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Universidade Presbiteriana Mackenzie

Resumo do Texto “A Evolução Histórica da Justiça do Trabalho


e os Direitos Sociais no Brasil”

Maria da Graça Piffer Rodrigues Costa

Orientadora: Profª. Drª. Ruth Carolina Rodrigues Sgrignolli

São Paulo
2019
Resumo do Texto: “A Evolução Histórica da Justiça do Trabalho
e os Direitos Sociais no Brasil”

1. Relatório de Pesquisa

A Justiça do Trabalho foi instituída no Brasil a partir da Constituição de 1934, e


organizada pelo Decreto-Lei n. 1.237, de 2 de maio de 1939, o qual definia como órgão
máximo da Justiça do Trabalho o Conselho Nacional do Trabalho (CNT). Contudo,
considera-se que foi oficialmente instalada no país em 1º de maio de 1941, data fixada pelo
então presidente Getúlio Vargas para as comemorações do dia do trabalhador. Sua instalação
ocorreu na vigência da Constituição de 1937, que marca o início do Estado Novo na história
do país. Ante o cenário de instabilidade política, a instituição da Justiça do Trabalho buscava
amenizar os conflitos entre empregados e empregadores e evitar possíveis greves, tidas como
“recursos antissociais nocivos ao trabalho e ao capital e incompatíveis com os superiores
interesses da produção nacional” pelo texto constitucional.
A primeira instância de julgamento era exercida pelas Juntas de Conciliação e
Julgamento, competentes para a solução de dissídios individuais. A segunda, pelos Conselhos
Regionais do Trabalho, que julgavam dissídios coletivos e decidiam questões em nível
recursal, sendo compostas por um representante dos empregados, um representante dos
empregadores e dois outros membros apartidários, todos nomeados pelo presidente da
República. Em última instância, figurava o CNT.
O CNT foi extinto a partir do Decreto-Lei n. 9.797, de 9 de setembro de 1946, que
criou em seu lugar o Tribunal Superior do Trabalho (TST) e alterou a denominação dos
Conselhos Regionais para Tribunais Regionais do Trabalho (TRT).
A Justiça do Trabalho, até então tida como órgão administrativo, foi integrada ao
Poder Judiciário pela Constituição de 1946. Sua estrutura somente foi alterada na vigência da
atual Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CRFB/1988), com o advento
da Emenda Constitucional 24, que acabou com a representação classista e estabeleceu que o
TST fosse composto por 17 ministros vitalícios. Ademais, determinou que as Juntas de
Conciliação e Julgamento fossem substituídas pelas Varas do Trabalho.
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), por sua vez, surgiu com o Decreto-Lei
n. 5.452, de 1º de maio de 1943, e sofreu alterações pontuais ao longo dos anos. Primeiro,
pela Lei n. 9.957, de 12 de janeiro de 2000, que instituiu o procedimento sumaríssimo no
processo trabalhista, para causas de valor que não excedesse quarenta vezes o salário mínimo
vigente à época do ajuizamento, excluídas as reclamações que tenham a Administração
Pública como parte. Depois, pela Lei n. 9.957, também de 12 de janeiro de 2000, que dispôs
sobre as Comissões de Conciliação Prévia de empresas e sindicatos, autorizando a execução
de título extrajudicial na Justiça do Trabalho. Destacam-se também as mudanças havidas em
decorrência da Lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017, a fim de adaptar a legislação às novas
relações de trabalho.
Em 2004, a Emenda Constitucional 45 expandiu a competência da Justiça do
Trabalho, para julgamento de litígios oriundos de relações de trabalho em geral, não só de
relações de emprego, e aumentou o número de ministros do TST para 27. Em 2016, a Emenda
Constitucional 92 alterou os requisitos para provimento de cargo de ministro do TST.
O surgimento da Justiça do Trabalho no Brasil pode ser estudado paralelamente à
evolução dos direitos sociais no contexto nacional, notadamente em vista do longo processo
de transição entre o trabalho escravo e o trabalho livre e remunerado no país. Opositores à
instauração de uma Justiça própria para solução de conflitos empregatícios alegavam a sua
desnecessidade, em vista da tutela do contrato no Código Civil. Destaca-se ainda o receio de
que a positivação de direitos trabalhistas prejudicasse o acúmulo de capital da classe
empresária.
No contexto que precedeu a elaboração da Constituição de 1934, que tem como
característica marcante a industrialização do país, evidenciada pela Revolução de 1930, e a
crescente demanda pela criação de uma legislação de proteção ao operariado, a fim de
acalmar os anseios da população, o governo determinou a criação de um organismo estatal
com o escopo de fiscalizar o acatamento das normas de proteção social, denominado
Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio.
Já no texto da Constituição de 1934, havia a previsão de alguns direitos referentes ao
trabalho, a exemplo do salário mínimo, jornada de oito horas, proteção ao trabalho do menor e
férias anuais remuneradas. O referido diploma é pioneiro na introdução de princípios
relacionados à estrutura econômica e social no ordenamento brasileiro, dispondo também
sobre a família, educação, cultura e funcionalismo público.
Notadamente, os direitos sociais consubstanciam a prerrogativa do cidadão de exigir
uma intervenção do Estado na sociedade e no mercado de trabalho frente a abusos de diversas
naturezas, capazes de comprometer a sua dignidade. Visam, sobretudo, compensar as
desigualdades nas relações, almejando a efetivação de uma igualdade material, de fato.
Atenta-se que a evolução dos direitos sociais no Brasil conduz logicamente à ascensão da
Justiça do Trabalho, evidenciando-a como importante ramo do Direito, essencial à garantia de
direitos fundamentais, e, assim, à concretização do Estado Democrático.

REFERÊNCIAS
LUZ, Alex Faverzani da; SANTIN, Janaína Rigo. A evolução histórica da Justiça do
Trabalho e os direitos sociais no Brasil. In: AEDOS - Revista do corpo discente do
Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. v. 2.
n. 4. (2009). p. 121-133.

TST. Disponível em http://www.tst.jus.br/historia-da-justica-do-trabalho, acesso em 18 de


setembro de 2019.

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