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FISIOTERAPIA:

SAÚDE DO
TRABALHADOR

Talita Guerreiro Rodrigues


Legislação e normas
regulamentadoras
relacionadas à saúde
do trabalhador

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

>> Descrever a evolução da legislação trabalhista no Brasil.


>> Discutir a legislação complementar relacionada à saúde do trabalhador.
>> Explicar a importância das Normas Regulamentadoras (NR).

Introdução
As leis se originam a partir de um processo legislativo e são construídas com
base em condições econômicas, políticas e sociais, sendo atualizadas conforme
as evoluções históricas e as mudanças diversas nas relações interpessoais e nas
exigências de uma sociedade.
Nessa conjuntura, a legislação brasileira está em constante adaptação, evo-
luindo com a população e com as demandas por ela apresentadas. Como exemplo,
tem-se as leis e normas que regem o trabalho no País, as quais, ao longo dos
anos, foram se modificando para garantir a proteção do Estado à saúde e à vida
do trabalhador.
Neste capítulo, você estudará sobre a evolução da legislação trabalhista no
Brasil e o papel da saúde no contexto do trabalho. Além disso, verá quais são as
Normas Regulamentadoras e qual a importância destas na prevenção de acidentes
e na promoção da saúde no âmbito trabalhista.
2 Legislação e normas regulamentadoras relacionadas à saúde do trabalhador

Legislação trabalhista no Brasil —


do início aos dias atuais
A legislação trabalhista no Brasil se solidificou a partir da criação da Consolida-
ção das Leis do Trabalho (CLT), porém alguns fatos históricos são importantes
para a compreensão do contexto em que o País estava inserido.
A escravidão esteve legalizada até 1988, quando, em 13 de maio daquele
ano, foi assinada a Lei Áurea, abolindo a escravidão. Isso ocorreu após pressões
sofridas pelo País, que, àquela altura, era um dos últimos países considerados
civilizados a permitir o trabalho escravo. Três outras leis que precederam a Lei
Áurea já sinalizavam para a abolição da escravidão: Lei Eusébio de Queirós, de
1850, que proibia a entrada de escravos africanos no Brasil; Lei do Ventre Livre,
de 1871, que garantia a liberdade aos filhos de mulheres escravas nascidos
no País; e Lei dos Sexagenários, que garantia liberdade aos escravos após
completarem 60 anos (DELGADO, 2017).
Com o fim da escravidão, houve um aumento da demanda de trabalho
assalariado, que já existia, porém em menor escala, pois grande parte da mão
de obra brasileira era advinda do trabalho escravo e de uma economia essen-
cialmente rural. Ou seja, existia um movimento operário, que ganhou forças
no mundo após a Revolução Industrial, mas sem expressão o suficiente para
caracterizar a luta trabalhista no Brasil (DELGADO, 2017; BARBOZA; ILLANES;
GIACOMELLI, 2018). Confira, a seguir, alguns dos importantes direitos traba-
lhistas que foram conquistados nessa época, incluindo leis que já sofreram
atualizações importantes ao longo dos anos.

„„ Regulamentação do trabalho de indivíduos entre 12 e 18 anos em


fábricas, oficinas, laboratórios e depósitos de manufaturas da Capital
Federal (Rio de Janeiro; Decreto n°. 1.313, de 17 de janeiro de 1891). Entre
as regulamentações da época, estavam a estipulação de carga horária
máxima de 7 h para indivíduos entre 12 e 14 anos, independentemente
do gênero.
„„ Alteração da caracterização da greve como ato ilegal (Decreto
n°. 1.162, de 12 de dezembro de 1890). Anos mais tarde, a greve voltou
a ser caracterizada como ilegal, e somente na Constituição Federal de
1946 se tornou um direito garantido.
„„ Facilidades para pagamento de dívidas aos trabalhadores rurais
(Decreto n°. 1.150, de 5 de janeiro 1904) e urbanos (Decreto n°. 1.607, de
29 de dezembro de 1906).
Legislação e normas regulamentadoras relacionadas à saúde do trabalhador 3

„„ Criação de sindicatos profissionais e sociedades cooperativas (Decreto


n°. 1.637, de 5 de janeiro de 1907).
„„ Criação da Confederação Brasileira do Trabalho (CBT) durante o 4º
Congresso Operário Brasileiro (1912).
„„ Legislação acidentária do trabalho (Lei n°. 3.724, de 5 de janeiro de
1919), ainda com severas restrições, porém considerando a existência
dos riscos.
„„ Instituição das caixas de aposentadorias e pensões para trabalhadores
ferroviários (Lei Elói Chaves — Lei n°. 4.682, de 24 de janeiro de 1923),
estendida às empresas marítimas e portuárias (Lei n°. 5.109, de 20 de
dezembro de 1926).
„„ Instituição do Conselho Nacional do Trabalho (Decreto n°. 16.027,
de 30 de abril de 1923).
„„ Direito a 15 dias de férias anuais aos trabalhadores de estabelecimentos
comerciais, industriais e bancários (Lei n°. 4.982, de 24 de dezembro
de 1925).
„„ Promulgação do Código de Menores, estabelecendo idade mínima de
12 anos para ingressar no mercado de trabalho (Decreto n°. 17.934A,
de 1927). Atualmente, as questões relacionadas aos indivíduos de até
18 anos de idade são norteadas pelo Estatuto da Criança e do Adoles-
cente (ECA), especificamente pela Lei n°. 8.069, de 13 de julho de 1990,
que, desde então, sofreu diversas atualizações.

Outros dois momentos importantes para a evolução da legislação tra-


balhista no Brasil foram a criação do Ministério do Trabalho, Indústria e
Comércio, por Getúlio Vargas, em 1930, e, em seguida, a Constituição Federal
de 1934, a primeira Constituição a abordar direitos trabalhistas no País. Além
disso, foi regulamentada a Justiça do Trabalho, em 1939, sendo oficialmente
instalada em 1941 (DELGADO, 2017).
Nessa época, contudo, não havia uma regulamentação que abrangesse
todos os trabalhadores, pois a legislação trabalhista era específica para cada
profissão. Em 1935, outros benefícios foram concedidos, porém somente aos
trabalhadores da indústria e do comércio. Entre os principais benefícios,
destacam-se a indenização para demissões sem justa causa, garantia de
contagem do tempo de serviço e aviso prévio (DELGADO, 2017).
4 Legislação e normas regulamentadoras relacionadas à saúde do trabalhador

O piso salarial foi um direito adquirido apenas em 1940, quatro anos após a
instituição do salário mínimo. Nesse momento, havia a necessidade de reunir
as leis específicas do trabalho, de modo que foi criada a CLT, por meio do
Decreto-Lei n°. 5.452, de 1º de maio de 1943. A CLT compilou a legislação do
trabalho no Brasil e inseriu de maneira permanente os direitos trabalhistas
na legislação. A sua criação se deu a partir de uma necessidade constitucio-
nal, visando a regulamentar as relações individuais e coletivas de trabalho
(DELGADO, 2017; BARBOZA; ILLANES; GIACOMELLI, 2018).
Muitos dos benefícios atuais, como o décimo terceiro salário, o fundo
de garantia por tempo de serviço e a especificação do trabalho rural, foram
adquiridos posteriormente, na década de 60. Em 2017, a Lei n°. 13.467 alterou
diversos pontos da CLT, como o regime de compensação de horário (banco
de horas), a possibilidade de divisão das férias remuneradas em blocos e a
contribuição sindical voluntária.
Apesar da necessidade de se estar em constante evolução e adequação às
exigências humanas, é notório o avanço da legislação referente às relações de
trabalho, principalmente no que tange às diferenças entre as características
individuais dos tipos de trabalho (DELGADO, 2017).

Muitos são os documentos oficiais que regulamentam a saúde e a


segurança do trabalhador. A Escola Nacional da Inspeção do Trabalho
(Enit) é um órgão do Ministério da Economia cujo objetivo é “[…] coletar, registrar,
produzir e disseminar conhecimento dirigido às atividades da Inspeção do
Trabalho”. Para saber mais sobre a legislação referente ao tema, acesse a página
“Segurança e Saúde no Trabalho”, disponível no site da Enit.

De acordo com o art. 23 da Declaração Universal dos Direitos Humanos


de 1948 (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 2009, p. 12–13):

1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições
justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.
2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por
igual trabalho.
3. Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satis-
fatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível
com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios
de proteção social.
4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e neles ingressar para
proteção dos seus interesses.
Legislação e normas regulamentadoras relacionadas à saúde do trabalhador 5

Saúde do trabalhador — aspectos legais


Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), entende-se por saúde não
apenas a ausência de doença, mas o conjunto do bem-estar físico, psíquico e
social do indivíduo. Conforme estabelecido na Constituição Federal (BRASIL,
1988, documento on-line), “[…] a saúde é direito de todos e dever do Estado,
garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do
risco de doença e de outros agravos através do acesso universal e igualitário
às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação”.
Apesar do direito à saúde garantido na Constituição, a saúde do trabalhador
começou a ser vista como essencial no Brasil a partir do desenvolvimento
industrial e da utilização do trabalho assalariado em maior escala, sendo
que somente mais adiante foi imputada ao Estado e às empresas a respon-
sabilização sobre as condições de saúde e riscos ao trabalhador (DELGADO,
2017; SANTOS; GALLEGUILLOS; TRAJANO, 2019).
Anteriormente à aprovação da CLT, evidenciam-se dois fatos históricos
relacionados aos direitos à saúde do trabalhador: em 1919, quando foram
caracterizados como acidente de trabalho os acidentes ocasionados de
maneira súbita, violenta, externa e involuntária ao exercício do trabalho, ou,
ainda, uma doença decorrente do exercício laboral; e em 1941, quando houve
a criação da Associação Brasileira para Prevenção de Acidentes, com o intuito
de orientar os trabalhadores e empresários sobre a segurança no trabalho
e a prevenção de acidentes em todos os setores da atividade econômica
(SANTOS; GALLEGUILLOS; TRAJANO, 2019).
Dessa maneira, garantida pela CLT, ocorre a regulamentação das relações
de trabalho, enfatizando o dever de se zelar pela saúde física, mental e social
dos trabalhadores. Em seu art. 157, alterado pela Lei n°. 6.514, de 22.12.1977,
a CLT pontua (BRASIL, 1977, documento on-line):

Cabe às empresas:
I — Cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho;
II — Instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às precauções
a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais;
III — Adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão regional com-
petente;
IV — Facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade competente.
6 Legislação e normas regulamentadoras relacionadas à saúde do trabalhador

Após a CLT, diversos outros ganhos foram se somando e ajudando a cons-


truir o conceito de saúde do trabalhador não apenas como uma necessidade,
mas como um direito legal, destacando-se os descritos a seguir. (SANTOS;
GALLEGUILLOS; TRAJANO, 2019):

„„ 1944 – Reforma da Lei de acidentes de trabalho (Decreto-Lei n°. 7.036,


de 10 de novembro de 1944), garantindo compreensão e agilidade na
implementação dos dispositivos da CLT, bem como assistência médica,
hospitalar e farmacêutica ao acidentado e indenizações pertinentes.
„„ 1953 – Instituídas a semana de prevenção de acidentes de trabalho e
a regulamentação das Comissões Internas de Prevenção de Acidentes
(CIPAs).
„„ 1960 – Regulamentação do uso de equipamentos de proteção individual
(EPIs).
„„ 1967 – Integrado o Seguro de acidentes de trabalho à Previdência
Social, com a definição de doença profissional como sinônimo de
doença do trabalho.
„„ 1972 – Segurança, higiene e medicina do trabalho estipuladas como
prioridades para o Programa Nacional de Valorização do Trabalhador.
Também em 1972, é criado o Serviço Especializado em Engenharia de
Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT).
„„ 1974 – Iniciados os cursos de formação em segurança, higiene e me-
dicina do trabalho.
„„ 1978 – Aprovadas as primeiras 28 Normas Regulamentadoras (NR) de
Segurança do Trabalho.
„„ 1985 – Criadas a categoria profissional técnico em segurança do trabalho
e a especialização em engenharia de segurança do trabalho.
„„ 1987 – Estabelecido o curso de formação do técnico em segurança do
trabalho.
„„ 1991 – Estabelecido o conceito de acidente de trabalho e de trajeto.
„„ 2001 – Proibição do trabalho infantil no País.

Após as regulamentações garantidas pela CLT e as NR, um dos principais


avanços na área da saúde relacionados aos direitos dos trabalhadores foi a
Lei Orgânica, promulgada em 19 de setembro de 1990, que enfatizou o direito
não só à recuperação, mas também à promoção e à proteção da saúde dos
Legislação e normas regulamentadoras relacionadas à saúde do trabalhador 7

trabalhadores submetidos aos riscos decorrentes de situações de trabalho.


Nessa mesma lei, o trabalhador foi inserido ao campo de atuação do Sistema
Único de Saúde (SUS) e teve assegurada a assistência ao trabalhador por-
tador de doença do trabalho e/ou vítima de acidentes de trabalho (SANTOS;
GALLEGUILLOS; TRAJANO, 2019).
Além dos diversos programas e comissões obrigatórios para a proteção
à saúde do trabalhador, existem 37 Normas Regulamentadoras do Trabalho,
complementares à CLT, que apresentam direitos e deveres aos empregadores
e empregados para garantir a segurança no trabalho. Entre as comissões e
serviços regulamentados por essas normas estão a CIPA (NR5) e o PCMSO (NR7).
Apesar de todas as NR apresentarem igual importância, é de interesse
especial ao fisioterapeuta do trabalho a NR-17, primeira NR específica da
ergonomia. Assim como diversos pontos da legislação, essa norma passou por
modificações, sendo a sua última atualização publicada através da Portaria
n°. 876, de 24 de outubro de 2018.

Em agosto de 2012, foi instituída a Política Nacional de Saúde do


Trabalhador e da Trabalhadora, com a finalidade de (BRASIL 2012,
documento on-line):
[…] definir os princípios, as diretrizes e as estratégias a serem observados pelas
três esferas de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), para o desenvolvimento
da atenção integral à saúde do trabalhador, com ênfase na vigilância, visando à
promoção e à proteção da saúde dos trabalhadores e à redução da morbimortalidade
decorrente dos modelos de desenvolvimento e dos processos produtivos.

Esse foi mais um importante ganho na legislação relacionado aos direitos


à saúde do trabalhador. Para visualizar o documento na íntegra, acesse o site
do Ministério da Saúde.

Como visto, a legislação trabalhista relacionada à saúde do trabalhador é


ampla e inclui aspectos de responsabilidade do Estado, de empregadores e
dos trabalhadores, com o objetivo fundamental de manutenção das condições
de trabalho compatíveis com todos os níveis de saúde necessários ao traba-
lhador, a fim de garantir não apenas a redução de riscos, mas principalmente
a promoção da saúde.
8 Legislação e normas regulamentadoras relacionadas à saúde do trabalhador

Normas Regulamentadoras do Trabalho


A CLT foi criada com o objetivo de reunir as leis e os decretos referentes às
condições trabalhistas e aborda, em seu capítulo V, a regulamentação da
segurança e da medicina do trabalho. As NR surgem, então, para complementar
a CLT com pontos mais direcionados a atividades específicas e riscos a elas
inerentes. A elaboração das NR é realizada por comissões compostas por
integrantes do governo, empregadores e trabalhadores e está vinculada ao
Ministério da Economia Existem 37 NR atualmente, algumas já revogadas e
outras com alterações recentes nos textos, conforme o Quadro 1, a seguir.

Quadro 1. Relação das NR

„„ NR-1 – Disposições Gerais (última „„ NR-16 – Atividades e Operações


modificação pela Portaria SEPRT Perigosas
915, de 30 de julho de 2019). „„ NR-17 – Ergonomia
Novo texto: Disposições Gerais „„ Anexo I – Trabalho dos Operadores
e Gerenciamento de Riscos de Checkout
Ocupacionais (Portaria SEPRT „„ Anexo II – Trabalho em
n°. 6.730, de 9 de março de 2020) Teleatendimento/Telemarketing
„„ NR-2 – Inspeção Prévia (revogada) „„ NR-18 – Condições e Meio Ambiente
„„ NR-3 – Embargo ou Interdição de Trabalho na Indústria da
„„ NR-4 – Serviços Especializados em Construção (última modificação
Engenharia de Segurança e em pela Portaria MTb n°. 261, de 18
Medicina do Trabalho de abril de 2018). Novo texto:
„„ NR-5 – Comissão Interna de Segurança e Saúde no Trabalho na
Prevenção de Acidentes (CIPA) Indústria da Construção (Portaria
„„ NR-6 – Equipamento de Proteção SEPRT nº 3.733, de 10 de fevereiro
Individual (EPI) de 2020)
„„ NR-7 - Programa de Controle „„ NR-19 – Explosivos
Médico de Saúde Ocupacional „„ NR-20 – Segurança e Saúde no
(PCMSO) Trabalho com Inflamáveis e
„„ NR-8 – Edificações Combustíveis
„„ NR-9 – Programa de Prevenção „„ NR-21 – Trabalhos a Céu Aberto
de Riscos Ambientais (última „„ NR-22 – Segurança e Saúde
modificação pelas Portarias Ocupacional na Mineração
SEPRT n°. 1.358 e 1.359, de 09 „„ NR-23 – Proteção Contra Incêndios
de dezembro de 2019). Novo „„ NR-24 – Condições Sanitárias e de
texto: Avaliação e Controle Conforto nos Locais de Trabalho
das Exposições Ocupacionais „„ NR-25 – Resíduos Industriais
a Agentes Físicos, Químicos „„ NR-26 – Sinalização de Segurança
e Biológicos (Portaria SEPRT „„ NR-27 – Registro Profissional do
n°. 6.735, de 10 de março de 2020) Técnico de Segurança do Trabalho
(revogada)

(Continua)
Legislação e normas regulamentadoras relacionadas à saúde do trabalhador 9

(Continuação)

„„ NR-10 – Segurança em Instalações „„ NR-28 – Fiscalização e Penalidades


e Serviços em Eletricidade „„ NR-29 – Norma Regulamentadora
„„ NR-11 – Transporte, Movimentação, de Segurança e Saúde no Trabalho
Armazenagem e Manuseio de Portuário
Materiais „„ NR-30 – Segurança e Saúde no
„„ Anexo I – Regulamento Técnico Trabalho Aquaviário
de Procedimentos para „„ Anexo I – Pesca Comercial e
Movimentação, Armazenagem e Industrial
Manuseio de Chapas de Rochas „„ Anexo II – Plataformas e
Ornamentais Instalações de Apoio
„„ NR-12 – Segurança no Trabalho em „„ NR-31 – Segurança e Saúde no
Máquinas e Equipamentos Trabalho na Agricultura, Pecuária
„„ NR-13 – Caldeiras, Vasos de Silvicultura, Exploração Florestal e
Pressão e Tubulações e Tanques Aquicultura
Metálicos de Armazenamento „„ NR-32 – Segurança e Saúde no
„„ NR-14 – Fornos Trabalho em Serviços de Saúde
„„ NR-15 – Atividades e Operações „„ NR-33 – Segurança e Saúde nos
Insalubres Trabalhos em Espaços Confinados
„„ Anexo 1 – limites de tolerância „„ NR-34 – Condições e Meio
para ruído contínuo ou Ambiente de Trabalho na Indústria
intermitente; Anexo 2 – limites de da Construção, Reparação e
tolerância para ruídos de impacto; Desmonte Naval
Anexo 3 – limites de tolerância „„ NR-35 – Trabalho em Altura
para exposição ao calor; Anexo 4 – „„ NR-36 – Segurança e Saúde no
(revogado); Anexo 5 – radiações Trabalho em Empresas de Abate
ionizantes; Anexo 6 – trabalho sob e Processamento de Carnes e
condições hiperbáricas; Anexo 7 – Derivados
radiações não ionizantes; „„ NR-37 – Segurança e Saúde em
Anexo 8 – vibração; Anexo 9 – frio; Plataformas de Petróleo
Anexo 10 – umidade; Anexo 11 –
agentes químicos cuja
insalubridade é caracterizada por
limite de tolerância e inspeção
no local de trabalho; Anexo 12 –
limites de tolerância para poeiras
minerais; Anexo 13 – agentes
químicos; Anexo 13a – benzeno;
Anexo 14 – agentes biológicos

Fonte: Adaptado de Normas... (2020).

As NR estão em constante atualização e apresentam textos deta-


lhados com informações fundamentais para a compreensão de suas
disposições. Para conhecer o texto atualizado de cada uma das NR, bem como
as portarias que as modificam, seus anexos e manuais pertinentes, leia a seção
“Normas Regulamentadoras – Português”, disponível no site da Enit.
10 Legislação e normas regulamentadoras relacionadas à saúde do trabalhador

Uma vez que as NR também são obrigações legais, todas as empresas de-
vem seguir as regulamentações para cada atividade específica que ofereçam,
sendo que o intuito das NR é garantir a segurança do trabalhador, reduzindo
os riscos e os acidentes em si. A NR-1, que apresenta dispositivos gerais, traz
em seu texto que (BRASIL, 1978a, p. 2):

As NR são de observância obrigatória pelas organizações e pelos órgãos públicos


da administração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos Poderes Legislativo,
Judiciário e Ministério Público, que possuam empregados regidos pela Consolidação
das Leis do Trabalho.

É importante ressaltar que, visando à saúde do trabalhador, as NR também


apresentam obrigações ao empregado. Por exemplo, a própria NR-1, que
regulamenta a obrigatoriedade do cumprimento das disposições legais e regu-
lamentares sobre segurança e saúde no trabalho, diz que o trabalhador deve
se submeter aos exames médicos previstos nas NR e utilizar o equipamento
de proteção individual fornecido pelo empregador. Como é possível observar,
as NR também definem lugares e ações aos indivíduos que participam das
relações, transformando tanto empregadores quanto empregados em atores
essenciais para garantir ambientes saudáveis e seguros de trabalho.
Além das especificidades presentes na maioria das normas, como, por
exemplo, nas NR-10, NR-14, NR-19 e NR-29, que regulamentam áreas ou ca-
racterísticas profissionais específicas, algumas delas, assim como a NR-1,
apresentam diretrizes amplas. É o caso da NR-5 e da NR-7. A NR-5 dispõe
sobre a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, conhecida como CIPA,
cujo objetivo é a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho,
tornando-o “[…] compatível permanentemente com a preservação da vida e a
promoção da saúde do trabalhador” (BRASIL, 1978b, p. 1). É obrigação da CIPA
“promover, anualmente, em conjunto com o SESMT, onde houver, a Semana
Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho - SIPAT” (BRASIL, 1978b, p. 4).
Na SIPAT, são realizadas atividades diversas de promoção da saúde, bem
como treinamentos e palestras.
Já a NR-7 estabelece regulamentações para o Programa de Controle Mé-
dico de Saúde Ocupacional, o PCMSO, que visa a “[…] proteger e preservar
a saúde de seus empregados em relação aos riscos ocupacionais” (BRA-
SIL, 1978c, p. 2). Os riscos são avaliados por outro programa das empresas,
Legislação e normas regulamentadoras relacionadas à saúde do trabalhador 11

o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). Entre as diretrizes do PCMSO,


destacam-se: detecção precoce de agravos à saúde, exposições excessivas a
gentes nocivos, definição de aptidões necessárias para funções específicas,
análises epidemiológicas, controle de imunização ativa, exames admissionais,
periódicos, demissionais, entre outros, sempre relacionados ao trabalho e
aos riscos ocupacionais.
Por fim, não se pode deixar de abordar com algum destaque a NR-17, que
dispõe sobre a Ergonomia e tem profunda relação com a prática profissional
do fisioterapeuta do trabalho. Embora todas as NR sejam necessárias às
análises e às adequações de suas profissões específicas, a NR-17, como o
próprio texto diz (BRASIL, 1978d, p. 1):

[…] visa a estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de


trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a pro-
porcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente. […] Para
avaliar a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas
dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do trabalho,
devendo esta abordar, no mínimo, as condições de trabalho, conforme estabelecido
nesta Norma Regulamentadora.

Entre os vários pontos citados nessa Norma, destacam-se o transporte


de carga por trabalhadores e as adequações de mobiliários e espaços físicos
compatíveis com o biotipo dos trabalhadores, ações que estão diretamente
ligadas às funções exercidas pelo fisioterapeuta do trabalho. Assim como em
outras NR, existe um manual de aplicação da NR-17 disponível nas páginas
oficiais do governo, com discussões que facilitam a sua aplicação prática.
Como visto, a legislação trabalhista é vasta e engloba amplos conceitos
de saúde. Nesse sentido, as NR complementam a legislação trabalhista e
indicam maneiras de se atender com igual atenção a promoção, a prevenção
e a recuperação da saúde no trabalho.
Para concluir, como bem resume Aquino (2014), a saúde no trabalho deve
estabelecer o bem-estar físico, psíquico e social dos trabalhadores nos mais
diversos setores, além de evitar agravamento de condições ocasionadas pelo
trabalho, proteger o trabalhador dos riscos e manter íntegras as aptidões
fisiológicas e psicológicas, adaptando o trabalho ao homem, e não o homem
ao trabalho, a fim de promover a melhor relação possível entre saúde, trabalho
e ambiente (SANTOS; GALLEGUILLOS; TRAJANO, 2019).
12 Legislação e normas regulamentadoras relacionadas à saúde do trabalhador

Criada em 1966, a Fundação Centro Nacional de Segurança, Higiene


e Medicina do Trabalho (Fundacentro) tem o objetivo de desenvolver
programas, pesquisas, ações educativas e material didático visando à prevenção
de doenças e acidentes de trabalho. Entre os títulos de sua produção, destaca-se
o “Pontos de verificação ergonômica – Soluções práticas e de fácil aplicação
para melhorar a segurança, a saúde e as condições de trabalho”, com check-
-list, orientações, dicas e figuras ilustrando riscos e soluções ergonômicas no
ambiente de trabalho. Para conferir esse material na íntegra, acesse o site da Enit.

Referências
AQUINO, A. S. F. Saúde ocupacional. Natal: Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Rio Grande do Norte, 2014. 93 p. Disponível em: http://proedu.rnp.br/
handle/123456789/998. Acesso em: 31 ago. 2020.
BARBOZA, M. R. T. M.; ILLANES, M. S.; GIACOMELLI, C. L. F. Legislação e rotina trabalhista
e previdenciária. Porto Alegre: Sagah, 2018. 234 p.
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília:
Presidência da República, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 31 ago. 2020.
BRASIL. Lei n°. 6.514, de 22 de dezembro de 1977. Altera o Capítulo V do Título ll da
Consolidação das Leis do Trabalho relativo a segurança e medicina do trabalho e dá
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www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6514.htm. Acesso em: 31 ago. 2020.
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médico de saúde ocupacional. Brasília: MTb, 1978c. 36 p. Disponível em: https://enit.
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BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n°. 1.823, de 23 de agosto de 2012. Institui a
Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora. Brasília: Ministério da
Saúde, 2012. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2012/
prt1823_23_08_2012.html. Acesso em: 31 ago. 2020.
Legislação e normas regulamentadoras relacionadas à saúde do trabalhador 13

DELGADO, M. G. Curso de direito do trabalho 16. ed. São Paulo: LTR, 2017. 1691 p.
NORMAS Regulamentadoras – Português. Escola Nacional da Inspeção do Trabalho,
Brasília, 2020. Disponível em: https://enit.trabalho.gov.br/portal/index.php/seguranca-
-e-saude-no-trabalho/sst-menu/sst-normatizacao/sst-nr-portugues?view=default.
Acesso em: 31 ago. 2020.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração universal dos direitos humanos. Rio
de Janeiro: UNIC/Rio, 2009. 16 p. Disponível em: https://nacoesunidas.org/wp-content/
uploads/2018/10/DUDH.pdf. Acesso em: 31 ago. 2020.
SANTOS, S. V. M.; GALLEGUILLOS, P. E. A.; TRAJANO, J. D. S. Saúde do trabalhador. Porto
Alegre: Sagah, 2019. 179 p.

Leitura recomendada
SEGURANÇA e Saúde no Trabalho. Escola Nacional da Inspeção do Trabalho, Brasília,
2020. Disponível em: https://enit.trabalho.gov.br/portal/index.php/seguranca-e-
-saude-no-trabalho?view=default. Acesso em: 31 ago. 2020.

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