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FACULDADE BRASILEIRA DO RECÔNCAVO - FBBR

O BENEFÍCIO DA PRESTAÇÃO CONTINUADA (BPC – LOAS) E SEUS


REQUISITOS.

Atividade apresentada à Faculdade Brasileira do


Recôncavo - FBBR, como exigência de nota
complementar para a disciplina Seguridade Social sob
a orientação do Docente Dr. Marcelo Matos, pelos
Discentes: Christie Juliana, Francicléia Santos, Fabio
Henrique, Gilson dos Santos, Igor Araújo, Marcos
Antônio, Rafaella Gusmão, Thamiris Santana.
Cruz das Almas - Ba
2024

1. O QUE É O BENEFÍCIO DA PRESTAÇÃO CONTINUADA (BPC – LOAS).

O Benefício de Prestação Continuada (BPC), regulamentado pela Lei Orgânica


da Assistência Social (LOAS), é um benefício assistencial concedido pelo governo
brasileiro para garantir a subsistência de pessoas em situação de vulnerabilidade
socioeconômica. Seu principal objetivo é assegurar a essas pessoas o acesso a uma
renda mínima para suprir suas necessidades básicas de sobrevivência, como
alimentação, moradia, vestuário, entre outras.

O BPC é voltado para dois grupos específicos:

1. Pessoas Idosas: Indivíduos com idade igual ou superior a 65 anos que vivem
em situação de pobreza ou extrema pobreza, conforme critérios estabelecidos pela
legislação.

2. Pessoas com Deficiência: Indivíduos de qualquer idade que apresentem


impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial que
os impeçam de participar plenamente na sociedade em igualdade de condições com
as demais pessoas e que estejam em situação de pobreza ou extrema pobreza.

O benefício é pago mensalmente pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)


e corresponde a um salário-mínimo vigente. Além disso, o BPC não exige contribuição
prévia à Previdência Social e não está vinculado a um tempo mínimo de contribuição,
sendo concedido independentemente de qualquer histórico de trabalho ou
contribuição previdenciária.

Dessa forma, o BPC LOAS desempenha um papel crucial na garantia da


dignidade e da inclusão social desses grupos vulneráveis, proporcionando-lhes uma
fonte de renda essencial para sua sobrevivência e bem-estar.

2. HISTORICIDADE DO BENEFÍCIO DA PRESTAÇÃO CONTINUADA (BPC –


LOAS).
A reivindicação desse benefício remonta ao processo de redemocratização do
país na década de 1980, após um período de ditadura militar. Anteriormente vinculado
à Previdência Social como Renda Mensal Vitalícia (RMV), criada em 1974, o BPC
passou a ser uma política da Assistência Social. A RMV exigia filiação à Previdência
ou comprovação de trabalho, e seu valor não alcançava o patamar de um salário-
mínimo. Em contraste, o BPC não requer contribuição direta nem comprovação de
trabalho, marcando uma mudança significativa no sistema assistencial brasileiro.

A garantia do BPC foi estabelecida na Constituição Federal de 1988 como parte


da Política de Assistência Social, garantindo um salário-mínimo mensal para pessoas
com deficiência e idosos sem condições de prover a própria subsistência. No entanto,
a definição dos critérios para acesso e gestão do benefício ficou a cargo da legislação
específica, e a Assistência Social não possuía status de direito até então.

Durante os anos 1990, influenciados pelo neoliberalismo, as políticas sociais,


incluindo a Seguridade Social, enfrentaram retrações. Apesar do reconhecimento
legal, as prerrogativas constitucionais não se converteram plenamente em direitos,
especialmente devido às contrarreformas do Estado, que priorizaram o setor privado
em detrimento do público.

A Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) foi aprovada em dezembro de 1993,


cinco anos após a Constituição, estabelecendo critérios rigorosos para o acesso ao
benefício, como idade avançada para idosos e incapacidade para pessoas com
deficiência, além de requisitos de renda familiar per capita.

Somente em janeiro de 1996 o BPC começou a ser concedido, através do INSS,


órgão responsável pela política previdenciária. No entanto, o INSS, voltado
principalmente para seguros, encontrou dificuldades em operacionalizar um benefício
desvinculado de contribuições diretas, o que gerou desafios na implementação do
BPC.

Durante a elaboração da Constituição na década de 1980, subcomissões foram


formadas para discutir propostas relacionadas à Seguridade Social. Contudo, a
Assistência Social, naquela época, não atraiu muita atenção social ou política, não se
tornando alvo de reivindicações significativas. Conforme a pesquisa conduzida por
Boschetti (2006), as demandas não se concentravam nessa área, mas sim na busca
pelo estabelecimento de um salário-mínimo para pessoas com deficiência e idosos.
Para determinar o valor desse salário-mínimo para o que viria a ser conhecido como
BPC, ocorreram intensos debates e confrontos na Constituinte. Apesar das objeções,
o benefício foi aprovado com esse montante.

A elaboração da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) também enfrentou


desafios devido à falta de estrutura política e institucional na área. Os grupos de
trabalho tiveram que iniciar suas atividades sem uma base sólida, o que resultou em
muitos obstáculos para a proposição da lei. Diversas propostas sobre a
regulamentação do BPC surgiram, sendo que a maioria delas visava diminuir o
alcance do benefício.

Os representantes do Ministério da Previdência Social levantaram dois


argumentos principais: primeiro, que o projeto apresentava uma imprecisão
conceitual entre Previdência e Assistência ao instituir um benefício sem
exigência de contribuição prévia; segundo, que esse benefício poderia
desencorajar a entrada no mercado de trabalho formal. Quanto à imprecisão
conceitual, o fato de que a Assistência Social garante um benefício sem necessidade
de contribuição direta não a desqualifica; pelo contrário, isso a posiciona dentro do
contexto da proteção social brasileira. O segundo argumento sugere que os
trabalhadores poderiam optar pela informalidade, considerando que teriam acesso a
um benefício assistencial na velhice. Esses argumentos foram igualmente utilizados
nas propostas de contrarreforma da Previdência Social de 1998 e de 2016, visando
justificar o aumento da idade para idosos e a desvinculação do valor do salário-
mínimo.

Dessa forma, a regulamentação da Assistência Social seguiu a lógica difundida


pelo Consenso de Washington,8 que preconiza que o Estado deve limitar-se ao alívio
das situações mais graves de pobreza. Sob essa perspectiva, os programas,
benefícios e serviços adotam uma abordagem compensatória e focalizada, e o BPC
foi estabelecido dentro desse contexto.

Ao longo dos anos, uma série de leis, decretos e normativas foram


implementados para lidar com a concessão, manutenção e revisão do BPC. Somente
a partir de janeiro de 1996 é que o benefício começou a ser operacionalizado no INSS,
conforme o Decreto n. 1.744/95, que determinou o fim da concessão da RMV a partir
dessa data. No entanto, esse decreto introduziu exigências desnecessárias que
contrariam a garantia constitucional, como a necessidade de comprovar a completa
ausência de renda, em vez de apenas demonstrar uma renda per capita familiar
inferior a ¼ do salário-mínimo. Além disso, estabeleceu que o laudo médico emitido
pelo SUS, apresentado pela pessoa com deficiência, deveria ser submetido à análise
da perícia médica do INSS. Além dos critérios injustos, foram aprovadas normativas
que ultrapassaram os limites estabelecidos pela legislação vigente.

2. REQUISITOS PARA A CONCESSÃO DESTE BENEFÍCIO.

Para ser elegível ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) previsto na Lei


Orgânica de Assistência Social (LOAS), o requerente precisa cumprir alguns
requisitos específicos. Aqui estão os principais critérios:

1. Situação de Vulnerabilidade Socioeconômica: O requerente deve ser uma


pessoa idosa com idade igual ou superior a 65 anos, ou uma pessoa com deficiência
que apresente impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou
sensorial, que o impeçam de participar plenamente na sociedade em igualdade de
condições com as demais pessoas.

2. Renda Familiar: A renda mensal per capita do grupo familiar não pode
ultrapassar 1/4 (um quarto) do salário-mínimo vigente. O conceito de grupo familiar
abrange cônjuge, companheiro, pais, irmãos solteiros, filhos e enteados solteiros e
menores tutelados. Importante destacar que a renda considerada deve incluir todos
os rendimentos da família.

3. Não Recebimento de Outros Benefícios: O beneficiário não pode receber


qualquer outro tipo de benefício previdenciário ou assistencial, como aposentadoria,
pensão por morte, seguro-desemprego, entre outros.

4. Exigência de Perícia Médica: Para pessoas com deficiência, é necessário


passar por avaliação médica e social realizada pelo Instituto Nacional do Seguro
Social (INSS) para comprovar a condição de incapacidade e a necessidade de
assistência contínua de outra pessoa.

Vale ressaltar que esses critérios são estabelecidos pela legislação brasileira e
estão sujeitos a eventuais alterações. Além disso, o processo de requerimento do BPC
pode variar conforme a análise do INSS e os documentos exigidos podem ser
atualizados de acordo com as normativas vigentes.
3. REQUISITOS PARA A MANUTENÇÃO DESTE BENEFÍCIO.
Para manter o Benefício de Prestação Continuada (BPC) concedido pela Lei
Orgânica da Assistência Social (LOAS), é necessário seguir algumas orientações:

1. Atualização Cadastral: Mantenha suas informações cadastrais atualizadas


no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (Cad Único). Informe
qualquer mudança de endereço, composição familiar, renda ou outras informações
relevantes.

2. Participação nas Revisões Periódicas: O Instituto Nacional do Seguro Social


(INSS) realiza revisões regulares para verificar se o beneficiário ainda atende aos
critérios para receber o BPC. Durante essas revisões, forneça todas as informações
solicitadas e apresente a documentação necessária para comprovar sua elegibilidade.

3. Cumprimento dos Critérios de Elegibilidade: Certifique-se de que continua


atendendo aos critérios de idade (no caso de idosos, ter 65 anos ou mais) ou de
deficiência, além de manter a renda per capita familiar abaixo de 1/4 do salário-mínimo
vigente.

4. Comprovação da Deficiência ou Incapacidade: Se você é uma pessoa com


deficiência, é importante continuar comprovando sua condição de deficiência ou
incapacidade para o trabalho e para uma vida independente, de acordo com os
critérios estabelecidos pelo INSS.

Ao seguir essas orientações e manter-se atualizado com os requisitos e


procedimentos estabelecidos, você poderá garantir a continuidade do seu benefício
do BPC LOAS.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

Silva, Hermann Rodrigues, and Paulo Henrique Carvalho Pinho. "EFEITOS DA


REVERSIBILIDADE DA TUTELA ANTECIPADA EM PROCESSO JUDICIAL DE BPC-
LOAS." NOVOS DIREITOS 8.2 (2021): 89-106.
SORIA, Ana Paula; DE MELO BONINI, Luci Mendes; SILVA, Paulo Leandro. A
problemática do requisito financeiro na concessão do benefício assistencial de
prestação continuada (BPC/LOAS). 2017.

FLEURY, Sonia. Reforma do Estado, seguridade social e saúde no Brasil. Estado,


sociedade e formação profissional em saúde: contradições e desafios em, v. 20, p.
49-87, 2008.

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