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A Previdência Social e a sustentação das

finanças públicas
A atuação do Poder Legislativo

Meiriane Nunes Amaro


e Fernando B. Meneguin

Sumário
1. Introdução. 2. A previdência estabeleci-
da na Constituição de 1988 e o desequilíbrio
financeiro do sistema. 3. O processo de reforma
da Previdência Social. 3.1. Emenda 20: o que o
Governo queria e o que conseguiu efetivar. 3.2.
Emendas 41 e 47: a hora e a vez dos servidores
públicos. 4. Tópicos especiais em Previdência.
4.1. Fator Previdenciário. 4.2. Débitos Previden-
ciários dos Municípios. 5. Considerações finais.

1. Introdução
A Previdência Social, historicamente,
iniciou sua evolução num regime privado e
facultativo característico das associações de
empregados, passando depois aos regimes
de seguros sociais obrigatórios, em que já
transparece a intervenção do Estado. Atu-
almente, o sistema de seguridade social, já
custeado em parte pelo Tesouro Nacional,
Meiriane Nunes Amaro é Consultora Legis- vive no dilema de aumentar os riscos cober-
lativa do Senado Federal. Mestre em Economia tos, melhorar suas prestações, universalizar
pela Universidade de Brasília e pós-graduada em sua cobertura, porém sem poder arcar com
Direito Legislativo pela UNILEGIS. Especialista gastos crescentes.
em economia do trabalho e previdência social. O Welfare State gerou a mentalidade de
Atuou como assessora direta dos relatores da Re- que o Estado deveria participar ativamente
forma da Previdência Social no Senado Federal. na promoção de benefícios sociais. Vários
Fernando B. Meneguin é Consultor Legisla- dos sistemas previdenciários existentes no
tivo do Senado Federal. Doutor em Economia
mundo foram desenhados com base nesse
e Mestre em Economia do Setor Público pela
Universidade de Brasília. Especialista em eco- pensamento. No entanto, a idealização
nomia do trabalho e previdência social. Atuou inicial desses regimes previdenciários não
como assessor direto dos relatores da Reforma acompanhou as mudanças ocorridas na
da Previdência Social no Senado Federal. sociedade, implicando seu colapso com

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crescentes despesas. A política de bem-estar renegociação das dívidas previdenciárias
foi colocada em xeque e ajustes tornaram-se dos municípios. Na última seção, têm-se as
necessários. considerações finais do trabalho.
A discussão sobre a dimensão da par-
ticipação do Estado na Seguridade Social 2. A previdência estabelecida
tem frequentemente tomado as tribunas
na Constituição de 1988 e o
no Senado Federal brasileiro. Profundas
mudanças foram desenhadas nesta Casa. desequilíbrio financeiro do sistema
Tais alterações inclinam-se ora em direção Os sistemas previdenciários podem
ao equilíbrio fiscal do Estado, ora visando operar, basicamente, na forma de dois
atender os anseios da sociedade. regimes: capitalização e repartição. No re-
A Assembleia Nacional Constituinte, gime de capitalização, os benefícios de cada
eleita em 1986, elaborou as regras da pre- indivíduo são custeados pela capitalização
vidência social sob a orientação de um prévia dos recursos das próprias contri-
paternalismo exacerbado, em que cabe buições feitas ao longo da vida ativa. Já no
ao Estado prover a subsistência de seus regime de repartição, as aposentadorias dos
cidadãos. Assim, em 1988, foi promulga- inativos e demais benefícios são financiados
da a Constituição Federal, escrita com a por quem está contribuindo naquele mo-
preocupação muito mais de assegurar o mento e os atuais contribuintes terão suas
acesso de diferentes grupos e categorias aos aposentadorias financiadas pelos ativos da
recursos transferidos pelo Governo do que geração seguinte. Na prática, na maioria
de viabilizar as fontes de financiamento que dos países, os sistemas são híbridos, isto é,
permitissem atingir esse objetivo. há mecanismos de capitalização que con-
Em consequência, a agenda político- vivem com outros de repartição.
econômica do Brasil esteve, em várias oca- A Constituição de 1988 foi elaborada sob
siões, compromissada com a necessidade uma herança cultural do regime de reparti-
de reformar o sistema previdenciário esta- ção, fruto, de um lado, da dilapidação das
belecido na Constituição de 1988. Mesmo reservas capitalizadas pelas antigas caixas
após as reformas empreendidas nos dois e institutos, e de outro, da tradição paterna-
últimos governos, o assunto ainda é cons- lista segundo a qual cabe ao Estado fornecer
tantemente abordado pela mídia. aos indivíduos os meios de subsistência.
Este artigo busca consolidar diversos No que se refere aos servidores públicos,
estudos e informações, de forma a fornecer a Constituição ampliou o rol de direitos, in-
um panorama da previdência estabelecida troduzindo o princípio de reajustes iguais
originalmente na Constituição de 1988 e das para ativos e inativos. No Regime Geral
reformas empreendidas desde então, com de Previdência Social (RGPS), gerido pelo
ampla participação do Senado Federal. A Instituto Nacional do Seguro Social (INSS),
próxima seção apresenta um panorama de o impacto maior residiu na área rural, em
como a previdência foi estabelecida na Cons- que a Constituição ampliou os benefícios
tituição original de 1988, focando o conse- de meio para um salário mínimo, reduziu
quente desequilíbrio financeiro do sistema. em cinco anos a idade e tempo de serviço
A seção três analisa as principais alterações para efeito de aposentadoria e incorporou
nos regimes previdenciários, com atenção às milhares de trabalhadores que nunca ha-
emendas constitucionais aprovadas nos Go- viam contribuído para o sistema.
vernos Fernando Henrique Cardoso (FHC) Resultado: a previdência social (à época
e Lula. A seção quatro traz a discussão so- atuarialmente deficiente, mas superavitária
bre dois importantes tópicos relacionados em termos de caixa, por arrecadar um volu-
à previdência: o fator previdenciário e a me de recursos superior ao pagamento de

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aposentadorias e pensões), tendo que arcar servidor para o custeio de sua aposentadoria
com um volume crescente de gastos, deixou – antes, a alíquota de contribuição dos ser-
paulatinamente de financiar a saúde, que até vidores federais civis era de 6%, destinada
então era em boa parte custeada pelo repas- apenas ao custeio das pensões. Desde então,
se da diferença entre as receitas e despesas as alíquotas médias situam-se em 11%.
da previdência oficial1. Tal situação provo- Um dos inconvenientes associados ao
cou uma crise do sistema de saúde pública aumento das alíquotas é a dificuldade
na primeira metade dos anos 1990. crescente de elevar a arrecadação mediante
Outro ponto relevante é que o Brasil esse expediente, pois aumenta a propensão
sempre foi um dos poucos países do mundo à evasão fiscal. Além disso, a alíquota mais
a adotar a figura da aposentadoria por tem- alta onera o custo da mão-de-obra e promo-
po de serviço. Figura que, combinada com ve incremento no trabalho informal.
a possibilidade de aposentadoria propor- Some-se ainda a queda da relação entre
cional, permitiu que um contingente não o número de contribuintes e de benefi-
desprezível de pessoas se aposentasse antes ciários da previdência social, fenômeno
dos 50 anos, expondo distorções no sistema mundial que decorre do envelhecimento
que contribuíram para a sua deslegitimação gradativo das sociedades, resultante da
como instrumento de justiça social. queda do crescimento da população e do
Diante dos maiores gastos associados à aumento da expectativa de vida.
conjugação do envelhecimento gradativo da No Brasil, esse fenômeno foi mais inten-
população, com a generosidade da legisla- so, já que foi agravado pela possibilidade de
ção previdenciária, os sucessivos governos as pessoas se aposentarem bem mais cedo
foram se acomodando a essa situação me- que em muitos outros países, embora os
diante aumento das alíquotas contributivas. valores médios das aposentadorias fossem
Ao final dos anos 1990, a alíquota atingiu o comparativamente bastante baixos, refletin-
montante de 20% para o empregador e de do a própria distribuição de renda no País.
8 a 11% para o empregado, dependendo do Fruto, em grande parte, dos problemas
nível salarial. No âmbito dos regimes de pre- mencionados, observou-se o agravamento
vidência de servidores públicos, apenas em da situação da previdência social nos anos
1993 foi introduzida na Constituição regra que se seguiram à promulgação da Cons-
que permitiu a cobrança de contribuição do tituição de 1988. O gráfico a seguir mostra
Despesas com benefícios do INSS: 1980/2007 (% PIB)

Fonte: Giambiagi & Além, 1999, pág. 229. Boletim Estatístico da Previdência Social – vol. 5 no 12, vol. 6 no 10,
vol. 7 no 6, vol. 8 no 12, vol. 9 no 12, vol. 10 no 12, vol. 11 no 12, vol. 12 no 12, vol. 13 no 12, vol. 14 no 12.

1
O art. 198 da Constituição Federal previu o finan- a evolução das despesas com benefícios
ciamento do sistema único de saúde pelo orçamento do INSS, cujo valor, nos 21 anos seguintes
da seguridade social das três esferas de poder. à aprovação da Constituição, subiu de
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2,5% do PIB em 1988, para 7,8% do PIB res que, anteriormente, haviam contribuído
em 2009. para o RGPS.
É fácil perceber que o agravamento do Houve, inicialmente, uma ilusão de equi-
desequilíbrio ocorreu a partir dos anos líbrio financeiro, uma vez que o número de
1990. Tal situação foi resultado não ape- aposentados era pequeno, não ocasionando
nas da significativa expansão da despesa gastos com benefícios, enquanto que, pelo
previdenciária, como também do menor lado da receita, havia um fluxo de novos
crescimento do PIB e do aumento do de- recebimentos. No entanto, o alívio inicial
semprego e da informalidade, que afetam foi corroído pelos encargos com benefícios
negativamente a receita do sistema. de funcionários que começavam a consti-
Com relação ao regime de previdência tuir o estoque de aposentados e agravado
do funcionalismo público, denominado pela inexistência de fundos de reserva nos
Regime Próprio de Previdência do Servidor regimes próprios de previdência.
Público (RPSP), este tem semelhanças com Outro tema diretamente relacionado
o regime de repartição simples do INSS, com o déficit previdenciário é o reajuste
embora existam diferenças básicas. Assim do salário mínimo. Como se sabe, desde a
como no RGPS, também há descompasso promulgação da Constituição Federal de
entre o que se arrecada e o que se paga a 1988, o salário mínimo tornou-se o piso
título de benefícios previdenciários. Como para os benefícios da seguridade social. Isso
exemplo, em 2009, o Governo Central pa- significa que, a todo aumento do salário
gou cerca de R$ 67 bilhões aos aposentados mínimo, os benefícios previdenciários que
e pensionistas enquanto recolheu contribui- se encontram entre o valor antigo e o novo
ções no montante de R$ 9,2 bilhões2. piso nacional recebem um incremento.
Essa situação deve-se, em grande parte, Cabe ressaltar que, nos últimos anos, o
à forma como foi estruturada a seguridade salário mínimo subiu bem acima da infla-
dos servidores públicos na Constituição de ção. Entre 2001 e 2010, o valor do piso nacio-
1988. Até os anos 80, além dos servidores nal aumentou 74,58% em termos reais.
estatutários, a administração pública fe- Feita esta abordagem inicial, os tópicos
deral, estadual e municipal era composta seguintes retornarão com mais detalhes
por grande contingente de servidores cuja acerca de alguns dos assuntos tratados
relação de trabalho era regida pela CLT. aqui, enfatizando todo o processo de refor-
Os servidores estatutários, por sua vez, mulação da previdência e alguns resultados
não contribuíam para a aposentadoria, mas obtidos.
apenas para a cobertura de pensões e, ainda
assim, com alíquotas insuficientes.
Após a promulgação da Constituição
3. O processo de reforma da
de 1988, a maior parte dos celetistas foi Previdência Social
convertida em estatutários com a institui-
ção do Regime Jurídico Único, que previa 3.1. Emenda 20: o que o Governo
também a possibilidade da existência de queria e o que conseguiu efetivar
regimes próprios de previdência no âm- Uma retrospectiva do processo de re-
bito da União, Estados, Distrito Federal e formulação da previdência social brasileira
Municípios. Os Estados e o Distrito Federal nos conduz a março de 1995, quando o texto
e grande parte dos Municípios adotaram inicial da reforma da previdência foi enca-
esta política, assumindo a responsabilidade minhado pelo Poder Executivo ao Congres-
pelo passivo previdenciário desses servido- so Nacional. Em 16 de dezembro de 1998, a
2
Não está computada a contribuição patronal proposição foi aprovada e consubstanciada
da União. na Emenda Constitucional no 20 (Emenda

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20), de 1998, embora com desfavoráveis mais factível para sua aprovação: manu-
alterações em pontos considerados funda- tenção dos três principais regimes – dos
mentais pelo Poder Executivo. trabalhadores da iniciativa privada, dos
Durante esse período, persistiu como servidores públicos civis e dos servidores
pano de fundo o paulatino e crescente militares – mas sujeitos a regras uniformes
desequilíbrio financeiro do sistema previ- (embora com importantes exceções). Isso
denciário brasileiro versus o imprescindível significou a continuidade do modelo de
controle dos gastos públicos. Isso posicio- dois pilares: o primeiro representado pelos
nou a aprovação da reforma da previdência regimes obrigatórios (RGPS e os regimes
social como ponto primordial da agenda próprios dos servidores públicos); o segun-
política nacional, o que continuou a ocorrer do, pelos voluntários (previdência priva-
até 2003. da). Além disso, a proposta governamental
Inicialmente, a coordenada central da retirava da Constituição os detalhamentos
proposta de reformulação da previdência dos regimes existentes (“desconstituciona-
brasileira era a unificação dos regimes lização”), restringia os planos de benefícios
previdenciários dos servidores públicos e exigia contribuições de aposentados e
(inclusive militares) e dos trabalhadores pensionistas.
da iniciativa privada e a criação de dois Após o longo processo de tramitação
sistemas gerais: um básico e unificado, com da matéria no Congresso Nacional, muitos
benefícios limitados a valor inferior ao atual pontos da proposta original não consegui-
teto dos benefícios previdenciários (cerca ram ser aprovados, não se concretizando,
de três salários mínimos) e operado pelo inclusive, a intenção de “desconstitucio-
regime de repartição, e outro complemen- nalizar” a matéria. Com efeito, o texto
tar e baseado na capitalização, destinado a final da emenda constitucional ficou ainda
atender àqueles com remuneração superior mais detalhado do que o da Constituição
ao valor máximo estabelecido no regime de 1988.
básico. Este último sistema, por seu turno, A Emenda 20, promulgada em dezem-
seria obrigatório até dez salários mínimos e bro de 1998, igualou algumas regras do
voluntário a partir deste valor. Tal concep- RGPS e do regime próprio do servidor
ção, conhecida como “modelo de três pila- público. O regime dos militares – membros
res”, baseava-se em estudos e indicações de das Forças Armadas e das polícias militares
técnicos e instituições internacionais. e corpos de bombeiros militares –, entre-
Todavia, ao longo do processo inicial de tanto, foi mantido intacto. Ademais, após
análise e discussão da matéria, tal mudança a aprovação da Emenda Constitucional no
estrutural do sistema provou ser implausí- 18, de 1998, os militares – passaram a ser
vel, seja do ponto de vista político, seja do considerados tão-somente militares da
financeiro. No primeiro caso, havia o poder União, dos Estados e do Distrito Federal,
de influência dos “lobbies” corporativos. deixando de ser considerados servidores
No segundo, o elevado custo financeiro públicos, no sentido estrito.
da transição entre o sistema previdenciário Não obstante, vários avanços foram
vigente e o novo, em especial num ambiente alcançados (ajustes paramétricos). Dentre
de sérias restrições fiscais. os principais, pode-se destacar a introdução
Assim, pressionado pela perspectiva de dispositivos direcionados a reduzir os
concreta de déficits orçamentários crescen- gastos do Tesouro com a folha de pagamen-
tes, o Governo Fernando Henrique Cardoso to de servidores inativos e pensionistas,
encaminhou ao Congresso Nacional, em valendo citar:
março de 1995, uma proposta de reforma da a) imposição de idade mínima para apo-
previdência social que buscou o caminho sentadoria integral por tempo de contri-

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buição: 60 anos para homem e 55 anos para era definido com base na remuneração do
mulher; servidor no último cargo ocupado (apo-
b) imposição de dez anos de serviço público sentadoria integral), e não em toda sua
para habilitação a aposentadorias progra- vida contributiva, garantiu-se que, pelo
máveis e de cinco anos no cargo ocupado; menos durante cinco anos, as contribuições
c) fim da acumulação de aposentadorias, fossem mais compatíveis com o valor do
bem como impossibilidade de aumento benefício.
de renda quando da passagem do servidor Com relação à imposição do teto remu-
para a inatividade; neratório, vale adicionar que, até o advento
d) restrições à acumulação de proventos da Emenda no 19, de 05 de junho de 1998,
de aposentadoria com vencimentos da que tratou da Reforma Administrativa, o
atividade e imposição de teto a qualquer teto valia para o valor de cada remuneração,
rendimento oriundo dos cofres públicos3 provento e pensão, considerado individu-
(não efetivado por falta de legislação in- almente. Com a Emenda 20, passou a ser
fraconstitucional). aplicado à soma total dos proventos (inclu-
A imposição de idade mínima objetivou sive quando decorrentes da acumulação de
reduzir as despesas previdenciárias, tendo cargos ou empregos públicos e de ativida-
em vista que força o adiamento do pedido des sujeitas à contribuição para o RGPS) e
de aposentadoria, diminuindo o tempo à adição dos proventos com pensão e com
de seu usufruto. A carência de dez anos remuneração de cargo acumulável na forma
no serviço público cumpriu o objetivo de da Constituição, de cargo em comissão e de
aproximar o fluxo de receitas oriundas de cargo eletivo. Ademais, nas duas reformas,
contribuições e o de gastos com pagamen- além de não se ter previsto regra de tran-
to de benefícios. Isso, porque passou a sição para o teto, buscou-se, em tese, o não
impedir que pessoas que sempre tivessem reconhecimento do direito adquirido.
trabalhado no setor privado, tendo, portan- Contudo, as restrições vinculadas à im-
to, contribuído para o RGPS com base em posição de teto no setor público não passa-
salário de contribuição de valor limitado (a ram de um conjunto de “boas intenções”. O
no máximo dez salários mínimos), ingres- limite estipulado na Emenda 19 não chegou
sassem no serviço público, nos últimos anos a ser efetivamente implementado. Por um
de atividade, requerendo aposentadoria, lado, o Supremo Tribunal Federal entendeu
pouco depois, graças à contagem recíproca que o teto tinha a sua eficácia dependente
de tempo de contribuição. Nesses casos, em da fixação do subsídio de seus Ministros.
especial quando o cargo público ocupado Por outro, a Reforma Administrativa, que,
proporcionava elevada remuneração, era dentre outros objetivos, buscou resolver a
totalmente inadmissível, sob o ponto de questão, não o fez definitivamente.
vista da coletividade, a disparidade entre as Outra inovação fundamental foi a pos-
contribuições realizadas, necessariamente sibilidade de criação de fundos de pensão
limitadas ao teto do RGPS, e o montante federal, estaduais e municipais. A Emenda
recebido de aposentadoria e pensão, cujo 20 estipulou que a União, os Estados, o
cálculo do valor ainda tomava por base a Distrito Federal e os Municípios, desde
remuneração integral do servidor. que instituam tais fundos, podem fixar o
A mesma lógica aplicou-se à exigência mesmo teto do RGPS para as aposentado-
de cinco anos no cargo. Como o benefício rias e pensões a serem concedidas a seus
servidores. Com isso, ficou aberta a possibi-
3
Na verdade, o teto foi fixado na Emenda Cons-
titucional no 19, de 1998, a Emenda 20 apenas inovou
lidade de instituição de limite superior aos
na sua aplicação à acumulação de proventos com rendimentos sujeitos às regras previdenci-
benefícios do RGPS. árias específicas dos servidores públicos,

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equivalente ao teto do RGPS. Ou seja, recursos da ordem de 13% do PIB em 2001,
desde que criado o regime de previdência dos quais mais da metade pertencentes aos
complementar, passou-se a poder eliminar fundos patrocinados por empresas públi-
a aposentadoria e pensão integrais. cas, era fundamental buscar soluções para
Ressalte-se que essa situação se aplica o importante foco de crescimento do déficit
ao servidor que ingresse no serviço públi- público oriundo do relacionamento entre
co após a publicação do ato de instituição tais empresas e seus respectivos fundos.
do correspondente regime de previdência Assim, não surpreende que as principais
complementar. Para os demais servidores, mudanças relacionadas a esse segmento,
a aplicação da nova sistemática só pode na Emenda 20, também tenham objetiva-
ocorrer mediante opção. do a redução de gastos públicos, nesse
Resumindo, ficou previsto o estabeleci- caso aqueles representados pelos recursos
mento de um sistema semelhante ao vigen- direcionados aos fundos de pensão patro-
te no âmbito do RGPS: benefícios sujeitos a cinados por empresas estatais.
um teto. Rendimentos adicionais, somente Nesse contexto, dois dispositivos funda-
se oriundos da previdência complementar, mentais devem ser ressaltados. O primeiro
que dificilmente garantirá a percepção da estabeleceu que os fundos de pensão patro-
renda média auferida pelo servidor quando cinados por entidades públicas deveriam
em atividade. rever seus planos de benefícios e serviços,
Sublinhe-se que a maioria dos disposi- de modo a ajustá-los atuarialmente a seus
tivos constitucionais modificados na área ativos. Ou seja, impôs-se “disciplina finan-
do serviço público, grande foco da Emenda ceira e atuarial” a esses fundos. O segundo,
20, seguiu a premissa básica de redução e mais importante, reiterou a proposta ini-
de despesas, embora tenham cumprido, cial do Executivo de estabelecer a paridade
acessoriamente, o objetivo de aproximar entre as contribuições dos participantes e
os requisitos e critérios vigentes para o do patrocinador público.
regime de previdência dos servidores civis A Emenda 20 estabeleceu ainda que
e para o RGPS. três leis complementares deveriam passar
Abrangendo tanto o regime dos servi- a regular o regime de previdência privada
dores quanto o geral, pode-se mencionar no Brasil: (a) uma estabelecendo as regras
a extinção da aposentadoria proporcional, gerais do sistema, destinada a modernizar
a redução do elenco de professores con- a previdência privada como um todo; (b)
templados com aposentadoria especial e a outra direcionada a fixar regras específicas
substituição da aposentadoria por tempo ao relacionamento entre empresas estatais e
de serviço pela aposentadoria por tempo seus fundos de pensão; (c) outra dispondo
de contribuição. sobre as normas gerais para instituição de
Especificamente quanto ao RGPS, regime de previdência complementar pela
poucas foram as alterações empreendi- União, Estados, Distrito Federal e Muni-
das, cabendo destacar apenas a abertura cípios (cuja previsão foi posteriormente
do seguro de acidentes do trabalho para excluída, como se verá adiante).
o setor privado (dispositivo ainda não É importante destacar que a Emenda 20
regulamentado) e a vinculação da receita preservou os direitos adquiridos daqueles
decorrente da contribuição dos segurados que, até a data de sua publicação, tivessem
e dos empregadores incidente sobre a folha cumprido os requisitos para obter aposen-
de pagamentos exclusivamente para paga- tadoria e pensão.
mento de benefícios do RGPS. Por fim, sublinhe-se que o texto final da
No que concerne ao regime de previdên- emenda deixou de contemplar os seguintes
cia privada, que acumulava um estoque de pontos cruciais: (a) limites de idade nas

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regras da aposentadoria por tempo de Mesmo não tendo incorporado os pontos
contribuição dos trabalhadores da iniciati- acima explicitadas, a Emenda 20 abriu ca-
va privada; (b) incidência de contribuição minho para importantes modificações, por
previdenciária sobre aposentadorias e intermédio das leis que regulamentaram os
pensões no âmbito do setor público; (c) novos dispositivos constitucionais.
fim da paridade entre ativos e inativos/ Com relação ao RGPS, a Emenda 20, ao
pensionistas. “desconstitucionalizar” as regras de cál-
A rejeição pelo Congresso Nacional da culo do valor dos benefícios e estabelecer,
imposição de limites mínimos de idade explicitamente, o caráter contributivo da
para efeito de habilitação à aposentadoria previdência social e seu necessário equi-
por tempo de contribuição pelo RGPS líbrio atuarial e financeiro, abriu caminho
foi um duro golpe para o Executivo, que para substancial alteração no cálculo dos
considerava essa a principal medida de benefícios (Lei no 9.876, de 26 de novembro
contenção de despesas, e mesmo de aper- de 1999). Isso se deu mediante a introdu-
feiçoamento da equidade social, no âmbito ção do chamado “fator previdenciário” na
do regime em questão. Com isso, as condi- mensuração do valor da aposentadoria por
ções para a percepção desse benefício pelos tempo de contribuição, cuja sistemática é
trabalhadores da iniciativa privada ficaram explicada na seção seguinte.
praticamente inalteradas, introduzindo, A introdução desse fator compensou,
assim, uma diferenciação marcante em em grande medida, a não-estipulação de
comparação com os servidores públicos, limites de idade para concessão da aposen-
para os quais foi estabelecida a exigência tadoria por tempo de contribuição para os
de idades mínimas. trabalhadores da iniciativa privada, repre-
O recolhimento de contribuições pre- sentando passo significativo em direção à
videnciárias por parte de servidores apo- construção de um sistema previdenciário
sentados e pensionistas era outro ponto mais equilibrado.
importante, em especial porque represen- No caso da previdência privada, dentre
tava uma das poucas medidas com impacto as três leis complementares previstas, duas
de curto prazo nas contas públicas. Aqui, o foram promulgadas: Leis Complementares
argumento governamental básico sempre nos 108 e 109, ambas de 29 de maio de 2001.
esteve relacionado à iniquidade e à falta de A primeira regulamentou as novas restri-
sustentação financeira de benefícios que ções impostas ao relacionamento entre as
superam a renda líquida do servidor em empresas estatais, enquanto patrocinadoras
atividade. de fundos de pensão, e suas respectivas
Por fim, com relação à eliminação da entidades fechadas de previdência comple-
regra de reajustes pela paridade, sua im- mentar. A segunda estabeleceu as regras
portância residia na expressiva repercussão gerais para todo o sistema de previdência
financeira do dispositivo, na medida em privada complementar, seja na esfera de
que qualquer revisão na remuneração dos patrocinadores públicos, seja na de priva-
ativos, inclusive aumento real decorrente de dos (antes dispostas na Lei no 6.435, de 15
transformação ou reclassificação de cargo, de julho de 1977).
tinha que ser repassada aos corresponden- Esta lei geral trouxe substanciais mu-
tes servidores inativos e aos pensionistas. danças rumo à modernização do regime de
Assim, além de desestimular a melhoria de previdência complementar no Brasil, confe-
carreiras específicas, a paridade fazia com rindo-lhe maior flexibilidade, credibilidade
que os gastos com a folha de pagamento e transparência, bem como fortalecendo a
dos aposentados e pensionistas crescessem capacidade de regulação e fiscalização por
substancialmente. parte do Estado. Preservou a organização

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básica do sistema em entidades de previ- nicípios (Projeto de Lei Complementar no 9,
dência complementar fechadas (acessíveis de 1999), previsto na Emenda 20, como um
apenas aos empregados de patrocinadoras dos principais temas da legislatura que se
ou associados de instituidores) e abertas iniciava. Contudo, a tramitação legislativa
(acessíveis a qualquer pessoa física), mas da proposição mostrou-se desfavorável aos
conferiu relevância às entidades multipa- objetivos governamentais. Assim, o Gover-
trocinadas (aquelas que congregam mais no preferiu desconsiderar o projeto. Com
de um patrocinador ou instituidor) e aos isso, a nova proposta de reforma previden-
multiplanos (entidades que administram ciária, encaminhada ao Congresso Nacional,
planos para diversos grupos de participan- em abril de 2003, não mais previu a edição
tes, com independência patrimonial). de lei complementar para regulamentar o
Outra inovação foi a criação da figura do estabelecimento de tal previdência.
“instituidor”, como forma de constituição
de entidades fechadas de previdência. O 3.2. Emendas 41 e 47: a hora e a
objetivo foi permitir que as pessoas jurí- vez dos servidores públicos
dicas de caráter profissional (associações, A partir do diagnóstico de que a refor-
sindicatos, federações) também instituam, mulação empreendida havia sido insu-
para seus associados, planos de previdência ficiente, o Governo Lula, que assumiu o
complementar. Assim, a figura do “institui- País em 2003, enviou, em abril do mesmo
dor” democratizou o acesso de expressiva ano, nova proposição ao Congresso Nacio-
parcela da população à previdência fecha- nal, que, aprovada depois de apenas oito
da, até então restrito aos empregados de meses de tramitação, consubstanciou-se
empresas. Ao mesmo tempo, a figura da na Emenda Constitucional no 41 (Emenda
patrocinadora foi mantida e ampliada, ao 41), de 2003.
incluir nessa categoria os entes federados, No caso do regime geral, o Governo con-
quando instituírem entidades de previdên- siderou que o aprimoramento da reforma
cia complementar para seus servidores. deveria ter como foco medidas de caráter
Outro aspecto de extrema relevância foi gerencial e, no da previdência privada
a introdução da chamada “portabilidade” complementar, que a Emenda 20 e posterior
e do vesting (benefício diferido). A “por- regulamentação (Leis Complementares
tabilidade” significa a possibilidade de no 108 e 109, ambas de 2001) haviam sido
transferência, de uma entidade para outra, suficientes para a resolução dos problemas
da poupança acumulada pelo participante. essenciais. Com efeito, nessa segunda etapa
O vesting, a possibilidade de o participante do processo de reformulação da previdên-
receber a devolução de sua poupança na cia social brasileira, a única medida de peso
forma de benefício proporcional diferido. a impactar o RGPS foi a previsão de lei
Dessa forma, o participante que saia de destinada a instituir um sistema especial de
uma empresa patrocinadora pode ou le- inclusão previdenciária para trabalhadores
var seus recursos para outra entidade de de baixa renda, que lhes garantisse acesso a
previdência privada ou optar por receber benefícios no valor de um salário mínimo.
o benefício proporcional ao seu tempo de Em contrapartida, o diagnóstico do
contribuição na data em que se tornar ele- novo Governo em relação ao RPSP era o
gível para obtê-lo. de que restava muito a aprimorar nesse re-
Por fim, sublinhe-se que o Governo que gime. Em especial, porque a respectiva ne-
tomou posse em 2003 posicionou a aprova- cessidade de financiamento, ao representar,
ção do projeto de lei sobre as normas para na época, cerca de 3% do PIB, pressionava
instituição da previdência complementar sobremaneira as contas públicas e compro-
pela União, Estados, Distrito Federal e Mu- metia o necessário ajuste fiscal do Estado.

Brasília a. 47 n. 187 jul./set. 2010 99


Assim, o Governo Lula propôs à sociedade diram as contribuições ao RPSP e ao RGPS,
brasileira o aprofundamento das medidas isso é, com base na remuneração integral e
até então implementadas, no que se refere no salário-de-contribuição limitado ao teto
aos regimes próprios dos servidores. do regime geral. Com isso, a averbação, no
No caso dos militares, a eles se aplicou serviço público, do tempo de contribuição
apenas a sujeição ao teto e aos subtetos re- no RGPS passou a gerar redução do valor
muneratórios do setor público. Na verdade, dos proventos de aposentadoria, acabando,
a Emenda 41 desconstitucionalizou as nor- consequentemente, seu efeito perverso para
mas referentes às aposentadorias e pensões o equilíbrio entre fluxo de contribuições e
dos militares, permitindo que a matéria seja pagamentos no âmbito do regime próprio
disciplinada apenas por lei ordinária. do servidor público.
Todas as demais medidas só atingiram Em segundo lugar, a Emenda 41 con-
os servidores públicos e foram bem mais seguiu eliminar a garantia de equivalência
severas do que as constantes da proposta entre os reajustes dos proventos de apo-
de emenda constitucional inicialmente sentadoria e das pensões e os das remune-
apresentada pelo Governo FHC. rações dos servidores em atividade. Isso é,
Em linhas gerais, a nova proposta de acabou a regra de paridade entre ativos e
reforma seguiu o mesmo rumo inicialmente inativos/pensionistas. Agora, os benefícios
traçado pela Emenda 20. Dessa vez, no en- previdenciários devem ser reajustados
tanto, a força política do novo governo de apenas pela inflação (exceto em casos es-
esquerda instaurado no poder conseguiu pecíficos das regras transitórias), tal qual
implantar medidas duras, antes eficazmen- vige para o RGPS.
te combatidas por essa mesma força política Em terceiro, a emenda modificou a fixa-
e, portanto, politicamente inviabilizadas. ção do valor da pensão, que passou a ser
Com efeito, o Governo Lula conseguiu integral somente até o teto do RGPS. Acima
não apenas efetivar as principais medidas deste, concede-se apenas 70% do valor.
relativas ao regime do servidor que ficaram No que se refere às restrições ao montan-
fora das modificações até então empreen- te de rendas auferidas (aplicação do teto), a
didas, como ir além. Ademais, ao contrário segunda etapa da reforma da previdência
da experiência anterior, conseguiu aprovar conseguiu o que a anterior e a Reforma
praticamente tudo o que quis (e em tempo Administrativa não haviam conseguido:
recorde), ou seja, conseguiu manter as li- submeter todas as rendas no âmbito do
nhas básicas de sua proposta inicial. setor público a limites máximos, passando
Nos aspectos vinculados à fixação e a viger teto federal e subtetos estaduais e
reajuste dos benefícios, a Emenda 41 foi municipais.
muito além das exigências introduzidas O teto da União (limite máximo para
pela reformulação anterior. Em primeiro qualquer ente federado), embora tenha
lugar, conseguiu eliminar da Constituição continuado a corresponder ao subsídio
a previsão de que os proventos de apo- mensal dos Ministros do STF, deixou de
sentadoria, por ocasião de sua concessão, ser iniciativa dos três Poderes, tal qual
sejam calculados com base na remuneração previsto anteriormente. Ademais até que
integral do servidor. Ou seja, conseguiu fosse estabelecida a nova sistemática, ficou
eliminar a integralidade dos proventos das considerado, para fins de teto, o valor da
regras permanentes (veremos adiante que maior remuneração de Ministro do STF.
há possibilidade de viger em algumas situ- Isso implicou a vigência imediata do teto
ações das regras transitórias). Assim, tais remuneratório.
proventos passaram a ser calculados com Assim, quaisquer remunerações e ren-
base nas remunerações sobre as quais inci- das de benefícios em desacordo com os

100 Revista de Informação Legislativa


tetos e subtetos estipulados para a União, ser inferiores à vigente para os servidores
Estados, DF e Municípios tiveram que ser da União.
imediatamente reduzidas. Isso incluiu, Por fim, vale adicionar que, como forma
a princípio, qualquer acúmulo de renda, de incentivar a prorrogação do pedido de
como, por exemplo, de pensão e salário e aposentadoria até o advento da aposenta-
atingiu todos os servidores públicos ativos, doria compulsória (70 anos de idade), foi
inativos e pensionistas.4 Destaque-se que, estabelecido o direito à percepção de abono
além de não ter havido regra de transição, de permanência no serviço equivalente ao
não se reconheceu direito adquirido com valor da contribuição previdenciária, no
relação a essa questão, embora o Supremo caso de servidores que, tendo adquirido o
Tribunal Federal, ao julgar o Mandado direito de se aposentar, optem por perma-
de Segurança no 24.875, em 11 de maio de necer em atividade.
2006, firmou jurisprudência no sentido de No que concerne à aposentadoria por
reconhecer que, em função da garantia de tempo de contribuição dos que eram ser-
irredutibilidade de vencimentos, há que vidores públicos na data da publicação da
se preservar os rendimentos acima do teto Emenda 20, a Emenda 41, sob o argumento
que tenham sido legalmente estabelecidos, de não ser justo conceder aposentadoria
até que seu montante seja absorvido por integral a servidores com apenas 48 ou 53
reajustes futuros. anos de idade, alterou substancialmente
Quanto à contribuição de inativos e de a sistemática estabelecida na Emenda 20,
pensionistas, a Emenda 41 conseguiu outra tornando-a menos favorável aos aposen-
proeza: estabelecer a incidência de contribui- tados.
ção previdenciária sobre proventos de apo- Quanto ao regime de previdência
sentadoria e pensões concedidas pelo RPSP complementar para servidores públicos, a
com valores superiores ao teto do RGPS. Ou Emenda 41 estipulou que os entes federa-
seja, até o valor do teto, há isenção. Esta, por dos podem instituir, mediante lei de inicia-
sua vez, existe para conferir tratamento iso- tiva do respectivo Poder Executivo, regime
nômico com os aposentados e pensionistas de previdência complementar para seus
do RGPS, já que estes não contribuem sobre servidores, tendo conseguido estipular,
suas aposentadorias e pensões. Sublinhe-se na própria Constituição, um parâmetros
que aqueles que estavam na condição de básico: planos de benefícios somente na
aposentados e pensionistas na data da pro- modalidade de contribuição definida5.
mulgação da nova emenda constitucional e No entanto, vale ressaltar que nenhum
os que haviam cumprido todos os requisitos regime de previdência complementar
para obtenção de tais benefícios até aquela para servidores públicos foi instituído até
data também passaram a contribuir. o momento. No caso da União, o Poder
No caso dos regimes próprios de previ- Executivo encaminhou, em setembro de
dência dos Estados, do Distrito Federal e 2007, o Projeto de Lei no 1.992, que institui o
dos Municípios, ficou estipulado ainda que regime de previdência complementar para
as alíquotas de contribuição dos servidores os servidores públicos federais. No entan-
ativos e dos inativos/pensionistas, além de to, ele ainda se encontra em tramitação na
passarem a ser obrigatórias, não podem
5
No sistema “contribuição definida”, benefícios
4
Discute-se, atualmente, que o acúmulo de remu- futuros dependem da capitalização de contribuições;
nerações e proventos de fontes diferentes não deve ter no sistema “benefício definido”, o valor dos benefícios
sua soma submetida ao teto constitucional, de forma, é garantido independentemente do montante acumu-
que, nesses casos, não está ocorrendo corte até que lado nas contas individuais. Assim, o primeiro, ao
haja novo entendimento. A redução ocorre apenas contrário do segundo, tende a proporcionar equilíbrio
em cada renda isoladamente. de longo prazo do fundo de pensão.

Brasília a. 47 n. 187 jul./set. 2010 101


Câmara dos Deputados e, vale enfatizar, em que se der a aposentadoria; (c) idade
sem verdadeiro empenho do Executivo em mínima reduzida em relação a 60/55 anos,
sua aprovação. na proporção de um ano para cada ano que
Por fim, apenas os aposentados e pen- exceda os 35/30 anos de contribuição.
sionistas na data da promulgação da Emen- Com relação à imposição de teto às ren-
da 41 e aqueles que cumpriram todos os das do setor público, a Emenda 47 explicitou
requisitos para obtenção de aposentadoria e que as parcelas de caráter indenizatório estão
pensão até aquela data conseguiram manter fora do cômputo e flexibilizou a regra para os
o direito à paridade com os servidores ati- Estados e o Distrito Federal, que passaram a
vos (art. 7o). Todos os demais deixaram de poder fixar teto único, em seu âmbito.
ter esse direito, não tendo sido estabelecida, Vale também citar o aperfeiçoamento
na época, qualquer regra de transição. das regras vinculadas ao sistema especial
Neste último caso, entretanto, alteração de inclusão previdenciária previsto na
foi trazida pela Emenda Constitucional no 47 Emenda 41, destinado a trazer para a pre-
(Emenda 47), de 2005. Originária do Senado vidência social contingente expressivo de
Federal, esta emenda, também chamada brasileiros que têm renda, mas estão fora
“PEC Paralela”, foi fruto dos debates e ne- da proteção previdenciária, por exercerem
gociações políticas empreendidas naquela atividades informais ou autônomas. Desse
Casa, por ocasião da apreciação e aprovação novo sistema já em vigor – cujas alíquotas e
da Emenda 41. Na verdade, representou ino- carências são inferiores às vigentes para os
vadora estratégia do Governo e da base alia- demais segurados do RGPS e os benefícios,
da para conseguir a aprovação, praticamente equivalentes a um salário-mínimo – podem
sem alterações, do texto da reforma da pre- participar os trabalhadores de baixa renda e
vidência previamente aprovado na Câmara aqueles sem renda própria que se dedicam
dos Deputados, que, por sua vez, mantinha exclusivamente ao trabalho doméstico.
as linhas básicas da proposta original do Merece ainda destaque a ampliação das
Governo Lula. Assim, a proposição paralela possibilidades de diferenciação de alíquo-
continha as alterações básicas da Emenda tas e de bases de cálculo das contribuições
41 acordadas pelos senadores e aceitas pelo sociais dos empregadores para a Segurida-
Governo, mas não consubstanciadas no texto de Social, de modo a incluir a possibilidade
da emenda constitucional aprovada. de diferenças em razão do porte da empresa
Nesse contexto, aos servidores em e da condição estrutural ou circunstancial
atividade até a publicação da Emenda 41 do mercado de trabalho.
ficaram garantidos proventos integrais e Esta última modificação visou comple-
garantia de paridade, desde que atendidos mentar a alteração do art. 195 da Consti-
condicionantes básicos. Além disso, nova tuição Federal, que trata das contribuições
opção foi disponibilizada ao servidor que à Seguridade Social, empreendida pela
ingressou no serviço público até a data da Reforma Tributária (Emenda Constitucio-
publicação da Emenda 20 (regra transitó- nal no 42, de 2003). De acordo com a nova
ria). Este passou a poder optar pela aposen- redação do dispositivo, as contribuições
tadoria com proventos integrais e garantia sobre folha de salários podem ser substi-
de reajustes pela paridade (extensivos tuídas gradual, total ou parcialmente pelas
às pensões derivadas desses proventos), incidentes sobre receita ou faturamento.
desde que preencha, cumulativamente, as Aqui a intenção foi abrir caminho para a
seguintes condições: (a) 35 anos de contri- desoneração da folha de salários e incen-
buição, se homem, ou 30 anos, se mulher; tivar a formalização do emprego, além de
(b) 25 anos de efetivo exercício no serviço buscar facilitar a implantação do sistema
público, 15 anos de carreira e 5 no cargo de inclusão previdenciária.

102 Revista de Informação Legislativa


Finalmente, vale sublinhar as condições A equação de cálculo do benefício,
especiais de aposentadoria e contribuição que ajusta a média de todos os salários
para portadores de necessidades especiais de contribuição dos segurados pelo fator
trazidas pela Emenda 47. previdenciário, é a seguinte:
Sb = M x f onde:
4. Tópicos especiais em previdência Sb = salário de benefício (valor da apo-
sentadoria);
4.1. Fator Previdenciário M = média dos 80% maiores salários-de-
contribuição do segurado, apurados entre
Como vimos, na época da aprovação
julho de 1994 e o momento da aposentado-
da Emenda Constitucional no 20, de 1998,
ria, corrigidos monetariamente;
o Governo não conseguiu incluir o limite
f = fator previdenciário.
de idade para aposentadorias na esfera do
Por sua vez, o fator previdenciário (f) é
setor privado; no entanto, a mesma Emen-
encontrado por meio da seguinte expres-
da no 20 abriu caminho para substancial
são:
inovação na metodologia de cálculo do
f = Tc x a x (1 + Id + Tc x a) onde:
salário-de-benefício dos segurados do Regi-
Es 100
me Geral de Previdência. Calcado no novo
dispositivo constitucional (art. 201), que Tc = tempo de contribuição de cada
promoveu a e “desconstitucionalização” segurado;
da regra de cálculo do valor dos benefícios6, a = alíquota de contribuição do segu-
o Governo implantou o “fator previdenci- rado = 0,31 (20% da empresa mais 11% do
ário” por intermédio da Lei no 9.876, de 26 segurado);
de novembro de 1999. Es = expectativa de sobrevida do segu-
O fator consiste na inserção, na fórmula rado na data da aposentadoria (fornecido
de cálculo do salário-de-benefício, de um pelo IBGE, considerando-se a média única
multiplicador que inclui a expectativa nacional para ambos os sexos);
de sobrevida, a idade e o tempo de con- Id = idade do segurado na data da apo-
tribuição do segurado, ou seja, critérios sentadoria.
atuariais que aumentam a correlação entre Na primeira parte do fator, onde o
contribuição e benefício. Ademais, ao invés tempo de contribuição é multiplicado pela
de considerar apenas os últimos três anos alíquota e dividido pelo período médio em
de contribuição como base para a fixação que o segurado irá receber seu benefício,
do valor da aposentadoria, como antes es- está sendo equalizado o período de con-
tabelecido na Constituição, o novo cálculo tribuição de cada segurado com o tempo
considera toda a vida laboral do trabalha- médio de recebimento do benefício (expec-
dor (a partir de julho de 1994). tativa de sobrevida). Por exemplo, supondo
Com o novo método, cada segurado um segurado que trabalhou durante 30
passou a ter direito a receber um benefício anos, o tempo de contribuição efetivo à
calculado de acordo com a estimativa do Previdência é 9,3 anos (30 x 0,31). Portanto,
montante de contribuições realizadas, ca- se a expectativa de sobrevida desse segu-
pitalizadas por uma taxa determinada pelo rado for 9,3 anos, a primeira parte do fator
tempo de contribuição e idade do segurado, estará equilibrada e o resultado da divisão
bem como pela expectativa de duração do do tempo de contribuição vezes alíquota
benefício. pela expectativa de sobrevida será 1.
Na segunda parte, está sendo pago um
6
Anteriormente, a Constituição estabelecia que
o salário de benefício deveria corresponder à media
prêmio para os segurados que permane-
dos últimos 36 salários de contribuição, corrigidos cerem em atividade, o que, de certo modo,
monetariamente. pode estar associado a uma taxa de juros.

Brasília a. 47 n. 187 jul./set. 2010 103


Ou seja, efetua-se aqui a capitalização dos do Regime Geral de Previdência, vários
recursos acumulados ao longo do período segmentos da sociedade são contra essa
de contribuição do segurado. Destaque-se medida por achar que prejudica os traba-
que essas taxas são diferenciadas, ou seja, lhadores. Ouvindo o clamor popular, o
quem sair mais cedo do RGPS receberá Congresso Nacional tentou em algumas
menor remuneração, uma vez que o prêmio oportunidades modificar a legislação de
cresce com a permanência em atividade. forma a extinguir o fator previdenciário.
Essa regra representa passo significativo Na mais recente discussão, o Governo
em direção à construção de um sistema enviou ao Congresso a Medida Provisória
previdenciário equilibrado. Isso porque, no 475, de 2009, que dispunha sobre o rea-
além de embutir em seu cálculo um fator juste dos benefícios pagos no Regime Geral.
atuarial – a expectativa de sobrevida por No Congresso, essa Medida Provisória foi
faixa etária – tende a equilibrar o fluxo de alterada de forma a aumentar o percentual
caixa do sistema previdenciário no curto e de reajuste, que saltou de 6,14% para 7,72%,
médio prazos. Isso porque o segurado que e a inserir dispositivo destinado a eliminar
sair mais cedo, provocando um desembolso o fator previdenciário do cálculo do salário
antecipado, receberá, em contrapartida, de benefício a partir de janeiro de 2011.
uma aposentadoria de menor valor. Tal Medida Provisória foi convertida na
É razoável considerar que aquele que Lei no 12.254, de 2010. No entanto, o art. 5o,
opte por se aposentar por tempo de contri- que trata do fim do fator previdenciário, foi
buição (35 anos para homens e 30 para mu- vetado pelo Presidente da República, com
lheres) em idade precoce faça jus a benefício o seguinte argumento:
inferior a de outro que prefira se aposentar “O dispositivo, da forma como apro-
com idade mais elevada. Esse último, além vado, não atende ao disposto no art.
de ter contribuído por maior período, de- 195, § 5o, da Constituição, que exige
verá receber o benefício por menos tempo, a indicação da correspondente fonte
sendo, justo, pois, que aufira uma renda de custeio total para o aumento de
mensal mais elevada que o primeiro. despesa gerado pela extinção do fator
Percebe-se, pois, que a nova metodolo- previdenciário”.
gia, embora não elimine o déficit existente,
nem altere direitos adquiridos de aposenta- 4.2. Débitos Previdenciários
dos, permite maior correlação entre salário- dos Municípios
de-contribuição e salário-de-benefício para Nos últimos doze anos, houve três leis
as novas aposentadorias. Ademais, repre- concedendo aos municípios condições
senta grande avanço no sistema de repar- facilitadas de parcelamento de débitos pre-
tição simples, profundamente afetado por videnciários. A Lei no 9.639, de 25 de maio
mudanças demográficas. Com o aumento de 1998, aplicou-se às dívidas constituídas
da expectativa de sobrevida da população, até março de 1997, que somavam em torno
por exemplo, é necessário que limites de de R$ 21 bilhões, e se deu sob a sistemática
idade mínima sejam periodicamente re- de retenção direta de parcela do Fundo de
pactuados com a sociedade. No entanto, na Participação dos Municípios.
medida em que esta variável está presente Tão logo encerrado o prazo de amor-
no próprio cálculo do salário de benefício, tização desse parcelamento, veio a Lei no
os ajustes necessários são automaticamente 11.196, de 21 de novembro de 2005, que
internalizados de modo que o sistema se abrangeu os novos débitos acumulados
mantenha equilibrado. até setembro de 2005. E muito antes de en-
Apesar dos benefícios que o fator pre- cerrado o prazo de amortização estipulado
videnciário traz para a saúde financeira nesta última Lei, nova legislação – a Lei no

104 Revista de Informação Legislativa


11.960, de 29 de junho de 2009 – incluiu público oferecer mais uma desoneração
no parcelamento especial então vigente os fiscal ao contribuinte quando já havia pre-
débitos mais recentes, aqueles constituídos visão, no Projeto de Lei de Conversão, de
até janeiro de 2009. vários benefícios para quem aderisse ao
Ressalte-se que, nesse último caso, parcelamento, como a redução, ou mesmo
eliminou-se a vedação de concessão de eliminação, de multas de mora e de ofício,
mais de um parcelamento para o mesmo juros de mora e do encargo legal. Lembrou
tributo, ou seja, a restrição de que enquanto ainda o Poder Executivo, na Mensagem no
não fosse quitado o parcelamento anterior 504, de 29 de junho de 2009, que os parce-
relativo a determinado tributo, não se lamentos instituídos eram de longo prazo,
poderia conceder novo parcelamento para o que dificultava a redução dos índices de
esse mesmo tributo, exceto se houvesse o atualização monetária e juros aplicados aos
pagamento à vista de parte do débito. tributos devidos, sob o risco de acarretar
Com isso, os municípios que já possu- desvalorização dos créditos públicos.
íam parcelamento de contribuições previ- Com efeito, a TJLP representa índice
denciárias e que se tornaram inadimplentes bem inferior aos normalmente utilizados
quanto a débitos referentes a essas mesmas para cobrança de créditos da União, a taxa
contribuições, mas relativamente a outros SELIC mais juros de mora, e sua adoção
períodos, ficaram habilitados a solicitar representaria mais um benefício a se somar
novos parcelamentos abrangendo tais aos inúmeros concedidos aos contribuintes
contribuições. que aderiram ao parcelamento.
De acordo com a Lei no 11.196, de 2005, Existem ainda projetos tramitando no
aos municípios foi permitido parcelar seus Congresso no sentido de alterar o índice de
débitos e os de responsabilidade de suas atualização monetária de forma a melhorar
autarquias e fundações relativos às contri- ainda mais a situação das prefeituras. Sob
buições sociais sobre folha de salários em esse aspecto, alterar as regras para nova-
até 240 prestações mensais. Ao valor de mente beneficiar maus pagadores é uma
cada prestação mensal, por ocasião do pa- sinalização que o Estado dá para que nin-
gamento, são acrescidos juros equivalentes guém cumpra suas obrigações fiscais, pois
à taxa referencial do Sistema Especial de Li- os agentes poderão contar com sucessivos
quidação e de Custódia (SELIC) para títulos pactos que facilitarão a situação do deve-
federais, acumulada mensalmente a partir dor. Indiretamente, ao ajudar o devedor, o
do 1o dia do mês subseqüente ao da consoli- Estado apena o bom pagador.
dação do débito até o último dia útil do mês Tanto isso é verdade que a maior parte
anterior ao do pagamento, mais 1% no mês dos municípios que realizaram o parcela-
do pagamento da respectiva prestação. mento passou a ser inadimplente com a
No ano passado, o Congresso Nacional, Previdência Social mesmo já possuindo
ao aprovar o Projeto de Lei de Conversão parcelamento especial relativo à dívida
no 10 – que alterou a Lei no 11.196, de 2005, passada. Ou seja, a permissão de novo
incluindo as dívidas mais recentes no par- parcelamento em condições especiais já foi
celamento especial em curso –, modificou uma grande concessão da União.
a forma de correção dos débitos previden- Não obstante, o art. 2o da recente Medida
ciários, aplicando a Taxa de Juros de Longo Provisória no 492, de 29 de junho de 2010,
Prazo (TJLP) para correção dos montantes abriu nova concessão: prazo adicional (30 de
das dívidas junto ao INSS. julho de 2010) para que os Municípios regu-
Tal alteração foi frontalmente rechaçada larizassem o parcelamento de seus débitos e
pelo Poder Executivo, que a vetou sob o de suas autarquias e fundações relativos às
argumento de que não atendia ao interesse contribuições sociais previdenciárias, desde

Brasília a. 47 n. 187 jul./set. 2010 105


que a opção pelo parcelamento tivesse sido ALÉM, A.C.D.; GIAMBIAGI, F. Despesa Previdenciária:
formalizada até agosto de 2009. Análise de sua Composição, Efeitos da Inflação e Bases para
uma Alternativa Intermediária de Reforma. Rio de Janeiro:
Tal reabertura de prazo ocorreu porque Departamento de Economia da PUC, set/1997. (Texto
havia o imperativo, na última renegocia- para Discussão, no 374).
ção, de que a primeira parcela fosse paga
AMARO, M. N. “O Processo de Reformulação da
tempestivamente – com carência de três Previdência Social Brasileira”. Revista de Informação
ou seis meses, dependendo da população Legislativa, no 148, out/dez-2000. Brasília: Senado
do Município –, o que muitos Municípios Federal, 2000.
não fizeram, tendo, assim, seus pedidos de AMARO, M. N.; MENEGUIN, F.B. “Previdência Social
parcelamento indeferidos. no Brasil: o que foi feito, o que falta fazer.” Revista de
De positivo, nessa última reabertura de Informação Legislativa, no 157, jan/mar-2003. Brasília:
Senado Federal, 2003.
prazo, é apenas a determinação de retenção
das prestações sobre o montante do Fundo BALERA, W. Aspectos Gerais da Reforma Previdenci-
de Participação dos Municípios – FPM, o ária (Palestra). Revista de Direito Social, no 10/ 2003.
que dificulta que os Municípios se tornem CASTRO, J. A.; DELGADO, G. Financiamento da Previ-
novamente inadimplentes. dência Rural: Situação Atual e Mudanças. Brasília: IPEA,
2003 (Texto para Discussão, 992).
CECHIN, J.; CECHIN, A. D. “Desequilíbrio: Causas
5. Considerações finais e Soluções”. Em: Tafner, P.; Giambiagi, F. (orgs).
Previdência no Brasil – debates, dilemas e escolhas. Rio de
O Senado Federal vem contribuindo de Janeiro: IPEA, 2007.
forma constante com o debate da questão
previdenciária. FOGUEL, M., RAMOS, L. e CARNEIRO, F. The impact
of minimum wage on the labor market, poverty and fiscal
Sabe-se que, em termos previdenciários, budget in Brazil. Rio de Janeiro: IPEA, 2001 (Texto para
a despesa extra que está sendo criada hoje discussão, 839).
será paga pelas futuras gerações. Nesse sen-
GIAMBIAGI, F.; ALÉM, A.C. Finanças Públicas – Teoria
tido, espera-se que o Congresso Nacional e Prática no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Campus,
funcione como o local adequado para se 1999.
encontrar o equilíbrio entre os anseios da GIAMBIAGI, F. Reforma da Previdência – O encontro
população e as finanças públicas. marcado. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2007.
Há que se ter em mente que acréscimo
GIAMBIAGI, F.; ZYLBERSTAJN, H.; AFONSO, L.E.;
de gastos na Previdência impacta as contas SOUZA, A.P. e ZYLBERSTAJN, E. “Impacto de Re-
públicas de maneira permanente, sendo formas Paramétricas na Previdência Social Brasileira:
necessária a apresentação de fonte de re- Simulações Alternativas”. Pesquisa e Planejamento
ceita adicional para financiar a respectiva Econômico, vol. 37, no 2, ago/2007. Rio de Janeiro:
IPEA, 2007.
despesa.
Sabe-se das dificuldades pelas quais os GUERZONI FILHO, G. “O Regime de Aposentadoria
e Pensões dos Servidores Públicos e Militares: Diag-
países europeus vêm passando devido aos
nóstico e Propostas de Alteração.” Revista Brasileira
seus sistemas previdenciários. É fundamen- de Direito Público, ano 1, no 1. Belo Horizonte, abr/
tal que as políticas públicas atuais foquem jun-2003.
a sustentabilidade ao longo prazo da previ- MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO
dência, de forma a garantir um melhor País E GESTÃO. Boletim Estatístico de Pessoal, vol. 13, no
para os brasileiros de amanhã. 145, mai/2008. Brasília: Ministério de Planejamento,
2008.
TESOURO NACIONAL. Relatório Resumido da Execu-
ção Orçamentária do Governo Federal e Outros Demons-
Referências
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ABRAPP. Consolidação Estatística, mar/2008. São MPAS. Anuário Estatístico da Previdência Social 2000,
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MPAS. “Previdência prevê estabilidade do sistema”. ORNÉLAS, W.; VIEIRA S. P. “Novo Rumo para a
Informativo da Previdência do Serviço Público, no 03, vol. Previdência Brasileira”. Brasília: Ministério da Previ-
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