Para isso existe outro
conceito conhecido como Ponto de Pedido que será abordado em outro momento
O Estoque Mínimo protege nosso estoque do ponto de ruptura ou de zerar o estoque da mercadoria. Dessa
forma, preparamos o estoque para as necessidades inesperadas dos clientes.
O consumo médio diário é muito simples de ser calculado mas, para isso, você precisa ter o registro das vendas
realizadas pela empresa. Com este registro em mãos basta dividir quantidade de produtos vendidos no último
mês, por exemplo, pela quantidade de dias. Este resultado será o seu consumo médio diário do produto.
Caso o valor seja negativo não tem problema, isso apenas quer dizer que você vende, em média, menos do que
uma unidade do produto por dia.
Isso quer dizer que ao chegar em 60 unidades é o momento de solicitar uma nova compra do fornecedor, e
não deverá ter problemas com a falta de produtos em estoque até que as novas unidades das mercadorias
cheguem na sua empresa.
Além desta quantidade, ainda é possível estabelecer uma margem adicional de segurança, para evitar qualquer
possibilidade de ruptura de estoque, que nada mais é do que a falta de itens. Se essa margem de segurança
for de 15%, a quantidade adicional armazenada será de 9 unidades (60 + 15%).
Um aviso importante sobre o estoque mínimo é que ele deve ser calculado de maneira diferente em datas
comemorativas ou sazonalidades que o seu negócio pode enfrentar. Se feriados como natal, ano novo e
carnaval influenciam, para mais ou para menos, na sua quantidade de vendas, esteja atento antes de repetir
este processo perto dessa época.
Estoque médio é a média contabilizada dos estoques no final de cada período dividido pelo número de período
contabilizado. Esse período pode ser diário, semanal, mensal e anual. Mas para efeito de gestão, sugiro que
essa seja feito mensalmente.
A frequência da apuração do estoque médio deve ser de acordo com cada negócio, ou seja, se trabalhamos
com produtos perecíveis, produtos que ficam obsoletos rapidamente (tecnologia) devem ser feito esse
controle com mais frequência dos que tem uma vida útil mais longa ou não são perecíveis como plástico, vidro
e outros.
EXEMPLO:
Considerando o controle de estoque, qual é o estoque médio do período?
MÊS VENDA COMPRAS SALDO
1 1000 3000
2 1200 1800
4 1400 2100
5 1500 600
7 1000 2400
8 1100 1300
10 1100 2200
11 1000 1200
12 1000 200
RESPOSTA:
EM=ESTOQUE DO PERÍODO/QUANTIDADE DE PERÍODO
EM=(3000+1800+3500+2100+600+3400+2400+1300+3300+2200+1200+200)/12=
EM= 2083.
Estoque máximo é a quantidade máxima de uma mercadoria ou matéria-prima que a empresa deve
estocar. O estoque máximo serve para delimitar a quantidade máxima do estoque. Grande parte dos
empresários pode não se preocupar com o estoque máximo, mas conhecendo esse indicador, podemos evitar
alguns problemas. Como por exemplo: espaço físico, produtos perecíveis, custo do estoque parado ou
produtos com cuidados especiais.
o estoque máximo evita a compra de produtos em excesso, que podem vir a estragar ou simplesmente ficarem
sem saída no estoque. Portanto, o estoque máximo é essencial para evitar desperdício de recursos da sua
empresa.
Para calcular o estoque máximo, basta somar o estoque mínimo com o maior lote de compra do produto.
Essa fórmula ficaria assim: Estoque Máximo = Estoque mínimo + Lote de Reposição
Supondo que sejam comprados 45 unidades de reposição e utilizando o valor de estoque mínimo citado no
exemplo anterior (60), o valor do estoque máximo seria de 105 unidades (60 + 45). Utilizando indicadores como
o estoque mínimo e o estoque máximo no processo de controle de estoque em sua empresa, você certamente
não terá problemas com falta ou excedente de produtos e conseguirá realizar essa gestão de uma forma
totalmente equilibrada.
Entretanto, deve-se ressaltar que o estoque máximo pode variar de acordo com o custo de aquisição de um
determinado produto e é claro, da capacidade de sua empresa armazenar determinada quantidade de estoque.
A receita é simples: obter o maior prazo de pagamento possível com seus fornecedores; receber o
quanto antes do seu cliente, de preferência antecipado ou com um prazo menor com o qual você
paga para o seu fornecedor; e principalmente empregar o menor capital possível em
estoque (matéria prima + produto acabado) com um bom nível de serviço prestado ao seu cliente.
Para se obter um bom resultado dessa receita, é preciso conhecer algumas ferramentas que podem
auxiliar o empreendedor a fechar essa conta no positivo, principalmente quando se trata de gestão
de estoque.
A curva ABC é um método de classificação de informações para que se separem os itens de maior
importância ou impacto, os quais são normalmente em menor número. (Carvalho, 2002, p. 226). Os
itens são classificados como (Carvalho, 2002, p. 227):
• de Classe A: de maior importância, valor ou quantidade, correspondendo a 20% do total –
podem ser itens do estoque com uma demanda de 65% num dado período;
• de Classe B: com importância, quantidade ou valor intermediário, correspondendo a 30% do
total – podem ser itens do estoque com uma demanda de 25% num dado período;
• de Classe C: de menor importância, valor ou quantidade, correspondendo a 50% do total –
podem ser itens do estoque com uma demanda de 10% num dado período.
Os números citados acima podem variar de negócio para negócio, portanto não é uma regra fixa e
sim um parâmetro para nortear o seu trabalho.
Existem outros nomes para curva ABC como 80-20, uma das teorias econômicas escritas por Vilfredo
Pareto que classifica o estoque em forma de Pareto , ou seja, de maior importância econômica para
a menor, onde 80% do capital empregado em estoque está em 20% dos itens.
Essa conta matemática tende a ser mais precisa quando levamos a análise um pouco mais no detalhe.
Além do fator econômico e sua correlação com a quantidade de itens, posso citar outros dois fatores
que impactam diretamente na sua estratégia de investir o estritamente o necessário em estoque:
Giro/Frequência de consumo desse item em estoque e a exposição ao risco, atrelado a concentração
do faturamento do item em poucos clientes ou a dependência de fornecedores.
Para não gerarmos dúvida no entendimento do conceito, vou exemplificar um estudo de caso
“Fictício” de análise da curva ABC, voltada à classificação de estoque:
Aplicação e Montagem da Curva ABC
Para ilustrar as etapas de confecção da curva ABC, apresentar-se-á um caso simplificado de apenas
15 itens sendo que todos os valores utilizados são fictícios.
Esse procedimento pode ser utilizado para qualquer volume de itens. Na tabela 1 há coleta dos dados
(preço unitário x consumo anual).
Nessa etapa é necessário relacionar todos os itens que formaram o estoque no período determinado.
Para cada item registra-se o valor unitário, o consumo no período determinado. Com esses valores
em mãos será possível calcular o valor do consumo do período sendo que este é o produto da
quantidade consumida pelo valor unitário de cada item. terminado. Para cada item registra-se o valor
unitário, o consumo no período determinado. Com esses valores em mãos será possível calcular o
valor do consumo do período sendo que este é o produto da quantidade consumida pelo valor
unitário de cada item.
Exercicio 01 -
Na tabela 2 há ordenação dos dados (ordem decrescente segundo diagrama de Pareto). Nessa etapa,
ordenam-se todos os itens, calcula-se o percentual distribuído e o percentual acumulado.
Tabela 2: Curva ABC
Com os dados ordenados pode-se construir a curva ABC, que é formada em um eixo cartesiano onde
na abscissa são registrados os números de itens do estoque, e nas ordenadas, são registrados as
somas dos valores de consumo acumulado.
A curva dessa forma construída é subdividida nas três classes A, B e C. Segundo Dias (1993), para se
definir as classes deve-se adotar os critérios abaixo:
Portanto, através da curva ABC, é possível identificar qual tratamento deve ser dado a cada classe de
itens. Os itens B e C necessitam de um tratamento diferenciado, pois representam os materiais com
o maior consumo, porém não são parte do maior percentual de investimento ou faturamento da
empresa, possivelmente, ao se tratar esses itens deve-se levar em consideração que o custo desse
tratamento pode não ser válido já que eles não representam um valor alto de investimento, já os itens
da classe A, representam o maior percentual de investimento ou faturamento da empresa, sendo
válido a empresa investir em análises mais sofisticadas para gerenciar esses itens, pois é onde se
concentram materiais de baixo consumo no estoque, porém que necessitam de maior investimento
para mantê-los. Seguindo a ordenação dos itens proporcionalmente a suas respectivas classes, é
possível determinar o grau de importância de cada item e determinar como serão efetuadas as
reposições.